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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA


DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM QUÍMICA
COMPONENTE CURRICULAR: METODOLOGIA CIENTÍFICA
DOCENTE: LEOSSANDRA CABRAL DE LUNA
PERÍODO: 2020.2 TURNO: NOTURNO MATRÍCULA: 202050297
DISCENTE: JOABEL FREIRE DIAS JUNIOR

RESENHA CRÍTICA - GASES ÁCIDOS NA ATMOSFERA: FONTES,


TRANSPORTE, DEPOSIÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA O AMBIENTE

CAMPINA GRANDE – PB
2021
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RESENHA CRÍTICA

CARDOSO, Renan Kobal de Oliveira Alves; SILINGARDI, Helena Maura Torezan;


CARDOSO, Arnaldo Alves. Gases ácidos na atmosfera: fontes, transporte, deposição
e suas consequências para o ambiente. Química Nova na Escola. vol. 42, n° 4, p.
382-385, nov. 2020.

1 CREDENCIAIS DOS AUTORES

Renan Kobal de Oliveira Alves Cardoso, bacharel em Ciências Biológicas pela


Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, mestre em Ecologia e
Conservação dos Recursos Naturais pela Universidade Federal de Uberlândia, e
doutorando no Programa de Pós – Graduação em Entomologia pela Universidade de
São Paulo. Ribeirão Preto, SP – BR.

Helena Maura Torezan Silingardi, licenciada em Ciências Biológicas pela Pontifícia


Universidade Católica de Campinas, mestre em Ecologia e Conservação de Recursos
Naturais pela Universidade Federal de Uberlândia, doutora em Entomologia pela
Universidade de São Paulo, é professora do Instituto de Biologia da Universidade
Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG – BR.

Arnaldo Alves Cardoso (arnaldo.cardoso@unesp.br), bacharel, licenciado, mestre e


doutor em Química pela Universidade de São Paulo, é professor titular da
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” pelo Instituto de Química de
Araraquara. Araraquara, SP– BR.

2 RESUMO DA OBRA

Esse artigo é formado basicamente de duas partes, na primeira parte, os


autores fazem uma abordagem sobre o aumento das chuvas ácidas no meio ambiente
devido a ação humana e por deposição seca, na segunda parte, eles explicam a forma
de realizar o experimento em sala de aula sobre o tema.

Na primeira parte, os autores citam a forma que as chuvas ácidas são


formadas, as gotículas de água presente na atmosfera solubilizam os gases e
partículas com caráter ácidos, em consequência disso, há um aumento na
concentração de íons hidrogênio (H+), quando ocorre as precipitações, temos as
conhecidas chuvas ácidas. Esse processo de dissolução de compostos químicos é
muito importante para a natureza, devido o transporte desses materiais e limpeza do
ar atmosférico para o solo e águas superficiais. Em locais onde a atmosfera está
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muito poluída, parte dessa poluição será levado para os solos e as águas superficiais,
afetando a vida de plantas e peixes, pois, metais como alumínio e chumbo, entre
outros, podem ser solubilizados pelo aumento da acidez.

Processos naturais e antrópicos emitem gases para a atmosfera, como vulcões,


plantas e excrementos de animais. Industrias, a agricultura e as cidades também
emitem gases diversos e material particulado, todos esses materiais deveriam ficar
suspenso na atmosfera em épocas do ano com pouca precipitação, mas isso não
ocorre, devido a deposição a seco. A velocidade de deposição a seco dessas
partículas depende do tamanho e da massa das partículas e também da velocidade
do vento: quanto menor ele for, mais rápida será a deposição. Essas partículas tem
preferência de deposição em superfícies úmidas, pois são facilitadas pela interação
superfície/molécula, e em seguida em superfícies secas. As consequências para o
meio ambiente vão depender do gás depositado, sendo que ele pode diminuir o pH
do corpo d’água, da mesma forma que uma chuva ácida.

