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Manual - Ufcd 3536 - Velhice - Ciclo Vital e Aspetos Sociais
Manual - Ufcd 3536 - Velhice - Ciclo Vital e Aspetos Sociais
| M a n u a l d e F o rma ç ã o
“Uma bela velhice é, comummente,
recompensa de uma bela vida”
(Pitágoras)
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Índice
Princípios Fundamentais
Referências Bibliográficas
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Princípios Fundamentais
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65 ou mais anos de idade. Dentro deste mesmo grupo acentua-se o envelhecimento das
pessoas com idade igual ou superior a 75 anos que em 1960 era de 2,7% e passou em 2001
para 6,7% do total da população. A população com idade igual ou superior a 85 anos aumentou
de 0,4% para 1,5% entre 1960 e 2001. Os indivíduos com 100 anos eram cerca de um milhar
com maior longevidade nas mulheres. ―Assiste-se assim, ao fenómeno do envelhecimento da
própria população idosa‖ (INE, 2002: 11). A esperança média de vida aumentou, no mesmo
período, cerca de 11 anos para os homens e cerca de 13 para as mulheres. O declínio do índice
de dependência de jovens, que desceu de 59 em 1960 para 48 em 2001, implicará o declínio da
própria população em idade ativa nos próximos anos. As preocupações crescentes que o
fenómeno de envelhecimento revela levaram a que a Assembleia Geral das Nações Unidas
convoca-se a II Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento, para 2002, no sentido de se
equacionar um plano internacional para o envelhecimento numa perspetiva estratégica de
longo prazo.
A tarefa sociológica de análise de um problema social é a de recensear os espaços, os
tempos e os contextos em que foram elaboradas as políticas que o suportam, a que estão
associadas as características profissionais dos especialistas e as representações sociais
construídas em torno da sua especialização.
Os primeiros discursos de carácter científico sobre a velhice vêm da medicina e deram
lugar à emergência das disciplinas de gerontologia e geriatria em que predomina o modelo
patológico. Também no domínio da política social as pesquisas sobre a velhice têm incidido,
essencialmente, na perspetiva do grupo como problema social, encarado em função das suas
possibilidades e direitos providenciados. Assim, conjuntamente, a ciência médica e a política
vieram a categorizar as ‗pessoas de idade, como grupo dependente, separado e diferente do
resto da sociedade, ou seja, na perspetiva funcional do desvio. Neste contexto social, os valores
considerados na temática do envelhecimento, passam a derivar de uma análise sobre a
existência real que leva a pessoa a confrontar-se com a ambiguidade entre a ideia de
continuidade associada à vida e a ideia de rutura associada à morte que surge como o culminar
do processo de envelhecimento. Essa dualidade tem influência na preponderância assumida
pela dicotomia da relação entre dependência e autonomia. A análise da velhice é, assim,
orientada pela premissa enviesada do princípio de que as ‗pessoas de idade, têm debilidades
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que as tornam dependentes de terceiros. Anne-Marie Guillemard (1988) sublinha que o Estado,
quando dispõe de fraca margem de autonomia e manobra perante a ordem das relações
sociais, inflete o curso da sua ação a favor das forças sociais que têm a dominância na
sociedade.
O sistema de proteção social foi definido como universal e a redistribuição de benefícios
concretizada na prestação de serviços burocráticos despersonalizados. Esses benefícios são
‖benevolentemente repressivos‖ e concebidos para dar resposta à crescente atomização da
vida social (Santos, 1999b). A relação estabelecida passa a ser entre os detentores de direitos e
os agentes socialmente mandatados para classificar as pessoas nas categorias jurídicas que lhes
correspondem. Como diz Sara Arber e Jay Ginn (1991), as ‗pessoas de idade‘ são vistas como
um grupo de pessoas ‗parasitas‘ do Estado. Como forma extrema desta imagem sucedeu a
relação de desequilíbrio entre trabalhadores e pensionistas em que os primeiros são vistos
como os únicos que produzem rendimento e pagam impostos para sustentar as reformas dos
pensionistas. Querer atribuir ‗uma identidade às pessoas que a sociedade moderna categoriza
como ‗velhas é violentar a sua inserção social, construída, reconstruída e protagonizada em
trajetórias individuais. As ‗pessoas de idade devem ser olhadas pela sua diversidade. Estamos
perante o que Ruano-Borbalan (1998) designa por ―o paradoxo da identidade‖,
simultaneamente, idêntico e distinto.
Analisar a velhice das pessoas enquanto objeto de estudo implica perceber a sua
conceção e como ela se constituiu em problema social. A definição de problema social envolve
quatro dimensões associadas a um trabalho de reconhecimento, legitimação, pressão e
expressão (Lenoir, 1998). Ao problema social estão inerentes, também, formas de pressão
protagonizadas e legitimadas por grupos de interesses que se assumem como representantes
das pessoas que comungam um mesmo problema.
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Envelhecimento / Distintas Áreas
Geriatria é a especialidade médica que trata de doença de idoso ou de doentes idosos, mas
também se preocupa em prolongar a vida com saúde. Ao longo da vida a capacidade funcional
vai reduzindo e na terceira idade é importante manter a independência e prevenir
incapacidades, assim garantindo uma boa qualidade de vida. O processo natural do
envelhecimento associado as doenças crônicas e a hábitos de vida inadequados são os
responsáveis pela limitação do idoso. Nesta fase é importante focar sempre na prevenção, pois
até o idoso aparentemente saudável requer cuidados.
Objetivos da Geriatria:
Manter a saúde em idades avançadas.
Manter a funcionalidade.
Prevenir doenças.
Detetar e tratar precocemente as doenças.
Manter o máximo grau de independência do idoso.
