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Direito Administrativo I – Aula 02

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

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Sumário
1. Terceiro Setor ............................................................................................................. 3
1.1 Serviço Sociais Autônomos ................................................................................... 3
1.2 Organizações Sociais – OS e Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
- OSCIP ..................................................................................................................................... 6
1.2.1 Pontos em comum ......................................................................................... 6
1.2.2 Diferenças entre OS e OSCIP .......................................................................... 8

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1. Terceiro Setor
É integrado por entidades privadas, as quais não fazem parte da administração
pública e, sem finalidade lucrativa, colaboram com a administração. Desempenham
atividades que também são realizadas pela administração pública. Portanto, o terceiro setor
é formado por particulares que atuam sem finalidade lucrativa, através de regime de
colaboração com a administração pública. O primeiro setor é o governo e o segundo setor é
a iniciativa privada com finalidade lucrativa.
Toda e qualquer organização não governamental, que atue sem finalidade lucrativa e
realize atividades de cooperação com o Estado, pode ser encarada como entidade do
terceiro setor. Para fins de concurso público, em especial Magistratura e MP, interessa o
estudo de três entidades específicas integrantes do terceiro setor:
• Serviços Sociais Autônomos;
• OS – Organizações Sociais; e
• OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.
Com a Lei 13019/20141, novo marco do terceiro setor, temos as Organizações da
Sociedade Civil – OSCs – nomenclatura utilizada pela legislação.

1.1 Serviço Sociais Autônomos2


São particulares, pessoas de cooperação governamental. São criadas com autorização
legislativa e administradas por particulares, os quais, muitas vezes recebem recursos
públicos. Exemplo: SEBRAE, SESC, SENAI – serviços criados com autorização legislativa da
União. Observa-se que a União não é responsável pela administração ou controle, até
porque não são pessoas integrantes da administração pública, malgrado fazer o que a
administração faz.
Do ponto de vista material, até podem integrar a administração pública. Entretanto,
no Brasil, o ponto mais importante é o aspecto formal. Desse modo, são entidades da
administração indireta as autarquias, fundações, EP e SEM. Sendo que o terceiro setor não
integra, do ponto de vista formal, a administração indireta.
Os serviços sociais autônomos que foram criados com autorização dos Estados,
Município ou do DF não ficaram famosos, pois os mais conhecidos foram os criados pela
União. Todos os entes da federação podem autorizar a criação de um serviço social
autônomo, mas só a União detém competência para instituir a contribuição social para o
custeio do serviço social autônomo.

1
O professor recomenda a leitura da lei, pois tem sido abordada em prova conceitos existentes na lei.
2
Essa expressão é, segundo o professor, estranha. Não há sentido chamar alguém de serviço, pois o
serviço é uma utilidade. Entretanto, qualquer tentativa de modificação do nome, como pessoa de cooperação
governamental, não será frutífera. É uma expressão que tem origem no direito comparado, na França, por
exemplo. Então, essa expressão, serviços autônomos, é predominante.

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Exemplo: A União autoriza a criação do SEBRAE e no dia seguinte institui a


