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PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA
MOSSORÓ
2018
ACHILLES PINHEIRO BASTOS JUNIOR
MOSSORÓ
2018
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Achilles Pinheiro Bastos e Genesia Maria Alice da Fonseca Bastos, e
irmãos por me incentivarem em todos os aspectos nessa longa caminhada pela
universidade.
Ao pessoal da empresa ARXX sede em Vila Velha – ES, pela ajuda com detalhamento
dos custos e benefícios do método construtivo ICF;
“As pessoas não sabem o que querem, até
mostrarmos a elas”.
Steve Jobs
RESUMO
@ Arroba
© Copyright
® Marca registrada
% Porcentagem
$ Cifrão
m2 Metro quadrado
m3 Metro cúbico
W Watts
o
C Graus Célsius
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 16
2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 18
2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................................... 18
2.2 Objetivo Específico.................................................................................................................... 18
2.3 Justificativa ................................................................................................................................ 18
3. REFERÊNCIAL TEÓRICO ............................................................................................ 20
3.1 Sistema Construtivo Convencional .......................................................................................... 20
3.2 Histórico da Construção Modular ........................................................................................... 22
3.3 Insulated Concrete Forms (ICF) .............................................................................................. 24
3.4 Origem........................................................................................................................................ 25
3.5 Características ........................................................................................................................... 26
3.6 Vantagens Sistema ICF ............................................................................................................. 33
3.7 Etapas Construtivas .................................................................................................................. 35
3.7.1 Aspectos e Fundação ............................................................................................................ 35
3.7.2 Ancoragem das Fôrmas ou Blocos na Fundação .................................................................. 37
3.7.3 Estrutura ............................................................................................................................... 38
3.7.4 Instalações e Revestimentos ................................................................................................ 39
3.7.5 Lajes e Forros........................................................................................................................ 40
3.8 Isolamento Termo-Acústico ..................................................................................................... 41
3.8.1 Térmico................................................................................................................................. 41
3.8.2 Acústica ................................................................................................................................ 42
3.9 Impermeabilidade ..................................................................................................................... 43
3.10 Durabilidade ............................................................................................................................ 43
3.11 Anti-Chamas ............................................................................................................................ 44
4. METODOLOGIA.............................................................................................................. 45
4.1. Dados da Obra ......................................................................................................................... 45
4.2. Demonstração dos Processos Construtivos ........................................................................... 47
4.3. Detalhamento Orçamentário ................................................................................................... 52
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 57
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 59
6.1 Trabalhos Futuros ..................................................................................................................... 60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 62
APÊNDICE A – PLANTA BAIXA EMPREENDIMENTO RESIDENCIAL .................. 68
APÊNDICE B – RENDERIZAÇÃO EMPREENDIMENTOS .......................................... 69
16
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos a indústria da construção civil vem passando por grandes mudanças
em seu aspecto diretamente ligado a vida quotidiana das sociedades contemporâneas. Onde se
precisa de casas e prédios para viver, pubs para socializar, escritórios para trabalhar e
rodovias para viajar. Dessa maneira, a indústria da construção civil gasta mais de 60% dos
recursos naturais mundiais, tornando-se assim altamente insustentável. Atualmente as
atividades econômicas e sociais são capazes de promover profundas transformações no
sistema global em uma escala complicada, mútua e consequentemente acelerada (IPEA,
2010).
A principal fundamentação da indústria da construção civil do século XXI é a
sustentabilidade. O aquecimento global, proveniente dos desmatamentos, variações
climáticas, efeito estufa, aumento da poluição e emissão descontrolada de gases tem sido uma
das questões as quais vem pressionando as sociedades, que têm na tecnologia uma forma de
agir e transformar esse paradigma ao qual nos encontramos, reconciliando-se assim a natureza
e o habitat humano. Tendo em vista que as construções têm o seu tempo proficiente de vida, e
cabe aos projetistas e profissionais da área de construção civil visar a durabilidade das
mesmas, proporcionando que o investimento seja o mais sólido possível (LUEBLE, 2004).
