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PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DOS MATERIAIS DENTÁRIOS

Importante para prever seu comportamento seu comportamento durante o manuseio e uso na cavidade
bucal.

As propriedades físicas são baseadas em leis da mecânica, acústica, óptica, termodinâmica, eletricidade,
magnetismo, radiação, estrutura atômica ou fenômenos nucleares. Exemplos: matiz, luminosidade e
croma são propriedades físicas baseadas nas leis da óptica. A Condutividade térmica e o coeficiente de
expansão térmica são propriedades físicas baseadas nas leis da termodinâmica.

Entre as propriedades físicas podemos citar viscosidade, creep, cor, condutividade térmica. E o que são
propriedades mecânicas? São um subgrupo das propriedades físicas, se referem à resposta dos materiais
(deformações elásticas e plásticas) após serem solicitados por meio de aplicação de uma força. Entre elas
podemos citar resistência, rigidez, resiliência, tenacidade, ductibilidade e dureza.

Antes é preciso entender alguns conceitos básicos, como o que é resistência? Resistência é a capacidade
de resistir a uma carga aplicada. A carga é a força aplicada sobre o material. Quando uma força atua
sobre um corpo, uma reação a essa carga e desenvolvida internamente. Essa reação tem a mesma
magnitude e direção, contudo sentido oposto ao da força externa, sendo chamada de tensão e é dada pela
força por unidade de área. Já a deformação é a resposta a uma força aplicada.

Para que um material seja resistente, a tensão nunca deve exceder a resistência do material.

As tensões podem ser de tração, quando o corpo resiste ao alongamento, compressão, quando o corpo
resiste ao encurtamento, cisalhamento, quando o corpo resiste ao deslizamento de planos.

A tensão de torção, reação a forças que tendem o giro num eixo. E a flexão, facilmente de ser entendida
visualizando uma viga bi-apoiada com uma carga aplicada.

Todos os tipos de tensões podem aparecer a partir dos esforços mastigatórios

No caso de uma prótese parcial fixa de 3 elementos, os retentores estão fixos em suas extremidades. Ao
aplicar uma força no pôntico, ou seja, no ponto central entre os dois apoios fixos, essa estrutura tende a se
empenar em direção ao tecido gengival devido à flexão. Nessa situação, a parte mais oclusal da prótese
está sendo comprimida e tende a reduzir seu comprimento, devido à existência de tensões compressivas.
A região mais gengival tende a se estirar ao alongar devido à existência de tensões de tração.

Tensões de torção atuantes em PPF.

Outro exemplo onde aparecem os 3 tipos de tensões é visualizado em um pino intra-radicular. Um pino
intra-radicular pode transferir o esforço oclusal para o seu interior causando o efeito de uma cunha, que
possibilita a fratura logitudinal da raiz. O efeito cunha aparece quando o carregamento favorece a intrusão
de um pino no interior da raiz. Quando isto acontece, a cunha tende a aumentar o perímetro da seção
transversal do remanescente, gerando além das tensões compressivas, também tensões trativas. Quando
estas tensões trativas e compressivas são maiores que a resistência à tração e à compressão da raiz
ocorre a fratura da raiz.

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Ensaio de tração é o ensaio mecânico mais importante para a determinação da resistência dos materiais.
É o teste mais simples. Permite determinar diversas propriedades mecânicas importantes. Consiste em
aplicar uma força (carga) de intensidade crescente, tracionando o material até sua ruptura. Ensaios
realizados no próprio produto ou em corpos-de-prova de dimensões e formas especificadas, segundo
Normas. Material submetido a um esforço que tende a alongá-lo até a ruptura. Figuras: CP acoplado as
garras, na máquina de ensaios e antes e após a ruptura.

