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Capítulo 1 – Fundamentos de Máquinas Elétricas

1.1. PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO DE MÁQUINAS ELÉTRICAS

Uma máquina elétrica é um dispositivo que pode converter energia mecânica em elétrica,
bem como, pode converter energia elétrica em mecânica. Quando a máquina elétrica converte energia
mecânica em elétrica, chamamos a mesma de Gerador. Quando a conversão é de energia elétrica em
mecânica, chamamos tal máquina de Motor. As máquinas elétricas são reversíveis, ou seja, ela
consegue fazer a conversão de energia em ambos os sentidos, sendo assim, qualquer máquina pode
ser utilizada como motor ou como gerador, dado que os princípios que regem seu funcionamento
acontecem ao mesmo tempo em ambas as máquinas. Na prática, quase todos os motores fazem a
conversão de energia de uma forma em outra por ação de um campo magnético.
O transformador é um dispositivo elétrico que se utiliza de princípios comuns em
máquinas elétricas rotativas (motores e geradores) e portanto é caracterizada como tal, pois ela
converte energia elétrica CA de um nível de tensão em energia elétrica CA de outro nível de tensão,
enquanto a frequência permanece inalterada. Esses dispositivos serão estudados nessa apostila em
capítulo dedicado a este assunto, pois o mesmo se utiliza do princípio de indução eletromagnética,
através da interação entre campos magnéticos.
No dia a dia encontramos esses três dispositivos em nosso dia a dia, em nossa casa nos
deparamos com liquidificadores, ventiladores, micro-ondas e diversos dispositivos que empregam
máquinas elétricas do tipo motor para impulsionar seu funcionamento, convertendo a eletricidade
disponível em nossas residências para gerar campo magnético e naturalmente gerar movimento
rotativo dessas máquinas. Nas indústrias, quase toda a força motriz que impulsiona as máquinas é
retirada de motores elétricos, o que na sua grande maioria é o responsável pelo consumo de energia
das indústrias, e para termos toda essa energia elétrica para movimentar esses dispositivos,
naturalmente deve vir de geradores instalados em usinas hidroelétricas (na sua grande maioria
geradores de CA do tipo gerador síncrono) e em aerogeradores.

1.2. UNIDADES E NOTAÇÃO

O estudo de máquinas elétricas e sistemas de potência elétrica remontam ao início dos


estudos de engenharia elétrica, basicamente por diversos motivos óbvios, mais sem dúvida, o principal
é que basicamente quem impulsionou toda a elétrica e a eletrônica foi o advento das máquinas
elétricas.
Basicamente os estudos se iniciaram no final do século XIX. Naquela época, as unidades
elétricas estavam sendo padronizadas internacionalmente e essas unidades foram universalmente
adotadas pelos engenheiros. Volts, ampères, ohms, watts e unidades similares, que são parte do
sistema métrico de unidades, são utilizadas há muito tempo para descrever as grandezas elétricas nas
máquinas.
Nos países de língua inglesa, no entanto, as grandezas mecânicas vêm sendo medidas há
muito tempo com o sistema inglês de unidades (polegadas, pés, libras, etc.). Essa prática foi adotada
no estudo de máquinas. Assim, há muitos anos, as grandezas elétricas e mecânicas de máquinas são
medidas com diversos sistemas de unidades.
Em, 1954, foi criado um sistema abrangente de unidades métricas, conhecido por SI
(Sistema Internacional) e foi adotado em quase todo o mundo (uma exceção disso é os Estados
Unidos). Nessa apostila utilizaremos como padrão de unidades o sistema métrico levando em conta o
SI.

1.3. LEIS BÁSICAS E MOVIMENTO

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Quase todas as máquinas elétricas giram em torno de um eixo, que é denominado eixo da
máquina. Devido a natureza rotativa das máquinas, é importante ter um conhecimento básico do
movimento rotacional. Apresentaremos uma breve reviso dos conceitos de distância, velocidade,
aceleração, lei de newton e potência, tais como são aplicados às máquinas elétricas.
As máquinas normalmente giram em torno de um eixo fixo, sua rotação está restrita a uma
única dimensão angular, o sentido de rotação em relação a ponta do eixo da máquina pode ser
descrito como horário ou anti-horário. Convencionaremos, que o ângulo de rotação anti-horário é
positivo e o ângulo de rotação horário é negativo. A seguir definiremos alguns conceitos importantes.

POSIÇÃO ANGULAR θ

A posição angular θ de um objeto é o ângulo com a qual ele está orientado, medido desde um ponto
de referência arbitrário. A posição angular é usualmente medida em radianos ou graus.

VELOCIDADE ANGULAR ω

A velocidade angular é a taxa de variação da posição angular em relação ao tempo. Assume-se que ela
é positiva quando ocorre no sentido anti-horário.


ω= (1.1)
dt

Se as unidades de posição angular forem radianos, a velocidade angular será dada em rad/
s (radianos por segundo).
Quando trabalhamos com máquinas elétricas, comumente as medidas de velocidade são dadas em
rotação por segundo (rps) ou rotações por minuto (rpm), como a medida de velocidade é muito
importante em estudo de máquinas elétricas, utilizaremos uma convenção para facilitar a
interpretação de que unidade está sendo utilizada em nosso estudo, no caso utilizaremos letras
diferentes para cada unidade de medida de velocidade, como segue.

