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TEORIAPURADO DIREITO

Hans Kelsen

'l-ra clu
çr:ì cr

loÀo BAp'usrA NTACHADC)

Martins Fontes
Sõo Poulo 1999
Título orí gínal : REIN E RECHTSLEHRE.
C opyright @

Coryight @
Verlag Frunz D eutìcke , Viena, 1960.
Lívaría Martins Fontes Edítora Ltda.,
INDICE
São Paulo, 1985, para a presente edição.

r ediçáo
nhríl de 1985
6! €diçáo
*--2uÍi"ug"-
fewreiro de 1998
Prefdcio à primeira edição XI
março de 1999 Prefdcio à segunda edição XVII
Tfaduçáo
, f t"i ,-"i"'t
]OÃO BAPTISTA MACHADO
I
Preparação do original DIREITO E NATUREZA
Márcio Della Rosa
Revisâo gráÍica
Marise Simões Leal
,f. I A "pureza" I ''--
2. O ato e o seu significado jurídico 2
EsteramVieíra Ledo Jr.
Produçáo gráfio t't' 3. O sentido subjetivo e o sentido objetivo do ato. A sua
Geraldo Alves
auto-explicação ..........
4. A norma
Dad6 Intemaciotrais
(Câma Brmileira
de CaÍalogação m Publieção (CIP) a) A.qo{m4 como esquema de interpretação ...........
Livrq SB Brroil)
do
r---b) Norma e produção normativa
Kelsen, Hans, l88l-1973.
Teoria pura do direito / Hms Kelsen ; [tradução João Baptista I ' c) Vigência e domínio de vigência da norma
Machadol. - 6a ed. São Paulo : Mmins Fontes, 1998. (Ensino .' I d) Regulamentação positiva e negativa: ordenar, confe-
I
I
Superior)
rir poder
i e) Norma e valor
ou competência, permitir
Título original: Reine Rechtslehre.
rsBN 85-336-0836-5 r[fi
II
5.-A ordem social .......
l. Direito - Bibliogúa 2. Direito Estudo e ensino 3. Direito a) Ordens sociais que estatuem sanções 25
, Filosofia I. Título, II. série.
-1, b) Haverá ordens sociais desprovidas de sanção? ...... 29
Índices para catálogo sistemático:
cDD-340. I 2
. c) Sanções transcendentes e sanções socialmente imanen-
I { I r- tes "......... 30
i. ." " 6. A ordem jurídica
l. Direito: Filosofia 340.12
JJ
Todos os clíreitos destq edição reservados à ,li'- a) O Direito: ordem de conduta humana JJ
Livraria Martins Fontes Editora Ltda,
R ua C onselheíro Ramalho. 3 30 340
I
' , b) O Direito: uma ordem coativa 35
1

,: Ot atos de coação estatuídos pela ordem jurídica co-


I,
01325-000 SõoPaulo SP Brasíl
Tel. (01 I ) 239-3677 Fax (01 I ) 3 105-6867 mo salçõe-s 37
.l ,ì
e -mai I : info @ martinsfonte s.c om Y
http :II www.mar tinsÍont e s.c om
11. Outros fatos, que não a conduta humana, como conteú-
O monopólio de coação da comunidade jurídica ... 39
Ordem jurídica e segurança coletiva 40
do de normas sociais ......... ll0-
12. Normas categóricas llfts-*
Atos coercitivos que não têm o caráter de sanções .. 44"
\ O. mínimo de liberdade 46
13. A negação do dever-ser; o Direito como "ideologia" .. 113
;-
L,
-c) O Direito como ordem normativa de coaÇão. Comu-
-.. .-. i'-4"

nidade jurídica e "bando de salteadores" 48


d) Deveres jurídicos sem sansãq? 56 ./iIV
e) Normas jurídicas não-autônomas ............ 60 ESTÁTICA JURÍDICA
'+'éA'

-1. A sanção: ilÍcitq e conseqüência do ilícito ................, t2l


II ,,4,,).t a) AssançõesdoDireitonacionaledoDireitointernacio- \
{ nul ............ tLt
I

'-f' I b) O ilícito (delito) não e negação, mas pressuposro do Di-


DIREITO E MORAL
{
l. As normas morais como normas sociais
. reito ...!..,r... r?TÌ j \:
67 2. Dever jurídico e. responsabilidade ........ ... lÌg; j:-
2. A Moral como regulamentação da conduta interior ... 68 ,,'1, a) Dever sanção
jurídico e sançao
3. A Moral como ordem positiva sem caráter coercitivo .. '74
uever Jurlolco .. 128
l2S Ii ".i
1t
b) Dever jurídico e *:ver-sg ................ 13l i
4. O Direito como parte da Moral 71
c) Responsabilidade
5. Relatividade do valor moral 72
.......... 133 I Ì'.i o
d) Responsabilidade individual e coletiva ........,........ 135 ] ,
6. Separação do Direito e da Moral '75
e) Responsabilidade pela culpa e pelo resultado ......... l3j
7. Justificação do Direito pela Moral 16
f) O dever de indenização ..".........
I't ....... 138
I q el A responsabilidade coleriva como responsabilidade pelo
I -i resultado .... 140 i \
III , 3. Direito sr.!_b,!j:Jivo: arribuiçâo de um direito e atribuição de ---*r-'--À
DIREITOECIÊNCIA i
lt i um pôiie'Ëõü"competência
..
.... 140
3 a) Direito e dever ............. 140
t' 1. As no_j4as jurídicas como objeto da ciência jurídica ... '79 b) Direitos pessoais e direitos reais ......... ................ 145
T:glqi u{4rç.4*q$,1[9.a e tgojts*i"urÍdiçtudrqâmica . . . . . . . 79 c) O direito subjetivo como interesse juridicamente pro-
rì Norma júridica e proposição juríclica Y1 | tegido .............
t]. 4. Ciência causal e ciência normativa
80
84
$/'{'
' d)óïi.LLo'"úi;ii;;l"''"9@..:........:.: i;õ \t
rr \.5. Causalidade e imputação; lei natural e lei jurídica ... 86 e) o direiro subjerivo comoïãìffia (da auto-
,- "',r.o. O princípio da imputação no pensamcrrto clos primiti-
|
ridade) ....... 154 \ I
)

vos.......... 91 / f) os direiros potíricos ... iij _. LJ


, O surgimento do princípio causal a paltir clo princípio d.'- ,4_ l"t:::111,.-1.^.ì:':ï^i"^; competência organicidade
7.
retributivo 94 a) Capacidade de exercício
l'ì - l9!
. 16t'€
i' 8. Ciência sociai causal e ciência social nonnativa ....... 95 --
". 9. Diferenças entre o princípio da causaliclaclc e o princí-
pio da imputação r00
'. \0. O problema da liberdade 1|.,2

