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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 020.

287/2013-5

GRUPO II – CLASSE VII – PLENÁRIO


TC 020.287/2013-5
Natureza: Representação.
Representante: CSP – Consultoria & Sistemas Ltda. (CNPJ
32.203.135/0001-40).
Unidade: Instituto Nacional de Tecnologia da Informação da
Presidência da República – ITI/PR.
Advogado: não há.

SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. EXIGÊNCIA DE VALOR


FIXADO EM EDITAL COMO PISO SALÁRIAL NO CURSO DE
PREGÃO. VEDAÇÃO EM CASOS EM QUE A
CONTRATAÇÃO É REMUNERADA POR RESULTADOS.
JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA DO TCU. PROCEDÊNCIA
PARCIAL. CIÊNCIA. ARQUIVAMENTO.

RELATÓRIO

Adoto como relatório a instrução elaborada no âmbito da Secretariada de Controle Externo


de Aquisições Logísticas – Selog (peça 14), que foi endossada por seus dirigentes (peças 15/16):
“1. Trata-se de representação formulada pela empresa CSP – Consultoria & Sistemas Ltda., a respeito
de possíveis irregularidades ocorridas no Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), código
UASG 243001, relacionadas ao Pregão Eletrônico 9/2013, cujo objeto consiste na prestação de serviços
voltados à área de tecnologia da informação (cópia do edital na peça 3).
2. O contrato decorrente da licitação em comento foi assinado em 22/7/2013, com a empresa Talenty
Tecnologia da Informação, Soluções e Serviços, pelo valor global de R$ 303.400,00, conforme extrato
publicado no dia 23/7/2013, o qual recebeu o número 18/2013.
HISTÓRICO
3. Na peça inicial (peça 1), a representante alega, em síntese, que os subitens 5.2.1 e 5.2.2 do termo de
referência do certame em tela fixaram os salários que deveriam ser considerados nas planilhas de preço,
sendo que o licitante que apresentasse valores de remuneração menores deveria demonstrar ter condições
de contratar pessoal pelos valores propostos.
3.1 Contudo, a autora sustenta que o correto seria que os limites mínimos de salários deveriam ser
aqueles previstos nas Convenções ou Acordos Coletivos de Trabalho. Tal fato teria culminado na
desclassificação da sua proposta.
3.2 Prossegue a representante afirmando que o ITI obrigou que o licitante mantivesse os funcionários
alocados pela empresa prestadora do serviço no contrato anterior, com seus respectivos salários, o que
configura afronta à legislação.
3.3 Também entendeu ter sido prejudicada quando da oportunidade de manifestação da sua intenção de
recurso, pois o sistema não teria seguido o prazo informado no chat.
4. Na instrução inicial dos autos (peça 8), concluiu-se que os elementos integrantes do conjunto
probatório desta representação não possibilitavam o deslinde do feito, cabendo, então, a promoção de
medidas saneadoras.
4.1 Dessa forma, foi realizada diligência junto ao ITI, para que se manifestasse sobre os fatos
apontados na representação, em referência ao Pregão Eletrônico 9/2013, cujo teor reproduzimos (peça
11):

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a) cópia dos pareceres e/ou relatórios técnico e jurídico emitidos em razão da análise do edital e do
termo de referência;
b) cópia dos pareceres e/ou relatórios técnicos que embasaram a fixação do limite mínimo de
remuneração de empregados da futura contratada, tal como disposto nos subitens 5.2.1 e 5.2.2 do
termo de referência;
c) justificativa à fixação de limites mínimos de remuneração de empregados do futuro contratado,
tal como disposto nos subitens 5.2.1 e 5.2.2 do termo de referência, tendo em vista o disposto no
art. 40, X, da Lei 8.666/93 e a jurisprudência do TCU, a exemplo do Acórdão 614/2008-Plenário;
d) outras justificativas e documentos que julgar cabíveis para o deslinde da questão ora tratada; e
e) indicação formal de interlocutor que conheça do assunto acima para dirimir eventuais dúvidas,
informando nome, cargo, telefone e e-mail de contato.
5. Em atendimento, o Diretor Presidente Substituto do ITI encaminhou as informações e/ou
esclarecimentos constantes da peça 13.
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
6. De acordo com a instrução anterior (peça 8, p. 1), a presente representação preenche os requisitos
de admissibilidade constantes no art. 235 do Regimento Interno do TCU. Ademais, a empresa CSP -
Consultoria & Sistemas Ltda. possui legitimidade para representar ao Tribunal, conforme disposto no art.
113, parágrafo único, da Lei 8.666/93 c/c art. 237, VII, do Regimento Interno/TCU.
7. Dessa forma, a representação poderia ser apurada, para fins de comprovar a sua procedência, nos
termos do art. 234, § 2º, segunda parte, do Regimento Interno/TCU, aplicável às representações de acordo
com o art. 237, parágrafo único, da mesma norma regimental.
EXAME TÉCNICO
Elementos apresentados pelo ITI (peça 13, p. 13-20)
8. Iniciou o Coordenador-Geral de Planejamento, Orçamento e Administração do Instituto, em
atendimento à solicitação desta Unidade Técnica, informando que o término do prazo deliberado para
manifestação da intenção de recurso no Sistema Comprasnet não sofre intervenção do pregoeiro (peça 13,
p. 13).
9. Ademais, foi feita diligência pelo ITI junto ao provedor do sistema (Serpro), cujo evento foi
registrado por meio da Ocorrência 2013/000957245, que em resposta informou que “o sistema registra o
tempo que o pregoeiro colocar no prazo da intenção. No caso foi colocado 30 minutos, o sistema só
fechou depois de 30 minutos. O sistema NÃO fecha aleatoriamente antes do prazo estipulado pelo
pregoeiro”. Referida comprovação de regularidade foi registrada no chat da sessão. Além disso, a
empresa não comprovou a ocorrência do suposto direito violado, limitando-se à alegação (peça 13, p. 13-
14).
10. Asseverou, ainda, que, embora a deliberação do prazo de 30 minutos para registrar a intenção de
recurso não disponha de previsão legislativa, restou adequado e razoável frente à prática do ato, bem
como ao que determina a jurisprudência do TCU (Acórdãos 2.910/2008, 1.990/2008 e 2.021/2007).
11. Quanto à questão da suposta obrigação a ser imposta pelo ITI à futura contratada, no sentido de
manter empregados da atual prestadora, afirmou o Instituto que não há disposição no edital nesse sentido.
Ademais, cabe à parte o ônus de comprovar sua alegação, o que não restou demonstrado (peça 13, p. 14).
12. No que diz respeito à suposta fixação de valores mínimos de salários dos empregados a serem
contratados, o que viola o art. 40, X, da Lei 8666/1993, informou, em síntese, que o edital não fixa base
salarial ou valor mínimo de cotação, mas estabelece salário paradigma, que representa referência objetiva
de preço, sem natureza vinculativa (peça 13, p. 14-15).
13. Assim, a licitante, a par do salário paradigma, passaria a dispor de elementos objetivos de custos
para estabelecer a sua oferta, haja vista o teor do Acórdão 256/2005-Plenário/TCU. Ademais, o edital
prevê a possibilidade de a licitante cotar valores diversos dos informados no edital a título de paradigma,

