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URGÊNCIA E EMERGÊNCIA .....................................................................................................

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Conceitos Básicos ....................................................................................................................... 7
DIFERENÇA ENTRE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA ................................................................ 7
Urgência ...................................................................................................................................... 7
Emergência.................................................................................................................................. 8
PRONTO SOCORRO ..................................................................................................................... 8
SALA DE URGÊNCIA .................................................................................................................. 8
RECURSOS .................................................................................................................................... 9
FINALIDADE DE UMA UNIDADE DE EMERGÊNCIA ........................................................... 9
ESTRUTURA DE UMA UNIDADE DE EMERGÊNCIA ............................................................ 9
Estrutura Física ......................................................................................................................... 10
AS RELAÇÕES COM AS DEMAIS UNIDADES FUNCIONAIS ............................................. 11
PAPEL PROFISSIONAL DA EQUIPE DE SAÚDE, NA UNIDADE DE EMERGÊNCIA ...... 12
ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DO ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA........................... 13
CONCEITOS BÁSICOS DE URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS ............................................... 14
ETIOLOGIA DO TRAUMA ........................................................................................................ 15
O TRAUMA E TODO O SEU ENVOLVIMENTO ................................................................ 15
ESTUDO DAS CAUSAS DO TRAUMA .................................................................................... 15
TRAUMA POR ENERGIA MECÂNICA ................................................................................ 16
EPIDEMIOLOGIA DO TRAUMA .............................................................................................. 17
PROCESSOS QUE DÃO ORIGEM ÀS LESÕES TRAUMÁTICAS ......................................... 17
ABCD DO TRAUMA .............................................................................................................. 18
ESCALA DE COMA DE GLASGOW (ECG) ............................................................................. 18
Sinais Vitais e Escala de Coma ................................................................................................. 18
ESCALA DE TRAUMA .............................................................................................................. 19
Interpretação do Resultado............................................................................................................ 20
FRATURAS – LUXAÇÕES – ENTORSES ................................................................................ 20
FRATURAS .................................................................................................................................. 20
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA HOSPITALIZAÇÃO................................................ 21
LUXAÇÕES ................................................................................................................................. 22
SINAIS E SINTOMAS ................................................................................................................. 22
ENTORSES .................................................................................................................................. 23
TÉCNICAS DE IMOBILIZAÇÃO .............................................................................................. 23
Situações de Suspeita ................................................................................................................ 25
Sinais e Sintomas ...................................................................................................................... 25
Assistência de enfermagem na hospitalização .......................................................................... 25
TRAUMA DE FACE .................................................................................................................... 26
Distribuição por faixa etária do trauma de face ........................................................................ 26
Assistência de enfermagem na hospitalização .......................................................................... 26
MEDICAMENTOS UTILIZADOS EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA .............................. 27
Medicamentos mais utilizados em situações de emergências: .................................................. 27
Para diluição:................................................................................................................................. 27
Ação: ......................................................................................................................................... 27
Indicação: .................................................................................................................................. 28
SOROS .......................................................................................................................................... 34
ABORDAGEM AO PACIENTE EM COMA .............................................................................. 34
Causas de alteração no nível de consciência ................................................................................. 35
Atendimento hospitalar ................................................................................................................. 35
Abordagem inicial ......................................................................................................................... 36
Trauma craniano recente, mesmo leve .......................................................................................... 36

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Exames complementares ........................................................................................................... 36
QUEIMADURAS ......................................................................................................................... 37
ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA DA PELE .......................................................................... 37
CLASSIFICAÇÃO ....................................................................................................................... 37
Quanto a Profundidade.............................................................................................................. 38
Lesão de Primeiro Grau ............................................................................................................ 38
Lesão de Segundo Grau ............................................................................................................ 38
Lesão de Terceiro Grau ............................................................................................................. 39
QUEIMADURAS QUE DEVEM SER ENCAMINHADAS A UM CENTRO
ESPECIALIZADO DE QUEIMADOS ........................................................................................ 41
TRATAMENTO DAS QUEIMADURAS.................................................................................... 42
PRIMEIRO ATENDIMENTO DO PACIENTE QUEIMADO ................................................ 42
Exame básico (ATLS) ............................................................................................................... 42
Cuidados imediatos ................................................................................................................... 43
Cuidados iniciais ....................................................................................................................... 43
Cuidados locais ......................................................................................................................... 43
Reposição hidro-eletrolítica (Grande Queimado) ..................................................................... 44
Antibioticoterapia...................................................................................................................... 44
TRATAMENTO DA LESÃO DO PACIENTE QUEIMADO..................................................... 44
Queimadura de Primeiro Grau .................................................................................................. 44
Queimadura de Segundo Grau .................................................................................................. 44
Queimadura de Terceiro Grau................................................................................................... 45
Atendimento no Centro de Queimados ..................................................................................... 45
Assistência de enfermagem na hospitalização .......................................................................... 46
Observações .............................................................................................................................. 46
INTOXICAÇÕES E ENVENENAMENTOS .............................................................................. 46
INTOXICAÇÕES POR GASES ................................................................................................... 49
INTOXICAÇÕES POR ÁCIDOS E ÁLCALIS FORTES ........................................................... 49
INTOXICAÇÕES POR METAIS ................................................................................................ 50
INTOXICAÇÕES POR AGROTÓXICOS ................................................................................... 50
INTOXICAÇÕES POR PLANTAS ............................................................................................. 52
COMO EVITAR ENVENENAMENTO? .................................................................................... 53
PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR) ........................................................................... 54
Etiologia .................................................................................................................................... 54
Clínica ....................................................................................................................................... 55
Tratamento ................................................................................................................................ 55
Sinais de PCR............................................................................................................................ 55
Material necessário: carro de parada contendo: ....................................................................... 56
C (Circulation) – Circulação ..................................................................................................... 56
A (Airways) – Vias aéreas ......................................................................................................... 57
B (Breath) – Respiração ............................................................................................................ 57
D (Desfibrillation) – Desfibrilação ........................................................................................... 57
INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA ............................................................................................ 59
Sinais e sintomas mais freqüentemente observados: ................................................................ 60
Diagnóstico Laboratorial: ......................................................................................................... 61
Causas de defícit de ventilação: ................................................................................................ 61
INDICAÇÃO PARA INSTITUIÇÃO DA VIA AÉREA ARTIFICIAL ...................................... 61
INDICAÇÕES DE VENTILAÇÃO MECÂNICA PROFILÁTICA: ........................................... 62
DISTÚRBIOS METABÓLICOS .................................................................................................. 63
Etiologias .................................................................................................................................. 64

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Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 65
Tratamento ................................................................................................................................ 66
Alcalose Metabólica .................................................................................................................. 67
Etiologias .................................................................................................................................. 67
Manifestações Clínicas ............................................................................................................. 68
Diagnóstico ............................................................................................................................... 69
Tratamento ................................................................................................................................ 69
ESTADO DE CHOQUE ............................................................................................................... 70
Classificação ............................................................................................................................. 70
TIPOS DE ESTADO DE CHOQUE: ........................................................................................... 70
Sinais e sintomas ....................................................................................................................... 70
COMO SE MANIFESTA: ............................................................................................................ 72
COMO PROCEDER:.................................................................................................................... 72
Ciclo do Estado de Choque ........................................................................................................... 72
HEMORRAGIAS ..................................................................................................................... 73
Procedimentos Básicos para PS em Hemorragias: ................................................................... 74
CLASSIFICAÇÃO DAS HEMORRAGIAS ................................................................................ 76
Hemorragia Classe I .................................................................................................................. 76
Hemorragia Classe II ................................................................................................................ 76
Hemorragia Classe IV ............................................................................................................... 77
FERIMENTOS.............................................................................................................................. 78
Classificação das feridas ........................................................................................................... 78
ATENÇÃO: .................................................................................................................................. 82
CHOQUE ELÉTRICO .................................................................................................................. 82
Termos e Conceitos ................................................................................................................... 83
Efeitos da Corrente Elétrica sobre o Organismo ....................................................................... 83
EXISTEM TRÊS FORMAS DISTINTAS DE OCORRER O CHOQUE ELÉTRICO. .............. 84
1. O que acontece ...................................................................................................................... 84
2. Primeiras providências .......................................................................................................... 85
3. O que fazer ............................................................................................................................ 85
Orientações para Socorrer a Vítima .......................................................................................... 88
SÍNCOPE OU DESMAIO ............................................................................................................ 88
O QUE É? ................................................................................................................................. 88
SÍNCOPE VASO-VAGAL ....................................................................................................... 89
O TILT TEST............................................................................................................................ 89
Pessoa normal ............................................................................................................................... 89
Pessoa com pré-disposição a sofrer síncope vaso-vagal ............................................................... 89
DESMAIO SITUACIONAL..................................................................................................... 90
HIPERSENSIBILIDADE DO SEIO CARÓTIDO ....................................................................... 90
DOENÇAS CARDÍACAS........................................................................................................ 90
TRATAMENTO ....................................................................................................................... 90
VERTIGEM .............................................................................................................................. 90
Causas ....................................................................................................................................... 91
Diagnóstico ............................................................................................................................... 92
Tratamento ................................................................................................................................ 93
Vertigem Postural Paroxística Benigna .................................................................................... 93
Causas comuns .......................................................................................................................... 94
Condição ambiental................................................................................................................... 94
Medicamentos ........................................................................................................................... 94
Problemas circulatórios ............................................................................................................. 94

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Anormalidades do ouvido ......................................................................................................... 94
Outras causas............................................................................................................................. 94
ANIMAIS PEÇONHENTOS ........................................................................................................ 95
Animais peçonhentos x animais venenosos .............................................................................. 95
ARTRÓPODES - ESCORPIÕES ............................................................................................. 95
Sintomatologia (efeitos no homem) .......................................................................................... 96
ARTRÓPODES – ARANHAS ................................................................................................. 96
ARTRÓPODES - LACRAIAS ................................................................................................. 97
Tipos de dentição: ..................................................................................................................... 98
Tipos de serpentes mais conhecidas: ........................................................................................ 98
Controle e prevenção ................................................................................................................ 99
ARTRÓPODES ............................................................................................................................ 99
SERPENTES............................................................................................................................... 100
Acidentes por taturanas ou lagartas ........................................................................................ 100
CONVULSÃO ............................................................................................................................ 101
Causas ..................................................................................................................................... 101
Sinais e Sintomas .................................................................................................................... 101
Tipos de convulsões ................................................................................................................ 102
Origem .................................................................................................................................... 103
Diagnóstico ............................................................................................................................. 104
Tratamento .............................................................................................................................. 104
Como atuar .............................................................................................................................. 105
OBSTETRÍCIA – Emergências Obstétricas ............................................................................... 106
Estruturas da Gravidez ............................................................................................................ 106
Situação e apresentação fetal: ................................................................................................. 107
Assistência ao Parto: ............................................................................................................... 107
DILATAÇÃO; ........................................................................................................................ 107
EXPULSÃO: ........................................................................................................................... 107
SECUNDAMENTO: .............................................................................................................. 108
PÓS-PARTO IMEDIATO: ..................................................................................................... 108
RISCOS E COMPLICAÇÕES: .............................................................................................. 108
MATERIAIS E EQUIPAMENTOS ........................................................................................... 109
ADULTO/ INFANTIL/ NEONATAL; ....................................................................................... 109
CILINDROS DE OXIGÊNIO (TRANSPORTE) ....................................................................... 110
CARRINHO DE EMERGÊNCIA .............................................................................................. 110
MEDICAÇÕES:...................................................................................................................... 110
MATERIAIS: .......................................................................................................................... 110
TÉCNICAS DE TRANSPORTE DE PACIENTE ..................................................................... 111
O transporte pode ser intra ou inter-hospitalar........................................................................ 112
FASE PREPARATÓRIA PARA O TRANSPORTE ................................................................. 113
Coordenação e Comunicação pré-transporte .......................................................................... 113
EQUIPE DE TRANSPORTE ..................................................................................................... 113
EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS PARA O TRANSPORTE ............................................... 114
FASE DE TRANSFERÊNCIA ................................................................................................... 114
RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO ............................................................................. 116
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................ 118

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URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
Conceitos Básicos

A abordagem do tema urgência e emergência éw muito complexa. Para


entendermos o assunto, este capítulo traz alguns conceitos e noções básicas que
envolvem o atendimento de enfermagem, de total importância para o entendimento do
conteúdo estudado no livro.

A organização dos serviços de emergência são complexos e estão ligados ao fato


de que a assistência ao paciente em risco de vida deve ser prestada em curto espaço de
tempo. Para ser eficaz, a assistência deve ocorrer no menor tempo possível, ser
organizada, que possa garantir a prestação de cuidados contínuos e coerentes com as
suas necessidades.
Para que o serviço prestado na emergência, seja eficaz alguns fatores devem ser
observados como: organização como sistema, acessível a toda população, estarem
organizadas e bem equipadas, acompanhar os avanços tecnológicos, possuir
profissionais habilitados a prestar assistência imediata, respeitando os valores e crenças
individuais e regionais.
A área de urgência e emergência compreende a assistência pré-hospitalar
realizada nos locais onde a vítima se encontra, exigindo do profissional de enfermagem
qualificação para oferecer os cuidados imediatos e seguros ao paciente, qualquer que
seja seu estado.
Saber diferenciar urgência de emergência é o primeiro passo para planejar o
atendimento à vítima.

DIFERENÇA ENTRE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

Urgência
Ocorrência imprevista de danos à saúde, em que não ocorre risco de morte, ou
seja, indivíduo necessita de atendimento médico mediato.
Consideramos prioridade moderada de atendimento. Exemplo:
 Dor torácica sem complicações respiratórias;
 Alguns tipos de queimaduras;
 Fraturas sem sinais de choques ou outras lesões mais sérias;

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 Vômito e diarreia, acompanhados ou não por estado febril abaixo de 39ºC;
 Sangramentos e ferimentos leves e moderados.

Emergência
Constatação médica de condições de danos à saúde, que implicam em risco de
morte, exigindo tratamento médico imediato. Consideramos alta prioridade de
tratamento de atendimento. Exemplo:
 Parada cardiorrespiratória (PCR);
 Dor torácica acompanhada de desconforto respiratório;
 Politraumatismo em geral;
 Hemorragias de alta intensidade;
 Queimaduras extensas;
 Perda do nível de consciência;
 Intoxicações em geral;
 Ferimento por arma de fogo (FAF);
 Ferimento por arma branca (FAB);
 Estados de choque;
 Estado febril acima de 40ºC;
 Gestações em curso com complicações.

Tanto a urgência como a emergência requerem do profissional de enfermagem


atenção imediata em suas ações. O conhecimento técnico faz a diferença no final do
atendimento.

PRONTO SOCORRO
Local “físico” destinado ao atendimento de urgências e emergências constatadas.
Geralmente está localizado em um hospital ou próximo a ele. É para o pronto-socorro
que as vítimas são encaminhadas após o primeiro atendimento, independente deseu
estado.

SALA DE URGÊNCIA
Local destinado e equipado dentro do pronto-socorro para atendimento de
urgências e emergências, independente de sua procedência.

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As salas de urgência e emergência devem estar localizadas em pontos
estratégicos do pronto-socorro, ser de fácil acesso para entrada de ambulâncias e carros
de resgate, além de ter pessoal qualificado e disponível para qualquer circunstância.

RECURSOS
Humanos – são as equipes de enfermagem e médica que atuam durante as
urgências e emergências.
Materiais – equipamentos e materiais que as salas de urgência devem ter,
necessários para estabilizar o quadro clínico do paciente.
Serviços – todo o pessoal de apoio, como laboratório, banco de sangue, centro
de imagens.

FINALIDADE DE UMA UNIDADE DE EMERGÊNCIA


Problemas como: inadequação do espaço para o atendimento, falta de
protocolos, conflito sobre a autonomia do enfermeiro, a falta de triagem, entre vários
outros, podem dificultar o atendimento a demanda de pacientes, para isso devem-se
buscar alternativas que garantam um serviço rápido e com qualidade.

ESTRUTURA DE UMA UNIDADE DE EMERGÊNCIA


A estrutura da unidade de emergência deve ocupar o andar térreo. O
planejamento físico da unidade tem alguns propósitos básicos que são: a criação de
espaços para abrigar equipamentos e permitir livre circulação da equipe de trabalho; a
eficácia nos atendimentos, através de recursos; a redução de ações improvisadas; a
assistência será mais completa se aliada a recursos materiais e ambiente físico
adequado; atendimento com segurança, eficácia no uso do pessoal e equipamento, que
a unidade pode desenvolver.
Existem algumas dificuldades inerentes à estrutura e funcionamento da
emergência como: falta de formação específica dos profissionais, ausência de
programas de treinamento em serviço, que acarretam alterações na estrutura
organizacional e no atendimento aos pacientes.
A sala de atendimento de emergência, deve oferecer recursos materiais e
humanos para atender pacientes com risco de vida. A sala deve ser ampla, ter
equipamentos necessários para um atendimento de emergência como, por exemplo,
aparelho de pressão, bomba de infusão, desfibrilador ou cardioversor, monitor cardíaco,

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carro de parada, aparelho de ventilação mecânica, ambú, laringoscópio, mandril, tábua
para reanimação cardíaca saída de oxigênio e vácuo, escada, lixos, hamper...

Estrutura Física
 Área geográfica distinta dentro do hospital
 Acesso controlado sem trânsito
 Acesso direto próximo elevador, UTI, Sala recuperação, Centro Cirúrgico, Unidades
 Intermediárias e Serviço de laboratório e radiologia.
 Observação individual e conjunto dos pacientes
 Espaço suficiente para mobilização de paciente e locomoção de pessoal
 Tranqüilidade e ambiente agradável
 Atendimento a pacientes ambos sexos, sem discriminação de grupos etários
 Boa iluminação(natural e artificial)
 Canalização de vácuo, oxigênio e ar comprimido
 Tomadas elétricas em número ideal por leito
 Revestimento liso não absorvente e lavável
 Ar condicionado e aquecimento
 Sanitários: Pacientes e funcionários
 Sala de reuniões e estudos
 Rouparia e Expurgo
 Armazenamento de equipamentos
 Proporcionar observação contínua do paciente
 É indicada separação dos leitos por divisórias
 Proporciona relativa privacidade.

A sobrevivência dos pacientes em um ambiente de emergência pode vir a


depender não só da disponibilidade da infra-estrutura necessária aos procedimentos,
como de sua correta localização no edifício hospitalar, já que deste posicionamento
depende, muitas vezes a rapidez com que são oferecidos os primeiros cuidados a
pacientes em estado mais grave.
Em unidades de médio e pequeno porte estas salas podem vir a integrar um
único ambiente localizado junto Hall de Emergência, com fácil acesso ao Centro

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Cirúrgico e a Unidade de Tratamento Intensivo. Um acesso discreto ao necrotério
também é desejável.
A sala de politrauma, onde são atendidos pacientes que sofreram acidentes ou
violências (causas externas) deve ser, preferencialmente, separada da sala de
emergências, onde são tratados os outros casos de maior gravidade. A separação da
sala de politrauma dos demais ambientes da unidade é importante para a humanização
do atendimento, evitando a visão desnecessária das ocorrências que ali se verificam.
Tanto as salas de Politrauma como de Emergência devem ser dimensionadas
para atender, ao mesmo tempo, no mínimo dois pacientes. Devem permitir total
liberdade de circulação para a equipe, recessos para o estacionamento de carrinhos
com material esterilizado, de anestesia e de ressuscitação, lavabos, bancada com cuba,
armários com portas de vidro ou prateleiras, que facilitem a visão de equipamentos e
medicamentos, um nível de iluminamento elevado, pontos de gases medicinais,
tomadas, inclusive para raios-X transportável, entre outras facilidades e, preferivelmente,
um posto de enfermagem e área de expurgos exclusivos.
Atualmente, alguns hospitais de emergência com alta resolutividade,
principalmente aqueles localizados nos grandes centros urbanos, são dotados de
Centros de Trauma. Nestes ambientes destinados a atender os casos mais críticos os
pacientes permanecem apenas por poucos minutos, durante os quais equipes
especialmente treinadas decidem seu encaminhamento para o Centro Cirúrgico ou para
a UTI.
Além destes ambientes, complementam o programa funcional das unidades de
urgência e emergência uma série de ambientes tais como a Unidade Transfusional,
onde é feita a guarda e a distribuição de hemocomponentes, rouparia, copa, local para
a guarda de aparelho de RX transportável, área para guarda de pertences de pacientes,
sanitários de funcionários, estar e plantão médico, estar e plantão de enfermagem e de
pessoal de apoio, estacionamento de ambulâncias com estar e sanitário anexo para
motoristas, salas administrativas, posto policial, cantina, sala de utilidades, depósito de
material de limpeza (DML), sala de armazenamento temporário de resíduos etc.

AS RELAÇÕES COM AS DEMAIS UNIDADES FUNCIONAIS


O posicionamento da Unidade de Urgência e Emergência em relação às demais
unidades funcionais que integram o edifício hospitalar é fator determinante na geração
e na própria qualidade dos fluxos hospitalares que entre elas se verificam, influindo

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fortemente na maior ou menor operacionalidade da unidade, assim como no combate
à infecção hospitalar.
Assim a distribuição espacial das unidades funcionais (setorização) e de seus
respectivos ambientes, devem ser estudadas levando-se em consideração,
principalmente a adequação dos fluxos hospitalares que delas se originam.

PAPEL PROFISSIONAL DA EQUIPE DE SAÚDE, NA UNIDADE DE EMERGÊNCIA


É uma a atuação dinâmica, criativa, técnica, em nível dependente, independente,
interdependente junto aos demais profissionais da área da saúde, transcendendo a de
meros
executores de ordens, para dar assistência de enfermagem ao cliente em risco de vida.
A importância das condições de trabalho da equipe de saúde, tanto materiais
quanto ambientais adequados, devido o serviço de emergência oferecer assistência
imediata a pessoas acometidas de mal súbito ou acidente que possa pôr sua vida em
perigo ou torná-la inválida.
Os trabalhadores da emergência, permanecem em constante estado de alerta e
expectativa de como agir e reagir diante dos desafios impostos pela profissão. Estando
ainda expostos ao sofrimento dos pacientes, já que esta unidade é muito estressante
devido ao estado crítico dos pacientes e ao aspecto psicológico dos mesmos.
Além disso, para trabalhar em uma unidade de emergência o profissional deve
gostar de estar lá; estar disposto para viver rebuliço; e cuidar da família que está do
outro lado – aflita, sem saber o que está acontecendo (Figueiredo, 2006).
O Conselho Federal de Enfermagem, dispõe sobre o apoio legal à assistência de
enfermagem em unidade de emergência, que encontra-se na Lei nº 7.498, de 25 de
junho de 1986, p.3, seção I, que define as funções da equipe, são elas:
“O enfermeiro presta assistência de enfermagem ao indivíduo, à família e à
comunidade, em situações que requerem medidas relacionadas com a promoção,
proteção e recuperação da saúde, prevenção de doenças, reabilitação de incapacitados,
alívio do sofrimento e promoção de ambiente terapêutico, levando em consideração os
diagnósticos e os planos de tratamento médico e de enfermagem”.
É papel do enfermeiro(a) gerenciar questões de fluxo e especificidade de
atendimento, coordenar a equipe de enfermagem, necessitando também de
conhecimentos científicos, práticos e técnicos, para tomar decisões rápidas e concretas,
transmitindo segurança à equipe.