O que acontece com o material durante o teste de tração? A aplicação de uma força no material provoca a
deformação, uma variação dimensional do material até sua ruptura. Exemplo de uma curva Tensão (eixo
Y) versus deformação (eixo x) obtida em uma ensaio de tração. Nesta figura ilustro 4 regiões principais,
onde ocorrem grandes transformações no CP, a qual vou detalhar mais a frente

Como obtenho a curva tensão e a deformação? A tensão é obtida pela força aplicada pela máquina de
ensaios, que é medida por uma célula-de-carga (instrumento que mede força) divida pela área da secção
transversal do CP, a qual é definidas no programa da máquina de ensaio. A deformação é, dada pela letra
Epslon, é quantificada pela variação do comprimento do CP (comprimento final menos comprimento
inicial), medido por um instrumento que mede o deslocamento entre dois pontos no CP, que será dividido
pelo comprimento inicial do CP, ou seja, é uma deformação específica.

A deformação pode ser elástica e plástica. A deformação elástica precede a deformação plástica. A
deformação elástica não é permanente, ou seja, é reversível e o material retorna à posição inicial após
retirada a força. Isso ocorre, por exemplo, ao estirarmos uma borracha, ela pode duplicar de tamanho, mas
suas dimensões originais se restabelecem tão logo a força seja removida, isto se estivermos trabalhando
no regime elástico. Nesse exemplo, a deformação elástica é visível a olho nu. Outro tipo de deformação é
a plástica. Nesse caso, após a aplicação de uma força, o corpo se deforma permanentemente. Imagine o
aspecto de um carro após colidir com um muro de concreto, de um papel após ser amassado ou o aspecto
da alça da sacola plástica após ser utilizada com um conteúdo bastante pesado. Mesmo após a remoção
da força que provocou essas deformações, a deformação persiste. De forma geral, deseja-se que os
materiais dentários sejam capazes de resistir aos diversos esforços que geram tensões de tração,
compressão, cisalhamento, torção, flexão, na cavidade oral, e que estas tensões estejam apenas no
regime elástico.

O módulo de elasticidade é uma constante de proporcionalidade entre a Tensão atuante e a deformação


resultante (coeficiente angular da reta), que é valida somente no regime elástico. O Módulo de Young,
representa o grau de rigidez do material.

Enquanto a flexibilidade é uma vantagem para materiais de moldagem, é imprescindível que materiais
restauradores apresentem a característica oposta, ou seja, sejam rígidos, com alto módulo de elasticidade.
O material de moldagem à base de poliéter tem maior rigidez, ou seja, maior módulo de elasticidade, em
comparação com o alginato. Assim, uma força maior é necessária para remover uma moldeira com esse
material de áreas retentivas na boca. Por exemplo, para uma mesma tensão, dois materiais (amarelo e
verde) tem diferentes comportamentos ilustrados na figura. Como o material verde se deforma mais do
que o material amarelo para a mesma tensão, este é mais rígido que o material verde.
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Quando o material é submetido a uma tensão de tração (ou compressão), ocorre um “ajuste”
(acomodação) nas dimensões perpendiculares à direção da força aplicada. A relação entre as
deformação lateral e longitudinal é definido como Coeficiente de Poisson. O coeficiente de Poisson está
relacionado com a natureza e a simetria das forças de união interatômicas. A maioria dos materiais de
engenharia possui valores de aproximadamente 0,3. Significa que quando tenho um deslocamento de
1mm na direção da força, terei uma redução de 0,3mm da direção perpendicular a força aplicada.
Borracha tendem a ter coeficiente de Poisson próximo a 0,5.

A partir da curva de tensão versus deformação obtida no ensaio de tração, é possível calcular o coeficiente
de Poisson, o módulo de elasticidade, o limite de proporcionalidade (que representa a transição entre
deformações elásticas e as plásticas). Do ponto de vista prático, é difícil definir, durante um teste, a tensão
exata que representa o limite de proporcionalidade. Assim, mensura-se o limite convencional de
escoamento ou tensão de escoamento, que é uma medida que representa a tensão na qual uma pequena
quantidade de deformação plástica de 0,1 a 0,2%. O limite convencional de escoamento é ligeiramente
maior que o limite de proporcionalidade. Outras propriedades são a resistência máxima à tração,
determinado pela razão entre a força máxima aplicada e secção transversal.