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oportunidade em que deverá comprovar a viabilidade real de contratação de profissionais com


qualificação igual ou superior ao informado, situação essa que afirma a proposta de isonomia dedicada ao
certame (peça 13, p. 15).
14. Além disso, destacou que os subitens 5.2.1 a 5.2.4 do Termo de Referência estabelecem os
requisitos de comprovação exigidos, a exemplo do previsto no edital do Pregão Eletrônico 17/2010, do
TCU (peça 13, p. 15-16).
15. Ainda sobre o tema salário-paradigma, informou que o manual de orientações básicas e
jurisprudência do TCU (4ª edição, atualizado em 2011) faculta a compreensão de que o salário-paradigma
a ser pago a determinado profissional não significa a fixação de preço mínimo, posto que o custo
comporta outros subitens. O salário de referência seria apenas mais uma variável do conjunto de custos
que integram a cotação do serviço, o que permite considerar que o preço ofertado deve constar tutelado
por outros valores previstos no edital, a exemplo da qualificação exigida (peça 13, p. 17).
16. Salientou, também, que a forma em que foram considerados os ambientes tecnológicos e diferidos
do ITI constantes do edital, bem como o estudo de viabilidade de custos desses serviços junto a outros
órgãos, encontram-se em documento intitulado “Análise de Viabilidade Técnica” (peça 13, p. 18).
17. Ainda buscando justificar os valores estabelecidos como referência, alegou que os serviços
prestados no ambiente tecnológico e de segurança do ITI requerem capacitação diferenciada em
ferramentas específicas, a exemplo de certificação digital ICP-Brasil e Software Livre, o que não se
insere nos padrões convencionais de preços de mercado. Assim, não se tem como adequada a vinculação
desse perfil qualitativo de profissional com aqueles abrangidos pela regra geral da categoria, sob pena de
equivocado estabelecimento de preço.
18. Argumentou que a empresa autora da presente representação foi regularmente convocada para
adequar a sua planilha à proposta de preços e, apesar de usufruir integralmente do tempo regulamentar
para envio dos arquivos e ajustes requeridos, não logrou êxito, sendo desclassificada, com fundamento
nos subitens 10.5 e 10.12 do edital (peça 13, p. 19).
19. Destacou, ainda, que, dentre os vícios acusados pelo auditor interno do ITI na planilha de custos da
empresa ora representante, merece destaque, além dos referidos no chat, a omissão na cotação do
elemento de custo obrigatório do INSS, cujo percentual estabelecido na norma é de 20% (peça 13, p. 20).
20. Outrossim, alegou que, mesmo que a proposta de salário convencional ofertado pela autora viesse a
ser considerada, ainda assim sua proposta restaria prejudicada, uma vez que não comprovou que possui
condições de contratar ou dispor de profissionais para execução dos serviços com a qualificação exigida
nos subitens 5.2.2 à 5.2.4 do Termo de Referência (peça 13, p. 20).
21. Ao final, o Coordenador-Geral informou que foram juntadas aos autos as planilhas inexequíveis da
licitante CSP e o Parecer Jurídico 090/2013/PFE-ITI, que, dentre outros aspectos, analisou a questão do
salário paradigma prevista no edital (peça 13, p. 20-21).
Análise
22. A licitação ora questionada foi realizada em 9/7/2013 e 21 empresas apresentaram propostas,
conforme se verifica da Ata de realização do Pregão (peça 7), cujo objeto é a contratação de empresa para
prestação de serviços de atendimento e suporte técnico presencial a usuários (help desk) e de supervisão.
Ao final, a empresa Talenty Tecnologia da Informação, Soluções e Serviços foi declarada vencedora do
certame.
23. A representante alegou, em síntese, que: a) os subitens 5.2.1 e 5.2.2 do Termo de Referência
determinaram os salários que deveriam ser considerados nas planilhas de formação de preço, sendo que o
licitante que apresentasse valores de remuneração inferiores deveria demonstrar ter condições de contratar
pessoal pelos valores propostos; b) o ITI estaria obrigando, de certo modo, que o licitante mantivesse os
funcionários alocados pela atual empresa prestadora do serviço, com seus respectivos salários; e c) teria
sido prejudicada quando da oportunidade de manifestação da sua intenção de recurso (peça 1, p. 1-3).
24. Quanto aos fatos apontados nas alíneas “b” e “c” pela representante, ressalte-se que eles foram
analisados na instrução anterior (peça 8, p. 2-3). No tocante à alínea “b”, o entendimento foi no sentido de