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A a atuação da enfermeiro(a) nas situações de emergência que requer uma
postura equilibrada, desenvolvendo uma assistência integral e humanizada,
demonstrando rapidez na tomada de decisões junto à equipe médica e de enfermagem.

ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DO ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA


Existem tópicos que fazem parte do cotidiano nos atendimentos em pronto-
socorros que são o sigilo profissional, negligências, imprudências, a morte súbita, os
direitos da pessoa humana, os valores culturais, as crenças, o direito de decisão,
procedimentos invasivos. Além de questões como o direito de morrer, o suicídio,
concepção, aborto, cliente terminal, eutanásia, dizer a verdade ao cliente e à família.
O direito ao atendimento de emergência é igual ao direito à vida, à educação, ao
trabalho. Da mesma forma, que assegurar o controle de qualidade profissional de todos
integrantes do serviço de emergência constitui uma responsabilidade ética (NASI, 2005).
No que diz respeito à prioridade do atendimento, os casos mais graves devem ter
prioridade e até mesmo aqueles pacientes mais angustiados. Já com relação ao uso de
equipamentos, deve ser observada a ordem cronológica da chegada do paciente no
local de atendimento porque juridicamente, não importa quem tem maiores chances de
sobreviver.
Quando falamos em ética não podemos esquecer que este aspecto envolve tanto
a instituição que presta o serviço de emergência quanto ao paciente que necessita deste
atendimento. Por isso vale lembrar que os pacientes têm como responsabilidade a
fidelidade, confidencialidade e veracidade das informações prestadas e que o correto
encaminhamento diagnóstico e terapêutico depende desses requisitos (NASI, 2005).
Por outro lado, o direito ao atendimento de emergência é igual ao direito à vida,
à educação, ao trabalho. Da mesma forma, que assegurar o controle de qualidade
profissional de todos integrantes do serviço de emergência constitui uma
responsabilidade ética (NASI, 2005 ).
No que diz respeito à prioridade do atendimento, os casos mais graves devem ter
prioridade e até mesmo aqueles pacientes mais angustiados. Já com relação ao uso de
equipamentos, deve ser observada a ordem cronológica da chegada do paciente no
local de atendimento porque juridicamente, não importa quem tem maiores chances de
sobreviver.

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CONCEITOS BÁSICOS DE URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS
Pronto atendimento: Estabelecimento de saúde que presta assistência a doentes,
com ou sem risco de vida, cujos agravos à saúde necessitam de atendimento imediato,
dentro do horário de funcionamento.
Pronto socorro: é a unidade destinada a prestar assistência a doentes, com ou
sem risco de vida, cujos agravos à saúde necessitam de atendimento imediato, mas que
funciona durante as 24h do dia e dispõe de leitos de observação.
Urgência: significa pressa, rapidez, brevidade ou necessidade imediata. O
atendimento de urgência são ações destinadas à recuperação dos pacientes em
condições agudas, mas não há perigo iminente de falência de qualquer de suas funções
vitais. As condições urgentes são graves, mas geralmente não perigosas se o suporte
médico e o tratamento tiverem uma pequena demora. O tratamento deve ter início
num período entre 20 minutos e 2 horas.
Emergência: significa ocorrência perigosa, situação crítica ou necessidade
imediata. Gomes (1994), conceitua atendimento de emergência como conjunto de
ações empregadas para a recuperação de pacientes, cujos agravos à saúde necessitam
de assistência imediata, por apresentarem risco de vida, uma vez que põem em risco
determinadas funções vitais que, com o passar do tempo, diminuem sua chance de
eventual recuperação. Jung (2002), destaca a importância da intervenção no serviço de
emergência. Relata ainda, que apesar do paciente ficar pouco tempo internado nessa
unidade, é essencial que sua fisiologia seja investigada e esta unidade não seja vista
como um serviço que serve de passagem para pacientes que procuram atendimento.
Paciente Crítico: Paciente grave, com comprometimento de 1 ou mais dos
principais sistemas fisiológicos, com perda de sua auto-regulação, necessitando
substituição artificial de funções e assistência contínua;
Paciente potencialmente Crítico: Paciente grave, que apresenta estabilidade
clínica, com potencial risco de agravamento do quadro e necessidade de cuidados
contínua;
Atenção ao paciente Crítico: Atendimento ao paciente de forma humanizada ,
minimizando os riscos decorrentes dos métodos terapêuticos utilizados com relação aos
benefícios obtidos, visando à garantia de sua sobrevida com qualidade, assim como a
manutenção da estabilidade de seus parâmetros vitais dentro dos recursos necessários.

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ETIOLOGIA DO TRAUMA

O TRAUMA E TODO O SEU ENVOLVIMENTO


Entendemos por trauma qualquer lesão caracterizada por uma alteração
estrutural fisiológica resultante da ação de um agente externo, que causa a exposição a
determinadas energias, como mecânicas, térmicas ou elétricas.
As mortes por traumas têm destaque na morbidade do País, ocupando a
segunda posição geral no ranking de morbidade dos países, perdendo apenas para
doenças cardiovasculares e neoplasias, mas pode ser a maior causa de morte dos
indivíduos entre 30 e 40 anos.
Cada vítima tem sua própria característica, sua própria lesão, todavia há métodos
similares de traumatismos, o que possibilita ao médico socorrista um rápido diagnóstico
através de métodos visuais e usuais. Entendendo o mecanismo vdo trauma e mantendo
um grau de suspeita em relação aos traumatizados, o profissional tem aptidão pra
diagnósticar ferimentos ocultos e investigar a lesão ou trauma se não osuber o que fazer
após a identificação, por isso a necessidade de se ter pessoal qualificado para tais
situações.

ESTUDO DAS CAUSAS DO TRAUMA


As causas do Trauma seguem peculiaridades de cada região ou país, segundo
suas condições de sobrevivência, políticas, socioeconômicas e culturais.
 O Trauma é uma lesão caracterizada por alterações estruturais ou desequilíbrio
fisiológico, decorrente de exposição aguda a várias formas de energia:
Mecânica, Térmica, Elétrica, Química, Irradiações.
 Afetam superficialmente as partes moles ou lesa estruturas nobres e profundas do
organismo.
 Há também o Trauma não acidental, caracterizado por sua manifestação no
abuso físico, sexual, maus tratos emocionais, molestação e negligência.
 A Violência é a maior causa de Trauma.
 A mortalidade por causas externas predomina no sexo masculino.
 A violência predomina sobre os mais expostos a ela: Crianças,
adolescentes,mulheres pobres e idosos.

15
As capitais mais violentas do Brasil são: Vitória, Porto Velho, Boa Vista, Rio de
Janeiro, Rio Branco e Recife.
Os Agentes Etiológicos do Trauma, de acordo com a lesão provocada, se
encerram em dois grupos principais: OS FERIMENTOS E AS CONTUSÕES.
Nas contusões a maior causa é o veículo motorizado, inclui colisão e
atropelamento.
Nos Ferimentos predominam a arma de fogo e a arma branca.
O Trauma é o resultado da permuta de energia entre o objeto em movimento e
os tecidos, resultando numa lesão proporcional à superfície do ponto de impacto,
densidade do tecido e velocidade do agente agressor.
A Lesão que se estabelece nos ferimentos e contusão denomina-se
CAVITAÇÃO.

TRAUMA POR ENERGIA MECÂNICA


 Ferimentos
 Arma de fogo
 Arma branca
 Empalamento
 Contusões
 Acidente Automobilístico
 Acidente por motocicleta
 Acidentes de bicicleta, charrete e carroça
 Agressão física
 Quedas
 Trauma por explosões: Granadas, bombas em geral e implosões
 Traumas por energia térmica, elétrica e química
 Térmica Calor: líquidos e sólidos aquecidos
 Frio: exposição ambiental e traumatizados
 Elétrica Cabos de alta tensão e relâmpagos
 Química Ácidos, álcalis e derivados do petróleo
 Trauma por irradiações: aparelhos de RX, acidentes industriais e detonação nuclear
 Trauma Biológico: Bactérias, vírus, toxinas, plantas e agentes químicos
 Traumas de partes moles: facas,vidros,pedras,foices,armas,mordeduras e picadas

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 Trauma Iatrogênico: Procedimentos Invasivos e falhas cirúrgicas
 Trauma na Infância: acidentes, afogamentos, incêndios domésticos, abuso sexual e
homicídio
 Causas da morte traumática
 TCE, medula espinhal, hemorragia, asfixia, cardíaca, penumonia, politrauma, sepse

EPIDEMIOLOGIA DO TRAUMA
Estuda a freqüência e distribuição do Trauma em uma Comunidade.
A palavra TRAUMA, vem do grego TRAUMA-TRAUMATOS=FERIDA.
A palavra Trauma em medicina admite várias significações, todas elas ligadas a
acontecimentos não previstos e indesejáveis, que de forma mais ou menos violenta,
atingem indivíduos neles envolvidos produzindo-lhes alguma forma de lesão, dano,
ferida e/ou alteração.
A palavra Traumatismo significa lesão provocada por um contato violento, seja
ele acidental ou infligido, com um objeto físico.
Traumatologia é o ramo da medicina que trata dos traumatismos.
Traumatopatia é qualquer condição patológica que resulta de violência ou de
ferimento.
Traumatofilia é a ânsia inconsciente ou tendência que a sofre (masoquismo).
Traumatopira é a febre de origem traumática.

PROCESSOS QUE DÃO ORIGEM ÀS LESÕES TRAUMÁTICAS

 Violência heterodirigida = homicídios, espancamentos, envenenamentos.


 Violência autodirigida = suicídios, lesões auto-infligidas e intencionais.
 Desastres naturais = inundações, terremotos, ciclones.
 Grupo dos acidentes = transporte, trabalho, lazer, doméstico.

MORTALIDADE DO TRAUMA
PRINCIPAL CAUSA DE ÓBITO NA FAIXA DE 1 A 44 ANOS

Quatro princípios são universalmente aceitos para atendimento inicial:


► Não causar danos adicionais no paciente;

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► Tratar o que ameaça a vida, em uma seqüência de prioridades;
► Diagnóstico preciso não é essencial;
► Tempo é essencial.

OS TRÊS PICOS DO TRAUMA


► O primeiro pico ocorre nos primeiros minutos após a lesão, são as
lacerações cerebrais, medulares, cardíacas e grandes vasos.
► O segundo pico ocorre entre os primeiros minutos e a primeira hora após o
trauma, hematomas epi e sub-durais, pneumotórax, lacerações de fígado, baço,
fraturas pélvicas e outras causas de perda de sangue.
► Na emergência a vida e a morte estão muito próximas, separadas às vezes, por
curto intervalo de tempo. Esta visão é fundamental para enfatizar a importância do
atendimento inicial, pode-se salvar muitas vidas e reduzir significativamente o número
de seqüelas.
► O terceiro pico ocorre dias após o trauma, devido infecções generalizadas e
falência multiorgânica.

ABCD DO TRAUMA
1º passo Passo A Airway Vias aéreas com controle cervical
2º passo Passo B Breathing Respiração existente e em sua qualidade
3º passo Passo C Circulation Circulação com controle de hemorragias
4º passo Passo D Disability Estado neurológico
5º passo Passo E Exposure Exposição da vítima para abordagem
secundária

ESCALA DE COMA DE GLASGOW (ECG)


Sinais Vitais e Escala de Coma

 Avaliar pulso, pressão arterial e temperatura.


 Avaliar e identificar a Escala de Glasgow nas vítimas, as quais são avaliadas na
abertura dos olhos (AO), na melhor resposta motora (MRM) e na melhor resposta
verbal (MRV). Para cada item avaliado é dada uma nota, que somadas darão o nível
de consciência da vítima no momento da avaliação.

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ESCALA DE GLASGOW
Espontânea 4
Ao comando verbal 3
Abertura Ocular
À dor 2
Ausente 1

Obedece a comandos 6
Localiza à dor 5
Resposta Motora
Flexão inespecífica (retirada) 4
Flexão hipertônica 3
Extensão hipertônica 2
Sem resposta 1

Orientado e conversando 5
Desorientado e conversando 4
Resposta Verbal
Palavras inapropriadas 3
Sons incompreensíveis 2
Sem resposta 1

ESCALA DE TRAUMA

A escala de Trauma é aquela que avalia e leva em consideração o estado geral da


vítima após todas as etapas de atendimento. São avaliadas a frequência respiratória, a
pressão sistólica e a escala de coma. Cada item recebe uma nota, uma pontuação de
zero a quatro e a soma pode variar de 0 a 12. Veja em seguida como funciona a escala
de trauma.
Pontuação Freq.. Respiratória Pressão Sistólica Escala
04 10 a 29 >89 13 a 15
03 >29 76 a 89 09 a 12
02 06 a 09 50 a 75 06 a 08
01 01 a 05 01 a 49 04 a 05
0 0 0 0

19
Interpretação do Resultado
 Trauma Grave: 0 a 06
 Trauma Moderado: 07 a 10
 Trauma Mínimo: 11 a 12

Sempre que na avaliação da Escala de Trauma for obtido resultado menor que
nove, torna-se necessário o acionamento de suporte avançado.

FRATURAS – LUXAÇÕES – ENTORSES

O esqueleto humano é a estrutura de sustentação do corpo sobre o qual se


apoiam todos os tecidos. Para que possamos nos mover, o esqueleto se articula em
vários lugares e os músculos que envolvem os ossos fazem com que estes se movam.
Esses movimentos são controlados pela vontade e coordenados por nervos específicos.

Existem diferentes formas de lesões nessas estruturas. Os ossos podem quebrar-se


(fratura), desencaixar-se em alguma articulação (luxação) ou ambos. Os músculos e os
tendões que os ligam aos ossos podem também ser distendidos ou rompidos.

FRATURAS

Podemos definir uma fratura como sendo a perda, total ou parcial, da


continuidade de um osso. A fratura pode ser simples (fechada) ou exposta (aberta). Na
fratura simples não há o rompimento da pele sobre a lesão e nas expostas sim, isto é, o
osso fraturado fica exposto ao meio ambiente, possibilitando sangramentos e um
aumento do risco de infecção.

No caso de fraturas, a vítima geralmente irá queixar-se de dor no local da lesão. O


socorrista poderá identificar também, deformidades, edemas, hematomas, exposições
ósseas, palidez ou cianose das extremidades e ainda, redução de temperatura no
membro fraturado.

A imobilização provisória é o socorro mais indicado no tratamento de fraturas ou


suspeitas de fraturas. Quando executada de forma adequada, a imobilização alivia a

20
dor, diminui a lesão tecidual, o sangramento e a possibilidade de contaminação de uma
ferida aberta. As roupas da vítima devem ser removidas para que o socorrista possa
visualizar o local da lesão e poder avaliá-lo mais corretamente. As extremidades devem
ser “alinhadas”, sem no entanto, tentar reduzir as fraturas expostas. Realize as
imobilizações com o auxílio de talas rígidas de papelão ou madeira, ou ainda, com
outros materiais improvisados, tais como: pedaços de madeira, réguas, etc.

Nas fraturas expostas, antes de imobilizar o osso fraturado, o socorrista deverá


cobrir o ferimento com uma pano bem limpo ou com gaze estéril. Isto diminuirá a
possibilidade de contaminação e controlará as hemorragias que poderão ocorrer na
lesão. É importante que nas fraturas com deformidade em articulações (ombros, joelhos,
etc), o socorrista imobilize o membro na posição em que ele for encontrado, sem
mobilizá-lo.

A auto-imobilização é uma técnica muito simples, que consiste em fixar o


membro inferior fraturado ao membro sadio, ou o membro superior fraturado ao tórax
da vítima. É uma conduta bem aceita em situações que requeiram improvisação. Esta
técnica é também muito utilizada no atendimento de fraturas nos dedos da mão.Na
dúvida, imobilize e trate a vítima como portadora de fratura até que se prove o
contrário. Nas fraturas associadas com sangramentos significativos, o socorrista deverá
estar preparado para atender também o choque hipovolêmico.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA HOSPITALIZAÇÃO


 Transferir a vítima para maca própria. Se já foi detectado que há fratura de
quadril/bacia, transferir a vítima “em bloco”, ou proteger o membro afetado na hora
da transferência.
 Fazer uma análise para verificar o tipo de lesão.
 Providenciar a retirada das vestimentas.
 Puncionar acesso venoso de grosso calibre, colher amostra de sangue e manter a
hidratação conforme orientação médica.
 Verificar os sinais vitais; atenção especial ao pulso no membro fraturado.
 Limpar a área com lesão com S.F. 0,9% e manter a lesão coberta até segunda
orientação.

21
 Manter material de ortopedia, como ataduras de gesso, algodão ortopédico,
ataduras de crepom,soros de fácil acesso; e aguardar orientação.
 Se a fratura for aberta e com grande área lesada, seguir as orientaçãoes da equipe.
 Não fazer nada que não tenha sido orientado pela enfermeira responsável ou
equipe atuante, pois um “deslize” no atendimento a fraturas pode ser vital para o
paciente.
 Providenciar a transferência do paciente da sala de emergência para outro local
predestinado.

LUXAÇÕES
A luxação é uma lesão onde as extremidades ósseas que formam uma articulação
ficam deslocadas, permanecendo desalinhadas e sem contato entre si. O desencaixe de
um osso da articulação (luxação) pode ser causado por uma pressão intensa, que
deixará o osso numa posição anormal, ou também por uma violenta contração
muscular. Com isto, poderá haver uma ruptura dos ligamentos. Os sinais e sintomas
mais comuns de uma luxação são: dor intensa, deformidade grosseira no local da lesão
e a impossibilidade de movimentação.Em caso de luxação, o socorrista deverá proceder
como se fosse um caso de fratura, imobilizando a região lesada, sem o uso de tração. No
entanto, devemos sempre lembrar que é bastante difícil distinguir a luxação de uma
fratura.
Também são traumas graves, paresentam dor, edema e deformidade na região
lesada e podem estar acompanhados de hematoma local após algumas horas. Os
cuidados são os mesmos com as fraturas, primeiramente imobilização e depois
hospitalização para exames de averiguação.

SINAIS E SINTOMAS
 Dor intensa local, como edema
 Deformidade
 Perda completa do movimento
 Palidez do membro

22
ENTORSES
Entorse pode ser definido como uma separação momentânea das superfícies
ósseas, ao nível da articulação. A lesão provocada pela deformação brusca, geralmente
produz o estiramento dos ligamentos na articulação ou perto dela. Os músculos e os
tendões podem ser estirados em excesso e rompidos por movimentos repentinos e
violentos. Uma lesão muscular poderá ocorrer por três motivos distintos: distensão,
ruptura ou contusão profunda.O entorse manifesta-se por um dor de grande
intensidade, acompanhada de inchaço e equimose no local da articulação.O socorrista
deve evitar a movimentação da área lesionada, pois o tratamento do entorse, também
consiste em imobilização e posterior encaminhamento para avaliação médica. Em
resumo, o objetivo básico da imobilização provisória consiste em prevenir a
movimentação dos fragmentos ósseos fraturados ou luxados. A imobilização diminui a
dor e pode ajudar a prevenir também uma futura lesão de músculos, nervos, vasos
sangüíneos, ou ainda, da pele em decorrência da movimentação dos fragmentos
ósseos.Se a lesão for recente, esfrie a área aplicando uma bolsa de gelo ou compressa
fria, pois isso reduzirá o inchaço, o hematoma e a dor.

TÉCNICAS DE IMOBILIZAÇÃO
Se o membro fraturado estiver dobrado, o socorrista não poderá imobilizá-lo
adequadamente. Deverá então, com muito cuidado, aplicar uma tração manual para
endireitá-lo, o que impedirá a pressão sobre os músculos, reduzindo a dor e o
sangramento que estejam ocorrendo no local da lesão.A tração deverá ser aplicada com
firmeza observando o alinhamento do osso até que o membro fique totalmente
imobilizado. Se o socorrista puxar em linha reta, não causará nenhuma lesão. No
entanto, recomenda-se não insistir na manobra caso a vítima informar que a dor está
ficando muito forte.

23
Primeiros

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TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR (TRM)

Consiste nas lesões apresentadas nas vértebras cervicais C5, C6, C7, torácica T12
e lombar L1, decorrentes de acidentes e traumas. Essa lesão pode ser desde uma
concussão transitória até uma transecção completa da medida. Podem ocorrer perda
sensorial total e paralisia motora abaixo da lesão.

É também considerado um tipo de lesão que ocorre na medula espeinhal. A


maioria dessas lesões é causada por acidentes automobilísticos, queda de alturas,
mergulhos em águas rasas, ou FAF. Pode ocorrer lesão óssea vertebral sem que ocorra
lesão de medula.

As lesões em C2 e C3 geralmente são fatais. Nas lesões C4 e acia ocorrem


dificuldade respiratória e paralisia das quatro extremidades.

Situações de Suspeita

 Lesão supraclavicular, existente acima da clavícula.


 Qualquer vítima com TCE, independente do tipo.
 Politraumatizado.

Sinais e Sintomas

 Dor à estimulação acima da clavícula;


 Hipotensão e bradicardia;
 Ausência ou diminuição da sensibilidade dos membros inferiores;
 Respiração diafragmática;
 Arreflexia flácida.

Assistência de enfermagem na hospitalização

 Remover a vítima para maca própria, em “prancha” para coluna e em “bloco”.


 Fazer uma análise do que aconteceu.
 Puncionar acesso venoso de grosso calibre, colher amostras de sangue e manter
hidratação conforme orientação médica.
 Verificar sinais vitais, instalar oxímetro de pulso e monitorização.

25
 Manter material para sondagem vesical de fácil acesso, visto que após com lesão
medular, a bexiga torna-se anatômica, e não se contrai, ocorrendo seu
hiperestiramento.
 Dar continuidade ao plano de cuidados traçado pelo enfermeiro responsável e
pela equipe atuante.
 Providenciar a transferência do paciente da sala de emergência para outro local
predeterminado.

TRAUMA DE FACE

Trata-se de uma lesão extremamente agressiva, qualquer que seja sua origem.
Além de estar diretamente ligada às consequências emicionais para a vítima, ocorre a
possibilidade de deformidades, podendo acometer cérebro, olhos, nariz, boca e dentes.

As causas podem ser variáveis, entre elas o acidente automobilístico, a violência


interpessoal, exposição a agentes químicos, queimaduras e outras.

É comum o trauma de face estar acompanhado de obstrução das vias aéreas,


hemorragia e lesões de coluna.

Distribuição por faixa etária do trauma de face

 De 0 a 15 anos: ligado a quedas, e pouco às outras causas.


 De 15 a 19 anos: a principal causa é a violência interpessoal, seguida do uso
abusivo de álcool de drogas, provocando queda. Difere da queda apresentada
na idade anterior.
 De 20 a 39 anos: idem à anterior mais a violência doméstica, acidentes
automobilísticos, FAF e FAB.
 Acima de 40 anos: incluem todas as anteriores.

Assistência de enfermagem na hospitalização

o Remover a vítima para a maca própria.


o Fazer uma análise do que aconteceu
o Puncionar acesso venoso de grosso calibre, colher amostras de sangue e manter
hidratação conforme orientação médica.

26
o Verificar os sinais vitais, instalar oxímetro de pulso e monitorização.
o Providenciar materiais para pequena cirurgia, sutura e outros.
o Manter material para entubação e sondagem vesical de fácil acesso.
o Dar continuidade ao plano de cuidados traçado pelo enfermeiro responsável e
pela equipe atuante.
o Providenciar a transferência do paciente da sala de emergência para outro local
predeterminado.