Outras propriedades é a resiliência, que é a capacidade de um material absorver energia quando este é
deformado elasticamente e depois, com o descarregamento, ter essa energia recuperada. A área sob a
curva, que representa a absorção de energia por unidade de volume, corresponde à resiliência e é dada
pelo Módulo de Resiliência.

Outras propriedades são a tenacidade, que é a capacidade de um material de absorver energia até sua
fratura. Sua magnitude pode ser mensurada pela área abaixo das porções elástica e plástica de curva de
tensão-deformação. Ao se confeccionar uma coroa total metálica fundida, é de suma importância conhecer
as propriedades de tenacidade e de alongamento da liga que está sendo empregada. Caso a liga seja de
ouro, a adaptação das margens da coroa do preparo pode ser melhorada através do brunimento, já que
essa liga sofre grande percentual de deformação plástica antes de fraturar.

Agora imagine dois fios metálicos de materiais diferentes com os mesmos formato e diâmetro e que estão
representados no gráfico exibido. Em tensões logo acima do limite de proporcionalidade, o material A
praticamente não sofre deformações plásticas. Portanto, diz-se que esse material é frágil ou friável. A
fragilidade ou friabilidade é uma propriedade que caracteriza a incapacidade relativa do material de
suportar uma deformação plástica, antes de ocorrer a fratura. Em outras palavras, pode-se dizer que um
material frágil fratura em tensões muito próximas ao seu limite de proporcionalidade. Caso tentássemos
alterar o formato de um pedaço de vidro, o máximo que conseguiríamos seria quebrá-lo. As cerâmicas e
os amálgama são materiais dentários bastante frágeis. A característica oposta à fragilidade é a
ductibilidade e a maleabilidade. Ao aplicar uma força maior que o limite de proporcionalidade em um
material dúctil ou maleável, esse sofrerá uma considerável deformação permanente antes que frature. A
capacidade de um material de resistir a forças de tração sem sofrer rupturas é chamado de ductibilidade. A
maleabilidade é a capacidade do material de resistir a forças de compressão sem fraturar. Essa

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propriedade é utilizada na fabricação de fios elétricos. O ouro é um metal bastante dúctil e maleável. O Giz
ou o gesso são exemplos de materiais Frágeis.

Material deformado plasticamente falha? Não necessariamente. Por exemplo, um fio necessita ser
dobrado para ter forma de um clip. Entretanto, quando certas estruturas deformam plasticamente, elas
falham. Exemplo, perna de uma cadeira, uma ponte, um prédio, uma prótese…

Conhecido também como Ensaio de Brasileiro de Tração Indireta, desenvolvida pelo Prof Lobo Carneiro. É
chamado de Tração Indireta,pois nesse tipo de ensaio, um cp na forma de disco é comprimido
diametralmente e gera tensões de tração no plano de aplicação da carga.

Materiais frágeis fraturam sob cargas de tração relativamente muito baixas. Quando se deseja
caracterizar esse tipo de material, o teste de tração direto ou convencional não é muito indicado devido à
condição de baixa coesão do material. Uma alternativa para esse método é utilizar o teste de tração
diametral.

Caso o cp se deforme significantemente ou caso ele não se frature no centro do CP, os resultados não são
válidos. Este ensaio não é aplicado a materiais ductéis, pois o CP pode achatar-se e alterar as condições
de ensaio.

Considerando-se que a maioria das forças mastigatórias é compressiva, torna-se importante em muitos
casos avaliar os materiais sob tensões de compressão. Este teste também pode ser empregado para
avaliar materiais frágeis, semelhantemente ao teste de tração diametral. Nesse tipo de teste mecânico,
uma força de compressão é aplicada em um cp de forma a aproximar suas extremidades.