'-íÀ'"1
- Pessoa ... 188
)3 7. Sujeitojurídico g) Jurisprudência ........ 263
a) Sujeito jurídico ............. 188 O caráter constitutivo da dWhAAjMiM| 263
b) Pessoa: pessoa física ........ .............. l9l relação entre a decisão judicial e a normâ jurídica
, c) Pessoa jurídica (corporação) ............................ J94 geral a aplicar 269
A pessoa jurídica cómo iujeito agente Ì96: As ch_amadas "lacunas" do Direito 273
ej a pessoa jurídica como sujèito dJdeveres e direitos iq8** -*A Criação de normas jurídicas gerais pelos tribunáís:
Deveres da pessoa jurídica ...............
Responsabilidade da pessoa jurídica .. 206
200
,_j juiz como.legislador;
'' .. '-]urança
jurídica
flexibilidade do Direito e se-
, 277
Direitos da pessoa jurídica .............. 209 h) O negócio jurídico 284
f) A pessoa iurídica como conceito auxiliar da ciência O negócio jurídico como fato criador de Direito ... 284
jurídica ....... 2ll O contrato 286
g) A superação do dualismo de Direito no sentido ob- j) Administração 290
jetivo e Direito no sentido subjetivo .................. 212 r , Ú Conflito entre normas de diferentes escalões ....... 295
295
V
orNÂurca JURÍDrcA
;#r\ftJ":.'iiïïillïÍi'"J{f,':
:: ::::: : ::
300
306

. ,. , DIREITOEESTADO

3!.
.:t
r. Forma do Direito e forma do Estado 309
L.
1.t - Direito público e privado 3r0
Â'il 3. O caráter ideológico do dualismo de Direito público e
Direito privado 312
\+.
\s.
O dualismo tradicional de Estado e Direito 315
t6- A função ideológica do dualismo de Estado e Direito 315
A identidade do Estado e do Direito
232 316
Validade e eficácia 2 a) O Estado como ordem jurídica 316
norma fundamental do Direito internacional - b) O Estado como pessoa jurídica ..,.... 321
Teoria da norma fundamental e doutrina do Direito HàO Estado como sujeito agente: o órgão do Estado 322
natural ........ 242 Representação ............ 331
O Estado como sujeito de direitos e deveres ....... 334
c) A chamada auto-obrigação do Estado; o Estado de
Direito 345
d) Centr alização e descentr alização 347
c) Lei e decreto ................ 255 e) A superação do dualismo de Direito e Estado ..... 352
d) Direito material e Direito formal ..... 256
e) As chamadas "fontes de Direito" ..... 258
- f) Criação do Direito, aplicação do Direito e observân-
cia do Direito ............... 260
VII
O ESTADO E O DIREITO INTERNACIONAL

rl2_ l.A essência do Direito internacional .............. 355


a) A natureza jurídica do Direito internacional ....... 355
b) O Direito internacional como ordem jurídica primi-
tiva .......... .................. 358
c) A construção escalonada do Direito internacional
d) Imposição de obrigações e atribuição de direitos, pe-
359
Prefácio à primeira edição
lo Direito internacional, de forma simplesmente me-
diata ........ .. 360
ti 5 2. Direito internacional e Direito estadual .. 364
a) A unidade do Direito internacional e do Direito es*
tadual ........ 364 HtÍ muis de duss décsdqs que empreendi desenvolver umo
b) Não há qualquer conflito entre Direito internacional teoria jurídica pura, isto é, purfficada de toda a ideologia polítï
e Direito estadual .......... 366 ca e de todos os elementos de ciência nstursl, umo teoria jurídica
c) As relações mútuas entre dois sistemas de normas ü.368 consciente du sua especificidade porque consciente da legulidode
d) A inevitabilidade de uma construção monista ...... 370 específica do seu objeto. Logo desde o começo foi meu intento
O reconhecimento do Direito internacional por cada elevqr a Jurisprudência, que qberta ou velqdqmente se es-
Estado: o primado da ordem jurídica estadual ...... 370 gotqvs quase por completo em - raciocínios de política jurídica,
-
O primado da ordem jurídica internacional ........ 374 à altura de uma genuína ciência, de ums ciêncis do espírito. Im-
A diferença entre as duas construções monistas ... 377 portava explicar, não us suas tendênciqs endereçadas àformoção
^íL\3. Concepção do Direito e concepção do mundo ......... 383 do Direito, mss as suas tendências exclusivamente dirigidas ao
conhecimento do Direito, e aproximar tqnto quanto possível os
,Ì\ '., seus resultudos do ideql de toda a ciêncis: objetividade e exatidão.
\ ""
VIII
Com satisfação posso hoje verificar que não fiquei isolsdo
,1 \
INTERPRETAÇAO
rl " neste caminho. Em todos os países civilizados, em todos os do-
.f 5r{. A essência da interpretação. Interpretação autêntica e mínios ds vqriada atividade jurídica, tanto nos teóricos como nos
não-autêntica ............. 387 prdticos, e até da parte de representuntes de ciêncis afins, encon-
a) Relativa indeterminação do ato de aplicação do Di- trei udesões animadoras. Formou-se um círculo de pensadores
reito ......... 388 orientados pelo mesmo escopo e q que se chsmq u minhs "Esco-
b) Indeterminação intencional do ato de aplicação do la", designação que apenss vsle no sentido de que, nesta maté-
Direito 388 ria, cada qual procura apreender do outro sem que, por isso, re-
c) Indeterminação não-intencional do ato de aplicação nuncie a seguir o seu próprio csminho. Também não é pequeno
do Direito 389 o número daqueles que, sem se confessarem adeptos ds Teoria
d) O Direito a aplicar como uma moldura dentro da qual Purq do Direito, em parte sem a mencionar ou sté mesmo
há várias possibilidades de aplicação ................. 390 rejeitondo-a qbertu e pouco smistosqmente, tomom dela results-
e) Os chamados métodos de interpretação .............. 39r dos essenciais. Pura estes, particularmente, vão os meus agrade-
(/ r 2. A interpretação como ato de conhecimento ou como ato cimentos, pois que eles, melhor que os maisfiéis adeptos, demons-
de vontade 392
tl-t 3. A interpretação da ciência jurídica tram, mesmo contrs u suq vontsde, s utilidude da minha doutrina.
395
Esta, qlém de adesões e imitações, provocou também oposi-
Notas ........ 399 ção oposição feita com uma paixão quase sem exemplo ns his-
-
78 T-EORIA PURA DO DIREITO

