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“Os Lusíadas” de Luís de Camões

A origem da palavra Lusíadas – diz a lenda que Luso, filho de Baco, deus do vinho e da folia,
fundou, na parte mais ocidental da Península Ibérica, um reino, ao qual deu um nome derivado
do seu: Lusitânia.

Historicamente, quando os romanos conquistaram a Península Ibérica, por uma questão


administrativa, dividiram-na em três províncias, conservando o nome Lusitânia para toda a
região compreendida a sul do Rio Douro.

No século XVI, os escritores nacionais começaram a usar a palavra Lusitanos como sinónimo
de Portugueses, o que foi aproveitado por Camões, pois criou uma palavra nova que iria dar
nome à sua obra épica: “OS Lusíadas”, ou seja, o Povo de Luso – os Portugueses.

Uma epopeia ou poema épico – séc. XVI

Havia um contexto favorável para a elaboração de uma epopeia nacional, dado que o tema
que se apresentava aos grandes escritores/poetas era a conquista/alargamento do território
através das “viagens de descobertas marítimas”.
Este era considerado um tema que se proporcionava à construção de uma epopeia (tema
épico e renascentista), pois com estes temas acreditava-se nas possibilidades do homem. Esta
crença era já um aspecto principal que se considerava pela Antiguidade greco-latina
(principalmente com o grego Homero e com o romano Virgílio). Assim num poema épico, a
epopeia, elogia -se um herói pelos seus acontecimentos grandiosos (Ulisses, o protagonista da
Odisseia de Homero; Eneias, o protagonista da Eneida de Virgílio e “Os Lusíadas”, o
protagonista colectivo da obra de Camões). Concluindo, a epopeia exprime o que há de mais
importante, notável, na vida de um herói (individual ou colectivo).

Epopeia - narrativa em verso que narra, através de uma linguagem cuidada, os feitos
grandiosos de um herói com interesse para a humanidade.

Epopeias da antiguidade - “A Ilíada” e “A Odisseia” de Homero – grego (séc. IX a.c.); “ A


Eneida” de Virgílio - romano (sé.I a.c.) .

Estrutura externa – dez cantos com um número variável de estrofes.

Canto I – 106; canto II – 113; canto III – 143; canto IV – 104; canto V – 100; canto VI – 99; canto
VII – 87; canto VIII – 99; canto IX – 95; canto X – 156.

1102 estofes/estâncias

- Estofes de oito versos – oitavas.

- Esquema rimático : abababcc.

- Rima – Cruzada nos seis primeiros versos e emparelhada nos dois últimos;

- Métrica – Versos decassílabos/ decassilábicos .


Estrutura Interna

Proposição – onde o poeta expõe, em síntese, o que vai cantar;

Invocação – o poeta faz um apelo a seres sobrenaturais, às musas, para que o ajudem a contar
os feitos heróicos dos humanos;

Dedicatória – o poeta dedica o poema ao rei D. Sebastião;

Narração – o poeta narra os acontecimentos da “História de Portugal”, cuja acção central é “a


viagem do caminho marítimo para a Índia”.

Esta narração inicia-se “in media res”, isto é, a acção não é narrada pela ordem cronológica
dos acontecimentos, inicia-se já no decurso da viagem, sendo a parte inicial narrada
posteriormente, num processo de analepse.

QUAL É A PROPOSTA DO POETA? Ou O QUE SE PROPÕE CANTAR?

“Cantando espalharei por toda a parte” – O quê?

“As armas e os barões assinalados” ( isto é, os feitos guerreiros e os homens ilustres que
levaram a construção do Império através das navegações e conquistas do oriente);

“(…) as memórias gloriosas/Daqueles Reis que foram dilatando/ A Fé e o Império” ( na África e


na Ásia);

“E aqueles que por obras valerosas/Se vão da lei da morte libertando” (ou seja, os heróis do
presente e do futuro que, devido à sua acção, merecem ser recordados).

(…)

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