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Gerontologia
Antes de mais nada, é preciso esclarecer que esta especialidade não está ligada somente
à área da saúde, pelo contrário, está aberta a todas as áreas.
O profissional desta área está apto a contribuir para que o envelhecimento seja um
processo saudável, bem-sucedido, assistido e cuidado. Inclusive orientando a família e a
sociedade sobre como lidar com o seu idoso, fazendo intervenções e combatendo
preconceitos.
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1) Velhice – Ciclo Vital
Velhice e tarefas do desenvolvimento psicológico
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Teorias do Envelhecimento Psicossocial
Algumas teorias psicossociais tentam explicar o processo do envelhecimento. e o
impacto social desse novo perfil populacional e a relação recíproca do impacto desta sociedade
no idoso pertencente a ela. São elas:
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Esquema de Desenvolvimento de Eric Erickson
Durante o primeiro ano de vida a criança é substancialmente
dependente das pessoas que cuidam dela, requerendo cuidado
Confiança X quanto à alimentação, higiene, locomoção, aprendizado de palavras
Desconfiança e seus significados, bem como estimulação para perceber que existe
(até um ano de idade) um mundo em movimento ao seu redor. O amadurecimento
ocorrerá de forma equilibrada se a criança sentir que tem segurança
e afeto, adquirindo confiança nas pessoas e no mundo.
Neste período a criança passa a ter controle de suas necessidades
fisiológicas e responder por sua higiene pessoal, o que dá a ela
Autonomia X grande autonomia, confiança e liberdade para tentar novas coisas
Vergonha e Dúvida sem medo de errar. Se, no entanto, for criticada ou ridicularizada
(segundo e terceiro ano) desenvolverá vergonha e dúvida quanto a sua capacidade de ser
autônoma, provocando uma volta ao estágio anterior, ou seja, a
dependência.
Durante este período a criança passa a perceber as diferenças
sexuais, os papéis desempenhados por mulheres e homens na sua
cultura (conflito edipiano para Freud) entendendo de forma
Iniciativa X Culpa
diferente o mundo que a cerca. Se a sua curiosidade ―sexual‖ e
(quarto e quinto ano)
intelectual, natural, for reprimida e castigada poderá desenvolver
sentimento de culpa e diminuir sua iniciativa de explorar novas
situações ou de buscar novos conhecimentos.
Neste período a criança está sendo alfabetizada e frequentando a
escola, o que propicia o convívio com pessoas que não são seus
familiares, o que exigirá maior sociabilização, trabalho em conjunto,
Construtividade X
cooperatividade, e outras habilidades necessárias. Caso tenha
Inferioridade
dificuldades o próprio grupo irá criticá-la, passando a viver a
(dos 6 aos 11 anos)
inferioridade em vez da construtividade.
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O quinto estágio ganha contornos diferentes devido à crise
Identidade X Confusão psicossocial que nele acontece, ou seja, Identidade Versus Confusão.
de Papéis Neste contexto o termo crise não possui uma aceção dramática, por
(dos 12 aos 18 anos) tratar-se de a algo pontual e localizado com pólos positivos e
negativos.
Nesse momento o interesse, além de profissional, gravita em torno
Intimidade X da construção de relações profundas e duradouras, podendo
Isolamento vivenciar momentos de grande intimidade e entrega afetiva. Caso
(jovem adulto) ocorra uma deceção a tendência será o isolamento temporário ou
duradouro.
Produtividade X Pode aparecer uma dedicação à sociedade à sua volta e realização de
Estagnação valiosas contribuições, ou grande preocupação com o conforto físico
(meia idade) e material.
Se o envelhecimento ocorre com sentimento de produtividade e
valorização do que foi vivido, sem arrependimentos e lamentações
Integridade X
sobre oportunidades perdidas ou erros cometidos haverá
Desesperança
integridade e ganhos, do contrário, um sentimento de tempo
(velhice)
perdido e a impossibilidade de começar de novo trará tristeza e
desesperança.
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• Buhler – Teoria do Desenvolvimento
Buhler propôs que as pessoas desenvolvem através de sua vida útil, e que o
desenvolvimento idade (amadurecimento) é muito mais significativo do que
psicologicamente "idade mental" ou "quociente de inteligência", Segundo ela,
essencialmente saudável que as pessoas enfrentam desafios de forma contínua ao longo da
vida. Eles tentam integrar quatro tendências básicas, que incluem:
o Precisa de uma satisfação (por amor, sexo, ego e reconhecimento),
o Fazer-se auto-limitante adaptações (por encaixar, pertencer, e permanecendo
seguro),
o Mover-se em direção a expansão criativa (através da autoexpressão e
realizações criativas),
o Defender e restaurar a ordem interna (por ser fiel à própria consciência e
valores).
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• Do jovem adulto à meia-idade
O início da idade adulta varia de um indivíduo para o outro e uma passagem adequada
para essa fase depende da resolução satisfatória das crises da infância e da adolescência. É um
período de grandes mudanças, no qual a pessoa adquire total maturidade e apresenta o
máximo em seu potencial para a satisfação pessoal. A pessoa deve ser capaz de mudar sempre
para atender às exigências das situações.
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o Casamento e seus ajustamentos: O relacionamento conjugal está associado à saúde e à
qualidade de vida, principalmente nos anos de maturidade e velhice, embora o facto de um
casamento durar não significa necessariamente que o mesmo é satisfatório para os conjugues.
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As décadas que constituem a meia-idade podem vir a confirmar, ou não, os progressos
profissionais, a estabilização das relações afetivas de modo geral e especialmente a conjugal.
Similarmente, o indivíduo é levado a fazer considerações a respeito das conquistas impetradas
na esfera cívica e socioeconômica da vida.
