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Direitos Humanos

Evolução histórica dos DH

Teoria Geracional dos DH: reparte a evolução dos direitos humanos em três períodos distintos
(Direitos de 1ª,2ª e 3ª geração ou dimensão).

-Os Direitos de Primeira Geração as liberdades públicas, direitos que o Estado não pode
intervir, incumbe ao Estado um não fazer, o individuo tem direitos que são intocáveis.

Documentos que consagraram os Direitos de 1ª geração: a Constituição de 1787 dos EUA e a


de 1791 da França -pós revolução francesa.

Ex: todas liberdades, liberdade religiosa, liberdade de ir e vir.

-Os Direitos de Segunda Geração surgiram no decorrer do século 19 e início do século 20,
incumbem ao Estado uma prestação positiva, o Estado deve fazer algo.

Ex: Direito a saúde, direito a educação, direito a segurança etc.

Documentos que preconizaram direitos de 2ª geração: a constituição do México de 1917 e a


Constituição de Weimar de 1919.

-Os Direitos de Terceira Geração preservação da dignidade da pessoa humana.

Documentos: DUDH (declaração universal de Direitos Humanos) de 1948 e CF de 1988.

Internacionalização dos Direitos Humanos

-O Estado pode ser responsabilizado quando as normas nacionais forem omissas.

-Ocorreu com o reconhecimento dos direitos elencados na DUDH em 1948.

-O individuo passou a ser protegido em âmbito mundial, pode recorrer as cortes internacionais
contra arbitrariedades e violações de direitos cometidas por seu Estado de origem.

-A legislação interna deve obedecer integralmente às regras internacionais acordadas entre as


partes.

OBS: três marcos históricos que marcam a evolução histórica dos DH: Iluminismo, a Revolução
Francesa e o término da segunda guerra mundial.

SISTEMA GERAL DE PROTEÇÃO GLOBAL.

Criação da Organização das Nações Unidas -ONU.

-Foi fundada em 1945, pela Carta de São Francisco, após a 1ª e 2ª Guerra Mundial.

-Os objetivos são a manutenção da paz e da segurança, a cooperação internacional e a


promoção dos Direitos Humanos.
Sistema internacional de DH:

Se subdivide em: sistema global e sistema regional (sistema europeu, africano e


interamericano) ambos os sistemas coexistem.

-O Sistema Global contém norma de alcance geral (são destinadas a todos indivíduos de forma
genérica e abstrata, são os pactos internacionais de direitos civis e políticos e os de direitos
econômicos, socias e culturais) e de alcance especial (são destinadas a grupos específicos,
como mulheres, refugidos, crianças, convecção contra tortura ou penas cruéis, desumanas e
degradantes; a convenção para eliminação contra mulher, a convenção para eliminação de
todas as formas de discriminação racial e a convenção sobre os direitos das crianças).

-O Brasil ratificou a maior parte dos instrumentos de proteção aos direitos humanos no
sistema global.

-O Brasil ratificou os dois protocolos facultativos ao pacto de direitos civis e políticos, um sobre
à abolição da pena morte e outro sobre o mecanismo de denúncias individuais.

-O Brasil não ratificou o pacto facultativo de direitos econômicos, sociais e culturais (é um


mecanismo para apresentar queixas e denuncias ao comitê de referido assunto da ONU).

O Sistema Global tem = sistema de denúncias individuais; sistema de investigações e o de


relatórios; obrigação de enviar relatórios periódicos (sobre a situação dos DH em seu
território).

O sistema do ONU possui dois tipos de procedimentos: os convencionais ( requer previsão


expressa em tratados, pactos e convenções internacionais; supervisionado pelos órgãos
internacionais de supervisão- os comitês – através de denúncias, relatórios e investigações) e
os procedimentos não convencionais (mecanismos não previstos em tratados, específicos e
são acionados em caso de não assinatura dos tratados internacionais, o sistema de ações
urgentes, analisar possível intervenção pelo Conselho de segurança).

Comitê de Direitos Humanos: foi constituído pelo Pacto dos Direitos Civis e Políticos, é
composto por 18 membros, eleitos dentre as indicações feitas por cada Estado-parte, e cada
Estado pode fazer duas indicações, os indicados devem ter boa reputação moral e reconhecida
competência em matéria de direitos humanos, a votação é secreta e o mandato dura 04 anos.