ωm velocidade angular expressa em radianos por segundo (rad/s);


fm velocidade angular expressa em rotações por segundo (rps);
nm velocidade angular expressa em rotações por minuto (rpm);

Nessa simbologia o “m” é utilizado para diferenciar uma grandeza mecânica de uma
grandeza elétrica, e o indíce m pode ser omitido em algumas situações.
Essas medidas de velocidade do eixo da máquina estão relacionadas pelas seguintes
equações:
nm =60 f m (1.2)

ωm
ω= (1.3)

ACELERAÇÃO ANGULAR α

A aceleração angular é a taxa de variação da velocidade angular em relação ao tempo. Assumiremos


que ela será positiva se a velocidade angular estiver crescendo no sentido algébrico, e é definida pela
equação:

α= (1.4)
dt

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Se a medida da velocidade for radianos por segundo, então a unidade de medida da aceleração será
radianos por segundo ao quadrado (rad/s²).

TORQUE OU CONJUGADO τ

No movimento retilíneo uma força aplicada a um objeto alterará sua velocidade. Na ausência de uma
força líquida ou resultante, sua velocidade será constante. Quanto maior a força, maior será a
velocidade com a qual acontecerá a variação de velocidade.
Há um conceito similar par a rotação: quando um objeto está em rotação, sua velocidade
angular é constante, a menos que um conjugado (torque) esteja presente atuando sobre si. Quanto
maior for o conjugado aplicado ao objeto, tanto mais rapidamente irá variar a velocidade angular do
objeto.
O conjugado (ou torque) em palavras simples pode ser dito como a “força de fazer
girar” um objeto. Intuitivamente, imagine um cilindro que está livre para girar em torno do seu eixo.
Se uma força for aplicada ao cilindro de tal modo que a reta de ação passa pelo eixo, então o cilindro
não entrará em rotação. Entretanto, se a mesma força for aplicada de tal modo que sua ação passe a
direita do eixo, então o cilindro tenderá a girar no sentido anti-horário. O conjugado ou a ação de fazer
girar o cilindro depende do valor da força aplicada e da distância entre o eixo de rotação e a reta de
ação da força, assim podemos definir o conjugado (ou torque) como o produto da força aplicada ao
objeto vezes a menor distância entre a reta de ação da força e o eixo de rotação do objeto.

Figura 1-1: (a)Força aplicada a um cilindro de que modo que ele passa pelo eixo de
rotação. τ = 0. (b) Força aplicada a um cilindro de modo que a reta de ação não passa
pelo eixo de rotação. Será desenvolvido torque no sentido anti-horário, assim τ>0.

Se r for um vetor que aponta da extremidade do eixo de rotação até o ponto de aplicação da força e se
for aplicado uma força F, o conjugado poderá ser descrito como

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τ = (força aplicada)(distância perpendicular)


τ = (F)(r sen θ)
τ = Fr sen θ
onde:
θ = ângulo entre o vetor r e o vetor F.

As unidades de conjugado são newton-metro em unidades do SI e libra-pé no sistema


inglês.

Figura 1-2: Dedução da equação do conjugado de um objeto.

LEI DE NEWTON DA ROTAÇÃO

A lei de Newton, para objetos que se movem ao longo de uma linha reta, descreve a relação entre
força aplicada ao objeto e sua aceleração resultante. Essa relação é dada pela equação
F=ma (1.5)

onde:
F = força líquida ou resultante aplicada a um objeto
m = massa do objeto
a = aceleração resultante

A força no SI é medida em Newton, a massa em quilogramas e a aceleração em metros por


segundo ao quadrado.
Uma outra equação similar, relaciona o conjugado (ou torque) aplicado a um objeto e sua
aceleração resultante. Relação essa denominada lei da rotação de Newton, dada peça equação

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τ =J α (1.6)
onde:
τ = conjugado liquido aplicado (newton/metro)
J = momento de inercia do objeto (quilograma-metro ao quadrado)
α = aceleração angular resultante (rad/s²)

TRABALHO W

No movimento de rotação, o trabalho é a aplicação de um conjugado por ângulo, para um conjugado


constante, podemos calcular o trabalho pela equação

W =τ θ (1.7)
Sua unidade é o Joule.

POTÊNCIA P

A potência é a taxa de produção de trabalho, por unidade de tempo, e é dada pela equação

dW
P= (1.8)
dt

usualmente a unidade de medida de potência é o joule por segundo (watt), mas também pode ser
dado em cavalo (CV) (1 CV equivale a 735,4987).
Por essa definição, e assumindo que a força é constante e colinear com o sentido do
movimento, a potência é dada por:

P=Fv (1.9)

De modo similar, assumindo um conjugado constante, a potência do movimento de rotação é dada


por:
P=τ ω (1.10)

A equação (1.10) é muito importante no estudo de máquinas elétricas, por que ela pode descrever a
potência mecânica no eixo do motor ou gerador. Considerando que a equação deve levar em conta a
potência em watts, o conjugado em newtons-metro e a velocidade em radianos por segundo.

1.4. O CAMPO MAGNÉTICO

Precisamos lembrar que no caso de máquinas elétricas, os campos magnéticos são o mecanismo
fundamental pelo qual a energia é convertida em motores, geradores e transformadores, e precisamos
então, lembrar de quatro conceitos fundamentais do eletromagnetismo.

