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Histologia

UNIDADE 2
Histologia

Unidade 2

introdução

Prezado aluno, estamos iniciando mais uma unidade, assim é de extrema importância que você organize
seu tempo para a realização das atividades, como a leitura do livro texto, a execução das atividades e
fóruns, bem como a visualização dos vídeos-aula. Assim, o processo de ensino-aprendizagem será alcan-
çado com êxito.

Na primeira unidade, você conheceu o conceito de tecido e histologia, entendendo sua importância para
as áreas das Ciências da saúde no que tange ao entendimento dos diversos processos morfofisiológicos e
patológicos do corpo humano. Em seguida, foi apresentado a você de forma bem suscita os tipos básicos
e fundamentais de tecidos encontrados no corpo humano. E por fim, você estudou um dos quatro tipos
de tecidos básicos e fundamentais, o tecido epitelial, entendendo suas características, funções e tipos.

Nesta unidade iremos estudar mais um tipo de tecido fundamental, o tecido conjuntivo. Iremos detalhar
suas funções, seus componentes desde a matriz extracelular até as células que o constituem, além de
passearmos pelos diversos tipos de tecidos conjuntivos, entendendo suas diferenças e funções. Então,
vamos lá!

Como seu próprio nome indica, o tecido conjuntivo constitui um elemento de continuidade com os tecidos
epiteliais, musculares e nervosos, assim como com outros componentes dos tecidos conjuntivos especia-
lizados, a fim de manter um corpo funcionalmente integrado.

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Tecido Conjuntivo

Antes de falarmos sobre as funções e características do tecido conjuntivo, iremos co-


meçar com um questionamento: Qual folheto embrionário dá origem ao tecido con-
juntivo? A maioria dos tecidos conjuntivos origina-se do mesoderma, o folheto ger-
minativo intermediário dos tecidos embrionários. O mesoderma dá origem as células
multipotentes do embrião, as chamadas células mesenquimais, as quais formam um
tecido conjuntivo embrionário, o Mesênquima.

Estas células migram por todo corpo, dando origem aos diferentes tipos de tecidos conjuntivos e suas
células, como as células do tecido ósseo, cartilaginoso e sanguíneo (Figura 1).

Figura 1: Origem das células do tecido conjuntivo (Fonte: Tratado de histologia em cores, Gartner 2007).

Dessa forma, o tecido conjuntivo compreende um tecido tradicionalmente conhecido como tecido conjun-
tivo propriamente dito e um amplo grupo de tecidos chamados tecidos conjuntivos especiais, com funções
altamente especializadas.

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Esse grupo de tecidos conjuntivos especiais compreende os tecidos adiposo, cartilaginoso, ósseo, san-
guíneo e hematopoiético. De uma forma geral, como você pode perceber na imagem acima, todos os
tecidos conjuntivos são originados do mesênquima embrionário, e são formados essencialmente por cé-
lulas mesenquimais e uma matriz extracelular abundante. Os diferentes tipos de tecidos conjuntivos irão
se diferenciar tanto nas características celulares quanto nas peculiaridades da matriz extracelular que
determinarão. Entendendo quem deu origem a esse importante tecido, iremos agora detalhar as funções
gerais do tecido conjuntivo.

Funções do Tecido Conjuntivo

Quando falamos de tecido conjuntivo são inúmeras as funções que este desempenha no organismo, po-
rém temos algumas funções básicas:
Fornecer suporte estrutural: os ossos, cartilagens e ligamentos atuam como elementos de suporte e são
tipos especiais de tecido conjuntivo.
Servir de meio para trocas: o tecido conjuntivo também funciona como meio de trocas de resíduos meta-
bólicos, nutrientes e oxigênio entre o sangue e muitas células do corpo.
Ajudar na defesa e na proteção do corpo: as funções de defesa são desempenhadas pelas células fagoci-
tárias do corpo, as quais englobam e destroem restos celulares, partículas estranhas e microrganismos,
pelas células imunocompetentes do corpo, as quais produzem anticorpos contra antígenos, além das
células produtoras de substâncias que auxiliam a controlar a inflamação.
Funcionar como local de armazenamento de gordura: por apresentarem os adipócitos em sua composição
e essas células exerceram a função de armazenamento de lipídios, o tecido conjuntivo também exerce
essa função.
Mas, o que garante ao tecido conjuntivo exercer diversas funções no organismo? Esse questionamento
pode ser baseado nos constituintes do tecido conjuntivo. Esses constituintes são a matriz extracelular e
as células (Figura 2).
Matriz Extracelular: A substância intercelular ou intersticial do tecido conjuntivo preenche os espaços
entre as células e apresenta-se constituída de duas porções: a substância fundamental amorfa e as fibras.