contribuição social para o SEBRAE. Por isso fica fácil manter o serviço, tendo em vista que é
autossustentável. Já o Estado e Município precisariam redirecionar recursos financeiros para
o custeio do serviço social autônomo, algo difícil para acontecer na prática. Os Estados não
possuem recursos para custeio de suas próprias entidades, o que prejudica o financiamento
desse tipo de serviço. Essa é a razão dos serviços sociais autônomos serem criados com
autorização legislativa da União.
Como os serviços sociais autônomos recebem recursos do poder público, são
controlados pelo Tribunal de Contas. No caso dos serviços da União são fiscalizados pelo
TCU. O TCU fiscaliza particulares que arrecadam, recebem e gerenciam dinheiro público. É o
caso dos serviços sociais autônomos, pois as contribuições sociais têm natureza tributária,
portanto, uma vez arrecadado fazem com que se submete ao controle do Tribunal de
Contas.
São pessoas privadas, assim, os empregados dos serviços sociais autônomos são
privados. Por essa razão, não precisam realizar concurso público. Isso restou decidido em
repercussão geral, no RE 789874:
Ementa: ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS
VINCULADOS A ENTIDADES SINDICAIS. SISTEMA “S”. AUTONOMIA ADMINISTRATIVA.
RECRUTAMENTO DE PESSOAL. REGIME JURÍDICO DEFINIDO NA LEGISLAÇÃO
INSTITUIDORA. SERVIÇO SOCIAL DO TRANSPORTE. NÃO SUBMISSÃO AO PRINCÍPIO DO
CONCURSO PÚBLICO (ART. 37, II, DA CF). 1. Os serviços sociais autônomos integrantes
do denominado Sistema “S”, vinculados a entidades patronais de grau superior e
patrocinados basicamente por recursos recolhidos do próprio setor produtivo
beneficiado, ostentam natureza de pessoa jurídica de direito privado e não integram a
Administração Pública, embora colaborem com ela na execução de atividades de
relevante significado social. Tanto a Constituição Federal de 1988, como a
correspondente legislação de regência (como a Lei 8.706/93, que criou o Serviço Social
do Trabalho – SEST) asseguram autonomia administrativa a essas entidades, sujeitas,
formalmente, apenas ao controle finalístico, pelo Tribunal de Contas, da aplicação dos
recursos recebidos. Presentes essas características, não estão submetidas à exigência
de concurso público para a contratação de pessoal, nos moldes do art. 37, II, da
Constituição Federal. Precedente: ADI 1864, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe de
2/5/2008. 2. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (RE 789874, Relator(a):
Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 17/09/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-227 DIVULG 18-11-2014 PUBLIC 19-11-2014)

O inciso II do art. 37 da CRFB dispõe:


II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em
concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações
para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração;

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No que tange às licitações, os serviços sociais autônomos não precisam seguir a


legislação federal em matérias de licitações. Não são obrigados, segundo o TCU, a observar a
Lei 8.666/1993. Isso decorre do insculpido no art. 22, XXVII, da CRFB:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
(...)
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as
administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;

Esse dispositivo obrigou a administração pública a licitar, e não os particulares. Por


mais que particulares recebam recursos públicos, não estão obrigados a seguir a Lei
8.666/1993. Essa lei, em seu art. 2º dispõe:
Art. 2o As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões,
permissões e locações da Administração Pública, quando contratadas com terceiros,
serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta
Lei.
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se contrato todo e qualquer ajuste
entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em que haja um
acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas,
seja qual for a denominação utilizada.

Para a lei, somente a administração pública deve seguir as regras da licitação.


Entretanto, segundo o TCU, os serviços sociais autônomos precisam criar um regulamento
próprio em matéria de licitações.
Se por um lado não segue a Lei 8.666/1993, por outro, é necessário observar os
princípios da administração (impessoalidade, moralidades, entre outros). O fato de não
aplicar a lei de licitações não significa que os serviços sociais autônomos possam fazer o que
quiser com os recursos de origem pública. Em razão das atividades que realizam os serviços
sociais autônomos, podem gozar de imunidade tributária na medida em que atuam sem
finalidade lucrativa.
Outro aspecto importante foi a edição das leis 10.668/2003 (criou o Serviço Social
Autônomo Agência de Promoção de Exportações do Brasil - Apex-Brasil) e 11080/2004 (criou
o Serviço Social Autônomo denominado Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial –
ABDI). Estas duas leis deram a Apex e ADBI a natureza jurídica de um serviço social
autônomo.
O grande problema é que ao tratar dessas entidades as leis atribuíram tanto à Apex,
quanto a ADBI, características próprias de agência executiva, até de uma autarquia. O
governo exerce uma influência muito forte no funcionamento da Apex e da ADBI. Por mais
que particulares também participem da gestão dessas entidades, para o professor, assim
como Carvalho Filho, não parecem autênticos serviços sociais autônomos.
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O relator do RE o qual se discutiu a questão do concurso público chegou a afirmar