1. Um fio condutor percorrido por corrente elétrica produz em torno de si um campo magnético.
2. Um campo magnético variável no tempo induzirá uma tensão em uma bobina se esse campo
atravessa (concatena) essa bobina (princípio do transformador).
3. Um fio percorrido por corrente elétrica, na presença de um campo magnético, sofrerá ação de
uma força (fundamento da ação motora).
4. Um fio movendo-se na presença de um campo magnético terá uma tensão induzida no
mesmo (fundamento da ação geradora).

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PRODUÇÃO DE UM CAMPO MAGNÉTICO

A lei fundamental que rege a produção de um campo magnético é a lei de Ampere:


∮ H . dl=I liq (1.11)
em que H é a intensidade do campo magnético que é produzido pela corrente líquida Iliq e dl é um
elemento diferencial do comprimento ao longo do caminho de integração. Em unidade do Si é
mediada em Amperes e H é medida em ampere-espira por metro. Vamos analisar a figura 1-3 para um
melhor entendimento. A figura mostra um núcleo com enrolamento de N espiras de fio envolvendo
uma das pernas do núcleo. Se o núcleo for composto de ferro ou de outros materiais similares
(materiais ferromagnéticos), então todo o campo magnético que será produzido pela corrente elétrica
será confinado dentro do núcleo, de modo que na lei de Ampere o caminho de integração é dado pelo
comprimento do caminho médio no nucelo ln. A corrente líquida Iliq que passa dentro do caminho de
integração é então Ni, por que a bobina cruza o caminho de integração N vezes quando está
conduzindo a corrente i. Assim, a lei de ampere torna-se
H l n =N i (1.12)
Onde, H é a magnitude ou módulo do vetor H da intensidade de campo magnético. Portanto, o valor
da intensidade de campo magnético no núcleo, devido a corrente aplicada, é
Ni
H= (1.13)
ln

Figura 1-3: Núcleo magnético simples.

De certa forma podemos dizer que a intensidade de campo magnético H é uma medida
do “esforço” que a corrente elétrica está fazendo para estabelecer um campo magnético, pois a
intensidade do fluxo de campo magnético produzido no núcleo vai depender do material da qual esse
núcleo é composto, existe uma relação entre a intensidade de campo H e a densidade de fluxo
magnético resultante B dentro de um material e essa relação é dada por

B=μ H (1.14)

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onde:
H = intensidade de campo magnético
μ = permeabilidade magnética do material
B = densidade de fluxo magnético resultante

Portanto, a densidade de fluxo magnético real produzido em um pedaço de material é


dado por dois fatores:
H, representando o esforço exercido pela corrente para estabelecer um campo magnético
μ, representando a facilidade relativa de estabelecer o campo magnético em um dado
material.
A unidade de medida da intensidade de campo magnético (H) é o ampere-espira por
metro, a permeabilidade magnética (μ) é dada em henry por metro e a densidade de fluxo (B) é dada
em Weber por metro quadrado (lembre-se que densidade é a medida de algo por unidade de área ),
também conhecido como tesla (T).
No vácuo a permeabilidade é

μ 0=4 π x 10−7 H /m (1.15)

A permeabilidade de qualquer outro material quando comparada com a permeabilidade


do vácuo é chamada de permeabilidade relativa e pode ser obtida por

μ
μ r= μ 0 (1.16)

A permeabilidade magnética diz sobre a capacidade de magnetizar um material, os aços


utilizados nas máquinas modernas têm permeabilidades relativas da ordem de 2000 a 6000 ou até
mais, isso significa que para uma dada intensidade de corrente, será produzido de 2000 a 6000 vezes
mais fluxo em um pedaço de aço do que no mesmo volume de ar ( dado que a permeabilidade do ar é
a mesma do vácuo), assim percebemos que o material ferromagnético de um núcleo de um motor ou
transformador desempenham um papel muito importante no funcionamento da máquina, pois ele ´´e
responsável pelo incremento e concentração do fluxo magnético no interior do dispositivo,
melhorando significativamente as interações entre os campos magnéticos gerados nas bobinas e
evitando a dispersão desse fluxo.
Em um núcleo como o mostrado na figura 1-3, o valor da densidade de fluxo pode ser
calculada como

μNi
B=μ H = (1.17)
ln

O fluxo magnético em uma dada área, considerando a densidade de fluxo constante, pode ser
encontrado através da equação

ϕ =BA (1.18)

Assim, o fluxo total do núcleo da figura 1-3, devido a corrente elétrica i que passa pelo enrolamento (a
qual irá gerar o campo magnético H), é dada por

μ NiA
ϕ =BA= (1.19)
ln

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onde:
A = área da seção reta do núcleo magnético (vide figura 1-3).

CIRCUITOS MAGNÉTICOS

A equação 1.16 nos diz que a corrente em uma bobina de fio enrolado em um núcleo produz um fluxo
magnético nesse núcleo. É possível definir um “circuito magnético” cujo comportamento será regido
por equações análogas as de um circuito elétrico. Normalmente, no projeto de máquinas elétricas e
transformadores, utiliza-se o modelo de circuitos magnéticos que descreve o comportamento
magnético para simplificar o processo de projeto, de outro modo seria bem complexo o projeto de tais
máquinas.
Em um circuito elétrico simples como o mostrado na figura 1-4, uma fonte de tensão V
alimenta uma corrente I ao longo de um circuito através de uma resistência R.
A relação dessas grandezas é dada pela lei de Ohm:

V =RI (1.20)

No circuito elétrico a corrente é impulsionada pela tensão (ou força eletromotriz). Analogamente, a
grandeza correspondente no circuito magnético é denominada força magnetomotriz (FMM). A força
magnetomotriz do circuito magnético é igual ao fluxo efetivo de corrente aplicado ao núcleo, assim:

FMM =N i (1.21)

A fmm é medida em amperes-espiras.