Figura 2: Componentes do tecido conjuntivo (Fonte: Tratado de histologia em cores, Gartner 2007).

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Substância Fundamental Amorfa

É constituída principalmente por água, polissacarídeos, proteínas e glicoproteínas. A substância fun-


damental é um material hidratado,  amorfo, composto por  glicosaminoglicanos, longos  polímeros não-
-ramificados de dissacarídeos que se repetem; proteoglicanos, complexos formados por eixos proteicos
aos quais vários glicosaminoglicanos estão ligados covalentemente; e glicoproteínas de adesão, grandes
macromoléculas responsáveis pela adesão de vários componentes da matriz extracelular entre si, e a
integrinas e distroglicanos da membrana plasmática. Uma das principais características do tecido con-
juntivo é a quantidade de água encontrada, esse fato deve-se a substância fundamental, devido que seus
componentes, mas precisamente a glicosaminoglicana tem carga negativa, atraindo assim o Na+, que por
sua vez, atrai a água.

Fibras

São de natureza proteica e se distribuem conforme o tipo de tecido. Na verdade, o tipo de fibras predo-
minante pode determinar certas características do tecido. Assim, na substância intercelular, destacam-se
os seguintes tipos de fibras:
Colágenas: fibras mais frequentes do tecido conjuntivo; formadas pela proteína colágena – de alta resis-
tência à tração e inelásticas. O colágeno é um tipo de proteína que possui mais de 20 variáveis conheci-
das, apresenta um nítido padrão de estrias transversais e representa a proteína mais abundante do corpo,
constituindo 30% de seu peso seco.

As fibras colágenas são o principal componente da matriz extracelular e podem ter características pecu-
liares que as diferenciam, nos vários tipos conhecidos. As fibras colágenas têm como componente básico
a proteína colágeno, e, para os estudos histológicos mais básicos, os tipos mais importantes de colágeno
são:
Colágeno I: é o tipo de colágeno mais abundante em todo o organismo, sendo capaz de formar
fibras espessas, as quais conferem resistência aos tecidos.
Colágeno II: é o tipo de colágeno encontrado na matriz extracelular das cartilagens, formando
fibrilas e atuando como molas biomecânicas.
Colágeno III: forma delicadas fibrilas, sendo o principal constituinte das fibras reticulares.
Colágeno IV: são fibrilas extremamente delicadas presentes na lâmina basal.

Elásticas: fibras formadas fundamentalmente pela proteína elastina, são dotadas de elasticidade, ceden-
do (ao contrário das colágenas) facilmente à tração; porém, na ausência de forças deformantes, as fibras
elásticas voltam a assumir a forma inicial; são mais delgadas que as fibras colágenas.
São constituídas por elastina e microfibrilas de fibrilina. Estas fibras, que são um dos tipos de organização
dos componentes do sistema elástico da matriz extracelular, são altamente elásticas e podem ser disten-
didas em até 150% de seu comprimento em repouso sem se romperem. Sua elasticidade é causada pela
proteína elastina, e sua estabilidade é causada pela presença de microfibrilas. 
A elastina é um material amorfo cujos principais aminoácidos são a glicina e a prolina. Prezado aluno,
como seu próprio nome sugere, estas fibras vão conferir elasticidade aos tecidos, sendo evidenciadas por

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técnicas histoquímicas especiais, particularmente nos tecidos de sustentação do pulmão, na pele e nos
vasos sanguíneos.
Reticulares: fibras mais finas do tecido conjuntivo. Distribuem-se numa rede; são constituídas por uma
proteína chamada reticulina, muito semelhante ao colágeno. Apesar da designação fibras, as fibras reti-
culares são formadas principalmente por colágeno do tipo III e, na realidade, são fibrilas delicadas.

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Por essa razão, muitos autores preferem incluí-las no sistema de fibras colágenas, isto
é, elementos fibrilares que têm o colágeno como proteína básica, independente do tipo
do colágeno. As fibras reticulares são delicadas e formam uma rede de tranado firme,
dando sustentação aos órgãos hematopoieticos e as células musculares, estando pre-
sente na parede de órgãos de forma variável, como no intestino, no útero e nas artérias.