MEDICAMENTOS UTILIZADOS EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

Abaixo a lista de medicamentos que devem estar disponíveis na


unidade de urgência, contemplando medicamentos usados na primeira abordagem dos
pacientes graves e também
sintomáticos, antibióticos e anticonvulsivantes, uma vez que alguns pacientes poderão
permanecer nestas unidades por um período de até 24 horas ou, excepcionalmente,
por mais tempo se houver dificuldade para internação hospitalar.

Medicamentos mais utilizados em situações de emergências:


Para diluição:

 ABD Ampola com 5ml;


 ABD Ampola com 10ml;
 Cloreto de sódio – ampola de 10ml a 20%.

Aminofilina - Ampola de 10 ml com 240mg (24mg/ml).

Ação:

 Dilatação dos brônquios e dos vasos pulmonares, através do relaxamento da


musculatura lisa;
 Dilatação das artérias coronárias e aumento do débito cardíaco e da diurese;
 Estímulo do centro respiratório.
 Diluir em SF 0,9% ou SG 5%.
 Administração intravenosa lenta (10 a 20 min).
 Não misturar ou infundir no mesmo acesso venoso:

27
 Adrenalina, cálcio, dobutamina, dopamina, fenitoína, prometazina, meperidina,
morfina, cefalosporinas em geral.

Atropina - Ampola de 1 ml com 0,5mg.

Ação:

 Parassimpaticolítico: aumenta a freqüência cardíaca;


 Broncodilatação;
 Midríase;
 Redução de salivação;
 Antídoto na intoxicação por organofosforados.
 Dose máxima em adultos: 2mg/dose.
 Administração intravenosa: Pode ser feita sem diluir e em bólus rápido.
 Administração endotraqueal: diluir para 3 a 5ml em soro fisiológico.

Bicarbonato de sódio - Ampola de 10ml a 8,4%.

Indicação:

 Acidose metabólica;
 Hipercalemia;
 Hipermagnesemia;
 Intoxicações por antidepressivos tricíclicos, cocaína ou bloqueadores dos canais
de cálcio.

Na emergência: Diluir a ampola a 1:1 com ABD e administrar a dose em, no mínimo,
2 minutos, direto na veia.

Fora das emergências: Correr em 1-2 horas em bomba de infusão.


Lavar o acesso venoso com 3 a 5ml de SF imediatamente antes e imediatamente depois
da administração em bólus.

Acesso venoso exclusivo.

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Cloreto de potássio (KCl) - Ampola de 10 ml a 10%.

Indicação:

 Reposição e prevenção de deficiência.


 Deve ser diluído antes de administrar.

Diazepam - Ampola de 1 ml com 10 mg; Ampola de 2 ml com 10 mg.

Ação:

 Sedativo de ação longa (sem efeito analgésico);


 Ansiolítico;
 Anticonvulsivante;
 Miorelaxante esquelético.
 Bólus ou EV contínua;
 Não administrar IM;
 Não misturar com nenhuma droga na mesma seringa;
 Na infusão contínua, trocar a solução de 4/4h;
 Não infundir junto com adrenalina, bicarbonato, dexametasona, dobutamina,
fentanil, furosemida, heparina, hidrocortisona, isoproterenol, lidocaína, meperidina,
vitaminas.
 EV: ter material de suporte ventilatório.

Dopamina - / Revivan Ampola de 10 ml com 50mg (5mg/ml). Catecolamina endógena;

Ação:

 Inotrópica;
 Vasoconstritora sistêmica (pressora em doses altas);
 Vasodilatadora renal (em doses baixas).
 Geralmente usada diluindo-se uma ampola de 10ml com 5mg/ml em 240ml de
SGI.
 Paciente de 60 kg: infusão de 60 gotas/minuto = 180 ml/hora.
 Pode ser misturada na mesma solução com dobutamina, adrenalina,
noradrenalina, lidocaína, vecurônio ou atracurônio.

29
 Não infundir junto com bicarbonato.

Epinefrina / Adrenalina - Ampola 1mg/1ml.

Ação:

 Inotrópico (aumenta a contratilidade miocárdica);


 Cronotrópico (aumenta a freqüência cardíaca);
 Aumenta a resistência vascular periférica;
 Aumenta a PA (melhorando a perfusão coronariana).
 EV: 1 ampola por dose a cada 3 minutos.
 Preferencialmente em veia central em acesso exclusivo;
 Não associar com bicarbonato na mesma via.

Hidantal / Fenitoína sódica - Ampola de 5ml a 5% (50mg/ml).

Ação:

 Anticonvulsivante;
 Antiarrítmico.
 Não infundir junto com glicose, amicacina, aminofilina, bicarbonato, dobutamina,
cálcio, heparina, hidrocortisona, lidocaína, morfina.
 Diluir em SF para 1 a 10mg/ml para evitar flebite;
 Infundir em 20 a 30 minutos;
 Após a infusão, lavar equipo e cateter com SF;
 Usar em 1 hora após diluição.

Amiodarona / Ancoron - Ampola de 3 ml com 150mg (50mg/ml).

Ação:

 Antiarrítmico.
 EV: preferir fazer em bólus direto, lento (5 minutos), e evitar correr em equipo
(devido a liberação de substância tóxica em contato com plásticos).
 Não misturar ou infundir no mesmo acesso: Aminofilina, Bicarbonato de sódio,
cefazolina, cloreto de sódio e heparina.

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Fentanil - Frasco de 10 ml com 0,0785 mg/ml.

Ação:

 Analgésico opióide 100 vezes mais potente que a morfina.


 EV: bólus lento (3 minutos). Injeção muito rápida pode provocar rigidez torácica e
muscular, broncoconstrição ou laringoespasmo.
 Não misturar na mesma seringa ou na mesma linha com fenobarbital ou
pentobarbital.

Gardenal / Fenobarbital - Ampola de 1 ml com 200mg.

Indicação:

 Profilaxia e tratamento das crises tônico-clônicas generalizadas, crises parciais


simples.
 EV: infusão lenta (1mg/kg/min);
 Diluir em qualquer tipo de soro.
 Verificar se a apresentação é para uso EV.

Furosemida / Lasix - Ampola de 2ml com 20mg (10mg/ml). Diurético de alça.

Indicações:

 ICC;
 Hipertensão;
 Hipervolemia;
 Edema por insuficiência renal.
 EV sem diluir ou diluída a 1mg/ml.
 Não misturar com cálcio, cefalosporinas, dopamina, dobutamina, hidrocortisona,
gentamicina, midazolan, morfina.

31
Prometazina / Fenergan - Ampola de 2 ml com 50mg.

Ação:

- Anti-histamínico H1 com ação antialérgica, antivertiginoso, antiemético e


sedativo hipnótico;
- Uso EV: infundir sem diluir em 3 minutos sem deixar extravasar (necrose de
subcutâneo). Injeção acidental em artéria causa lesão grave na extremidade
Cedilanide / Lanatosídeo C - Ampola de 2ml (0,2 mg/ml).

o Digitálico de ação curta;


o Uso EV.

Sulfato de magnésio - Ampola de 10ml a 50%.

 Anticonvulsivante;
 Uso EV ou IM.

Hidrocortisona / Solu-cortef - Frasco-ampola com 500mg + diluente (2ml).

Ação:

 Glicocorticóide. Usado na asma grave, reposição hormonal na insuficiência supra


renal e doenças inflamatórias;
 Uso EV;
 Não esquecer de realizar desinfecção na tampa com fricções de álcool 70%.

Heparina / Liquemine - Frasco 5 ml;

 Ampola de 0,25ml com 500UI.


 Anticoagulante;
 Uso subcutâneo: recomenda-se não aspirar e não massagear o local da aplicação
para evitar trauma do tecido.

Midazolan / Dormonid - Ampola de 3 ml com 15mg. Ampola de 1 ml com 5mg.

 Agente indutor do sono, sedativo e anticonvulsivante;

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 Uso EV contínua (bomba de infusão) ou bólus lento em 2 a 3 min; pode ser IM
quando o paciente estiver sem acesso venoso.

Haldol / Haloperidol - Ampola de 1ml com 5mg.

 Antipsicótico, neuroléptico incisivo;


 Uso IM ou EV lenta.

Adalat / Nifedipina - Cápsula sublingual 10mg

 Anti-hipertensivo e antiarrítmico;
 Uso sublingual: Deve-se furar a cápsula, colocar na boca e morder devagar para
expelir o conteúdo, deixá-la debaixo da língua e depois engolir.

Isordil - Cápsula sublingual 10mg.

 Vasodilatador coronariano;
 Uso sublingual: não mastigar.

Gluconato de cálcio - Frasco-ampola com 10ml a 10% (100mg/ml).

Na parada cardiorespiratória tem importância secundária e deve ser usado só nos


casos com hipocalcemia. Uso EV por bólus: deve ser lenta no máximo de 0,5ml/min.

Não deve ser infundido ou diluído com bicarbonato, pois precipita. Lavar com soro
fisiológico a via antes e depois de se infundir;Se infiltrar provoca esclerose da veia e
necrose tecidual.

Glicose hipertônica - Ampola de 20ml a 50%.

A glicose é importante na reanimação e nas emergências como choque, parada


cardíaca, coma e insuficiência respiratória grave e durante convulsões; É preferencial
que seja realizada uma glicemia capilar antes de se administrar a glicose.

Uso EV por bólus: diluir a glicose em igual volume de ABD. O uso de soluções
acima de 25% em bólus ou de 12,5% em infusão contínua por tempo prolongado pode
levar a esclerose e trombose de veias.

33
Cloridrato de lidocaína / Xylocaína

 Anestésico local.
 Antiarrítmico.

SOROS

 Glicosado 5%: é uma solução isotônica;


 Fisiológico: também é uma solução isotônica;
 Ringer lactato: solução isotônica, tendo como função diluir o sangue em casos onde
a hemorragia para evitar o choque hipovolêmico.

ABORDAGEM AO PACIENTE EM COMA

Coma é definido ausência completa ou quase-completa de resposta a estímulos,


com impossibilidade de se induzir uma resposta propositada.

Representa falência global da função cerebral. Existem muitas causas de coma,


muitas delas reversíveis. A responsabilidade do médico cuidando de um paciente em
coma é garantir respiração e circulação, determinar a causa do coma e tratar
apropriadamente as causas reversíveis.

O estado de coma está interligado ao nível de consciência do ser humano e suas


alterações, que podem variar desde uma confusão mental por um período
indeterminado de tempo até o coma profundo.

O diagnóstico inicial sobre o estado de consciência de um paciente é sindrômico


e não etiológico. Independente da etiologia a presença de alteração da consciência é
sempre indicativa de gravidade.

Dois componentes da consciência devem ser analisados: o nível (relacionado ao


grau de alerta) e o conteúdo (relacionado a funções cognitivas e afetivas). O conteúdo
relaciona-se à função do córtex cerebral sendo alterado por lesões restritas a estas
estruturas.

É importante que o profissional conheça as subcategorias das alterações do nível


de consciência, conforme apresentado em seguida.

34
Confusão mental: incapacidade que a vítima tem de manter uma linha de raciocínio ou
pensamento com coerência. Perda da noção detempo e espaço.

Sonolência: é a dificuldade que a vítima apresenta em se manter alerta.

Esturpor: é a dificuldade de despertar, não responde adequadamente a estímulos


verbais e dolorosos.

Coma superficial: as respostas motoras estão desorganizadas e não apresenta resposta


ao estímulo de despertar.

Compra profundo: ausência de resposta a qualquer estímulo

Causas de alteração no nível de consciência

 Primárias: ocorrem em nível cerebral e podem ser por traumas, por acidente
vascular cerebral (AVC), por infecções comop meningites e encefalites, por
neoplasias e convulsões.
 Secundárias: ocorrem por algum distúrbio meta bólico – hipoglicemia,
cetoacidose; por encefalopatias hipóxias, como doença pulmonar obstrutiva
crônica (DPOC); por intoxicações por drogas, álcool e outros; por causas físicas e
ambientais, como a insolação ou hipotermia e até mesmo por estados carenciais
de determinadas vitaminas.

Atendimento hospitalar

 Colher as informações de quem socorreu primeiramente a vítima e fazer uma


rápida avaliação do caso.
 Verificar sinais vitais.
 Observar o hálito da vítima – álcool, drogas, cetoacidose diabética. Qualquer um
desses fatores possui características próprias, que podem ser detectadas por
qualquer um dos profissionais envolvidos.
 Se houve trauma, verificar as causas, e os aspectos do trauma que pode ter
sofrido a vítima para entrar em coma.

35
 Fazer um rápido exame físico, observando sinais do trauma, pulso, pupilas, nível
de respiração e outros aspectos importantes para que a conduta tomada seja
eficiente.
 O profissional de enfermagem deve estar preparado para atender a vítima
inconsciente, pois tudo se torna mais difícil.
 Manter as vias aéreas livres.

Abordagem inicial

A avaliação do paciente comatoso deve ser idêntica a qualquer outro paciente


em atendimento de emergência.

 A prioridade inclui ABC inicial, monitorização, acesso venoso e oxigênio.


 Manter estabilização cervical quando não se pode afastar trauma.
 Vários artigos sugerem a administração empírica de tiamina, glicose e
naloxona.

Uma detalhada história deve ser obtida de familiares ou acompanhantes. Os


pontos cruciais são os seguintes:

Trauma craniano recente, mesmo leve

 Uso de drogas (incluindo álcool) atual ou anterior (pergunte por embalagens vazias
de medicamentos)
 História de convulsão, diabete, hipertensão, cirrose ou doenças neurológicas prévias
 Comportamento e atividades antes do início do coma (cefaléia, confusão mental) e
início súbito ou gradual
 Obtenção imediata de sinais vitais
 Monitorização do ritmo cardíaco para identificação e tratamento de arritmias
potencialmente letais

Exames complementares

 Eletrólitos, escórias nitrogenadas, gasometria, oximetria de pulso,


hemograma completo e EAS

36
 Tomografia não contrastada de crânio deve ser obtida em pacientes nos
quais não se identifica uma causa metabólica para o coma

QUEIMADURAS

Queimaduras são lesões dos tecidos orgânicos em decorrência de trauma de


origem térmica resultante da exposição a chamas, líquidos quentes, superfícies quentes,
frio, substâncias químicas, radiação, atrito ou fricção.

ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA DA PELE

 A pele funciona como um tecido, e é considerado o maior órgão do corpo humano.


 É composta de duas camadas: a epiderme, camada mais externa, destituída de
vasos sanguíneos, funciona como uma barreira de proteção contra o meio
ambiente. É constantemente renovada pela descamação das células. A outra é a
derme, camada mais interna, constituída de vasos sanguíneos, folículos, glândulas
sebáceas e terminações nervosas.
 Abaixo da pele encontra-se o tecido subcutâneo, constituído por tecido fibroso,
elástico e gorduroso.
 A pele reveste toda a superfície externa do corpo humano.
 As principais funções: barreira protetora contra qualquer tipo de agente, regulação
da temperatura corporal, sensibilidade.

As principais alterações fisiológicas que ocorrem num processo de queimadura são:


aumento de permeabilidade capilar e edema. A lesão térmica determina a exposição do
colágeno no tecido afetado levando à liberação de histamina. A histamina juntamente
com outras cininas ativa o sistema do ácido arquidônico liberando prostaglandinas.
Todos esses mediadores inflamatórios aumentam a permeabilidade capilar aos líquidos
com conseqüente edema.

CLASSIFICAÇÃO

As queimaduras se classificam de acordo com a causa: agente causador,


profundidade, extensão, localização e gravidade.

37
Quanto a Profundidade

Classificam-se conforme a profundidade da lesão. Esse tipo de classificação


direciona o atendimento pré-hospitalar que a vítima vai ter, e também a continuidade
de tratamento nos centros especializados.

Estão subdivididas em:

 1º grau: a lesão atinge e epiderme, apresenta vermelhidão na área e é


acompanhada de dor;
 2º grau: a lesão atinge a epiderme e a derme, apresenta vermelhidão na área, é
acompanhada de dor e aparecimento de bolhas;
 3º grau: a lesão atinge todas as camadas da pele, chegando ao tecido
subcutâneo. É a forma mais grave. As lesões se presentam esbranquiçadas, secas,
com aspecto carbonizado, acompanhada de dor intensa.

Lesão de Primeiro Grau

Atinge a epiderme (camada mais externa) e não provoca alterações na


hemodinâmica. Clinicamente caracteriza-se por eritema e dor local sem a presença de
bolhas ou flictenas. Um bom exemplo é a queimadura solar.

Lesão de Segundo Grau

Queimadura que atinge tanto a derme quanto a epiderme. A característica


mais marcante é a presença de bolhas.

Lesão de Segundo Grau Superficial: Atinge epiderme e superfície da derme


apresentando lesões bolhosas eritematosas.

Lesão de Segundo Grau Profunda: Acomete também uma porção mais


profunda da derme. As bolhas apresentam fundo de coloração violácea ou
esbranquiçada. O diagnóstico diferencial principal é com a lesão de terceiro grau (
queimaduras de segundo grau são dolorosas e as de terceiro grau não costumam doer).
Como exemplo figuram as leões por escaldadura (líquido superaquecido).

38
Lesão de Terceiro Grau

É uma queimadura que acomete todas as camadas da pele e pode atingir


também outros tecidos (subcutâneos músculos e ossos). A lesão característica
apresenta-se com aspecto duro, inelástico, esbranquiçado ou
marmóreo, perda de sensibilidade no local e presença de vasos
trombosados. As queimaduras de terceiro grau podem ter causa
elétrica ou térmica.

Queimadura de terceiro grau com escarotomia realizada em


tórax

Quanto à Extensão

É a porcentagem da área da superfície corporal queimada. É a própria extensão


da queimadura, que determina a gravidade da lesão e a conduta a ser tomada.

SUPERFÍCIE CORPORAL TOTAL QUEIMADA (SCTQ)

Regra dos Nove:

ÁREA ADULTO CRIANÇA


Cabeça e Pescoço 9% 18%
Membro superior 9% 9%
D
Membro superior E 9% 9%
Tronco anterior 18% 18%
Tronco posterior 18% 18%
Genitália 1% 1%
Coxa D 9% 4,5%
Coxa E 9% 4,5%
Perna e Pé D 9% 4,5%
Perna e Pé E 9% 4,5%

39
- De maneira prática, considera-se a palma da mão do paciente como equivalente
a 1% de SCTQ.

Grande Queimado

Podemos considerar um paciente portador de “grande queimado” quando:

 Adultos: > 55 anos, com 10% de área corporal lesada/queimada de acordo com a
“regra dos noves”.
 Crianças: < 10 anos, também com 10% de área corporal lesada/queimada de
acordo com a “regra dos noves”.
 Demais faixas etárias, ou seja, entre 10 e 55 anos, apresentando 20% ou mais de
área corporal lesada/queimada de acordo com a “regra dos noves”.

Avaliação das Queimaduras

Críticas

 Queimaduras de I grau maiores que 75% da superfície corpórea


 Queimaduras de II grau e maiores que 25% da superfície corpórea
 Queimaduras de III grau maiores que 10% da superfície corpórea
 Queimaduras acompanhadas de fraturas ou lesões de partes moles
 Queimaduras em idosos com patologias de base jáexistente

Moderadas

 Queimadura de I grau entre 50 a 75% da superfície corpórea


 Queimadura de II grau entre 15 a 25% da superfície corpórea
 Queimadura de III entre 2 a 10% da superfície corpórea

Leves

 Queimadura de I grau menor que 50% da superfície corpórea


 Queimadura de II grau menor que 15% da superfície corpórea
 Queimadura de II grau com menos de 2% da superfície corpórea

40
Quanto ao Agente causador

 Queimadura térmica: causada por líquido (água é o mais comum) em


temperatura extremamente alta, fogo e vapor.
 Queimadura solar ou radiação: causada por radiação solar em excesso.
 Queimadura elétrica: causada por fonte de energia elétrica, tanto de baixa como
alta tensão.
 Queimadura radioativa: causada por agente radioativo como césio e cobalto.
 Queimadura química: causada por ácidos e materiais do gênero.

Quanto à Localização

 Área crítica: face, mãos, que envolvam vias aérea e genital.


 Área semicríticas: todas as demais áreas corpóreas.

Quanto à Gravidade

A gravidade da queimadura está diretamente ligada a todos os fatores estudados


anteriormente.

 Profundidade
 Extensão
 Envolvimento das áreas críticas
 Idade da vítima
 Presença de lesão pulmonar
 Presença de outras lesões associadas, como fraturas ou outras traumas
 Doenças de base existentes

Obs.: todo paciente deverá ser reavaliado quanto à extensão e profundidade, 48


a 72 h após o acidente.

QUEIMADURAS QUE DEVEM SER ENCAMINHADAS A UM CENTRO ESPECIALIZADO


DE QUEIMADOS

• Queimaduras de espessura parcial superiores a 10% da superfície corporal;

41
• Queimaduras que envolvem a face, mãos, pés, genitália, períneo e/ou
articulações importantes;

• Queimaduras de terceiro grau em grupos de qualquer idade;

• Queimaduras causadas por eletricidade, inclusive aquelas causadas por raio;

• Queimaduras químicas;

• Lesão por inalação;

• Queimadura em pacientes com problemas médicos preexistentes;

• Qualquer paciente com queimaduras e trauma concomitante (tais como


fraturas, etc.) no qual a queimadura apresenta o maior risco de morbidade ou
mortalidade;

• Crianças queimadas sendo tratadas em hospital sem pessoal qualificado ou


equipamentos para o cuidado do caso.

TRATAMENTO DAS QUEIMADURAS


PRIMEIRO ATENDIMENTO DO PACIENTE QUEIMADO
Exame básico (ATLS)

A – Vias Aéreas

B – Boa Respiração

C – Circulação

D – Dano Neurológico

E – Exposição

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Cuidados imediatos

• Parar o processo da queimadura, retirando objetos que possam perpetuar o processo


( relógio, pulseira, anéis, lentes de contato,etc.)

Cuidados iniciais

• Remoção de roupas queimadas ou intactas nas áreas da queimadura;

• Avaliação clínica completa e registro do agente causador da extensão e da


profundidade da queimadura;

• Analgesia: oral ou intramuscular no pequeno queimado e endovenosa no grande


queimado.

• Pesquisar história de queda ou trauma associado;

• Profilaxia de tétano;

• Hidratação oral ou venosa (dependendo da extensão da lesão).

Cuidados locais

•Aplicação de compressas úmidas com soro fisiológico até alívio da dor.

•Remoção de contaminantes

 Verificar queimaduras de vias aéreas superiores, principalmente em pacientes


com queimaduras de face.

• Verificar lesões de córnea;

• Resfriar agentes aderentes (ex. piche) com água corrente, mas não tentar a remoção
imediata;

• Em casos de queimaduras por agentes químicos, irrigar abundantemente com água


corrente de baixo fluxo (após retirar o excesso do agente químico em pó, se for o caso),
por pelo menos 20 a 30 minutos. Não aplicar agentes neutralizantes, pois a reação é
exotérmica, podendo agravar a queimadura;

43
• Após a limpeza das lesões, os curativos deverão ser confeccionados.

