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Brasil história .

República Velh2 ra M onteiro, concentra-se em rom - Este bem concatenado capítulo


- texto e contexto. per com aq uela visã o mecani cista acom panha a ascensão de J osé
da história , em que os fatos sociais Francia , o fun dador da nação com
Po r Me ndes J únio r, Antonio & e políticos aca bam reduzin do-se a podere s absolutos (era intitulado E/
um mero reflexo da ação empree n- Supremo) . bem co mo sua polít ica
M aranhão , Ri cardo. São Paulo ,
dida por governantes e pelos de guerra aos ricos e à lgre1d. re-
Brasi li en se, 1979. v. 3, 378 p . sulta ndo num país que cult:vava
he ró is nacionais. Ou sej a .
Cr$ 395 ,00. tod as ou quase todas as culturas
enaltecem -se as ações iso lad as e
individuais em detrimento de mu- que se prestava m ao selo para-
da nças estr uturais am plas , de guaio , tornando- se auto-suficiente
complexidade coletiva. A grande em seu abastecimento. Ao morrer ,
maio ria dos li vros didáticos de em 1840, não existia um só analfa -
história adotados no primeir o e beto no país, caso único em toda a
segundo graus delineia um qua- Amé rica Latina. Ca1·1os Antonio
dro onde Solano Lopez e o povo Lopez. o su cessor, dá continuioa-
paraguaio aparecem como uma de à sua obra, instituindo o ensino
horda de bárbaros, verdadeira supe rior, criando as primeiras
excrescência humana qu e precisa - indúst rias de maior porte (fun-
va ser purgada, segundo as pala - dição , fábrica de arm as, pólvora,
vras do escritor argentin o Sa r- pa pel , tinta s), instalando o
mie nto. Todavia , lendo o capítulo telégrafo e construindo, já em
53 , A gue rra do Paraguai (p . 45- 1861, duas fe rrovias. Seu filho, o
64) , no início da parte 13 - O sucessor Franc1sco Solano Lo-
império sem bases - , é possível pez, assume a presid ência em
perceber que em 1840 o regime pa- 1862, man tendo o mesmo estil o do
rag uaio já prom ov ia um desenvol- pai . "A ( ~s sa altura o progresso do
Com o su rgimento do Brasil Pa raguc.:i 1á era motivo de cobiça
vimento autôno mo onde o analfa-
história, texw e comexw, ago ra para as grandes potênc1 as e países
betismo havia si do erradicado e,
em se u vol ume três dedicado à vi zinh os. Desde 1861, sua ba lan ça
tar:tbém, se fechava à penetração
Repú bl ica Velha, a editora Brasi - de comérci o apresentava grandes
de manufaturas inglesa s, dese n-
liense dá co ntinuida de à pub li- sa ldos, ao con trár io dos crônicos
volvend o uma vasta indúst ria arte-
caçã o dessa obra in di spensável déficit s das economias dependen-
sanal. " No quadro de m iséria, de-
aos estudantes da história na ci o-
pendência econô mica e poder lati- tes e agro-exportadoras da 91
nal. Os dois volumes anteriores fo - fundiári o, característico da A mé- Américc. ;_atina . "Sc:gundo o clás-
ram dedicados à Colônia (19761 e sico trabalho de I eón Pomer, La
ri ca Latina . as pot ênc ias não po -
ao Im pério (1977) , se ndo que o
diam acei ta r um Esta do insó lito , Guerra de/ Paraguav/ gran nego-
presente dá co nta do períod o cro - cio!, em 1860 as exportações gua-
que nacionalizava as terras e pro-
nologica men te situado en tre os ranis chegaram ao dobro de suas
movia o ensino obrigatório gratui to
anos de 1869 e 1922, ou seja , do fi- importações .
para to das as classes. Do ponto de
nal do Império ao sur gimento do
v ista dos polí ti cos e Intelectuais ar-
Tenentismo. As contestações ao
gentinos e brasileiros, educados na A re ferida visão estrutural do
regi me que culminaram co m a Re-
Europa à custa do suor e do san- processo histórico, procurando in-
volução de 30 ficarão para o quarto
volu me (A Era de Vargas ), e o gue de escravos e camponese s mi- terl igar os acontecimentos econô-
qu into e último se intitula rá seráveis, o Paraguai era a barbárie . micos , sociais e políticos, pode ser
Contemporâneo . Era nec essário int egrá-lo à observada em praticamente todo o
civilização, v a Ie dizer , ao mercado presente vol ume. Merecem desta-
Mendes Jr. e Maranhã o , auxilia- m undial controlado pelas potên - que alguns dos capítulos inseridos
dos por mais 13 au t ores, escrevem c ias capiti:llistas. Conscien te ou na pa rte 18 - Companheiros de
38 sintéticos ca pítu los da história não disso, o governo brasilei ro foi boné - pri ncipalmente os de
brasilei ra do período , acrescidos um dos executores dessa exigên- número 75, 76 e 77, respectiva-
de detalhadas cronol ogias. indi- cia de imperialismo . Os esforços me nte Trabalho urbano e vida
caçõ es bibl iog ráfi cas, índices que o povo brasileiro teve quedes- operária, Os socialistas brasileiros
an alít icos e remissões do text o . Is- pender nessa luta, e as inú meras e e a social -democracia, e Anarquis-
to faz co m qu e a ob ra se constitua importan tes conse qüência s que tas e anarco -sindicalismo no Bra-
em eficiente instrumento didático, ela teve para a nossa histó ria, só sil. O mesmo pode ser dito com re-
permitindo esclarecimentos ime- po dem ser entendidos no q uadro lação àqu eles dedicados à indus:
diatos sobre quaisquer dúvidas a dessa hegem o nia do capita l bri tâ- trialização e o inti tulado Origens do
respeito de nomes, datas e fatos nico, que ao longo do século XIX proletariado industrial do Brasil
com preendidos no espaço histó ri- presidiu à próp ria forma de organi- (70) . A credito qu e nem todos os
co analisado. zação das sociedades e do s Esta - estudi oso-s conc ordem com a ma·
dos do cont inente . O Pa rag uai ten- neira pela qua l esses capítu los fo-
Acred it o que o maior mérito tou fi car de fora dessa hegemoni a. ram desenvolvidos, mas eles são,
deste volu me didático, co nsa grado E foi punido com o extermínio do juntam ent e com o dedicado à
à memória do Prof. Dug las Teixei- seu pov o ." Guerra do Paraguai, os que co n-

