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XI SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2004.

Distrito industrial e as pequenas empresas:


o caso do programa municipal de
São José do Rio Preto (SP)

Joseane de Fátima Geraldo Zoghbi – Bolsista FAPESP (jf.geraldo@itelefonica.com.br)


Ana Cláudia Fernandes Terence – EESC/USP (aclaudia@sc.usp.br)
Edmundo Escrivão Filho – EESC/USP (edesfi@prod.eesc.usp.br)

Resumo
Este artigo, caracterizado como teórico/exploratório, tem como objetivo apresentar uma
política local de incentivo às micro e pequenas empresas denominado de Programa de
Minidistritos Industriais e de Serviços de São José do Rio Preto (SP). O programa constitui
uma política pública relacionada à posse de terreno, enfatizando as oportunidades de
desenvolvimento local através de objetivos econômicos, sociais e ambientais. No entanto, as
empresas participantes ainda encontram algumas dificuldades em competir no mercado, tais
como o atraso tecnológico, carência de informações sobre o mercado, dificuldade de
obtenção de crédito, problemas de natureza fiscal, entre outras. Desta forma, constata-se a
necessidade de um apoio aos empresários quanto à organização, utilização de técnicas
gerenciais, identificação de oportunidades, treinamento e estabelecimento de parcerias para
fornecimento e distribuição. Através desse trabalho percebeu-se a necessidade de um maior
relacionamento entre as entidades empresariais, o poder público e os próprios empresários.
O intuito da interação é que as pequenas empresas se reúnam e cooperem entre si, para
alcance de resultados compartilhados e obtenção de vantagem competitiva a partir da
exploração da sinergia relacionada à localização e participação no Programa.

Palavras-chave: Pequenas empresas, Distrito industrial, Desenvolvimento local

1 Introdução
No decorrer dos anos, as teorias sobre desenvolvimento local sofreram grandes
transformações, provocadas tanto pela crise e pelo declínio de muitas regiões
tradicionalmente industriais e surgimento de novas alternativas de industrialização e de
desenvolvimento regional quanto pelos novos paradigmas encontrados no âmbito da própria
teoria macroeconômica do desenvolvimento (JOYAL e MARTINELLI, 2003).
O processo de globalização apoiado nas novas tecnologias proporciona às empresas a
possibilidade de aquisição de capital, bens, informações e tecnologia em todo o mundo. Este
contexto, muitas vezes pode levar à conclusão de que mercados internacionais mais abertos,
transportes e comunicações velozes diminuem a importância da localização geográfica para a
competição entre as empresas (PORTER, 1999).
Porém, as aglomerações industriais e os arranjos produtivos locais são temas que
ganharam destaque entre pesquisadores das áreas de administração e economia. Um dos
motivos deste destaque é que além das diversas experiências bem sucedidas de arranjos
produtivos locais, outro fator que contribuiu para a intensificação do debate acerca das
vantagens competitivas das aglomerações foi o fato de que esses arranjos passaram a ser
crescentemente objeto de políticas públicas voltadas à promoção do desenvolvimento
industrial e regional e ao incremento da competitividade (GARCIA, 2001).
Em relação às pequenas empresas constata-se o surgimento de políticas regionais e
locais com o intuito de obter ganhos de competitividade e geração de empregos. Este artigo,
caracterizado como teórico/exploratório, visa apresentar uma política local de incentivo às
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micro e pequenas empresas denominado programa de minidistritos industriais e de serviços de


São José do Rio Preto (SP).