Reposição hidro-eletrolítica (Grande Queimado)

Cateterizar preferencialmente veia periférica de grosso calibre e calcular reposição


inicial:

Pela fórmula de Parkland: 4 ml/kg de peso corporal/percentagem SCQ, de Ringer com


Lactato. Sendo que, para fins de cálculo inicial, programa-se que a metade deste volume
deva ser infundida nas primeiras 8 horas após a queimadura. Exemplo:

Homem 70kg com 30% SQC

Volume de Ringer = (4ml/kg x 70kg) x 30 = 8400ml

Grande queimado adulto: iniciar 2.000 ml de Ringer com Lactato para correr em
30 minutos;

Grande queimado criança: iniciar 30 ml/kg para correr em 30


minutos.Independentemente do esquema inicial escolhido,deve-se observar diurese a
partir da primeira hora, e controlar a hidratação para que se obtenha 0,5 a 1ml/kg/hora
ou (30-50ml) em adultos e 1ml/kg/h em crianças.

Antibioticoterapia

Antibióticos são utilizados no caso de uma suspeita clínica ou laboratorial de


infecção.Não utilizar antibiótico profilático.

TRATAMENTO DA LESÃO DO PACIENTE QUEIMADO


Queimadura de Primeiro Grau

Analgesia via oral ou intramuscular e hidratação local com compressas úmidas.

Queimadura de Segundo Grau

Além da analgesia e hidratação local também é necessária limpeza do local,


debridamento de bolhas (bolhas íntegras não precisam ser debridadas) e confecção de
curativos. O curativo pode ser realizado com gazes vaselinadas (para não aderir à lesão)

44
e gazes secas, chumaço de algodão e ataduras. Nos membros o curativo deve ser
oclusivo e deve-se evitar oclusão em orelhas e períneo. A troca do curativo deve ser feita
a cada 2 ou 3 dias até que se atinja a cicatrização entre 8 e 10 dias. O paciente deve ser
mantido em repouso e com o membro elevado.

Queimadura de Terceiro Grau

O paciente deve ser encaminhado a um centro especializado no atendimento a


queimados.

Atendimento no Centro de Queimados

No Centro de Queimados, após a estabilização do paciente e dos cuidados


iniciais, o seguimento do paciente compreende os seguintes aspectos:

Broncoscopia:Indicada quando suspeita-se de lesão por inalação, geralmente


resultado de acidentes em que a vítima ficou em local fechado, podendo ter sido
exposta à fumaça ou em pacientes com queimaduras de face.

Desbridamento cirúrgico: Indicado praticamente em todos os casos de


queimaduras de terceiro grau. Deve ser realizado no centro cirúrgico, sob anestesia.

Enxerto: O enxerto de pele é realizado para se obter o fechamento da ferida de


terceiro grau.

Curativo biológico: No caso de feridas excisadas, quando não se dispõe de pele


autógena suficiente para a cobertura da ferida, ou em lesões de segundo grau
profundo, ou lesões que necessitem de cobertura temporária eficiente, pode-se utilizar
membranas biológicas.

Curativos sintéticos: Existe atualmente uma gama enorme de materiais sintéticos


que podem substituir a pele temporariamente.

Balneoterapia: A balneoterapia consiste em um curativo com lavagem da ferida,


em um ambiente próprio, com o paciente sob o efeito de sedação venosa ou anestesia.

45
Assistência de enfermagem na hospitalização

 Manter o paciente em maca própria.


 Instalar O2 se for necessário, sob cateter nasal, até 3 litros/minuto, ou sob
másacara.
 Verificar sinais vitais e instalar oxímetro de pulso.
 Lavar as áreas queimadas com S.F. 0,9% e mantê-las cobertas com gaze ou
compressa úmida.
 Retirar as vestimentas que estejam aderidas, com orientação médica, pois as
vezes é necessária a administração de analgésicos anteriormente.
 Puncionar acesso venoso de grosso calibre, manter hidratação conforme
orientação médica.
 Fazer análise da extensão queimada.
 Sondar o paciente se houver necessidade para controle do débito urinário.
 Manter o material de entubação de fácil acesso, assim como o respirador.
 Dar continuidade ao plano de cuidados traçado pelo enfermeiro responsável e
pela euipe atuante.
 Providenciar transferência do paciente da sala de emergência para outro local
predestinado.

Observações

 O curativo do queimado deve ser feito diariamente, com técnica asséptica.


 O tratamento do grande queimado requer cuidados específicos, elaborados por
enfermeiro e médico, em local específico para tratamento de queimados.
 As queimaduras não tratadas adequadamente levam ao estado de choque.

INTOXICAÇÕES E ENVENENAMENTOS

Atualmente, aumentam mundialmente e, em particular no Brasil os números de


casos e a gravidade das denominadas "intoxicações e envenenamentos". Segundo
estimativa da Organização Mundial da Saúde, em torno de 3% da população urbana,
nos países em desenvolvimento, é afetada, anualmente, por estes tipos de acidentes.

A utillização crescente e abusiva de substâncias químicas não acompanhada de


precauções e cuidados necessários, vem causando sérios problemas de saúde às

46
pessoas expostas, usuários desses produtos, na zona rural, rodovias, no ambiente
doméstico, nas escolas, nos locais de trabalho, configurando um alto risco para a saúde.

Com relação ao registro dos acidentes, podemos dizer que estão subnotificados,
uma vez que nem sempre a vítima é levada para atendimento em centros de referência
e, portanto, não refletem a amplitude do problema. Diante da seriedade dos acidentes,
cabe-nos, enquanto profissionais de saúde, conscientizarmos as pessoas dos riscos e
trabalharmos, sobretudo, visando a prevenção.

A Toxicologia é a "ciência dos efeitos adversos de substâncias químicas sobre os


organismos vivos"(Godmam & Gilman) ou ainda "a ciência que define os limites de
segurança dos agentes químicos, entendendo-se como segurança a probabilidade de
uma substância não produzir danos em condições específicas" (Casarett). Paracelsus
(1493-1541) já dizia "todas as substâncias são venenos, não há nenhuma que não o
seja. A dose correta determina o remédio e o veneno". Doses gradativas de uma droga
dada a um indivíduo geralmente provocam magnitude de resposta aumentada à
medida que as doses são elevadas.

As intoxicações são causadas pela ingestão, aspiração ou introdução no


organismo, acidental ou não, de substâncias tóxicas, como entorpecentes,
medicamentos, produtos químicos utilizados em laboratório e limpeza, alimentos
deteriorados, venenos, gases tóxicos. Elas podem ser subdivididas de acordo com o
tempo de ocorrência: aguda (até 24 horas do acidente), sub-agudas ( os primeiros dias
após) e, seguidamente sub-crônicas ( até um mês) e crônicas ,exposição a determinada
substância durante longo tempo, resultando em acumulação do composto no corpo
(metais, como o chumbo, por exemplo).

Diante de uma intoxicação, O QUE FAZER?

Em primeiro lugar, a preocupação deve ser com a MANUTENÇÃO DAS


FUNÇÕES VITAIS, proceder as técnicas do Suporte Básico de Vida, tendo em vista a
estabilização do paciente:

 A desobstrução de vias aéreas, aspiração de secreções, retirada de corpos


estranhos, traqueostomia e outras medidas se necessárias.
 Manutenção da respiração, ventilação e entubação (se necessário)

47
 Manutenção da circulação, promovendo a estabilização hemodinâmica, obter
acessos venosos, coletando sangue para exames laboratoriais de rotina e
específicos.
 Tratamento sintomático e específico, monitorização, seguimento.

É de fundamental importância a OBTENÇÃO DA HISTÓRIA CLÍNICA, a idade e


sexo, o conhecimento da substância causadora da intoxicação (embalagens e vidros
vazios próximos, substâncias, medicações no local, atividade profissional, uso de
drogas), quantidade, há quanto tempo, via de exposição, avaliação do estado geral
(estado neurológico especialmente) condição física e psíquica, primeiras medidas que
foram tomadas.

Em seguida, a DESCONTAMINAÇÃO, com o objetivo de diminuir a absorção,


aumentar a eliminação. A emese pode ser realizada no local, ser utilizada para remoção
de grandes partículas.Está CONTRA-INDICADA na ingestão de produtos corrosivos
(ácidos, amoníaco, soda cáustica), quando o paciente estiver comatoso, pelo risco de
broncoaspiração de conteúdo gástrico. Também não deve ser estimulada quando da
ingestão de estimuladores do sistema nervoso central, podendo precipitar convulsões.
Os destilados de petróleo, podem causar pneumonite química se aspirado, podem
haver grandes complicações se induzida em crianças menores de 1 ano de idade.

A lavagem gástrica é realizada através da inserção de uma sonda naso-gástrica


calibrosa e introdução de solução (soro fisiológico 0,9%) até retorno límpido. Pode-se
enviar o conteúdo gástrico para análise.

É largamente utilizado a adsorção química, através do carvão ativado que


interrompe a circulação êntero-hepática das drogas e intensifica a velocidade de difusão
da substância química do corpo para o trato gastro-intestinal. Pode causar uma redução
da motilidade intestinal. Logo após utiliza-se um catártico osmótico (sulfato de sódio,
sorbitol) que minimiza a absorção acelerando a passagem do tóxico pelo organismo.

A seqüência do tratamento específico é a administração de ANTÍDOTOS contra o


toxicante, cujo efeito oposto, pode agir através da formação de complexos inertes,
neutralizando o tóxico, competindo com o tóxico pelo alvo e corrigindo os efeitos
tóxicos.

48
CONSIDERAR SEMPRE, EM RELAÇÃO À SUBSTÂNCIA UTILIZADA:

 Dose terapêutica e dose tóxica


 Ligação protéica
 Pico de ação
 Via de eliminação e meia-vida
 Volume de distribuição
 Nível sérico.

INTOXICAÇÕES POR GASES

Ocorrem com maior freqüência em minas, poços de petróleo, garagens, locais


fechados e mal ventilados. Os gases podem formar compostos ligados a hemoglobina,
impedindo a oxigenação do sangue (monóxido de carbono, por exemplo). O gás cloro
ou gás anidro sulforoso também determinam graves intoxicações.

A conduta básica nestes acidentes é:

 Retirar o acidentado do local, levando-o para o ar livre, deve-se tomar cuidado


para que o socorrista não acabe intoxicado também, utilizando proteção
 Afrouxar roupas
 Repouso albsoluto
 Medidas de manutenção das funções vitais

INTOXICAÇÕES POR ÁCIDOS E ÁLCALIS FORTES

Tais intoxicações são comuns em acidentes com crianças menores de cinco anos
e em tentativas de suicídio (hipocloritos, água de lavadeira, soda cáustica, removedores),
produzem lesões na boca, língua, esôfago e estômago. O que fazer?

 Não provoque vômito se ingerido, nunca devem ser passadas sondas


nasogástricas pelo risco de perfuração.Pode-se dar um demulcente (protetor de
mucosa), como gelatina dissolvida em água ou clara de ovo
 Se o produto atingiu regiões de mucosa mais sensível, lave cuidadosamente com
água corrente

49
 Se a criança ou outra pessoa manipulou o produto, deve-se lavar as mãos e
dedos para previnir contato com outras regiões (olhos, por exemplo)
 Requerem ação rápida para evitar as complicações agudas; a endoscopia precoce
é de crucial importância para avaliar a extensão da lesão, sendo um método
seguro para definição de condutas e prognóstico.

INTOXICAÇÕES POR METAIS

As intoxicações agudas por metais (chumbo, por exemplo) apresentam sintomas


gastro-intestinais mais significativos, além de mialgia generalizada, encefalopatia. São
geralmentes acidentes de trabalho pela utilizaçãode pigmentos em cerâmicas, tinturas
de cabelo (não utizadas mais), compostos adicionados à gasolina, baterias, certos tipos
de solda. São encontradas também intoxicações por arsênico, mercúrio e fósforo.

O tratamento consiste na avaliação rigorosa dos sinais e sintomas, hidratação


adequada, controle sintomático, avaliação de função hepática e renal, e
especificamente, a administração de quelantes (EDTA de sódio ou cálcio, Dimercaprol,
Penicilamina). Podem ser realizados exames complementares de dosagem do metal
sérico ou urina.

INTOXICAÇÕES POR AGROTÓXICOS

Os agrotóxicos ou defensivos agrícolas são substâncias que vêm sendo cada vez
mais utilizadas na agricultura e na saúde pública, podendo ou não oferecer perigo para
o homem, dependendo da toxicidade, do grau de contaminação e o tempo de
exposição durante sua aplicação. Assim, o principal problema está na sua utilização
indiscriminada, sem qualquer preocupação com a segurança.

A questão da segurança não deve se restringir aos que manuseiam os


agrotóxicos, aplicando-se também aos operários que os fabricam, às pessoas que os
transportam e à população que consomen os produtos nos quais foram utilizados. Tais
substâncias além de não apresentarem especificidade para determinada praga
(eliminam o nocivo e o útil) poluem o ambiente (persistem no solo por vários anos) e,
posteriormente, acumulam-se no homem e em animais.

50
A contaminação humana por agrotóxicos se dá por via direta (operários das
indústrias de síntese, manipuladores e aplicadores) e por via indireta (população
exposta). Os principais agentes de intoxicação entre os praguicidas são os inseticidas
usados na agricultura, em ambientes domésticos e públicos, classificados em três
grandes grupos: os organoclorados, os inibidores da colinesterase (organofosforados e
carbamatos) e as piretrinas naturais e sintéticas.

A exposição a organofosforados é um problema que pode atingir boa parte da


sociedade, desde os grupos mais expostos (operários, formuladores, aplicadores na
agricultura ou no controle de vetores), até a população em geral, pelo uso doméstico
destes produtos, pelo uso inadequado, pela proximidade a campos de cultura ou pelo
consumo de alimentos contaminados. Logo, precauções devem ser tomadas para
previnir não somente quadros de intoxicação aguda, mas também controlar a absorção
de repetidas doses por longo tempo Sua principal ação farmacológica é a inibição da
enzima acetilcolinesterase com conseqüente acúmulo de acetilcolina nas terminações
nervosas. Na intoxicação, os efeitos manifestados inicialmente são muscarínicos: miose,
sudorese, aumento das secreções brônquicas, salivação, lacrimejamento, vômitos,
náuseas e diarréia, bradicardia e dores abdominais. Em seguida, os nicotínicos, quando
diminui a severidade dos anteriores, manifestados por: tremores e cãimbras, hipertensão
arterial, fasciculação muscular e flacidez, eventualmente morte por parada repiratória ou
edema pulmonar.

Dentre os efeitos a longo prazo na exposição a estes compostos, o de maior


ocorrência é o aparecimento de neuropatia periférica tardia, além de cefaléia, fraqueza,
alteração de memória e de sono, anorexia, fadiga fácil, tremores, nistagmo.

O tratamento geral consiste na manutenção das funções vitais, seguida pela


descontaminação com lavagem gástrica, até 6 a 8 horas após a ocorrência, até retorno
límpido, caso haja ingestão, (retirar roupas e lavar as áreas atingidas, se exposição
dérmica e respiratória) administrar carvão ativado 1grama por quilo de peso (máximo
50g), além de catártico. Especificamente, é utilizada a atropina que apresenta ação
anticolinérgica e antimuscarínica e atua como tratamento sintomático, somente deve
ser administrado nos quadros onde os sintomas muscarínicos são bem evidentes. Os
exames laboratoriais complementares são a dosagem de atividade das colinesterases e a
cromatografia em camada delgada (CCD), muito utilizado em toxicologia por ser um

51
método físico-químicode separação de compostos e identificação através de
comparação com padrões. A amostra pode ser conteúdo gástrico ou 1 ml de sangue
com anticoagulante, o objetivo é confirmar a presença do agente tóxico.

Os piretróides quando ingeridos causam irritação e dor epigástrica, náuseas,


vômitos, sonolência, fadiga, fraqueza, parestesia, visão turva, sudorese, dor torácica,
pneumonites, fasciculações musculares, convulsões. Quando inalados ocasionam coriza,
congestão nasal, irritação da orofaringe, reações de hipersensibilidade e no contato
com a pele, queimação, prurido, hipersensibilidade e efeitos sistêmicos.O tratamento
engloba as medidas de ordem geral: manutenção das funções vitais, medidas de
descontaminação, se ingestão, proceder a lavagem gástrica, carvão ativado e catárticos;
se derramamento nos olhos, deve ser realizada lavagem ocular cuidadosamente, se
contato dérmico: lavagem corporal.

INTOXICAÇÕES POR PLANTAS

A intoxicação aguda por plantas, embora de incidência universal, sua distribuição


e intensidade assumem aspectos regionais, quase sempre por ingestão acidental de
uma planta ou de alguma de suas partes que é tóxica. Muitas vezes, a criança ingere ou
manuseia uma planta tóxica levada por sua natural curiosidade e pelas suas
características psicológicas de explorar o ambiente, também pelo desconhecimento do
perigo de certas espécies.

Podem haver, ainda, a utilização de plantas venenosas para a alimentação, como


por exemplo a mandioca-brava (cujo princípio tóxico é mais concentrado nas folhas e
raiz). Tal ingestão determina um quadro de intoxicação cianídrica, com elevada
mortalidade. O tratamento exige atendimento rápido em centros de referência, consiste
em administração de nitritos, visando a formação de metemoglobina, que combina-se
com o cianeto formando cianometemoglobina, praticamente atóxica. Administra-se a
seguir hipossulfito de Sódio 25% que reagem com os radicais ciaídricos formando
tiocianatos (Kit Cianeto).

Plantas ornamentais como "comigo ninguém pode", que são comumente


causadoras de acidentes, causam grande irritação de mucosas, pela presença de ráfides
de oxalato de cálcio: edema de lábios, dor em queimação, sialorréia, disfagia, afonia,

52
cólicas abdominais, náuseas e vômitos. O tratamento é sintomático, podendo ser
administrado um protetor de mucosa, como gelatina dissolvida ou clara de ovo.

A sugestão é previnir acidentes, tomando cuidados no manuseio de plantas, bem


como alertar as pessoas para a utilização criteriosa, visto que as propriedades de alguns
vegetais sofrem a influência de grande número de fatores e que morfologicamente é
muito difícil distinguir a variedade tóxica da atóxica e que em certas, condições, esta
pode apresentar as propriedades daquela e vice-versa. De maneira geral, as plantas
podem produzir distúrbios digestivos, cutâneo-mucosos, alergias respiratórias e ser
utilizadas como alucinógenos.É importante ressaltar alguns pontos para evitar
acidentes;

 Conhecer as plantas perigosas da região, da casa e do quintal, pelo aspecto e


nome
 Não comer plantas selvagens, inclusive cogumelos, a não ser que sejam bem
identificados
 Conservar plantas, sementes, frutos e bulbos longe do alcance de crianças
pequenas
 Ensinar as crianças, o mais cedo possível, a não pôr na boca plantas ou suas
partes, alertando-as sobre os perigos em potencial das plantas tóxicas
 Não permitir nas crianças o hábito de chupar ou mascar folhas, sementes, ou
qualquer parte de plantas
 Identificar a planta antes de comer seus frutos, não baseando-se na observação
de aves ou insetos que a consomem, para saber se ela é tóxica
 Nem sempre o aquecimento ou cozimento destroem a substância tóxica
 Não fazer nem tomar remédios caseiros com plantas indiscriminadamente

COMO EVITAR ENVENENAMENTO?

Pelas estatísticas , observar-se que grande parte dos envenenamentos acontece


nas residências e as vítimas são em grande parte crianças. Por isso, é importante que as
pessoas estejam atentas, pois em todos os locais da casa podem haver produtos que
possam causar envenenamentos, como:

 plantas,
 animais peçonhentos,
53
 medicamentos, produtos de limpeza e inseticidas.

É possível evitar acidentes com medidas simples como:

 Guardar os produtos de limpeza ou medicamentos em sua embalagens originais


e não reutilizá-las depois de vazias.
 Não reutilizar embalagens vazias de refrigerantes, potes ou frascos de alimento
para guardar outros produtos.
 Guardar os produtos perigosos como produtos de limpeza e medicamentos
longe do alcance das crianças e animais de estimação, sempre bem fechados.
 Não usar medicamentos sem orientação médica.
 Ler a bula e o rótulo de remédios antes de consumí-los
 Nunca fazer remédios ou chás caseiros com plantas sem orientação médica.
 Usar luvas para lidar com plantas
 Não comer plantas selvagens, sem que elas tenham sido bem identificadas
 Não dizer às crianças que remédio é doce ou gostoso, pois isso pode estimulá-las
a consumí-lo e elas poderão se intoxicar.
 Ensinar às crianças a não bricar "de comidinha" com plantas que encontrarem ou
qualquer outra coisa que elas nâo saibam se pode lhes fazer mal.
 Orientar as crianças a nunca aceitar "presentes" de estranhos.
 Use luvas e botas para quando fizer algum trabalho rural
 Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los
 Inseticidas e raticidas devem ser utilizados com cuidado e de preferência por
empresas especializadas.

PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR)

Parada súbita e inesperada dos batimentos cardíacos eficazes.

Etiologia

A parada cardiorrespiratória (PCR) é súbita e inesperada, portanto se um paciente


portador de uma doença grave em estágio terminal tem uma parada dos batimentos
cardíacos, não é parada cardiorrespiratória, e sim morte.

54
Clínica
O principal sinal de uma PCR é ausência de pulsos carotídeos palpáveis.

Nos casos de PCR intra-hospitalar, cerca de 30% dos casos se dão por fibrilação
ventricular (FV) e o restante é por assistolia ou atividade elétrica sem pulso (AESP).

AESP: presença de um ritmo no monitor cardíaco, mas não é capaz de gerar um


batimento cardíaco eficaz (pulso). Este é o principal mecanismo de parada
cardiorrespiratória intra-hospitalar.

Para que seja AESP, o ritmo deve apresentar complexos QRS de aparência normal
ou até mesmo um ritmo sinusal, sem a presença de pulso palpável.

Nos casos de PCR extra-hospitalar, a grande maioria (até 80%) dos casos a PCR se
dá por fibrilação ventricular (FV), AESP e assistolia representam o segundo mecanismo,
ocorrendo em 20 a 30% dos casos.

Tratamento
Abordagem ao paciente

O tempo entre a parada cardiorrespiratória e o início da manobras de


ressuscitação é fator fundamental no prognóstico do paciente. O ideal é que não passe
de quatro minutos. A partir desse tempo, já podemos esperar seqüelas neurológicas.
Após dez minutos de PCR sem a realização de manobras de ressuscitação, já podemos
esperar morte cerebral.

Dada tamanha importância do fator tempo, as manobras básicas de ressuscitação


devem ser iniciadas imediatamente. Difundir tais técnicas por meio de programas de
formação voltados para a população leiga e capacitar os profissionais de saúde para
atuarem mais ágil e eficazmente de acordo com protocolos universais, é medida de
saúde pública louvável que pode salvar muitas vidas, bem como poupar-lhes de
seqüelas incapacitantes.

Sinais de PCR

 Paciente não atende aos chamados.


 Ausência de pulso carotídeo palpável.

55
 Apnéia ou respiração agônica. Observação: fique atento! Um paciente
hospitalizado pode estar dormindo, e pode haver um mau contato nos cabos do
monitor cardíaco ou até mesmo um defeito no aparelho, e este não registrar
corretamente o ritmo cardíaco. Não vá iniciar as manobras de ressuscitação em
um paciente que está dormindo. O passo seguinte é solicitar ajuda. Isto vale para
o ambiente intra e extra-hospitalar. No ambiente extra-hospitalar, deve-se acionar
os serviços médicos de urgência (ligue para 193 ou samu192). De nada adianta
iniciar as manobras de ressuscitação se a ajuda não vai chegar. Nesse caso, o
início de tais manobras visa tentar postergar a ocorrência de lesões hipóxico-
isquêmicas até a chegada de auxílio médico. Outro motivo é que o principal
mecanismo de PCR extra-hospitalar é a fibrilação ventricular. Logo, se a equipe
médica não chegar com o desfibrilador em um tempo hábil, seu esforço terá sido
em vão. No ambiente intra-hospitalar também é importante solicitar a ajuda, que
se resume na equipe de saúde (treinada) e providenciar o material necessário
(carro de parada).