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que a alegação não poderia ser acatada, tendo em vista a inexistência de previsão editalícia nesse sentido.
Ademais, caso exigido que a licitante mantivesse os funcionários alocados pela atual prestadora, a
exigência não encontraria amparo legal.
25. No que diz respeito à alínea “c”, entendeu-se que caberia à autora comprovar o fato. O término dos
prazos estabelecidos pelo pregoeiro no âmbito do Comprasnet não é controlado por esse agente, mas sim
pelo próprio sistema. O registro que consta nos autos é a cópia da mensagem de email enviada pela
empresa CSP para a Comissão de Licitação às 08h30min, noticiando o ocorrido. Assim, tudo indica que a
intenção de recurso foi registrada segundos após o horário de encerramento (peça 8, p. 2-3).
26. Com relação à alegação da representante retratada na alínea “a” (parágrafo 23 desta instrução), os
elementos contidos nos autos não eram suficientemente esclarecedores para o deslinde da matéria, razão
pela qual foi realizada diligência para obtenção de informações adicionais.
27. Desse modo, a presente análise implica verificar a regularidade das exigências contidas nos
subitens 5.2.1 e 5.2.2 do Termo de referência, que tratam da remuneração dos empregados da futura
contratada.
28. O art. 40, inciso X, da Lei 8.666/1993 veda a fixação de preços mínimos como critério de
aceitabilidade de preços unitários e global nas licitações públicas.
29. Além disso, o art. 7º, II, da Instrução Normativa 4/2010, da Secretaria de Logística e Tecnologia da
Informação do Ministério do Planejamento, que estabelece diretrizes para a contratação de serviços de
tecnologia da informação pelos órgãos integrantes do Sistema de Administração dos Recursos de
Informação e Informática (SISP) do Poder Executivo, veda prever em edital a remuneração dos
funcionários da contratada.
30. O Termo de Referência anexo ao edital, na parte que trata dos salários dos profissionais, assim
dispõe (peça 3, p. 37-38):
5.2 Do paradigma dos salários profissionais
5.2.1 Considerando o nível de capacitação, as exigências de atuação dos profissionais
devido à especificidade do ambiente tecnológico do ITI, os valores pagos no atual contrato
e os praticados em outros órgãos da Administração Pública Federal chegou-se aos
seguintes valores de referência para a remuneração dos profissionais:
Perfil Valor mínimo de referência
Técnico de Suporte R$ 1.650,00
Supervisor de Suporte de R$ 2.500,00
Refer
5.2.2 Caso a proposta apresente valores de remuneração inferiores aos previstos na tabela acima, o
licitante deverá encaminhar, juntamente a sua proposta, demonstração comprobatória de que já
tenha contratado, ou tenha condições reais de contratar, pelos valores propostos, profissionais com
qualificação igual ou superior à exigida nas especificações técnicas.
5.2.3 Para fins da demonstração comprobatória exigida, caso a empresa se enquadre na situação
acima descrita deverão ser apresentadas cópias de carteira de trabalho (CTPS), do contrato de
trabalho ou instrumento similar, de profissionais que já prestem serviços equivalentes para o
licitante mediante remuneração igual ou inferior à de sua proposta; ou, ainda, declarações de
profissionais que se comprometam a prestar os serviços objeto da presente licitação, mediante a
remuneração constante da proposta do licitante.
5.2.4 A documentação comprobatória apresentada, na forma descrita, deverá estar acompanhada
dos comprovantes de que os profissionais atendem aos requisitos de qualificação profissional
constantes nas especificações técnicas.
31. Conquanto afirme-se o contrário, verifica-se que, no caso concreto, a fixação de salário paradigma,
da forma como o certame veio a ser conduzido, teve como condão a eliminação sumária dos licitantes que
cotaram salários inferiores ao que foi estabelecido como paradigma, o que veio a consubstanciar, na
prática, a fixação de pisos de salários em edital.
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32. A principal justificativa do Instituto, em razão dos questionamentos deste Tribunal, foi no sentido
de que o edital não fixou base salarial ou valor mínimo de cotação, mas estabeleceu salário paradigma,
que representa referência objetiva de preço, sem natureza vinculativa (peça 13, p. 15).
33. Segundo informado, a intenção foi dispor as licitantes de elementos objetivos de custos para
estabelecer a sua oferta. Além disso, o edital prevê a possibilidade de as licitantes cotarem valores
diversos dos indicados, desde que comprovada a viabilidade real de contratação de profissionais com
qualificação igual ou superior à exigida (peça 13, p. 15).
34. De fato, o subitem 5.2 do Termo de Referência não dispõe que a licitante seria desclassificada, caso
apresentasse na planilha de composição de custos salários inferiores aos valores de referência ali
indicados.
35. Todavia, verifica-se que a planilha de composição de custo dos profissionais do cargo de técnico de
suporte elaborada pela empresa CSP foi reprovada, sob a alegação de encontrar-se em desacordo com o
valor de referência citado no item 5.2.1 do Termo de Referência. Assim, foi aberto prazo para ajuste da
planilha. Posteriormente, foi apontado que o salário de supervisor também estava em desacordo com o
aludido subitem (peça 7, p. 12).
36. Consoante a Ata de realização do pregão, às 10h59m do dia 10/7, a representante foi comunicada
de inconsistência em sua proposta “visto que o salário base, encontra-se em desacordo com o valor de
referência citado no Termo de Referência” (peça 7, p.12), sendo-lhe ofertado prazo adicional de 1 hora e
8 minutos “para ajuste sob pena de desclassificação conforme estabelecido no subitem 10.5, 10.12 e
10.14 do Edital”. Mais adiante, às 14h40m do mesmo dia, o pregoeiro deixa registrado no chat que
“diante das novas planilhas apresentadas, nota-se que o Salário do Supervisor também está em desacordo
com o valor de referência citado no item 5.2.1 do Termo de Referência”, sendo-lhe aberto o prazo
adicional de 10 minutos para “ajuste sob pena de desclassificação conforme estabelecido no subitem 10.5,
10.12 e 10.14 do Edital”.
37. Ora, verifica-se que os atos do pregoeiro foram sumários no sentido de exigir que os salários
oferecidos fossem “ajustados ao valor de referência”.
38. O mesmo fato ocorreu em relação à licitante Stefanini Consultoria e Assessoria em Informática