2 Distritos industriais
As aglomerações de empresas são capazes de produzir vantagens competitivas aos
produtores que não estariam disponíveis se estes estivessem atuando isoladamente. Assume-
se que os sistemas produtivos locais podem proporcionar aos agentes vantagens competitivas
específicas à aglomeração dos produtores. Por outro lado, ressalta-se também que apenas a
aglomeração de produtores não é condição suficiente para que a concentração gere vantagens
competitivas diferenciais às firmas locais. Um dos elementos determinantes dessas vantagens
são as interações mantidas entre os agentes. Tais vantagens competitivas são, basicamente, de
duas naturezas: em virtude do processo de divisão do trabalho e da especialização dos
produtores verificadas nas aglomerações; e o maior escopo para o estabelecimento de ações
conjuntas (joint action) entre as unidades envolvidas. Por meio de ações conjuntas
deliberadas, os agentes são capazes de resolver de modo coletivo problemas comuns,
contribuindo para o processo de geração de vantagens concorrenciais (GARCIA, 2001).
Os aglomerados industriais podem trazer grandes vantagens para as empresas e para a
sociedade, como agilidade nas tomadas de decisões, realização de compras coletivas de
insumos e máquinas e de projetos conjuntos visando ao mercado externo, geração de novos
empreendimentos que venha fortalecer ainda mais o aglomerado, barateamento dos custos dos
fornecedores em função da demanda concentrada por produtos e serviços, atração de clientes
fiéis em razão da maior eficiência das empresas instaladas no aglomerado e facilidade de
atrair e manter talentos devido ao clima de oportunidade na região (RIBEIRO e ARICA,
2002). Para os autores, a infra-estrutura pública, a gestão participativa e a aglomeração devem
unir-se a fim de gerar recursos produtivos para rendimentos crescentes, impactando
positivamente na inclusão de pequenas empresas e, conseqüentemente, de trabalhadores.
Um dos primeiros autores a se preocupar com o distrito industrial foi Alfred Marshal
no século XIX, a fim de estudar as organizações territoriais de empresas no desenvolvimento
econômico. Ele definiu o distrito industrial a partir de um conjunto de firmas de um
determinado setor, não necessariamente homogêneas, estruturado sobre a economia das
empresas de uma região. O autor mostra que, as empresas podem se tornar mais eficientes e
competitivas, quando concentradas em pequenos negócios similares em localidades
específicas (MAUAD et al, 2003).
As economias derivadas de um aumento da escala de produção de qualquer espécie de
artigos podem ser divididas em duas classes:
• primeira, as dependentes do desenvolvimento geral da indústria;
• segunda, as dependentes dos recursos das empresas que se empenham na produção,
individualmente, quanto à organização e produtividade de sua gerência. Podemos
chamar as primeiras de economias externas, e as últimas de economias internas
(MARSHALL, 1946, p. 250).
O presente artigo se preocupa com as economias externas que segundo o autor são as
mais importantes, pois podem ser conseguidas pela concentração de muitas pequenas
empresas similares em determinadas localidades ou pela localização da indústria.
Os distritos industriais correspondem a uma aglomeração de empresas em um
determinado espaço geográfico em que comunidade e empresa se reúnem, cooperando ou não
entre si (BOLÇONE, 2001). “Os distritos industriais apoiados pelo Estado caracterizam-se
pela existência de entidade pública ou com finalidade não lucrativa que contribui para
sustentar o desenvolvimento regional na atração de investimentos. Pode ser uma universidade,
um grande ou pequeno centro de pesquisa, uma base militar, um laboratório, um complexo
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prisional ou uma grande concentração de órgãos públicos” (BOLÇONE, 2001, p. 19). No que
refere às micro, pequenas, destacam-se também as incubadoras de empresas.
Markusen (1995 apud BOLÇONE, 2001) destaca as principais características dos
distritos industriais apoiados pelo Estado: presença de estrutura econômica dominada por uma
ou mais grandes instituições públicas, presença de baixas taxas de turnover nos negócios
locais e de significativas relações intradistritais entre as instituições dominantes e seus
fornecedores.
O Instituo de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 1999) apresenta uma tipologia para
caracterizar os diversos processos de aglomeração industrial descrita a seguir:
• agrupamento potencial: caracteriza-se quando existe no local uma concentração de
atividades produtivas com alguma característica comum, indicando a existência de
tradição técnica ou produtiva (inclusive artesanal), embora inexista (ou seja incipiente)
organização ou interação entre os agentes daquelas atividades;
• agrupamento emergente: refere-se a presença de empresas (de qualquer porte) com
características comuns que possibilite o desenvolvimento da interação entre seus
agentes,a presença de instituições como centros de capacitação profissional, de
pesquisa tecnológica etc., bem como de atividade incipiente de articulação ou
organização dos agentes locais;
• agrupamento maduro: pode ser utilizada quando há no local uma concentração de
atividades com característica comum, a existência de uma base tecnológica
significativa e se observa a existência de relacionamentos dos agentes produtivos entre
si e com os agentes institucionais locais caracterizando a geração de externalidades
positivas, mas ainda com a presença de conflitos de interesses e/ou desequilíbrios
denotando baixo grau de coordenação.
• Agrupamento avançado: caracteriza-se como um agrupamento maduro com alto nível
de coesão e de organização entre os agentes;
• Aglomeração: pode ser caracterizado como um agrupamento maduro quanto ao grau
de coesão, embora com menor organização, referindo-se, porém, a uma sub-região e
envolvendo um número maior de localidades ou áreas urbanas, de modo contíguo e
constituindo um espaço econômico pouco diferenciado em termos das atividades
produtivas e fatores de produção presentes;
• Pólo tecnológico: refere-se aos locais no quais estão reunidas empresas intensivas em
conhecimento, ou de base tecnológica, bem como universidades e/ou instituições de
pesquisa. Apresenta características de agrupamento maduro, embora as atividades
possam apresentar pouca semelhança.
• Redes de subcontratação: são situações em que grandes empresas nucleadoras forma
redes de fornecedores e contam com elevado grau de organização, hierarquizada pela
empresa núcleo.

