Você está na página 1de 5

DEMOCRATIZAÇÃO NA EUROPA

MOVIMENTOS OPERÁRIOS

Com a aceleração da industrialização, a crescente concentração de capital e a


formação de grandes monopólios no século XIX, diversos países europeus (como a
Inglaterra, a França e a Alemanha) se destacaram com o fortalecimento de suas
economias. A industrialização trouxe consigo a urbanização, as cidades não cheiravam
mais a cavalo (decorrente da grande quantidade de charretes que circulavam nas
cidades), mas, sim, à fumaça e óleo (com a introdução dos automóveis no final do
século XIX). Assim, uma rápida e desorganizada urbanização se acentuou na Europa.
A partir da ascensão do sistema capitalista (industrialização, formação de
mercados, bancos, comércios), ocorreu a ascensão de uma nova classe social: os
operários, isto é, os trabalhadores das indústrias capitalistas. Consequentemente,
surgiram as relações sociais entre donos das fábricas (exploradores) e trabalhadores das
fábricas (explorados) que permearam o dia a dia das indústrias.

Dessas relações nem um pouco amistosas entre capitalistas e trabalhadores


surgiram na Inglaterra dois movimentos, os ludistas e os cartistas, que tinham um
objetivo em comum: encontrar soluções para os problemas enfrentados pelos operários,
principalmente o desemprego (decorrente da introdução nas fábricas de máquinas que
substituíram diversas forças de trabalho humana). Tanto ludistas quanto cartistas
reivindicavam, através de ações (como a quebra de maquinarias das indústrias), o
retorno ao emprego dos trabalhadores desempregados.

Outra forma de reivindicação operária que não surtiu tanto efeito foi a tentativa
de alcançar melhores condições de trabalho solicitando-as ao governo. Geralmente o
poder público não atendia a essas reivindicações, pois o próprio governo era dono de
indústrias.

Com o decorrer das décadas, o capitalismo foi agregando novas feições, a


sociedade passou por crescentes transformações e, assim, os operários necessitavam
articular novas formas de lutar por suas causas. Dessa maneira, surgiram os movimentos
socialistas, a partir da organização dos trabalhadores.

Os principais movimentos socialistas que surgiram no século XIX foram o


anarquismo e o comunismo. Segundo as ideias anarquistas, os operários somente iriam
melhorar as condições de vida se o Estado e todas as formas de poder fossem extintas.
Daí, temos as seguintes observações, tanto o anarquismo quanto o comunismo
pautavam suas metas em transformações sociais profundas, não solicitavam somente
mudanças nas relações entre patrões e trabalhadores.

Os anarquistas acreditavam que toda forma de exploração dos seres humanos


teria um fim a partir do momento em que a sociedade se organizasse sem autoridade,
sem gestores, sem escola, sem polícia, ou seja, sem quaisquer outras instituições
estatais.

Para os comunistas, a situação de exploração capitalista acabaria somente


quando os operários assumissem o poder estatal, ou seja, o controle do Estado. A partir
daí, então, criariam novos valores sociais para aumentar a qualidade de vida da
sociedade, acabando, dessa maneira, com a exploração capitalista.

O movimento operário se consolidou e se organizou fundamentalmente no


século XIX. A luta trabalhadora havia apenas começado.

FORTALECIMENTO DA BURGUESIA

Costuma entender-se por burguesia uma camada social da Era Moderna, que


abrangia tanto banqueiros e ricos comerciantes quanto pequenos comerciantes e
jornalistas. Como parte do terceiro estado, a burguesia não tinha acesso o poder político
monopolizado pelo clero e pela nobreza. Após a Revolução Francesa e a Revolução
Industrial no século XVIII, contudo, sua influência econômica cresceria enormemente, e
atualmente se compreende o termo burguesia como a classe social que detém os meios
de produção, sendo portadora do poder político.

A consolidação da burguesia como classe deu-se conjuntamente com a


diminuição da influência dos senhores feudais no período final da Idade Média, ainda
no século XIV, quando uma epidemia de peste bubônica agravaria a já existente
paralisação do mercado agrícola feudal. Antes atuante apenas nas cidades ou burgos –
vocábulo latino em sua origem de onde veio seu nome -, a burguesia expandiria sua
força econômica ao adquirir as terras que os grandes senhores já não tinham condições
de manter. Paulatinamente, então, o eixo financeiro da Europa acabaria se alterando do
campo para as cidades, que cresceriam de maneira substancial, juntamente com o
comércio feito dentro de suas muralhas. Necessitando do pagamento de mais impostos
para expandir a máquina administrativa dos reinos que se centralizavam politicamente,
os reis se aliariam com a burguesia ao promover a economia mercantil; bastante
importante, neste sentido, seria o incentivo feito à manutenção de rotas comerciais
dentro e fora do continente europeu e à exploração colonial, especialmente nos reinos
ibéricos.