A implementação de medidas sustentáveis é extremamente urgente e necessária para a
sociedade ao qual nos encontramos. Deste modo, no final da década de 1950 foi disseminado
na Europa um novo método construtivo, utilizando fôrmas de EPS na construção civil.
Tentando diminuir o índice de construções destruídas devido à terremotos e as baixas
temperaturas. Com a intenção de criar algo inovador, simples, de baixo custo, sustentável e
autoportante, e que agregasse elementos térmicos e acústicos ao ambiente (ICF Builder
Magazine, 2011).
Neste caso, segundo Hass e Martins (2011), tendo em vista que atualmente o processo
de construção civil no Brasil não é um dos mais adequados ao presente cenário, abre-se assim
portas para possíveis investimentos em novas formas de construção que agregue melhorias de
vida para a sociedade em relação: a qualidade, a durabilidade, a segurança e a
sustentabilidade, bem como desatar os mitos e cessar os preconceitos devido à cultura.
O desenvolvimento de construções sustentáveis que englobam a aplicação de fôrmas de
EPS, malha de aço e concreto auto adensável ou concreto usinado, vem pouco a pouco sendo
disseminada pelo Brasil, mesmo que de forma modesta, uma vez que a alvenaria de tijolo
17
2. OBJETIVOS
2.3 JUSTIFICATIVA
– PR. Deste modo, dispõe-se de poucas informações sobre suas potenciais aplicações e dos
obstáculos enfrentados para sua implementação e disseminação na construção civil brasileira.
Salvo do conhecimento das vantagens proporcionadas pelo sistema construtivo ICF em
aplicações fora do país, compreende-se que a consciência de que inovações devem ser
adequadas ao local, clima, viabilidade econômica e ser compatível com condicionantes
nacionais. Deste modo, o estudo de caso realizado neste trabalho, busca apresentar
informações detalhadas a respeito da construção de um empreendimento residencial,
empregando o sistema ICF.
20
3. REFERÊNCIAL TEÓRICO
O ICF é um sistema constituído por dois painéis em “esferovite” (EPS), uma espécie de
cofragem não recuperável que tem como principal função o isolamento térmico e acústico.
25
Sendo por si só painéis leves formados por camadas de material isolante, normalmente utiliza-
se em sua confecção o EPS (poliestireno expandido), unidos por ligações de aço ou plástico
integrante do mesmo material isolante. Os painéis foram elaborados com a intenção de se
criar uma estrutura simples, inovadora, de baixo custo, sustentável e autoportante, que não
desmoronasse e que agregasse propriedades térmicas e acústicas ao ambiente construído. Vem
ganhando adeptos nos Estados Unidos da América (EUA), Canadá, Reino Unido e América
do Sul (ICF Builder Magazine, 2011).
Na Figura 2, é mostra como funciona um bloco de Insulated Concrete Forms (ICF),
constituída de dois painéis de EPS em conjunto, suportes estruturais de aço ou polipropileno
de alta densidade. As dimensões do bloco são de 122 cm (centímetros) de comprimento por
40,6 cm (centímetros) de altura. A espessura do centro de concreto auto adensável ou
concreto usinado encontra-se entre 10,2 cm e 30,5 cm (centímetros). Os suportes estruturais
são concebidos para que possam servir de reforço ao aço em alguns locais, antes da
concretagem, servindo também como ponto de fixação para o material de acabamento das
paredes (Revista Téchne, 2016).
3.4 ORIGEM
Embora seja considerada uma tecnologia nova, ou pode-se dizer que seja um método
construtivo do futuro. O sistema construtivo ICF (Insulated Concrete Forms) teve origem e
primeira aplicação na Europa, após a Segunda Guerra Mundial, como uma maneira barata e
durável de reconstruir estruturas danificadas. Foi desenvolvido para regiões sujeitas a
terremotos, furacões, e baixas temperaturas no início da década de 1940, onde teve sua
primeira patente registrada por August Schnell e Alex Bosshard na Suíça, onde utilizavam
resíduos de madeira reciclada e cimento como material isolante. As primeiras fôrmas de EPS
(poliestireno expandido), surgiram por volta da década de 1960 como uma inspiração da
26
patente original, inovando o processo para o advento dos modernos plásticos de espuma.
