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capa

Aconteceu no Encontro da AMBB

Ano 39 • Vol. 1 • Nº 146


E M P A U T A
entrevista

3 Conversa afinada com Valdiene


Carneiro Pereira

artigos, estudos e reportagens


10 Bateria nas igrejas
Beto Pimentel

14 Ministério de Música
MM Ezequias Guerra
Entrevista com Valdiene Carneiro Pereira,
Coordenadora do Curso de Música do STBNB 3
20 Uma oficina de harmonia
Diogo Monzo

26 Uma vida devocional produtiva


Diné René Lóta

seções

Ordem de culto – A igreja de Cristo reafirma a sua fé


31 2 Editorial

31 Ordem de culto – A igreja de Cristo reafirma a


sua fé (Westh Ney Rodrigues Luz)

LOUVOR 1
E d i t o r i a l

Novo ano,
planos antigos
ISSN 1984-8676

Literatura Batista
Ano 39 • Vol. 1 • Nº 146

LOUVOR é uma revista destinada aos ministros e


diretores de música, estudantes de Música Sacra,
professores, regentes, pianistas, organistas, Mais um ano se inicia e vem com ele o desejo de grandes mudanças,
coristas, instrumentistas em geral, pastores,
comissão de música, grupos musicais e todos
algumas ficam somente no desejo, outras mais tangíveis só depen-
aqueles interessados no programa de música dem da nossa força de vontade e muita motivação. Esta edição da
e adoração da igreja local. Inclui matérias de
técnica musical, reportagens, artigos inspirativos
revista Louvor contou com diversas mãos para ser executada e conta
e partituras sacras. Os artigos assinados são de sempre com a disposição dos músicos brasileiros, suas orações e con-
responsabilidade dos autores e não expressam
necessariamente a opinião da Redação
tribuições.
A entrevista desta vez é com a Profª Ms Valdiene Carneiro Pereira,
Copyright © Convicção Editora
Todos os direitos reservados
coordenadora do Curso de Música Sacra do Seminário Teológico Ba-
tista do Norte do Brasil, em que ela fala de sua vida, ministério e os
Proibida a reprodução deste texto total ou desafios de coordenar o Curso de Música de um dos mais conceitua-
parcial por quaisquer meios (mecânicos,
eletrônicos, fotográficos, gravação, estocagem
dos seminários brasileiros.

N
em banco de dados etc.), a não ser em breves
citações, com explícita informação da fonte Temos também um artigo sobre o uso da bateria nos nossos templos,
um eterno dilema entre o instrumentista e alguns da congregação,
Publicado com autorização onde Beto Pimentel trata não só do uso da bateria mas, também, dos
por Convicção Editora
tipos que podem ser adquiridos para pôr fim a uma celeuma que se
CNPJ (MF): 08.714.454/0001-36
arrasta por décadas em nossas igrejas.
Endereços
Ezequias Guerra mais uma vez contribui com um texto que trata da
Caixa Postal, 13333 – CEP: 20270-972
Rio de Janeiro, RJ
fundamentação do Ministério de Música, um tema que é recorrente
Telegráfico – BATISTAS nos nossos arraiais, principalmente num tempo em que esse assunto
Eletrônico – literatura@batistas.com tem sido colocado de lado.
Editor
Diogo Monzo, um talento jovem que vem se despontando no cená-
Sócrates Oliveira de Souza rio musical brasileiro, nos dá uma aula de harmonia funcional.
Coordenação Editorial
Numa abordagem pastoral, temos a contribuição do Pastor Diné
Solange Cardoso de Abreu d’Almeida (RP/16897) René Lóta, em que nos motiva a ter uma vida devocional como parte
do nosso hábito diário.
Redação
Anderson Costa – AMBB A Profª Westh Ney, colaboradora incansável da revista Louvor e uma
motivadora da música sacra brasileira, elaborou a ordem de culto
Produção Editorial deste período.
Oliverartelucas
Meu agradecimento a Deus pela vida de cada um que colaborou com
Produção e Distribuição esta edição e a todos que têm me apoiado nesta empreitada. Um
Convicção Editora
Tel.: (21) 2157-5567
agradecimento especial a Ery Herdy Zanardi que, como presidente
Rua José Higino, 416 – Prédio 16 - Sala 2 - 1o Andar da AMBB – Associação dos Músicos Batistas do Brasil – tem confia-
Tijuca – Rio de Janeiro, RJ do esta tarefa a mim e dado apoio incondicional.
CEP 20510-412
literatura@conviccaoeditora.com.br
Boa leitura.
2 LOUVOR
C O N V E R S A A F In A D A

Entrevista com
Valdiene Pereira,
Coordenadora do
Curso de Música
do STBNB
Anderson Costa

N
Neste período, conheceremos um pouco sobre a vida e ministério da Coor-
denadora do Curso de Música Sacra do Seminário Teológico Batista do
Norte do Brasil, Profª Ms. Valdiene Carneiro Pereira. Temos que valorizar
nossos Seminários e os cursos de música, por isso, a motivação de termos
este ano uma série de entrevistas com os coordenadores para saber os
novos rumos dos cursos de formação ministerial