Para as resinas compostas, o formato do cp a ser testado deve ser cilindrico e a razão do seu
comprimento em relação ao seu diâmetro deve ser 2:1. De forma semelhante ao teste de tração, é
possivel confeccionar uma curva de tensão-deformação e calcular o limite de proporcionalidade, o módulo
de elasticidade, a resistência máxima à compressão, a resiliência e a tenacidade.

Ensaio mecânico de cisalhamento por extrusão. Utilizado para medir a resistência ao cisalhamento da
interface adesiva pino/dentina. Após a cimentação do pino, a raiz é dividida em 3 terços.

Os 3 Cps são apoiados numa base metálica que contém um orifício de dimensão maior que a do pino e
menor que a da dentina. A seguir um pino metálico aplica carga até que o pino seja retirado com conduto
do canal.

A resistência de um material à flexão corresponde à sua capacidade de resistir ao dobramento. Esse tipo
de tensão é bastante comum na cavidade bucal, principalmente quando o paciente é portador de próteses
fixas. Esse teste também é denominado resistência ao dobramento ou resistência transversa.

Para avaliar a resistência à flexão, é necessário aplicar uma carga contínua no centro de uma barra
suportada por 2 apoios, até que haja a fratura. Tensões de compressão são induzidas na superfície de
aplicação da carga e tensões de tração são induzidas no lado oposto. A resistência à flexão é calculada
através da seguinte fórmula: 3Ql/2bd2, onde Q é a carga necessária para a fratura, l é a distância entre os
suportes fixos, b é a largura do espécime e d é a espessura do espécime. Com base nesta fórmula, fica

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claro que o aumento da espessura do espécime tem um efeito marcante no aumento da força necessária
para causar a fratura do espécime. Isso é relativamente importante durante a confecção de grampos para
prótese parcial removível.

Ensaio não conveniente para materiais muito dúcteis, pois o CP se deforma continuamente sem que haja
ruptura do mesmo. Secção do CP qualquer, mas o ideal é que seja circular ou retangular.

Outra propriedade relevante para a Odontologia é a resistência à fadiga, a qual deve ser investigada em
materiais que são submetidos a ação de carregamento repetido ou cíclicos. Praticamente, nenhum
material falha após única aplicação de carga abaixo de sua resistência. É a ação de esforços repetidos ou
cíclicas que podem proporcionam o crescimento e a propagação de defeitos intrínsecos no material
(exemplos trincas), que podem causar rápida e inesperada fratura. Nesses casos, o valor da tensão que
proporciona a fratura pode ser muito inferior à resistência máxima desse material.

A resistência ao desgaste pode ser uma característica importante para avaliar a durabilidade de um
material restaurador. A dureza do material é utilizada como indicador indireto da resistência do material a
esse tipo de abrasão. Atualmente, existem resinas compostas com desgaste muito menor do que as
primeiras formulações.

O termo dureza é difícil de ser definido. Em mineralogia, a dureza relativa de uma substância é baseada
na sua capacidade de resistir ao risco. Em metalurgia e na maioria das outras áreas, o conceito de dureza,
mais geralmente aceito, é o de “resistência à penetração”. E é neste preceito que a maioria dos testes de
dureza modernos são planejados. De forma simplificada, podemos definir a dureza como a capacidade do
material em resistir ao desgaste e de abrasionar estruturas dentais opostas. Assim, materiais acrílicos são
facilmente riscados por serem naturalmente macios, enquanto as ligas de Cobalto-cromo não possuem a
tendência de serem riscadas porque são relativamente duras.

O método usual de medir um valor de dureza é através da medida da área da indentação deixada por um
indentador com formato específico quando aplicado sobre uma superfície por um determinado período.
Basicamente, existem quatro testes padrão para expressar a dureza dos materiais: dureza Brinell,
Rockwell, Vickers e Knoop.

