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Qualquer cristão que começa a estudar a Palavra de Deus já deve ter feito
a mesma pergunta: se não vivemos mais no tempo da lei, que aspectos
dela devemos obedecer? Devemos obedecê-Ia por inteiro ou apenas
partes dela? E qual o efeito prático caso venhamos a descumpri-Ia em
algum aspecto? Vamos responder a estas perguntas neste estudo.
A lei judaica tem sua origem três meses após o povo hebreu ter sido
liberto do cativeiro egípcio. Tão logo saíram de Refidim e entraram no
Sinai, Moisés subiu o monte para encontrar-se com Deus e ali recebeu do
Senhor a seguinte promessa: "Vistes o que fiz aos egípcios e como vos
carreguei sobre asas de águias e vos trouxe a mim. Agora, portanto, se
ouvirdes atentamente a minha voz e guardardes a minha aliança, sereis
minha propriedade exclusiva dentre todos os povos, porque toda a terra é
minha; mas vós sereis para mim reino de sacerdotes e nação santa. Essas
são as palavras que falarás aos israelitas" (Ex 19.4-6).
A lei também tinha a função de ser a luz de Deus para os povos ao seu
redor. A intenção do Senhor ao escolher Abraão para gerar um povo para
si foi clara: ''Abençoar e os que te abençoarem e amaldiçoarei quem te
amaldiçoar; e todas as famílias da terra serão abençoadas por meio de ti"
(Gn 12.3). A lei, portanto, deveria ter um valor normativo e positivo na
vida das pessoas. Não era para ser encarada como uma mera relação de
rituais religiosos, mas como orientações para uma vivência agradável com
Deus, com o próximo e com a terra.
Desde o início, a religião cristã foi formada por uma mescla de pessoas
oriundas da religião judaica. Jesus, nascido de linhagem davídica, escolheu
judeus para seus 12 apóstolos. Seu ministério foi originalmente voltado
apenas para os judeus, sendo aberto para pessoas de outros povos
conforme chegavam a ele (Mc 7.24-30). O próprio Jesus afirmou que veio
para cumprir a lei, não para aboli-Ia (Mt 5.17-18), e validou seus
ensinamentos morais (Mt 19.17,18). No início, os cristãos de Jerusalém
adoravam a Deus nas casas e no templo (At 2.46) e adotaram as Escrituras
judaicas em seus atos religiosos (At 3.18; 8.26-40), por entenderem que
elas revelavam sobre a vinda de Jesus Cristo e sua função como o Messias
prenunciado no Antigo Testamento.
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A VITÓRIA DA GRAÇA SOBRE A LEI
Esse novo modo de vida leva o cristão a agir segundo a lei do amor. Foi
pelo prisma do amor que Jesus sintetizou toda a lei em apenas dois
mandamentos: amor a Deus e ao próximo como a si mesmo (Mt 22.36-40).
Estes mandamentos, já existentes nas Escrituras (Dt 6.5; Lv 19.18),
podiam ser desdobrados em todos os outros existentes e lhes davam
sentido. Ou seja, somente conseguimos olhar para o próximo como
alguém digno através das lentes de Cristo, que se sacrificou por todos nós,
apesar de sermos indignos de sua misericórdia.
A lei, então, é apresentada por sua função didática: como revelação do que
é pecado, ou seja, do que fere o padrão de conduta divino (v. 7). Ao revelar
o que seria pecado, a lei acaba tendo um efeito contrário, pois produz um
efeito cobiçoso (v. 8-11) que leva o homem a uma luta interna entre fazer
a vontade de Deus ou ceder às paixões carnais (v.14-20).
CONCLUSÃO
Compreender a forma como Jesus Cristo entendia a lei nos leva a enxergá-
Ia com outros olhos. A lei serviu para dar uma identidade ao povo de
Israel frente às nações pagãs que as cercariam na terra prometida. Hoje,
como membros de uma nova diáspora espiritual, onde estamos
espalhados pelo mundo, somos instados a adotar o padrão de vida que
Cristo apresentou. Não o devemos fazer por obrigação, mas por amor, com
a consciência de que somos embaixadores de Cristo na terra (2Co 5.20),
representantes de seu reino entre as nações.
A luta contra o pecado é um fato da vida cristã que não deve ser ignorado
ou menosprezado. Não há nível de maturidade cristã que venha a alijar
completamente de nossas vidas esse embate entre a carne e o espírito.
Contudo, conforme caminhamos e nos aperfeiçoamos na fé,
compreendemos que somos limitados, falhos e, portanto, totalmente
dependentes do Espírito Santo para nos ajudar a vencer essa batalha.
Como Paulo diz, graças a Deus por nosso Senhor Jesus Cristo (v. 25), pois,
sem ele, seria impossível para nós vencermos a batalha contra o mal. Com
Cristo ao nosso lado, porém, temos condições de resistir às tentações e
conduzir a nossa vida espelhando o exemplo de Cristo para aqueles que
nos rodeiam.
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