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As teorias que abrangem o desenvolvimento adulto pressupõem que há regularidades
no ciclo da vida, onde se processam mudanças e que se trata de adaptações cumulativas a
eventos biológicos, psicológicos e sociais (ERBOLATO, 2001). Porém, sabemos que as pessoas
não envelhecem todas da mesma maneira. A par dos fatores genéticos que determinam muito
do processo, há que realçar que não é igual envelhecer no feminino ou no masculino, sozinho
ou no seio da família, casado, solteiro, viúvo ou divorciado, com filhos ou sem filhos, no meio
urbano ou no meio rural, na faixa do mar ou na intelectualidade das profissões culturais, no seu
país de origem ou no estrangeiro, ativo ou inativo (Ministério da Saúde, 1998).
O envelhecimento diferencial envolve preferencialmente os órgãos efectores e resulta
de processos intrínsecos que se manifestam a nível dos órgãos, tecidos e células:
Seja qual for o mecanismo e o tempo de envelhecimento celular, este não atinge
simultaneamente todas as células e, consequentemente, todos os tecidos, órgãos e sistemas.
Cada sistema tem o seu tempo de envelhecimento, mas sem a interferência dos fatores
ambientais há alterações que se dão mais cedo e se tornam mais evidentes quando o
organismo é agredido pela doença.
Diz Ermida (1999), que a "diminuição de função renal em cerca de 50% aos 80 anos -
condiciona a farmacoterapia dos idosos", "as alterações orgânicas a nível das mucosas
digestivas, são determinante frequente de problemas nutricionais"; "as alterações a nível de
arquitetura dos ossos, a dismetabolia cálcica, propiciam fraturas frequentes"; a "diminuição da
água intracelular (perda de 10 a 15% aos 80 anos) torna o idoso extremamente sensível aos
desequilíbrios hidroelectrolíticos"; e o "aumento da massa gorda favorece a obesidade com
todo o seu cortejo de consequências".
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A nível do sistema nervoso, existe fundamentalmente perda de neurónios substituídos
por tecido glial, a diminuição do débito sanguíneo, com consequente diminuição da extração da
glicose e do transporte do oxigénio e a diminuição de neuro modeladores que condicionam
processos mentais, alterações da memória, da atenção, da concentração, da inteligência e
pensamento.
Para além de tudo isto, temos ainda a considerar as diminuições orgânicas e funcionais,
que originam significativas alterações na forma e na composição corporal com o decorrer dos
anos. Talvez as condições mais relevantes a ter em consideração para a sobrevivência do idoso
e para a sua qualidade de vida sejam, no entanto, a diminuição da sua reserva fisiológica e a
consequente dificuldade na reposição do seu equilíbrio homeostático quando alterado.
As modificações fisiológicas que se produzem no decurso do envelhecimento resultam
de interações complexas entre os vários fatores intrínsecos e extrínsecos e manifestam-se
através de mudanças estruturais e funcionais que se encontram sintetizadas no quadro 1.
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2) Velhice – Aspectos Sociais
• A velhice e a sociedade
Em muitas culturas e civilizações, a velhice é vista com respeito e veneração: representa
a experiência, o valioso saber acumulado ao longo dos anos, a prudência e a reflexão. A
sociedade urbana moderna transformou essa condição, pois a atividade e o ritmo acelerado da
vida marginalizam aqueles que não os acompanham.
Velhice é o último período da evolução natural da vida. Implica um conjunto de
situações -- biológicas e fisiológicas, mas também psicológicas, sociais, económicas e políticas --
que compõem o quotidiano das pessoas que vivem nessa fase.
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o Velhice e envelhecimento: conceitos e análise
Desde o nascimento a vida desenvolve-se de tal forma que a idade cronológica passa a
definir-se pelo tempo que avança. E o tempo fica definido como uma sinonímia para uma
eternidade quantificada, ou seja, uma cota. Desta forma, o homem e o tempo influenciam-se
mutuamente, produzindo profundas mudanças nas subjetividades e diferentes representações
que lhe permitem lidar com a questão temporal (Goldfarb, 1998).
As limitações corporais e a consciência da temporalidade passam a ser problemáticas
fundamentais no processo do envelhecimento humano, e aparecem de forma reiterada no
discurso dos idosos, embora possam adquirir diferentes mudanças e intensidades dependendo
da sua situação social e da própria estrutura psíquica (Goldfarb, 1998). Corpo e tempo
entrecruzam-se no devir do envelhecimento, e como consequência disso, nascerão as diversas
velhices e suas consequentes múltiplas representações. Entretanto, se cada pessoa tem a sua
velhice singular, as velhices passam a ser incontáveis e a definição do próprio termo torna-se
um impasse.
Afinal, uma pessoa é tão velha, tendo como referencial algum tipo de declínio orgânico,
ou são as maneiras pelas quais as outras pessoas passam a encará-las que as confinam num
reduto denominado Terceira Idade?
E quando uma pessoa se torna velha?
Há uma idade ou um intervalo específico para a Terceira Idade?
Não é preciso ir muito longe para constatar que o que se percebe, então, é a
impossibilidade de se estabelecer uma definição ampla e aceitável em relação ao
envelhecimento (Veras, 1994). Percebe-se atualmente que os nossos referenciais sobre a
terceira idade e tudo o que se supunha saber é insuficiente para definir o que se atualmente
concebe como terceira idade/envelhecimento/velhice. A característica principal da velhice é o
declínio, geralmente físico, que leva as alterações sociais e psicológicas. Os teóricos classificam
tal declínio de duas maneiras: a senescência e a senilidade.
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A senescência é um fenómeno fisiológico e universal, arbitrariamente identificada
pela idade cronológica, pode ser considerada um envelhecimento sadio, onde o declínio físico e
mental é lento, e compensado, de certa forma, pelo organismo (Pikunas, 1979).