O teste de dureza Brinell consiste em indentar o cp com uma esfera de aço endurecida com uma carga
específica sobre a superfície polida do material, 10 mm de diâmetro. A carga é dividida pela área da calota
projetada na superfície da penetração e o quociente é referido como sendo o número de dureza Brinell.
Portanto, para uma determinada carga, quanto menor a penetração, maior será o número e mais duro será
o material. Esse método é bastante empregado para metais e ligas metálicas.

O teste de dureza Rockwell é semelhante ao teste Brinell, no qual uma esfera de aço ou ponta de
diamante cônica é usada. Em vez de mensurar o diâmetro da penetração, a profundidade é medida
diretamente por um dispositivo acoplado ao instrumento. Este teste é usualmente empregado para
materiais plásticos em Odontologia.

O número de dureza Rockwell é designado de acordo com o penetrador específico e com a carga
empregada. Entretanto, o teste Brinell e Roclwell não são adequados para materiais frágeis ou friáveis.
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O teste de dureza Vickers emprega o mesmo princípio do teste de dureza Brinell. Entretanto, em vez de
uma esfera de aço, utiliza-se uma pirâmide com base quadrada. Embora a penetração seja quadrada com
um ângulo de 136o entre faces opostas, e não redonda, o método de cálculo do número de dureza Vickers
é o mesmo para Brinell, na qual a carga é dividida pela área projetada da penetração. Os comprimentos
das diagonais da penetração são mensurados e seus valores multiplicados para cálculo de área.

O teste é adequado para se determinar a dureza de materiais friáveis, portanto ele tem sido usado para a
quantificação da dureza da estrutura dental.

O teste de dureza Knoop utiliza um penetrador de diamante com formato é losango, e o comprimento da
maior diagonal é medida. A área projetada é dividida pela carga aplicada para fornecer o número de
dureza Knoop.

Os testes de dureza Knoop e Vickers são classificados como de microdureza, em comparação com os
testes da macrodureza tipo Brinell e Rockwell.

A baixa viscosidade ou alta fluidez é um fator importante dos adesivos. Um adesivo deve apresentar baixa
tensão superficial, alta fluidez e biocompatível. A força que existe na superfície de líquidos em repouso é
denominada tensão superficial. Esta tensão superficial é devido às fortes ligações intermoleculares, as
quais dependem das diferenças elétricas entre as moléculas. Este efeito é bem intenso na água e no
mercúrio, por exemplo. Na imagem a moeda não afunda no copo de água, a tensão superficial impede a
moeda de afundar: a moeda é muito mais densa que a água. Quanto menor for a tensão superficial, maior
a possibilidade do adesivo molhar a superfície e com isso, aumentar o contato, o que favorece a adesão.
Quanto maior a fluidez, melhor será o contato favorecendo com isto a adesão. Os materiais adesivos
devem apresentar biocompatibilidade tanto com o dente como com os tecidos bucais.

A viscosidade representa uma medida de resistência de um líquido ao escoamento. Até agora, a