Louvor – Como foi sua conversão e despertamento participando de uma série de conferências de aniver-
para a música? sário da PIB de Beberibe, entreguei minha a Jesus.
Valdiene – Minha conversão aconteceu aos 16 anos A chamada para o Ministério se deu de maneira qua-
de idade na Primeira Igreja Batista em Beberibe – se imediata à minha conversão. Como já cantava em
PIBB, Recife, PE. Minha família não era evangélica coro na escola onde estudava, logo que me converti
e o meu primeiro contato com o evangelho foi na comecei a frequentar o coro de adolescentes da mi-
infância participando de maneira esporádica de uma nha igreja. Em seguida, após o meu batismo, tornei-
igreja Presbiteriana que ficava próxima à minha casa, me membro do coro da igreja cantando no segundo
levada pela vizinha da minha mãe. Alguns anos de- soprano. Em 1991, ano seguinte à minha conversão,
pois, fui levada pela sogra da minha irmã a uma EBF tive oportunidade de participar juntamente com o
– Escola Bíblica de Férias – na PIB de Beberibe. De- coro principal da PIB de Beberibe do recital de for-
pois disso, fui atraída para o evangelho pelo testemu- matura em Regência pelo Seminário Teológico Batis-
nho dos meus colegas de escola no período que hoje ta do Norte do Brasil – STBNB – da minha então
chamamos Ensino Médio e, em 18 de março de 1990, Ministra de Música. Para a realização do seu recital
LOUVOR 3
de conclusão de curso, o seminarista de música do
STBNB deveria realizar o que, à época, era chama-
do de Clínica de Música, uma oficina na qual tive-
mos oportunidade de aprender princípios básicos da
teoria musical e regência congregacional. Conforme
sugestão da nossa ministra, os dois participantes da
clínica de música que tivessem o melhor desempe-
nho na formação realizada seriam encaminhados pela
igreja para participarem do Curso de Férias promovi-
do pelo STBNB em julho de 1991. Eu e outra pessoa
da igreja obtivemos os melhores desempenhos e fo-
mos ao Seminário participar do curso de canto coral
e regência congregacional. Foi lá que conheci a Dr.ª
Lourdes Nogueira, então Diretora do Curso de Mú-
sica do STBNB, que foi a professora de regência con- Regendo o Coro de Adolescentes da PIB de Beberibe –
gregacional. Ao final do curso, a professora Lourdes Natal de 1996
veio falar comigo e me perguntou se eu gostaria de
vir estudar regência no Seminário. Eu respondi que
não sabia. Aquela pergunta me deixou intrigada. Eu
estava estudando para fazer vestibular de Nutrição e
nunca havia passado pela minha mente estudar músi-
ca, apesar de a música fazer parte da minha vida desde
a infância. Então, passei a orar e pedir uma resposta
de Deus. Em 23 de setembro de 1991, num culto na
PIB de Beberibe no qual um diácono pregou sobre
a parábola dos dez talentos entendi que Deus estava
me chamando para o ministério de música e resolvi
deixar os cursos preparatórios para o vestibular para
ingressar no Seminário. A primeira surpresa foi em Regendo o Coro Principal da PIB de Água Fria – Mês da
minha casa, com meus pais que não eram crentes à Música em 1999
época. Acharam um absurdo eu deixar de fazer uni-
versidade para estudar música. A princípio, não me
deram nenhum apoio para a decisão que havia toma-
do. Inicialmente, um dos meus irmãos mais velhos
providenciou o meu sustento no Seminário e depois
meus pais passaram a apoiar e colaborar com a mi-
nha formação ministerial. A segunda surpresa foi na
minha igreja. Lembro-me do meu pastor preocupado
com o fato de eu, como menos de dois anos de con-
versão, ser recomendada para o Seminário, mesmo
reconhecendo o meu envolvimento efetivo no minis-
tério de música e nas atividades dos adolescentes da
igreja. Ainda assim, ele levou o meu pedido à igreja
que me recomendou para estudar Música no Semi-
nário. No primeiro semestre de 1992 iniciei os meus Em dezembro de 2000, recebendo diploma do Curso de
estudos de música, preparando-me para o ministério Bacharel em Música Sacra do STBNB das mãos da Dr.ª
Lourdes Nogueira – Diretora do Curso de Música
no STBNB, tendo concluído o curso em 2000.
4 LOUVOR
Louvor – Qual sua formação Musical e Ministerial?
Valdiene – Sou Bacharel em Música Sacra com ha-
bilitação em canto pelo STBNB, formada em Canto
Erudito pelo Conservatório Pernambucano de Músi-
ca e Licenciada em Música pela Universidade Federal
de Pernambuco – UFPE. Minha pós-graduação tem
sido realizada na área de Educação, mas com pesqui-
sas voltadas à área de Formação e Prática Pedagógica
de Professores de Música. Cursei a Especialização em
Formação de Recursos Humanos para Educação pela
Faculdade Frassinetti do Recife – FAFIRE, onde pes-
quisei sobre a formação inicial do professor de mú-
sica em Pernambuco. Esta pesquisa originou o livro
de minha autoria lançado pela editora da UFPE em
2014: Ensino de Música – o que pensam professores
sobre sua própria formação. Sou Mestre em Educação
pela UFPE e minha pesquisa tratou dos saberes do-
centes mobilizados por uma professora de canto coral Em dezembro de 2000, depois da cerimônia de Formatura
para adolescentes na Educação Básica. Atualmente, do STBNB
estou cursando o Doutorado em Educação na UFPE
e minha pesquisa diz respeito à identidade profissio-
nal do docente de música.
Louvor – Quais foram as igrejas que você já atuou
como Ministro de Música?
Valdiene – Tive oportunidade de servir como Mi-
nistra de Música da PIB de Água Fria – PIBAF, em
Recife, PE, no período de março de 1998 a julho de
2000. Todo o ministério foi realizado no período que
ainda era seminarista no STBNB. No ano de 2000,
depois de sair do ministério da PIBAF e quando esta-
Regendo o Coro Capela do STBNB no musical O Sonhador
va concluindo o curso de Música no Seminário, pas- em 2010
sei a frequentar a Igreja Evangélica Batista em Casa
Amarela – IEBCA, também em Recife, PE, da qual
sou membro até hoje. Na IEBCA, atuo como regen- qual sou regente desde 2003. É uma atividade muito
te do Coro de Adolescentes, regente congregacional, gratificante contribuir para que adolescentes com vo-
corista e solista. zes em mudança vocal ou com alguma dificuldade de
afinação em virtude da falta de experiência coral ou
Louvor – Fale um pouco de seu atual ministério, sua
mesmo de disfonias possam, no decorrer do tempo,
filosofia de trabalho e como vem desenvolvendo.
cantar de forma natural e consciente, com um timbre
Valdiene – Desde que me tornei membro da IEBCA vocal característico dessa fase e repertório adequado
em 2000, meu ministério eclesiástico consiste em para a faixa etária. Além da formação coral, busco
cooperar com o excelente trabalho musical realizado desenvolver nos meus coristas o comprometimento
pelo Ministro de Música da minha igreja, Jorge Arru- com as coisas do reino de Deus. Em um mundo onde
da. O MM Jorge Arruda foi meu professor no STB- os valores estão sendo cada vez mais relativizados, es-
NB e ainda hoje é professor do nosso Seminário. Mi- timulo e oriento meus coristas a desenvolverem sua
nha responsabilidade principal no Ministério de Mú- fé com base nos valores cristãos constantes na Bíblia,
sica da IEBCA é liderar o Coro de Adolescentes, do ainda que as pressões da sociedade apontem para o
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contrário.Tenho o privilégio de acompanhar a vida própria história, os batistas reconheceram a impor-
deles desde quando entram no coro, aos 12 anos, até tância do Ministério de Música para o crescimento,
a idade em que saem definitivamente para o Coro amadurecimento da igreja e proclamação das boas-
Jovem, aos 20 anos. Afora o trabalho com o coro, novas do evangelho. Na Carta aos Efésios, o apóstolo
participo dos cultos como regente congregacional e Paulo afirma que: “E ele designou alguns para apósto-
solista. Também sou membro do Coro Exaltai, coro los, outros para evangelistas, e outros para pastores e
principal da igreja e do Coro Feminino. mestres, com o fim de preparar os santos para a obra
Louvor – Como coordenadora de um curso de Mú- do ministério, para que o corpo de Cristo seja edifica-
sica Sacra, qual tem sido a sua visão de Ministério de do” – Efésios 4.11. Ministros de música são mestres
Música e sua contribuição na formação de novos líde- designados por Deus para ensinar a preciosa Palavra
res de música? do Senhor e o evangelho da salvação a todos os que
crerem, por meio da música, cooperando também
Valdiene – A minha visão de Ministério de Música
para a realização da experiência de culto que cada um
está baseada na Bíblia. Posso identificar bases bíblicas
de nós presta ao Senhor como corpo de cristo.
que fundamentam a sua existência e nos dão princí-
pios para o funcionamento do Ministério de Música Louvor – Como tem sido a procura para o curso, vis-
nas nossas igrejas ainda hoje. No Antigo Testamento, to que tem se proliferado a visão de que Ministro de
encontro que o Ministério de Música foi planejado Música com formação é um luxo e não uma necessi-
por Deus – 1Crônicas 28.13,19; Deus o instituiu dade?
no reinado de Davi – 1Crônicas 16.4-6 e 2Crônicas Valdiene – A procura para o curso livre de Formação
29.25; foi mandado por Deus – 1Crônicas 16.8-12; em Música Sacra tem sido constante a cada semestre
foi assegurado pela promessa de Deus – 1Crônicas letivo do STBNB. Este ano o Seminário entregará 15
28.20; foi estabelecido pelos servos de Deus – 1Crô- novos ministros de música à denominação, que estão
nicas 6.31; Davi o organizou de maneira minuciosa
preparados para exercer o ministério em suas igrejas.
– 1Crônicas 23 e 25; foi implementado pelos levitas
Alguns desses formandos já estão atuando como mi-
– 1Crônicas 23; foi abençoado por Deus – 2Crôni-
nistros antes mesmo de concluírem o seu curso, o que
cas 5.13,14 . No Novo Testamento, encontro que a
mostra o interesse das igrejas em ter na sua liderança
música na igreja está relacionada aos seguintes aspec-
pessoas que tenham um bom preparo ministerial e
tos: louvor – Efésios 5.18,19; educação, admoestação
musical.
e louvor – Colossenses 3.16; testemunho para todos
– Romanos 15.9; Hebreus 2.12; uma oferta a Deus Quando olho para Bíblia e vejo que os músicos do
como sacrifício de louvor dos lábios que confessam Antigo Testamento, que lideravam o ministério, eram
o seu nome– Hebreus 13.15. Também identificamos
que Jesus e os discípulos cantaram – Mateus 26.30;
Marcos 14.26; Paulo e Silas cantaram hinos a Deus
na prisão – Atos 16.25. O mesmo apóstolo Paulo nos
orienta a cantar com o espírito e com o entendimento
em 1Coríntios 14.15. Tiago parece nos dizer que a
música também flui da experiência humana. A oração
e o louvor são enfatizados por ele, parecendo associar
a música com a expressão da alegria cristã – Tiago
5.13. É fato que no Novo Testamento não há referên-
cias à musica instrumental tanto quanto ocorre no
Antigo Testamento. Somente o livro de Apocalipse
faz referência a grandes aglomerações musicais no
Novo Testamento. Isso já foi motivo de polêmica en- Aula Encerramento do Projeto de Musicalização de Bebês
tre os Pais da Igreja e no período da Reforma Protes- da Sem. Malu Jaegger na Igreja Batista da Capunga,
Recife, PE, em 2013
tante, como sabemos. Entretanto, no decorrer de sua
6 LOUVOR
Coro de Adolescentes da IEBCA – Musical de Natal de 2013 Coro de Adolescentes da IEBCA – Junho de 2014