A senilidade caracteriza-se pelo declínio físico associado à desorganização mental
(Pikunas, 1979). Curiosamente, a senilidade não é exclusiva da idade avançada, mas pode
ocorrer prematuramente, pois, identifica-se com uma perda considerável do funcionamento
físico e cognitivo, observável pelas alterações na coordenação motora, a alta irritabilidade,
além de uma considerável perda de memória.
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O estereótipo é ―uma representação social sobre os traços típicos de um grupo,
categoria ou classe social (Ayesteran e Pãez, 1987) e caracteriza-se por ser um modelo lógico
para resolver uma contradição da vida quotidiana, e serve sobretudo para dominar o real. No
entanto, também contribui para o não reconhecimento da unicidade do indivíduo, a não
reciprocidade, a não duplicidade, o despotismo em determinadas situações.
A literatura científica sobre os estereótipos é prolixa, pelo facto de se tratar de um
conceito multi-unívoco – construtor categorial, generalizador, estável e definidor de um grupo
social. Contudo, existem múltiplos defensores dos quais destacamos Walter Lippmann (cit. por
Castro et al, 1999) que entende os estereótipos como pré-concepções rígidas, mais ou menos
falsas e irracionais.
Socialmente, e no caso dos idosos, a valorização dos estereótipos projecta sobre a
velhice uma representação social gerontofóbica e contribui para a imagem que estes têm se si
próprios, bem como das condições e circunstâncias que envolvem a velhice, pela perturbação
que causam uma vez que negam o processo de desenvolvimento.
O ―Ancianismo‖ como conceito gerontológico, define-se como o ―processo de
estereotipia e de discriminação sistemática, contra as pessoas porque são velhas‖ (Staab e
Hodges, 1998).
Este problema surge, quando o fenómeno de envelhecer é considerado prejudicial, de
menor utilidade ou associado à incapacidade funcional. A rejeição e rotulagem de um grupo,
em particular de indivíduos, desenvolvesse porque as características individuais com traços
negativos, são atribuídos a todos os indivíduos desse grupo. Assim a palavra ‖velhote‖ descreve
os sentimentos ou preconceitos resultantes de micro-concepções e dos ―mitos‖ acerca dos
idosos. Os preconceitos envolvem geralmente crenças, de que o envelhecimento torna as
pessoas senis, inactivas, fracas e inúteis (Nogueira, 1996).
No ―mundo civilizado‖ de hoje, a velhice é tida como uma doença incurável, como um
declínio inevitável, que está votado ao fracasso. Esta postura social atingiu tal dimensão, que
Louise Berger (1995) chega mesmo a afirmar, que abundam hoje ―ideias feitas e preconceitos
relativamente à velhice. Os ―velhos‖ de hoje os ―gastos‖ os ―enrugados‖ cometeram a
asneira de envelhecer numa cultura que deifica a juventude‖.
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De facto, as atitudes negativas face aos idosos existem em todos os níveis sociais:
intervenientes, beneficiários, governantes etc. Assim, perante esta diversidade de conceitos
somos levados a questionar o que se entende por mitos, estereótipos, crenças e atitudes?
No sentido de clarificar e uniformizar estas questões e baseados nos pressupostos
teóricos defendidos por Berger, 1995; Santos, 1995; Nogueira, 1996 e Dinis, 1997; Castro et al,
1999, passaremos a apresentar as seguintes conceptualizações.
Atitude, é um conjunto de juízos que se desenvolvem a partir das nossas experiências e
da informação que possuímos das pessoas ou grupos. Pode ser favorável ou desfavorável, e
embora não seja uma intenção pode influenciar comportamentos.
Crença, é um conjunto de informações sobre um assunto ou pessoas, determinante das
nossas intenções e comportamentos, formando-se a partir das informações que recebemos.
Por exemplo: a ―ideia‖ de que todos os idosos são sensatos e dóceis e nunca se zangam.
Estereótipo, é uma imagem mental muito simplificada de alguma categoria de pessoas,
instituições ou acontecimentos que é partilhada, nas suas características essenciais por um
grande número de pessoas (Castro, 1999); dito de outra forma é um ―chavão‖, uma opinião
feita, uma fórmula banal desprovida de qualquer originalidade, ou seja é uma ―generalização‖
e simplificação de crenças acerca de um grupo de pessoas ou de objectos, podendo ser de
natureza positiva ou negativa.
O estereótipo positivo, é aquele em que se atribuem características positivas a todos os
objectos ou pessoas de uma categoria particular, por exemplo, ―todos os idosos são
prudentes‖.
Contrariamente, um estereótipo negativo, atribui características negativas a todos os
objectos ou pessoas de uma determinada categoria, de que é exemplo ―todos os idosos são
senis‖.
Um estudo realizado na Université de Montreal por Champagne e Frennet (cit. por
DINIS, 1997), permitiu identificar catorze estereótipos como os mais frequentes relativos aos
idosos e que passamos a descrever:
* Os idosos não são sociáveis e não gostam de se reunir;
* Divertem-se e gostam de rir;
* Temem o futuro;
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* Gostam de jogar às cartas e outros jogos;
* Gostam de conversar e contar as suas recordações;
* Gostam do apoio dos filhos;
* São pessoas doentes que tomam muita medicação;
* Fazem raciocínios senis;
* Não se preocupam com a sua aparência;
* São muito religiosos e praticantes;
* São muito sensíveis e inseguros;
* Não se interessam pela sexualidade;
* São frágeis para fazer exercício físico;
* São na grande maioria pobres.