discussão das propriedades dos materiais dentários tem sido dedicada ao comportamento dos materiais
sólidos à temperatura ambiente ou à temperatura bucal e quando submetidos a vários tipos de tensões.
Entretanto, o sucesso ou a falha de um material pode depender de suas propriedades no estado líquido
como sólido. Por exemplo, materiais como cimentos e materiais de moldagem sofrem transformação de
líquidos para sólidos na boca. O produtos de gesso, empregados na confecção de modelos e troquéis, são
transformados de uma pasta semifluida em estruturas sólidas. Os meios pelos quais esses materiais
deformam ou escoam quando submetidos às tensões são importantes para seu emprego na odontologia.
A viscosidade ou a resistência ao escoamento é controlada pelas forças de atrito interno entre os átomos
dentro do líquido. Quanto maiores forem as moléculas constituintes de um fluido e mais fortes forem as
uniões intermoleculares, menor será seu escoamento e, portanto, maior será sua viscosidade. Um fluido
altamente viscoso escoa lentamente. Os materiais dentários possuem diferentes viscosidades quando
preparados para as aplicações clínicas. Vcs já observaram a natureza mais viscosa do policarboxilato de
zinco e do cimento resinoso, em comparação com o cimento de fosfato de zinco, quando estes materiais
são corretamente manipulados como agentes para cimentação, são familiares com essa diferença de
viscosidade. A figura ajuda a quantificar este conceito. Um líquido ocupa o espaço entre duas placas
metálicas, a placa inferior está fixa e a superior move-se para direita com uma determinada velocidade
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(vo) É necessário aplicar uma força (F) para vencer o atrito interno do líquido (viscosidade). A taxa de
deformação por cisalhamento ou taxa de alteração da deformação é ε = V/d, onde d é a distância entre as
duas placas e V a velocidade da placa superior. À medida que a força F aumenta, V aumenta, e é possível
obter uma curva de força versus velocidade, que é análoga à curva carga versus deslocamento, obtida por
meio de ensaios estáticos dos sólidos.

Entre os materiais de moldagens, o polissulfeto leve possui viscosidade de 109.000 MPa/s, que é baixa se
comparada com o valor de 1.360.000 MPa/s de um polissulfeto pesado a 36 oC.

A viscosidade também depende das deformações anteriores sofridas pelo liquido. Um líquido que se torna
menos viscoso e mais fluido sob aplicação repetida de pressão é denominado tixotrópico. Em alguns
materiais de moldagem, pastas dentais e profilática, gessos e cimentos resinosos, a aplicação de uma
força de cisalhamento reduz a sua viscosidade e os torna mais fluidos. Em estado estático, são muito
viscosos e incapazes de escoar, entretanto, sob pressão, as macromoléculas se reorganizam e se
orientam em uma única direção, o que aumenta sua capacidade de escoamento. A natureza tixotrópica
desses materiais é benéfica, uma vez que o material de moldagem não escoa da moldeira até ser
posicionado sobre os tecidos dentais e a pasta profilática não apresenta escoamento da taça de borracha
antes de ela ser girada contra os dentes a serem limpos.

Materiais viscoelásticos apresentam um comportamento intermediário entre um fluido viscoso e um sólido


com características elásticas. Todos os materiais de moldagem são parcialmente viscoelásticos em sua
natureza e podem sofrer deformação permanente quando removidos de áreas retentivas, que depende da
taxa de deformação, ou seja, da força requerida para remover o molde da boca e do tempo no qual essa
força é aplicada. Quanto mais rápida for a aplicação da força, mais elasticamente um material
viscoelástico se comporta.

O Creep é uma propriedade de materiais que sofrem deformação plástica sob aplicação de forças
constante. Essa propriedade é medida através da aplicação de uma força compressiva axial em um
cilindro de aaa. A alteração no comprimento do cp entre 1 e 4 horas após aplicação da carga é utilizada
para calcular o percentual de creep. E qual o significado clínico do creep? Em restaurações dentárias pode
causar valamento marginal.

Um dos materiais dentários que mais se deforma sob as constantes tensões mastigatórias é o amálgama.
Sob aplicação das forças mastigatórias, o aaa sofre deformações plásticas e se protrui além das margens
cavitárias, que não suportado por dentina dentária, pode se fraturar e levar à formação de uma fenda
marginal. Na figura, em A, temos a restauração finalizada, em B aaa com creep e em C, fraturas das
margens e conseqüente valamanto marginal. Os maiores valores de creep são observados nas ligas com
baixo teor de cobre, devido a fase g2, em função de sua maior plasticidade e propriedades mecânicas
reduzidas.

Condutividade térmica constitui uma medida de transferência de calor através de um material por meio de
condução em função do tempo. Os metais são bons condutores térmicos e os polímeros são bons

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isolantes. Um alto valor relativo de condutividade térmica de um material indica que ele não promove um
isolamento térmico adequado da polpa.