R[·senha bibliogra}im
têm as análises ma1s argutas sobre Brasil 1990 - caminhos alter- O artigo de Paul I. Singer - A l-
período estudado . O comp!e ·
O -. nativos do desenvolvimento. ternativas do futuro brasileiro -
menta Manifestações culturais no :raz em sua introdução a Justificati -
fim do Império e na Primeira Por Rattner, Henrique, org . va para um trabalho de espec ula-
República, bem como o capítulo ção acerca do futuro do Pa ís.
São Paulo, Brasiliense, 1979.
f-ormação do Partido Comunista "Qualquer grupo ou orgar11 2acão
233 p . política. que pretenda intervir de
Brasileiro acabam decepcionando
o leitor, pois são sumários demais, forma significativa na vida da
contendo um mín imo de interpre- nação, precisa ter uma idéia do
tação, talvez em virtude de pouco que poderá vir a acontecer tanto
espaço editorial concedido aos co em virtude de sua própria ação co-
labor adores . mo em conseqüência das atitudes
e posições assumidas pelas demais
F-inalizando, Brasil história: forças po líticas" (p. 15). O autor
República Velha texto e procura ao longo de seu artigo
contexto. bem como os dois ou- examinar o que denomina "três
tros volumes dedicados respect i- cenários alternativos do futuro bra-
vamente à Colônia e ao Império sileiro", ou seja, três possibilidades
são obras de ângulo pedagógico, diversas de organização da estru-
indispensáveis . Entretanto, em tura do poder. sistema de domi-
conversas com professores de nação, relações entre as classes
história de ensino secundário ofi- sociais, repartição de renda, de-
cial , percebi que os esforços de senvolvimento regional e urbano,
Mendes Jr. e Maranhão seriam etc . V1ostra -nos assim, err primei-
melhor recompensados se os volu- . ro lugar , as possíveis conseqüên -
mes não fossem vendidos a quase c1as da continuação do esquema
CrS 400,00 cada . Se o preço fosse militar-tecnocrático com a perma-
pouco acima da metade do atual nência no poder das mesmas fo-
Brasil 7990 é uma coletânea de en-
- - o que só se conseguiria com ti- rças que atuaram nos últimos
saios organizada pelo Pro f. Henri-
ragens superiores a 20 mil exem- anos. A segui'. examina . um ce -
que Rattner com o objetivo de apre-
plares - -, pelo menos um número nário no qual predominam as for-
sentar um balanço das questões
maior de professores poderia ças da atual oposição que :Jta por
92 mais prementes que o País tem
adquiri-lo e transmitir aos inician- um desenvolvimento capitalista
possibilidade de enfrentar nos
tes uma visão da história brasileira em moldes democrát icos e nacio-
próximos anos . Entretanto. não se
que fugisse às grandiloqüências nalistas . E a terceira possibilidade é
trata simplesmente de um in-
das ações individuais, bem como descrita em torno da eventual ex-
ventário dos problemas a serem
ao puro e simples relato minucioso tensão da democracia partici-
enfrentados, mas sim de uma ten-
dos acontecimentos - especiali- patória a todos os quadrantes da
tativa de trazer à baila os desafios
dade que a maioria dos livros vida social - possibilidade por ele
que tendem a surgir no cenário da
didáticos que ainda hoje se edita denominada socialista - concre-
vida econômica, política e social
consagrou fartamente. O t izável, caso as forças que se
brasileira.
opõem ao capitalismo. em nome
Afrân io Mendes Catani dos interesses históricos da classe
Um fundo cinzento representan-
trabalhadora , alcancem o poder e
dq um corpo apertado por um cin-
possam nele realizar seu progra-
to preto cuja fivela está abotoada
ma .
em seu último furo é o que está fo-
tografado na capa do livro - capa
tão interessante, quão pouco su- Integrando o panorama no qual
gestiva de épocas promissoras - e surgem preocupações cada vez
esta representação é confirmada mais intensas com a deterioração
pelas análises e prognósticos dos das condições de vida, o trabalho
autores cujos trabalhos compõem de Pierre J . Erlich - PreseNar o
a obra . Esta contém 1Oensaios ela- : meio-ambiente - chama a aten-
borados por 11 autores, dos quais : ção para a maneira segundo a
apenas três serão aqui brevemente qual o problema tem sido encarado
descritos: Alternativas do futuro entre nós . " Se não tomamos me-
brasileiro, de Paul I. Singer; Pre- didas para proteger o meio
servar o meio ambiente, de Pierre ambiente, não é por incompetên-
J . Erlich ; e Ciência e tecnologia, de cia -- é por convicção ... A pro-
Henriquete Rattner. As análises blemática nacional, em termos
desses autores apresentam farto prioritários, foi definida como a de
material que permite evidenciar a acumulação de capital para o au-
veracidade do que se afirma como mento da capacidade produtiva e a
objetivo do livro . criação de empregos; outras face-

Revista de Administração de Empresas

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