A análise destes resultados permite-nos observar que a maioria destes estereótipos está
ligada não a características específicas do envelhecimento, mas sim a traços da personalidade e
a fatores socioeconómicos. E, se por um lado, a formação de estereótipos simplifica a
realidade, por outro, Hipe simplificam-na, levando muitas vezes a uma ignorância acerca das
características, minimizando as diferenças individuais entre os membros de um determinado
grupo. É disso, exemplo, o estereótipo de que ―todos os idosos são solitários‖. Este, não tem
em consideração os idosos que têm uma vida social ativa. Ainda com base neste estereótipo, os
idosos ativos socialmente, são considerados, muitas vezes, como tendo um comportamento
social atípico, pelo que se enquadram numa exceção.
De facto, o mito é ―uma construção do espírito que não se baseia na realidade‖ e por
isso constitui uma representação simbólica. Pode ser também um conjunto de expressões
feitas ou eufemismos, que mantemos relativamente aos idosos, por exemplo: ―ela tem um ar
jovem para a idade‖, ―idade de ouro‖, etc…
Numa análise mais profunda percebemos que os mitos escondem muitas vezes uma
certa hostilidade e quando utilizados em excesso, impedem o estabelecimento de contactos
verdadeiros com os idosos.
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O que importa realçar neste estudo acerca dos ―mitos‖ e dos ―estereótipos‖ é o facto
de estes estarem muitas vezes ligados ao desconhecimento do processo de envelhecimento, e
poderem influenciar a forma como os indivíduos interagem com a pessoa idosa.
Por outro lado são causa de enorme perturbação nos idosos, uma vez que negam o seu
processo de crescimento e os impedem de reconhecer as suas potencialidades, de procurar
soluções precisas para os seus problemas e de encontrar medidas adequadas.
O termo ―terceira idade‖ por exemplo, é um rótulo socioeconómico que permite
muitas vezes que o Homem entre nela pela porta da psicopatologia, que é a ciência que se
ocupa da relação perturbada (Gyll, 1998). Estas imagens mentais simplificadas e estereotipadas
sobre os idosos são usadas e compartilhadas atualmente em todos os níveis e grupos sociais.
Esta visão global e generalizada, que caracteriza os estereótipos gerontológicos pouco
críticos e frequentemente carentes de objetividade, distorce a realidade. Investigações diversas
sobre esta temática têm demonstrado que a distorção causada pelos estereótipos ―cegam‖ os
indivíduos, impedindo-os de se precaverem das diferenças que existem entre os vários
membros, não lhe reconhecendo deste modo qualquer virtude, objeto ou qualidade.
• Representações da Morte
A velhice é uma etapa da evolução humana. Nascer, crescer, desenvolver e morrer são
processos naturais que fazem parte do ser humano. Entretanto, há outros factores que
contribuem para a compreensão do homem e de sua existência.
A complexidade da existência humana pode ser vista por diversas vertentes, por
diversos olhares e saberes. É comum que algumas ciências, mantenham uma visão de homem
dicotomizada, uma visão que se afunila apenas naquela característica específica sem perceber
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o indivíduo como um todo, como um ser integral, um ser que é sim biológico, mas também é
um ser psicológico, é um ser social.
A velhice, na história, sempre ocupou dois papéis antagónicos, ou representações
sociais: ou referia-se à imagem do fim, da morte, do mal e da perda, ou da sabedoria, do
conhecimento e do respeito. No entanto, trata-se de um facto natural da vida, tão certo quanto
o fim, ao qual todos estamos ―destinados‖. Se, como dizem os matemáticos, a soma dos
fatores não altera o resultado do produto, assim também a meia-idade e a velhice, vividas por
cada indivíduo, com sua singularidade, são a premissa do fim que se aproxima e que é
inevitável a todos – a morte.
Envelhecer por si só já é um processo que implica em perdas que tornam o ser idoso
estigmatizado em total dependência e velada incompetência de decidir suas próprias coisas. O
amparo e olhar para esses idosos se tornam essenciais. A velhice traz consigo, então, a
perspetiva de morte.
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solidariedades interrelacionais e as políticas sociais debatem-se com este desafio, procurando
encontrar as melhores soluções e as respostas mais adequadas à diversidade dos problemas.
Nos dias que correm é impreterível refletir, de modo mais insistente, sobre os impactes
do envelhecimento demográfico das populações e sobre as profundas mudanças que,
simultaneamente, têm vindo a ocorrer nas sociedades industriais modernas, como é a nossa.
Estas têm sido de tal forma rápidas e, em muitos casos, inesperadas, que necessitamos de
permanente pesquisa e discussão. O debate — profícua fonte de inspiração — é, neste caso,
essencial, na medida em que estudiosos e políticos se confrontam, muitas vezes, com
diferentes modos de explicação do mundo. Os primeiros procuram interpretar os factos a partir
de causas gerais sem nunca se misturarem com os assuntos em questão. Os segundos, que
vivem por entre o descosido dos factos jornalísticos e a parcialidade dos acontecimentos em
que estão envolvidos, tendem, geralmente, a reduzir a explicação global à singularidade da
parcela do conhecimento que detêm. A definição de políticas de velhice, a partir de uma
formulação mais rigorosa e objetiva dos problemas do envelhecimento e da análise exaustiva
da diversidade de realidades sociais, poderá proporcionar as correções necessárias para que as
futuras gerações de idosos possam vir a viver melhor do que as que as antecederam. O
problema social que representa a velhice nas sociedades modernas é um exemplo
paradigmático da forma como certas perspetivas, científicas e não científicas, podem contribuir
para o deformar através da difusão de ideias e representações já construídas do que é a
velhice. As "pessoas idosas" — enquanto estereótipo socialmente produzido e facilmente
reconhecível — enquadram uma categoria de indivíduos, cujas propriedades, relativamente
homogéneas, são normalmente identificadas com isolamento, solidão, doença, pobreza e
mesmo exclusão social. Nesta perspetiva comum, as pessoas idosas são consideradas como
indivíduos isolados, permanecendo oculta a dimensão familiar da identidade, da existência. A
lógica repousa na perceção da pessoa idosa enquanto agente de ação social apartado dos laços
sociais inerentes à instituição familiar a que pertence e no quadro das relações tradicionais de
amizade e de vizinhança. Esta avaliação, que decorre da posição que os agentes sociais ocupam
relativamente às situações problemáticas — porque existem situações problemáticas de
isolamento, solidão, doença e carências afetivas e materiais —, impõe-se com maior
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visibilidade social e, desse modo, adquire as condições para se apresentar como propriedade
comum e dominante da categoria dos indivíduos denominados idosos.
