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teste_modelo_BII-janeiro2003 13-01-2003

Informação aos alunos sobre a 1ª frequência de Bioquímica II

A 1ª frequência da disciplina de Bioquímica II está marcada para o dia 24-1-2003 às 10 horas.


A prova terá 3 grupos de perguntas e deverá ser respondido em 90 min.
O grupo I tem 30 perguntas "de escolha". Em cada pergunta o aluno escolhe apenas 1 de 5 propostas de
resposta, marcando um X sobre a letra que assinala a alínea escolhida. Cada resposta considerada certa
(ou a mais conveniente no contexto) vale 0,4 valores (as 30 perguntas valem 12 valores) e não há
descontos nas respostas erradas. Se um aluno escolher duas ou mais propostas de resposta a pergunta
será cotada com zero valores. Exemplos de perguntas do grupo I são apresentadas abaixo.
O grupo II tem 6 perguntas "de resposta curta" mas os alunos escolherão responder apenas a 4 das 6
perguntas propostas. Cada resposta considerada completamente correcta terá a cotação de 1,4 valores
(as 4 perguntas valem 5,6 valores). Se um aluno responder a 5 ou 6 perguntas, se não estiverem
inequivocamente identificadas as respostas que deseja ver corrigidas, apenas serão corrigidas e cotadas
as 4 primeiras. Exemplos de perguntas do grupo II são apresentadas abaixo.
O grupo III constará de um tema de desenvolvimento. Serão propostos 3 temas e cada aluno escolherá
desenvolver apenas um deles que, no máximo, poderá ser cotado com 2,4 valores. Se um aluno
desenvolver dois ou mais temas, salvo identificação inequívoca do tema que deseja ver corrigido,
apenas será corrigido e cotado o primeiro.

Exemplos de perguntas do grupo I:


1- O somatório das actividades da glicocínase hepática e da glicose-6-fosfátase pode ser expresso pela
seguinte equação soma:
a) glicose + ATP → glicose-6-P + ADP
Xb) ATP + H2O → ADP + Pi
c) glicose-6-P + H2O → glicose + Pi
d) glicose-6-P → glicose-1-P
e) nenhuma das anteriores

A glicocínase hepática catalisa a reacção expressa pela equação da alínea a) e a glicose-6-fosfátase a


expressa pela da alínea c). A primeira catalisa uma fosforilação e a segunda uma desfosforilação.
Embora tenham papeis antagónicos no metabolismo as duas reacções não são o inverso uma da outra
e o somatório das duas reacções não é nulo excluindo a hipótese e).

2 - Considere a reacção: HOOC-CH2-CH2-COOH + FAD ↔ HOOC-CH=CHCOOH


+ FADH2. Esta reacção é catalisada pela desidrogénase
a) do lactato
b) do piruvato
Xc) do succinato
d) do FADH2
e) do isocitrato

Poderá eventualmente ser considerada uma pergunta difícil por causa das fórmulas mas se atentarem
nas hipóteses propostas concluem que não é assim. Devem saber que o lactato e o piruvato têm 3
carbonos o que desde logo excluí as hipóteses a) e b). A hipótese e) está excluída porque o NAD+ é
que é o oxidante no caso do isocitrato. Se se lembrarem do que estudaram sobre nomenclatura de
enzimas excluem a hipótese d).

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3 - Uma das enzimas da glicólise que catalisa uma reacção fisiologicamente irreversível é a
a) cínase do 3-fosfoglicerato
b) carboxílase do piruvato
c) fosfátase da glicose-6-fosfato
X
d) cínase do piruvato
e) ADPase

A cínase do 3-fosfoglicerato é a única cínase da glicólise cuja reacção não é fisiologicamente


irreversível. As outras enzimas com a excepção da assinalada não são enzimas da glicólise.
4 - Se a seguir a um período de jejum um indivíduo receber um refeição rica em glicídeos é de esperar
observar-se uma subida na concentração plasmática de
a) glicagina
b) insulina
X
c) ácidos gordos
d) glicerol
e) ATP

A secreção de insulina é estimulada por um aumento da glicemia que acontece após uma refeição rica
em glicídeos.

5 - O composto mostrado na figura acima é um dos produtos formados na via das pentoses-fosfato.
Trata-se do(a)
a) Ribose-5-fosfato
b) NADP+
c) NADH
Xd) NADPH
e) FADH2

Dos compostos propostos só são formados na via das pentoses-P a ribose-5-P e o NADPH. O NADPH
é um dinucleotídeo e independentemente de saberem identificar a estrutura da figura devem
reconhecer que não se trata da ribose-5-P.