que as concepções sobre o que é moralmente bom ou mau, sobre


o que é e o que não é moralmente justificável
o Direito
- como, v. 9.,
estão submetidas a uma permanente mutação, e que
-
uma ordem jurídica ou certas das suas normas que, ao tempo em
que entraram em vigor, poderiam ter correspondido às exigên-
cias morais de então, hoje podem ser condenadas como profun- III
damente imorais. A tese, rejeitada pela Teoria Pura do Direito
mas muito espalhada na jurisprudência tradicional, de que o Di-
reito, segundo a sua própria essência, deve ser moral, de que uma
Direito e ciência
ordem social imoral não é Direito, pressupõe, porém, uma Mo-

g
ral absoluta, isto é, uma Moral vâlida em todos os tempos e em
toda a parte. De outro modo não poderia ela alcançar o seu fim
de impor a uma ordem social um critério de medida firme, inde- 1. As normas jurídicas ciência jurídica
pendente de circunstâncias de tempo e de lugar, sobre o que é "o-o(1lJda
direito (justo) e o que é injusto. Na afirmação evidente de que o objeto da ciência jurídica
A tese de que o Direito é, segundo a sua própria essência, Direito, está contida a afirmação
- de que .,o""rkÃ.1
éo evidente
moral, isto é, de que somente uma ordem social moral é Direito, são as-ryiglÍ!!!4! - menos
objeto da ciência jurídica, e a,conduta
é rejeitada pela Teoria Pura do Direito, não apenas porque pres- 1..!(
supõe uma Nloralabsoluta, mas ainda porque ela na sua efetiva '-J
$l
I ,ffi ï,a;me:aemqueeg..t.:rmiúaq-agr'r"rããffi
hyrr}anã.f
aplicação pela jurisprudência dominante numa determinada co-
üsas:omolpw
vras -úedida
ou
WWu. 9u t por outra- pã-lã--
em que óõRstítúlcõnteúdo de normas jurídi-
--èmunidade iurídica- conduz ary q4e4 - na que respeita
cas. Pelo à questão de saber se as IelaqÕçÃ*iutel'-
FcoercitiYa estadlì al. qu e ç.ìn
qtitui tãfìFïinlÌlãde. CO=m efeito, ",tt.., !-
humanas são objeto da ciência jurídica, importa dizer que elas ".*r^'")
pressupõe-se como evidente que a ordem coercitiva estadual pró-
iãnrUernRO são objeto de um conhecimento jurídico enquanto re- lrfu
pria é Direito. O problemático critério de medida da Moral ab- lações jqrí-4içqs, iito é, como relações que úo constituìdas ufi- ttu"wn<m"--2
soluta apenas é utilizado para apreciar as ordens coercitivas de trésÌê norrrÌas jurídicasl. A ciência jurídica procura apreender
outros Estados. Somente estas são desqualificadas como imorais -..F_.'..
o seu objeto "juridicamente", isto é, do ponto de vista do Direi-
e, portanto, como não-Direito, quando não satisfaçam a deter- to. Apreender algo juridicamente não pode, porém, significar se-
minadas exigências a que a nossa própria ordem dá satisfação, não apreender algo como Direito, o que quer dizer: como norma
v. g., quando reconheçam ou não reconheçam a propriedade pri-
iurídica ou conteúdo de uma norma jurídica, como determffi-
vada, tenham carâter democrático ou não-democrático, etc. Co-
mo, porém, a nossa própria ordem coercitiva é Direito, ela tem
de ser, de acordo com a dita tese, também moral. Uma tal legiti-
mação do Direito positivo pode, apesar da sua insuficiência lógi- 2. Teoria jurídica estática e teoria jurídica dinâmica
ca, prestar politicamente bons serviços. Do ponto de vista da ciên-
cia jurídica ela é insustentável. Com efeito, a ciência jurídica não
Conforme o acento é posto sobre um ou sobre o outro ele-
tem de legitimar o Direito, não tem por forma alguma de justifi- mento desta alternativa: as normas reguladoras da conduta hu-
car quer através de uma Moral absoluta, quer através de uma
. Moral- relativa a ordem normativa que lhe compete tão-
mana ou a conduta
---ËT hn*unuffiiída ielas normas, conforme o
somente
-
conhecer e descrever.
- conhecimentoTdirigido às normas jurídicas produzidas, a apli-
- car ou a observar por atos de conduta huqrana ou aos atos de
produção, aplicação ou observância deterÃíinã\os por normas ju-
rídicas, podemos distinguir uma teoria $tática e\uma teoria dinâ-
j-là.ã.c
"t
cíízz"tq- -\_/ _
\\t,e".,/P
y^a-o:)+ \ d^n {^^d^, ü
I /v^tutu< qa+$'t l\:,/', rd a[x>> cl1 **!nrnc-h ^ I
,'"\
\'rú-
80 TEORIA PURA DO DIREITO