S.A., conforme se verifica pela leitura da ata do pregão (peça 7, p. 13).
39. No que toca ao estabelecimento de valores salariais mínimos em editais, o TCU decidiu que a
fixação de remuneração mínima no edital somente é cabível, com restrições, nos casos de terceirização
de mão de obra com alocação de postos de trabalho, vedando tal procedimento quando os serviços
prestados pelo contratado devam ser medidos e pagos por resultado. Nesse sentido, estão os
Acórdãos 614/2008, 2.647/2009 e 1.612/2010, todos do Plenário.
40. Por pertinente, citamos o Acórdão 47/2013-Plenário, mencionado no Informativo de Jurisprudência
137/2013, in verbis:
Ainda no âmbito da Representação que apontou supostas irregularidades na condução do Pregão
Eletrônico 100/2012 pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), destinado à contratação de
serviços de operação de central de atendimento a usuários de tecnologia da informação, foi
suscitada possível ilegalidade decorrente do estabelecimento de valores salariais mínimos pagos
aos profissionais a serem disponibilizados pela contratada. O relator, em linha de consonância com
a manifestação da unidade técnica, lembrou que o TCU já se pronunciou sobre tal questão, por
meio do Acórdão 614/2008-. Constou do Voto condutor de tal decisão menção ao comando contido
no § 3º do art. 44 da Lei nº 8.666/1993: (§ 3º Não se admitirá proposta que apresente preços global
ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor zero, incompatíveis com os preços dos insumos e
salários de mercado, acrescidos dos respectivos encargos, ainda que o ato convocatório da licitação
não tenha estabelecido limites mínimos, exceto quando se referirem a materiais e instalações de
propriedade do próprio licitante, para os quais ele renuncie a parcela ou à totalidade da
remuneração). Ficou registrado também que: a compreensão da contratação de mão de obra
terceirizada abrange dois caminhos a percorrer: um, que aponta a obrigatoriedade de adoção dos
pisos salariais definidos em pactos laborais; e outro que indica a possibilidade de a Administração
Pública estipular valores mínimos de remuneração com base em pesquisas de mercado efetuadas
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previamente e calcadas tanto em dados obtidos junto a associações e sindicatos de cada categoria
profissional quanto em informações divulgadas por outros órgãos públicos que tenham
recentemente contratado o mesmo tipo de serviço. Ressaltou, entretanto, que esse Acórdão também
considerou indevida a fixação de piso salarial para serviços que devem ser medidos e pagos por
resultados. Observou ainda que o TST justificou nos documentos licitatórios a adoção de medição
também por homens-hora/postos de trabalho, o que justifica a fixação dos limites salariais mínimos
para tais itens de serviço apenas. E mais: o TST informara, no termo de referência da licitação, que
os valores de remuneração também tiveram como parâmetro os valores pagos por outros órgãos da
administração pública. Concluiu, a partir desses elementos de convicção, que a inclusão de faixa
salarial mínima na licitação ora analisada não configurou irregularidade. O Tribunal, então, por
considerar insubsistente esse e os outros questionamentos apresentados, julgou improcedente a
representação. Acórdão 47/2013-Plenário, TC 046.269/2012-6, relator Ministro-Substituto André
Luís de Carvalho, 23.1.2013.
41. No caso concreto, de acordo com o previsto no item 15 do Termo de Referência (peça 3, p. 50), a
contratação em tela e os pagamentos a serem realizados serão mensurados por resultados (indicadores de
nível de serviço). Nessa linha, a jurisprudência predominante do TCU é no sentido de que não se pode
fixar piso salarial.
42. Observa-se que, quando da análise de viabilidade da contratação, foi feito levantamento pelo
Instituto acerca dos salários atualmente pagos aos profissionais em contratos firmados por outros órgãos
da Administração Pública, para os mesmos serviços (peça 13, p. 33-34), além de serem indicados os
pagos no âmbito do contrato anterior do ITI.
43. Ademais, segundo afirmado pelo Setor Jurídico do Instituto, no Parecer 90/2013-FPE/ITI, foi
juntada, no processo licitatório (Anexo IV do edital), a Convenção Coletiva que abrange os postos de
serviços licitados, estando, portanto, de acordo com o disposto nos Acórdãos 614/2008 e 890/2007,
ambos do Plenário, nos quais constam orientações quanto à observância nas propostas de preços dos
acordos coletivos da categoria profissional requerida (peça 13, p. 82-83).
44. Pelo que se observa, os valores fixados pelo ITI, informados no parágrafo 30 desta instrução, estão
muito superiores aos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho 2012/2013 da categoria (peça 3, p.
101), e na atual Convenção 2013/2014, que são R$ 776,00 (jornada de 6h) e R$ 860,00 (jornada de 8
horas).
45. Com o intuito de fundamentar os valores então fixados, o ITI alegou a especificidade do ambiente
tecnológico do órgão, no qual requer a capacitação em ferramentas específicas, a exemplo de certificação
digital ICP-Brasil e Software Livre, o que, no seu entender, não se insere nos padrões convencionais de
preços de mercado. Constam, ainda, nos autos, informações de que foi realizada uma adequação dos
requisitos de qualificação exigidos dos profissionais visando à qualidade na prestação dos serviços (peça
13, p. 35).
46. Acerca desta questão, afirme-se que a jurisprudência dominante nesta Corte assevera que o
estabelecimento de salários mais elevados que a média de mercado não é garantia de qualidade na
prestação de serviços. Nessa linha, cita-se o Voto condutor do paradigmático Acórdão 2.281/2008 –
Plenário:
a simples pré-fixação de salários não garante a prestação de um serviço de maior qualidade, sem o
estabelecimento de outras condições, como requisitos de qualificação dos trabalhadores, padrões
de produtividade desejados, níveis aceitáveis de rotatividade, etc.
(...)
A esse respeito, o Tribunal já se manifestou nos acórdãos 2.003/2005, 2.028/2006 e 1.699/2007,
todos do Plenário.
47. Ora, deve a Administração estabelecer os padrões de qualidade desejados, inclusive com
qualificação técnica dos profissionais que irão prestar o serviço, quando for o caso. Ao apresentar suas
propostas, os licitantes assumem o compromisso de fornecer os bens e serviços nas condições pré-