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6 - É o dador de resíduos galactose na síntese da lactose no tecido mamário:
a) CMP-galactose
b) ATP-galactose
c) UMP-galactose
X
d) UDP-galactose
e) UTP-galactose
7 - A actividade muscular estimula o consumo de oxigénio e nutrientes porque provoca
a) diminuição da concentração de AMP
b) diminuição na concentração de creatina-fosfato
c)
X aumento da concentração de ADP
d) aumento da concentração de ATP
e) aumento da concentração de glicagina

Das propostas apresentadas as únicas que acontecem quando aumenta a actividade muscular são as
assinaladas nas alíneas b) e c). O aumento do consumo de O2 e de nutrientes está relacionado com o
aumento da concentração de ADP que estimula a síntase do ATP e por consequência a cadeia
respiratória.
8- A oxidação do glutamato a CO2 implica obrigatoriamente a sua transformação prévia em
Xa) acetil-CoA
b) glicose
c) ácidos gordos
d) glicina
e) alanina

Todos os nutrientes são oxidados a CO2 no ciclo de Krebs... o que implica a sua prévia transformação
em acetil-CoA, o substrato do ciclo de Krebs.
9- Não pode ser considerado substrato da gliconeogénese
Xa) ácidos gordos com número par de carbonos
b) ácidos gordos com número ímpar de carbonos
c) lactato
d) alanina
e) nenhuma das anteriores

Os ácidos gordos de cadeia par geram no seu catabolismo acetil-CoA que não pode aumentar a
concentração de intermediários do ciclo de Krebs ou da glicólise. Pelo contrário os ácidos gordos de
cadeia impar podem gerar succinil-CoA e quer a alanina quer o lactato podem gerar piruvato. O
piruvato e o succinil-CoA podem transformar-se em oxalacetato que é um dos intermediários na
gliconeogénese.

Exemplos de perguntas do grupo II:

1- Uma preparação de mitocôndrias foi incubada na presença de O2, piruvato e oligomicina medindo-se
continuamente a velocidade de consumo de O2 que era, nestas condições, praticamente nula. Qual é o
efeito esperado no consumo de O2 se se adicionar ao sistema dinitrofenol? Explique.

Proposta de resposta: A oligomicina liga-se ao componente Fo da síntase de ATP mitocondrial


impedindo a entrada de protões para a matriz. Este bloqueio leva à acumulação de protões no espaço
intermembranar o que impede a saída de protões da matriz que é catalisada pelos complexos I, III e IV

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da cadeia respiratória. Porque a actividade de “expulsar” protões é indissociável do papel oxidativo dos
referidos complexos não há na presença de oligomicina consumo de O2, o aceitador último de
electrões. O dinitrofenol é uma substância que permite a entrada de protões através de um mecanismo
alternativo ao da síntase do ATP permitindo o funcionamento dos complexos da cadeia respiratória. A
sua adição ao referido sistema provoca, portanto, um aumento do consumo de O2.
2 - Numa fibra muscular que se contrai com frequência elevada ocorrem variações nas concentrações
de ATP, ADP e AMP. Em que sentido (aumento ou diminuição) ocorrem essas variações, que efeito
têm na actividade da cínase 1 da frutose-6-fosfato (fosfofrutocínase 1) e qual o mecanismo(s)
envolvido(s) na modificação dessa actividade? Explique.

Proposta de resposta: Numa fibra muscular a contrair-se o ATP está a transformar-se em ADP pelo que
é de prever uma descida na concentração de ATP e subida na de ADP. O AMP forma-se a partir do
ADP (2 ADP ↔ AMP + ATP) por acção da cínase do adenilato sendo portanto de prever também a sua
subida na situação em análise. O ATP é um inibidor alostérico da fosfofrutocínase 1 e quer o AMP
quer o ADP são activadores alostéricos da mesma enzima. Na situação em análise é por isso de prever
um aumento de actividade da fosfofrutocínase 1.
3 – Durante a glicólise aeróbia há formação de NADH no citosol que é reoxidado a NAD+ pelo
complexo I da cadeia respiratória. Contudo, o centro activo do complexo I está voltado para a matriz
mitocondrial e não existe na membrana da mitocôndria transportador para o NADH. Que mecanismos
biológicos permitem que o NADH formado no citosol possa ser oxidado a NAD+ sem que aumente a
concentração de lactato? Explique.

Proposta de resposta: Durante a oxidação aeróbia da glicose existem duas enzimas que podem reoxidar
o NADH citosólico a NAD+: a desidrogénase do glicerol-3-P (NADH + di-hidroxiacetona-P ↔ NAD+
+ glicerol-3-P) que catalisa a transferência dos electrões para a di-hidroxicetona-P e a desidrogénase do
malato (NADH + oxalacetato ↔ NAD+ + malato) que catalisa a transferência dos electrões para o
oxalacetato. No caso do glicerol-3-P, este pode ser reoxidado por uma isoenzima da desidrogénase do
glicerol-3-P situada na face externa da membrana mitocondrial interna da mitocôndria e que, em última
análise, permite a passagem (via FAD e coenzima Q) dos electrões para o oxigénio. No caso do malato,
este pode entrar (através de um transportador) para a matriz da mitocôndria e ser aí de novo oxidado a
oxalacetato pela desidrogénase do malato (NAD+ + malato ↔ NADH + oxalacetato): o NADH
formado dentro da matriz é oxidado (via complexos I, III e IV) pelo oxigénio.

Desejo a todos as maiores felicidades.

Sempre ao dispor.

Rui Fontes

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