Figura 3: Fibras colágenas (A), fibras elásticas (B) e fibras reticulares (C) (Fonte: http://www.icb.usp.br/mol/0iniciomol.html)

Células

Para facilitar sua compreensão, dizemos que o tecido conjuntivo é constituído por vários tipos de células,
as quais estão agrupadas em duas categorias: células fixas e células transitórias. As células fixas formam
uma população de células residentes que se desenvolvem e permanecem no tecido conjuntivo propria-
mente dito, onde exercem suas funções. Já as células transitórias originam-se principalmente na medula
óssea e circulam na corrente sanguínea. Ao receberem o estímulo ou sinal adequado, estas células aban-
donam a corrente sanguínea e migram para o tecido conjuntivo, onde realizam suas funções específicas.
Na tabela abaixo estão descritas as células conforme essa divisão:

Células fixas Células transitórias

Fibroblastos, células adiposas, mastócitos e Plasmócitos, linfócitos, neutrófilos, eosinófilos, basó-


macrófagos filos, monócitos e macrófagos.

É importante que você compreenda, caro aluno, que a maioria das células descritas na tabela acima foram
originadas a partir de uma única célula, a Célula Mesenquimatosa Indiferenciada, que são capazes de
formar qualquer outra célula do tecido conjuntivo, com exceção dos macrófagos e dos plasmócitos. As

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células mesenquimatosas têm o papel de fornecer ao tecido conjuntivo os tipos celulares específicos, de
acordo com a necessidade do organismo.

Vamos agora, detalhar as características e função de cada tipo celular:

Fibroblastos: Saiba que a característica mais marcante do fibroblasto é sua abundância no tecido con-
juntivo, sendo considerada a célula mais abundante e amplamente distribuída. Essa célula tem grande
atividade na síntese de proteínas necessárias à organização e manutenção da matriz extracelular, por isso,
apresentam o Retículo Endoplasmático rugoso (REr) e o complexo de Golgiense bastante desenvolvidos.
Quando o fibroblasto se torna relativamente inativo, apresenta-se com núcleo escuro, poucas mitocôn-
drias e REr reduzido. É, então, chamado de fibrócito. Os fibrócitos são células fusiformes resultantes da
diferenciação dos fibroblastos, quando estes se tornam menos ativos na síntese de outros componentes
do tecido, portanto, são menores, mais ovoides e possuem um citoplasma acidófilo, com escassa quanti-
dade de REG, mas abundância em ribossomos livres (Figura 4).

Apesar de serem considerados células fixas do tecido conjuntivo, os fibroblastos são


capazes de movimentação e de se diferenciar em outros tipos celulares, como: células
adiposas, condrócitos, e osteoblastos (em condições patológicas).

Você já deve ter passado por um processo de cicatrização de ferimentos não é?


Portanto, fique sabendo que os fibroblastos atuaram nesse processo. Mas, como? A cicatrização é um
fenômeno complexo que restabelece a integridade morfológica e funcional de qualquer tecido ou órgão
lesado. A reconstituição consiste numa perfeita e ordenada cascata de eventos celulares e moleculares
que interagem para que ocorra a recomposição do tecido. Os fibroblastos são as principais células envol-
vidas na cicatrização e tem por principal função a manutenção da integridade do tecido conjuntivo, pela
síntese dos componentes da matriz extracelular.
Esse fibroblasto sofre modificações, obtendo características tanto dos fibroblastos como das células mus-
culares lisas, dando origem ao miofibroblastos. Essas células são abundantes em áreas de cicatrização de
lesões, onde participam da contração da lesão. Para que você compreenda melhor o processo de cicatri-
zação e a importância do fibroblastos nesse processo.

Recomendo que você visualize o vídeo de aproximadamente 2 minutos, a visualização


permitirá que você compreenda de forma simples esse processo.

Figura 4: Fibroblastos e fibrócitos (Fonte: http://www.icb.usp.br/mol/4-14fibroblastos4.html)

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Macrófagos: Células grandes, com alta capacidade de realizar fagocitose. Sua função é proteger o te-
cido contra agentes externos. Ou seja, ele atua como um agente de defesa contra substâncias estranhas
que tentam invadir seu organismo.

De uma forma bem simples, você pode perceber o mecanismo de ação dos macrófagos,
assistindo ao vídeo de aproximadamente 45 segundos.