que seriam serviços sociais autônomos atípicos, para diferenciá-los dos típicos (SESC,
SEBRAE). Nos típicos a administração pública não exerce uma influência de modo similar da
influência exercida nos atípicos (Apex-Brasil e ADBI).
Segundo o professor, a Apex-Brasil e ADBI nem deveriam ser chamados de serviços
sociais autônomos. Todavia, recebem esse nome para que essas entidades não se submetam
a licitações, concursos públicos, entre outras. Por exemplo, quanto ao teto de remuneração,
como essas entidades não possuem servidores públicos, empregados públicos, pois não são
entidades da administração pública, para o TCU não se submetem ao teto constitucional.
Os serviços sociais autônomos (típicos ou atípicos) não se submetem ao teto de
remuneração. O TCU exige que se pague salários compatíveis com os salários praticados no
mercado. Exemplo: o diretor do SEBRAE pode ganhar mais do que o ministro do STF, só não
pode ganhar um valor que seja incompatível com o valor constante no mercado.
No que tange à competência3 para o julgamento dos serviços sociais autônomos há
uma súmula do STF, que dispõe:
Súmula 516
O Serviço Social da Indústria - S. E. S. I. - está sujeito à jurisdição da Justiça Estadual.

Portanto, por mais que o SESI ou outros serviços sociais autônomos recebam
recursos federais, através da contribuição social, isto não atrai a competência da justiça
federal. Insta frisar que a competência ratione personae não consta no art. 109, I, da CRFB a
competência em razão do serviço social autônomo:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de
falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
Trabalho;

Essas são as principais considerações e características dos serviços sociais autônomos


no Brasil.

1.2 Organizações Sociais – OS e Organização da Sociedade Civil de Interesse Público


- OSCIP
1.2.1 Pontos em comum
No Brasil nos temos três pessoas – OS, OSCIP e OSCs – para realizar algo que é muito
semelhante. A colaboração com a administração pública precisa ser estimulada e esse
estímulo faz com que o particular possa receber uma qualificação. Há três nomes para

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Tema recorrente em concurso público.

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facilitar esta colaboração, com o escopo do Estado fomentar da melhor forma possível essas
entidades. Em verdade, deveríamos ter um nome só.
Em 1998, surge a Lei 9.637/1998 criando o regime das OS. No ano seguinte, 1999,
surge a Lei 9.790/1999 cuidando das OSCIP. Segundo o professor, as duas leis decorreram de
uma disputa de poder.
Quando surgiu o novo marco regulatório do terceiro setor, a Lei 13.019/2014, deveria
ter resolvido esse impasse, estabelecendo o regime único para todas as entidades. Todavia,
foi criada uma nova nomenclatura e não revogaram as leis anteriores, inclusive a lei
13.019/2014 menciona, expressamente, que o regime das OS e OSCIP fica preservado.
Assim, aquelas pessoas que já se qualificaram como OS ou como OSCIP não sofrerão
alteração.
Art. 3º da Lei 13.019/2014:
Art. 3o Não se aplicam as exigências desta Lei:
(...)
III - aos contratos de gestão celebrados com organizações sociais, desde que cumpridos
os requisitos previstos na Lei nº 9.637, de 15 de maio de 1998;
VI - aos termos de parceria celebrados com organizações da sociedade civil de interesse
público, desde que cumpridos os requisitos previstos na Lei no 9.790, de 23 de março de
1999;

Ninguém nasce OS nem OSCIP. Isso é uma qualificação que uma ONG recebe. Essa
qualificação está prevista no caso das OS na Lei 9.637/19984 e na OSCIP 9.790/19995. Várias
questões de concurso foram feitas em relação ao texto dessas duas leis. O professor
apresentará as peculiaridades das leis, mas a leitura é obrigatória.
A qualificação, como OS ou OSCIP, traz vantagens e desvantagens. A grande
vantagem da qualificação é facilitar a vida da ONG na medida em que facilita o fomento. Por
exemplo, facilita o recebimento de recursos públicos, servidores para auxílio, até mesmo de
imóveis públicos para ajudar no funcionamento da entidade.
Por outro lado, a desvantagem é que administração vai fomentar as entidades de
maneira mais simples do que faria se não houvesse a qualificação, mas passa ter certa
influência nos rumos que a OS e OSCIP irão seguir. Essas entidades passam a ter uma espécie
de controle por parte da administração. A administração passa a participar do Conselho de
Administração, algo que será detalhado adiante.
Como passam a ter uma ingerência estatal, algumas ONG´s podem não ter interesse
em serem qualificadas como OS ou OSCIP. Exemplo: caso recebam muito dinheiro de
instituições internacionais, não haverá interesse em ser controlada pela administração.
Quando se fala em controle, destaca-se que é o particular que controla a OS e OSCIP, pois

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Leitura importante. MEMORIZAR a lei.
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Leitura importante. MEMORIZAR a lei.