assim designados porque tinham conhecimento para O atual Curso Livre de Formação em Música Sacra
tal, como foi o caso de Quenanias (1Cr 15.22), quan- do STBNB oferece um núcleo comum de formação
do olho para o Novo Testamento e vejo que o próprio nas áreas musical, bíblica e ministerial. Além disso, o
Jesus cantou junto com os discípulos, como já cita- seminarista pode escolher entre cinco áreas de con-
mos, e em nenhuma passagem bíblica desautorizou o centração, na qual vivenciará, a partir do segundo
uso da música pelos primeiros cristãos, quando olho ano, uma formação específica em uma das seguintes
para a história da igreja cristã e de nossa denominação especialidades: canto, regência coral, composição,
tanto nos Estados Unidos, de onde vieram os nossos educação musical ou piano. Cada uma dessas áreas é
missionários batistas, quanto no Brasil, principal- supervisionada por um professor responsável e conta
mente a partir do legado de Almir Rosa, o primeiro também com o trabalho de professores orientadores.
ministro de música ordenado por uma igreja batista A área de canto oferece formação de dicção em fran-
brasileira, e de tantos outros ministros e ministras de cês, latim, alemão e italiano, bem como literatura e
música que atuam e já atuaram em nosso país, acredi- prática vocal para a performance em canto erudito.
to que seria um grande equívoco de nossa parte pen- Em regência coral, o estudante tem oportunidade de
sarmos que a formação do ministro de música é um estudar a prática de regência, a literatura coral e a téc-
luxo. Ele é, de fato, uma necessidade. O ministro de nica de ensaio para a formação do regente de coros
música, os outros ministros e oficiais da igreja, lidera- mistos de adultos e de jovens, bem como coros fe-
dos pelo pastor da igreja local devem trabalhar juntos, minino e masculino. Na área de composição, há um
cooperando para a edificação do corpo de Cristo e o aprofundamento nos estudos dos fundamentos har-
crescimento do reino de Deus na terra. mônicos, contrapontísticos e de arranjos, bem como
Louvor – Fale um pouco da estrutura do curso que as classes de composição e composição individual que
coordena? visam habilitar o estudante a escrever músicas para as
várias formações corais, arranjos diversos, música ins-
Valdiene – O curso de Música Sacra do STBNB foi trumental, incluindo orquestra e banda, bem como
criado em 1960 com o objetivo de formar líderes para música cristã contemporânea. Na formação oferecida
gestão de música em igrejas cristãs. Os anos se passa- em piano, o seminarista tem oportunidade de estu-
ram e a repercussão do trabalho de formação musical dar o repertório erudito solístico para este instru-
feito na instituição alcançou notoriedade nas igrejas mento e também atuar como pianista colaborador,
do estado de Pernambuco e em todo o país. Nestes aquele que acompanha coros, grupos instrumentais
mais de 50 anos de história, centenas de ministros de e solistas. Além disso, ele cursa disciplinas como li-
música obtiveram e ainda obtêm o preparo para ofe- teratura do piano e pedagogia do piano. Por fim, a
recer um serviço de excelência às igrejas, à sociedade e área de educação musical, da qual sou a professora
a comunidades espalhadas em zonas urbanas e rurais responsável, na qual o seminarista estuda o processo
do Brasil e de outros países em todos os continentes. de musicalização, primeira fase da formação musical,

LOUVOR 7
por meio das metodologias do ensino de música, da é constituído por estudantes, professores e egressos
aprendizagem musical, do aprofundamento da práti- do STBNB, bem como por pessoas da comunidade.
ca de flauta doce, bem como do estudo do repertório Um dos objetivos principais do Coro Sinfônico é a
e ensaio adequado para as diversas idades. As faixas divulgação da música coral de alta qualidade, a evolu-
etárias abrangidas por essa área de concentração são: ção musical dos alunos e a divulgação das atividades
musicalização de bebês de 8 meses a 2 anos de idade, artísticas do STBNB. O Coro Capela, do qual sou
musicalização de crianças da primeira infância – 3 a a dirigente, é formado pelos estudantes da disciplina
5 anos. A partir das próximas faixas etárias, também de Canto Coral do Curso de Formação em Música
é incluído, além da musicalização, a flauta doce e o Sacra. O grupo realiza apresentações em audições da
canto coral: crianças de 6 a 8, juniores ou pré-adoles- instituição, em atividades comunitárias e em igrejas,
centes de 9 a 11 anos, adolescentes de 12 a 20 anos no Recife, região metropolitana e em outros estados
e adultos da terceira idade, a partir dos 60 anos. O do país. O Coro Oratório é formado em ocasiões es-
seminarista escolhe um dessas faixas etárias para fa- peciais pela união dos dois coros anteriormente cita-
zer o seu projeto de conclusão de curso. Em todas as dos, com vistas à execução de peças corais de grande
áreas de concentração, o estudante realiza um recital porte como oratórios, cantatas, paixões, entre outras.
de conclusão de curso. O Coro Experimental é formado pelos estudantes do
Além do curso livre de música realizado em quatro
anos, o STBNB também oferece o curso de extensão
em música com duração de um ano. Neste curso, o
estudante tem oportunidade de estudar princípios
básicos de teoria e percepção musical, técnica vocal,
regência congregacional, teclado e canto coral. Os
objetivos deste curso visam oferecer formação bási-
ca de música para coristas, solistas e instrumentistas
das igrejas, capacitando-os para desenvolverem me-
lhor suas atividades musicais de apoio ao trabalho do
ministro de música das igrejas, bem como preparan-
do-os e estimulando-os a prosseguir seus estudos no
curso livre de música da própria instituição. Muitos
de nossos alunos já formados e que ainda estão estu- Lançamento do livro Ensino de Música: o que pensam
dando no curso de Formação em Música Sacra são professores sobre sua própria formação, na Editora da
UFPE, em junho de 2014
fruto do trabalho realizado neste curso. Além disso,
a Coordenação do Curso de Música oferece cursos,
oficinas, master classes, palestras, congressos e outras
ações de capacitação voltadas para a formação, aper-
feiçoamento e despertamento de lideranças de música
para as igrejas. Esses eventos são realizados no próprio
Seminário ou nas igrejas.
O curso de Música também dispõe de diversos gru-
pos musicais, atrelados ou não aos componentes cur-
riculares, nos quais os seminaristas podem exercer sua
prática musical. O Coro Sinfônico é o mais antigo
grupo coral da instituição, tendo celebrado, em 2012,
seus 50 anos de atividade ininterrupta. É reconheci-
do por seu elevado valor artístico no Recife e região
metropolitana, no estado de Pernambuco, em diver-
sas regiões do país e até internacionalmente. O grupo