Os macrófagos podem ser fixos ou móveis (Figura 5). Os macrófagos fixos têm a forma geralmente estre-
lada e núcleo ovóide. São também chamados de histiócitos. Os macrófagos móveis têm a forma irregular,
com núcleo reniforme (ou seja, em forma de rim). Monócitos, macrófagos e histiócitos constituem, na
realidade, formas diferentes de um mesmo tipo de célula. O macrófago fixo, por exemplo, pode se trans-
formar em macrófago móvel e vice-versa, porém mais comum é a transformação do fixo em móvel. Sua
origem está associada ao sistema mononuclear fagocitário.

Calma, iremos explicar a você o que é esse sistema. Imagine que todos os membros desse sistema
originam-se de uma célula-tronco em comum situada na medula óssea e são capazes de realizar fagoci-
tose. Dessa forma, os monócitos se desenvolvem na medula óssea e circulam no sangue. Após um sinal
adequado, eles deixam a corrente sanguínea migrando através do endotélio dos capilares e vênulas,
através de movimentos ameboides, deslocam-se ao longo do tecido conjuntivo. No compartimento do
tecido conjuntivo, eles amadurecem tornando-se macrófagos, os quais normalmente tem um tempo de
vida de 2 meses.

Figura 5: Morfologia dos macrófagos (Fonte: http://www.icb.usp.br/mol/4-18macrofago2.html)

Todavia, os macrófagos localizados em algumas regiões do corpo recebem nomes específicos:


Órgão Nome

Células de Kupffer Fígado


Células de Langerhans Pele
Monócitos Sangue
Osteoclastos Osso
Micróglia SNC

Mastócitos: É uma célula de forma ovalada, tem um núcleo central e uma grande quantidade de grânulos
no citoplasma ( Figura 6), que contêm heparina, substância de ação anticoagulante, e histamina, subs-

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tância vasodilatadora que aumenta a permeabilidade dos vasos sanguíneos. Dessa forma, o mastócito é
uma célula que participa da reação inflamatória secretando para a matriz várias das moléculas acumula-
das no seu citoplasma como, por exemplo, a histamina.

Você verá como esse processo ocorre rápido e simples, com duração de 26 segundos.
Veja o vídeo.

A presença de numerosos grânulos citoplasmáticos é a característica que permite identificar os mastó-


citos. Eles se distribuem por todo o corpo e localizam-se no tecido conjuntivo propriamente dito, onde se
concentram ao longo dos pequenos vasos sanguíneos.

Figura 6: Mastócitos (Fonte: https://cienciaeneppendorf.wordpress.com/category/alergias/)

Plasmócitos: São células grandes, ovoides, com núcleo excêntrico e um tempo de vida relativamente de 2
a 3 semanas (Figura 7). São originadas a partir dos linfócitos B, tipo de glóbulo branco presente do sangue.
Esses linfócitos atravessam os capilares sanguíneos e, no tecido conjuntivo, formam os plasmócitos. São
células que sintetizam e secretam ativamente grandes quantidades de proteínas - as imunoglobulinas de
várias classes, também chamadas genericamente de anticorpos, o que significa que se relacionam com a
defesa do organismo.

Figura 7: Plasmócitos (Fonte: http://www.icb.usp.br/mol/4-28plasmocito2.html)

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Leucócitos: São glóbulos brancos que circulam na corrente sanguínea. Entretanto, eles frequentemente
migram através das paredes das vênulas e vão para os tecidos conjuntivos, especialmente durante a in-
flamação, quando exercem várias funções. São exemplos de leucócitos: neutrófilos, eosinófilos, basófilos
e linfócitos. Veremos com mais detalhes as características dessas células posteriormente.

Células Adiposas: Grandes células esféricas, que acumulam em seu interior gotas lipídicas. A presença
considerável de gordura na célula acarreta o deslocamento do núcleo que então fica situado próximo à
membrana celular. A célula adiposa, portanto, é especializada no armazenamento de lipídios.

Como já mencionado anteriormente, há vários tipos e subtipos de tecido conjuntivo for-


mados por diferentes combinações de células e matriz. Estas combinações específicas
têm como resultado diferentes funções exercidas por este tecido. Assim, os tecidos
conjuntivos são classificados como tecido conjuntivo propriamente dito e os tecidos
conjuntivos especializados, que incluem a cartilagem, o tecido ósseo e sanguíneo. Ain-
da podemos incluir como tecido conjuntivo, o tecido embrionário.

Caro aluno, vamos iniciar agora o estudo dos diferentes tipos de tecidos conjuntivos, entendendo suas
características e funções. Então, vamos lá!