Esse pacto apresentou os mecanismos de monitoramento e cumprimentos dos direitos


previstos: Informes (relatórios enviados periodicamente, e em caso se suspeita de informação
falsa pode membros da sociedade civil enviar informações para se verificar a veracidade);
Comunicações Interestatais (Estados podem fiscalizar uns aos outros); Visitas de Fiscalizadores
Internacionais (os Estados recebem visitas periodicamente de integrantes dos órgãos de
monitoramento para conferir a situação dos DH); Petição Individual ( qualquer pessoa de
qualquer Estado-parte, que se sinta vítima de uma injustiça cometida pela nação, os requisitos
são: esgotamento do mecanismos processuais domésticos, prolongamento injustificado dos
procedimentos judiciais nacionais e ausência de litispendência internacional. Além da vítima,
terceiros e organizações podem enviar petição em nome dela. Após aceita a denúncia o Estado
tem um prazo de 06 meses para prestar esclarecimentos, o autor da petição recebe essas
informações e pode completá-las. Após colher o depoimento de ambas as partes o comitê
profere uma decisão e a publica em seu relatório anual enviado à ONU – essa decisão possui
natureza declaratória e não condenatória, traz apenas consequências políticas).
Conselho Econômico e Social e Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais: O Pacto
de Direitos Econômicos, Civis e Políticos não instituiu comitê próprio, apenas definiu relatórios
estatais acerca das medidas implementadas como mecanismo de monitoramento, os quais são
enviados ao Secretario Geral das Nações Unidas, que depois passa para o Conselho Econômico
e Social da ONU, que após análise formula recomendações aos Estados-partes.

Para suprir a falta de comitê, em 2008, foi adotado o Protocolo Facultativo ao Pacto de
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, com o objetivo de sistematizar o envio de petições
individuais, de indivíduos que tiveram referidos direitos violados e que não encontraram
solução em seus próprios países.

Conselho de Direitos Humanos: composto por 47 Estados-membros, é vinculado à Assembleia


Geral da ONU, o voto é secreto e individual.

Seu papel é promover os DH nos Estados e garantir plena observância destes nos países que
assinaram os tratados, o Estado examinado responde as dúvidas do Conselho, dos outros
Estados e ainda palpita sobre sua própria situação e o que considera fazer nos próximos anos,
os compromissos estabelecidos são frutos de reflexão voluntária do Estado e não podem ser
impostos.

Corte Internacional de Justiça e Tribunal Penal Internacional:

A Corte Internacional de Justiça é o principal órgão da ONU, foi criada pela Carta das Nações
Unidas em 1945, com objetivo de solucionar disputas legais entre Estados, além de oferecer
pareceres consultivos sobre questões apresentadas por outros órgãos e agências
especializadas.

O Tribunal Penal Internacional é o responsável por julgar pessoas acusadas de terem cometido
crimes internacionais graves, como crimes de guerra e tortura, encontrando precedente no
Tribunal de Nuremberg (Foi a formação inédita de um tribunal militar internacional para julgar
o alto escalão nazista por crimes de guerra e contra a humanidade durante a 2a Guerra
Mundial). Todos os crimes de competência desse tribunal são imprescritíveis, por se tratar de
grave violação dos DH.

Declaração e Programa de Ação de Viena

Trata-se de uma nova declaração de Direitos, porém, com número maior de ratificações, foi
criada em 1993 durante a Conferência Mundial dos DH em Viena, reafirma a declaração de
1948, dentre as novidades traz a democracia como regime político mais adequado a promoção
dos DH.

O Alta Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos

foi criado com a intenção aperfeiçoar a coordenação e a eficiência dos órgãos da ONU
destinados à proteção dos DH.

A pessoa indicada para o posto deve desfrutar de boa reputação e idoneidade moral e ter
amplo conhecimento na área dos direitos humanos, além de ser capaz de compreender e
saber lidar com as diferentes culturas e toda a diversidade existente a fim de exercer suas
funções de forma imparcial, objetiva e efetiva. Dentre suas principais atribuições estão:
promover e proteger o efetivo gozo dos direitos previstos em pactos e tratados; fazer
recomendações aos órgãos onusianos; apoiar ações e programas no campo dos direitos
humanos; coordenar programas de educação e informação pública; atuar na remoção de
barreiras e no enfrentamento de eventuais desafios à implementação e garantia dos direitos;
promover a cooperação internacional para a difusão dos direitos humanos, bem como
parcerias mais estreitas com a sociedade civil e agências das Nações Unidas, etc. Anualmente,
o Alto Comissário deve enviar relatório sobre suas atividades para o Conselho de Direitos
Humanos e, por meio do Conselho Econômico e Social, para a Assembleia Geral.

PACTO INTERNACIONAL DE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS

-Direitos Civis são aqueles relacionados as liberdades individuais (1ªgeração)

-De 1966 e entra em vigor em 1976: obrigação do Estado de não fazer (obrigações negativas) e
obrigações Positivas (ex: obrigação de estabelecer um sistema legal para punir casos de
violações dos direitos).