A segunda parte desse artigo, trata da forma que será feita a experimentação
em sala de aula sobre a deposição seca. Para isso, os alunos precisão estar cientes
de alguns assuntos, por exemplo, ele deve saber identificar quais são os ácidos fixos
e não fixos (voláteis). O ácido sulfúrico (H2SO4) e ácido fosfórico (H3PO4) são ácidos
fixos, pois apresentam baixa pressão de vapor, já o ácido clorídrico (HCl) é um ácido
não fixo, devido a alta pressão de vapor, portanto um gás volátil que podem ser
encontrados na atmosfera na forma de vapor. Outros gases voláteis são: ácido nítrico,
ácido acético e ácido fórmico. Os gases de CO2, NO2 e SO2, são os principais
responsáveis pelas características ácidas da atmosfera, pois reagem com microgotas
de água, como representado nas reações a seguir:

CO2 + H2O → H2CO3 (1)

2 NO2 + H2O → HNO3 + HNO2 (2a)


1
HNO2 + 2 O2 → HNO3 (2b)

2 SO2 + H2O → H2SO3 (3a)


1
H2SO3 + 2 O2 → H2SO4 (3b)
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Quais são os possíveis efeitos que esses ácidos na atmosfera podem


ocasionar para a vida terrestre e marinha? Esse experimento nos mostra alguns
desses efeitos. É importante que os alunos também tenham visto as propriedades
ácidas ou tópico sobre poluição e que os professores trabalhem de Química e Biologia
trabalhem em colaboração. Para simular a ação da deposição seca sobre a vegetação
será utilizado um vaso com flores, recipiente com água que irá simular um lago, e um
pedaço de palha de aço para simular objetos metálicos (carros, portão, esquadrias de
janelas, etc.).

Figura 1: Material utilizado para o primeiro experimento, que simula a deposição de


ácidos voláteis a seco no meio biótico. 1. vaso com planta; 2. béquer de 50 mL com água
suficiente para cobrir o fundo, ou frasco similar, desde que tenha a boca larga; 3. frasco de
vidro contendo o HNO3; 4. papel de tornassol ou outra fita indicadora de acidez; 5. aquário de
vidro com tampa.

No aquário, coloque o vaso com a planta (a violeta é indicada porque é fácil de


encontrar e suscetível à ação de ácidos), o béquer com água e o vidro (destampado)
contendo o ácido nítrico. Faça a medição da acidez da água contida no béquer
imediatamente após a montagem do experimento e então tampe o aquário. Após 48
horas verifique as folhas e as flores da planta e realize uma nova medição da acidez
da água. É conveniente fotografar o vaso em dois momentos, antes de ele ser
colocado no aquário e após os dois dias do experimento.
A deposição do ácido nítrico ocorre sobre as estruturas aéreas da planta,
causando um efeito prejudicial às folhas e flores (Figuras 2A e 2B). O tecido vegetal
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perece com a ação do ácido sobre células e tecidos (Figura 2C). No béquer, a acidez
da água aumenta devido à deposição de HNO3.

Figura 2: Planta no início do experimento em perfeito estado (A), e no final do experimento


com folhas e flores mortas devido à deposição do ácido nítrico (B). Diferença entre uma folha
sadia (acima) e uma folha severamente danificada pelo ácido (C).

Para o segundo experimento foi utilizado dois vidros de relógio; dois pedaços
de esponja de aço; béquer com água em quantidade suficiente para cobrir o fundo do
béquer, ao qual foram adicionadas uma ou duas gotas de solução de NaOH 0,05
mol.L-1; uma gota de solução indicadora de fenolftaleína e tiras de papel de tornassol.

O segundo experimento evidencia o efeito da ação de ácidos voláteis nos


elementos abióticos. O experimento é realizado colocando-se no aquário um vidro de
relógio com um pedaço de esponja de aço seca e outro com um pedaço de esponja
de aço umedecida em água.