Vamos começar o estudo do tecido conjuntivo por aqueles encontrados na fase de formação do indivíduo,
o tecido conjuntivo embrionário. Este tecido inclui o tecido mesenquimal e o tecido mucoso. De maneira
bem simples, o tecido conjuntivo mesenquimal está presente somente no embrião e é constituído por
células mesenquimais imersas em uma substância fundamental gelatinosa contendo delgadas fibras co-
lágenas dispersas.

Essas células mesenquimais darão origem a maioria das células do tecido conjuntivo frouxo. Já o tecido
mucoso é um tecido conjuntivo frouxo amorfo que possui uma matriz gelatinosa composta basicamen-
te por ácido hialurônico (esta molécula garante muitas das propriedades do tecido conjuntivo, entre as
quais a retenção de grande quantidade de água neste tecido e que é importante para a difusão de outras
moléculas pelo tecido conjuntivo), fibras de colágeno tipo I e III e por fibroblastos. Este tipo de tecido é
encontrado apenas no cordão umbilical e no tecido conjuntivo subdérmico do embrião.

Detalhando o tecido conjuntivo embrionário, vamos abordar agora as características do tecido conjuntivo
propriamente dito.

Tecido conjuntivo propriamente dito: Quando falamos desse tipo de tecido reconhecemos quatro
tipos: frouxo, denso, reticular e tecido adiposo. Estes, por sua vez, são diferentes quanto a sua histologia,
localização e funções.

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Tecido Conjuntivo Frouxo: caracteriza-se pela presença abundante de substância fundamental amorfa,
porém é relativamente pobre em fibras, que se encontram frouxamente distribuídas. Nesse tecido estão
presentes todas as células típicas do tecido conjuntivo, tais como fibroblastos, células adiposas, macró-
fagos e mastócitos. Pequenas fibras nervosas percorrem este tecido, assim como uma grande quantidade
de pequenos vasos sanguíneos, que suprem as células com oxigênio e nutrientes.
Mas, onde podemos encontrar esse tecido? Encontramos imediatamente abaixo da pele, abaixo do re-
vestimento mesotelial das cavidades corporais, forma a túnica adventícia dos vasos sanguíneos, além de
constituir o tecido conjuntivo frouxo subjacente a epitélios de revestimento em mucosas dos diferentes
tratos do organismo.

É importante salientar, caro aluno, que como este tecido fica imediatamente abaixo
do delgado epitélio dos diferentes tratos, ele é o local onde ocorre o primeiro ataque
do corpo aos antígenos, bactérias e outros invasores estranhos. Desse modo, o tecido
conjuntivo frouxo contém muitas células transitórias responsáveis pela inflamação, re-
ações alérgicas e respostas imunológicas.

Mas, quais seriam as unções básicas do tecido conjuntivo frouxo no nosso organismo? O tecido conjuntivo
frouxo exerce funções, como preenchimento de espaços entre os órgãos viscerais, suporte e nutrição dos
epitélios, envolvimento de nervos e vasos sanguíneos e linfáticos e cicatrização de tecidos lesados.

Tecido Conjuntivo Denso: de uma maneira bem simples dizemos que ao contrário do tecido conjuntivo
frouxo, o qual é constituído de muitas células com pouca matriz extracelular, o tecido conjuntivo denso
possui muita matriz extracelular. Esta matriz é composta principalmente de fibras colágenas de diferentes
espessuras. As células residentes são as mesmas encontradas no tecido conjuntivo frouxo, com grande
predomínio de fibroblastos e fibrócitos.

É importante que você compreenda que de acordo coma s características desse tecido,
podemos classificá-lo em denso não modelado e denso modelado.

Denso não modelado (Fibroso): Se as fibras de colágeno estão dispostas sem organização, aparentemente
desordenadas, o tecido é denominado tecido conjuntivo denso não-modelado (Figura 8). É um tecido muito
encontrado no organismo. Devido à orientação diversa de suas fibras colágenas este tecido costuma estar
presente em locais sujeitos a pressões mecânicas e trações originadas de várias direções, por exemplo,
formando as cápsulas que envolvem o fígado, o baço, o osso, a cartilagem e a parte profunda da pele
(dando forma as partes do corpo).