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Estamos perante transformações estruturais que, quando associadas às mudanças de
comportamento face à nupcialidade e à família, conduzem a configurações familiares bem
distintas das que encontramos no passado. As trajetórias de vida mais longas e as perturbações
das idades da vida afetam não só as consciências individuais como o modo como os indivíduos
se relacionam na teia das relações estritas do seio familiar. As idades e os ciclos de vida sofrem
perturbações que põem em causa o nosso conhecimento construído e a forma como ele
interfere nas estratégias individuais e coletivas face à velhice e ao envelhecimento.
No cenário de envelhecimento futuro, é importante que as instâncias produtoras de
políticas sociais se preparem para as transformações que começaram a ter lugar. Os apoios de
tipo social que têm marcado as políticas na maior parte dos países em que foram
implementadas, como os centros de dia e os apoios domiciliários, poderão deixar de ser a
orientação essencial das políticas nas futuras gerações de idosos. A velhice dependente vai ser
o grande desafio já no início do milénio. Em contrapartida, as próximas gerações virão mais
bem munidas para responder às dificuldades materiais e culturais, com maior sentido de
autonomia e uma mais poderosa consciência de cidadania, promotora de maior capacidade de
resolução dos problemas individuais e mesmo coletivos.
As políticas sociais vão ainda deparar-se com as dificuldades de gestão social do não
trabalho, transferindo para outras áreas alguns dos problemas que eram atribuídos apenas aos
idosos.
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ajustadas para envelhecer são, autónomo, ativo e plenamente integrado. A não se fazerem
reformas radicais, teremos em mãos uma bomba relógio a explodir em qualquer altura‖.
No final do século XX e início do século XXI a sociedade mundial deparasse com uma
configuração sócio etária: o envelhecimento populacional. A ONU estipulou de 1975 – 2025
como a Era do Envelhecimento (50 anos). A velhice tem sempre acompanhado a humanidade
como uma etapa inevitável de decadência e declinação. A palavra velhice é carregada de
significados como inquietude, fragilidade, angústia. O envelhecimento é um processo que está
rodeado de muitas conceções falsas, temores, crenças e mitos. A imagem que se tem da velhice
mediante diversas fontes históricas, varia de cultura em cultura, de tempo em tempo e de lugar
em lugar. Esta imagem reafirma que não existe uma conceção única ou definitiva da velhice,
mas sim conceções incertas, opostas e variadas através da história.
O pensamento científico que caracterizou os séculos XVI e XVII introduziu novas formas
de pensar que enfatizavam a observação, experimentação e verificação, podendo-se então,
descobrir as causas da velhice mediante um estudo sintomático. Ainda assim prevalecia a
ambivalência em relação à velhice. Durante os séculos XVII e XVIII foram feitos muitos avanços
no campo da fisiologia, anatomia, patologia. As transformações que ocorreram na Europa nos
séculos XVIII e XIX refletiram em uma mudança na população anciã. O número de pessoas em
idade avançada aumentou e os avanços da ciência permitiram descartar vários mitos acerca da
velhice. Contudo, a situação dos velhos não melhorou. O surgimento da Revolução Industrial e
do urbanismo foram derradeiros para os anciões que, sem poder trabalhar, foram reduzidos à
miséria.
No final do século XIX os avanços da medicina propiciaram a divisão de velhice e
enfermidade e nos finais do Século XX surgem a Gerontologia e a Geriatria como disciplinas
formais. O que se percebe são ciclos que ocorrem ao longo da história. Períodos em que os
idosos são valorizados são seguidos por crises entre jovens e velhos e posterior desvalorização
do ancião. Hoje, para uma parcela economicamente ativa da população idosa, existe um
movimento de valorização, pois esta população está impulsionando mercados como o de
turismo e serviços para a terceira idade. Os meios de comunicação, da forma como estão hoje
inseridos em nossa vida, também têm um papel importante na construção desta terceira idade.
A televisão e o cinema, particularmente, possuem um grande potencial para influenciar nos
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conceitos acerca da velhice. As parcelas da população mais influenciáveis são as crianças e
jovens. Estes meios funcionam como um espelho da sociedade e contribuem para estabelecer
ou validar modelos de comportamento. Porém o número de pessoas idosas que aparecem nos
programas ou filmes não corresponde a realidade encontrada na sociedade. Neste caso a
mensagem que pode estar sendo passada é de que o velho não é importante. Os estereótipos
negativos também são muito explorados.
No início da década de 90 ocorreu uma leve mudança na visão negativa da velhice em
programas e filmes como ―Assassinato por escrito‖, ―Cocoon‖ e ―Conduzindo miss Daisy‖ e o
surgimento de idosos como mercado consumidor pode ainda alterar mais este quadro. A
imagem passada pelos meios de comunicação afeta também a autoestima dos idosos. A
validação social é crucial para o desenvolvimento de todas as pessoas e os anciões não são
diferentes. É, então, necessária uma consciencialização da importância desses meios na
constituição da velhice. Assim podemos começar a mudar a visão que nossa sociedade possui
do que é ser velho atualmente.