Como a fonte de tensão do circuito elétrico, a força magnetomotriz no circuito magnético


também tem uma polaridade associada. O terminal positivo da fonte de FMM é o terminal onde o
fluxo sai e o terminal negativo da fonte de FMM é o terminal do qual o fluxo volta a entrar.

Figura 1-4: (a) Circuito elétrico simples. (b) Circuito magnético análogo a um núcleo de
transformador.

A polaridade da FMM de uma bobina pode ser determinada modificando-se a regra da


mão direita: se os dedos da mão direita curvarem-se no sentido do fluxo de corrente em uma bobina,
então o polegar apontará no sentido de FMM positiva (conforme figura 1-5).
No circuito elétrico sabemos que a tensão aplicada ao circuito fará com que haja
circulação de corrente elétrica I. De modo similar, em um circuito magnético, a força magnetomotriz

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aplicada faz com que o fluxo ϕ seja produzido. A relação entre tensão e corrente em um circuito
elétrico é a lei de Ohm (V = RI). Do mesmo modo, a relação entre a força magnetomotriz e o fluxo é

FMM =ϕ ℜ (1.22)

onde:
FMM = força magnetomotriz do circuito
ϕ = fluxo do circuito;
 = relutância do circuito;

A relutância de um circuito magnético é equivalente a resistência elétrica, sendo que sua


unidade é o Ampere-espira(A.e) por Weber (Wb).

Dessa forma, podemos obter o fluxo magnético do circuito em função da FMM, assim,
temos:
FMM
ϕ= ℜ (1.23)
Qual a relutância do núcleo da figura 1-3? O fluxo resultante nesse núcleo é dado pela
equação (1.23):
μ NiA
ϕ =BA= (1.24)
ln

μA
ϕ =N i( )
ln

μA
ϕ =FMM ( ) (1.25)
ln

Figura 1-5: Determinação da polaridade de uma fonte de


força magnetomotriz em um circuito magnético.
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Como sabemos pela equação 1.22, a relutância é inversamente proporcional ao fluxo e


podemos deduzir a equação da relutância do circuito da figura como sendo:

ln
ℜ= (1.26)
μA

As relutâncias em um circuito magnético seguem as mesmas regras que resistências em


um circuito elétrico. A relutância equivalente de diversas relutâncias em série é simplesmente a soma
das relutâncias individuais:

ℜeq =ℜ1 + ℜ2+ ℜ3 +...+ ℜn (1.27)

De modo similar, relutâncias em paralelo combinam-se conforme a equação:

1 1 1 1 1
= + + +...+ (1.28)
ℜeq ℜ1 ℜ2 ℜ3 ℜn

Quando são usados os conceitos de circuitos magnéticos em um núcleo, os cálculos de


fluxo são sempre aproximados – no melhor dos casos, eles terão uma exatidão de 5% em relação ao
valor real. Há uma série de fatores para essa inexatidão:

1. O conceito de circuito magnético assume que todo o fluxo está confinado no interior do
núcleo magnético, isso devido sua alta permeabilidade (em torno de 2000 a 6000 vezes a do
ar), porém, nas proximidades do núcleo o ar tem baixa permeabilidade, o que permite que haja
uma pequena dispersão do fluxo magnético nessa área, essa dispersão de fluxo desempenha
um papel importante no projeto de máquinas elétricas.
2. Os cálculos de relutância assumem um certo comprimento de caminho médio e de área de
seção reta para o núcleo. Essas suposições não são muito boas, especialmente nos cantos.
3. Nos materiais ferromagnéticos, a permeabilidade varia com a quantidade de fluxo que já está
presente no material. Ele acrescenta outra fonte de erro à análise do circuito magnético, já que
as relutâncias usadas nos cálculos de circuitos magnéticos dependem da permeabilidade do
material.
4. Se houver entreferros de ar no caminho de fluxo do núcleo, a área efetiva da seção reta do
entreferro de ar será maior do que a área da seção reta do núcleo de ferro de ambos os lados.
A área efetiva extra é causada pelo denominado “efeito de espraiamento” do campo
magnético no entreferro de ar (Figura 1-6).

Há muitas limitações inerentes ao conceito de circuito magnético, mais ele ainda é a


ferramenta de projetos mais facilmente usável que está disponível para os cálculos de fluxo, no projeto
de máquinas.

Os exemplos a seguir ilustram os cálculos básicos usados em circuitos magnéticos.

Exemplo 1-1 Um núcleo ferromagnético é mostrado na figura 1-7a. Três de seus lados têm larguras
uniformes, ao passo que a largura do quarto lado é menor. A profundidade do núcleo é 10cm e as
outras dimensões são mostradas na figura. Uma bobina de 300 espiras está enrolada no lado esquerdo
do núcleo. Assumindo uma permeabilidade relativa μr de 2000, quanto fluxo será produzido por uma
corrente de 2 Amperes?