Deste modo o empreiteiro canadense Werner Gregori apresentou a primeira patente para uma
fôrma de concreto de espuma na década de 1966 com um bloco, cujas especificações eram de
16 polegadas de altura por 48 polegadas de comprimento, com ranhuras internas, laços de aço
e um núcleo de grade estilo waffle (ICF Builder Magazine, 2011).
Com isso, desde a década de 1970 houve uma crescente adoção do sistema construtivo
ICF, embora inicialmente tenha sido prejudicada pela falta de conscientização e laços
culturais, além das normas construtivas não serem compatíveis na época, e pela falta de
padronização o que acarretou a reformulação de novas normas e padronizações ao sistema.
Deste modo, o sistema construtivo ICF hoje em dia faz parte da maioria das normas
padronizadoras da construção, é aceita em várias jurisdições ao redor do mundo, e atende as
normas de desempenho e eficiência energética, pois se trata de um sistema construtivo
sustentável no quesito de paredes de Poliestireno Expandido (Isocret do Brasil, 2017).
Segundo a Isocret do Brasil (2017), o sistema construtivo chegou ao país em 1998, com
a fundação da empresa. A qual trouxe dos Estados Unidos da America, que de acordo com
suas características estruturais se tratava de um avanço na concepção construtiva em concreto
e vedação da época. O sistema em si foi avaliado por testes do Instituto de Pesquisas
Tecnológicas de São Paulo – SP (IPT-SP) e pela Universidade de Campinas (Unicamp) com o
objetivo de promover um salto qualitativo em termos de inovações tecnológicas no setor da
construção civil do país. De todo modo a empresa Isocret do Brasil é responsável pela
disseminação do sistema construtivo no país, contribuindo de várias formas para o
desenvolvimento sustentável.
3.5 CARACTERÍSTICAS
O sistema construtivo ICF (Insulated Concrete Forms) aplicado a obra reduz em grande
parte o índice de resíduos se comparado com sistemas convencionais, além do tempo total de
obra. Dependendo do tipo de edifício ou empreendimento, ele pode gerar uma economia
considerável, sendo que o EPS diminui o peso que a fundação deverá suportar, além de obter
um coeficiente de transmissão térmica (U) com valores entre e os
(GONÇALVES, 2013).
O sistema construtivo ICF é composto por paredes estruturais, escadas, lajes estruturais
e cobertura. Tendo como objetivo a diretriz das paredes internas e externas, as quais
27
A resistência do poliestireno depende do quanto ele é expandido, isto é, quanto mais ele
for expandido menos denso ele ficará e mais fraco em questão de resistência, o qual é muito
utilizado para fabricação dos mais variados tipos de embalagens comerciais. Por outro lado
quanto menos expandido ele for, mais denso ele ficará e mais resistente, o qual é muito
utilizado para a fabricação de capacetes e objetos resistentes a impactos. Assim, no processo
todo o propano vai-se embora, resultando apenas em 98% de ar e 2% de plástico, comumente
conhecido como EPS.
De acordo com a EPS Brasil (2014), o processo de reciclagem do EPS é bem simples, e
consiste no processo de coleta do material, seja em canteiros de obras onde é utilizado o
material, ou em depósitos ou coperativas. Em seguida o material é transportado para uma
máquina de compactação, onde o mesmo é triturado e é feito a retirada do ar das esferas de
EPS. Após essa etapa o material reduzido é transportado para a fábrica, onde será
reprocessado e irá gerar novos produtos, como é mostrado na Figura 5.