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3) Velhice – Socialização e Papéis Sociais
• Aspetos sociais da velhice
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indivíduos se aposentando perto dos 60 anos de idade e iniciando um novo ciclo de vida
que perdurará por mais de 30 ou 40 anos‖.
A velhice apresenta múltiplas faces, e não pode ser analisada desvinculada dos
aspectos socioeconómicos e culturais, pois as suas características extrapolam as
evidentes alterações físicas e fisiológicas individuais.
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Inclusão e proteção social estão intrinsecamente relacionadas aos direitos
sociais. Os direitos estabelecidos no Estatuto do Idoso que indicam e fortalecem a
inclusão social do idoso são:
• 1º Direito à vida: viver com dignidade, com acesso aos bens e serviços
socialmente produzidos;
• 2º Direito à informação: ter conhecimento, trocar ideias, perguntar,
questionar, compreender. A informação caminha por dois níveis que se complementam:
o primeiro refere-se à vida quotidiana e o segundo refere-se à garantia dos direitos –
como funcionam os serviços prestados por meio da política social, como funciona a rede
de atendimento social, a gestão pública, como o poder público emprega o dinheiro na
área do envelhecimento.
• 3º Direito à vida familiar, à convivência social e comunitária: receber apoio e
apoiar a família, preservar laços e vínculos familiares, trocar experiência de vida; receber
suporte social, psicológico e emocional.
• 4º Direito ao respeito: às diferenças, às limitações, ao modo de entender o
mundo, ao modo de viver neste mundo.
• 5º Direito à preservação da autonomia: ter preservada a capacidade de
realizar algumas tarefas sozinho ou com auxílio; ter preservada a privacidade; ter
preservada a capacidade de realizar as atividades de vida diária e de vida prática.
• 6º Direito de cessar serviços que garantam condições de vida: acesso aos
serviços de saúde, educação, moradia, lazer, entre outros.
• 7º Direito de participar, opinar e decidir sobre sua própria vida: conhecer e
participar de atividades recreativas e de convivência.
A gestão da velhice – que segundo Debert (1999, p. 13-14) por muito tempo foi
considerada como específica da esfera privada e familiar, da previdência individual, ou
de associações filantrópicas –, vem transformando-se numa questão pública, expressa
na legislação específica para os idosos, que expressa (e ao mesmo tempo influencia) o
surgimento de uma nova categoria cultural: ―os idosos, como um conjunto autónomo e
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coerente que impõe outro recorte à geografia social, autorizando a colocação em
prática de modos específicos de gestão.‖
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Com a Reforma ocorre a perda do trabalho, algo ao qual o idoso se dedicou boa
parte da sua vida; além disso, em muitos casos, também existe a diminuição do poder
aquisitivo o que gera mudanças no padrão de vida, nem sempre muito bem aceites; é
comum nesta fase a perda de amigos e parentes, o que leva o idoso a refletir sobre a
chegada da sua própria morte; surgem também as limitações físicas próprias da idade
tais como dificuldades preceptivas, sensoriais e de memória, além da lentidão dos
movimentos, da diminuição da força muscular e da coordenação motora; nesta fase da
vida a própria sociedade, assim como a família, tendem a segregar o idoso, vendo-o
como uma pessoa improdutiva e sem valor. Estes fatores podem levar o idoso a um
quadro de apatia, de inatividade, de desinteresse e desânimo em geral.
É comum, nesta fase da vida, o aparecimento da depressão, o problema mais
comum na terceira idade. Surge em função do idoso não saber lidar ou encarar de forma
positiva estas mudanças que fazem parte da sua vida. A depressão significa, em última
instância, sentir-se sem saída diante de um determinado conflito, problema ou situação,
o que pode gerar muito sofrimento e dor. Pessoas com baixa autoestima, que sempre
veem a si mesmas e o mundo com pessimismo, que são facilmente sobrecarregadas
pelo stress, que não aceitam envelhecer e que não encaram a diminuição da vitalidade
como algo inerente à idade são propensas a apresentar depressão.
Perdas e mudanças fazem parte da vida, a morte vem para todos e chegar à
terceira idade é um fator que pode ser encarado tanto de forma positiva como negativa!
Ao invés de encarar a realidade como ruim, assustadora ou com sofrimento, pode-se
pensar no que fazer para mudá-la ou, na impossibilidade da mudança, de que forma
encarar e aceitar esta realidade sem sofrimento, aceitando-as como um desafio, um
fator de aprendizagem de convivência, de respeito e de aceitação das próprias
limitações.
Aceitar o envelhecimento com naturalidade é o caminho certo, procurando
conviver bem com as limitações e valorizando aquilo que faz parte exclusiva dos idosos:
a larga experiência de toda uma vida que jamais poderia ser deixada de lado e que
deveria ser muito bem aproveitada pelos jovens e pela sociedade de um modo geral.
Chegar à terceira idade não significa apenas o final da jornada de anos de trabalho e de
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missão cumprida em relação à criação dos filhos, mas a entrada em um novo estilo de
vida, algo que pode ser muito bom porque permite a realização de desejos não
satisfeitos ao longo da vida seja por causa do tempo despendido no trabalho, seja
porque haviam outros interesses à frente.
É a fase da vida em que os idosos podem realmente se dar ao "luxo" de
exercerem atividades que lhes tragam apenas prazer, alegria e satisfação, sem a
cobrança de um desempenho (como no trabalho) ou sem a responsabilidade de educar
ou de exercer um bom papel (é hora de serem simplesmente eles mesmos, serem avós
e não mais pais zelosos com a educação, sem precisar mais ―dar o exemplo‖).