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Figura 1-6: Efeito de


espraiamento de um campo
magnético no entreferro.
Observe o aumento da área da
seção reta do entreferro em
comparação com a área da
seção reta do metal.
Solução
Como dado no problema, temos que três lados do núcleo tem as mesmas áreas de seção reta,
enquanto um quarto lado tem área da seção diferente, portanto, dividiremos o núcleo em duas
regiões: (1) um lado menos espesso e (2) três outros lados tomados em conjunto. O circuito magnético
desse núcleo está mostrado na figura 1-7b.
O comprimento do caminho médio da região 1 é de 0,45 m e a área da seção reta é 0,1x0,1m = 0,01
m², assim, a relutância da região 1 é
l1 l1
ℜ1= = (1.29)
μ A 1 μr μ 0 A 1

0,45 m
ℜ1=
(2000)( 4 π x 10−7 )(0,01 m²)

ℜ1=17900 Ae/Wb

O comprimento do caminho médio da região 2 é de 1,30 m e a área da seção reta é 0,15x0,1m = 0,015
m², assim, a relutância da região 2 é
l2 l2
ℜ2= = (1.30)
μ A 2 μr μ 0 A 2

1,30 m
ℜ2=
(2000)( 4 π x 10−7 )(0,015 m²)

ℜ2=34400 Ae/Wb

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Assim, a relutância total do núcleo é

ℜeq=17900+34400=52300 Ae/Wb

A força magnetomotriz total é

FMM=N i=(300 x 2)=600 Ae

Assim, o fluxo no núcleo é

FMM 600 Ae
ϕ= ℜ = =0,0114 Wb
52300 Ae/Wb

N = 300 espiras

Figura 1-7: (a) O núcleo ferromagnético


do Exemplo 1-1. (b) O respectivo circuito
magnético de (a).
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Exemplo 1-2 A figura 1-8a mostra um núcleo ferromagnético cujo comprimento de caminho médio é
40 cm. Há um entreferro delgado de 0,05 cm no núcleo, o qual é inteiriço no restante. A área da seção
reta do núcleo é de 12 cm², a permeabilidade relativa do núcleo é de 5000 e a bobina enrolada no
núcleo tem 300 espiras. Assuma que o espraiamento no entreferro aumenta a área efetiva da seção
reta em 5%. Dada essa informação encontre ( a) a relutância total do caminho de fluxo (ferro e
entreferro) e (b) a corrente necessária para produzir uma densidade de fluxo de 0,8 T no entreferro.

Solução
O circuito magnético correspondente a esse núcleo é mostrado na figura 1-8b.
(a) A relutância do núcleo é

ln ln
ℜn = =
μ A n μr μ0 A n
(1.31)

0,40 m
ℜn = −7
(5000)( 4 π x 10 )(0,0012 m²)

ℜn =53.050 Ae/Wb

A área efetiva do entreferro é 1,05 x 12 cm² = 12,6 cm², de modo que a relutância no entreferro (ef) é

l ef
ℜef =
μ A ef
(1.32)

0,0005 m
ℜef = −7
( 4 π x 10 )(0,00126 m ²)

ℜef =316.000 Ae/Wb

Portanto, a relutância total do caminho do fluxo magnético é

ℜeq =ℜn+ ℜef

ℜeq =53.050 Ae /Wb+316.000 Ae /Wb

ℜeq =369.050 Ae /Wb

Observe que o entreferro contribui com a maior parte da relutância, embora seu caminho de fluxo seja
800 vezes mais curto do que o do núcleo.

(b) Da equação (1-22), temos

FMM =ϕ ℜ
(1.22)

Como o fluxo ϕ =BA e FMM=N i , essa equação torna-se N i=BA ℜ

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De modo que
BA ℜ
i=
N

(0,8 T )(0,00126 m ²)(369.050 Ae /Wb )


i=
300 espiras

N = 300 espiras

Figura 1-8: (a) O núcleo ferromagnético do Exemplo 1-2. (b) O


respectivo circuito magnético de (a).

Observe nessa equação que como foi necessário obter o fluxo no entreferro, então foi usado a área
efetiva do entreferro (considerando o espraiamento das linhas de campo).

Exemplo 1-3 A figura 1-9 mostra de uma forma simplificada o rotor e o estator de um motor CC. O
comprimento do caminho médio do estator é 50 cm e a área de sua seção reta é 12 cm². O
comprimento do caminho médio do rotor é 5 cm e pode-se assumir que a área da seção reta é
também 12 cm². Cada entreferro entre rotor e estator tem 0,05 cm e largura e a área da seção reta de

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cada entreferro (incluindo o espraiamento) é de 14 cm². O ferro do núcleo tem permeabilidade relativa
de 2500 e há 150 espiras de fio sobre o núcleo. Se a corrente no fio for ajustada para 1,5 A, qual será a
densidade de fluxo resultante nos entreferros?

Solução
Para determinar a densidade de fluxo no entreferro, é necessário calcular primeiro a FMM aplicada ao
núcleo e a relutância total do caminho do fluxo. Com essas informações, pode-se encontrar o fluxo
total no núcleo. Finalmente, conhecendo a área da seção reta dos entreferros, pode-se calcular a
densidade de fluxo.