Coeficiente de expansão térmica linear é quanto o material varia suas dimensões quando sua temperatura
é aumentada ou reduzida em 1oC. É importante que materiais restauradores diretos e indiretos tenham
coeficiente de expansão térmica linear (CETL) semelhantes aos das estruturas dentais para que se
expandam ou se contraiam de forma semelhante. Caso o material restaurador tenha um CETL maior, uma
fenda pode se formar entre o material restaurador e o dente, ocasionando rompimento da união e a
recidiva de lesão de cárie.

Corrosão é o processo em que ocorre a deterioração do metal causado pela reação com o meio.
Freqüentemente, a taxa de corrosão aumenta com o tempo. Em tempo devido, a corrosão causa
desintegração acentuada do corpo do metal. Além disso, o ataque corrosivo que é extremamente
localizado, pode induzir a falha mecânica rápida da estrutura, mesmo que ocorra pequena perda real de
volume de material. A desintegração do metal pela ação da corrosão pode ocorrer por meio da ação de
umidade, atmosfera, solução ácida ou alcalina e de certos produtos químicos. Vários sulfetos, como o
hidrogênio ou amônia, corroem a prata, cobre, mercúrio e metais similares presentes em ligas
odontológicas e amálgama. Várias soluções ácidas, como as fosfóricas, acéticas e láticas, estão presentes
no meio e, dependendo das concentrações e do pH, podem promover a corrosão. Oxigênio e cloro são
elementos envolvidos na corrosão dos amálgamas na interface do dente. O teor de metal nobre,
particularmente o ouro, influencia na resistência à corrosão pelos sulfetos. O paládio tem demonstrado ser
eficiente na redução à suscetibilidade à corrosão por sulfetos em ligas que contém prata. O titânio e suas
ligas apresentam maior resistência à corrosão por cloretos do que as outras ligas dentárias de metais
básicos.

Os tópicos anteriores preocuparam-se apenas com as propriedades necessárias que permitem ao material
restaurar a função das estruturas teciduais naturais danificadas ou ausentes. Outro importante objetivo é
restaurar a cor e a aparência da dentição natural. E o que é cor? Cor é a sensação induzida pela luz com
diferentes comprimentos de onda que atinge os olhos. O olho é sensível às ondas de comprimento de
aproximadamente 400nm (violeta) a 700nm (vermelho-escuro). Para um objeto ser visível, ele deve refletir
a luz incidente. A luz incidente é geralmente monocromática, apresenta a mistura de vários comprimentos
de onda. Mas, pode ser policromática, como a luz do sol que é branca por ser dotada de todo o conjunto
de radiações visíveis do espectro eletromagnético cujos comprimentos de onda variam de 400 a
700nm.Quando a luz incide sobre os objetos, diferentes tipos de interações podem ocorrer. Assim, na
superfície do objeto, alguns comprimentos de onda podem ser refletidos, absorvidos ou transmitidos.
Quando há reflexão total da luz, o resultado é branco, que é a soma de todos os comprimentos de onda
visíveis. A cor da maçã é vermelha aos nossos olhos, pois quando a luz branca incide sobre esta fruta,
somente a cor vermelha é refletida.

Entretanto, as descrições verbais da cor não são precisas o suficiente para descrever a aparência das
cores dos dentes. Ela não identifica parâmetros objetos para permitir a reprodução da cor, principalmente
quando se considera que o espectro das cores dentais é relativamente limitado, oscilando entre tons de

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amarelo-laranja, sem variações abruptas como vermelho/verde ou amarelo/azul. Em 1905, o artista
americano A. H. Munsell sugeriu um método de descrever as cores, classificando-as de acordo com seu
matiz, croma e valor.