Apesar de toda a sua contribuição para fortificar os Estados Nacionais,


entretanto, a burguesia continuaria subserviente à aristocracia, que fora cooptada e
subjugada pelos monarcas. Apesar da importância crescente da classe para a economia
europeia no início da era industrial, o Antigo Regime europeu apresentava constantes
obstáculos para a expansão da produção. Podemos ver um exemplo elucidativo disso na
França pré-Revolução. Ao contrário da Inglaterra, o Estado regido pela dinastia
Bourbon cobrava altos impostos e taxas da burguesia, além de submetê-la às restrições
ocasionadas devido aos privilégios da nobreza. Um dos motivos da popularidade
do Iluminismo entre a burguesia seria exatamente a denúncia por parte dos intelectuais
das contradições e injustiças encontradas em um Estado que beneficiava uma pequena
elite ociosa e penalizava todo o resto da população, incluindo a burguesia que tanta
riqueza trazia ao reino.

Quando o rei Luís XVI (1754 – 93) subiu ao trono na década de 1770, o Estado
francês já se deparava com uma crise financeira em grande parte ocasionada pela
desigualdade na cobrança de impostos, situação que só se agravou com a participação
de França na Guerra de Independência Americana. Após o clero e a nobreza vetarem as
primeiras tentativas de reforma tributária, o rei foi obrigado a convocar os Estados
Gerais. Nesta ocasião, o terceiro estado viu sua chance de debater problemas políticos e
separam-se do resto da reunião, declarando-se em Assembleia Nacional Constituinte.
Era o início da série de eventos que levaria ao fim da monarquia em França, à execução
do rei Luís XVI e da impopular rainha Maria Antonieta e da subida da classe burguesa
ao poder político, de onde nunca mais sairia em caráter definitivo – alterando
profundamente, assim, o caráter da política europeia.
O MOVIMENTO SUFRAGISTA
O movimento sufragista foi um amplo movimento ocorrido em vários países
democráticos do mundo, entre o fim do século XIX e o início do século XX, para
organizar a luta das mulheres pelo direito ao sufrágio (voto). O sufrágio feminino foi
negado no início das eras democráticas, em razão de uma organização sexista da
política, que mantinha o domínio político nas mãos dos homens e excluía as mulheres
com base na prerrogativa preconceituosa de que as mulheres eram incapazes de atuar no
meio político.
O movimento sufragista também representou a primeira onda do feminismo,
luta histórica pela igualdade de gênero, que buscava, em sua primeira fase, garantir às
mulheres o direito ao voto.
A Europa viu florescer as suas primeiras democracias já nos séculos XVII
(Inglaterra) e XVIII (França). Os Estados Unidos também era um país democrático
desde a sua independência. Nesses países, o absolutismo (no caso da França e da
Inglaterra) e o colonialismo (no caso dos Estados Unidos) deram seus lugares
aos sistemas parlamentar e republicano de organização política. Nesses sistemas
democráticos, o corpo político é eleito por um corpo de cidadãos. Os candidatos eleitos
para ocupar os cargos políticos devem representar a população no governo.
Os ideais iluministas de pensadores como John Locke, Jean-Jacques Rousseau,
Alexis de Tocqueville, Charles de Montesquieu e Voltaire forneceram bases intelectuais
para a onda democrática que começava a crescer no mundo ocidental a partir do século
XVIII. No entanto, apesar da aparente democracia, vários grupos minoritários (não em
volume, mas por serem minorias sociais – aquelas que não têm amplo acesso aos seus
direitos) ficaram de fora da possibilidade de sufrágio. Entre esses grupos, estavam as
mulheres e os analfabetos. Foi em meio a essa injustiça que algumas mulheres
começaram a se rebelar e reivindicar o seu direito ao voto.
O movimento sufragista representou também a primeira onda do feminismo.
As mulheres que haviam estudado – em geral, filhas da classe burguesa – estavam
reivindicando os direitos femininos à educação, ao trabalho em suas áreas de formação
(vale lembrar que as mulheres pobres já trabalhavam nas indústrias e nas manufaturas
há pelo menos 200 anos), ao divórcio e à participação política. O movimento sufragista
foi o ápice dessa luta e, por isso, marcou a história do feminismo como o primeiro
grande movimento pela luta contra o sexismo e a favor da igualdade de gênero.
MOVIMENTO SUFRAGISTA NA FRANÇA

Em 1758, foi publicada na França a Declaração dos Direitos do Homem e do


Cidadão, o primeiro documento de reconhecimento de Direitos Humanos. A intelectual
francesa feminista (talvez uma das primeiras feministas da história ocidental moderna,
desconsiderando a filósofa helenista Hypátia de Alexandria e a guerreira
medieval Joana D’Arc) Olympe de Gouges escreveu a Declaração dos Direitos da
Mulher e da Cidadã em resposta ao documento anterior que só incluía homens no
dever e no direito cívico. Como consequência, a francesa foi decapitada na guilhotina
por apresentar, segundo as autoridades francesas, um comportamento incompatível com
o seu papel de mulher.

Com o fim da Revolução Francesa e a instauração do republicanismo, a França


estabeleceu o sufrágio universal masculino, sendo o primeiro país republicano a fazer
isso na Europa. Porém, dentre as principais nações europeias, a França foi a última a
permitir o sufrágio feminino. As mulheres conquistaram o direito ao voto por lá
apenas em 1945, após o término da Segunda Guerra Mundial.

Você também pode gostar