3 Distritos industriais e desenvolvimento local


De acordo com Bezerra (2002) devido à globalização observa-se o desenvolvimento
organizado de pequenas empresas o que contribuem tanto para o aumento do faturamento
dessas empresas quanto para o desenvolvimento da região onde elas estão instaladas. Sendo
assim o poder público desempenha um papel importante, pois este quando bem conduzido
estimula a organização das empresas favorecendo o crescimento da competitividade e
aumentando a qualidade de vida.
No entanto, as dificuldades apresentadas pelas pequenas empresas no contexto de um
mercado globalizado estão relacionadas à ineficiência das organizações de apoio, à
distribuição de conhecimentos tecnológicos entre pequenas, médias e grandes empresas e à
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falta transferência de tecnologia oriunda das instituições de pesquisa (PAIVA e MELLO,


1999).
Os distritos industriais de pequenas e médias empresas ganharam destaque no recente
debate sobre reestruturação industrial, em virtude do forte dinamismo que apresentam
algumas regiões onde há concentração regional de pequenos e médios produtores de um
mesmo segmento industrial. Os distritos industriais são considerados uma alternativa para a
promoção do progresso tecnológico e industrial, mais especificamente no que se refere à
geração de emprego e renda (BOLÇONE, 2001).
Segundo o autor citado acima, a implantação de distritos industriais constitui-se em
instrumento de desenvolvimento local e regional. Por isso, as aglomerações de pequenas e
médias empresas têm merecido a atenção daqueles que formulam políticas públicas
econômicas destinadas a estimular o desenvolvimento local e regional.
O Sebrae desenvolveu um programa de desenvolvimento local com os seguintes
objetivos: atuar no apoio a programas de promoção do Desenvolvimento Local Integrado e
Sustentável, buscar despertar e incentivar o empreendedorismo, apoiar e expandir micro e
pequenos empreendimentos individuais e coletivos já existentes, indicar novas oportunidades
de negócio e criar ambientes favoráveis ao surgimento de novos empreendimentos que gerem
empregos ou ocupações produtivas, renda e riqueza para as populações de localidades com
baixos índices de desenvolvimento. Este programa visa promover o desenvolvimento e o
surgimento de comunidades mais sustentáveis, descobrir ou despertar vocações locais,
desenvolver potencialidades específicas e fomentar o intercâmbio externo aproveitando-se de
suas vantagens comparativas locais (SEBRAE, 2003).
O grande problema nas tentativas de gerar o desenvolvimento regional a partir do
incremento das atividades das pequenas e médias empresas é encontrar formas de garantir
competitividade às empresas de menor porte para que essas possam assim ser capazes de
iniciar e sustentar um processo de desenvolvimento econômico de uma região. Enfrentando,
tipicamente, um sólido conjunto de barreiras que prejudicam sua competitividade, as
pequenas e médias empresas precisam adotar novas formas de organização que lhes
possibilitem reagir positivamente a esses desafios. A grande vantagem dos aglomerados está
no fato de que ele resgata o poder de competitividade das pequenas e médias empresas,
adotando um esquema de organização que lhes permite auferir economias de escala,
permitindo-as tornarem-se tão eficientes e em muitos casos até mais – quanto às empresas de
grande porte (CÂNDIDO e ABREU 2003, p. 7).
Porém, é importante ressaltar que a existência de formas de apoio local não substitui
políticas industriais tradicionais e centralizadas, que continuam a exercer papel fundamental
no apoio à atividade produtiva e na construção de vantagens competitivas para as empresas.
Nesse sentido, é preciso reconhecer a importância de políticas de corte regional/local, não
como substitutas de políticas industriais centralizadas no âmbito federal e de caráter mais
abrangente, mas sim como um instrumento complementar às políticas centralizadas
(GARCIA, 2001).