29
Segundo Path (2002), existem três categorias de sistemas ICF, baseados na forma
resultante de parede estrutural autoportante. Esses três tipos de paredes são:
(1) ICF de parede plana: possui uma parede de concreto sólida de espessura uniforme,
tendo espessura de concreto nominal de 10cm, 15cm, 20cm e 25cm. A espessura real da
parede de concreto é tipicamente a espessura nominal reduzida em 1,27cm, como mostra a
Figura 6. A preparação do dimensionamento dos vergalhões de aço, é realizado pelo
engenheiro estrutural da obra, bem como pode ser consultado aproximações dadas pelo
fabricante.
(2) Sistema ICF em Grade de Waffle: possui parede de concreto sólida de espessura
variável, sua espessura varia de 15cm a 20cm para núcleos de concreto horizontais e verticais.
Os espaçamentos máximos entre cada núcleo de concreto são de 30cm. Sendo que o
espaçamento máximo dos núcleos horizontais é de 40cm, como é demonstrado na Figura 7. O
30
(3) Sistema ICF em Grade de Tela: possui uma parede de concreto perfurada de
espessura variada. Suas espessuras de concreto nominal variam entre 15 a 20cm para os
componentes horizontais e verticais da parede. Seu espaçamento máximo entre cada núcleo
vertical e horizontal é de 30cm. Diferentemente do sistema (2) Grade de Waffle, esse em
questão não possui “teias”, isto é, possuí um núcleo oco, como mostra na Figura 8. Seu
reforço estrutural de vergalhões de aço, como nos sistemas anteriores, necessita que o
engenheiro estrutural responsável pela obra faça o devido dimensionamento, que pode ser
consultado nos dados técnicos dispostos pelo fabricante.
município de Sinope – MT e Campo Belo - SP. Deste modo, segue abaixo as características
das categorias de blocos e fôrmas adotados no Brasil:
“Bloco Termoacústico para paredes de vedação ARXX VEDA”: são blocos retos em
formato de fôrma, possuem medidas 40,6 cm (altura) x 60 cm (comprimento) x 14 cm
(largura), possuindo um núcleo para concreto com espessura de 4 cm. Suas estruturas
embutidas permitem a fixação do acabamento interno e externo, resultando em
máxima flexibilidade ao projeto. Possuem peso de , coeficiente de
produtividade de , desempenho acústico de , desempenho térmico de
e um rendimento por bloco de , como mostra a Figura 9.
“Blocos Termo acústicos para paredes estruturais ARXX STEEL”: são blocos retos
em formato de fôrma, possuem medidas de 60 cm (altura) x 120 cm (comprimento) x
23 cm (largura). Possuindo um núcleo de espessura de 10 cm. Possuem estruturas
embutidas de aço galvanizado a cada 15 cm, a fim de criar pontos de fixação mecânica
para todos os tipos de acabamentos. Tendo camadas de EPS com espessura de 6,5 cm
permitindo que componentes elétricos e hidráulicos sejam instalados diretamente após
a concretagem. O bloco com largura de 23 cm, faz com que seja ideal para projetos
institucionais, empresariais e industriais. Possuem um coeficiente de produtividade de
, desempenho acústico de 6 , desempenho térmico de
e um rendimento por bloco de , como mostra a Figura 10.
32
Há apenas um modelo de fôrma do sistema construtivo ICF, sendo que o molde para a
sua confecção é disponibilizado pela empresa Isocret ICF, tendo como característica o fato de
não haver variação da espessura da fôrma:
“Fôrma para Concreto Armado Eco Sustentável”: são fôrmas retas moldadas por EPS,
com medidas de 30 cm (altura) x 120 cm (comprimento) x 14 cm (largura). Possuem
linhas demarcadas para que facilite o corte caso haja necessidade. Possuindo camadas
de EPS (poliestireno expandido) de 4 cm e núcleo de concreto de 6 cm, permitindo
que após a concretagem as paredes internas e externas sejam chapiscadas com
argamassa de cimento colante com resina polimérica projetada sobre tela de poliéster
com malha mínima de 3x3 mm (PVC) de alta densidade, como mostra a Figura 11.