mica do Direito3. 4trflgJ.11 pgr objeto o Direito como um \


estático; \
;ffi,
Slteryra oe normas em vrgor, o ulrelto no seu momento

tanto, observar-se, a pronósito- oue e.sle mesmo processo é,


sua vez. reeulado oelo Direitol E,. com efeito.._
por 1 \
uma característica
ì são permissòes e a!!i!gigig!
de poder ou competência. Em todo
I
o casõ, 4fl9;1fl9:gõmõ]or vezes, identificando Direito com
muito sig[ifica[iya dd Di!çfl-o p-ele regular a sua própria produ- { . U ciência j uÌidïËêÈafiruqa*i . O Direi-
normas Jufldlcas geralsJ
lslc' lts t\
o p?ocesso legisÌativo, é regulado pela Constituição, e as Jeis for-
to prescrever permite, confere
mais ou processuais, por seu turno, tomam à sua conta regular J
l\,\ $
$
*J'"1iffi:..üq"hÏ;'i':t"'.ïïï;il:ffi-;ÏHffi-:iË-ffi
- Ìinguagem, isro é, em palavras e profiosições, po-
a@ materiÂilpelos trjbunais e autoridades admi- i$ r[
riJÜnp,. ,,pt=&tpïÈÈàNfr
nistrativasrüPor isso,.os _4glg!g}!$gre de,aoliçsEão (que, | \ \' ntÈ,dr'^*$ dem elas aparecer sob a forma de enunciados do mesmo tipo da-
I /\v queles atra\és dos quais se constatam fatos. A norma segundo
;l\ /\V-
I;1"\ ?' a qual o fur\o deve ser punido é freqüentemente formulada pelo
representam o processo jurídico, sogÌe@ - \ legislador n{seguinte proposição: o furto é punido com pena de
cimento jurídico enquanto formam o õqtteúdo-denqrnas jurí- prisão; a nor[ra que confere ao chefe de Estado competência pa-
ra concluir tr{tados, assume a forma: o chefe de Estado conclui
tratados in
jurídicas, a saber, àquelas normas -que regulamaproduçãoea
aplicação do Direito.
vslbgLJnas a4 rglAq-{g:lg-produtor de Direito, do affi
põe a norma. L,\o sãffiffiffiFãto
Elo sentido diferente do senrido
de-s*Íe ato é di"[qente sentido dn ,',i.l-
da pro-
posiçào jurídicaique descreve o DireitofrNla distinçâo enrre propo-
sição jurídicap-{@p jurídica ganha'"expressào a distinção que
3. Norma jurídica e proposição jurídica existe entre a

Na medida em que a ciência jurídica apenas apreende a con-


, que é repre-
:*. ciência jurídi-
6,
duta humanu..rquu.rto õffiìonieúdo dè normas jur! ca tem por assimdizer-oDi-
cas, isto é, enquanto é determinada por normas jurídicas, {epre- reito e descrevê-lo imento. Os órgãos ju-
senlalma illerpretacso Desr
creve-as-norTllaÍlundlcas proouztdas atraves atos de concluta
cte
então ser conhecido e
humana e que hão-de ser aplicadas e observadas também por atos
os órgãos apli-
de conduta e, conseqüentemente, 4ggç_v_ç al relações constituí-
das,.atgés desr;_a! normas iy1r-aL.gr, g"rre*o@Èor eÌas clé-
termlfr ld-oíÃíËrop o siiçõëíõu enunõfado s nõ s quar s a cr encr a J u -
rídica descreve estas relações devem, como proposrções jurídicas,
r.ffi--F-
ser didïïnguidas {as íõrffis jurídicas que são produzidas pelos to, porém,.não é o_e_ssencial: éapenas o estádio preparatório da
.=*--ï- q-üil, como adiante melhor seffi'
-sua_função
mente não só no caso do legislador como também no do juiz
- estabelecimento de uma norma jurídica
-ggHLlgll@Lo
geral por parte do legislador
nacional
- dada ao conhecimento
jurídico, sob cSIIS regliÍ1Q1s - individual por parte -do ou
jurídica
a fixação de uma norma
juiz6.
ou pressupostos fixados por esse ordenamento, devem interüícCr- - que, no sentido da teoria do conhecimen-
Também é verdade
tas.ffiiaspelomeSmoordenamentodeterminadas.F to de Kant, a ciência jurídica como conhecimento do Direito,
t
82 TEORIA PURA DO DIREITO DIREITo E CIÊNCIA 83

assim como todo o con mento (esponsais) tem de indenizar pelo prejuízo que por tal fa-
to cause, caso contrário deverá proceder-se a execução forçada
de como um tótlõ-Ioffsentido. Assim como o caos das sensacões no seu patrimônio, e_inyglÍd!çgle no Direito estadual que consti-
só através do conheciìnento ordenador da t.o*forriru tur o obJeto deste tr-aïado que se propòe descrever o
"iffifie Direito sç--nãg
- tratado já que se não prevê essa
tamLìem a execução- forçada. de saber se uma tal nor-
a clencla ma jurídica vigora ou não dentro de determinada ordem jurídica
do Direito, só através trans- -:
não direta mas indiretamente
t* jpu;"ìr;;;;;;
é verificável. nois u.ma_tal-nor-
forma num si -
'nu
áËi.' p-#'ffirã'";"";;il*;-
- (tì
'
ma ordem üih puro ca- verifióavgJContudo*anormá estatuída pela autori- -"
4q5{#qf
dade luridrca que prê-creve a indenização do prejuízo causado
rente da produção de objetos pelo trabalho humano ou da pro- e a execução forçada, na hipótese de conduta discordante, não
dução do Direito pela autoridade jurídica. Ì'
T*-___= pode ser verídica ou inverídica, pois ela não é um enunciado, não
-
entre ff'função da ciên- é uma descrição de um objeto, mas uma prescriÇãoJ, como tal,
urídi e o obiq-o Ldg.qqCyCL- a descrever pela ciência jurídica. A nor-
o q4qdg1g de uma e de oI{IB: Assim acontece no uso @lador que pr.,r:ê u execuçãó do patrimônio
da linguagem em que o Direito e ciência jurídica aparecem como daquele que não indeniza o prejuízo causado pelo não-cumpri-
expressões sinônimas7. Fala-se, por exemplo, do "Direito inter- mento da sua promessa esponsalícia, e a proposição descritiva des-
nacional clássico", querendo significar-se com isso uma deter- ta norma, formulada pela ciência jurídica: quando alguém não
minada teoria do Direito internacional, ou chega mesmo a falar- indeniza o prejuízo causado pelo não-cumprimento de uma pro-
se na concepção segundo a qual a cilÂEluríq:gl+gTìi foge messa esponsalícia deve p1gçe_dçLgA execução forçada no seu