4 O caso dos minidistritos industriais e de serviços de São José do Rio Preto (SP)
Os minidistritos industriais e de serviços fazem parte de um programa criado a partir
de um estudo realizado em 1983 pela Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão
Estratégica de São José do Rio Preto/SP. Neste estudo foram identificados micro e pequenos
empreendedores mal instalados e outros que necessitavam de um local próprio para o
desenvolvimento de suas atividades (SEMPLAN, 2002). O programa em sua concepção
inicial teve como objetivo o apoio institucional ao desenvolvimento de micro e pequenas
empresas do município (BOLÇONE, 2001).
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O planejamento do programa teve início em 1983 e a implantação dos


empreendimentos iniciou-se em 1986, tendo um caráter diferenciado das políticas públicas
existentes até então que tinham como estratégia a doação de terrenos e concessões de
subsídios.
Desta forma, o programa dos minidistritos de São José do Rio Preto (SP) constitui
uma política pública pautada no desenvolvimento local com intervenção na área industrial e
habitacional tendo como objetivo aproximar o emprego da moradia e sua integração à malha
urbana e aos equipamentos públicos existentes, ou seja, consiste em um programa de política
pública relacionada à posse de terreno, enfatizando as oportunidades de desenvolvimento
local através de objetivos econômicos, sociais e ambientais (SEMPLAN, 2002).
Este programa tem os seguintes objetivos sociais, econômicos e ambientais
(SEMPLAN, 2002 e BOLÇONE, 2001):
• sociais: buscou-se propiciar à população de baixa renda a diminuição dos gastos com
transportes, oferecer condições de melhoria na qualidade de vida da população que
vive no entorno dos mini distritos e aumentar as oportunidades do trabalho feminino;
• ambientais: procurou-se ordenar as atividades das micro e pequenas empresas
favorecendo sua organização e melhorando a qualidade de vida dos moradores que
circundam os mini distritos, separando a atividade industrial da convivência das
famílias, localizando-se próximos de equipamentos urbanos de saúde, educação,
assistência à família e centros comunitários;
• econômicos: pode-se ressaltar a geração de empregos para acompanhar o crescimento
demográfico da cidade e diminuir o desemprego; o aumento da produtividade, o
aumento da produção e a descentralização das atividades produtivas da área central e
conduzir o desenvolvimento às regiões de menor renda, pois os mini distritos estão
localizados em bairros periféricos da cidade; a ocupação de espaços vazios urbanos, a
fim de não induzir a ampliação do perímetro urbano e sua malha viária; o acesso à
sede própria propicia melhores condições de planejamento, possibilitando o
crescimento através da melhoria do fluxo de caixa, devido à redução do custo do
terreno, facilidades de pagamento a longo prazo e obtenção de crédito, pois o imóvel
pode ser oferecido como garantia aos bancos oficiais para obtenção de empréstimos.
Além disso, o programa dispensa apresentação de certidões negativas (protestos,
débitos tributários e previdenciários), desburocratizando o processo de participação.
Assim, destaca-se a busca de um equilíbrio entre a oferta da mão-de-obra e a
necessidade das empresas, além de considerar os impactos relativos à ocupação do solo, às
condições de habitação e à circulação de pessoas.
De acordo com Bolçone (2001) a localização dos minidistritos focou a
macrolocalização de indústrias, onde considerou-se fatores técnicos e econômicos, como por
exemplo os custos e a eficiência dos transportes, as áreas de mercado, proximidade com a
concorrência e com o consumidor, disponibilidade e os custos da mão-de-obra,
disponibilidade de energia e água, suprimento de matéria-prima e eliminação de resíduos.
Outro fator a ser levado em conta na escolha da localização foi a microlocalização, onde
considerou-se as condições do relevo, vias de acesso e de comunicação, existência de serviços
públicos, infra-estrutura, situação legal da propriedade, potencial de crescimento da região,
vocação da cidade e da região para um determinado setor industrial.
Inicialmente o projeto contemplava a implementação de minidistritos voltados ao setor
moveleiro, serralheiro e de confecções, devido à demanda detectada e por estes setores
representarem oportunidades de crescimento na época. Detectou-se que estes setores com
forte participação de micro e pequenas empresas locais encontravam-se em locais impróprios
no aspecto organizacional, layout, espaço físico, ambiente ou ponto comercial, assim como no
aspecto legal.
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De acordo com Bolçone (2001) até 1987 os minidistritos eram exclusivamente


