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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

HUM05021 - ANTROPOLOGIA: DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS Turma: C


Professor: Ricardo Shiel
Aluna: Giulia Oliveira

Fichamento
TEXTO:
Efeito físico no indivíduo da ideia de morte sugerida pela coletividade
- Marcel Mauss

Neste texto Mauss nos apresenta sua análise das sociedades australianas e
neozelandesas no que diz respeito as construções coletivas da ideia da morte e como elas
acabam por se relacionar e interferir da vida individual dos sujeitos. Neste sentido, serão
observadas principalmente as mortes derivadas (ou sugeridas) de feitiços ou cometimento
de pecados. Nestes casos podemos perceber que as construções culturais (religiosas,
morais…) atuam sobre a consciência individual, causando consequências físicas e
emocionais que levam a aceitação da morte e posteriormente à morte de fato: “São
verdadeiros males de consciência que provocam os estados de depressão fatal, eles
próprios causados por essa magia de pecado que faz que o indivíduo se sinta culpado,
induzido a culpa”. (pg 360)
Fato interessante e exaltado pelo autor é o reconhecimento da resistência física
tanto dos australianos quanto dos neozelandeses. No entanto, mesmo que possuam esta
característica, quando abatidos por algum feitiço ou cometimento de algum pecado, suas
mentes e corpos começam a se deteriorar. É percebido então que “Essa resistência
contrasta fortemente com a fraqueza em caso de doença causada por pecado ou por
magia, mesmo sem gravidade num ou noutra.” (pg 358) É principalmente a crença na
magia, nos deuses e em seus castigos que modula o temor e ao mesmo tempo a aceitação
da morte nestes casos, bem como a moralidade construída socialmente que atua e mantém
a tradição destas crenças.
Mauss identifica a questão da morte sem causa “visível” (algum ferimento ou
doença) como um “gênero de fatos que deveriam ser estudados com urgência, aqueles em
que a natureza social reencontra muito diretamente a natureza biológica do homem” e
ressalta aí o papel da consciência humana “Esse medo pânico que desorganiza tudo na
consciência, até mesmo o que chamamos o instinto de conservação, desorganiza sobretudo
a própria vida. O elo psicológico é visível, sólido: a consciência. Mas ele é frágil; o indivíduo
enfeitiçado ou em estado de pecado mortal perde todo o controle de sua vida, toda escolha,
toda independência, toda personalidade.” (pg 364)

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