8 LOUVOR
Curso de Extensão em Música e tem como finalidade formação do ministro, e essa formação deve ser ofereci-
principal apresentar aos alunos o universo da música da pelos Seminários vinculados à nossa denominação.
coral, fazendo com que muitos tenham a sua primei- Creio que é nossa responsabilidade preparar os líderes
ra experiência com esse tipo de música. O Conjunto para o ministério, principalmente em um momento no
de Flautas Doce é um grupo formado por estudantes qual o conhecimento tem tido uma importância cru-
do curso de Formação em Música Sacra que executam cial para o desenvolvimento da sociedade, no mundo
música instrumental erudita e popular para flauta doce inteiro. Nós não podemos recuar e oferecer forma-
(sopranino, soprano, contralto, tenor e baixo). O Con- ções aligeiradas ou mesmo nenhuma formação para
junto Vida Nova é um conjunto organizado com o os nossos líderes. Sempre buscamos formar, dar uma
propósito de executar músicas cristãs em ritmos e esti- formação de excelência a nossos pastores, missionários,
los brasileiros, com linguagem acessível. É constituído ministros de música e educadores cristãos. Por que de-
por estudantes do curso de Formação em Música Sacra. veríamos recuar agora e comprometer a qualidade do
A Banda do STBNB é um conjunto organizado com o trabalho dos batistas do Brasil? Tenho certeza que esta
propósito de executar músicas cristãs contemporâneas não é e nem será a nossa opção.
nacionais e internacionais, sendo também constituído Liderar a música de uma igreja em tempo integral ou
por estudantes do curso de Formação em Música Sacra. parcial não é tarefa fácil. Entretanto, para aqueles que
Todos os grupos musicais do Seminário são dirigidos se sentem vocacionados por Deus, ainda que seja uma
por professores do curso de Música. tarefa árdua, é algo que produz uma alegria profunda
Louvor – O que você falaria para os músicos desse que somente quem já sentiu entende ao ver a igreja
nosso Brasil, qual a sua perspectiva quanto ao futuro de Cristo crescendo de forma sadia, tendo a música
do ministério de música e seu papel na edificação da como recurso de crescimento na graça e no conheci-
igreja? mento de Jesus.
Valdiene – A música é um instrumento pelo qual os
cristãos de todas as idades podem glorificar e exaltar
a Deus, proclamando também a sua Palavra sob as di-
versas formas de expressão musical. Entretanto, por si
mesma, a música não é capaz de empreender o cresci-
mento necessário à vida do cristão, mas o ministro de
música pode fazer dela um meio para o crescimento
da igreja, de forma completa, suprindo as necessida-
des sociais, educacionais, psicológicas, espirituais e
estéticas de seus membros.
Entendemos que o ministério de música se torna No Encontro da AMBB em Recife, PE, em julho de 2014,
com professores e ex-alunos do STBNB
possível por meio do investimento em pessoas e do
envolvimento delas nas diversas atividades musicais:
cantando, regendo, compondo, tocando, ouvindo,
apreciando. Dessa forma, os crentes poderão ensinar,
edificar, consolar e admoestar uns outros para que,
juntos, todos possam exaltar e adorar ao Deus Cria-
dor e Criativo, que nos fez à sua imagem e semelhança
para o louvor da sua glória.
Conduzir as ovelhas do Senhor a um perfeito louvor e
adoração requer também do ministro de música o in-
vestimento na sua capacitação pessoal e na capacitação
dos membros da igreja. A formação musical, aliada ao Coro Capela STBNB na audição do segundo semestre de
estudo bíblico, teológico e ministerial, é a base para a 2014

LOUVOR 9
A r t i g o

Bateria nas igrejas


Um assunto altissonante
Beto Pimentel

N Não é de hoje que o uso de baterias e percussões nas


igrejas é motivo de discussões acaloradas.
Os argumentos vão desde atribuir a Lúcifer a pro-
priedade e domínio destes instrumentos até aceitar,
de forma irrestrita, qualquer estilo musical dentro
das igrejas. O fato é que não existem outros instru-
Antigo Testamento, a Bíblia relata diversas ocasiões
em que a música foi usada para celebração e culto a
Deus, entretanto, discussões sobre quais instrumen-
tos poderiam ser usados nos cultos internos, ou seja,
dentro dos templos, sempre causaram controvérsias.
A chamada “música sacra”, marcada predominantemen-
mentos musicais que gerem tantas discussões quan- te pela utilização de instrumentos de sopros e cordas, foi
do o assunto é louvor. amplamente adotada nos séculos passados como a úni-
Contexto histórico ca música que deveria ser utilizada para o louvor a Deus.
Como todo elemento artístico e cultural, a música Os instrumentos percussivos serviam, no máximo,
passou por diversas fases ao longo da história. Já no para estabelecer o andamento rítmico das canções.

10 LOUVOR
Foi por meio do jazz que a bateria, tal qual conhece- 1Crônicas 25.6 – Todos estes estavam sob a direção de
mos hoje, ganhou destaque. seu pai, para a música da casa do Senhor, com saltérios,
Os bateristas deste estilo de música passaram a utilizar címbalos e harpas, para o ministério da casa de Deus; e
o instrumento com mais sofisticação e criatividade. Asafe, Jedutum, e Hemã, estavam sob as ordens do rei.