(centímetros) de altura espaçados um dos outros com o objetivo de reforço estrutural das
paredes, em seguida o concreto é projetado/bombeado ou inserido manualmente, como mostra
a Figura 12.
Segundo ICF Construtora Inteligente (2017), bem como a ISOCRET do Brasil com
base nos resultados obtidos pelo IPT-SP em conjunto com a UNICAMP-SP o sistema
construtivo apresenta inúmeros benefícios nas edificações, sendo as principais:
Atende as normas: NBR 6.118:2004 – Estruturas de Concreto Armado, NBR
16.055:2012 – Parede de Concreto e supera integralmente a NBR 15.575:2013 -
Desempenho das edificações habitacionais;
Redução de 35°C externos para 15°C internos;
Redução de até 2,4oC/w/m2 (Graus Celsius por watt por metro quadrado);
Absorção de impacto para densidade 30Kg/m3 e de ;
Em todo caso, o sistema não é perfeito, e possui sim desvantagens. Sendo que a
principal desvantagem está em alguns casos na distância em relação local de obra e fábrica,
geralmente tendo a necessidade de um gasto a mais com variáveis decorrente ao transporte.
Bem como sendo um sistema autoportante, possuindo tal fator como uma vantagem, mas
também se tornando uma desvantagem, pois caso não se siga os procedimentos corretos e ao
concretar as paredes juntamente com tubulações hidráulicas ou conduítes das instalações
elétricas, não terá acesso as mesmas.
O ICF apresenta inúmeras vantagens sobre o sistema construtivo convencional, pois o
mesmo não se trata de um processo pré-fabricado e por isso tecnologicamente avançado se
comparando a sistemas convencionais. Pois promove grande durabilidade, facilidade de
manuseio e montagem. Além dos benefícios térmicos e acústicos, e resistente a várias
patologias de construção.
35
ser construída. Desta forma, por ser um sistema autoportante, a fundação deve estar
perfeitamente nivelada e esquadrada, permitindo desse modo a correta transmissão das ações
da estrutura e maior precisão na montagem da estrutura e dos demais componentes
(GONÇALVES, 2013).
É importante salientar que tanto para regiões onde o clima é muito frio ou muito quente,
é interessante, e ao mesmo tempo obrigatório se fazer o isolamento impermeabilizante da
fundação, a fim de evitar problemas futuros com a mesma. Nos Estados Unidos da América,
Canadá ou Suíça onde as temperaturas são bem baixas, é obrigatório segundo as normas
regulamentadoras dos mesmos ser realizado a impermeabilização tanto das fundações, bem
como das paredes externas, a fim de se evitar possíveis infiltrações decorrentes do degelo.
Geralmente as fundações são executadas de forma convencional. As soluções mais
empregadas para construções que adotam método modular ICF, consiste em radier ou sapata
corrida, seja qual for a especificação para a fundação. Porém é necessário ficar atento as
condições climáticas da região em que se encontra a obra a ser realizada.
3.7.1.1 Radier
O radier é um tipo de fundação rasa, constituída de uma laje em concreto armado com
cotas bem aproximadas da superfície do terreno, isto é, onde a estrutura irá se apoiar.
Basicamente é uma estrutura que distribui seu peso por toda a base da construção
uniformemente, como mostra a Figura 13.
3.7.3 Estrutura
De acordo com a ICF Construtora Inteligente (2017), para tubulações com dimensões
superiores a 100 mm (milímetros), as mesmas não devem ser colocadas dentro das fôrmas ou
blocos do sistema construtivo. Para esse caso, é realizado o procedimento similar ao sistema
construtivo convencional, onde no projeto da planta baixa da habitação é destinado locais de
40
passagem desses dutos (Shaft´s). Com a conclusão desse processo, inicia-se o processo de
revestimento das paredes, que serão chapiscadas com argamassa de cimento colante com
resina polimérica projetada sobre Tela de Poliestireno (PVC) de alta densidade, como mostra
a Figura 18. Nas paredes internas pode ser utilizado diretamente argamassa colante com
resina polimérica. Essa argamassa de revestimento utilizada externamente e internamente nas
paredes são de cimento, areia e resina polimérica com traço de 1:3: ½ ou podendo ser
revestimento acrílico texturizado colorido, fazendo com que se elimine o processo de pintura.