Material necessário: carro de parada contendo:

 desfibrilador;
 ambu com máscara;
 laringoscópio com pilha;
 tubo endotraqueal de diversos tamanhos;
 material para aspiração;
 drogas: adrenalina, atropina, antiarrítmicos etc.;
 material para acesso venoso: jelcos, catete-res, seringas, equipos e soros.

O atendimento a PCR começa com o BLS e, se necessário, passa-se ao ACLS. BLS –


Basic Life Support É o CABD primário. Deve ser prontamente iniciado frente a um
quadro de PCR.

C (Circulation) – Circulação

A compressão do tórax (massagem cardíaca externa) deve causar uma depressão


no tórax de aproximadamente 3 a 5 cm, visando comprimir o próprio coração,
impulsionando um volume de sangue para a circulação sistêmica. Deve ser realizada

56
alternadamente com a respiração (ventilação com ambu) na proporção de 15
massagens para 2 ventilações.

A (Airways) – Vias aéreas

Pode ser conseguida com elevação do mento e extensão cervical. Observar se há


alguma obstrução (prótese dentária, corpo estranho). Neste momento não deve ser
realizada a intubação endotraqueal.

B (Breath) – Respiração

Ventilação com ambu e máscara. Se possível acoplar o ambu à fonte de oxigênio.


Observar se há expansão do tórax. Faça 2 ventilações e observe se o paciente vai voltar
a respirar. Se isso não ocorrer, volte a ventilar com ambu e passe à fase seguinte.

D (Desfibrillation) – Desfibrilação

A desfibrilação é a única medida capaz de reverter uma FV ou TV. Se o


desfibrilador não possuir um monitor cardíaco, deve ser providenciado um para a
monitorização do paciente.

 Se o ritmo do monitor for FV ou TV, deve-se proceder à desfibrilação.


 Se for assistolia ou AESP, passe direto para o ACLS.

1º choque – 200 J: não retirar as pás do desfibrilador do tórax do paciente e


observar. Se permanecer a FV ou TV, fazer 2º choque.

2º choque – 300 J: não retirar as pás do desfibrilador do tórax do paciente e observar.


Se permanecer a FV ou TV, fazer 3º choque.

3º choque – 360 J: checar o ritmo e o pulso. Retirar as pás do desfibrilador.

Se não houver sucesso, passa-se ao ACLS.

ACLS – Advanced Cardiac Life Support É o “ABCD” secundário. Deve ser realizado
por médico treinado.

57
C (Circulation) – Circulação

Deve ser realizado um acesso venoso periférico e a infusão de drogas.

A (Airways) – Vias aéreas

Este é o momento de realizar a intubação endotraqueal pela técnica rápida.

B (Breath) – Respiração

Continua sendo feita com ambu. Verificar e fixar o tubo endotraqueal. Agora a
ventilação é feita de forma não sincronizada com a massagem, cerca de 14 vezes por
minuto.

D (Differential diagnosis) – Diagnóstico diferencial

Se o insucesso persistir, tentar procurar possíveis causas da PCR.

 As drogas devem ser feitas com intervalos de 3 a 5 minutos entre elas.


 A vasopressina não pode ser repetida.
 Algumas drogas podem ser administradas pelo tubo endotraqueal, caso não se
consiga um acesso venoso: atropina, naloxone, epinefrina e lidocaína.
 Se houver torsades de pointes, pode ser administrado sulfato de magnésio 1 mg
EV.
 O bicarbonato de sódio está restrito aos casos de hiperpotassemia, acidose grave
ou intoxicação por antidepressivos tricíclicos.
 nos casos de assistolia não se deve fazer a desfibrilação.

Se você está realizando o ACLS, o paciente está monitorizado, intubado e possui


acesso venoso.

PCR (sem assistolia ou AESP)

 Adrenalina 1 mg ou vasopressina 40 U
(repetir a cada 3 ou 5 minutos) (dose única – não repetir).

58
 Choque 360 J (3 tentativas com intervalo de 1 minuto) (checar o ritmo e o pulso
– se não reverter, segue o algoritmo).
 Amiodarona 300 mg + 30 ml soro fisiológico.
 Choque 360 J (3 tentativas com intervalo de 1 minuto).

(Checar o ritmo e o pulso.)

PCR (com assistolia ou AESP)

 Adrenalina 1 mg ou vasopressina 40 U

(repetir a cada 3 ou 5 minutos) (dose única – não repetir).

 Checar o ritmo e o pulso. Se não reverter, segue o algoritmo.


 Atropina 1 mg (repetir a cada 3 ou 5 minutos – dose máxima = 0,04 mg/kg
 Checar o ritmo e o pulso.
 Investigue, reveja (e trate!) possíveis causas.

A investigação da causa base que desencadeou a PCR é vital nos pacientes que
se recuperam de uma PCR, pois a recorrência é bastante elevada. Logo, é muito
importante que esse paciente seja monitorizado em uma unidade de terapia
intensiva.Saber quando parar a reanimação pode ser a tarefa mais difícil. A desistência
da reanimação está indicada após 30 minutos de PCR com emprego de uma técnica
correta de ressuscitação e nenhuma causa identificada e tratável.

Pacientes com hipotermia (afogamento em águas geladas, frio intenso etc.)


merecem mais tempo de ressuscitação. Nestes casos, os esforços só devem cessar após o
aquecimento do paciente

INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA

A insuficiência respiratória aguda é uma das principais causas de


internamento em unidade de terapia intensiva, sendo também responsável pelo
elevado período de internamento, apresentando morbimortalidade elevada.

Podemos definir insuficiência respiratória aguda como uma impossibilidade do


sistema respiratório em atender aos seus objetivos primordiais, que são a manutenção

59
da oxigenação e/ou ventilação do paciente e que se instala de modo abrupto. Como
conseqüência desta anormalidade o sangue venoso que retorna aos pulmões não é
suficientemente oxigenado , assim como o dióxido de carbono não é adequadamente
eliminado.

Como se trata de uma quadro extremamente grave e que esta pondo em risco a
vida do paciente o diagnóstico deve ser rápido, preciso e as medidas terapêuticas
normalmente requerem condutas rápidas e agressivas.

Sua expressão clínica mais importante é a dispnéia cujo surgimento, intensidade,


rapidez e evolução fornece dados valiosos para o diagnóstico e tratamento. Outros
sinais e sintomas devem ser levados em consideração, como por exemplo a cianose que
é considerada importante sinal de comprometimento respiratório. Devemos no entanto
saber que o seu aparecimento ocorre na presença de no mínimo 5g/dL de
hemoglobina reduzida no sangue. Concluímos portanto que em casos de anemia o
grau de hipoxemia será bem mais acentuado para que ocorra a cianose. Diante de uma
suspeita de IRpA devemos lançar mão de: história, exame físico, Rx de tórax e confirmar
o diagnóstico através de uma gasometria arterial (esclarece o diagnóstico assim como
define o seu grau de insuficiência).

Sinais e sintomas mais freqüentemente observados:

SNC- Agitação, cefaléia, convulsões, tremores.

Respiração - Alterações de amplitude, ritmo, freqüência, padrão, apnéia.

Inspeção - Sudorese, cianose, uso de musculatura acessória.

Ausculta - Roncos, sibilos, estertores, ausência de murmúrio vesicular.

Hemodinâmica - Taquicardia, bradicardia, arritmias, hipertensão, hipotensão,


parada cardíaca.

60
Diagnóstico Laboratorial:

O diagnóstico laboratorial mais simples é dado através da gasometria arterial,


que associados a outros parâmetros ajudam a diferenciar as várias modalidades de
hipoxemia.

Causas de defícit de ventilação:

 Disfunções do SNC ( TCE, intoxicação exógena por barbitúricos, AVC)


 Disfunções do sistema neuromuscular ( trauma cervical, poliomielite, miastenia
gravis)
 Disfunção da caixa torácica ( escoliose, trauma torácico)
 Disfunções das vias aéreas intra e extratorácicas ( aspiração de corpo estranho,
compressão por tumores)
 Problemas pleurais incluindo hidropneumotórax e/ou fibrose.

A grande totalidade dos pacientes portadores de insuficiência respiratória


aguda necessitará de intubação e de ventilação mecânica, devendo com isto ser
analisados os parâmetros que determinam a intubação como também o da instalação
da ventilação mecânica.

INDICAÇÃO PARA INSTITUIÇÃO DA VIA AÉREA ARTIFICIAL

Problema Etiologia Diagnóstico Conduta

Apnéia Depressão do SNC História, exame físico, Intubação e ventilação


fadiga muscular gasometria artificial

Hipoxemia Sara, infecção Apnéia História, exame físico, Intubação e ventilação


gasometria, Rx de tórax artificial

Hipoventilação Depressão do SNC História, exame físico, Intubação e ventilação


ausência de estímulo gasometria artificial
res piratório, fadiga espirometria, força
muscular inspiratória

Ausência de Depressão do SNC História, exame físico, Intubação


reflexos protetores gasometria

61
Instabilidade Parada cardio História, exame físico, Intubação e,
hemodinâmica respiratória monitorização ventilação artificial
hemodinâmica

Hipersecreção Aspiração broncorréia História, exame físico, Intubação e


brônquica afogamento gasometria Rx de tórax aspiraçãoEndotraqueal

Apesar de tudo que foi citado acima não devemos esquecer que as indicações de
intubação são primariamente clínicas.

Parâmetro para indicação da ventilação mecânica

INDICAÇÕES DE VENTILAÇÃO MECÂNICA PROFILÁTICA:

Choque prolongado Pós-operatório

obesidade probabilidade de sepse

DPOC grave hipotermia

Caquexia desequilíbrio eletrolitico importante

Pré-operação possibilidade de sangramento

Aspiração de ácidos

*Parâmetros de maior aplicabilidade e mais decisivos de falência respiratória4

Outros objetivos da ventilação mecânica:

1 - Reverter hipoxemia.

 Aumentando o volume pulmonar.


 Diminuindo o consumo de oxigênio.
 Aumentando a ventilação alveolar.
 Fornecendo FiO2 > 21%.

62
2 - Tratar acidose respiratória.

3 - Aliviar o desconforto respiratório.

4 - Prevenir e tratar a atelectasia.

5 - Reverter a fadiga dos músculos respiratórios.

6 - Permitir a sedação e/ou o bloqueio neuromuscular.

7 - diminuir o consumo de oxigênio sistêmico e miocárdico.

8 - Reduzir a pressão intracraniana.

9 - Estabilizar a parede torácica.

Após a realização da Intubação deveremos colocar o paciente no respirador


onde deverá ser ventilado com:

 Menor pressão intratorácica possível.


 Manter os alvéolos sempre abertos.
 Perfeita interação entre paciente e respirador

DISTÚRBIOS METABÓLICOS

A acidose e a alcalose metabólicas são problemas comuns, associando-se ou


complicando diversas doenças, especialmente no paciente em estado crítico, mas
também podem ocorrer em situações relativamente normais ou benignas, como
durante práticas esportivas extenuantes (acidose) e diarréias agudas (alcalose).
Acidose Metabólica

Este distúrbio origina-se a partir de 4 mecanismos básicos: (a) aumento da


produção endógena de ácidos, (b) administração exógena de ácidos (ou seus
precursores), (c) perda de bases ou (d) redução da excreção renal de ácidos. Estas
alterações, isoladas ou associadas, provocam uma redução do pH para níveis inferiores
a 7,35 e o BE, abaixo de –2 mEq/L. Ocorre uma compensação respiratória imediata
através de hiperventilação, que elimina o CO2. Esta compensação é parcial e alcança
um pico máximo em 24 horas, mas em geral é incapaz de alcançar os níveis pré-

63
acidóticos. O mecanismo definitivo de correção é o renal, que é tardio e dependente da
integridade da função deste órgão.

Nas acidoses metabólicas por perda de bicarbonato, o hiato iônico encontra-se


dentro dos limites da normalidade. Isto ocorre uma vez que, com a redução do
bicarbonato, outro ânion passa a ocupar seu lugar para manter a neutralidade (p.ex.:
aumentam os níveis de cloro). Por outro lado, nas acidoses por adição de ácidos,
observa-se aumento do hiato iônico.

Ainda que sua magnitude seja importante, a derradeira conseqüência


fisiopatológica da acidose é definida pelo ritmo das alterações e sua etiologia básica.

Etiologias

A etiologia da acidose pode relacionar-se a redução da concentração de


bicarbonato (hiato iônico normal, acidose hiperclorêmica) ou adição de ácidos (hiato
iônico aumentado).

Tabela 01 - Causas de acidose metabólica com hiato iônico normal (acidose hiperclorêmica)

• Perdas digestivas não-gástricas


• Anastomoses ureterais
• Nefropatia diabética
• Nefrite intersticial
• Acidose tubular renal
• Inibidores da anidrase carbônica
• Nutrição parenteral total
• Diarréia

Tabela 02 - Causas de acidose metabólica com hiato iônico aumentado

• Insuficiência renal
• Cetoacidose
• Diabetes melito

64
• Alcoolismo
• Desnutrição
• Infecções
• Hipoglicemia
• Uremia
• Intoxicação por etileno-glicol
• Acidose lática
• Insuficiência circulatória
• Insuficiência respiratória
• Convulsões
• Neoplasias
• Hepatopatias
• Overdose de aspirina
• Intoxicação por metanol
• Intoxicação por paraldeído

Manifestações Clínicas

As manifestações da acidose são bastante inespecíficas e tendem a acompanhar


aquelas do distúrbio subjacente. Contudo, deve-se estar sempre alerta para a
possibilidade de uma acidose metabólica estar complicando o estado de um paciente
cujo distúrbio principal aparentemente mostra-se refratário às medidas terapêuticas
usuais.

Tabela 03 - Manifestações clínicas da acidose metabólica

• Hiperventilação imediata
• Respiração de Kussmaul
Respiratórias
• Depressão respiratória

• Depressão da contratilidade miocárdica


• Redução do limiar para fibrilação ventricular
Cardiovasculares
• Redução da resistência vascular sistêmica
• Arritmias
• Vasodilatação arterial

65
• Vasoconstrição venosa

Renais • Oligúria

• Distensão abdominal
• Íleo paralítico
Gastrointestinais
• Vômitos

Outras • Resistência insulínica


• Desvio da curva de dissociação da oxi-hemoglobina para a
direita

Diagnóstico

Devido à inespecificidade do quadro clínico, a confirmação da acidose


metabólica exige a realização de exames complementares. Como nos demais distúrbios
ácido-básicos, a gasometria é o ponto-chave, mas outros exames devem ser solicitados
de acordo com o caso (p.ex.: provas de função renal e hepática, ionograma, etc).

Tratamento

O tratamento da acidose metabólica decorrente de ganho de ácidos deve ser


direcionado para a causa. Caso a acidose seja grave (pH < 7,20 ou HCO3 < 15 mEq/L),
deve-se repor bicarbonato. A reposição de bicarbonato também está indicada nas
acidoses metabólicas decorrentes de perdas alcalinas.

O bicarbonato de sódio deve ser diluído em água destilada e não em solução


glicosada, para não aumentar a osmolaridade. A infusão não deve ser muito rápida,
evitando-se assim um desequilíbrio entre o pH sérico e o do líquido cefalorraquidiano (o
bicarbonato cruza a barreira hematoencefálica mais lentamente que o CO2, produzindo
uma acidose central paradoxal). O emprego do bicarbonato ainda é motivo de grandes
controvérsias em pacientes em parada cardiorrespiratória, na cetoacidose diabética e na
acidose lática. Os riscos de sua utilização incluem hiperosmolaridade, hipocalemia,
hipocalcemia, alcalose metabólica iatrogênica e acidose liquórica.

Durante a ressuscitação cárdio-pulmonar, o uso indiscriminado de bicarbonato


pode gerar redução grave da perfusão coronariana, pois diminui a pressão diastólica na

66
aorta e o tônus arterial de outros grandes vasos, e aumenta a pressão atrial direita e a
osmolaridade.

Na acidose lática, a solução de bicarbonato gera efeitos adversos sobre o sistema


cardiovascular, reduzindo o débito cardíaco e a pressão arterial. Além de não corrigir o
pH, o bicarbonato tende a piorar os níveis de lactato.

Alcalose Metabólica

A alcalose metabólica caracteriza-se pelo ganho de bicarbonato (ou alguma


outra base forte) ou pela perda de ácido do líquido extracelular. O aumento do pH
sangüíneo estimula a saída de íons hidrogênio do intracelular. Este sistema tampão é
realizado pelo sistema respiratório, através da hipoventilação (um mecanismo bem
menos eficaz que a compensação da acidose metabólica) e pelo sistema renal, através
do aumento na eliminação de bicarbonato.

Vários estudos apontam a alcalose metabólica como o segundo distúrbio ácido-


básico mais comum em adultos hospitalizados, respondendo por cerca de 32% de todos
os desequilíbrios ácido-básicos.

Etiologias

A classificação das etiologias da alcalose metabólica orienta a terapêutica: o


desequilíbrio pode estar associado à depleção de volume (nestes casos, é sensível ao
tratamento com cloro) ou não (alcalose cloro-resistente).

Tabela 05 - Causas de Alcalose Metabólica

• Vômitos
• Drenagem gástrica
Dependente de volume (sensível ao cloro)
• Diarréia
• Adenoma viloso do cólon
• Diuréticos
• Pós-hipercapnia
• Carbenicilina / penicilina

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• Hiperaldosteronismo
• Síndrome de Cushing
• Esteróides exógenos
• Hipopotassemia severa
Independente de volume (cloro-resistente)
• Síndrome de Bartter
• Administração ou ingestão excessiva de
substâncias alcalinas
• Fase tardia pós-transfusão (12-24 horas)

Nas alcaloses sensíveis à solução salina, encontra-se cloro urinário baixo,


aldosterona elevada e níveis tensionais normais. Nas alcaloses não sensíveis à solução
salina, o cloro urinário e a aldosterona estão aumentados e o paciente, em geral,
encontra-se hipertenso.

Uma situação freqüentemente descrita na alcalose metabólica é a Acidúria Paradoxal.


Este fenômeno é observado nos casos de hipopotassemia e hipovolemia (alcalose de
contração), onde ocorre redução do ritmo de filtração glomerular, aumento da
aldosterona e da excreção de íons hidrogênio pela urina, acidificando-a.

Manifestações Clínicas

Uma vez deflagrada a alcalose metabólica, diversos fatores contribuem para


manter o distúrbio em curso, tais como prejuízo da filtração glomerular, hipovolemia,
hipocalemia, hipocloremia e hiperaldosteronismo. Os efeitos do desequilíbrio sobre o
organismo como um todo são variáveis e incluem alterações nervosas, miocárdicas,
musculares e hepáticas.

Tabela 06 - Manifestações clínicas da Alcalose metabólica

Gastrointestinais • Anorexia
• Náuseas
• Vômitos

Nervosas (por hipocalcemia e • Irritabilidade neuromuscular


vasoconstrição cerebral) • Hiperreflexia

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• Tetania
• Bradipnéia
• Confusão mental precoce

Cardiovasculares • Arritmias
• Bradicardia
• Aumento da resistência vascular
periférica
• Redução do débito cardíaco

Outras • Agravamento da insuficiência hepática


• Desvio da curva de dissociação da oxi-
hemoglobina para a esquerda

Diagnóstico

Assim como na acidose metabólica, o diagnóstico da alcalose exige um bom


índice de suspeita clínica. A confirmação é feita através de exames laboratoriais.

Tabela 07 - Diagnóstico laboratorial da alcalose metabólica

• Gasometria arterial: aumento do pH, pCO2 e HCO3.


• Redução do cloro, do potássio e do cálcio ionizado no plasma
• Aumento do hiato iônico
• pH urinário variável, mas geralmente ocorre urina alcalina

Tratamento

Todos os casos de alcalose metabólica devem ser corrigidos, pois o organismo


não possui mecanismos suficientes de reajuste. A etiologia deve ser identificada e
tratada e a infusão de alcalinos, suspensa.

Nas alcaloses metabólicas cloro-resistentes, as medidas a serem tomadas devem


incluir suspensão de diuréticos tiazídicos ou de alça e aumento da reposição de potássio
(ou redução da ingesta de alcalinos). Nos pacientes com hiperaldosteronismo, são

69
recomendados diuréticos poupadores de potássio, embora a terapêutica definitiva seja
a remoção cirúrgica do tumor de supra-renal.

A acidose e a alcalose metabólicas são estados fisiopatológicos com morbidade e


mortalidade significativas. As manifestações clínicas inespecíficas tornam processo
diagnóstico trabalhoso, devendo-se excluir inúmeros diagnósticos diferenciais raros e
complexos. Ainda assim, o bom nível de suspeita clínica uma vez que apenas a detecção
e o tratamento precoces são capazes de evitar toda a cascata de efeitos fisiológicos
negativos relacionados a estes distúrbios.

ESTADO DE CHOQUE

Estado de choque é o conjunto de manifestações que resultam de um


desequilíbrio entre o volume de sangue circulante e a capacidade do sistema vascular,
causados geralmente por: choque elétrico, hemorragia aguda, queimadura extensa,
ferimento grave, envenenamento, exposição a extremos de calor e frio, fratura, emoção
violenta, distúrbios circulatórios, dor aguda e infecção grave.

Classificação

O choque pode ser classificado em quatro grupos, sendo eles hipovolêmico,


cardiogênico, obstrutivo e distributivo.

TIPOS DE ESTADO DE CHOQUE:

Choque Cardiogênico: Incapacidade do coração de bombear sangue para o


resto do corpo. Possui as seguintes causas: infarto agudo do miocárdio, arritmias,
cardiopatias;

Sinais e sintomas

 Taquicardia
 Hipotensão
 Ansiedade
 Sudorese
 Pele fria e úmida

70
 Alteração do nível de consciência

Choque Neurogênico: causado pela falha no sistema nervoso em controlar o


diâmetro dos vasos. Ocorre perda da resistência periférica e dilatação da rede vascular.
Os sinais e sintomas são os mesmos do choque hipovolêmico. Geralmente é provocado
por traumatismos que afetam a coluna cervical;

Choque Séptico: Ocorre devido a incapacidade do organismo em reagir a uma


infecção provocada por bactérias ou vírus que penetram na corrente sangüínea
liberando grande quantidade de toxinas;

Choque Hipovolêmico: É a diminuição do volume sanguíneo, resukltando


distúrbios celulares. A hipovolemia é uma das causas mais comuns de choque. É o tipo
de choque mais comum que se encontra no atendimento ao politraumatizado. Possui as
seguintes causas:

 Perdas sangüíneas - hemorragias internas e externas.


 Perdas de plasma - queimaduras e peritonites.
 Perdas de fluídos e eletrólitos - vômitos e diarréias.

Choque Anafilático: É resultado de uma reação de sensibilidade em pessoas que


já apresentam reações alérgicas. Pode ser causado por picada de insetos, medicação,
alimentos ou o próprio meio ambiente. Os sianis e sintomas podem ser:

 Vermelhidão
 Ardência
 Edema de face e de língua
 Respiração ruidosa e hipotensão e início de sinais de coma.