Figura 8: Tecido conjuntivo denso não modelado (Fonte: Histologia Básica, Junqueira e Carneiro, 2007)

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Denso Modelado (Tendinoso): O tecido conjuntivo denso modelado é constituído de uma grande quan-
tidade de matriz extracelular, representada principalmente por espessas fibras de colágeno tipo I e poucas
células. Diferente do tecido conjuntivo denso não-modelado, no tecido denso modelado as fibras colá-
genas são muito organizadas (Figura 9), geralmente muito espessas e dispostas paralelamente entre si.
Entre as fibras há fibroblastos e fibrócitos bastante alongados, dos quais geralmente o componente visível
são seus núcleos. Estas células são as responsáveis pela produção e manutenção das fibras colágenas
que dão resistência, mas pouca elasticidade ao tecido. Ele forma os tendões (ligação dos músculos aos
ossos) e os ligamentos (ligam os ossos entre si).

Figura 9: Tecido conjuntivo denso modelado (Fonte: Fonte: Histologia Básica, Junqueira e Carneiro, 2007)

Compreenda também uma importante diferença entre esses dois tipos de tecidos: Enquanto o tecido con-
juntivo denso não modelado é vascularizado, o tecido conjuntivo denso modelado do tendão não possui
vasos sanguíneos e recebe os nutrientes por difusão do tecido conjuntivo denso não modelado que o
penetra e o circunda.
Quando falamos dos dois tipos de tecido conjuntivo propriamente dito, o denso e o frouxo é importante,
que você compreenda que a classificação de um tecido conjuntivo propriamente dito em tecido conjuntivo
frouxo ou denso nem sempre obedece a critérios totalmente objetivos. Isto por que não há um limite pre-
ciso e não há uma definição precisa entre o que seja frouxo e denso. Há tecidos conjuntivos tipicamente
frouxos e tipicamente densos, como estes mostrados acima, estes são os exemplos extremos de uma gra-
dação entre um tipo e outro, mas deve-se lembrar que entre um e outro há muitos padrões intermediários.

Observe a imagem apliada (Figura 10) e perceba que algumas vezes essa distinção não é tão simples
assim. Essa é uma forma de você colocar em prática também o conteúdo teórico e identificar tais com-
ponentes. Se tiver dificuldade na identificação, não se preocupe, nas aulas práticas serão abordadas tais
estruturas.
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Figura 10: Pele e bexiga com presença de tecido conjuntivo frouxo e denso
(http://sereduc.com/uMQeq0 - http://sereduc.com/W9PR2h)

Perceba então, que a presença do tecido conjuntivo frouxo logo após o epitélio é muito
importante, pois permite que a camada epitelial sofra compressão e mobilidade quan-
do o órgão está cheio de urina. Por outro lado, na mesma condição o tecido conjuntivo
denso logo abaixo resiste a pressões mecânicas provocadas pela urina na bexiga cheia.

Você lembra que no início desta unidade foi falado que o tecido conjuntivo pode ser classificado como
tecido conjuntivo propriamente dito e ainda nos tipos especiais. Pois bem, já falamos anteriormente sobre
o tecido conjuntivo propriamente dito, agora iremos saber quais tecidos fazem parte dos grupos de teci-
dos especiais, bem como entender suas características e funções. Dentro do grupo de tecidos especiais,
encontramos o tecido mucoso, reticular e elástico e ainda o tecido adiposo.
Tecido mucoso: O tecido mucoso é um tecido conjuntivo no qual predomina amplamente o hialuronato
sobre outras moléculas da matriz, ou seja, observa-se a predominância de substância fundamental amorfa
e poucas fibras.
Um componente importante da matriz extracelular fundamental é a molécula hialuronato, antigamente
denominado ácido hialurônico. Esta molécula garante muitas das propriedades do tecido conjuntivo, entre
as quais a retenção de grande quantidade de água neste tecido e que é importante para a difusão de
outras moléculas pelo tecido conjuntivo. Algumas poucas células, especialmente fibroblastos e células
mesenquimais (células-tronco), são encontradas neste tecido. O tecido mucoso é encontrado no cordão
umbilical e na polpa dental. O cordão umbilical deve ao hialuronato sua consistência mole e ao mesmo
tempo elástica. Neste local o tecido mucoso também é conhecido por Geléia de Wharton (Figura 11 A).
Tecido elástico: É constituído pelas fibras (ou lâminas) elásticas, secretadas pelos fibroblastos e, nos
vasos sanguíneos, pelas células musculares lisas.