- tê@or
-
de Direito no sentido de que se podffi-espêrar dela a deciffiÌú- pllri*?",'.o isso é- acon-
4s-@deumaquestàojuridica.Aciênciajurídica,ffi- se h ável d i s { i n gu r t ambémï eïhÏõ'lõliõamen e eit as d u as fo rmas
I i r

nas pode_{telqlçvçLo Direito; ela não pode, como o Direito pro- de expressão chamando-lhes, respectivamente, norma jurídica e
duzido pela autoridade jurídica (através de normas gerais ou in- proposição jurídica. As proposições iuríd_icas formuladas pela
divid:uais),-{uatçrever seja o que for8. Nenhum jurista pode ne- ciência do Direito não são, pois, simples-r'epaição das norffrãS - -
gar a distinção essencial que existe entre uma_lei nubï
nal oficial e um çomqúário iurídico a essa lei, entre o código penãI
--l"rídmr poiias pelã aqtoridadelúrídica. AãUieçao de que são
supérfluas, porém,-ÀãoéÌã-o pã1en-em-nte infundada comõ a que
eìffitaao oeffievela-se nJruio a. ggrìqi qel?qqg- qup
JPIUf99I9!!9 uma çiQnci
9![u g -]r--!qa
rygelrlu? a natural
crencla naluÍ al a llado natureza.
d a \attr
ado da eza.
\
, as proposições normativas formuladas pela ciência jurídica, que E qU.Alq!úrezanão tg manifest?, como o Direiró,Gm[ãlfrìãïf ì... .
[. descrevem o Direito e que não atribuem a ninguém quaisquer de- laladas e escritas)A essa objeção dt quã uma pioposiçãò jurídi- I J X
- '
- ÌP veres ou direitos, poderem ser vsllíçlicas ou inveridicas, ao passo õa, Tormüfá?Ia pëla ciência do Direito, e supérflua ao lado da nor- | / \
pela autõÌìtlãde jurídi- que a autoridade jurídica estabelece e aquela ciên- j I
,---i--"-.-.q=q,
qu. as normas de dever-ser, estabelecidas
I' ca ma jurídica
e que atribuem deveres e direitos aos sujeitos jurídicos -
-
não são verídicas ou inverídicas mas y3ilid3ü.gqjtyíifda!: tal co- - (luL.t :dtlrtl|i7l qus e supsr I lua, a() lago cÌe uma tel penal, uma ogs_ I \
mo também os lates da ordem do serìffiTãõq,rffis, quer crição jurídico-científica da mesma, que e supérflua, ao lado do i ^
\P ' l\ ,

inveridicos, maïãenas existem ou qião existem, somenre as afit- Direito, uma iurÍdica. ì-_._-.''--'.:-
na ciência jurídica. 1--=_\ \\ \\
maçòes sobre essei fatoslffido r.ffi???lÌã, ou inveridicas.iF '- . "N-\'.rj,N'
{'l
que as normas Jundlcas ' como prescnçoes, tsto é,-r\
en- \ \ \. -ü,{\
proposição contida num tratado de Direito civil em que se afir- quanto comandos,
nqnrlnc nermic<Ãac aïrilrrrinÃao ã-
permissões, atribuições de competência,
^^---+â-^:^ não \' ,S\
-Â^
me que (em conformidade com o Direito estadual que forma ob-
jeto do tratado) quem não cumpre uma dada promessa de casa-
podem ser verdadeiras neln falsas, põe-se a questão de saber co- \U
mo e que os princípiosfiOgicoÌ;ìnartiCularmentè o princípio da não-
_-=__:-'
84 TEORIA PURA DO DIREITO DIREITo E CIÊNCIA 85

contradição e as regras da concludência do raciocínio, podem ser viase alcança um critério seguro que nos permitirá distinguir uni-
aplicados à relação entre normas (como desde sempre tem feito vocamente a sociedade danatureza e a ciência social da ciência
a Teoria Pura do Direito) quando, segundo a concepção tradi, natural.
cional, estes princípios apenas são aplicáveis a proposições ou Anatureza é, segundo uma das muitas definições deste ob-
enunciados que possam ser verdadeiros ou falsos. A resposta a jeto, uma determinada ordem das coisas ou um sistema de ele-
esta questão é a seguinte: os princípios lógicos podem ser, se não mentos que estão ligados uns com os outros como causa e efeito,
direta, tlqirelqmente, apl@, na medida ou seja, portanto, segundo um princípio que designamos por cau-
em que podem ser aplicados às proposições júrídicãs que descre- salidade. As chamadas leis naturais, com as quais a ciência des-
vem estas normas e que, por sua vez, podem ser verdadeiras ou creve este objeto g., esta proposição: quando um me-
falsas. Duas normas jurídicas contradizem-se e não podem, por
- como, v.são
tal é aquecido, dilata-se aplicações desse princípio. A re-
isso, ser afirmadas simultaneamente como válidas quando as pro- lação que intercede entre o- calor e a dilatação é a de causa e efeito.
posições jurídicas que as descrevem se contradizem; e uma nor- Se há uma ciência social que é diferente da ciência natural,
ma jurídica pode ser deduzida de uma outra quando as proposi- ela deve descrever o seu objeto segundo um princípio diferente
ções jurídicas que as descrevem podem entrar num silogismo do da causalidade. Como objeto de uma tal ciência que é dife-
lógico. rente da ciência natural a sociedade é uma ordem normativa de
A isto não se opõe o fato de estas proposições serem e terem conduta humana. Mas não há uma razão suficiente para não con-
de ser proposições normativas (So//siitze) por descreverem nor- ceber a conduta humana também como elemento da nalureza,
. mas de dever-ser. A proposiÇão que descrgvllglll4de de_ uma isto é, como determinada pelo princípio da causalidade, ou seja,
/ norma penal que prescreva ã peía de prisãO para o furto seria para a não explicar, como os fatos da natureza, como causa e
ãfirmasse que, seeuncl-o tal normã, o furtõÌ punìãõ com
' efeito. Não pode duvidar-se de que uma tal explicação
| -qatsaïè - pelo
I prisao, boiícaios há nos quais, apesar da vigênõìa desfã norrnal menos em certo grau é possível e efetivamente resulta. Na me-
- que descreve e explica por esta forma
l@én
tiâfãffifuão.Ã piôtoffiljuiíAica
sc-ubr dida em que uma ciência
I que descreva esta norma
'' apenas poderá traduzir que, se alguém comete furto, deverá ser
a conduta humana seja, por ter como objeto a conduta dos ho-
mens uns em face dos outros, qualificada de ciência social, tal
punido. Porém, o dever-ser da proposição jurídica não tem, co- ciência social não pode ser essencialmente distinta das ciências
naturais.
Quando, contudo, se procede à análise das nossas afirma-

