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16/04/2020 Adiar a vigência da LGPD para 2022 é a solução?

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Adiar a vigência da LGPD para 2022 é a


solução?
 LUCAS CORTIZO  13 DE FEVEREIRO, 2020  ATUALIZADO EM: 13 DE FEVEREIRO, 2020  COMENTE!

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A vigência da LGPD é o tema do Projeto de lei 5.762/2019, apresentado recentemente na Câmara dos Deputados,
cuja ideia é adiar a data da entrada em vigor de dispositivos da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais – LGPD –
para 15 de agosto de 2022. Ou seja, postergar a vigência da LGPD em 2 anos sob o argumento de que “as empresas
não estão prontas”.

Realmente, muitas empresas mostram-se despreparadas para as exigências legais sobre governança e proteção de
dados pessoais, mas nisso vejo o maior motivo para a urgência no vigor da LGPD: nada melhor que uma norma
estabelecendo direitos e deveres para forçar medidas de conformidade.

Por isso que, quando falamos o termo segurança jurídica, muitas vezes nos referimos ao arcabouço legislativo que
existe a respeito daquele tema.

A lei, pelo seu próprio espírito, deve ser uma forma de impor limites e obrigações, gerar previsibilidade na conduta
de outrem e, com isso, construir um terreno firme para a prática de relações e fatos juridicamente relevantes. Sem
lei, sem segurança jurídica.

Vigência da LGPD adiada, tratamento desregulado.

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A LGPD vem para oferecer segurança jurídica para uma relação no interesse de, nada mais nada menos, direitos
fundamentais. Proteger dados pessoais não é uma moda, não é “hype”, é uma urgência da sociedade da
informação!

Para os mais céticos que ainda duvidam que a questão seja um Direito Fundamental, é relevante lembrar a PEC
17/2019, que já foi votada no Senado Federal sem qualquer voto contrário e vem para constitucionalizar
expressamente a questão como Direito Fundamental.

Devido a isso, a Senadora Relatora da PEC, Exma. Simone Tebet esboçou o entendimento que a proteção de dados
já pode ser encarada como uma extensão da intimidade, tornando pública a seguinte declaração:


Constitucionalizar a questão significa o Estado dizer que reconhece a importância do tema,
classificando esse direito à proteção de dados como fundamental. Ou seja, o Estado, a sociedade, o
cidadão, podem ter direito, como regra geral, ao conhecimento do outro, desde que haja realmente
necessidade. Do contrário, é preciso preservar ao máximo a intimidade e a privacidade dos dados

— Senadora Simone Tebet para Agência Senado

O paradoxo é que muitas empresas clamam estarem despreparadas para cumprir um direito fundamental
internacionalmente reconhecido, qual seja a proteção de dados pessoais, por outro lado, “estão prontas” para
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realizar o tratamento e venda indiscriminada dos dados pessoais.
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Se for aprovado esse projeto de lei 5.762/19, o Brasil pode participar de um retrocesso… Uma vez que diversos
outros países já aplicam sua própria norma neste assunto, o que pode gerar consequências econômicas negativas.

Sem lei de proteção de dados, problemas à vista!

Para citar como exemplo, o próprio capítulo V do GDPR (General Data Protection Regulation) prevê diversas
regras para o fluxo transfronteiriço de dados para países terceiros e impõe que transferências internacionais de
dados só devem ser permitidas quando as condições do GDPR sejam respeitadas.

Vários pontos como o possível isolamento econômico pela ausência de norma sobre o assunto, o fato de ser um
direito fundamental reconhecido e a segurança jurídica que a LGPD vai trazer já foram debatidos no DDcast:
“Episódio #05 Dados Pessoais sao vida”

Podemos pensar até no efeito social, porque já não seria o primeiro adiamento, o que pode gerar a ideia de que não
seria um assunto importante.

Os problemas só crescem, segundo nota pública da OAB/PE, o número de reclamações de consumidores junto aos
PROCONs de todo o país envolvendo a utilização de dados pessoais aumentou exponencialmente nos últimos cinco
anos, constatando em base de dados do Dados.gov 

Em  2014, foram 80 reclamações de consumidores envolvendo dados pessoais, por sua vez apenas no 1º semestre
de 2019, “foram cadastradas 22.760 queixas acerca da utilização, compartilhamento e/ou consulta não autorizada de
dados pessoais”.

No final das contas, a população, mesmo sem lei específica, já passou a enxergar que suas relações estão ocorrendo
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através de fluxo de dados e seus dados pessoais estão cada vez mais sendo tratados sob a ausência de qualquer
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Proteção de dados pessoais é uma questão de estabelecer regras claras para um jogo que já está
sendo jogado. Adiar mais ainda a vigência LGPD? é postergar o inadiável. Já somos um dos últimos,
queremos mais?

— Lucas Cortizo

 Sobre Lucas Cortizo

Lucas Cortizo é advogado especialista em Direito Digital e atua como Legal O icer na Malta's
Data Protection Authority, que é a Autoridade Nacional de Proteção de Dados do país de Malta.
Mestrando em Direito e Tecnologia em Portugal pela Universidade do Minho, Lucas é autor de
livro sobre Blockchain e Governo Digital, bem como está participando de projetos para
desenvolver a Inteligência Artificial no país.
É também professor de Privacidade e Proteção de Dados, e sócio fundador do Direito Digital
Cast, onde consegue trazer sua expertise em Data Protection, Artificial Intelligence e Blockchain.
Recentemente foi nomeado pela Autoridade onde trabalha para representar Malta na European
Data Protection Board (EDPB) no subgroup sobre International Transfers of Personal Data.
Membro do Artificial Intelligence Alliance (EU)

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