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são pessoas privadas. Entretanto, o poder público passa a ter ingerências, a “dar palpites”, a
exigir cumprimento de metas.

1.2.2 Diferenças entre OS e OSCIP6


➢ 1º - primeira diferença:
O ato de qualificação de um particular como OS é um ato discricionário. O particular
requer a qualificação como OS e a administração avalia a conveniência e oportunidade dessa
qualificação, conforme previsão na Lei 9.637/1998:
Art. 2o São requisitos específicos para que as entidades privadas referidas no artigo
anterior habilitem-se à qualificação como organização social:
(...)
II - haver aprovação, quanto à conveniência e oportunidade de sua qualificação como
organização social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de
atividade correspondente ao seu objeto social e do Ministro de Estado da Administração
Federal e Reforma do Estado.

Já a Lei 9.790/1999 prevê que o ato de qualificação como OSCIP será um ato
vinculado, ou seja, o particular requer a qualificação e caso preencha os requisitos legais
para se qualificar terá o direito à qualificação.
Art. 1o Podem qualificar-se como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público as
pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e se
encontrem em funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, desde que os
respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos
por esta Lei.
(...)
§ 2o A outorga da qualificação prevista neste artigo é ato vinculado ao cumprimento dos
requisitos instituídos por esta Lei.

➢ 2º - primeira diferença: diz respeito a quem qualifica.


A lei das OS não menciona que um determinado Ministério específico irá qualificar. O
Ministério que irá qualificar será aquele o qual a ONG atua, como, por exemplo, educação,
meio ambiente. Assim, a qualificação será feita em razão da área de atuação da ONG. Já no
caso das OSCIP, a Lei 9.790/1999, de forma expressa, considera que a qualificação será feita
pelo Ministério da Justiça.
Art. 5o Cumpridos os requisitos dos arts. 3o e 4o desta Lei, a pessoa jurídica de direito
privado sem fins lucrativos, interessada em obter a qualificação instituída por esta Lei,
deverá formular requerimento escrito ao Ministério da Justiça, instruído com cópias
autenticadas dos seguintes documentos:

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Grande incidência em concurso.

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➢ 3º - primeira diferença: trata da participação do poder público na administração


da OS e da OSCIP.
A Lei 9.637/1998 prevê que o poder público terá, necessariamente, assento no
Conselho de Administração da OSCIP7. A lei menciona com quantos membros o poder
público contará no conselho de administração. Já a Lei 9.790/1999, em seu art. 4º parágrafo
único, prevê que é permitida a participação de servidores públicos na composição do
Conselho da OSCIP.
Parágrafo único. É permitida a participação de servidores públicos na composição de
conselho ou diretoria de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. (Redação
dada pela Lei nº 13.019, de 2014)

Enquanto na OS a participação é obrigatória, na OSCIP a participação é facultativa.

➢ 4º - primeira diferença:
Quando o poder público qualifica um particular como OS celebra um ajuste com essa
entidade, que recebe o nome de contrato de gestão. Art. 5º da Lei 9.637/1998:
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, entende-se por contrato de gestão o instrumento
firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como organização social, com