A relutância do estator é

ln ln
ℜc = =
μ A n μr μ0 A n

0,50 m
ℜ s= −7
(2500)(4 π x 10 )(0,0012 m ²)

ℜs=132.600 Ae /Wb

A relutância do rotor é

lr
ℜr =
μr μ0 A r

0,05 m
ℜ s=
(2500)(4 π x 10−7)(0,0012 m ²)

ℜs=13.260 Ae /Wb

A relutância dos entreferros é

l ef
ℜef =
μ r μ 0 A ef

0,0005 m
ℜ s= −7
(1)( 4 π x 10 )(0,0014 m²)

ℜs=284.000 Ae /Wb

O respectivo circuito magnético dessa máquina está mostrado na figura 1-9b. A relutância total do
caminho de fluxo é, portanto,

ℜeq =ℜs +ℜef 1+ ℜr + ℜef 2

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ℜeq =132.600 Ae /Wb+284.000 Ae /Wb+13.260 Ae/Wb+284.000 Ae/Wb

ℜeq =713.860 Ae /Wb

N = 150 espiras

Figura 1-9: (a)Diagrama simplificado do rotor e do estator de um motor CC. (b) O


respectivo circuito magnético de (a).

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A força magnetomotriz líquida aplicada ao núcleo é

FMM =N i=(150 espiras)(1,5 A)=225 Ae

Portanto, o fluxo total do núcleo é

FMM 225 Ae
ϕ= ℜ = =0,000315 Wb
713.860 Ae ¿

E por fim, a densidade de fluxo magnético no entreferro do motor é

ϕ 0,000315 Wb
B= = =0,22T
A 0,0014 m²

1.4. LEI DE FARADAY

Analisaremos agora os vários modos pelos quais um campo magnético existente pode afetar sua
vizinhança, fator esse muito importante para o entendimento de máquinas elétricas.
O primeiro ponto a ser estudado é a Lei de Faraday, a qual é a base de funcionamento de
um transformador. A lei de Faraday diz que, se um fluxo magnético variável concatenar uma espira de
fio condutor, uma tensão será induzida, e essa tensão será diretamente proporcional à taxa de variação
de fluxo magnético em relação ao tempo. Conforme equação que segue


e ind =− (1.33)
dt
em que eind é a tensão induzida em uma espira da bobina e ϕ é o fluxo que passa através
da espira. Se uma bobina tiver N espiras e se o mesmo fluxo cruzar todas elas, então a tensão induzida
na bobina inteira será dada por

e ind =−N (1.34)
dt

onde:
eind = tensão induzida na bobina
N = número de espiras de fio da bobina
ϕ = fluxo que passa através da bobina

O sinal negativo nas equações é por conta da Lei de Lenz, a qual afirma que o sentido da
tensão induzida é em oposição a tensão indutora.
Como a polaridade da tensão resultante pode ser determinada a partir de considerações
físicas, o sinal negativo nas equações (1-32) e (1-33) é frequentemente omitido nas literaturas, e
omitiremos nas próximas citações.
Nos problemas práticos, há uma dificuldade importante em relação à equação (1-33). Essa
equação pressupõe que em todas as espiras da bobina está presente exatamente o mesmo fluxo.
Infelizmente, o fluxo que escapa e se dispersa do núcleo, indo para o ar circundante, impede que isso
seja verdadeiro. Se os enrolamentos estiverem fortemente acoplados, de modo que a maior parte do
fluxo que atravessa uma espira da bobina passa também através de todas as demais espiras, então a
equação (1-33) dará respostas válidas.
A unidade do fluxo concatenado é o Weber-espira (Wb.e).

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A lei de Faraday constitui a propriedade fundamental apresentada pelos campos


magnéticos que estão presentes no funcionamento de um transformador. A lei de Lenz permite prever
a polaridade das tensões induzidas nos enrolamentos do transformador.

Figura 1-10: O significado da Lei de Lenz: (a) Uma bobina envolvendo um fluxo
magnético crescente; (b) determinação da polaridade da tensão resultante.

A lei de Faraday também explica as perdas por correntes parasitas, um fluxo variável no
tempo induz uma tensão no interior do núcleo ferromagnético, exatamente do mesmo modo que uma
tensão é induzida em um fio que está enrolado em torno desse núcleo. Essas tensões fazem com que
correntes fluam dentro do núcleo, formando caminhos circulares ou em vórtices, é a forma de vórtices
dessas correntes que da origem a denominação correntes parasitas, também denominadas correntes
de Focault ou correntes de vórtice. Essas correntes estão circulando em um material resistivo (o ferro
do núcleo) e, sendo assim, elas devem dissipar energia. Essa energia perdida transforma-se em calor
no interior do núcleo de ferro.
A quantidade de energia perdida devido às correntes parasitas depende do tamanho dos
vórtices de corrente e da restividade do material dentro do qual circulam as correntes. Quando maior o
vórtice, maior será a tensão induzida resultante ( devido o maior fluxo magnético no interior do
vórtice). Quanto maior a tensão induzida maior será o fluxo de corrente resultante e, portanto, maiores
serão as perdas do tipo I²R (perdas Joule). Por outro lado, quanto maior a resistividade do material em
que as correntes fluem, menor será o fluxo de corrente para uma dada tensão induzida no vórtice.
Esses fatos dão-nos duas abordagens possíveis para reduzir as perdas por correntes
parasitas em um transformador ou máquina elétrica. Se um núcleo ferromagnético, submetido a um
fluxo magnético alternado, for dividido em muitas camadas ou lâminas delgadas, então o tamanho
máximo de um vórtice de corrente será reduzido, resultando uma tensão induzida menor, uma
corrente menor e perdas menores. Essa redução é grosseiramente proporcional a espessura das
lâminas, de modo que as mais finas são melhores. O núcleo é construído com muitas lâminas em
paralelo. Uma resina isolante é usada entre elas, limitando os caminhos das correntes parasitas a áreas
muito pequenas. Como as camadas isolantes são extremamente finas, há uma diminuição das perdas
por correntes parasitas e um efeito muito pequeno sobre as propriedades magnéticas do núcleo.
A segunda abordagem para reduzir as perdas por correntes parasitas consiste em
aumentar a resistividade do material do núcleo. Frequentemente, isso é feito adicionando um pouco
de silício ao aço do núcleo. Para um dado fluxo, se a resistência do núcleo for mais elevada, então as

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correntes e as perdas I²R (perdas Joules) serão menores. Em algumas situações, ambas as soluções são
adotadas.