Figura 3: Antes (A) e depois (B) do experimento 2, com a palha de aço seca à esquerda e a
outra palha de aço parcialmente imersa na água à direita.

Após 48 horas, o ácido volátil é depositado na água em contato com uma das
esponjas. A acidificação da água oxida (enferruja) a palha de aço (Figura 3B). De
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modo semelhante, essa ação ocorre com materiais metálicos como os carros, portões
e janelas. Para confirmar que houve a deposição ácida na água onde a palha de aço
estava parcialmente imersa, foi utilizado o papel de tornassol azul (Figura 4).

Figura 4: Comparação entre um papel de


tornassol azul sem uso (acima) e outro utilizado
para confirmar a acidificação da água usada no
experimento (abaixo).

Cabe ressaltar, que os conceitos da química e da biologia devem ser


previamente ministrados pelo professor de Química e Biologia, para que os alunos
tenham um melhor entendimento do experimento. Portanto, o experimento pode ser
explorado sob vários aspectos: conceitos de ácido e base; diferenças entre ácidos
fortes e fracos, além de voláteis e fixos; reação de ácidos com diferentes materiais;
poluentes atmosféricos; o transporte de matérias entre solo, atmosfera e água (ciclos
biogeoquímicos) e a água nas células vivas.

3 CRÍTICA DO RESENHISTA

Os autores utilizam conceitos simples tanto da Química quanto da Biologia para


o desenvolvimento do experimento, tais como: conceitos de ácidos, diferença entre
ácidos fixos e não fixos (voláteis), reações de óxidos com água para formar seus
respectivos ácidos, poluição atmosférica, transporte desses poluentes, processos
naturais e antrópicos de emissão de gases.
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Vale ressaltar que os assuntos relacionados a poluição do meio ambiente e


com a ação do homem que está diretamente ligada a essa poluição são temas
bastante estudados em todo o mundo. É muito valido trazer esses problemas para
sala de aula, para que os alunos vejam de perto o que a ação do homem, pode causar
ao meio ambiente, e que esse contato com a experimentação possa mudar o
pensamento desses jovens para a preservação do nosso planeta, além de ser muito
mais proveitoso tanto para os professores quanto para os alunos, ter esse contato
com a experimentação de um tema que por muitas vezes é abordado somente de
forma teórica.

Um ponto que poderia ter sido melhor abordado, que enriqueceria mais o
trabalho, seria utilizar outros tipos de plantas que apresentem diferentes níveis de
resistência aos ácidos voláteis, assim como, plantas aquáticas, com isso teríamos
resultados da velocidade de dano ocasionado pelos ácidos diferentes. Outra
alternativa, seria utilizar diferentes ácidos nos experimentos, assim poderíamos
verificar quais ácidos são mais danosos tanto para as plantas quanto para a esponja
de aço.

Uma ressalva que deve ser feita em um dos experimentos, mais precisamente
o experimento da esponja de aço, no qual é utilizado dois pedaços de esponja
colocados no aquário, um imerso em água e o outro pedaço seco, os ácidos voláteis
presente no recipiente aberto acidifica a água ocasionando na oxidação da palha de
aço, como visualizado na figura 3. Um experimento completar poderia ser feito com a
mesma esponja de aço submersa em água, mas fora de contato do ácido, pois a
própria água, oxida a esponja de aço naturalmente, dessa forma, conseguiríamos ver
a diferença entre a oxidação da esponja de aço com água sem estar em contato com
o ácido e a esponja de aço submersa em água em contato com o ácido.

Apesar das críticas acima, o trabalho foi bem elaborado, atende o público-alvo
ao qual foi proposto, que são os alunos de ensino médio. E posteriormente pode ser
melhorado, caso os autores queiram realiza-las.

Joabel Freire Dias Junior

Bacharel em Química pela Universidade Federal da Paraíba e estudante de


licenciatura em Química da Universidade Estadual da Paraíba

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