O matiz descreve a cor dominante de um objeto, por exemplo, vermelho, verde, azul. Isso se refere às
ondas de comprimento dominantes. O matiz traduz o nome da cor e é determinado pelo comprimento de
onda refletido pelo dente.

Croma traduz a variação de intensidade de determinado matiz (cor). Do ponto de vista clínico, é fácil
percebermos uma diferença de croma ou saturação de cor de terço cervical em direção ao terço médio,
pois geralmente o cervical apresenta maior croma devido à menor espessura de esmalte e maior influência
da dentina.

Valor é a luminosidade da cor ou a distinção entre cor clara e outra escura, sendo limitada em um extremo
branco (alto valor) e em extremo inferior pelo preto (baixo valor), e entre dois extremos situam-se os tons
de cinza. define quanto um dente se aproxima do preto (baixo valor) ou do branco (alto valor). Em relação
à prática clínica, corresponde à quantidade de cinza sobre o matiz-croma do dente.

Em odontologia, o matiz é classificado de acordo com a escala Vita Lumin (figura), mais comumente
utilizada em quatro categorias de acordo com a predominância de cores: A (vermelho-marrom), B (laranja-
amarelo), C (verde-cinza) e D (vermelho-cinza).

Outra opção que o profissional tem é uma escala de cores, Vita 3D, já disposta preferencialmente pelo
valor e depois matiz e croma.

Para seleção da cor: Retirar batom, óculos, etc..., Profilaxia, Observações rápidas (± 5”).

Luz natural, Metamerismo: fenômeno pelo qual um objeto parece ter cores diferentes, sob tipos de luzes
diferentes.

Passar escala rapidamente, escolher as melhores, umedecer se necessário; em caso de dúvida, comparar
a amostra em ambos os lados do dente, assim como, com os dentes do lado oposto.

Quando a luz incide sobre os objetos, diferentes tipos de interações podem ocorrer. Assim, na superfície
do objeto, alguns comprimentos de onda podem ser refletidos, absorvidos ou transmitidos. Opacidade,
translucidez e transparência: a diferença entre materiais opacos, transparentes e translúcidos é o grau de
transmissão de luz que é possível em cada um. Os corpos opacos contém pigmentos que impedem a
passagem de luz, e assim, a energia incidente é absorvida ou refletida.

No lado extremo, estão os objetos transparentes, onde grande parte da luz incidente é refratada, ou seja,
atravessa toda a extensão do corpo seguindo seu curso até atingir estruturas capazes de refleti-la ou
absorvê-la.

Entre estes dois extremos estão os corpos translúcidos, nas quais a luz é parcialmente transmitida, devido
à dispersão dentro do material.

Opacidade, translucidez e transparência: a diferença entre materiais opacos, transparentes e translúcidos


é o grau de transmissão de luz que é possível em cada um. Na imagem pode-se ver uma secção
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transversal de um incisivo central mostrando a variação de espessura de esmalte nas regiões cervical,
média e incisal. Pode-se notar ainda, neste corte, a diferença de translucidez do esmalte e da dentina.

Fluorescência é uma característica de absorver energia luminosa de ondas curtas, como a ultra-violeta, e
difundi-la para o espectro visível entre o branco intenso e o azul-claro. A dentina apresenta
aproximadamente três vezes mais fluorescência do que o esmalte. Este fenômeno de fluorescência pode
ser facilmente identificado sobre os dentes e/ou restaurações quando as pessoas estão expostas à luz
ultra-violeta, ou luz negra das boates, por exemplo. A relevância clinica da fluorescência é que ela pode
ser responsável por uma aparência mais branca e clara dos dentes, algo que comumente os clínicos
comentam como “aspesto de vitalidade” do dente. Para o profissional avaliar a fluorescência no dia-a-dia é
interessante ter uma “luz negra” portátil para que, escurecendo a sala de trabalho, possa incidir sobre os
dentes e, desse modo, perceber a fluorescência dos dentes naturais e eventualmente de materiais
restauradores.

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