1.5. PRODUÇÃO DE FORÇA INDUZIDA EM UM CONDUTOR

Um segundo efeito importante do campo magnético no seu entorno é que ele induz uma força em um
fio que esteja conduzindo uma corrente dentro de um campo. O conceito básico envolvido está
ilustrado na figura 1-11. A figura mostra um condutor que está presente no interior de um campo
magnético uniforme de densidade B, que aponta para dentro da página. O condutor tem l metros de
comprimento e conduz uma corrente de i amperes. A força induzida no condutor é dada por

F=Bil (1.35)

onde:
i = valor da corrente no condutor
l = comprimento do fio
B = vetor densidade de fluxo magnético

O sentido da força é dado pela regra da mão direita: se o dedo indicador da mão direita
apontar no sentido do vetor l o dedo médio apontará no sentido do vetor B de densidade de fluxo,
então o polegar apontará no sentido da força resultante sobre o fio. O valor da força é dado pela
equação
F=Bil senθ (1.36)
em que θ é o ângulo entre o fio condutor e o vetor densidade de fluxo.

Exemplo 1-4 A figura 1-11 mostra um fio conduzindo uma corrente na presença de um campo
magnético. A densidade de fluxo magnético é de 0,40 T, com o sentido para dentro da página. Se o fio
condutor tiver 0,5 metro de comprimento e estiver conduzindo 0,8 A de corrente no sentido do topo
para baixo da página, quais serão o valor e o sentido da força induzida no fio?

Figura 1-11: Fio condutor de corrente na


presença de um campo magnético.
Solução
O sentido da força é dado pela regra da mão direita como sendo para a direita. O valor é dado por

F=Bil senθ

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F=(0,4 T )(0,8 A )(0,5 m) sen 90 °

F=0,16 N

Portanto

F = 0,16 N, orientado para a direita.

A indução de uma força em um fio condutor por uma corrente na presença de um campo magnético é
o fundamento da chamada ação motor. Quase todo tipo de motor depende desse princípio para
produzir as forças e o torque que o põem em movimento.

1.6. TENSÃO INDUZIDA EM UM CONDUTOR QUE SE DESLOCA DENTRO DE UM


CAMPO MAGNÉTICO

Há uma terceira forma importante pela qual um campo magnético interage com seu entorno. Se um
condutor estiver orientado adequadamente e se descolando dentro de um campo magnético, então
uma tensão será induzida nele. Essa ideia é apresentada na figura 1-12. A tensão induzida no condutor
é dada por.

e ind =Bvl (1-37)

onde:
v = velocidade do condutor
B = vetor densidade de fluxo magnético
l = comprimento do condutor imerso no campo magnético

O vetor l tem a mesma direção do condutor e aponta para a extremidade que faz o menor ângulo com
o vetor v x B. A tensão no condutor é produzida de modo que o polo positivo aponta no mesmo
sentido de v x B. Os exemplos seguintes ilustram esse conceito.

Figura 1-12: Condutor movendo-se na


presença de um campo magnético.

Exemplo 1-5 A figura 1-12 mostra um condutor deslocando-se com uma velocidade de 3,0 m/s para a
direita, na presença de um campo magnético. A densidade de fluxo é 1 T para dentro da página e o

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condutor tem 0,8 metro de comprimento, orientado como está mostrado. Quais são o valor e a
polaridade da tensão induzida resultante?

Solução
O sentido do produto v x B neste exemplo é para cima. Portanto, a tensão no condutor será produzida
com o polo positivo na parte de cima da página em relação a parte de baixo do condutor. O sentido do
vetor l é para cima, para que se tenha o menor ângulo em relação ao vetor v x B.

Como v é perpendicular a B e como v x B é paralelo a l, o valor da tensão induzida reduz-se a

e ind =( Bv) l

e ind =( vB sen 90°)l cos 0 °

e ind =Bvl

e ind =(0,8 T )(3,0 m/ s)(0,8 m)

e ind =1,92V

Portanto, a tensão induzida é de 1,92 Volts, positiva na parte de cima do condutor.

Exemplo 1-6 A figura 1-13 mostra um condutor deslocando-se com uma velocidade de 6 m/s para a
direita, na presença de um campo magnético. A densidade de fluxo de 0,8 T para fora da página e o
condutor tem 1,20 de comprimento, orientado como está mostrado. Quais são o valor e a polaridade
da tensão induzida resultante?

Figura 1-13: Condutor do exemplo 1-6.