O tratamento deve ser rápido, inciado com medicações para combater o estado de
choque. Decorrente de severa reação alérgica. Ocorre as seguintes reações:

 Pele: urticária, edema e cianose dos lábios;


 Sistema respiratório: dificuldade de respirar e edema da árvore respiratória;
 Sistema circulatório: dilatação dos vasos sangüíneos, queda da pressão arterial,
pulso fino e fraco, palidez.

71
COMO SE MANIFESTA:

A pele fica fria e pegajosa, aumenta a sudorese (transpiração abundante) na testa


e nas palmas das mãos, a face fica pálida com expressão de sofrimento. A pessoa tem
uma sensação de frio, chegando às vezes a ter tremores.

A pessoa pode sentir náuseas e vômitos, a ventilação fica curta, rápida e irregular.
Perturbação visual com dilatação da pupila, perda do brilho dos olhos, o pulso fica fraco
e rápido e a pessoa pode ficar parcialmente ou totalmente inconsciente.

COMO PROCEDER:

Realize uma rápida inspeção na vítima, combata, evite ou contorne a causa do


estado de choque, se possível. Mantenha a vítima deitada e em repouso, controle toda e
qualquer hemorragia externa, verifique se as vias aéreas estão permeáveis, retire da
boca, se necessário secreção, dentadura ou qualquer outro objeto.

Execute a massagem cardíaca externa associada à respiração de socorro boca-a-


boca, se a vítima apresentar ausência de pulso, dilatação das pupilas e parada
respiratória.

Afrouxe a vestimenta da vítima, vire a cabeça da vítima para o lado caso ocorra
vômito.

Eleve os membros inferiores cerca de 30 cm, exceto nos casos de choque


cardiogênicos (infarto agudo do miocárdio, arritmias e cardiopatias) pela dificuldade de
trabalho do coração. Procure aquecer a vítima.

Ciclo do Estado de Choque

Geralmente o choque está relacionado a três situações: coração – falha de


bombeamento, sangue – perda de sangue ou plasma, e dilatação dos vasos sanguíneos
– capacidade de o sistema circulatório ser maior que o volume desangue.

72
HEMORRAGIAS

A hemorragia é a perda de sangue, para o meio externo ou interno, por ruptura


ou laceração de vasos sangüíneos. Do ponto de vista anatômico, a hemorragia pode ser
classificada em arterial, venosa e capilar.

A hemorragia arterial é ocasionada pelo rompimento de uma artéria, apresenta-


se em jatos e com sangue de cor vermelho vivo, podendo conter bolhas, indicando que
esse sangue é rico em oxigênio.

A hemorragia venosa é ocasionada pelo rompimento de uma veia, apresenta-se


em filete e com a presença de sangue vermelho escuro.

A hemorragia capilar é a hemorragia causada pelo rompimento de capilares


sangüíneos, o exemplo mais comum desse tipo de hemorragia é a escoriação.

As hemorragias também podem ser divididas do ponto de vista clínico em:

Hemorragias externas: caracteriza-se pelo extravasamento de sangue para fora


do corpo.

Hemorragias internas: São mais difíceis de serem diagnosticadas pelo socorrista,


porque se apresentam de forma mais subjetiva, não exteriorizando o sangue. São
ocasionadas por rupturas internas, decorrente de traumas, nos órgãos em seus
respectivos sistemas. São comuns em acidentes automobilísticos e em acidentes de
quedas de grandes alturas.

Hemorragias mistas: é quando uma vítima apresenta os dois tipos de hemorragia.

Sinais e Sintomas :

 Pulso fraco (bradisfigmia).


 Vítima queixa-se de sede.
 Suor pegajoso e frio.
 Pele cianótica.
 Lábios e dedos cianóticos.
 Torpor e obinubilação.

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 Desmaio.
 Queda da Tensão Arterial

Hemostasia: É o conjunto ou qualquer manobra que vise conter a hemorragia. A


hemostasia temporária é a hemostasia para conter a hemorragia à nível de primeiros
socorros. Dentre essas técnicas para conter a hemorragia, podemos citar:

1. Compressão Direta: É também conhecida como tamponamento. Funciona


fazendo-se pressão direta (em cima do ferimento), utilizando-se uma gaze ou pano
limpo. É importante não se retirar a gaze, mesmo que essa fique encharcada de sangue,
para permitir a cicatrização desse ferimento.

2. Compressão Indireta: Para ser realizada depende da identificação correta do


tipo de hemorragia (se a hemorragia é arterial, venosa ou capilar). Consiste em
comprimir o vaso num local acima do ferimento a fim de impedir uma maior perda de
sangue. Não é muito aconselhada porque o socorrista precisa identificar o tipo de vaso
lesado e, do ponto de vista anatômico, o tipo de hemorragia.

Procedimentos Básicos para PS em Hemorragias:

 Deitar a vítima
 Colocar a cabeça da vítima mais baixa que o corpo
 Elevar os membros inferiores
 Folgar as roupas
 Não fornecer líquidos

Caso a hemorragia ocorra num membro como braço ou perna, deve-se procurar
fazer a elevação do mesmo. Alguns Tipos Especiais de Hemorragia:

Epistaxe: é o sangramento provocado por rompimento de vasos do nariz. Deve-


se acalmar a vítima, pedir para que a mesma abaixe a cabeça e respire pela boca. Pode-
se fazer aplicação de gelo, envolvido em pano em torno do nariz. Caso a hemorragia
continue, pode-se utilizar uma camisinha e um pedaço de esponja para tamponar o
ferimento da seguinte forma: pega-se um pedaço de esponja e coloca-se esse pedaço
dentro do preservativo, em seguida procura-se introduzir o conjunto dentro da narina
que esteja sangrando. Feito isso, leva-se a vítima ao serviço médico mais próximo.

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Hematêmese: é o extravasamento de sangue proveniente do estômago,
utilizando-se o esôfago e em forma de vômitos. Pode vir acompanhado de alimentos e o
sangue apresenta cor escura. O socorrista deve procurar lateralizar a cabeça da vítima,
caso NÃO haja suspeita de lesão na coluna cervical, a fim de que a vítima não aspire o
sangue ou os restos de alimentos regurgitados. Se houver suspeita de lesão cervical e
hematêmese, deve-se lateralizar a vítima em bloco. Procure ajuda médica.

Hemoptise: é a saída de sangue pelas vias respiratórias, o sangue pode vir em


golfadas, apresentando-se em cor vermelho vivo. Deve-se lateralizar a cabeça da vítima
ou a vítima em bloco, evitando que ela aspire o sangue para os pulmões. Procure ajuda
médica.

Exposição de vísceras: ocorrência muito comum em acidentes automobilísticos. É


importante manter e não tocar nas vísceras, muito menos pressioná-las para dentro do
ferimento. É importante prevenir o estado de choque nessas vítimas , principalmente o
choque hipovolêmico (choque por perda demasiada de sangue). Por isso, é importante
fazer a hemostasia Hemorragia ou sangramento é a perda de sangue do sistema
circulatório. A resposta inicial do sistema cárdio-circulatório à perda aguda de sangue é
um mecanismo compensatório, isto é, ocorre vasoconstrição cutânea, muscular e
visceral, para tentar manter o fluxo sanguíneo para os rins, coração e cérebro, órgãos
mais importantes para a manutenção da vida. Ocorre também um aumento da
freqüência cardíaca para tentar manter o débito cardíaco. Assim, a taquicardia é muitas
vezes o primeiro sinal de choque hipovolêmico.

Pessoas vítimas de traumas com perdas sanguíneas importantes e que demoram


para receber socorro médico podem ter isquémia temporária dos tecidos, com a
liberação de substâncias típicas do metabolismo anaeróbio (sem utilização de oxigênio).
Permanecendo mais tempo ocorre a falta de energia para manter a membrana celular
normal e o gradiente elétrico. A célula, não suportando mais a isquémia, inicia a rotura
de lisossomos e a auto digestão celular. O sódio e aágua entram na célula,
com edema celular. Também pode ocorrer depósito intracelular de cálcio. Não sendo
revertido o processo ocorre finalmente a morte.

Recebendo assistência médica, o volume sanguíneo é inicialmente reposto


através de soluções salinas através de um tipo de agulha calibrosa diretamente na veia.

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Dependendo da fase de isquémia em que a célula se encontra, ao ser refeito o volume
sanguíneo por diluição pode acontecer de retornarem para a circulação geral aquelas
substâncias tóxicas liberadas pela célula em sofrimento. Isto é conhecido como a
"Sindrome da Reperfusão", com um intenso edema generalizado.

O choque hipovolêmico deve ser tratado com volume, isto é, com soro fisiológico
e solução de Ringer. Casos mais graves podem requerer soluções gelatinosas, mas existe
um volume máximo desta solução que se ultrapassado intoxica e mata o paciente. Este
volume é em torno de 1000 ml para um adulto normal. Todas as tentativas para parar a
perda sanguínea devem ser feitas, incluindo cirurgias visando a hemostasia. Este é o
motivo do cirugião comandar o atendimento ao paciente politraumatizado. Alcançado
este ponto, somente atransfusão sanguínea pode manter a vida do doente.

CLASSIFICAÇÃO DAS HEMORRAGIAS

As hemorragias são classificadas em 4 classes, de acordo com o volume de


sangue perdido. Embora tenha variações, de uma maneira geral uma pessoa tem 7% do
seu próprio peso em sangue. Assim, uma pessoa de 50 quilos teria 3,5 litros de sangue e
uma pessoa com 70 quilos teria um volume total em torno de 5 litros de sangue.

Hemorragia Classe I

Volume (em porcentagem) = até 15%. Volume (pessoa com 70 kg, em ml)= até
400 mililitros. Sinais e sintomas: mínimos. Ocorre apenas um leve aumento da
freqüência cardíaca. Exemplos: uma mulher pode apresentar uma hemorragia uterina,
pouco freqüente e muito perigosa, que é semelhante a uma menstruação comum e
dura pouco tempo.

Hemorragia Classe II

Volume (em porcentagem) = 15 a 30%.

Volume (pessoa com 70 kg, em ml) = de 750 a 1.500 ml.

Sinais e sintomas: Taquicardia (freqüência cardíaca acima de


100), taquipneia (respiração rápida) e diminuição da pressão do pulso (pulso fino) e leve
diminuição da diurese.

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Reposição: Em geral a reposição com cristalóides resolve, mas alguns poucos
casos podem necessitar de sangue.

Hemorragia Classe III

Volume (em porcentagem) = 30 a 40%.

Volume (pessoa com 70 kg, em ml)= de 1500 a 2000 ml.

Sinais e sintomas: Além dos sintomas da hemorragia classe II, apresenta sinais
clássicos de hipoperfusão. Existe diminuição do nível de consciência, palidez e sudorese
fria.

Reposição: É tentada primeiro a reanimação com cristalóides, mas muitos destes


pacientes não responderão satisfatoriamente e provavelmente necessitarão de
transfusões.

Hemorragia Classe IV

Volume ( em porcentagem) = mais de 40%.

Volume (pessoa com 70 kg, em ml)= mais de 2000 ml.

Sinais e sintomas : Este é o grau de exsanguinação, isto é, o paciente fica sem


sangue. Apresenta taquicardia extrema, marcada queda da pressão sistólica e
dificuldade para perceber a pulsação. O débito urinário é próximo de zero. Há perda
total da consciência.

Reposição: estes pacientes sempre requerem, além dos cristalóides, transfusões


sanguíneas e cirurgia urgente para sobreviver.

Pacientes com uma classe limítrofe podem passar para a imediatamente superior
caso após a reposição inicial de 2000 ml de Ringer persistam com os mesmos sinais.

77
FERIMENTOS

O ferimento pode ocorrer em qualquer situação onde a vítima sofra agressões ou


acidentes das mais diversas formas e locais, ou seja, é uma agressão à integridade
tecidual, produzindo solução de continuidade entre o meio externo e o interno.

É importante que estes ferimentos sejam classificados do melhor modo possível,


quanto ao seu tipo, extensão e complicações. O ferimento é sempre produzido por um
agente lesivo que armazena micróbios próprios e desta forma, contamina a ferida, como
também leva os micróbios que vivem na pele para o interior da ferida. Esta
contaminação, se não for adequadamente tratada, pode levar a uma infecção localizada
na ferida.

Classificação das feridas

As feridas podem ser classificadas de várias maneiras: pelo tipo do agente causal,
de acordo com o grau de contaminação, pelo tempo de traumatismo, pela
profundidade das lesões, sendo que as duas primeiras são as mais utilizadas.

Ferimento Causa Característica


Puntiforme Objetos pontiagudos, como Pouco sangramento; dependendo
estilete e agulhas da profundidade com que foi
introduzido, pode causar lesão de
órgãos; agride pouco a pele,
devido à sua elasticidade
Cortante Objetos que possuem corte, como Sangramento moderado; o
faca,navalha, lâmina de bisturi comprimento da lesão é maior
que a profundidade
Perfurocortante Objetos de ponta eafiados, como Sangramento abundante; agride a
canivete, punhal, espada pele por penetração e perfuração
Perfurocontudente Objetos que perfuram e agem por Sangramento moderado; de
ação de explosão, como arma de acordo com a área lesada; agride
fogo a pele e os tecidos, podendo
também atingir ossos
Cortocontuso Objetos cortantes agem por ação Sangramento abundante; lesão

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de contusão,como machado, profunda; pode gerar fraturas
enxada, foice

1. FERIMENTOS FECHADOS Causados por impacto ou compressão, são chamados de


contusões, pode haver ou não lesão de órgãos internos.

Sinais e sintomas: O local pode adquirir uma coloração preta ou azulada


(equimose) ou uma tumoração visível sob a pele (hematoma).

Procedimentos de primeiros socorros: Lesões superficiais não ameaçam a


vida, porém podem alertar o socorrista para a possibilidade de lesões de órgãos
internos.

2. FERIMENTOS LEVES OU SUPERFICIAIS (ESCORIAÇÕES) a lesão surge


tangencialmente à superfície cutânea, com arrancamento da pele.

Sinais e sintomas: Apresentam sangramento discreto, mas costumam ser


extremamente dolorosos. Não representam risco ao paciente quando isolados. Não
aplique soluções na ferida, somente soro fisiológico.

Procedimentos de primeiros socorros: Lavar o ferimento com soro fisiológico,


através de jatos com pressão (irrigação). Caso o ferimento esteja sujo, limpá-lo com
sabão, proteja o ferimento com gaze esterilizada ou pano limpo, fixando sem
apertar, a menos que saiam facilmente, durante a limpeza, não tente retirar farpas,
vidros ou partículas de metal do ferimento, não toque no ferimento com os dedos,
lenços usados ou outros materiais sujos, após parar sangramento, remover gaze,
umedecendo-a com soro, para evitar sangramento, secar somente ao redor do
ferimento e aplicar curativo adesivo, se houver disponível, caso contrário, aplicar
gaze estéril.

3. LACERAÇÕES São lesões teciduais de bordos regulares, produzidas por objetos


rombos através de trauma fechado sobre superfícies ósseas.

Sinais e sintomas: Dor, hemorragia, desmaio, hipotensão.

Procedimentos de primeiros socorros: Imobilizar local do ferimento, efetuar


limpeza com soro fisiológico se o paciente estiver estável, proteger local com

79
compressa estéril, controlar sangramento, por compressão direta e aplicação de
curativo e bandagens, encaminhá-lo ao hospital.

4. FERIMENTOS PERFURANTES São lesões causadas por perfurações da pele e dos


tecidos subjacentes por um objeto. O orifício de entrada pode não corresponder à
profundidade da lesão.

Sinais e sintomas: Dor, hemorragia.

Procedimentos de primeiros socorros: Não se deve tentar retirar o objeto de


dentro do ferimento, não coloque nenhuma compressa sobre o objeto encravado,
mas sim ao redor dele, de forma circular, para que o objeto fique protegido.

Observação: As lesões penetrantes de tórax devem ser ocluídos o mais rápido


possível, para evitar a aspiração de ar para o espaço pleural com formação de
pneumotórax aberto.

5. AVULSÕES São lesões onde ocorre deslocamento da pele

em relação ao tecido subjacente, que pode se manter ligado ao tecido sadio


ou não.

Procedimentos de primeiros socorros: Lavar o ferimento com soro fisiológico,


através de jatos com pressão (irrigação), caso o ferimento esteja sujo, limpá-lo com
sabão, não aplique soluções na ferida, somente soro fisiológico, coloque o retalho
em sua posição normal e efetuar a compressão direta da área, para controlar o
sangramento.

Observação: Caso a avulsão seja completa, transportar o retalho ao hospital,


lavando-o com solução salina, evitando o uso de gelo direto sobre o tecido.

6. AMPUTAÇÕES TRAUMÁTICAS São lesões em que há separação de um membro ou


de uma estrutura protuberante do corpo, podem ser causadas por objetos
cortantes, por esmagamento ou por forças de tração.

Sinais e Sintomas: Hemorragia, dor, choque.

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Procedimentos de primeiros socorros: Controlar hemorragia, tratar estado de
choque, caso este esteja presente, fazer curativo úmido com soro fisiológico com
leve compressão, usando compressa limpa, Limpeza com solução salina, sem
imersão em líquido, envolvê-lo em gaze estéril ou compressa limpa, proteger o
membro amputado com dois sacos plásticos fechados, Colocar o saco plástico em
recipiente de isopor com gele ou água gelada, jamais colocar o segmento
amputado em contado direto com gelo.

Observação: Transportar o paciente o mais rápido possível ao hospital,


transportar o membro amputado junto ao paciente, dentro de isopor, nas
condições acima citadas.

7. EVISCERAÇÃO Lesão em que ocorre extrusão de vísceras.

Procedimentos de primeiros socorros: Não tentar reintroduzir os órgãos


eviscerados, cobrir vísceras com curativo estéril umedecido em solução salina,
utilizar compressas não fazendo uso de materiais aderentes, envolver curativos com
bandagem, transportar o paciente em posição supina e com os joelhos fletidos.

8. LESÕES OCULARES Podem ser produzidas por corpos estranhos, queimaduras por
exposição ao calor, luminosidade excessiva e agente químicos, lacerações e
contusões.

Sinais e sintomas: irritação no local ferido, dor.

Procedimenntos de primeiros socorros: Irrigação ocular com soro fisiológico,


durante vários minutos em caso de lesão por agentes químicos ou na presença de
corpos estranhos, não utilizar medicamentos tópicos (colírios ou anestésicos) sem
parecer oftalmológico, não tentar remover objetos. Estabilizá-los com curativo
apropriado, fazer oclusão ocular bilateral, com gaze umedecida, mesmo em lesões
unilaterais. Esta conduta objetiva reduzir a movimentação ocular e o agravamento da
lesão, em caso de extrusão de globo ocular, não tentar recolocá-lo. Efetuar a oclusão
ocular bilateral, a remoção de lentes de contato deve ser efetuada somente em vítimas
inconscientes com tempo de transporte prolongado, que não apresentem lesão ocular.

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9. ESMAGAMENTO São aqueles ferimentos onde existe dano tecidual extenso das
estruturas subjacentes.

Sinais e Sintomas: Os esmagamentos de tórax e abdomen causam graves


distúrbios circulatórios e respiratórios.

Procedimentos de primeiros socorros: Pedir apoio médico ABC, administrar


O2 em alto fluxo, solicitar autorização ao coordenador médico para iniciar infusão
de soro fisiológico 0,9% E.V.

ATENÇÃO:

É recomendado na maioria dos casos fazer a limpeza com soro fisiológico se o


paciente estiver estável, fazer parar de sangrar, anti-sepsia, proteger local com
compressa estéril, controlar sangramento, por compressão direta e aplicação de curativo
e bandagens.

Os sintomas e os Sinais referentes aos ferimentos em alguns casos ocorre Edema


(inchaço), dor, hemorragia, hematomas, equimose
(roxo), entre outros fatores dependendo da ferida
ocasionada.

As soluções mais utilizadas nos curativos são: soro


fisiológico para limpeza e como emoliente; soluções anti-
sépticas como polvidine tópico ou tintura a 10% (PVPI
Polivinil Pirrolidona) ou cloro-hexidine a 4%; álcool iodado com ação secante e
cicatrizante, álcool 75% ação rápida em algumas formas de bactérias, o álcool
isopropílico é mais ativo e menos irritante, e o éter que remove a camada gordurosa da
pele, sendo útil na retirada de esparadrapos e outros adesivos.

CHOQUE ELÉTRICO

O choque elétrico é a perturbação que se manifesta no organismo humano,


quando este é percorrido pela corrente elétrica. A gravidade do acidente está ligada às
características físicas da corrente e condições do acidente, tais como: natureza da
corrente ( contínua ou alternada); freqüência; voltagem; resistência do corpo humano à

82
passagem da corrente elétrica, que varia segundo as condições ambientais; percurso da
corrente pelo corpo e tempo de duração da passagem.

Termos e Conceitos

 Eletricidade: forma de energia que pode fluir entre dois pontos.


 Voltagem ou tensão: diferença de potencial elétrico entre dois pontos.
 Condutores: forma de condução da energia, entre eles: águas, certos metais e seres
vivos.
 Circuito: é o caminho pelo qual a corrente elétrica flui através dos condutores.
 Isolante: material não condutor de energia, que interrompe o circuito, como ar seco,
madeira seca, plásticos.
 Eletroplessão: termo técnico para designar a morte ocorrida em consequência de
descarga elétrica acidental.
 Eletrocussão: termo técnico para designar o ato de matar alguém,
intencionalmente, por meio de descarga elétrica.

Efeitos da Corrente Elétrica sobre o Organismo

 Condutividade dos tecidos corporais: por exemplo, um indivíduo molhado está


sujeito a um acidente mais grave, porque a resistência do corpo diminui, permitindo
uma corrente mais intensa.
 Intensidade da corrente: quanto maior a tensão maior acorrente circulante.
 Circuito percorrido: se a corrente percorrer de um dedo a outro da mesma mão, a
lesão se limita aos dedos, já no circuito que envolve a mão esquerda e o pé
esquerdo, a passagem da corrente pode determinar fibrilação ventricular – lesão
direita.
 Duração da corrente: quanto maior a duração maior a lesão.
 Queimadura: ocorre carbonização da pele e dos tecidos, e pelas chamas das roupas
da vítima.
 Parada cardiopulmonar: por lesão dos centros vitais.
 Lacerações e amputação: por lesão direita da descarga.
 Fraturas: por espasmos musculares severos, quedas e colisões.

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EXISTEM TRÊS FORMAS DISTINTAS DE OCORRER O CHOQUE ELÉTRICO.

O choque estático acontece com o contato com equipamentos que possuem


eletricidade estática, como por exemplo, um capacitor carregado.

O choque dinâmico é através do contato ou excessiva aproximação do fio fase de


uma rede ou circuito de alimentação elétrico descoberto.

Através do raio, acontece o choque atmosférico que é o recebimento de


descarga atmosférica.

As manifestações do choque são: contrações


musculares; comprometimento do sistema nervoso
central, podendo levar à parada respiratória;
comprometimento cardiovascular provocando a
fibrilação ventricular – "parada cardíaca"; queimaduras
de grau e extensão variáveis, podendo chegar até a
necrose do tecido.

Em caso de acidente com choque elétrico, a primeira atitude para socorro da


vítima é desligar a corrente elétrica o mais rápido possível ou afastar a vítima do contato
elétrico, utilizando material isolante elétrico seco ( borracha, madeira, amianto etc).