O rock, criado posteriormente ao jazz, adotou a ba- 2Crônicas 29.25 – Também organizou os levitas no
teria como um dos seus principais elementos, dando- templo do SENHOR com címbalos, liras e harpas, con-
lhe destaque como nunca visto antes. forme a ordem de Davi, de Gade, o vidente do rei, e do
profeta Natã; porque essa ordem tinha vindo do SE-
Pelo fato do jazz e rock serem estilos que “exaltam as NHOR, por meio de seus profetas.
paixões e glórias mundanas” (expressão utilizada por
líderes religiosos de meados do século passado), es- Salmo 150.3-5 – Louvai-ocomo som de trombe-
tes tipos musicais jamais poderiam ser executados em ta; louvai-o com o saltério e a harpa. Louvai-o com o
uma igreja, ainda mais em um culto de louvor e ado- tamborim e a dança, louvai-o com instrumentos de
ração a Deus. cordas e com órgãos. Louvai-o com os címbalos sonoros;
louvai-o com címbalos altissonantes.
Com a condenação dos estilos, os instrumentos fo- Já aqueles que defendem a proibição de baterias e per-
ram automaticamente condenados junto. cussões nos cultos, argumentam com as seguintes
No Brasil, durante os anos 1960 e 1970, alguns gru- passagens:
pos evangélicos “ousaram” utilizar baterias, guitarras, Ezequiel 22.26 – Os seus sacerdotes violentam a mi-
jazz e rock em suas composições. Grupos como Ven- nha lei, e profanam as minhas coisas santas; não fazem
cedores por Cristo, Rebanhão, entre outros, enfren- diferença entre o santo e o profano, nem discernem o
taram a fúria e a discriminação de lideranças avessas à impuro do puro; e de meus sábados escondem os seus
utilização destes instrumentos e ritmos. olhos, e assim sou profanado no meio deles.
Outro fator que ajudou a “demonizar” o uso dos ins-
trumentos percussivos é que estes são amplamente Ezequiel 28.13 – Estiveste no Éden, jardim de Deus;
utilizados nos cultos de religiões africanas. de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardô-
nia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira,
Somente neste século é que estas questões foram pa- carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus
cíficas pelas lideranças das principais denominações tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado fo-
evangélicas permitindo o seu uso, ainda assim, com ram preparados.
moderação.
Provérbio 22.28 – Não removas os antigos limites que
Argumentos bíblicos teus pais fizeram.
Argumentos com base em interpretações bíblicas são 1Coríntios 8.13 – É por isso que, se a comida fizer
defendidos entre os que aceitam e os que rejeitam a meu irmão tropeçar, nunca mais comerei carne, para
utilização de baterias e instrumentos percussivos nos não lhe servir de tropeço.
cultos. 1Coríntios 10.23 – Todas as coisas me são lícitas, mas
Entre os que aceitam, temos os seguintes textos: nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são líci-
1Crônicas 16.4,5 – Ele também designou alguns tas, mas nem todas as coisas edificam.
dos levitas para ministrarem diante da arca do SE- Independentemente dos argumentos utilizados, per-
NHOR, para celebrarem, agradecerem e louvarem ao cebemos que hoje a maioria das lideranças denomi-
SENHOR, Deus de Israel. nacionais evangélicas, aceitam a utilização de baterias
Eles eram: Asafe, o chefe, e Zacarias, o segundo depois e percussões dentro dos templos.
dele; Jeiel, Semiramote, Jeiel, Matitias, Eliabe, Benaia, Esta permissividade se dá com maior ou menor liber-
Obede-Edom e Jeiel, com liras e com harpas. Asafe toca- dade (moderação), dependendo da denominação e
va os címbalos. da liderança local da igreja.

LOUVOR 11
Soluções
Diante das questões acústi as e da necessidade de con-
trole do volume que as baterias exercem, surgem al-
guns caminhos:
Tocar baixo: Esta é a primeira solicitação feita ao músico
por quem se sente incomodado com o barulho: “Por
favor, toque mais baixo!”
Entretanto, a bateria (e a maioria dos instrumentos
percussivos) possui em sua própria natureza a carac-
terística de ter alto volume sonoro.
Vencida a barreira da liberalidade no uso, surge en-
tão outra discussão: De que forma estes instrumen- A diferença entre tocar baixo e tocar alto uma bateria
tos serão utilizados? gira em torno de 10 dBs. SPL (Sound Pression Level).
Esta diferença é praticamente irrelevante do ponto de
Questões acústicas
vista da pressão sonora resultante.
Desde o tempo de Salomão, templos grandes e suntu- Lembre-se que em se tratando de som, há muito do
osos são construídos visando demonstrar a grandiosi- aspecto subjetivo, logo, ver o esforço de um baterista
dade de Deus. tocando “mais baixo”, pode gerar a impressão de que
Com o passar do tempo e a expansão do evangelho isso, de fato, faz diferença. Analisando porém com
aqui no Brasil, locais como antigos cinemas, teatros, decibelímetro, percebemos que esta diferença é mui-
galpões, edificações comerciais e até mesmo estrutu- to pequena.
ras feitas de lona (como circos) foram adaptados para
Biombos de acrílico: Os biombos de acrílico são co-
utilização como igrejas.
locados na frente das baterias acústicas. Como não
Temos ainda as igrejas antigas, algumas tombadas co- possuem cobertura, geram relativa eficiência somente
mo patrimônio histórico e arquitetônico, logo, impe- em quem está imediatamente em frente a eles, ainda
didas por lei de serem alteradas. Muitas destas igrejas assim, de modo muito pequeno. Logicamente é me-
históricas foram construídas antes mesmo da inven- lhor do que nada, mas está longe de ser uma solução
ção de equipamentos de sonorização, tendo como re- para quem possui problemas com a pressão sonora
ferencial em suas edificações espaços grandes e com gerada pelas baterias.
alto pé direito, gerando toda sorte de reverberações e
Aquários: Muitas igrejas utilizam esta solução. A ba-
ondas estacionárias de frequências sonoras.
teria fica literalmente isolada nestes cubos de acrílico
Com exceções, estes locais não possuem condições ou vidro. Questões como espaço que utilizam sobre o
acústicas adequadas, gerando enormes reverberações altar, aspecto visual, refrigeração para o baterista e, prin-
além de vazamentos sonoros de dentro para fora e de cipalmente, necessidade de microfonação para as peças
fora para dentro dos templos. da bateria, devem ser levadas em conta ao adotar esta so-
São estas reverberações e vazamentos que tornam o lução. De nada adianta isolar a bateria se a mesma não
uso de baterias acústicas algo bem complicado. for adequadamente amplificada para a igreja e retorno
Como em muitos casos estas locações são alugadas, in- dos demais músicos. Trata-se, portanto, de uma solução
vestimentos adequados em materiais de isolamento e dispendiosa e que requer habilidades técnicas.
tratamento acústico (isolamento acústico e tratamen- Baterias eletrônicas: Odiadas (em princípio) por
to acústico são elementos completamente diferentes 99% dos bateristas, as baterias eletrônicas são o sonho
entre si, embora complementares) são simplesmente de todos os pastores, ministros de música, diáconos,
inviáveis dado ao seu alto custo financeiro e impossibi- vizinhos da igreja, técnicos de som e demais músicos
lidade de mudanças estruturais. e cantores do ministério de louvor, além, é claro, de
E, então, quais são as possíveis soluções? toda congregação.

12 LOUVOR
Esta aceitação por todos (exceto bateristas) deve-se A compreensão sobre o bem comum (que deve ser in-
ao fato de que elas não geram praticamente nenhum sistentemente buscado) é algo que só se atinge com
ruído ao serem executadas, tendo todo o volume so- muito diálogo, renúncia e espírito de equipe.
noro controlado eletronicamente.
Caso a bateria eletrônica seja realmente a melhor so-
O motivo de serem rejeitadas pelos bateristas deve-se, lução do ponto de vista acústico para a igreja, é funda-
principalmente, ao fato de mudar a sensibilidade ao mental que os bateristas tenham em mente a palavra
serem tocadas. do apóstolo Paulo quando nos dá seu próprio exem-
Esta adaptação, porém, é plenamente possível. plo de vida conforme está regristrado em 1Coríntios
10.33: Como também eu em tudo agrado a todos, não
Além da inegável vantagem do controle sonoro, há
buscando o meu próprio proveito, mas o de muitos, para
outros fatores positivos:
que assim se possam salvar.
– Do ponto de vista financeiro, estão cada vez mais
baratas; Hora de louvar

– Estão melhores, mais sensíveis ao toque (dinâmica); A Bíblia nos diz em Romanos 12.1: Rogo-vos, pois, irmãos, pe-
la compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacri-
– Possuem uma infinidade de timbres que podem ser fício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
alterados de acordo com a canção;
Esta racionalização envolve desde a mensagem que será
– Estão cada vez mais bonitas. Algumas se asseme- pregada até a forma como devemos nos comportar.
lham visualmente às baterias acústicas. A música tem o poder de tocar nossas emoções.
Conciliação A forma com que esta música será executada po-
Apesar dos argumentos aqui apresentados sobre as derá aproximar ou afastar o ouvinte da presença
vantagens do uso de baterias eletrônicas, há ainda de Deus.
uma grande resistência por parte dos bateristas em Inegavelmente o louvor feito com volumes contro-
aceitar esta solução. lados, bem mixado e onde haja inteligibilidade so-
O fato de serem (em sua esmagadora maioria) volun- bre a mensagem cantada, nos oferece maior possibi-
tários na obra do Senhor, faz com que exijam, no mí- lidade de concentração e meditação.
nimo, satisfação em tocar seus instrumentos. Nunca podemos perder a consciência de que nós,
músicos, cantores e técnicos, somos facilitadores para
que a congregação se comunique com Deus por meio
da música.
Também não podemos nos esquecer do Salmo
133.1: Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam
em união.
Que Deus nos abençoe para que façamos bom uso
de todas as soluções e de todos os instrumentos que
o Senhor nos deu.
Que o nosso louvor seja somente para a exaltação de
seu santo nome.