Em geral, o idoso mora ou isolado ou com os seus
cuidados informais. Estes, por si só, por causa das suas
próprias obrigações/atividades, não costumam dar a
atenção necessária, muitas vezes não dispondo do seu
tempo para ouvir o idoso, o que o leva a sentir-se num
plano secundário: essa falta de atenção da família pode
levar o idoso à diminuição de sua auto estima e até à
depressão, quando ele não tem atividades sociais que
compensem esta falta de atenção familiar: por isso é
importante que o idoso tenha outras atividades extrafamiliares que lhe tragam prazer,
mantendo ou criando novas amizades e contactos.
É importante que a atividade cerebral do idoso continue a ser estimulada com
leituras ou com quaisquer atividades que possam prender a sua atenção e,
principalmente, manter o contacto com pessoas queridas a maior parte do tempo. O ser
humano é um ser social e o idoso precisa conversar e, principalmente, ser ouvido! Pedir-
lhe, simplesmente, que relate as suas experiências passadas, que conte histórias da
família, que fale sobre aquilo que gosta de falar são maneiras de estimulá-lo e, mais do
que isso, são atividades que lhe trazem muito prazer.
Os idosos adoram se sentir úteis e ficam felizes em poder ajudar ou satisfazer um
desejo/necessidade de um parente ou conhecido! Eles jamais devem ser tratados como
pessoas inválidas, são pessoas que possuem mais limitações inerentes à idade!
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Portanto, deve-se delegar a eles apenas tarefas que possam ser executadas sem
sacrifícios (como cozinhar, se eles gostarem, bordar, fazer um determinado conserto,
etc...). A família e os amigos jamais devem dar a perceber que se sentem incomodados
com a presença do idoso ou que não tem vontade de ajudá-lo, de ouvi-lo, pelo
contrário, devem agir no sentido de permitir, na medida do possível, a manutenção da
autonomia, da independência e da dignidade do idoso.
Como já foi dito, o ser humano é um ser social: o lazer, a distração, a conversa, o
bem-estar e as atividades em grupo são fundamentais para todos, independentemente
da idade.
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O idoso tem sido encarado de formas diferentes ao longo dos tempos e nas
diversas culturas. Por exemplo nas sociedades Orientais é-lhe atribuído um papel de
dirigente pela experiência e sabedoria. Nas sociedades Ocidentais, apesar de ter sido
considerado, até há algum tempo atrás, como um elemento fundamental na sociedade,
pelos seus conhecimentos e valores para as populações mais jovens, actualmente tem
uma imagem e um papel social quase insignificante, sendo a diminuição das suas
capacidades, num contexto de produtividade, um dos factores mais referenciados. Por
outro lado, o idoso, por usufruir de reformas e pensões muito baixas, viver muitas vezes
em habitações degradadas e ter grandes despesas com a saúde, fica numa posição
social muito vulnerável à precariedade económica. O idoso é ainda vulnerável à exclusão
social, pela condição de reformado, sem relação com o trabalho e com os colegas, pela
dificuldade de comunicação com as gerações mais jovens, pelo isolamento em relação à
família, pela perda de autonomia física e funcional e ainda pelas dificuldades da
adaptação às novas tecnologias (Sílvia, 2001).
De facto, para além da privação de meios a que naturalmente os idosos estão
votados, existem tecnologias recentes que ampliam as dificuldades de acesso aos
direitos sociais básicos.
Este quadro agrava-se para alguns idosos ainda mais, pelo facto de terem que
partilhar o seu já reduzido rendimento com familiares a seu cargo (netos, filhos
toxicodependentes, etc…).
Devido à insuficiência de medidas de política social, capazes de garantir
condições económicas mínimas a quem fez a sua vida profissional numa época em que
não se realizavam contratos, nem descontos para a segurança social, configura-se-lhes
um quadro de vida em que a pobreza é o culminar ―inevitável‖ de uma trajetória social
cuja precariedade impediu a acumulação de todo e qualquer tipo de recurso.
Face à panóplia de questões caracterizadoras do idoso na sociedade actual, surge
o debate em torno do envelhecimento e das respostas sociais de apoio às pessoas
idosas.
Assim, em 1999 consagrou-se o Ano Internacional do Idoso, iniciativa
concretizada pelas Nações Unidas, na sequência da Assembleia Mundial sobre o
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envelhecimento de 1982. Esta iniciativa passou então a constituir um marco
fundamental para avaliação das políticas implementadas no âmbito do envelhecimento
da população, bem como das relações de desenvolvimento/envelhecimento.
Segundo Pimentel (2001), a pressão que o envelhecimento populacional causa
nos sistemas de Segurança Social pode ter custos sociais elevados, decorrentes da forma
como o sistema é financiado. A técnica que é utilizada para este fim, segundo Rosa
(1993), baseia-se numa conversão automática das contribuições dos indivíduos activos
em pensões, implicando que haja um equilíbrio entre as quotizações e as prestações. No
entanto, este sistema segundo a mesma autora, tende a originar um mal-estar social e
conduz a um conflito entre gerações com consequências graves para a sociedade, uma
vez que são as gerações mais novas que contribuem para o financiamento das pensões
de velhice, aumentando deste modo as despesas sociais.
Comunga da mesma opinião Roussel (1990), ao referir que, apesar de os idosos
constituírem um grupo social com algum poder e capaz de exercer pressão política e
económica, as outras gerações, sobretudo em épocas de crise, podem não entender os
benefícios dos idosos e considerá-los excessivos.
Posição diferente apresenta Cabrillo & Cachafeiro (1992), ao referirem que a
questão fundamental não se centra na distribuição das despesas públicas, mas sim na
integração social dos idosos, que podem e devem desempenhar uma função activa na
vida social, não constituindo, assim, uma carga para as gerações mais jovens.
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