O segundo passo é verificar o nível de consciência e sinais vitais; realize a


ressucitação cárdio-pulmonar, se necessário; cuide das queimaduras, se houver, e
providencie a hospitalização da vítima. Os casos mais graves causados por choque são a
parada cárdio-respiratória e queimadura.

1. O que acontece

O choque elétrico, geralmente causado por altas descargas, é sempre grave,


podendo causar distúrbios na circulação sanguínea e, em casos extremos, levar à
parada cardiorespiratória. Na pele, podem aparecer duas pequenas áreas de
queimaduras (geralmente de 3º grau) – a de entrada e de saída da corrente elétrica.

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2. Primeiras providências

Desligue o aparelho da tomada ou a chave geral. Se tiver que usar as mãos para
remover uma pessoa, envolva-as em jornal ou um saco de papel. Empurre a vítima para
longe da fonte de eletricidade com um objeto seco, não-condutor de corrente, como
um cabo de vassoura, tábua, corda seca, cadeira de madeira ou bastão de borracha.

3. O que fazer

Se houver parada cardiorespiratória, aplique a ressucitação. Cubra as


queimaduras com uma gaze ou com um pano bem limpo. Se a pessoa estiver
consciente, deite-a de costas, com as pernas elevadas. Se estiver Inconsciente, deite-a de
lado. Se necessário, cubra a pessoa com um cobertor e mantenha-a calma. Procure
ajuda médica imediata.

As chances de salvamento da vítima de choque elétrico diminuem com o passar


de alguns minutos, pesquisas realizadas apresentam as chances de salvamento em
função do número de minutos decorridos do choque aparentemente mortal, pela
análise da tabela abaixo esperar a chegada da assitência médica para socorrer a vítima é
o mesmo que assumir a sua morte, então não se deve esperar o caminho é a aplicação
de técnicas de primeiros socorros por pessoa que esteja nas proximidades.O ser
humano que esteja com parada repiratório e cardíaca paasa a ter morte cerebral dentro
de 4 minutos, por isso é necessário que o profissional que trabalha com eletricidade
deve estar apto a prestar os primeiros socorros a acidentados, especialmente através de
técnicas de reanimação cádio-respiratória.

Chances de Salvamento

Tempo após o choque p/ iniciar respiração Chances de reanimação da


artificial vítima

1 minuto 95 %

2 minutos 90 %

3 minutos 75 %

4 minutos 50 %

5 minutos 25 %

85
6 minutos 1%

8 minutos 0,5 %

Método da respiração artificial "Hoger e Nielsen", para reanimação de vítimas de


choque elétrico.

A respiração artificial é empregada em todos os casos em que a respiração


natural é interrompida. O método de "Holger e Nielsen"consiste em um conjunto de
manobras mecânicas por meio das quais o ar , em certo e determinado ritmo, é forçado
a entrar e sair alternadamente dos pulmões. As instruções gerais referentes à aplicação
desse método são as seguintes :

Antes de tocar o corpo da vítima, procure livrá la da corrente elétrica, com a


máxima segurança possível e a máxima rapidez, nunca use as mãos ou qualquer objeto
metálico ou molhado para interromper um circuito ou afastar um fio.

Não mova a vítima mais do que o necessário à sua segurança.

Antes de aplicar o método, examine a vítima para verificar se respira, em caso


negativo, inicie a respiração artificial.

Quanto mais rapidamente for socorrida a vítima, maior será a probabilidade de


êxito no salvamento.

Chame imediatamente um médico e algém que possa auxiliá lo nas demais


tarefas, sem prejuizo da respiração artificial, bem como, para possibilitar o revezamento
de operadores.

Procure abrir e examinar a boca da vítima ao ser iniciada a respiração artificial,


afim de retirar possíveis objetos estranhos (dentadura, palito, alimentos, etc.), examini
também narinas e garganta.Desenrole a língua caso esteja enrolada, em caso de haver
dificuldade em abrir a boca da vítima, não perca tempo, inicie o método imediatamente
e deixe essa tarefa a cargo de outra pessoa.

Desaperte punhos, cinta, colarinho, ou quaisquer peças de roupas que por acaso
apertem o pescoço, peito e abdômem da vítima.

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Agasalhe a vítima, a fim de aquecê la, outra pessoa deve cuidar dessa tarefa de
modo a não prejudicar a aplicação da respiração artificial.

Não faça qualquer interrupção por menor que seja, na aplicação da respiração
artificial.

Não faça qualquer interrupção por menor que seja, na aplicação do método,
mesmo no caso de se tornar necessário o transporte da vítima a aplicação deve
continuar.

Não distraia sua atenção com outros auxílios suplementares que a vitima
necessita, enquanto estiver aplicando o método, outras pessoas devem ocupar se deles.

O tempo de aplicação é indeterminado, podendo atingir 5 horas ou mais,


enquanto houver calor no corpo da vítima e sta não apresentar rigidez cadavérica há
possibilidade de salvamento.

O revezamento de pessoas, durante a aplicação deve ser feito de modo a não


alterar o ritmo da respiração artificial.

Ao ter neinício a respiração natural, sintonize o ritmo da respiração artificial com


a natural.

Depois de recuperada a vítima, mantenha a em repouso e agasalhada, não


permitindo que se levante ou se sente, mesmo que para isso precise usar força, não lhe
de de beber, a fim de evitar que se engasgue, após a recuperação total da vítima, pode
dar lhe então café ou chá quente.

Não aplique injeção alguma, até que a vítima respire normalmente.

Este caso aplica se em qualquer caso de colapso respiratório, como no caso de


pessoas intoxicadas por gases venenossos ou que sofram afogamentos.

Na maioria dos casos de acidente por choque elétrico, a MORTE é apenas


APARENTE, por isso socorra a vítima rapidamente sem perda de tempo.

87
Método da salvamento artificial "Hoger e Nielsen", para reanimação de vítimas de
choque elétrico.

Orientações para Socorrer a Vítima

 Não tocar na vítima antes que o circuito tenha interrompido.


 Se for em residência ou indústria, desligar a chave geral.
 Se a vítima estiver dentro de um veículo em contato com cado de enrgia, oriente
para permanecer dentro do mesmo . caso haja risco de explosão ou desabamento,
oriente para sair do carro sem estabelecer contato com a terra.
 Porceder à abordagem primária: VA, controle de cervical, nível de consciência.
 Proceder à abordagem secundária: avaliar lesões, providenciar curativos,imobilizar
membros, verificar sinais vitais.

SÍNCOPE OU DESMAIO
O QUE É?

O nome científico é síncope. Significa uma perda súbita e transitória de


consciência associada ao relaxamento muscular (tônus postural). É provocada pela
redução abrupta da irrigação cerebral. Pode ser classificada em:

 Vasogência: ocorre pela queda súbita da pressão arterial, por problema


emocional, dor de qualquer espécie, esforço físico ou outras situações não
comuns no dia dia da vítima. Ocorre geralmente quando a vítima está na posição
em pé, e é a síncope mais comum. A vítima apresenta palidez cutânea, respiração
suspirosa, queixa de visão embaraçada, tontura e em seguida ocorre o desmaio.
 Metabólica: causada por distúrbios metabólicos como hiperglicemia ou
hipoglicemia.
 Neurogênica acontece devido à agressão ligada diretamente ao cérebro, como
intoxicações exógenas, hipertensão intracraniana e traumas.

NÚMEROS

 47% dos tipos de síncope não são esclarecidas


 7,3% dos casos podem ter como resultado a morte

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SÍNCOPE VASO-VAGAL

É a causa mais comum do problema. É um distúrbio do sistema nervoso e de


controle da pressão que leva o corpo a uma reação exagerada depois de uma situação
de estresse.

O TILT TEST

Exame feito para detectar a síndrome vaso-vagal. O paciente se deita numa mesa
e permanece com a pressão arterial e os batimentos cardíacos monitorados por
equipamentos. Após alguns minutos, a mesa é inclinada em 80 graus. Se o paciente
tiver, de fato, predisposição à síncope, desmaia no meio da avaliação.

Pessoa normal

Reação normal:

Ao inclinar-se a mesa em 80 graus, uma pessoa normal tem seu batimento


cardíaco e sua pressão arterial aumentados.

Conseqüência:

Depois de algum tempo as funções orgânicas se restabelecem.

Pessoa com pré-disposição a sofrer síncope vaso-vagal

Reação exagerada:

Ao inclinar-se a mesa em 80 graus, uma pessoa com pré-disposição tem seu


batimento cardíaco e sua pressão arterial diminuídos.

Conseqüência:

A queda brusca da pressão e dos batimentos cardíacos provoca o desmaio.

SINTOMAS

A síncope vaso-vagal avisa quando vai chegar. O indivíduo tem:

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 turvação visual
 suor frio
 náuseas
 tontura
 vômitos, às vezes

DESMAIO SITUACIONAL

Acontece como uma reação emocional a um problema imediato, um estresse, um


acidente, um choque. Não é doença.

HIPERSENSIBILIDADE DO SEIO CARÓTIDO

Se esta região do pescoço for muito estimulada (por colarinho muito apertado,
por exemplo), a freqüência cardíaca é reduzida e vem a síncope.

DOENÇAS CARDÍACAS

Uma arritmia, por exemplo, pode provocar desmaios.

TRATAMENTO

Com medicamentos

Alguns antidepressivos ou hormônios podem ser usados. No


caso da síncope vaso-vagal mista (causada por baixa de pressão e de batimento
cardíaco), são usados betabloqueadores, remédios que inibem o estímulo inicial do
estresse e impedem que o organismo reaja exageradamente a ele.

VERTIGEM

Vertigem é um sintoma no qual a pessoa tem a sensação de uma tontura


rotatória, podendo causar náuseas, vômitos, ilusão de movimento, etc. Existem dois
tipos de vertigem, a Central e Periférica.

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Causas

O corpo detecta a postura e controla o equilíbrio através de órgãos do equilíbrio


localizados no ouvido interno. Esses órgãos possuem conexões nervosas com áreas
específicas do cérebro. A vertigem pode ser causada por distúrbios do ouvido, dos
nervos que conectam o ouvido ao cérebro ou do próprio cérebro. A vertigem pode
estar relacionada a problemas visuais ou a alterações súbitas da pressão arterial. Muitas
condições podem afetar o ouvido interno e causar vertigem.

Essas condições incluem infecções bacterianas ou virais, tumores, pressão


anormal, inflamação de nervos ou substâncias tóxicas. A causa mais comum de
vertigem é a doença do movimento, que pode ocorrer em qualquer indivíduo cujo
ouvido interno é sensível a determinados movimentos, como o balanço (oscilação) ou
as freadas e arrancadas abruptas. Esses indivíduos podem sentir-se particularmente
tontos durante viagens de carro ou de barco. A doença de Meniere produz crises
episódicas e abruptas de vertigem, juntamente com zumbidos nos ouvidos e surdez
progressiva.

A duração dos episódios varia de alguns minutos até algumas horas e,


freqüentemente, eles são acompanhados por náusea e vômito intensos. A sua causa é
desconhecida. As infecções virais que afetam o ouvido interno (labirintite) podem
causar uma vertigem que normalmente manifesta-se subitamente e piora ao longo de
algumas horas. Após alguns dias, a condição desaparece sem tratamento. O ouvido
interno comunica-se com o cérebro através de nervos. Uma área situada na porção
posterior do cérebro controla o equilíbrio. Quando a circulação sangüínea dessa área
do cérebro é comprometida (distúrbio denominado insuficiência vertebrobasilar), o
indivíduo pode apresentar vários sintomas neurológicos, inclusive a vertigem.

Geralmente, as cefaléias, a fala pastosa, a visão dupla, a fraqueza de um dos


membros superiores ou inferiores e os movimentos descoordenados são sinais de que a
vertigem é causada por um distúrbio neurológico cerebral em vez de um problema
limitado ao ouvido. Esses distúrbios cerebrais incluem a esclerose múltipla, as fraturas
cranianas, as crises convulsivas, as infecções e os tumores (especialmente aqueles
localizados na base do cérebro ou em suas proximidades). Como a capacidade do corpo

91
de manter o equilíbrio está relacionada a indicações visuais, um defeito da visão,
especialmente a visão dupla, pode acarretar perda de equilíbrio.

Os indivíduos idosos ou aqueles que utilizam medicamentos para doenças


cardíacas ou para a hipertensão arterial podem apresentar tontura ou desmaiar quando
ficam em pé abruptamente. Esse tipo de tontura é decorrente de uma queda breve da
pressão arterial (hipotensão ortostática) , comumente dura apenas alguns segundos e,
algumas vezes, pode ser evitado com o indivíduo levantando-se lentamento ou com a
utilização de meias compressivas.

Diagnóstico

Antes da instituição do tratamento da tontura, o médico deve determinar sua


natureza e, em seguida, a sua causa. Qual é o problema? Marcha descoordenada,
desmaio, vertigem ou uma outra coisa? Ele é originário do ouvido interno ou de um
outro local? Detalhes como, por exemplo, o início da tontura, a sua duração, o que a
desencadeou, o que a alivia e a concomitância de outros sintomas (p.ex., cefaléia,
surdez, zumbidos ou fraqueza) ajudam a determinar com maior precisão a natureza do
problema.

A maioria dos casos de tontura não são vertigens e também não representam um
sintoma grave. Os movimentos oculares podem fornecer pistas importantes ao médico.
Os movimentos oculares anormais indicam uma possível disfunção do ouvido interno
ou de suas conexões nervosas com o cérebro. O nistagmo é um movimento rápido dos
olhos, como se o indivíduo estivesse observando os rebotes rápidos de uma bola de
tênis de mesa, da esquerda para a direita ou de cima para baixo ou vice-versa. Como a
direção desses movimentos pode ajudar no diagnóstico, o médico pode tentar estimular
o nistagmo, movendo abruptamente a cabeça do paciente ou pingando algumas gotas
de água gelada no canal auditivo.

O equilíbrio pode ser testado solicitando-se que o paciente fique em pé e imóvel


e, em seguida, que ele caminhe sobre uma linha reta, primeiramente com os olhos
abertos e, a seguir, com os olhos fechados. Alguns exames laboratoriais podem auxiliar
na determinação da causa da tontura e da vertigem. Os exames da audição
freqüentemente revelam distúrbios do ouvido que afetam tanto o equilíbrio quanto a

92
audição. Outros exames que podem ser realizados incluem estudos radiológicos, a
tomografia computadorizada (TC) ou a ressonância magnética (RM) do crânio.

Esses exames podem revelar anormalidades ósseas ou tumores que estão


comprimindo nervos. No caso de suspeita de uma infecção, o médico poderá coletar
uma amostra de líquido do ouvido ou de um seio ou de líquido cefalorraquidiano
(através de uma punção lombar). Caso haja suspeita de uma circulação cerebral
insuficiente, o médico pode solicitar uma angiografia (na qual um contraste é injetado
na corrente sangüínea e são realizadas radiografias para localizar obstruções dos vasos
sangüíneos).

Tratamento

O tratamento depende da causa subjacente da vertigem. Os medicamentos que


aliviam a vertigem incluem a meclizina, o dimenidrinato, a perfenazina e
a escopolamina. A escopolamina, que é particularmente útil na prevenção da doença
do movimento, pode ser utilizada sob a forma de adesivos, cuja ação dura vários dias.
Todos esses medicamentos podem causar sonolência, especialmente em indivíduos
idosos. O adesivo de escopolamina é o que tende a causar menos sonolência.

Vertigem Postural Paroxística Benigna

A vertigem postural paroxística benigna é um distúrbio comum no qual a


vertigem se inicia subitamente e dura menos de um minuto. A maioria dos episódios é
desencadeada por uma mudança da posição da cabeça e normalmente ocorre ao
deitar-se, levantar-se, virar-se na cama ou quando a cabeça é inclinada para trás ao
olhar para cima. O distúrbio parece ser causado por depósitos de resíduos de cálcio em
um dos canais semicirculares no ouvido interno (locais que detectam a postura). Esse
tipo de vertigem pode ser assustador, mas é inofensivo e , geralmente, desaparece por si
em semanas ou meses. O médico pode ensinar ao paciente manobras que dissolverão
gradualmente os resíduos no canal semicircular posterior, provendo alívio sem o uso de
medicamentos. O indivíduo não apresenta perda auditiva ou zumbido no ouvido.

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Causas comuns
Condição ambiental

 Doença do movimento

Medicamentos

 Álcool
 Gentamicina
 estreptomicina
 maconha
 cafeína
 alguns diuréticos (furosemida)
 anti-hipertensivos
 carbamazepina
 antidepressivos
 benzodiazepínicos
 etc.

Problemas circulatórios

 Ataque isquêmico transitório (distúrbios temporários da função cerebral


causados pelo suprimento sangüíneo insuficiente a regiões do cérebro durante
breves períodos), afetando as artérias vertebrais e basilares

Anormalidades do ouvido

 Depósitos de cálcio num dos canais semicirculares no ouvido interno (que causa
vertigem postural paroxística benigna)

Outras causas

 Infecção bacteriana do ouvido interno


 Herpes zoster
 Labirintite (infecção viral do labirinto do ouvido)

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 Inflamação do nervo vestibular
 Doença de Ménière
 Distúrbios neurológicos
 Esclerose múltipla
 Fratura craniana com lesão do labirinto e/ ou de seu nervo
 Tumores cerebrais
 Tumor comprimindo o nervo vestibular

ANIMAIS PEÇONHENTOS
Animais peçonhentos x animais venenosos

Os animais venenosos são animais que possuem veneno mas não possuem
mecanismo de inoculação. Os animais peçonhentos são animais que além de
venenosos, possuem um mecanismo especializado de inoculação, a peçanha, que é
utilizada como arma de caça ou de defesa.

Exemplos de animais peçonhentos: serpentes (jararaca, cascavel, surucucu), escorpião,


aranha.
Exemplos de animais venenosos: sapos, baiacu.
Os animais podem ser divididas em artrópodes e serpentes (ofídios).

ARTRÓPODES - ESCORPIÕES

Escorpião amarelo (Tityus serrulatus): podem ser encontrados desde a


margem direita do rio São Francisco até a fronteira Paraná – Santa Catarina. É muito
comum em Minas Gerais (especialmente em Belo Horizonte). No Estado de São Paulo,
poderá ser encontrada na região do Vale do Paraíba, Rio Preto e vizinhanças e em focos
isolados na Capital. É um escorpião que poderá ser encontrada facilmente em
ambientes urbanos.

Escorpião marrom (Tityus bahiensis): é um escorpião muito comum, sendo


encontrado nos mesmos locais do escorpião amarelo, além de ser encontrado também
em algumas regiões de Mato Grosso e de Santa Catarina. É o mais comum em São
Paulo. Pode ser encontrado nas regiões do Morumbi, Pacaembu e ao longo do Rio

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Pinheiros. É encontrado em campos e matas ralas, procurando refúgios em cupinzeiros,
debaixo de pedras, fendas de barrancos, etc.

Hábitos: são animais que caçam a noite. Durante o dia, procuram esconderijos,
como por exemplo tronco de árvores, frestas nas paredes, sapatos, toalhas, etc. Não são
considerados animais violentos.

Sintomatologia (efeitos no homem)

O veneno dos escorpiões é neurotóxico, obedecendo aos seguintes critérios de


gravidade: casos benignos (apenas dor moderada); casos médios (dor intensa no local e
sudorese); casos graves (dor muito intensa, hipotermia, sudorese, aumento da pressão
sangüínea, náuseas e vômitos).

ARTRÓPODES – ARANHAS

Aranha armadeira (Phoneutria sp.): as aranhas armadeiras possuem esse


nome porque quando ameaçadas assumem uma postura ameaçadora, apoiando-
se com as patas traseiras e mantendo as duas dianteiras levantadas, numa posição de
bote. Pode ser encontrada em lugares escuros, cachos de bananas, sapatos, vegetação,
etc. Pode ser reconhecida pela sua cor cinza ou castanho escuro, corpo e pernas com
pêlos curtos, perto dos ferrões os pêlos são vermelhos e atingem até 17cm de
comprimento quando adultas (incluindo as pernas).

Aranha marrom (Loxosceles sp.): atingem cerca de 3 a 4 cm, com cor


amarelada. É uma aranha que vive em teias irregulares (parecidas com um lençol de
algodão) construídas em tijolos, telhas, barrancos, cantos de parede, etc. Os acidentes
são raros, porém geralmente são graves, com formação de ferida no local da picada e
sensação de queimadura.

Aranha de grama (Lycosa sp.): possuem cor acizentada ou marrom, com


pêlos vermelhos perto dos ferrões e uma mancha escura em forma de flecha sobre o
corpo. Vive em gramados e residências. São freqüentes os acidentes mas não são
graves.

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Aranha caranguejeira (Trechona sp.): São aranhas grandes (podendo
chegar a 9cm só de corpo). São vários os gêneros, porém o mais perigoso no Brasil é o
do Trechona, que ocorre desde o norte até o sul do país. As aranhas desse gênero
possuem um veneno neurotóxico, porém sem risco de morte para o acidentado, não
necessitando a aplicação de soro.

Aranha viúva-negra (Latrodectus sp.): são aranhas pretas com manchas


vermelhas no abdômem. As fêmeas têm de 2,5 a 3 cm e os machos podem ser de 3 a 4
vezes maior. Vivem em teias construídas em vegetações rasteiras, arbustos, barrancos,
etc. Para as espécies brasileiras de viúva negra, não são produzidos soros pois os
acidentes são raros e geralmente são de média ou pouca gravidade.

ARTRÓPODES - LACRAIAS

As lacraias podem ser encontradas em qualquer lugar. Possui ferrões na parte


debaixo da cabeça, e não nos últimos segmentos (muitos acham que o ferrão está na
parte de trás do corpo porque a lacraia levanta o mesmo quando ameaçada). Os
acidentes são raros e geralmente de baixa gravidade, não sendo necessário a produção
de soro.

SERPENTES

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As espécies de serpentes com maior índice de acidentes são: jararaca, cascavel,
surucucu e coral. Geralmente possuem dentição do tipo solenóglifa, com exceção da
coral, que possui a do tipo proteróglifa.

Tipos de dentição:

Áglifa: dentes maciços. Não inoculam veneno. Exemplos: sucuri, jibóia, etc.

Opstóglifa: possuem um ou mais pares de dentes posteriores (trás) do


maxilar superior com sulcos por onde escorrem o veneno. Exemplo: falsa coral,
muçurana, etc.

Proteróglifa: possuem presas anteriores (frente) caniculares, por onde pode


escorrer o veneno. Exemplo:coral verdadeira e serpentes marinhas.

Solenóglifa: possuem grandes presas anteriores dotadas de canal central,


por onde passa o veneno. Exemplo: cascavel, jararaca, surucucu, urutu, etc.

Tipos de serpentes mais conhecidas:

Cascavel (Crotalus sp.): As cascavéis são cobras facilmente reconhecíveis


pela presença de chocalho na cauda. Pode ser encontrada em todo o Brasil, com
exceção da floresta amazônica.

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Jararaca (Bothrops sp.): pode alcançar mais de um metro de comprimento.
Ocorre nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Paraná, Rio de
Janeiro, Espírito Santo, leste do Mato Grosso, sul da Bahia e em algumas áreas de Minas
Gerais.

Surucucu (Lachesis sp.): São as maiores serpentes peçonhentas das


Américas, podendo alcançar mais de 4 metros. É comum em florestas litorâneas do Rio
de Janeiro para o norte e por todo o vale amazônico.

