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PERDIDOS NO ESPAÇO

Há bobagens que se transformam em verdades e


o tempo, freqüentemente, nos oferece o inverso. Galileu
que o diga! As pessoas são despreparadas para
raciocinar, principalmente se a abobrinha vem em
inglês. Uma besteira oficial se refere aos UFOs, se
existem ou não. Eu mesmo já os observei uma dezena
de vezes, e dos sete membros da minha família, só o
meu pai não viu. Ainda assim, ele foi testemunha da
aparição da “mãe do ouro”, um fenômeno eletro-
magnético muito raro. Em conversa (sempre em voz
baixa, com o maior cuidado) com amigos, cada um
deles acaba admitindo que já viu uma “coisa esquisita”
no céu, que fazia voltas rapidíssimas, uma luz que
piscava e depois sumiu, etc e tal. Mas o medo do
ridículo faz com que passem a aceitar logo a primeira
explicação, ainda que as evidências mostrem a direção
oposta.

No mês passado, o motorista de taxi que nos


conduzia pelo meio do Rebouças pediu para interromper
o papo que eu levava com a minha irmã para narrar
que, há um ano, um ser “de fogo” o havia perseguido
até a porta do seu sítio no Estado do Rio, e que a sua
mulher vira a coisa quando o marido entrou gritando no
portão. Aposto que ele estava esperando de mim uma
explicação razoável para aquela tocha humana. Se eu
dissesse que seria um balão meteorológico, tenho a
certeza de que ele acreditaria e iria dormir em paz.

A palavra oficial dos cientistas é que “ninguém


ainda provou nada” e que “as distâncias impediriam uma
viagem interestelar”. Ou é sonegação de informações (o
mais provável), ou então uma avalanche de
mediocridade, só comparável com a escuridão dos
calabouços da Santa Inquisição. O homem, depois de
criar Deus à sua semelhança, passou a criar a Natureza
na medida da sua miopia. O eu-acho-que-só-porque-
não-vi se transforma com muita facilidade em verdade
científica, ainda que um milhão de relatos apontem o
inverso. Por exemplo, a aparição de uma nave-mãe do
“nada”, mesmo que fotografada, não existe oficialmente.
Se não podemos reproduzir esse efeito doutor Spock,
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só pode ser um queijo que eu comi ontem (vide Mr.


Dickens).

A TCI é o novo incômodo.

A mudança que a aceitação de um contato com


outro nível de realidade provocaria seria tão profunda na
Ciência e na mente das pessoas, que a repulsa à TCI é
mais do que compreensível. As religiões baseadas na
Bíblia, por exemplo, teriam de rever por completo o seu
primeiro livro, Gênese, ou apagar os trechos que negam
o contato com os “mortos”. Cientes de que algo de novo
e “muito perigoso” está a caminho, já atribuem as vozes
ao demônio. Muitos serão chamados mas poucos os
escolhidos.

Uma informação que seria muito útil para os


escolhidos se refere ao espaço. Estaríamos prisioneiros
da santíssima trindade da altura-comprimento-largura?
Quem teria feito o caminho de volta do triângulo das
Bermudas? Um grupo de pilotos sul-americanos garante
que entrou num espaço paralelo onde “dois sóis
brilhavam” e que, ao se aproximar de uma cidade, foram
logo convencidos a voltar para ao planeta azul. Outras
portas bem mais accessíveis testemunharam o tráfego
em duas mãos, como a de São Lourenço.

Onde há fumaça há fogo. Naves aparecem


subitamente ou humanos que invadem outros espaços,
longe-daqui-aqui-mesmo. A origem das vozes é de outro
espaço, como é de outro tempo. A noção de um grau de
diferença é fácil de demonstrar. O Sol, por exemplo, não
ocupa o mesmo espaço da Terra (pelo menos por
enquanto) e o brilho que vemos no céu é o Sol de há
oito minutos atrás, outro tempo, portanto. Por analogia,
NADA do que vemos está realmente ali, mas a
milionésimos de segundo de distância...

Compara-se os diversos universos com várias bolhas de


sabão ligadas umas às outras. Assim, o Espaço Um pode estar
conectado ao Espaço Dois, ao Três e ao Quatro, mas não ao Oito.
No entanto, uma ponte de transcomunicadores pode unir essas
realidades tão distantes quanto Einstein e Torquemada. O Espaço
Quinze pode estar no estágio de destruição, mas o Espaço Vinte é
o próprio big-bang...

Uma especulação mais profunda pode nos levar


a outro nível de realidade, universos paralelos que são o
resultado de turning points na História. Por exemplo, a
vitória do Eixo ao invés dos Aliados; o salvamento da
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biblioteca de Alexandria do incêndio, o descobrimento


do Brasil pelos franceses ou a a vitória dos incas sobre
os espanhóis. Ou então, fatos corriqueiros como
atravessar ou não a rua, um noivo que não comparece
ao altar ou a decisão dos Bachs em guardar as obras do
João Sebastião ao invés de vendê-las para o açougue a
fim de desocupar lugar. Infinito é infinito, nada é
pequeno demais.

Os tempos podem estar correndo para frente ou


en arriére, como uma fita de gravador ao reverso. O que
poderia ser a contra-Terra? As empregadas guardariam
suas economias na Caixa Perdulária? Os trabalhadores
folgariam de segunda até sexta? Os pais inscreveriam
seus filhos em cursos de desinformática?

Muita loucura? Então, só para você meditar um


pouquinho, algumas vozes dizem outras mensagens
quando a fita é ouvida de trás para frente, como alguns
recados “secretos” em gravações de rock pauleira. Do
mesmo modo, certas vozes aparecem com velocidades
ora ralentadas, ora aceleradas. Pode ser que as
entidades desejem provar que não estaríamos captando
um som da própria Terra, alguma estação interferindo,
ou algo assim. Nosso espírito fica sempre dividido entre
o desejo de que as vozes pertençam aos entes queridos
e a dúvida de que a interestação tenha sido invadida.

Oãçneta alep odagirbo.

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