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Nota do monitor: o professor falou OSCIP, mas acredito que seja OS, pois fez referência à lei da OS:
Art. 3o O conselho de administração deve estar estruturado nos termos que dispuser o respectivo
estatuto, observados, para os fins de atendimento dos requisitos de qualificação, os seguintes critérios básicos:
I - ser composto por:
a) 20 a 40% (vinte a quarenta por cento) de membros natos representantes do Poder Público,
definidos pelo estatuto da entidade;
b) 20 a 30% (vinte a trinta por cento) de membros natos representantes de entidades da sociedade
civil, definidos pelo estatuto;
c) até 10% (dez por cento), no caso de associação civil, de membros eleitos dentre os membros ou os
associados;
d) 10 a 30% (dez a trinta por cento) de membros eleitos pelos demais integrantes do conselho, dentre
pessoas de notória capacidade profissional e reconhecida idoneidade moral;
e) até 10% (dez por cento) de membros indicados ou eleitos na forma estabelecida pelo estatuto;
II - os membros eleitos ou indicados para compor o Conselho devem ter mandato de quatro anos,
admitida uma recondução;
III - os representantes de entidades previstos nas alíneas "a" e "b" do inciso I devem corresponder a
mais de 50% (cinquenta por cento) do Conselho;
IV - o primeiro mandato de metade dos membros eleitos ou indicados deve ser de dois anos, segundo
critérios estabelecidos no estatuto;
V - o dirigente máximo da entidade deve participar das reuniões do conselho, sem direito a voto;
VI - o Conselho deve reunir-se ordinariamente, no mínimo, três vezes a cada ano e,
extraordinariamente, a qualquer tempo;
VII - os conselheiros não devem receber remuneração pelos serviços que, nesta condição, prestarem à
organização social, ressalvada a ajuda de custo por reunião da qual participem;
VIII - os conselheiros eleitos ou indicados para integrar a diretoria da entidade devem renunciar ao
assumirem funções executivas.

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vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de atividades


relativas às áreas relacionadas no art. 1o.

No contrato de gestão encontraremos informações sobre o modo como a OS será


fomentada, bem como o alcance do controle pela administração em relação à OS. O nome,
contrato de gestão, é péssimo, porque não corresponde ao que realmente tem como papel.
O contrato pressupõe obrigações antagônicas, de fato, inexiste essas obrigações
antagônicas. Em verdade, esse documento materializa uma parceria entre a administração e
o particular. Todavia, recebeu o nome de contrato de gestão por referência ao texto
constitucional, art. 37, §8º, da CRFB:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
(...)
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da
administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado
entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas
de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - o prazo de duração do contrato;
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e
responsabilidade dos dirigentes;
III - a remuneração do pessoal."

Essa ideia foi repetida, qual seja, um documento que ampliará a autonomia da ONG,
no caso que se qualifica como OS e não faz parte da administração.
No caso das OSCIP a nomenclatura é muito melhor, pois a palavra utilizada pela Lei
9.790/1999 é a expressão termo de parceria. Portanto, o termo de parceria é o documento
firmado entre entidade que se qualifica como OSCIP e a administração pública respectiva.
Art. 9o Fica instituído o Termo de Parceria, assim considerado o instrumento passível de
ser firmado entre o Poder Público e as entidades qualificadas como Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público destinado à formação de vínculo de cooperação
entre as partes, para o fomento e a execução das atividades de interesse público
previstas no art. 3o desta Lei.

Vale lembrar que a Lei 13.019/2014, que trata das OSCs e também das entidades que
vão colaborar com a administração, em seu art. 2º traz uma série de conceitos. Os conceitos
importantes estão transcritos abaixo:
Art. 2o Para os fins desta Lei, considera-se:
(...)
VII - termo de colaboração: instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias
estabelecidas pela administração pública com organizações da sociedade civil para a
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consecução de finalidades de interesse público e recíproco propostas pela administração


pública que envolvam a transferência de recursos financeiros;

Dois pontos importantes: a) o termo de colaboração é proposto pela administração


pública; e b) envolve a transferência de recursos.
VIII - termo de fomento: instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias
estabelecidas pela administração pública com organizações da sociedade civil para a
consecução de finalidades de interesse público e recíproco propostas pelas organizações
da sociedade civil, que envolvam a transferência de recursos financeiros;

Duas características marcantes: a) quem propõe o termo de fomento é a OSC, e não a


administração, pois se fosse a administração seria termo de colaboração; e b) a transferência
de recursos.
VIII-A - acordo de cooperação: instrumento por meio do qual são formalizadas as
parcerias estabelecidas pela administração pública com organizações da sociedade civil
para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco que não envolvam a
transferência de recursos financeiros;

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