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estabelecidas, na forma do inciso VII do art. 4º da Lei 10.520/2002, sob pena de, no caso de
descumprimento de suas obrigações, sofrer as sanções previstas no art. 7º da mesma Lei.
48. Assim, de fato, é lícito à Administração estabelecer parâmetros de custo que permitam aos
licitantes balizar suas propostas, tal qual afirma o ITI, porém carece de qualquer supedâneo, legal ou
jurisprudencial, que a Administração não aceite propostas de preços abaixo dos valores estimados. Aliás,
é exatamente isso o que se deseja pela prática da concorrência.
49 Somente nos casos de manifesta inexequibilidade de preços, na forma do inciso II do art. 48 da Lei
de Licitações, poderá a Administração desclassificar propostas em razão do valor cotado. E, conforme
sólida jurisprudência do TCU, o licitante deve ter a chance de demonstrar que seus preços são praticáveis.
A esse respeito a Súmula 262 desta Corte:
O critério definido no art. 48, inciso II, § 1º, alíneas “a” e “b”, da Lei nº 8.666/93 conduz a uma
presunção relativa de inexequibilidade de preços, devendo a Administração dar à licitante a
oportunidade de demonstrar a exequibilidade da sua proposta.
50. No caso em tela, repise-se, o pregoeiro desconsiderou as propostas em desacordo com as
referências de salários estabelecidas no edital, o que equivaleu ao estabelecimento de preços mínimos.
51. Destarte, deveria ser oportunizado de maneira justa aos licitantes que estes comprovassem a
qualificação técnica para a prestação dos serviços licitados e ainda que seus preços estivessem em
conformidade com o mercado.
52. Aliás, a esse respeito, diga-se que, conforme a Súmula 272 do TCU, não pode a administração
estabelecer exigências desnecessárias que incorram custos anteriores à celebração do contrato:
No edital de licitação, é vedada a inclusão de exigências de habilitação e de quesitos de pontuação
técnica para cujo atendimento os licitantes tenham de incorrer em custos que não sejam necessários
anteriormente à celebração do contrato.
53. Quanto à desclassificação da empresa CSP no certame, consoante se verifica da leitura da Ata de
realização do pregão (peça 7, p. 12-13), além da inobservância do salário paradigma na planilha de
composição de custos dos profissionais a serem contratados, exigência que consideramos indevida, a
desclassificação se deu ainda por inadequação da proposta de Plano de Saúde.
54. Também como motivo de desclassificação da CSP no certame, foi apontado a não cotação do INSS
na sua proposta, conforme consta da análise do auditor interno (peça 13, p. 68) e consoante se observa do
relato histórico dos fatos envolvendo a empresa CSP, contido nas mensagens do pregoeiro emitidas no dia
16/7/2013 (peça 7, p. 17).
55. De fato, ao compulsarmos as planilhas de composição de custos e formação de preço, elaboradas
pela referida empresa (peça 4, p. 1 e peça 13, p. 60), observamos que não foi cotado tal tributo. Assim,
entendemos que, quanto a esse aspecto, a desclassificação no certame da empresa CSP foi correta.
CONCLUSÃO
56. O documento apresentado à peça 1, deve ser conhecido como representação, por preencher os
requisitos previstos nos artigos 235 e 237, inciso VII, do Regimento Interno/TCU c/c art. 113, § 1º, da Lei
8.666/93 (parágrafos 6 e 7 desta instrução).
57. Das questões suscitadas na exordial, as referentes à suposta obrigação pelo ITI de manutenção de
funcionários alocados pelo antigo prestador de serviços e ainda o eventual prejuízo quando da
oportunidade de manifestação da sua intenção de recurso mostraram-se improcedentes (parágrafos 23 a
25 desta instrução).
58. No que tange à alegação de indevida fixação de preços mínimos, verificou-se que as ações do
pregoeiro na condução do Pregão Eletrônico 9/2013, do ITI, caracterizaram, na prática, a indevida fixação
de salários no instrumento convocatório, em desacordo com o estabelecido no art. 40, inciso X, da Lei
8.666/1993 e no art. 7º, II, da Instrução Normativa 4/2010, da SLTI/MPOG, ao passo que a jurisprudência
do TCU (Acórdãos 614/2008, 2.647/2009 e 1.612/2010, todos do Plenário), vem no sentido de que a
fixação de remuneração mínima no edital somente é cabível, com restrições, nos casos de terceirização de