f ções sobre a conduta humana, verifica-se que nós conexionamos


os atos de conduta humana entre si e com outros fatos, não ape-
nas segundo o princípio da causalidade, isto é, como causa e efei-
to, mas também segundo um outro princípio que é completamente
4. Ciência causal e ciência normativa diferente do da causalidade, segundo um princípio para o qual
ainda não há na ciência uma designação geralmente aceita. So-
Determinando o Direito como norma (ou, mais exatamen- mente se é possível a prova de que um tal princípio está presente
te, como um sistemaEõïffias, como uma ordem normativa) no nosso pensamento e é aplicada por ciências que têm por obje-
e limitando aìïënffiüffiüõa ão conhecimento e descrição de nor- to a conduta dos homens entre si enquanto determinada por nor-
mas jurídicas e às relações, por estas constituídas, entre fatos que mas, ou seja, que têm por objeto as normas que determinam es-
as mesmas normas determinam, delimita-se o Direito em face da sa conduta, é que teremos fundamento para considerar a socie-
nalureza e a ciência jurídica, como ciência normativa, em face dade como uma ordem diferente da da nature za e para distinguir
de todas as outras ciências que visam o conhecimento, informa- das ciências naturais as ciências que aplicam na descrição do seu
do pela lei da causalidade, de processos reais. Somente por esta objeto este outro princípio ordenador, para considerar estas como
86 TE)RIA puRA Do DrRErro DIREITO E CIÊNCTA 87

essencialmente diferentes daquelas. Somente quando a socieda- seu efeito. Na proposição jurídica não se diz, comosalei{atu-
de é entendida como uma ordem normativa da conduta dos ho- ral, que, quando A é, B é, mas que, quando A é,1'Bjryfnes-
mens entre si é que ela pode ser concebida como um objeto dife-
mo quando B, porventura, efetivamente não seja. O ser o signi-
rente da ordem causal danatureza, só então é que a ciência so- ficado da cópula ou ligação dos elementos na proposição jurídi-
cial pode ser contraposta à ciência natural. Somente na medida ca diferente do da lieação dos elementos na lei natural resulta da
em que o Direito for uma ordem normativa da conduta dos ho-
mens entre si pode ele, como fenômeno social, ser distinguido da
ci a@Lra-pro
rcu ns t â nci a d e po.sição j ri
_tíd icq
s e,t,produzida

através de uma norffi e-slahelecida oela autoridade ììrrí.liia- atra-


@atra-
natureza, e pode a ciência jurídica, como ciência social, ser sepa-
um , portanto enquanto que a ligação
rada da ciência da naÍureza. -,
de qualquer intervenção dessa espécie.
Esta distinção desaparece nos quadros de uma mundividên-
5. Causalidade e imputação; lei natural e lei jurídica cia metafísico-religiosa. Com efeito, por força dessa mundividên-
cia, a ligação de causa e efeito é produzida pela vontade do divi-
Na descrição de uma ordem normativa da conduta dos ho- no Criador. Portanto, também as leis naturais descrevem normas
mens entre si é aplicado aquele outro princípio ordenador, dife-
nas quais se exprime a vontade divina, normas que prescrevem
rente da causalidade, que podemos designar como imputaçdo.Pe-
à natureza um determinado comportamento. E,, por isso, umajgg_
la via da análise do pensamento jurídico pode mostrar-se que,
ria metafísica do Direito crê poder encontrar nanaturezaum Di-
nas proposições jurídicas, isto é, nas proposições através das quais
a ciência jurídica descreve o seu objeto, o Direito quer seja -reito*ïffi No entanto, nos quadros de umarggl$iyldêre.lg-
um Direito nacional ou o Direito internacional -
é aplicado efe-
científica, dentro dos quais apenas pode achar lugar uma teoria
tivamente um princípio que, embora aqálogo ao -, da rausalidade, ;Ë -õõsïffiïa do Direito, a distinção entre lei natural e proposição
jurídica deve ser sustentada e acentuada com firme decisão. Quan-
no entanto, sedistingue deleffia- '' do a proposição jurídica é aqui formulada com o sentido de que,
logia reside na circunstância de o princípio em questão ter, nas
sobdeterminadospressupostos,@*us)retlizar-seumadetermina-
pro.posiçòes jurídicas, à do prin-
W
cípio da causalidade nas leis laTulaìs, õóm as qÍàìs íciência da
da conqeqlturcia,ffiGãog @produzida por uma
norma Jundrca, dos tatlg estabelecldos como plgllll-ulslo e con-
natureza descreve o seu objeto. Proposições jurídicas são, por
seqüência é expresffi-p:c$_iE4e-iurÍdica pãiãTópuia'' deve
exemplo, as seguintes: Se alguém comete um crime, deve ser-lhe (-ser)" (Sollen), esta palavra não é empregada no seu sentido usual
aplicada uma pena; se alguém não paga a sua dívida, deve proce- já
der-se a uma execução forçada do seu patrimônio; se alguém é - comoComnotamos
tuado.
acimalO e deve uma vez mais ser bem acen-
"dever-ser" exnrime-se usualmente a idéia do ser-
atacado de doença contagiosa, deve ser internado num estabele- 4A++
prescrito, nãoã- do ser-competente (ser-autorizado) ou a do
cimento adequado. Procurando uma fórlnqla ggral, temos: sob
determinados ve efe- posiçào jurídica liga preSsüposÌõfonseqüência, abrange as três
lca esta
significações: a de um ser-nrescrito. a de umjpge0lrçJenle (ser- gg
cidq,JE esta a forma fundamental da proposiçàojurïtficallããõì-
ma posta elq JyldençlA._Tal-qualmente uma lei natural, também
autorizaáo) e a de das conse-
qüências. Quer isto dizer: com o "dever-ser" (Sollen) que a pro-
- umaJprqposição iurídicalliga entre si dois elementos. Porém, a posição jurídica afirma são designadas as três funçÕes normati_
' ligação que se exprime na proposição jurídicaGm um significa-
do completamente diferente daquela que a lei natural descreve,
yag.. Este "dever-ser" apenas e>r-prime o ffi
=frËentre si são ligados ambos õs fatos através de uma norma
- jurídica, ou seja, numa norma jurídica. A ciência jurídica não
pode exprimir esta conexão produzida através da norma jurídi-
ca, especialmente a conexão do ilícito com a conseqüência do ilí-
88 TEORIA PURA DO DIREITO DIRErro n cÊNcu 89