-Direito Autoaplicáveis: estão aptas a produzir todos os seus efeitos, independentemente da


lei regulamentadora. Em outras palavras, não precisam de lei regulamentadora que lhes
complete o alcance ou sentido.

-Segundo protocolo (1989) aboliu a pena de morte nos Estados-membro.

-O pacto estabelece direitos inderrogáveis: direito à vida, proibição da tortura, proibição da


escravidão, direito de não ser preso por dívida, direito de ser reconhecido como pessoa,
liberdade de pensamento etc.

-Estabelece um sistema próprio de monitoramento dos direitos que foram estabelecidos no


pacto, são o envio de relatório periódico dos Estados-membros ao conselho econômico e
social da ONU e serão apreciados pelo Comitê de DH. (relatórios devem ser enviados quando
solicitados).

-Estabelece Comunicações interestatais: denúncias de violações cometidas por outro Estado.


(cláusula facultativa – só são admitidas se o Estado reclamante e o reclamado aceitarem a
competência do comitê para receber as reclamações e examinar).

-Prevê o mecanismo das petições individuais = reconhece a capacidade processual do


indivíduo nas relações internacionais.

1ª parte: direito de autodeterminação dos povos (confere aos povos o direito de autogoverno
e de decidirem livremente a sua situação política, bem como aos Estados o direito de defender
a sua existência e condição de independente) e o direito de dispor livremente de suas riquezas
e recursos naturais.

2ªparte: enumera alguns deveres dos Estados-parte (como devido respeito a religião, sexo
etc), adota politicas públicas que garantam esses direitos caso não possuam leis próprias que
reconheçam alguns deles, bem como permitir que todos tenham acesso a justiça caso sintam
que algum direito seu tenha sido violado; traz a igualdade entre os sexos; autoriza a suspensão
de alguns artigos em caso de ameaça à existência da Nação, menos os que dizem respeito à
vida, tortura, escravidão, ñ poder ser preso por dívida, ñ pode ser preso sem lei anterior e se
houver depois de preso uma mais leve deverá ser beneficiado, direito a personalidade jurídica
e liberdades (religião e pensamento); estabelece que nenhuma interpretação pode ser feita no
sentido de tirar ou destruir direitos de quaisquer grupos de indivíduos.
3ªparte: garantias inerentes a qualquer ser humano (vida, recebimento de tratamento
humano, a não tortura, não tratamento cruéis, proíbe escravidão, deixa claro que o motivo do
encarceramento é a reabilitação e presos jovens devem ser separados de adultos, veda a
prisão sem julgamento, veda prisão por não cumprimento contratual, direito de ir e vir, direito
ao estrangeiro em não ser expulso se está legalmente em um Estado parte só podendo em
decisão baseada na lei ou em questão de segurança nacional, diz que todos são iguais perante
a lei e tem direito a julgamento imparcial, principio da presunção de inocência até que se
prove culpa, garante publicidade das decisões – menos em caso de interesses de menor,
questões matrimoniais, defesa da ordem pública e segurança nacional ou quando o interesse
da vida provada exigir, estabelece o principio da legalidade, direito a vida privada e sanções
contra crimes de honra e reputação, liberdades de expressão, reunião pacifica e associações,
direito de constituir família, direito da criança a proteção, direitos políticos, igualdade e não
discriminação).

4ª parte: constituição do Comitê de Direitos Humanos.

5ª parte: garante que nenhuma disposição do pacto será usada para confrontar a Carta das
nações Unidas ou para limitar direitos inerentes a todos os povos.

6ª parte: tratam das assinaturas, ratificações, bem como datas de entrada em vigor etc.

PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITO ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS.

-Aprovado em 1966 e entra em vigor em 1976.

1ªparte: consagra o princípio da autodeterminação dos povos (podem livremente fazer seu
estatuto político, desfrutar e dispor de seus recursos naturais e riquezas e desenvolver-se
econômica, social e culturalmente e reitera que todos os Estados devem respeitas esse direito.

2ªparte: versa sobre os compromissos que os Estados-partes devem cumprir (como adotar
medidas por seu esforço próprio e por cooperação internacional para cumprimento no
disposto no pacto, de forma que não haja discriminação, os países em desenvolvimento
podem determinar quais são os direitos econômicos que cabem aos não nacionais) e garante
igualdade de direitos econômicos, sociais culturais em igualdade entre homem e mulher.

3ªparte: rol de direito econômicos, sociais e culturais que devem ser garantidos e protegidos
pelo Estado e como torná-los mais efetivos (prevê direito ao trabalho, direito em fundar ou se
filiar a algum sindicato, direito a greve, a previdência social, proteção a família, direito a vida
digna, saúde, educação e cultura).