Exemplo: Nos ligamentos amarelos da coluna vertebral, no ligamento nucal do pes-


coço, no ligamento suspensor do pênis e nas artérias de grande calibre. Esse tipo de
tecido tem a função de conferir elasticidade a esses ligamentos e às artérias, cedendo
à força aplicada (no caso das artérias, a pressão do sangue proveniente do coração) e
depois retornando à sua forma original (Figura 11B).

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Tecido reticular: Este tecido contém uma grande quantidade de fibras reticulares, sintetizadas pelas
células reticulares. Além dessas células, há células de defesa, como os macrófagos, os linfócitos e os
plasmócitos. Como o tecido reticular apresenta uma grande quantidade de fibras reticulares, este tecido
acaba constituindo o arcabouço de órgãos que variam no volume, graças ao pequeno diâmetro e ao ar-
ranjo frouxo das fibras reticulares.
A estrutura trabeculada formada permite a circulação de células e fluido pelos espaços.   Encontra-se
nos órgãos formadores de células do sangue (órgãos hemocitopoiéticos) constituindo um arcabouço de
sustentação para as células. Também está presente no fígado (Figura 11C).

Figura 11: Tecidos conjuntivos especiais: tecido mucoso, tecido elástico e tecido reticular (http://sereduc.com/Sf2ad8)

Falamos então dos três tipos de tecidos especiais de tecido conjuntivo, que vão se diferenciar de acordo
com o tipo de fibra predominante ou pela ampla quantidade de substância fundamental. Iremos, agora
abordar o último tipo de tecido conjuntivo especial, o tecido adiposo.

Tecido adiposo: Esse tecido é constituído de células denominadas  adipócitos,  separadas entre si por
pequena quantidade de matriz extracelular. Esta é constituída em grande parte por uma rede de delga-
das fibras reticulares formadas principalmente por colágeno tipo III. Além dos adipócitos, são encontradas
quantidades menores de outras células residentes e transientes do tecido conjuntivo.

Os adipócitos têm sua origem das células mesenquimais no quinto mês de vida fetal. Elas se diferenciam
em lipoblastos, os quais proliferam. Os lipoblastos assemelham-se a fibroblastos, já que são alongados
com múltiplos prolongamentos. Com o acúmulo das gotículas lipídicas, eles adquirem uma forma oval e
posteriormente esférica. Depois de diferenciadas, as células adiposas não se dividem. Não desaparecem
depois de formadas. No adulto, em determinadas situações ou locais, como na medula óssea, elas podem
surgir dos fibroblastos (Figura 13).

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Figura 13: Origem embrionária dos adipócitos (Fonte: http://sereduc.com/0LY6me)

Mas, qual seria a função dessa célula e, portanto desse tecido? Os adipócitos se caracterizam por acu-
mular lipídios em seu citoplasma, sob forma de pequenas gotas suspensas no citosol. Estas gotas não
são revestidas por membranas e são, portanto, consideradas inclusões. Estes lipídios são em sua maior
parte triglicerídeos também chamados gorduras neutras, formados por moléculas de glicerol unidas por
ligações éster a cadeias de ácidos graxos.
No entanto, o número e tamanho das gotas de lipídios nos adipócitos podem variar consideravelmente,
sendo assim, podemos classificar esse tecido em dois tipos: tecido adiposo unilocular e tecido adiposo
multilocular.
Tecido adiposo unilocular: Nesse tipo de tecido, as várias gotículas lipídicas coalescem em uma grande
vesícula que comprime o núcleo contra a periferia da célula, sendo, portanto, células muito grandes.
Podemos chamá-lo também de tecido adiposo branco. Vale lembrar que, macroscopicamente sua cor é
frequentemente amarela devido a pigmentos e vitaminas (principalmente vitamina A) dissolvidos nos
lipídios e por esta razão também é denominado de gordura amarela.
Os adipócitos do tecido adiposo unilocular contém uma grande gota de gordura. Como esta gordura é
dissolvida durante a confecção de preparados histológicos rotineiros, observa-se um espaço vazio no local
onde estava depositada a gordura (Figura 13).
Após entender sua morfologia, você deve estar se perguntando qual a função do tecido adiposo, não
é? Fique sabendo então que o tecido adiposo é o principal reservatório de lipídios para serem usados
como fonte de energia. É encontrado espalhado em quase todo o organismo, predominando muito em
quantidade sobre o multilocular. O tecido adiposo unilocular constitui praticamente todo o tecido adiposo
do adulto. Ocorre subjacente à pele, na hipoderme, onde evita a perda excessiva de calor (isolamento
térmico) e forma coxins de apoio, especialmente na palma das mãos, na planta dos pés e nas nádegas,
na cavidade abdominal (especialmente em estruturas denominadas epiplons e em torno de órgãos desta
cavidade), nas camadas profundas da pele (camada subcutânea), na parte posterior dos globos oculares.
Além de reservatório energético e servir como coxins de apoio o tecido adiposo unilocular serve para
preenchimento de locais entre órgãos e sustentação de órgãos. Há diferenças sexuais na distribuição de
tecido adiposo unilocular. 