Solução
O sentido do produto v x B é para baixo. O condutor não está orientado seguindo uma linha reta de
cima para baixo, portanto, escolha o sentido l como está mostrado para que se tenha o menor ângulo

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com o sentido v x B. A tensão é positiva na parte de baixo, em relação à parte de cima do condutor. O
valor da tensão é

e ind =( Bv) l

e ind =( vB sen 90° )l cos 30 °

e ind =(0,8 T )( 6,0 m/ s)(1,20 m)cos 30 °

e ind =4,98 V

A indução de tensões em um condutor que se desloca dentro de um campo magnético é fundamental


para o funcionamento de todos os tipos de geradores. Por essa razão, é denominada ação de gerador.

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PERGUNTAS

1.1 O que é conjugado? Que papel desempenha o conjugado no movimento rotativo das máquinas?

1.2 O que é a lei de Ampere?


1.3 O que é a intensidade de campo magnético? O que é densidade de fluxo magnético? Como essas

grandezas relacionam-se entre si?


1.4 Como o conceito de circuito magnético pode auxiliar no projeto e núcleos de transformadores e

máquinas?
1.5 O que é relutância?

1.6 O que é material ferromagnético? Por que a permeabilidade dos materiais ferromagnéticos é tão
elevada?

1.7 Como a permeabilidade relativa de um material ferromagnético varia com a força magnetomotriz?
1.8 O que são perdas por corrente parasita? O que pode ser feito para minimizar as perdas por

corrente parasita em um núcleo?


1.9 Por que todos os núcleos submetidos a variações CA de fluxo são laminados?

1.10 O que é a lei de Faraday?


1.11 Que condições são necessárias para que um campo magnético produza força em um fio

condutor?
1.12 Que condições são necessárias para que um campo magnético produza tensão em um fio?

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PROBLEMAS

1.1 O eixo de um motor está girando a uma velocidade de 1800 rpm. Qual é a velocidade do eixo em

radianos por segundo?

1.2 Um volante com um momento de inércia de 4 kg • m2 está inicialmente em repouso. Se um


conjugado de 6 N • m (anti-horário) for aplicado repentinamente ao volante, qual será a velocidade do

volante após 5 s? Expresse essa velocidade em radianos por segundo e em rotações por minuto.

1.3 Uma força de 10 N é aplicada a um cilindro de raio r = 0,15 m, como mostrado na Figura abaixo. O
momento de inércia desse cilindro é J = 4 kg • m2. Quais são o valor e o sentido do conjugado

produzido no cilindro? Qual é a aceleração angular do cilindro?

1.4 Um motor fornece 50 N • m de conjugado para sua carga. Se o eixo do motor estiver girando a
1500 rpm, qual será a potência mecânica fornecida à carga em watts? E em HP?

1.5 A Figura abaixo mostra um núcleo ferromagnético. A profundidade (para dentro da página) do

núcleo é 5 cm. As demais dimensões do núcleo estão mostradas na figura. Encontre o valor da
corrente que produzirá um fluxo de 0,005 Wb. Com essa corrente, qual é a densidade do fluxo no lado

superior do núcleo? Qual é a densidade do fluxo no lado direito do núcleo? Assuma que a
permeabilidade relativa do núcleo é 800.

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1.6 Um núcleo ferromagnético com uma permeabilidade relativa de 1500 está mostrado na Figura P1-

3. As dimensões são as mostradas no diagrama e a profundidade do núcleo é 5 cm.


Os entreferros nos lados esquerdo e direito do núcleo são 0,050 cm e 0,070 cm, respectivamente.
Devido ao efeito de espraiamento, a área efetiva dos entreferros é 5% maior do que o seu tamanho
físico. Se na bobina houver 300 espiras enroladas em torno da perna central do núcleo e se a corrente
na bobina for 1,0 A, quais serão os valores de fluxo para as pernas esquerda, central e direita do
núcleo? Qual é a densidade de fluxo em cada entreferro?

1.7 Um núcleo de duas pernas está mostrado na Figura abaixo. O enrolamento da perna esquerda do

núcleo (N1) tem 600 espiras e o enrolamento da perna direita do núcleo ( N2) tem 200 espiras. As
bobinas são enroladas nos sentidos mostrados na figura. Se as dimensões forem as mostradas, quais

serão os fluxos produzidos pelas correntes i1 0,5 A e i2 1,00 A? Assuma que r 1200 é constante.

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1.8 A Figura abaixo mostra um fio que conduz 2,0 A na presença de um campo magnético. Calcule o
valor e o sentido da força induzida no fio.

1.9 A Figura abaixo mostra um fio que se move na presença de um campo magnético. Com a
informação dada na figura, determine o valor e o sentido da tensão induzida no fio.

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1.10 Um núcleo com três pernas é mostrado na Figura abaixo. Sua profundidade é 5 cm e há 400

espiras na perna central. As demais dimensões estão mostradas na figura. O núcleo é composto de um
aço cuja curva de magnetização está mostrada na Figura 1-10c. Responda às seguintes perguntas

sobre esse núcleo:


(a) Que corrente é necessária para produzir uma densidade de fluxo de 0,5 T na perna central do

núcleo?
(b) Que corrente é necessária para produzir uma densidade de fluxo de 1,0 T na perna central do

núcleo? Essa corrente é o dobro da corrente da parte (a)?


(c) Quais são as relutâncias das pernas central e direita do núcleo para as condições da parte (a)?

(d) Quais são as relutâncias das pernas central e direita do núcleo para as condições da parte (b)?
(e) A que conclusões você pode chegar a respeito das relutâncias dos núcleos magnéticos reais?

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