Beto Pimentel
Técnico de som, consultor de áudio, palestrante, produtor artístico e executivo. Formado em Processamento de Dados pelo
colégio ENIAC, eletrônica pelo Instituto Pentágono de Ensino e administração pela Universidade Salgado de Oliveira. Atualmente,
é bacharelando em Direito pela Universidade La Salle (UniLaSalle). Atuando no mercado de áudio profissional desde 1983,
trabalhou em empresas como Gabisom (atual equipe responsável pela sonorização do Rock in Rio), Estúdios Transamérica,
Impressão Digital, EMI-Odeon, Mega Estúdio, Soundtrack Studio (como sócio). Atualmente, é diretor administrativo da empresa
Ômega Alfa Ômega Produções Artísticas. Membro da AES (Audio Engineering Society). www.betopimentel.com.br

LOUVOR 13
A r t i g o

Ministério de Música
Padrões para a Música Sacra
Ezequias Guerra

A A música deve comunicar e expressar o evangelho em


uma linguagem de texto e uma linguagem musical
que sejam amplamente inteligíveis por parte da cul-
tura para a qual se dirige.
Ela deve oferecer um “sacrifício de louvor” digno,
para a pessoa individualmente e para a coletividade,
na experiência da adoração. Ela deve ser “o que temos
ção, comunhão e evangelização – com a devida consi-
deração pelas necessidades de cada atividade.
Ela deve falar da “pessoa toda” para a “pessoa toda”,
equilibrando cuidadosamente os elementos: físico,
emocional e intelectual, evitando cuidadosamente e,
ao mesmo tempo, o elemento sentimental.
Ela deve ser genuinamente criativa, evitando o que é vul-
de melhor” – a nossa melhor execução do texto e da
música mais significativos que sejam compartilhados gar e trivial, bem como o que é elitista e incompreensível
por todos. Ela deve ser oferecida em amor, humilda- (D. Hustad, p. 52).
de, gratidão e graça, sem arrogância ou vergonha ao
SÃO OBJETIVOS DO MINISTÉRIO DE MÚSICA
ser comparada com a oferta de outras pessoas do mes-
mo contexto cultural ou de outros. • Promover o interesse de toda a igreja pelo louvor em
sua vida;
Ela deve expressar e enfatizar a melhor teologia cristã de
cada cultura ou subcultura em particular, colocando to- • Dar aos cultos públicos o sentido participativo e in-
das as doutrinas daquela fé em um equilíbrio adequado. teligente;
Ela deve expressar e apoiar as melhores atividades • Promover e organizar os talentos musicais existen-
cristãs relacionadas com as crenças do grupo – adora- tes;
14 LOUVOR
• Estimular o aparecimento de conjuntos vocais e ins- Ele deve providenciar os recursos musicais para os
trumentais; cultos, casamentos, funerais, reuniões especiais e
outras formas de proclamação do evangelho.
• Coordenar as atividades musicais dos grupos exis-
tentes na igreja; Ele deve treinar os membros da igreja para providen-
ciarem a música para si mesmos nas áreas de cânticos,
• Coordenar a escala de coros, conjuntos, instrumen- regência, acompanhamento instrumental e leitura de
tistas e solistas, na programação da igreja; partitura: Neemias 12.42, 46; Números 8.23-26. No
Antigo Testamento, havia a escola de profetas: 1Sa-
• Promover classes especiais para o estudo da música;
muel 19.20; 10.5,6.
• Promover a aquisição de instrumentos musicais e a Ele deve liderar a comunhão e a adoração da igreja
conservação dos mesmos; reunida, ampliando experiências de culto por meio
• Manter sempre todos os grupos musicais em pleno do uso de uma ampla variedade de músicas significati-
funcionamento. vas: Deuteronômio 10.8: “Levar (...) estar diante (...)
servir (...) abençoar em nome do Senhor (...)”
Quem tem a autoridade e responsabilidade de provi- Como um administrador, o Ministro de Música é um
denciar que a música alcance o seu pleno potencial de líder de organização, planejador de finanças, diretor
sustentar a adoração, a comunhão e a evangelização? de recrutamento, líder no uso do espaço do prédio e
na compra e uso de equipamentos.
O QUE É UM MINISTRO DE MÚSICA?
Ele é o guia para a visão e prática total da música na
É um dos líderes espirituais da igreja: “servindo uns
igreja, em harmonia com o Ministro da Palavra: Nú-
aos outros conforme o dom que cada um recebeu
meros 16.10.
(...)” – 1Pedro 4.10.
Como músico profissional, o Ministro de Música
Ele faz o trabalho do ministério: a obra redentora e
deve ter habilidades básicas de regência, instrumento
restauradora de Cristo por meio da sua igreja. Ele é
e canto, e um conhecimento de literatura musical e
um cooperador de Deus.
educacional apropriado: 1Crônicas 15.22.
As qualificações para um Ministro de Música nas Es-
O valor do ministério de música depende da habili-
crituras são as mesmas apresentadas para um Ministro
dade de ensinar do Ministro de Música: 1Crônicas
da Palavra: 1Timóteo 3.1-7; 6.12; 2Timóteo 4.1,2. 25.6,8: pai – filho x mestre-discípulo.
Ele é um ministro chamado para servir em uma área Ele deve comunicar tanto valores musicais como es-
definida – especialmente pela música: 1Crônicas pirituais.
25.1,6-8; 6.31,32.
Ele é especializado em sua profissão, baseado em POR QUE A IGREJA PRECISA TER UM MI-
sólidos conceitos teológicos e bíblicos, e dedica- NISTRO DE MÚSICA?
do a ministrar às necessidades da igreja: 1Crônicas Existem razões específicas para se ter um Ministro de
23.27,28,30,31; 15.16,19,22; Música. As mais importantes são aquelas que se ba-
Idôneo: “próprio ou adequado para alguma coisa; seiam na Bíblia.
que tem condições para desempenhar certos cargos e Base bíblica
realizar certas obras” (Aurélio).
O Antigo Testamento narra várias situações em que
O QUE FAZ UM MINISTRO DE MÚSICA? os musicistas foram treinados para liderar o cul-
to: 1Crônicas 15.19-22,27,28; 16.4-9; 2Crônicas
Ele é um dos levitas: Números 6.8, 9 e Hebreus 13.15,
5.11,14; 7.6. Muitos salmos referem-se diretamente à
por meio de Jesus. experiência de louvor: Salmos 98; 100; 150. O Novo
O Ministro de Música deve fazer o trabalho do mi- Testamento fornece informações a respeito do uso
nistério: 2Timóteo 4.5. da música na Igreja Primitiva: Mateus 26.30; Atos
LOUVOR 15
16.25; 1Coríntios 14.15; Efésios 5.18-20; Colossen- com um grupo de música, ela se torna uma parte do
ses 3.16,17. Ministério de Música, ao cantar ou ouvir ativamen-
Bases espirituais te durante o culto ela dá um testemunho do traba-
lho criativo de Deus em cada ser. Ela pode querer
Em 1Coríntios 14.15, o apóstolo Paulo admoesta os ministrar, por meio de um programa de alcance
crentes a cantar com espírito, mas também com in- musical, ou simplesmente louvar a Deus com bra-
teligência. Esta tarefa requer que saibamos o que es- dos de júbilo. Seja qual for a maneira que escolha
tamos fazendo como doutrina e música. O papel do para participar, o Ministério de Música será benéfico
Ministro de Música é de um líder espiritual, ajudando na proporção direta dos esforços da congregação.
os outros a encontrarem uma forma de louvor e ado-
ração mais excelente por meio da música. PARA ONDE VAMOS? O QUE QUEREMOS?
O louvor é o reconhecimento de Deus em sua glória • Desenvolver alvos;
e majestade, sua autoridade e seu amor; o reconhe- • Desenvolver objetivos mútuos.