industriais, sendo impedida a entrada de empresas que não fossem do setor secundário. No
entanto, a partir de 1988, visando a adaptação à realidade econômica do município, a
Secretaria Municipal de Planejamento estendeu a adesão a outros empreendimentos,
eliminando a restrição que havia sido imposta. Desta forma, os minidistritos industriais
passaram a ser denominados mini distritos industriais e de serviços e, posteriormente, em
1995, foi criado um centro exclusivamente comercial, localizada em um loteamento popular.

RAMO DE ATIVIDADE NOS MINIDISTRITOS %

Material Plástico
2%
Químico
6% 2% 2%1%
8% 23% Comércio
Metalúrgico
11%
Moveleiro
Construção civil
Prestação de serviços
12% 18% Confecção
15% Alimentício
Gráfico
Calçados/couro

Fonte: SEMPLAN (2002)

Atualmente, o programa conta com doze mini distritos industriais e um centro


comercial, totalizando treze projetos em atividade. Estima-se que ao todo, os minidistritos
geram mais de 2.000 empregos diretos e contam com 750 empresas aproximadamente
(SEMPLAN, 2002).

Quadro 1: Informações gerais sobre os mini distritos


Minidistrito Implantação Área (m2) Lotes empresas Empregos diretos
1.Tancredo Neves 02/86 144.826,85 366 129 741
2.João Paulo II (1) 06/87 31.464,00 58 37 65
3.Solo Sagrado 07/87 66.362,35 123 64 457
4.Heitor E. Garcia 12/88 9.360,00 26 13 40
5.João Paulo II (2) 05/89 10.044,67 49 21 45
6.Ernesto G. Lopes 05/92 9.932,58 39 23 54
(JPII-3)
7.Ary Attab 07/92 52.335,57 52 48 95
8.Centenário da 04/94 179.039,50 155 114 342
Emancipação
9.Edson Pupim e 05/94 8.328,93 18 17 20
Anatol Konarski
10.José Felipe Antônio 10/94 9.483,08 20 13 21
11.Jd. Santo Antônio 05/95 9.182,88 48 29 90
(comercial)
12.Giuliane 12/96 12.852,00 29 15 66
13.Adail Vetorazzo 12/96 271.196,44 323 220 1500
Total 814.408,85 1.306 743 3536
Fonte: SEMPLAN (2002)
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Apesar das melhorias conquistadas desde a implantação do Programa de Minidistritos


