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Art. 492.

É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar
a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.

Intimadas as partes a se manifestarem sobre as provas à produzir, a apelante requereu a


produção de prova pericial, testemunhal e depoimento pessoal da parte autora – Evento 43 –
PET1. Tal pedido foi reiterado no Evento 71 – PET1 e deferido no Evento 73.

Após a juntada do laudo pericial aos autos, Evento 169, há dois despachos proferidos –
Evento 181, do qual as partes foram intimadas, e Evento 193, determinando a conclusão dos
autos para sentença, do qual as partes não foram intimadas. Ou seja, a fase de instrução fora
sumariamente encerrada sem que as partes pudessem produzir as provas já deferidas, e sem
que pudessem apresentar razões finais, em flagrante cerceamento de defesa.

Ora, não se desconhece que o juiz é o destinatário da prova. Contudo, não pode ser sonegado
à parte o direito processual de recorrer do eventual indeferimento de sua postulação, diga-se,
anteriormente deferida. Entendendo o magistrado inútil a produção da prova oral, deveria
indeferi-la. Em assim não fazendo, tolheu à apelante em seu direito processual.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.

Pressupostos:

Para que se condene alguém ao pagamento de indenização por dano moral é


preciso que se configurem os pressupostos ou requisitos da responsabilidade
civil que são o dano, o dolo ou a culpa do agente e o nexo de causalidade
entre a atuação deste e o prejuízo, estando ausentes os requisitos ensejadores
da responsabilidade civil, impõe-se a manutenção da improcedência do pleito
indenizatório.

Conceituação Ato Ilícito

Art. 186, CC – “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito”

Art. 1º Os hospitais do País são obrigados a manter Programa de Controle de


Infecções Hospitalares - PCIH.

[...]

§ 2° Para os mesmos efeitos, entende-se por infecção hospitalar, também


denominada institucional ou nosocomial, qualquer infecção adquirida após a
internação de um paciente em hospital e que se manifeste durante a
internação ou mesmo após a alta, quando puder ser relacionada com a
hospitalização.(grifo nosso)

Segundo os documentos carreados aos autos, o atendimento na FURG se deu 3 dias após a alta, em
15/09 e, à exceção de um hemograma com aumento da contagem de leucócitos, sinal inespecífico de
infecção, não há qualquer outra evidência de infecção e, principalmente, não são apresentados
exames que são imprescindíveis para o diagnóstico de meningite e endocardite. Não é possível fazer
diagnóstico de meningite sem coleta de liquor e de endocardite sem ecocardiografia e hemocultura.

 DISSIDIO:

Com efeito, o valor fixado a título de indenização por danos morais foi de R$150.000,00
(cento e cinquenta mil reais), o qual deverá ser pago com correção monetária pelo IPCA-E
desde a data do arbitramento, e juros moratórios em índices idênticos aos da caderneta de
poupança, aplicados de forma simples, desde a data da citação, isto é, o dia 12 de junho de
2012. Conforme se verifica, tal valor em nada se coaduna com os parâmetros
jurisprudenciais desta corte e da corte suprema, seja com a condição sócio econômica da
autora, seja com as condições financeiras da apelante.