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 020.287/2013-5

mão de obra com alocação de postos de trabalho, vedando tal procedimento quando os serviços prestados
pelo contratado devam ser medidos e pagos por resultado (parágrafos 27 a 52 desta instrução).
59. Contudo, também, verificou-se que a desclassificação da representante teve como azo não apenas a
inobservância do salário paradigma na planilha de composição de custos, exigência que consideramos
indevida, mas também por inadequações em sua proposta de preços que não foram sanadas no curso da
licitação (parágrafo 53 a 55 desta instrução).
60. Assim, em que pese a inadequação dos procedimentos adotados, entendemos não ser o caso de se
determinar a anulação do Pregão Eletrônico 9/2013 e, em consequência, do contrato dele decorrente,
firmado em 22/7/2013, com a empresa Talenty Tecnologia da Informação, Soluções e Serviços, visto que
a anulação do contrato em vigência acarretaria a interrupção da prestação dos serviços, tidos como
essenciais, e sua contratação emergencial, o que acabaria por acarretar maiores ônus à Administração.
61. Tendo em vista que o Contrato 18/2013, cuja vigência inicial é de 22/7/2013 a 22/7/2014, pode ser
prorrogado pelo prazo de até sessenta meses, com fundamento no art. 57, inciso II, da Lei 8.666/93,
propomos que seja formulada determinação ao Instituto no sentido de que não prorrogue o referido
contrato e adote as providências para realizar novo certame, sem que seja fixado piso salarial para
serviços que devem ser medidos e pagos por resultados no próximo edital que vier a elaborar para os
serviços em análise, informando ao TCU quando da elaboração do novo instrumento licitatório.
62. Outrossim, não identificamos nos autos elementos que levassem à audiência do pregoeiro e dos
servidores que elaboraram o termo de referência, visando à aplicação de eventual sanção.
63. Assim, diante dos fatos apresentados e analisados, conclui-se pela procedência parcial desta
representação e arquivamento dos autos, sem prejuízo de que sejam formuladas determinações ao ITI.
BENEFÍCIOS DAS AÇÕES DE CONTROLE EXTERNO
64. Como benefício do exame desta representação, pode-se mencionar o exercício da competência
do TCU em resposta à demanda da sociedade, conforme o item 66.7 das Orientações para benefícios do
controle constantes do anexo da Portaria - Segecex 10, de 30/3/2012.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
65. Diante do exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo-se:
65.1 conhecer da presente representação, uma vez que foram satisfeitos os requisitos de admissibilidade
previstos nos arts. 235 e 237, inciso VII, do Regimento Interno do TCU, c/c o art. 113, §1º da Lei
8.666/1993, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;
65.2 determinar ao Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) que:
a) não prorrogue o Contrato 18/2013, decorrente do Pregão 9/2013, cuja vigência se expira em
22/7/2014, adotando as medidas necessárias para a realização de novo certame;
b) na próxima licitação para a contratação de empresa para prestação de serviço especializado de
atendimento e suporte técnico presencial aos usuários do Instituto, abstenha-se de fixar valores mínimos
de remuneração dos trabalhadores, por afronta ao art. 40, inciso X, da Lei 8.666/1993, ao art. 7º, II, da IN
SLTI/MP 4/2010 e à jurisprudência do TCU, a exemplo os Acórdãos 614/2008, 2.647/2009 e 1.612/2010,
todos do Plenário, informando ao TCU quando da elaboração desse novo edital;
65.3 comunicar à representante a decisão que vier a ser proferida;
65.4 arquivar os presentes autos, nos termos do art. 250, inciso I, do Regimento Interno do TCU.”
É o relatório.