Industriais, fica evidente em São José do Rio Preto a necessidade de criação de mecanismos
que possibilitem às empresas participantes do programa terem acesso a novos mercados,
técnicas administrativas e de marketing, além de incentivar a interação entre essas empresas,
pois a inexistência de clima empresarial dos distritos industriais em questão e a falta de
relacionamento entre as entidades empresariais, o poder público e aos próprios empresários
dos minidistritos, contribuíram para as desistências ocorridas ao longo dos anos (SEMPLAN,
2002). Bolçone (2001) ressalta que para o desenvolvimento das empresas há necessidade da
criação de mecanismos que possibilitem estas terem acesso a novos mercados e técnicas
administrativas.
De acordo com a tipologia apresentada pelo IPEA, a aglomeração de empresas
encontrada em São José do Rio Preto pode ser classificada como um agrupamento potencial,
pois existe uma concentração de atividades produtivas com alguma característica comum (por
exemplo a produção moveleira e metal-mecânica), indicando a existência de tradição técnica
ou produtiva (inclusive artesanal), embora inexista (ou seja incipiente) organização ou
interação entre as empresas; e também seja inconsciente a ligação com universidades,
institutos de pesquisas, associações e outros.

4 Considerações finais
Considera-se o programa de minidistritos industriais e de serviços de São José do Rio
Preto uma alternativa para a legalização, início de novos empreendimentos e crescimento de
micro e pequenas empresas, sendo, portanto, uma iniciativa para uma organização estratégica
dessas empresas locais que reconhece e facilita a exploração de oportunidades de negócios,
principalmente nas atividades da região, como a indústria moveleira e metal-mecânica.
Observa-se, que para os empresários, o programa é uma oportunidade para aquisição do
terreno e construção da sede própria. Porém, as pequenas empresas ainda encontram algumas
dificuldades em competir no mercado, tais como o atraso tecnológico, carência de
informações sobre o mercado, dificuldade de obtenção de crédito, problemas de natureza
fiscal, entre outras. Desta forma, constata-se a necessidade de um apoio aos empresários
quanto à organização, utilização de técnicas gerenciais, identificação de oportunidades,
treinamento e estabelecimento de parcerias para fornecimento e distribuição. Isso facilitaria a
obtenção de resultados compartilhados e de vantagem competitiva a partir da exploração da
sinergia relacionada à localização e participação no programa.
As interações entre as pequenas empresas e o apoio dos órgãos governamentais, das
associações comerciais, das instituições de ensino e pesquisa etc. podem possibilitar a estas
organizações vantagens na aquisição de matérias primas, redução de custos, proporcionar
treinamento acessível aos trabalhadores, geração de conhecimento, desenvolvimento de
tecnologia, entre outras vantagens. O intuito da interação é que as pequenas empresas se
reúnam e cooperem entre si, para alcance de novos mercados, qualificação de produtos e
serviços e acesso a novas tecnologias.
Devido ao grande número de empresas e à infra estrutura apresentada nos minidistritos,
espera-se que com um maior relacionamento entre as entidades empresariais, o poder público
e os próprios empresários, o agrupamento potencial identificado possa tornar-se maduro, pois
além da concentração de atividades com características comuns, deve haver a existência de
uma base tecnológica significativa e relacionamentos dos agentes produtivos entre si e com os
agentes institucionais locais caracterizando a geração de vantagens competitivas para as micro
e pequenas empresas.
Atualmente, o Grupo de Estudos Organizacionais de Pequenas Empresas (GEOPE) da
EESC/USP está realizando pesquisas nos mini distritos de São José do Rio Preto (SP) com a
XI SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 08 a 10 de novembro de 2004.

finalidade de atualizar as informações existentes, identificar e propor melhorias ao programa e


na gestão destas empresas. Várias instituições são parceiras nesta pesquisa, como UNORP,
UNESP, FEA-USP, UNIARA, FATEC, UNIMEP, UFMS e Prefeitura Municipal de São José
do Rio Preto (SP).

Referências bibliográficas
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BOLÇONE, O. Minidistritos industriais: uma política pública de incentivo às micro e
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