cito, senão pela cópula "deve-ser". paratraduzir o sentido espe_


cífico com que a norma julÍçligr se endereça aos órgãos e sujeiìos i;*y'?@ã,ïi.'trJ"'â.',:Hïï",ï1"'lïii:i'^::"(;'::;2
jurídicos, aquglg fffio-Ae formular a proposição jurídica ienão sentação desta realidade com o emprego da palavral"dever-
-,
ser'?, a proposíção jurídica formulada pelaiiência ao lirffiãí-
como umã@losição que afirme que, ae acordo-com determi- - assu'me a significação autoritária da norma jurídica por ela des-
nada ordem jurídica positiva, sob certos pressupostos deverá in_
tervir uma determinada conseqüência. Se se afirma que a ciência crita: o "Çg]tsr=se4' tem, na proposição jurídica, um caráter sim-
jurídica mais diz senão qúe uma norma jurídica entróüCfr- plesmente dçscritiuq"Porém, do fato de a proposição jurídica des-
'@ïrou nada passou a estar "em vigência", em uma determinada crever algo, não se segue que esse algo_
data, numa determinada ordem jurídica, e, portanto, que não ex- grdem do ser. pois nãq só @ mas também
prime diferentemente da norma jurídica um .,dever-ser", ,ãsíftorEfglgve5€I) ( S o I I - N o r mpn ) nod em ser d escritos Pa r-
- - jurídica nao.eu
mas um ser, isso não é verdade. Uma vez que a afirmação de que
está "em vigor" ou tem "vigência" uma norma que.
,, ll::@ição M,g.uT
rog-
determinadaconduta,a@@araelaconf erecomaffif
ou aper ÍLite (po sitivamêìâïfrãï condu- _ nqç-a,Bqlela oescr{a.f(, lunsta clentillco que descreve o Direito
ta gfetivamente se realiza: el não se identifica com à autoridade que põe a norma jurídica. A
proposição jurídica permanece descrição objetiva tor-
duta deve realizar-selr. Em especial, a ciência jurídicã não pode
afirmar que, de conformidade com uma determinada ciência ju-
- não, sealiga-
na prescriçãoTfnta apenas afirma, tal como a lei natural
rídica, desde que se verifique um ilícito, se verifica efetivamente ção-de dois fatos, uma conexão funcional- , .,------ -
uma cansegüêqge iejl&!o. Cffia ral afirmação colocar- Se bem q ue a ciência j u rídla+ffiÍõío bj er d,qoYmas j uríd i cas
f
se-ia eiõGffiiïffiïõã.a realidade, na qual muitò freqüenre- e, portanto, oq$rlores j uríd$ atr avés delas constiÌüffis;mSÍ-as
mente se comete um ilícito sem que intervenha a conseqüência proposições sãollo-ent.anttí- tal como as leis naturais da ciência
do ilícito estatuída pela ordem jurídica. por o,utro lado, eita rea- da natureza (werÍ-
lidade não é o objeto a descrever pela ciência jurídica. Em nada
- uma descricão do seu ob ieto alheia aos valores
Jreie). Quer dlzer: esta descrição reahz.a-se Sem qualquer referência
altera a questão o fato de as normas de uma ordem jurídica a a um valor metajurídico e sem qualquer aprovação ou desaprova-
descrever pela ciência do Direito somente valerem, ou seja, o fa- ção emociona!,lpuem, do ponto de vista da ciência jurídica, afirma,
to de a conduta por elas fixada somente ser devida (obrigatória), na sua descrição de uma ordem jurídica positiva, que, sob um pres-
num sentido objetivo, quando tal conduta efetivamente suposto nessa ordem jurídica determinado, deve ser posto um ato
ponda, numa certa medida, à ordem jurídica. nsta@fiffi de coação pela mesma ordem jurídica fixado, exprime isto mesmo,
ordem jurídica é ainda que tenha por injustiça e desaprove a imputação do ato coer-
nut^o. - como sempre tem de ser acent a. - ape- civo ao seu pressuposto. As normas constitutivas do valor jurídico
Quando devem ser distinguidas das normas segundo as quals é,valoqada
a ciênÕiá 1-úfídiCá tem de exprimir aÍrçffifclíõïdè-m jurídica,
isto é, o sentido específico com que a ordem jurídica se dirige aos a constituição do Direito. Na medida em que aÍiifiíiaÏurí em
indivíduos que lhe estão submetidos, ela apenas pode afirmai que, geral tem de dar resposta à questão de saber se.ìffiffi@cn'r-
de harmonia com uma determinada ordem jurídica, realizado o creta é conforrrlqpu é contrária ao Direito. a sua resposta apenas
,râi
pressuposto que consiste na práúica de um ilícito pela mesma or_ pocle ser uma afìrmação sobre se essa condura é.prySj.peuVroi-
dem jurídica determinado, se deve verificar a efetivação de uma
determinada conseqüência do ilícito, também por aquela ordem
jurídica fixada. Com este "dever-ser" abranse-se tanto a hioóte-
H:;:i:;;::i#wffi,,Íï:ïiïi:",Jff;xï::w
*TIdëíar
4/ffi.e'
tal conduta como boa ou má moralmente, independente-