VOTO

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Está em exame representação da empresa CSP - Consultoria & Sistemas Ltda. a respeito de
possíveis irregularidades no pregão eletrônico 9/2013, conduzido pelo Instituto Nacional de
Tecnologia da Informação da Presidência da República (ITI/PR) para contratação de serviço
especializado de atendimento e suporte técnico presencial aos usuários dos sistemas institucionais,
com valor anual estimado em R$ 358.951,54.
2. A representante alegou que itens do termo de referência anexo ao edital fixaram os salários
que deveriam ser considerados nas planilhas de preço, sendo que o licitante que apresentasse valores
de remuneração menores deveria demonstrar ter condições de contratar pessoal pelos valores
propostos. Entretanto, os limites mínimos de salários deveriam ser aqueles previstos na Convenção
Coletiva de Trabalho da categoria. Assim, por não apresentar o valor fixado, teve sua proposta
rejeitada.
3. Asseverou também que o ITI exigiu a permanência dos funcionários alocados pela empresa
prestadora de serviços do contrato anterior, com seus respectivos salários, o que afronta a legislação.
Por fim, disse ter sido prejudicada por ocasião de sua manifestação da intenção de recurso, pois o
sistema não teria seguido o prazo informado.
4. Preliminarmente, conheço da representação, por preencher os requisitos de admissibilidade
previstos para a matéria.
5. No mérito, acompanho, em parte, o posicionamento da Selog.
6. Tem razão a unidade técnica ao acolher as justificativas do órgão de que o término do
prazo deliberado para manifestação da intenção de recurso no Sistema Comprasnet não sofre
intervenção do pregoeiro, o que foi confirmado pelo operador do sistema. Não procede, pois, essa
acusação.
7. A afirmativa de que o órgão objetivava manter os empregados alocados pela empresa
anterior também não encontra correspondência nos autos. Pelo contrário, na documentação
encaminhada, consta a análise de viabilidade da contratação, em que foi proposta uma readequação dos
requisitos de qualificação exigidos dos profissionais, com o objetivo de melhorar a qualidade dos
serviços. Além disso, o valor anual do contrato anterior era de R$ 237.797,00 (p.2, peça 8), quantia
inferior ao previsto para o novo contrato, donde se deduz que se pretendeu alcançar uma maior
qualificação, que se reflete em salários maiores. A representante não logrou êxito em demonstrar o
alegado.
8. Relativamente à fixação de salário paradigma, está certa Selog quando afirma que o
estabelecimento de preços mínimos é vedado tanto pelo art. 40, X, da Lei 8.666/1993 como pelo art.
7º, inciso II, da IN SLTI 4/2010.
9. Havia previsão editalícia de que seriam aceitos valores menores de remuneração, desde
que fossem demonstradas condições de contratar, pelos valores propostos, profissionais com
qualificação igual ou superior à exigida nas especificações técnicas. Contudo, a forma como foi
conduzido o certame teve como deslinde a desclassificação sumária dos licitantes que cotaram salários
inferiores ao estabelecido como paradigma. Tal procedimento, segundo a Selog, consubstanciaria, na
prática, a fixação de pisos de salários em edital.
10. Esse procedimento, entretanto, é vedado por este Tribunal quando os serviços contratados
forem medidos e pagos por resultados (acórdãos 614/2008, 2.647/2009 e 1.612/2010, todos do Plenário) ,
como é o caso em foco.
11. A Selog concluiu que deveria ter sido propiciado aos licitantes que comprovassem a
qualificação técnica para prestação dos serviços e a conformidade de seus preços com os de mercado.
Verificou, entretanto, que, além da inobservância do salário paradigma, a desclassificação da
representante se deu ainda: (i) pela inadequação da proposta de plano de saúde; (ii) por não ter sido
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 020.287/2013-5