cimento de um ser separado de Deus e necessitado
de salvação, a purificação do pecado e a dedicação da O DESENVOLVIMENTO PESSOAL CONTÍNUO
vida para o serviço. É muito importante que os músicos eclesiásticos
Quando a congregação descobre a necessidade do uso profissionais trabalhem para conservar as suas cons-
efetivo da música no culto, a necessidade de um Mi- ciências alertas e suas mentes abertas em todos os as-
nistro de Música se torna cada vez mais evidente. pectos do seu ministério. Ocasionalmente, as pessoas
crescerão em um aspecto do papel que precisam de-
Bases educacionais sempenhar, e “perderão a fé” em outro. Uma pessoa
Observemos as orientações bíblicas: Romanos 12.7; pode negligenciar o “crescimento musical” e se aco-
Colossenses 3.16; 2Timóteo 2.15. O Ministro de modar em simplesmente “agradar” a congregação;
Música tem o dever de desenvolver o dom que Deus o argumento de que isto demonstra uma dedicação
lhe deu. O Ministro de Música fornece instrumenta- total ao “ministério” pode ser uma racionalização
lidade para um serviço mais rico e mais completo nas honesta (mesmo que mal direcionada). Outro se tor-
mãos das pessoas por meio de um programa de edu- nará envolvido completamente nas tarefas musicais,
cação musical. negligenciando o crescimento espiritual pessoal e
um ministério espiritual completo para a congrega-
Bases estéticas ção. Todos os ministros cristãos precisam conservar a
A música serve como função dinâmica do culto. A mú- sua vida de adoração pessoal renovada e vibrante. Os
sica tem o poder inegável de provocar emoções, excitar, músicos da igreja também podem precisar de cursos
motivar, atrair a atenção, instruir, unir, simbolizar, re- adicionais em áreas de ministério em que estão mais
presentar, entreter. Considere a emoção de uma ban- envolvidos – talvez em aconselhamento, em dinâmica
da (fanfarra) ou a música de uma propaganda. Lições de grupo, no trabalho com os jovens ou em educação
teológicas básicas, como “Jesus me ama”, são aprendi- cristã.
das por meio da música. A igreja em culto, unida em Pode ser ainda mais forte a tentação de relaxar no
cânticos, comprova o grande poder que a música tem campo do desenvolvimento musical pessoal, parti-
de criar um laço comum. A música expressa atitudes e cularmente se a cultura que prevalece na igreja não
sentimentos que não podem ser falados. Alguns pensa- faz grandes exigências dos recursos do ministro em
mentos humanos mais nobres são expressos por meio questão. É fácil acomodar-se a uma rotina que requei-
da música. O Ministro de Música ajuda a fazer da mú- ra pequena disciplina – o preparo apressado de um
sica um instrumento de expressão criativa do culto. hino coral para o domingo seguinte, ou a repetição
de um que já tenha sido cantado várias vezes, porque
QUAL O PAPEL DA CONGREGAÇÃO? “o povo gosta dele”. Os Ministros de Música precisam
A congregação toma parte vital no ministério da melhorar constantemente a sua perícia especializada
música. Ao cantar, liderar um cântico ou trabalhar – como maestros ou cantores ou como instrumen-
16 LOUVOR
– A congregação está cantando melhor, com plena
participação, aprendendo novos hinos regularmente,
e com evidente compreensão do texto dos hinos?
– Os coros e a congregação estão encontrando signifi-
cado em um espectro cada vez mais amplo de música
eclesiástica, degustando novos estilos, bem como no-
vas obras nos velhos estilos?
– Os coros estão cantando com mais harmonia que
antes? Estão eles ordenando melhor as suas pausas
para respiração? Cresceram eles em outros aspectos
de musicalidade?
– Estamos utilizando todos os recursos musicais po-
tenciais da igreja? Estamos desenvolvendo a musicali-
dade de cada pessoa?
É possível dizer sem medo que Ministros de Música
entusiásticos e dedicados podem alcançar qualquer
alvo razoável no âmbito dos seus horizontes musicais
tistas – se quiserem ficar satisfeitos consigo mesmos, se começarem tendo amor ao povo e à obra de Deus,
e desincumbir-se das suas responsabilidades como e se perseguirem o seu sonho com otimismo, humil-
mordomos cristãos de talentos e cultura musical. É dade, persistência e talento.
necessário que haja tempo bem disciplinado de estu-
A QUESTÃO DA ORDENAÇÃO
do e treinamento ou ensaios, bem como pela literatu-
ra nova e a audição de execução de música fina, tanto Uma questão que tem surgido cada vez mais frequen-
pessoalmente como por meio de gravações. Sem dú- temente em entrevistas com Ministros de Música em
vida também será necessário continuar investigando a perspectiva é se eles devem ou não ser “ordenados ao
teologia e a estrutura da adoração coletiva, bem como ministério”. A resposta costumeiramente se baseia na
a filosofia e a prática da música eclesiástica em suas opinião teológica, e muitas denominações ou congre-
expressões. gações em particular têm sua maneira individual de
crer, com políticas estabelecidas a esse respeito. Esta
Os Ministros de Música podem determinar o seu pró-
discussão estabelecerá a minha convicção pessoal e
prio crescimento e eficiência, pelo menos em parte,
pode ser útil para as pessoas cujas igrejas têm liberda-
medindo o crescimento da sua congregação. Pode ser
de para decidir a este respeito.
bom fazer um inventário anual (ou bienal) com base
nestas perguntas: O significado da ordenação nas igrejas “livres” não é
tão essencial como nas comunidades litúrgicas, onde
– A nossa adoração é madura, com pregação e mú-
o ministro é um “sacerdote” que administra os sacra-
sica que cobre toda a gama de verdades cristãs? Ela
mentos. Os grupos evangélicos, embora mantenham
é nova e viva a cada semana? Ela está sendo recebida
a ideia de que cada crente é um sacerdote (no senti-
com “graça”? Ele está resultando em mais discipulado
do lato), seguem o costume do Novo Testamento de
cristão amadurecido?
“impor as mãos” sobre a pessoa que vai se dedicar ou
– A nossa igreja é verdadeiramente evangelística? Es- está se dedicando com tempo integral ao “ministério”.
tamos nós levando as crianças e os jovens da congre- Este ato significa a “separação do ministro”, um reco-
gação e dos conjuntos corais a uma decisão por Cris- nhecimento para ele exercer o trabalho do ministério.
to? Estamos alcançando os não convertidos de nossa Admitimos que na época neotestamentária o “minis-
comunidade? A música está fazendo a sua contribui- tério” era aparentemente limitado à “pregação, ensi-
ção peculiar e única para “ganhar os perdidos?” no e pastoreio”, como é mostrado em Efésios 4.11,12.
LOUVOR 17
Em nossos dias de crescente especialização, há muitas anos depois do Ensino Médio. Estas são as disciplinas
pessoas que acham que ordenação não precisa ser tão que precisam ser discutidas:
limitada. Outros querem definir claramente a orde-
nação, a separação de uma pessoa para o “ministério Música – aprender a arte básica em sua teoria, sua
da Palavra”, e outra para o “ministério de música” ou o história e literatura, e sua execução (tanto em solo
“ministério de educação cristã”. como em conjuntos);