As lajes e forros dependem muito do tipo de projeto a ser executado, as áreas de forro
poderão ser em laje painel ou lajotas de EPS ou material cerâmico e vigas treliçadas
unidirecionais. Ao fim a concretagem das paredes estruturais serão deixados arranques com a
função de negativas as treliças das lajes pré-moldadas, podendo também fazer o uso de laje
protendida sem dificuldade alguma, como mostra a Figura 19.
realizadas uma ligação rígida, obtendo-se assim seções padronizadas. Podendo ser utilizada
qualquer sistema de cobertura, seja estrutura de madeira ou metálicas, como mostra a Figura
20.
3.8.1 Térmico
A ação termo isolante é uma vantagem do uso do EPS nos painéis de ICF,
possibilitando uma redução de até 15°C do ambiente externo para o ambiente interno, pois
possui um coeficiente de transmissão térmica como mostra no comparativo da Tabela 1,
resultando em um ambiente agradável, e consequentemente evitando gastos com sistemas de
refrigeração. Isso é devido a estrutura das células fechadas que compõe o EPS, pois são cheias
de ar, e dificultam a passagem do calor, o que confere ao produto um grande poder isolante.
Por ser um material que possui com baixa absorção de água, é insensível à umidade. Pois
como o EPS não é higroscópio mesmo quando imerso em água, o mesmo absorve pequenas
quantidades de água. Garantindo assim suas características térmicas e mecânicas mesmo sob a
ação da umidade.
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3.8.2 Acústica
Com o passar dos anos a poluição sonora tem se agravado de maneira agressiva e
intolerante, dessa forma o sistema construtivo ICF traz benefícios em minimizar as agressões
sonoras que partem do ambiente externo urbano para dentro da privacidade do ambiente.
De acordo com o estudo da Path (2002), a capacidade de uma parede diminuir a
quantidade de som (ou ruído) que passa para dentro do ambiente é medida testando a parede
para dar uma classificação. Essa classificação é conhecida com Classe de Transmissão Sonora
(STC), e pode ser usada para comparações de controle de ruído ou a privacidade
proporcionada pelo método construtivo utilizado. No caso das paredes de ICF, o principal
benefício é a redução do ruído derivado de fontes externas. O controle de fontes de ruídos
dentro da residência ou empreendimento pode exigir um detalhamento especial devido as
paredes divisórias e os sistemas de piso dentro do mesmo. De acordo com o mesmo estudo,
nos Estados Unidos da América (EUA) geralmente é exigido uma classificação mínima de
STC de 45, que equivale ao nível de frequência do ruído, conforme demonstrado na Tabela 2.
43
3.9 IMPERMEABILIDADE
3.10 DURABILIDADE
3.11 ANTI-CHAMAS
4. METODOLOGIA
Sabendo dos quantitativos dos blocos e fôrmas a serem utilizados na obra, os mesmos
chegam prontos ao canteiro de obra, não necessitando de pilares e vigas sendo necessário
apenas a sua colocação devidamente correta e conectá-los aos aços verticais de arranque da
fundação, CA-60 ou bitola definida após cálculo estrutural, bem como a colocação do aço
CA-50 horizontal ou bitola definida após cálculo estrutural a cada 30 cm de altura. Após a
etapa de fixação da 1a fiada de fôrmas ou blocos é aconselhável ligá-las entre si, utilizando
presilhas “enforca gato”, com a finalidade de que as mesmas não saiam do prumo. As Figuras
22 e 23 exemplificam a montagem da estrutura da 1a fiada de blocos e fôrmas do
empreendimento sobre a fundação do tipo radier.