apontada a cotação do INSS na sua planilha; e (iii) pela vedação da opção pelo regime de tributação
Simples Nacional. Assim, a desclassificação da representante foi considerada correta.
12. Nesse passo, entendeu a unidade técnica não ser o caso de determinar anulação do certame
e do contrato dele decorrente, por tal providência acarretar maiores ônus à Administração. Contudo,
considerando que o contrato pode ser prorrogado por 60 meses, propôs que fosse determinado ao órgão
que se abstenha de prorrogar a avença e adote providências para realizar novo certame licitatório.
13. Tenho considerações quanto às providências propostas.
14. Inicialmente, verifico que, apesar do edital especificar que aceitaria propostas de salários
menores, desde que fosse comprovada a possibilidade de contratação de profissionais com o nível de
capacitação exigida – indicando, inclusive, o que poderia servir como prova – na prática, isso não foi
observado pela equipe de suporte da pregoeira, o que levou à desclassificação das empresas, tendo
como um dos motivos a cotação a menor dos salários. Ou seja, não foi exigido o que previa o edital.
15. É oportuno que se analise, na prática, os reflexos desse descumprimento para o resultado
do certame.
16. Na ata da sessão do pregão eletrônico (peça 7), percebe-se que nenhuma empresa foi
desclassificada apenas por ter cotado os salários abaixo do patamar fixado. As planilhas apresentadas
tiveram diversas outras incompatibilidades, objeto de prazo para ajustes, como abaixo explicitado:
a) Infobrasilia – Informática Ltda. – ME: (i) foram cotados encargos sociais na condição de
optante do Simples Nacional, sem observar a vedação por este regime de tributação contida no art. 17,
inciso XII, da Lei Complementar 123/2006; (ii) percentual do 13º precisaria ser ajustado; iii) não
houve cotação para Provisionamento; iv) necessidade de adequar o Vale Alimentação com observância
de dias úteis; e v) valor cotado para Plano de Saúde incorreto; a empresa foi desclassificada por não
apresentar as correções no prazo estabelecido;
b) Rafael Campos Mendes ME: devido à necessidade de exclusão do sistema de tributação
Simples, informou não ter interesse na avença e solicitou sua desclassificação;
c) Via PC Comércio de Serviços de Informática Ltda ME: pediu sua desclassificação ao
saber da necessidade de se desenquadrar no Simples Nacional;
d) Stefanini Consultoria e Assessoria em Informática SA: (i) a proposta não continha o
total de postos estimados e os “...referidos não se enquadram no perfil e salário paradigma”; (ii)
Assistência Médica cotada abaixo da tabela da operadora; (iii) benefício transporte cotado de modo
linear; e (iv) ausência de cotação de percentual do INSS, custos indiretos, tributos e lucro; e
e) SYS Informática Ltda. ME: declinou da proposta, após verificar que o valor de seu lance
era inexequível.
17. Como visto, a irregularidade cometida, por si só, não foi capaz de desclassificar nenhuma
licitante do certame. Não há nem como afirmar que se poderia ter obtido preços melhores para o ITI ou
que a contratação foi antieconômica. Nesses termos, obrigar a administração pública realizar nova
licitação é impor um ônus desproporcional às consequências advindas da impropriedade verificada.
18. Desse modo, deve-se apenas dar ciência ao ITI das falhas verificadas, para correção futura
dos procedimentos do órgão. Nesse ponto, observo que houve exigência de a proposta cotar o número
de postos especificado no termo de referência. Isso se verificou na análise da proposta da empresa
Stefanini. Esse procedimento também se mostra indevido, uma vez tratar-se de contratação baseada em
remuneração por resultados. Mais uma vez, bastaria exigir que a empresa comprovasse a capacidade
de realizar os serviços, com a qualidade especificada, com um número menor de empregados.
Com as devidas vênias, acompanho, em parte, a Selog e voto por que o Tribunal adote a
deliberação que submeto à sua consideração.
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TCU, Sala das Sessões, em 2 de abril de 2014.

ANA ARRAES
Relatora

ACÓRDÃO Nº 823/2014 – TCU – Plenário

1. Processo TC 020.287/2013-5.
2. Grupo II – Classe VII – Representação.
3. Representante: CSP – Consultoria & Sistemas Ltda. (CNPJ 32.203.135/0001-40).
4. Unidade: Instituto Nacional de Tecnologia da Informação da Presidência da República – ITI/PR.
5. Relatora: ministra Ana Arraes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas – Selog.
8. Advogado: não há.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação da empresa CSP-Consultoria
& Sistemas Ltda. a respeito de possíveis irregularidades no pregão eletrônico 9/2013, conduzido pelo
Instituto Nacional de Tecnologia da Informação da Presidência da República para contratação de
serviço especializado de atendimento e suporte técnico presencial aos usuários dos sistemas
institucionais, com valor anual estimado em R$ 358.951,54.
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário,
com fundamento nos arts. 235 e 237, inciso VII, do Regimento Interno, c/c o art. 113, §1º, da Lei
8.666/1993, e no art. 250, inciso I, do Regimento Interno, e ante as razões expostas pela relatora, em:
9.1. conhecer da representação e considerá-la parcialmente procedente;
9.2. dar ao ITI ciência de que, no pregão eletrônico 9/2013, que tratou da contratação de
serviço especializado de atendimento e suporte técnico presencial aos usuários do Instituto, as ações da
pregoeira e de sua equipe na condução do certame caracterizaram indevida fixação de salários no
instrumento convocatório, em desacordo com o art. 40, inciso X, da Lei 8.666/1993, com o art. 7º, II,
da Instrução Normativa SLTI/MPOG 4/2010 e com a jurisprudência do TCU (acórdãos 614/2008,
2.647/2009 e 1.612/2010, todos do Plenário), eis que a fixação de remuneração mínima no edital
somente é cabível, com restrições, nos casos de terceirização de mão de obra com alocação de postos
de trabalho, sendo vedado tal procedimento quando os serviços prestados pelo contratado devam ser
medidos e pagos por resultado;
9.3. dar ciência desta deliberação, bem como do relatório e do voto que a fundamentaram,
à representante e ao ITI; e
9.4. arquivar os autos.

10. Ata n° 10/2014 – Plenário.


11. Data da Sessão: 2/4/2014 – Ordinária.
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12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0823-10/14-P.

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13. Especificação do quorum:


13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (na Presidência), Valmir Campelo, Walton Alencar
Rodrigues, Raimundo Carreiro, José Múcio Monteiro e Ana Arraes (Relatora).
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

(Assinado Eletronicamente) (Assinado Eletronicamente)


AROLDO CEDRAZ ANA ARRAES
Vice-Presidente, no exercício da Presidência Relatora

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)
PAULO SOARES BUGARIN
Procurador-Geral

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