4ªparte: versam sobre o monitoramento dos direitos expressos no pacto, emissão de


relatórios que devem ser submetidos ao Conselho Econômico e social e as agências
especializadas.

5ªparte: forma de assinatura, entrada em vigor etc.

PROTOCOLO FACULTATIVO AO PIDESC: o PIDESC não estabeleceu um comitê para análise de


relatório e fiscalização dos Estados, o protocolo facultativo cria o comitê de Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais, que combina um sistema de petições, procedimentos
investigativos e medidas cautelares.
SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS.

Responsáveis pela elaboração de tratados e convenções que se adequem as suas demandas


continentais, e, ao mesmo tempo, complementem e afirmem os tratados internacionais
acordados entre os Estados com a ONU, seus órgãos e agências especializadas.

--Entre o sistema global (ONU) e os sistemas regionais não há hierarquia—

Esses sistemas regionais possuem dois órgãos: a comissão de direitos humanos (que recebe
denúncias e faz recomendações não vinculantes) e a corte de direitos humanos (responsável
por emitir sentenças vinculantes nos Estados que reconhecem sua jurisdição).

-A corte Interamericana de Direito Humanos é apenas órgão da Convenção Americana.

OEA= Organização dos Estados Americanos, fundada em 1948, tem dois órgãos (Comissão
Interamericana de Direito humanos – responsável pela fiscalização dos Estados Parte e
efetivação dos direitos previstos na Carta e na Convenção Americana – e o Conselho
Interamericano de Desenvolvimento Integral – zela pelos direitos econômicos, sociais e
culturais).

-Comissão Interamericana de Direitos Humanos: órgão da OEA, fundada em 1959, sete


membros eleitos pela Assembleia geral da OEA (lista proposta pelos Estados membros),
mandato de 04 anos, sendo possível apenas se reeleger uma vez, e a principal função é
promover a observância e a defesa dos direitos humanos.

Atribuições: estimular a consciência dos direitos humanos; formular recomendações aos


governos, preparar estudos ou relatórios; solicitar informações aos governos dos Estados-
membros; atender as consultas feitas pelos Estados-membros; apresentar relatório anual a
assembleia geral da OEA; examinar comunicações de indivíduos ou grupos sobre violações de
direitos humanos.

-Os indivíduos, qualquer pessoa podem, apresentam as petições a comissão e não a corte
(após esgotar a instancia interna).

A comissão pode agir de ofício, desde que aponte a vítima.

Mecanismos de monitoramento dos DH: petições individuais, petições interestatais.

Todos os Estados-parte devem reconhecer a competência da comissão Interamericana de DH


para analisar petições individuais, mas não são obrigados a reconhecer petições interestatais.

Quanto a resolução dos casos, possuí três mecanismos para coagir os Estados a acatarem suas
decisões e repararem os danos causados: Conciliação (negociação amigável entre a vítima e o
Estado infrator, a comissão elabora relatório contendo o acordo fechado), Medidas Cautelares
e Medidas Provisórias e Informes e acionamento da corte Interamericana.

-Corte Interamericana de Direitos Humanos: não é um órgão da OEA, mas sim da Convenção
Americana de DH, tem sede em São José, mas pode realizar sessões em outros países, o
reconhecimento da sua jurisdição não é obrigatório, composta por sete juízes, votados entre
os escolhidos pelos Estados-partes, mandato de seis anos e uma reeleição.
Sua competência é constitutiva e contenciosa, há apenas dois modos de acionar ela:
acionamento por meio dos próprios Estados-partes ou por meio da Comissão Interamericana
(legitimidade ativa).

--A corte não julga pessoas então a legitimidade passiva será sempre dos Estados—

Após provocada, a corte dará o prazo de dois meses ao réu para contestar, essa fase se
encerra com as alegações finais da vítima, do Estado e da Comissão. Nos casos mais urgentes a
corte pode emitir medidas provisórias, agindo de ofício indicando a vítima ou por provocação
da vítima ou comissão.

As medidas não cumpridas serão incluídas no relatório anual que a corte envia à Assembleia
geral da OEA.

O processo pode ser interrompido ou encerrado caso acordo entre as partes, desistência da
vítima (desde que aceita pela corte) ou pelo reconhecimento do estado réu da sua culpa e
consequentemente acatamento das alegações da vítima.

Se culpado, a corte pode determinar obrigações de dar, fazer ou não fazer ao Estado, sendo a
sentença de caráter definitivo e não apelável.

Os Estados-partes são obrigados a acatar e cumprir a decisão da corte e em caso de


descumprimento a corte incluirá todas as imposições que não foram cumpridas em seu
relatório e enviará a Assembleia Geral da OEA.o

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