De acordo com NAHB Research Center (1997), o empilhamento das fôrmas e blocos
de EPS é de montagem do tipo macho e fêmea, após é realizando o enquadramento interno,
49
bem como é conferido o prumo das paredes e com as escoras montados e fixadas
provisoriamente nas paredes para o vazamento do concreto, como é mostrado na Figura 24.
As molduras tanto das janelas, bem como das portas são feitas de madeira ou de aço.
São utilizados suportes tanto de madeira como de aço verticais para sustentação e prumo das
molduras, como é mostrado na Figura 25. Em seguida, é realizada a concretagem das paredes.
A concretagem das paredes de ICF devem ser realizadas com o auxílio de duas
pessoas que estarão sobre o andaime, sendo que uma terá a função de guiar o concreto
bombeado, e a outra terá a função de vibrar o concreto a fim de que o mesmo não crie “ninhos
de concreto” dentro das formas. Isto é, é utilizado uma bomba vibratória de concreto para que
o mesmo preenche uniformemente toda a parede, sem deixar partes ocas, e não segregue entre
os aços verticais e horizontais como é mostrado na Figura 26.
50
A laje desse estudo possui uma espessura de 15 cm e composta por lajotas de EPS,
com o objetivo de gerar menos peso/carga e mais resistência a tensões de tração e compressão
que irão sofrer no decorrer de sua vida útil, como mostra a Figura 27.
De acordo com Maria et. al. (2017), as instalações hidráulicas cujo diâmetros que são
superiores as 100 mm, devem passar em pontos estratégicos, descritos nas plantas hidráulicas
da edificação. O método de passagem desses canos com diâmetros superiores, é similar as
instalações realizadas no método de construção em alvenaria de vedação convencional. Não é
aconselhável passar os mesmos por dentro dos blocos e fazer a concretagem, pois em caso de
futuras manutenções isso será impossível. Tendo assim vantagens significativas em questões
de tempo de execução dos cortes, desperdício de materiais, fácil reaproveitamento de
possíveis desperdícios, redução da mão de obra e redução de impactos gerados por materiais
descartados.
Os acabamentos das paredes de ICF, laje e outras partes da edificação podem ser feitas
similar ao método de construção em alvenaria, podendo ser utilizados desde um simples
reboco ou até mesmo acabamentos mais pesados. Na Figura 30 é exemplificado uma técnica
muito utilizada por construtores cujas fôrmas e blocos não possuem as ranhuras, para que seja
feito a colocação de telas de poliestireno e em seguida a realização do chapiscar da parede e
em seguida o reboco.
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Após todas essas etapas, a construção dos modelos ARXX e ICF ISOCRET chegam
em sua fase final de acabamentos. Que são as pinturas e acabamentos estéticos tanto de
interior, como de exterior. O tempo previsto de duração de obra depende da quantidade de
colaboradores no canteiro de obras, em média o tempo previsto para esse modelo de
empreendimento residencial é de no máximo 3 meses. Dependendo do nível de acabamento
estético é possível que esse tempo aumente.
Deste modo, foi provado que o sistema construtivo ICF é realmente um método
construtivo rápido, produtivo e eficiente.
Segundo NAHB Research Center (1997), as etapas mais complexas para a construção
utilizando o sistema ICF, são a fundação, onde é necessário ter certo conhecimento do solo ao
qual será construído e qual o tipo de obra será executado sobre o mesmo, bem como a devida
montagem e fixação dos blocos nos aços de arranque. Desta forma, sabendo às áreas do
empreendimento a ser construído, é determinado o quantitativo de materiais a serem usados.
Por exemplo, com as áreas das paredes externas e internas é possível ser realizado o
quantitativo de blocos a serem usados. Portanto, o orçamento deixa de ser uma previsão
insegura e se aproxima muito da exatidão de custos. Nas tabelas 8 e 9 será mostrado
detalhadamente a quantidade de blocos e fôrmas, aços verticais e horizontais, lajotas de EPS,
vigas de concreto armado, telas de aço das lajes e concreto usinado para os dois tipos de
empreendimentos residenciais que adotam o sistema ICF.