:ïËffiffi:',ï""$ffi;1ffiffi
prescnta. As proposições jurídicas a serem formuladas pela ciência
mente de ela merecer a sua aprovação ou desaprovação.
Visto a proposição jurídica, tal como a lei natural, exprimir
uma conexão funcional, ela pode segundo a analogia com a lei
-
-Zg.62e
90 TEzRTA puRA Do DIREITI DrRErro E crÊNCrA 9l
natural também designada por lei jurídica. Como já se no- soriamente internado na prisão Z,
- ser
tou e deve acentuar-se, com a palavra ,,dever-ser" tal proposi_
pelo espaço de um ano,
descreve-se a norma indl4ualti:a-dq peJgjlibunal X, de y.
ção apenas exprime o sentido específico com que são entre si li- Se se designa como (' i mputação )
a l-ieaçãòde DressuDosto
gados, pela ordem jurídica, o pressuposto e a conseqüência e, es- e conseeüência expressa ffião jìm coràãfiffiru
pecialmente, o ilícito e a conseqüência do ilícito. Desta forma, "r1@êfl de modo algum se introduã, com isso, ,rma rroua
essa conexão descrita na lei jurídica é, na verdade, análoga à co- falavra numa discipìina que já dehá, muito opera com o concei_
nexão de causa e efeito expressa na lei natural
tanto, diferente dela. - sendo, no en-
Assim como a lei natural é uma afirmação ou enunciado des-
critivo da naturezáffió-ó objeto a descrever, assim também ser menor ou doente mental pode ser punido pela mesma
a leijUlgjga é um enunciado ou afirmação descritiva do Direito, conduta, ou seja, não pode por- não
ela ser responsabilizádo. Diz-se,
a saber, da proposição jurídica formulada pela ciência do Direi- na verdade, que a um, e já não ao outro, lhe é imputada a sua
to, e não o objeto a descrever, isto é, o Direito, a norma jurídi- ação ou omissão. Porém, aação ou omissão em quèstão é preci_
ca. Esta que, quando tem caráter geral, seja designada
- se bem
como '-i!gf' não é uma lei, isto é, não é algo que, por quãlquer
samente_i-unputada ou não é imputada pelo fato de. num dos ca-
t::'-u
-
es,ogcie de analogia com a lei natural, possa ser designado cómo
, assim,
ser qualifiòada como ilícito, enquanto que, no ouì-ocaso, tal já
não acontece, pelo que um inimp cometer um ilí-
va uma li cito. Isso, porém, significa que ão consiste noutra
enu o, mas o coisa senão nesta
rt oS, a A imputação que é expressa no conceitóãe-ìffit,;rcrade-
-çi!9.
A propósito deve notar-se que a proposição jurídica, que
este il{Ít -
ry{"}p como pressupoe aïãõiìffiffiãr - -
çãòde uma
assim se apresenta como Jei iurídila, tem Paraï
duz. Paraí'a[íão
- tal como a lei natural seria preòiso qualquer ligação através de uma
- um carâter geral, isto é, descreve as normas gerais da ordem
jurídica e as relações através delas constituídas. As normas jurídi-
õ?ma jurídica, pois a Conduta àe m-odo úú* se deixa separar
do homem que irealiza. Também a conduã de um inimpütaú
cas individuais, que são postas através das decisões jurisdiCionais é a sua conduta, a sua ação ou omissão, se bem que não seja um
e das resoluções administrativas, são descritas pela ciência jurídi- ilícito imputável. A imputação que se exprime noìonceito àe im_
ca de maneir a análoga àquela pela qual a ciência da natureza des- g"tubili9.u9._. u liguçao d.
creve uma experiência concreta, remetendo para uma lei natural "-t
.gg ugr rticrto, com um.a consegüêpçia_de ilícito. por isso pode
que nesta lei se manifesta. Um tratado de física conterá, por exem- drzer-se: rqlsequj_rcia do ilícito é impq-tg4lg ao ilícito, mas não
.a
plo, o seguinte passo: Visto que, segundo uma lei natural, um cor- e produzlda pelo lliclto, como sua causa. E evidente que a ciên_
po metálico se dilata quando é aquecido, a esfera de metal utiliza- cia jurídica não visa uma explicação causal dos fenômenos jur!
da por certo físico e que este, antes do aquecimento, faz passar dicos:-ilícito e conseqüências do ilícito. Nas proposiçOes juïídi_
atraves de uma argola de madeira, poderá já não passar na ãrgola cas pelas quais ela descreve estes fenômenos ela náo aplica ó prin_
depois de aquecida. Num tratado de Direito penal alemão põde- cípio da causalidade mas um princípio que como mostra esta
ria, por seu turno, encontrar-se esta passagem: Visto que, sègun- análise se pode designar por imputação.-
do uma lei jurídica a formular com referência ao Direiio alemão, -
um indivíduo que pratique um furto deverá ser punido por um tri-
bunal com a pena de prisão, o tribunal X, de y, após tèr verifica- 6. O princípio da imputação no pensamento dos primitivos
do que A praticou um furto, estatuiu que A deve sèr compulsoria-
m-ente internado, por um ano, na prisão Z. Com a propoiição que
afirma que A, que praticou um determinado furto, dìveìer compìl-
_ 9*u investigação das sociedades primitivas e da especifici_
dade da mentalidade primitiva mostra que o mesmo prinôípio es-

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