Do marco inicial do cômputo de aplicação de juros para os valores concedidos a título de danos
morais Por derradeiro, a fim de esgotar o argumento, na remota hipótese de ser mantida alguma
verba em favor do apelado a qualquer título, calha referir que o caso dos autos não comporta
aplicação de juros desde a citação. É neste sentido o entendimento jurisprudencial acerca da
matéria, consoante decidiu a C. 9ª Câmara Cível deste E. Tribunal de Justiça, no julgamento da
Apelação Cível nº: 70016948077, datado de 14.02.2007, de onde se extrai ‘verbis’: “Em primeiro
lugar, a correção monetária não constitui plus, e sim mera atualização da moeda, devendo incidir a
partir da fixação do quantum devido, é dizer, a partir do julgamento do processo. Perfilhando tal
entendimento, manifestou-se o E. STJ nos arestos a seguir: (1) “Correção monetária que flui a partir
da data do acórdão estadual, quando estabelecido, em definitivo, o montante da indenização.” (REsp
566714 / RS; Rel. Ministro Aldir Passarinho Junior; Quarta Turma; DJ 09.08.2004 p. 275); (2) “Caso,
ademais, em que fixado o quantum do ressarcimento em moeda corrente, a atualização monetária
há de ser computada a partir de tal data, eis que naquele momento é que o montante representa a
indenização devida, sendo descabida a pretensão do autor de retroagir a correção a época anterior,
posto que a defasagem somente poderia ocorrer de então, jamais antes.” (REsp 316332 / RJ; Rel.
Ministro Aldir Passarinho Junior; Quarta Turma; DJ 18.11.2002 p. 220). Em segundo lugar, quanto aos
juros moratórios, na hipótese de reparação por dano moral, entendo cabível o início da contagem a
partir da fixação do quantum indenizatório, é dizer, a contar do julgamento no qual foi arbitrado o
valor da condenação. Considerando que o Magistrado se vale de critérios de eqüidade no
arbitramento da reparação, a data do evento danoso e o tempo decorrido até o julgamento são
utilizados como parâmetros objetivos na fixação da condenação, de modo que o valor
correspondente aos juros integra o montante da indenização. Destaco que tal posicionamento não
afronta o verbete da Súmula nº 54 do STJ. Ao revés, harmoniza-se com o entendimento do E.
Superior Tribunal de Justiça. A ultima ratio do enunciado sumular é destacar que a reparação civil por
dano moral deve possuir tratamento diferenciado na sua quantificação em relação ao dano material,
dado o objetivo pedagógico, punitivo e reparatório da condenação. No tocante ao arbitramento do
dano moral, o termo inicial da contagem deve ser a data do julgamento. O julgador fixa o dies a quo
que melhor se ajusta ao caso em concreto, em consonância com os critérios utilizados para a fixação
do valor indenizatório. Dessa forma, além de se ter o quantum indenizatório justo e atualizado,
evitase que a morosidade processual ou a demora do ofendido em ingressar com a correspondente
ação indenizatória gere prejuízos ao réu, sobretudo, em razão do caráter pecuniário da condenação.
Destarte, impede-se que o montante dos juros, não visível no momento do seu arbitramento e que
será futuramente acrescido ao quantum indenizatório, possa acarretar a modificação do valor da
justa reparação. Tal posicionamento guarda simetria com o entendimento anteriormente exposto
em relação ao termo inicial de incidência da correção monetária. Nesse sentido, manifestou-se o E.
STJ no julgamento do Resp nº 618.940/MA, da relatoria do Ilustre Min. Antônio de Pádua Ribeiro, do
qual extraio o seguinte excerto: “No acórdão, fixou-se uma quantia que se entendeu que o
recorrente estaria a merecer hoje. É o transcorrer do tempo que lhe trouxe prejuízo, não um evento
ocorrido em uma data certa. Logo, é a partir da decisão que haverão de correr juros e correção. Essa
é a diferença crucial que ora se aponta entre os fatos versados nos paradigmas e aquele tratado no
acórdão recorrido. Para aqueles, adotou-se uma solução que leva em conta o momento em que
ocorre o prejuízo. No acórdão paragonado, o prejuízo não é instantâneo, mas é causado pelo
transcorrer do tempo. Adotar como termo inicial dos juros data anterior à decisão é admitir bis in
idem em desfavor da recorrida”. (REsp 618940 / MA; Rel. Ministro Antônio de Pádua Ribeiro;
Terceira Turma; julgado em 24/05/2005; DJ 08.08.2005 p. 302).” No mesmo sentido, os precedentes
abaixo colacionados, dando conta de que os juros passam a fluir da data do julgamento em se
tratando de arbitramento de dano moral: EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL.
DANOS MORAIS. COBRANÇA IMPRÓPRIA. CADASTRAMENTO INDEVIDO EM BANCO DE
INADIMPLENTES. SOLICITAÇÃO DE CANCELAMENTO DE SERVIÇO DESATENDIDA. DESCONSTITUIÇÃO
DO DÉBITO. DANOS MORAIS. DANO IN RE IPSA. QUANTUM. JUROS MORATÓRIOS. I. PRELIMINAR. 1.
INOVAÇÃO RECURSAL CARACTERIZADA. Não se conhece da apelação cujas razões recursais
desbordem os limites traçados em contestação. Inteligência do artigo 515, do Código de Processo
Civil, sob pena de ofensa ao duplo grau de jurisdição. II. MÉRITO. 2.RESPONSABILIDADE CIVIL
OBJETIVA. A responsabilidad da operadora de serviços de telefonia móvel, como fornecedora de
serviços, é objetiva nos termos do artigo 14 do CDC. Tal responsabilidade é afastada apenas quando
comprovada a existência de uma das eximentes do § 3º, quais sejam, a inexistência do defeito, culpa
exclusiva do consumidor ou de terceiro.3.Hipótese em que a demandada, em desatenção a pedido
de cancelamento do serviço, permaneceu emitindo faturas em desfavor da empresa autora,
culminando com sua inscrição em cadastro de proteção ao crédito. Desconstituição dos débitos e
exclusão dos registros devidas. 4. DANO MORAL. Evidenciados os pressupostos para a
responsabilidade civil da demandada, o dano moral dispensa prova concreta para a sua
caracterização, que origina o dever de indenizar. Suficiente a prova da existência do ato ilícito, pois o
dano moral existe in re ipsa. 3. QUANTUM INDENIZATÓRIO. O quantum indenizatório deve
representar para a vítima uma satisfação capaz de amenizar de alguma forma o sofrimento
impingido. A eficácia da contrapartida pecuniária está na aptidão para proporcionar tal satisfação em
justa medida, de modo que não signifique um enriquecimento sem causa para a vítima e produza
impacto bastante no causador do mal a fim de dissuadi-lo de novo atentado. Ponderação que orienta
a manutenção do valor fixado em sentença, considerando as peculiaridades do caso. 4. JUROS DE
MORA. Na reparação por dano moral é cabível o início da contagem dos juros a partir da fixação do
quantum indenizatório, é dizer, a contar do julgamento no qual foi arbitrada definitivamente a
condenação, o que, no caso, se deu em sentença. 5. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Manutenção.
CONHECERAM EM PARTE DO APELO E, NESTA PARTE, DESPROVERAM-NO. NEGARAM PROVIMENTO
AO RECURSO ADESIVO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70028802767, Nona Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Odone Sanguiné, Julgado em 13/05/2009) EMENTA: EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO. EFEITOS INFRINGENTES. DANO MORAL. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. Tratando-se
de indenização por danos morais, é correta a incidência da correção monetária e juros a partir da
fixação do quantum (data da sentença). Precedente do STJ. Alteração do resultado acórdão para
recurso parcialmente provido. Condenação ao pagamento de honorários afastada. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO ACOLHIDOS. (Embargos de Declaração Nº 71001847532, Terceira Turma Recursal Cível,
Turmas Recursais, Relator: Afif Jorge Simões Neto, Julgado em 18/12/2008) Calha referir que tal
posicionamento vem embasado na premissa de que, no momento da fixação da indenização, o
magistrado tem em mente o ‘quantum’ que julga correto para ressarcir os danos, já observado o
caráter punitivo-pedagógico da sanção, evitando o enriquecimento indevido da vítima.

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