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Tabela 12: Custos envolvidos em cada etapa de construção categoria ICF ISOCRET
Etapas Valor (R$)
Topografia do solo e Sondagem 7.424,73
Limpeza e Terraplanagem 1.600,00
Instalações provisórias 2.144,40
Fundação Sapata Corrida 7.482,76
Fôrmas ICF ISOCRET 27.060,00
Concretagem e Vibração das paredes 19.807,92
TOTAL R$ 65.519,81
Fonte: Autoria própria
Tabela 13: Custos envolvidos em cada etapa de construção categoria Sistema Convencional
Etapas Valor (R$)
Topografia do solo e Sondagem 7.424,73
Limpeza e Terraplanagem 1.600,00
Instalações provisórias 2.144,40
Fundação Sapata Corrida 7.482,76
Blocos Cerâmicos (14x19x19) 2.553,00
Concretagem (pisos, paredes, cintas, laje, 12.966,95
colunas)
TOTAL R$ 34.171,84
Fonte: Autoria própria
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
preenchimento dos vazios onde foi cortado para a instalação é preenchido com espuma do
mesmo material ou poliuretano.
O canteiro de obras do sistema ICF é de certa forma bem organizado e limpo,
enquanto no sistema convencional há a necessidade de grandes manutenções de limpeza e
organização das matérias primas.
O prazo de execução de sistemas convencionais em alvenaria é maior e impreciso, por
outro lado o sistema ICF é estimado o tempo de conclusão da obra desde o projeto de
execução da fundação.
Segundo dados da Sinduscon – RN (2018), o custo unitário básico (CUB) para a
construção de um empreendimento residencial de padrão normal R 1-N, de 23 de maio de
2018 no Sistema Construtivo Convencional é de R$ 932,25 o metro quadrado, tendo em vista
que em outros estados do Brasil esse valor é relativamente mais alto, cerca de 50% maior. Na
Tabela 18 é feito o comparativo entre o custo total para a edificação estudada com ambos os
métodos construtivos abordados.
Deste modo, nota-se que o sistema construtivo ICF tem um custo mais elevado em
comparação à construção convencional em alvenaria, especificamente a construção em ICF
ficou 55% mais caro. Porém, esse custo mais elevado será convertido em eficiências a longo
prazo, sustentabilidade na construção, bem como conforto térmico/acústico e diminuição do
consumo de energia com equipamentos de refrigeração artificial do meio construído.
59
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desse modo, sendo a pesquisa parte de um projeto maior, sua continuação será
imprescindível para determinação de fatores relativos ao desempenho térmico das habitações,
resistência ao fogo, resistência a intempéries, fatores de absorção de água, e a possibilidade de
utilização de outra matéria prima que não seja derivada do petróleo e que agregue as mesmas
particularidades que o Poliestireno Expandido propõe, bem como ser inerte e não poluir o
meio ambiente devido à má gestão de resíduos.
62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LUEBLE, Ana Regina Ceratti Pinto (2004) – UNERJ – Centro Universitário de Jaraguá do
Sul: Construções de Habitações com Painéis de EPS e Argamassa Armada. I Conferência
Latino – Americana de Construção Sustentável. X Encontro Nacional de Tecnologia do
Ambiente Construído, 18-21 junho 2004, São Paulo, SP. Disponível em:
<ftp://ip20017719.eng.ufjf.br/Public/AnaisEventosCientificos/ENTAC_2004/trabalhos/PAP0
354d.pdf >. Acesso em: 14 de outubro 2017.
65
LAWSON, Mark (2007). Building Design Using Modulates. NSC, 28-29. Disponível em:
<https://www.steelconstruction.info/File:SCI_P348.pdf?internal_link>. Acesso em 14 de
outubro de 2017.
BUILD BLOCKS ICF. Build Blocks ICF: performace, publications, energy efficiency, etc.
Disponível em: <http://buildblock.com/ >. Acesso em: 15 de outubro de 2017.