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É importante ressaltar que o tecido adiposo ainda pode secretar um hormônio, a leptina, este atua
regulando a ingestão alimentar, sendo, portanto, um hormônio bem envolvido na patologia da obesidade.

Você deve ter ficado curioso com essa informação, não é? Recomendo então, que você
faça a leitura do artigo encontrado no link, este texto ajudará muito na compreensão
desse hormônio, além de um novo olhar para a obesidade.

Talvez, esse seja um assunto que desperte bastante curiosidade, você pode encontrar ainda muitos arti-
gos disponíveis sobre o tema e entender bem o papel do tecido adiposo e da leptina no organismo.

Figura 13: Tecido adiposo unilocular. Observe a gotícula única de lipídios e o núcleo na periferia das células
(Fonte: http://www.icb.usp.br/mol/5-3-adiposo-uni.html)

Tecido adiposo multilocular: Quando comparamos o tecido adiposo multilocular é observado a presença
de várias gotículas lipídicas. Além disso, são células menores que as do tecido adiposo unilocular, medin-
do até 60µm. São geralmente poligonais, com núcleo central, muitas mitocôndrias e pequenas gotículas
de lipídios.
A cor parda ou castanha desse tecido, quando observado macroscopicamente, é dada pela rica vasculari-
zação e pelos citocromos das mitocôndrias. O tecido adiposo multilocular é especializado na produção de
calor (termogênese sem tremores). Ele é mobilizado se o indivíduo é exposto ao frio.
Mas, como esse tecido realiza essa função? Os Receptores sensoriais presentes na pele enviam sinais ao
centro cerebral de regulação da temperatura, que, por sua vez, envia impulsos nervosos a essas células
adiposas. O neurotransmissor noradrenalina ativa a enzima que quebra os triglicerídeos, e a oxidação dos
ácidos graxos ocorre nas mitocôndrias. Porém, nesse tecido adiposo, a membrana interna das mitocôn-
drias possui poros transportadores de prótons, as termogeninas, que permitem o fluxo dos prótons acu-
mulados no espaço intermembranoso durante o transporte de elétrons para a matriz, dissipando a energia
potencial como calor. O sangue contido na rede capilar do tecido é aquecido, e o calor é distribuído pelo
corpo. Dessa forma, dizemos que o tecido adiposo multilocular é responsável pela produção de calor,
graças à presença da enzima termogeninas na membrana mitocondrial interna das suas mitocôndrias.

Assim como falamos da nutrição dos tecidos já estudados, preciso comentar também sobre o processo
de nutrição do tecido adiposo. Compreenda então que vasos sanguíneos e nervos penetram em ambos os
tipos de tecido adiposo através de septos de tecido conjuntivo frouxo. Porém, no tecido adiposo unilocular,
as fibras nervosas terminam na parede dos vasos sanguíneos e, no tecido adiposo multilocular, junto aos
vasos sanguíneos e às células adiposas.

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síntese da unidade

Nesta unidade, você estudou o tecido conjuntivo, estudando as principais características do tecido e suas
inúmeras funções no organismo. Começamos a unidade vendo os principais componentes desse tecido,
como as células, as fibras e a substância fundamental. Destrinchamos a função que cada célula do tecido
conjuntivo exerce no organismo, desde fibroblasto até as células adiposas.
Espero que você tenha compreendido a variedade celular desse tecido. Em seguida, vimos que de acordo
com o tipo celular mais abundante, o tipo de fibra ou a abundância da substância fundamental, temos
que o tecido conjuntivo pode ser dividido em tecido conjuntivo propriamente dito e tecido conjuntivos
especiais.
Por fim, vimos as principais características e funções de cada tipo de tecido. Após, toda essa abordagem,
recomendo a você, caro aluno, que exerça os conteúdos abordados, para isso, realize as atividades pro-
postas, bem como, tire suas dúvidas com os tutores.

Mãos à obra e bons estudos!

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