Este problema também traz para o nosso campo de Educação musical – aprender os princípios e práti-
atenção as questões se uma mulher pode ou não ser- cas de didática musical para várias faixas etárias;
vir como “ministra de música” e se uma mulher pode
Música eclesiástica – aprender a filosofia e adminis-
ou não ser ordenada. Tradicionalmente, tem havido
tração da música eclesiástica, adoração, hinologia,
considerável resistência entre alguns grupos evangé-
literatura e história da música eclesiástica, regência,
licos contra ambas as possibilidades, e provavelmente
execução nos cultos, Bíblia, teologia e ministério.
isto acontece por uma razão: há objeções, com base
pessoal ou bíblica, a “pastoras”. É interessante notar O ideal é que o bacharelado em música seja obtido
que alguns pastores não têm problemas em trabalhar no processo de estudar essas disciplinas. Os músicos
com uma “diretora de música” que trabalhe em tem- da igreja que receberam esse nível de preparação e re-
po parcial, mas não a considerariam como candidata conhecimento legal podem estar certos de que estão
a uma posição de tempo integral como “Ministra de devidamente preparados para servir com pastores
Música”. que estudaram em Seminários e é menos provável que
pensem em deixar o ministério quando as coisas se
Sem delinear as análises racionais teológicas desta
tornarem difíceis.
questão, e embora confessemos algum preconceito
machista chauvinista entrincheirado em nós, ho- Estes são os caminhos educacionais comumente se-
mens, preciso declarar a minha simpatia por aqueles guidos para se alcançar este alvo:
que creem que uma pessoa pode ser ativa no minis-
• Estudar numa Faculdade Teológica ou Seminário
tério da igreja, se foi chamada por Deus e é dedicada
para receber o bacharelado em Música Sacra e, talvez,
àquele ministério, quer seja homem, quer seja mulher.
mais tarde o mestrado em uma universidade;
Sobretudo, se aquela pessoa é musicista que sente o
pleno significado espiritual da vocação que tem, e está • Obter o bacharelado em Música e também o bacha-
pessoalmente dedicada a esse ministério, pode ser relado de Ministério Pastoral ou de Teologia numa
verdadeiramente chamada de “Ministro de Música” e Faculdade Teológica;
ser ordenada, seja homem ou mulher.
• Tornar-se bacharel em Educação Religiosa e obter o
PREPARAÇÃO PARA O MINISTÉRIO DE curso completo de um conservatório.
MÚSICA
Felizmente, há muitos meios pelos quais os Ministros
É evidente que os desafios de Ministros de Música de Música podem ampliar a sua cultura musical e au-
plenamente preparados são muitos e grandes. Eles mentar a sua perícia, enquanto continuam no minis-
precisam ser musicistas bem treinados e educadores tério, com o passar dos anos. Essas oportunidades são
de música, conhecer os princípios de igreja, enten- particularmente importantes para as pessoas que ti-
dendo plenamente a contribuição essencial desta arte veram uma instrução institucional menos que ótima.
funcional ao serviço de Deus e da igreja. Finalmente, Algumas dessas são:
eles precisam ser ministros que conheçam os pontos
básicos da teologia, das Escrituras e sua interpretação • Cursos rápidos ou simpósios em colégios, universi-
e que entendam o papel em que servem à igreja. dades e seminários, ou conduzidos por organizações
eclesiásticas;
O treinamento ou preparação para um ministério tão
exigente precisa ser variado e ao mesmo tempo abran- • Convenções de organizações profissionais, como
gente e, provavelmente, requererá pelo menos quatro sociedades musicais denominacionais (AMBB);
18 LOUVOR
• Periódicos publicados pelas organizações acima ci- apoio daquela comunidade mais ampla. Tal apoio é
tadas; centralizado idealmente em um departamento ou co-
missão de música da igreja ou denominação, que pos-
• Novos livros em todas as áreas pertinentes.
sa planejar atividades e publicações regulares e assistir
FINALIZANDO na contratação de músicos.
De acordo com os relatos dos livros e jornais de nos- Esperamos, se os evangélicos continuarem a flores-
sos dias, as igrejas evangélicas estão gozando de um cer, que possamos ver o dia em que mais seminários
grau de riqueza, tanto em termos numéricos quanto propiciem cursos de adoração e artes correlatas, para
de renda financeira. Muito mais igrejas estão sendo todos os pastores. Talvez algumas escolas também
capazes de considerar a possibilidade de contratar um comecem a oferecer currículos para a preparação de
profissional de música. músicos profissionais para as igrejas.
Os ministros precisam de segurança econômica para
si e para suas famílias; precisam de segurança emocio- REFERÊNCIAS
nal, em um relacionamento de colegas mutuamente HUSTAD, Donald P. JUBILATE! A música na igre-
aberto entre ministros da mesma equipe; precisam de ja. São Paulo: VIDA NOVA, 1991.
segurança profissional, em sua compreensão mútua
NOLAND, Rory. O coração do artista. São Paulo:
do tipo de ministério que se espera que eles desen-
Ekklesia, 2000.
volvam. A nossa convicção é de que a igreja será mais
bem servida por um programa musical: MATHIAS, Nelson. A música e seu ministério na
igreja. Brasília, DF: Musimed Editora, 1997.
a) que encoraje uma participação ótima de toda a
McCOMMON, Paul. A música na Bíblia. Rio de Ja-
congregação;
neiro: JUERP, 1981.
b) que enfatize o ministério aos músicos e cantores ICHTER, Bill H. A música e seu uso nas igrejas. Rio
tão plenamente como o que resulta das suas apresen- de Janeiro: JUERP, 1977.
tações;
ICHTER, Bill H. A música e sua história. Rio de Ja-
c) que dê prioridade aos significados principais da neiro: JUERP, 1976.
música eclesiástica funcional, em vez de dá-lo ao seu _______________. Revista Louvor. Periódico tri-
valor promocional em propiciar prazer e satisfação mestral: Rio de Janeiro, JUERP.
emocional nostálgica à congregação.
Os músicos jovens tendem a procurar um ministério
no contexto da sua própria comunidade ou denomi-
nação. Eles provavelmente hesitarão em considerar a
oportunidade oferecida por uma igreja local, a menos
que haja um número razoável de igrejas relacionadas
às quais eles possam ser convidados durante a sua
vida de serviço. Embora as igrejas evangélicas sejam
“livres”, elas tendem a seguir a direção denominacio-
nal do seu grupo em particular, consequentemente, a
possibilidade de crescimento e eficiência em termos
de música eclesiástica é maior quando ela tem o pleno

Ezequias Guerra
Bacharel em Música Sacra pelo Seminário Teológico Batista Mineiro, Ministro de Música na PIB de Manaus, AM. Presidente da
Associação dos Músicos Batistas do Amazonas – AMBAM.

LOUVOR 19

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