Cobra Coral (Micrurus sp.): ocorre em todo o Brasil. A diferenciação com a


falsa coral é muito difícil, portanto não é recomendável que pessoas sem conhecimentos
específicos tentem diferenciá-las.

Em caso de picada de cobra:

Não tente retirar o veneno com o método de sucção ou espremer o local.

Não dê nada alcoólico, querosene, etc.

Não faça torniquete.

Se a picada for em algum membro, mantenha-o erguido.

Leve o acidentado imediatamente ao hospital, pois somente o soro pode


curar.

Leve o animal causador do acidente, se possível.

Controle e prevenção
ARTRÓPODES

 Manter limpos quintais, jardins e terrenos baldios, não acumulando entulho e lixo
doméstico.
 Aparar a grama e recolher as folhas caídas.
 Vedar soleiras de portas com saquinhos de areia ou frisos de borracha. Colocar telas
nas janelas, vedar ralos de pia, tanque e de chão.

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 Colocar o lixo em sacos plásticos, que devem ser mantidos fechados.
 Examinar roupas, calçados e toalhas antes de usá-los.
 Andar sempre calçado.
 Usar luva de raspa de couro ao trabalhar com materiais de construção.
 Inseticida NÃO resolve o problema.

SERPENTES

 Andar sempre calçado (72% dos acidentes são no pé).


 Não introduzir a mão em buracos no chão, como tocas de tatus, cupizeiros, etc.
 Olhar com muita atenção o chão por onde caminha e locais onde deseja apanhar
pequenos objetos ou animais.
 Ter cuidados especiais com matagais, montes de folhas mais ou menos secas.
 A presença de roedores pode indicar a presença de serpentes também, pois os
roedores são alimento para as cobras.
 Não tente diferenciar cobras venenosas das não venenosas. Algumas são difíceis de
diferenciar.
 Não manuseie serpentes vivas ou mortas. As venenosas podem causar acidentes
mesmo mortas.

Acidentes por taturanas ou lagartas

As taturanas ou lagartas de fogo que podem causar acidente são formas larvais
de mariposas que possuem cerdas pontiagudas contendo as glândulas do veneno. É
comum o acidente ocorrer quando a pessoa encosta a mão nas árvores onde habitam
as lagartas.

O acidente é relativamente benigno na grande maioria dos casos. O contato leva


a dor em queimação local, com inchaço e vermelhidão discretos. Somente o gênero
Lonomia pode causar envenenamento com hemorragias à distância e complicações
como insuficiência renal.

100
CONVULSÃO

A convulsão ou ataque, como é vulgarmente chamada, é uma descarga bio -


energética temporária com origem no cérebro. Desencadeia alterações no organismo a
nível do estado de consciência, tonicidade muscular e esfíncteres.

Podemos considerar crise convulsiva como um “desarranjo” do sistema cerebral


por um período rápido de tempo. O cérebro deixa de funcionar por alguns instantes e
envia seus estímulos para o restante do corpo, dando início às crises. A epilepsia
caracteriza-se por crises convulsivas repetidas ao longo de um determinado tempo de
vida, o que diferencia da crise convulsiva rotineira de um determinado indivíduo, por
isso a necessidade de investigar a causa. A crise convulsiva pode ser parcial, quando as
alterações são restritas a uma determinada parte do cérebro, ou generalizada, quando
envolve o cérebro todo.

Causas

 Traumas cranioencefálicos (TCE)


 Infecções
 Neurocisticercose
 Hipertermia
 Tumores cerebrais
 Uso abusivo de álcool e drogas

Sinais e Sintomas

Durante a crise a pessoa pode apresentar várias alterações no organismo, que


dependem da zona do cérebro onde se fez a descarga eléctrica anormal das células do
cérebro (neurónios).

 Agitação psicomotora,
 Olhar ausente,
 Os olhos podem ficar fixos na parte superior ou lateral,
 Perda da consciência (perder os sentidos) que pode causar uma queda
desamparada,

101
 Espasmos musculares (contracções) com movimentos de contracção e flexão
muscular, que podem ser suaves a muito fortes,
 Aumento da produção de saliva (sialorreia),
 Encerramento da boca com muita força, há o perigo de morder a língua e lábios,
 Descontrolo dos esfíncteres (urina e/ou fezes).

Tipos de convulsões

Os sinais e sintomas presentes numa crise convulsiva caracterizam o tipo de


convulsão.

- Crise convulsiva generalizada quando há movimentos dos braços e pernas,


rigidez, desvio dos olhos para um dos lados, descontrole dos esfíncteres e perda da
consciência. A cara pode ficar acinzentada porque a pessoa não
consegue respirar durante a crise. Consoante as características da crise, esta pode
pertencer às crises de grande mal ou de pequeno mal.

Durante a crise generalizada de grande mal o doente passa pela fase tónica e
fase clónica (movimentos tónico-clónicos) várias vezes e há perda da consciência.

Na fase tónica os movimentos são violentos, rítmicos e involuntários. Pode saír


espuma pela boca e apresentar incontinência urinária. Estes movimentos ficam mais
suaves e espaçados no final da crise.

Na fase clónica os olhos ficam virados para a zona superior, como se estivesse a
olhar para a testa, os músculos ficam todos contraídos, os braços dobrados e o resto do
corpo esticado. Pode haver emissão de um som característico pela boca (grito) e dura
pouco tempo. A pele pode ficar acinzentada se a pessoa não respirar durante a crise
(apneia).

É normal o doente ficar cansado e sonolento no final da crise, pelo que se deve
deixar dormir.

- Crise parcial simples. As convulsões são limitadas a uma área do corpo, mas
podem estender-se a outras áreas, sem haver perda do conhecimento. Se houver
extensão pode provocar uma crise de grande mal. As pessoas apresentam formigueiros

102
ou picada percorrendo uma ou mais áreas do corpo, vêm ou ouvem coisas ou sons que
não estão existem.

- Crise parcial complexa. Durante a crise os movimentos da boca são contínuos,


como se a pessoa estivesse a mastigar. Os movimentos do corpo não têm coordenação
ao pegar em objectos, mexer na roupa, despir-se e andar.

- Crise mioclonia. Há contracções musculares súbitas e fortes em todo ou parte do


corpo.

No pequeno mal há uma perda breve de consciência que pode passar


despercebida. É frequente em crianças entre os 5 e os 9 anos de idade. Pode haver
alteração do tónus muscular, e a criança deixa cair pequenos objectos que esteja a
segurar, no entanto raramente cai. Não há incontinência.

- Crise focal simples ou acinética quando não há perda da consciência e há


alteração temporária no movimento, sensibilidade e função num dos membros. Se
houver perda da consciência chama-se focal complexa.

- Crise atónica quando o corpo fica mole, como se fosse feito de borracha. A
pessoa sofre uma queda se estiver em pé.

- Crise de ausência quando há perda da consciência, a pessoa fica geralmente na


posição em que estava antes da crise mas com um olhar como se estivesse ausente.

Origem

São variadas as situações que podem desencadear uma crise convulsiva. Em


alguns casos não se consegue determinar a origem da convulsão.

 Epilepsia.
 Hipoglicémia (baixos níveis de glicose no sangue).
 Privação de oxigénio em partos prolongados (hipóxia).
 Hipocaliémia (nível de potássio baixo no sangue) ou hipomagnesémia (magnésio
baixo)
 Desidratação (grande falta de líquidos no organismo).

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 Algumas doenças infecciosas como a meningite, encefalite, tumores, acidente
vascular cerebral.
 Efeito secundário a um medicamento.
 Intoxicação por medicamentos.
 Traumatismo da cabeça.
 Febre, convulsão que surge geralmente em crianças até cerca dos 5 anos,
desencadeada pela subida da temperatura. Este tipo de convulsão não está
associada a doenças do cérebro e nem deixa sequelas.
 Estímulo visual e/ou auditivo.

Uma pessoa que tenha apresentado uma crise convulsiva, não implica que sofra
de epilepsia. É necessário realizar vários exames para se afirmar que uma pessoa tem
epilepsia.

Diagnóstico

O diagnóstico tem como objectivo identificar a causa e tipo de crise. O médico


faz o diagnóstico com base nos sinais e sintomas descritos pela pessoa ou por quem
presenciou, exame físico e neurológico e análises ao sangue. Para confirmar ou
descartar o diagnóstico, o médico recorre a outros exames como a tomografia axial
computorizada (TAC), electroencefalograma (EEG), cintigrafia cerebral, ressonância
magnética, etc.

Tratamento

Na convulsão por febre, hipoglicémia, hipocaliémia, hipomagnesémia e hipóxia o


tratamento é essencialmente dirigido à correcção da causa, e secundariamente na
administração de medicamentos anti–convulsivantes e anti-inflamatórios. Após a
primeira semana de vida as infecções e problemas genéticos são as principais causas de
convulsão.

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Como atuar

- A pessoa que está presente com a pessoa deve tentar manter a calma.

- Garantir a segurança da pessoa ao afastar objectos e pessoas curiosas. Se a


pessoa sofreu um acidente de viação, não deve ser retirada do local porque pode ter
lesões e pôr em risco a vida da vítima, se for movida inadequadamente. Nesta situação
deve ser colocada uma sinalização no local do acidente, enquanto não chega a polícia e
bombeiros.

- Chame ou mande alguém ligar para os bombeiros e informar sobre a situação da


vítima - crise convulsiva, se respira ou não e se está consciente.

- Não deixar curiosos tocar na vítima e impedir que imobilizem os braços e as pernas
desta.

- Se a pessoa estiver com movimentos da cabeça, esta deve ser protegida colocando por
baixo uma peça de roupa ou a mão de outra pessoa.

- Se houver encerramento dos dentes, não se deve tentar abrir a boca nem colocar a
mão ou objectos na boca.

- Devido ao aumento da saliva e caso seja possível, lateralizar a cabeça para drenar a
saliva, diminuindo a probabilidade de entrar saliva para os pulmões.

- Depois da crise convulsiva, é normal as pessoas sentirem fadiga pelo não é perigoso
esta dormir enquanto não chegam os bombeiros.

- Não dar medicamentos porque o reflexo de engolir (deglutição) pode não estar
recuperado e a pessoa engasgar-se.

- Nas crianças a febre pode provocar convulsões. Não se deve dar xarope pelo motivo
descrito anteriormente. Pode ser administrado, após a convulsão, um supositório para
baixar a febre, dar um banho com água morna e de seguida levar ao médico.

- Reduzir ao máximo o barulho e a luz porque podem estimular os sintomas durante a


crise.

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- Após a convulsão, se a pessoa estiver a respirar, esta pode ser colocada em posição
lateral de segurança.

Sempre que se presencia uma crise convulsiva, deve-se registar o tempo de


duração da convulsão, se houve algum factor desencadeante, as características da crise
no início, durante e após, estado de consciência, se houve fase tónica e clónica e se
houve incontinência. São dados importantes para os profissionais de saúde.

OBSTETRÍCIA – Emergências Obstétricas

Parte da medicina que trata da mulher gestante, da fecundação ao puérpero,


período pós-parto, dividida em três fases:

 Gravidez: período que abrange desde a concepção ao trabalho de parto.


 Parto: período em que a criança e a placenta são explicadas do corpo.
 Peuérpero: quando os órgãos de reprodução recuperam suas formas e tamanhos
naturais. É o pós-parto.

Estruturas da Gravidez

Algumas estruturas do corpo humano são próprias da gravidez, formadas


somente no período gestacional, juntamente com o feto. São elas:

 Âmnio ou bolsa d´água: é um “saco” fino, transparente, que contém o líquido


amniótico, que mantém o feto flutuando. Suas principais funções são proteger o
feto contra traumas, permitir sua movimentação e servir como um isolante térmico
para o feto.
 Placenta: é uma estrutura que se forma no terceiro mês de gestação, possui ramos
estruturados destinados a nutrir o feto com alimentos e oxigênio.
 Cordão umbilical: une a placenta ao feto. Constituído de duas artérias e uma veia de
calibre grosso, enroladas uma na outra, com aspecto de um cordão mesmo.

Definições:
- Gestação normal corresponde a 40 semanas, de 38 a 42 semanas.
- Feto a termo é aquele nascido entre 38 a 42 semanas.
- Abortamento é termino de sua gravidez antes de 20 semanas.

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- Prematuridade extrema é quando o feto nasce entre 20 a 28 semanas.
- Prematuridade é aquele feto nascido de 28 a 38 semanas incompletas.
- Primaras são as gestantes que parem pela primeira vez.
- Multíparas mais de uma gestação.

Situação e apresentação fetal:


Por representarem mais de 90% dos partos vamos nos
ter aqui a situação longitudinal, ou seja, com feto acompanhando
o eixo craniocaudal do útero materno, e a apresentação cefálica
onde a cabeça fetal está inferior, localizada na bacia óssea
materna, e será o primeiro pólo a ser expulso no trabalho de parto
(coroamento).

Assistência ao Parto:
Compreende basicamente em quatro fases principais:

DILATAÇÃO;
- Contrações uterinas de 5 em 5 minutos com duração de
aproximadamente 30 segundos.
- Duração média é de 12 horas nas primíparas e 7 horas
nas multíparas.
- O pólo cefálico força a dilatação do colo uterino materno.

EXPULSÃO:
- Sua duração é de aproximadamente de 50 minutos na primíparas e de 20 minutos nas
multíparas.
- Corresponde ao desprendimento do feto.
- Coloca-se a parturiente na posição deitada, com as pernas dobradas sobre o quadril e
os joelhos flertidos.
- Deve-se observar o períneo e a limpeza da gestante.
- Acompanha-se como expectante a saída do feto auxiliando
nas manobras para o nascimento.
- Aspira-se ou limpa as vias aéreas do recém-nascido e aguarde
o choro caso não ocorra é necessário estimular a respiração do bebê.

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- Aguarde o cordão umbilical parar de pulsar e depois clampear,
deve-se cortar a uma distância de aproximadamente um palmo
do abdome do recém-nascido.
- Deve-se aquecer o RN e coloca-lo junto à mãe.

SECUNDAMENTO:

- Ocorre após o nascimento do feto, e se caracteriza pelo deslocamento, descida e


expulsão da placenta e anexos para fora das vias genitais, sua duração é muito
variável e sua perda sanguínea é em torno de 300 a 500 ml.
- Após a descida da placenta deve-se leva-la a maternidade junto com a mãe e o RN
para avaliação médica.

PÓS-PARTO IMEDIATO:

- Caracteriza-se por várias alterações anatômicas que visam à regressão das


modificações do organismo materno frente a gravidez.
- Deve-se preocupar com possíveis sangramentos, caso presentes utilizar técnica
de hemostasia por tamponamento.
- Monitorar sinais vitais da mãe e bebê.

RISCOS E COMPLICAÇÕES:

Antes, durante e depois do parto:


- Adolescente ou mulher acima de 35 anos;
- Primeira gravidez ou mais de cinco gestações;
- Sangramento no pré-parto;
- Diabete;
- História de convulsões;
- Ruptura prematura de membrana (bolsa dӇgua);
- Trauma;
- Apresentação pélvica ou de membros do feto;
- Dor abdominal intensa da gestante;
- Gestante em parada Cardiorespiratória;
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- RN em Parada Cardiorespiratória;
- Saída de liquido esverdeado;

ADVERTÊNCIAS
A gestante no último trimestre não deve
ficar em decúbito dorsal, devido ao grande
volume do útero que comprime a veia cava
diminuindo o retorno venoso causando
hipotensão e choque.
Lembrar que se tratam de duas vítimas
ao invés de uma e que a gravidade das lesões
maternas não determinam somente a
sobrevida materna como também a fetal.

MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

• Monitor cardíaco;
• Eletrocardiógrafo;
• Respirador mecânico;
• Bomba de infusão
• Cama fowler
• Carro de emergência;
• Material para entubação endotraqueal

ADULTO/ INFANTIL/ NEONATAL;

• Oxímetro de pulso;
• Conjunto de nebulização em máscara;
• Conjunto padronizado de beira de leito:
• |Termômetro;
• Esfigmomanômetro;
• Estetoscópio;

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• Ambú com máscara.

CILINDROS DE OXIGÊNIO (TRANSPORTE)

 Ventilador para transporte;


 Aspirador de secreções;
 Negatoscópio;
 Otoscópio;
 Máscara venturi com diferentes concentrações de gases;
 Pontos de oxigênio e ar comprimido medicinal com válvulas reguladoras de
pressão e pontos de vácuo para cada leito;
 Capacete para oxigênioterapia (pediátrico e neonatal);
 Incubadora para transporte;
 Fototerapia.

CARRINHO DE EMERGÊNCIA
MEDICAÇÕES:
 Gluconato de cálcio 10%
 Adrenalina 1mg/ml
 Furosemida 10mg/ml
 Amiodarona
 Noradrenalina 1mg/ml
 Aminofilina
 Solu-cortef 100 mg e 500 mg
 Atropina 0,5mg/ml
 Água destilada 10ml
 Bicarbonato de sódio 8,4%
 Xylocaína 2% s/a
 Cedilanide
 Solução fisiológica 0,9%
 Dopamina 50mg
 Solução glicosada 5%
 Glicose 50% (20ml)
 Solução glicosada 10%
 Glicose 25% (20ml)

MATERIAIS:

 Torneirinhas
 Seringas de 5ml,10ml e 20ml
 Cateter jelco números: 18,20,22 e 24.
 Equipos macrogotas e microgotas
 Equipo polifix

110
 Luvas de procedimentos
 Luvas cirúrgicas
 Micropore e esparadrapo
 Scalp 19 e 21
 Gazes
 Tábua para massagem cardíaca
 Laringoscópio e lâminas curvas e retas
 Pilhas novas
 Xylocaína gel
 Cateter de aspiração
 Sondas endotraqueais 7,5; 8,0 ;8,5 e 9,0.
 Sondas endotraqueais infantis
 Cadarço
 Cânulas de guedell adulto e infantil
 Ambú adulto e infantil
 Eletrodos
 Agulhas 40x12
 Agulhas 25x7
 Agulhas 25x8
 Agulhas 13x4,5

Ventilador mecânico (1/leito), desfibrilador / cardioversor aspirador fixo e móvel,


laringoscópio, ambú com máscara ligado a fonte de oxigênio (1/leito), monitor cardíaco
com alarmes e oxímetro de pulso, marca-passo externo, fontes de oxigênio, ar
comprimido e vácuo, aparelho de pressão e estetoscópio (1/leito), bombas de infusão,
foco fixo e móvel, carrinho de emergência, maca de transporte, mesa de exame e
auxiliares, bandejas de punção, drenagem, sala de repouso e observação próxima a sala
de emergência 8 a 10 leitos, separadas por biombo ou cortinas, unidade do paciente:
9m2 (adulto) e 5m2 (crianças) - devem ser separados.

TÉCNICAS DE TRANSPORTE DE PACIENTE

A decisão de transportar um paciente crítico deve ser baseada na avaliação dos


benefícios potenciais, ponderados contra os riscos potenciais. A razão básica para o

111
transporte do paciente crítico é a necessidade de cuidados adicionais (tecnologia e/ou
especialistas), não disponíveis no local onde o paciente se encontra.

O transporte pode ser intra ou inter-hospitalar.

O transporte intra-hospitalar é necessário para a realização de testes diagnósticos


(tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética, angiografias, etc), para
intervenções terapêuticas (como para o Centro Cirúrgico) ou para a internação em
Unidades de Terapia Intensiva. O transporte inter-hospitalar é realizado sempre que se
necessite de maiores recursos humanos, diagnósticos, terapêuticos e de suporte
avançado de vida, que não estão presentes no hospital de origem.

O transporte do paciente crítico sempre envolve uma série de riscos ao paciente,


sendo que o problema mais comum é a falha no controle das funções
cardiorrespiratórias, resultando em instabilidade fisiológica, com prejuízo da oxigenação
tecidual, o que pode trazer sérias consequências.

Podem ainda ocorrer outras alterações, tais como hipertensão severa, arritmias,
obstrução aérea, entre várias outras.

O risco ao paciente, durante o transporte, pode ser minimizado através de um


planejamento cuidadoso, qualificação do pessoal responsável pelo transporte e seleção
de equipamentos adequados.

Não deve haver nenhum momento, no transporte, sem monitorização ou


manutenção das funções vitais do paciente.

Os equipamentos disponíveis e o nível de prática dos recursos humanos devem


ser iguais às intervenções requeridas ou antecipadas para o paciente.

Dependendo das características de cada hospital, pode-se optar pela presença de


uma equipe de transporte especializada, tanto para o transporte intra, quanto
interhospitalar.

112
FASE PREPARATÓRIA PARA O TRANSPORTE
Coordenação e Comunicação pré-transporte

Avaliar a gravidade e a condição atual do paciente e promover a melhor


estabilidade cardiorrespiratória possível.

Certificar-se de que o local de destino esteja pronto para receber o paciente e que
o elevador o espera no andar.

Se o paciente for transportado por uma outra equipe, informar sobre suas
condições gerais, tratamento instituído pré-transporte, e estimar suas necessidades pós-
transporte (tipo e modo ventilação, uso de drogas, etc.).

Documentar, no prontuário médico, as indicações para o transporte e o estado


do paciente durante o transporte.

EQUIPE DE TRANSPORTE

O número de pessoas que participarão do transporte depende da gravidade da


doença e da complexidade e do número de equipamentos exigidos. Um mínimo de
duas pessoas é o necessário, pessoas capazes de providenciar suporte de vias aéreas e
que saibam interpretar possíveis alterações cardiovasculares e respiratórias que,
porventura, ocorram no decorrer do transporte.

Podem fazer parte da equipe de transporte: o enfermeiro, o médico, os auxiliares


e técnicos de enfermagem e o fisioterapeuta.

O médico deve acompanhar o transporte intrahospitalar daqueles pacientes com


o estado fisiológico instável e que podem precisar de intervenções agudas que estão
além da capacidade técnica do enfermeiro, sendo obrigatória a sua presença nas
seguintes situações:

 Pacientes com via aérea artificial (intubaçãoendotraqueal, Crico/traqueostomia);


 Instabilidade hemodinâmica;
 Uso de drogas vasoativas;

113
 Presença de monitorização invasiva, tais como o uso de cateter de artéria pulmonar
(SwanGanz), pressão intracraniana (PIC), pressão arterial invasiva, cateter no bulbo
da veia jugular.

Alguns serviços médicos possuem uma equipe de transporte intra e inter-


hospitalar fixa, enquanto outros não possuem equipes fixas, sendo formada a partir de
médicos, enfermeiros e auxilares de enfermagem que se encontram no período de
trabalho em que vai ocorrer o transporte. Algumas instituições médicas possuem
protocolos de transporte intra-hospitalar que incluem o médico em todos os tipos de
transporte.

EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS PARA O TRANSPORTE

É fundamental avaliar a necessidade de transportar os equipamentos especiais


para cada paciente a ser transportado, a fim de evitar sua falta longe do local de origem,
onde os mesmos podem não estar disponíveis.

A seguir, comentam-se os cuidados principais a serem tomados em vários itens


durante o transporte.

• Tubo endotraqueal: assegurar que a fixa-ção esteja adequada.

• AMBU: conectado ao cilindro de oxigênio: o cilindro de oxigênio pode estar


acoplado à maca de transporte ou em carrinho manual, que deve acompanhar a maca
no transporte.

FASE DE TRANSFERÊNCIA

O paciente que está sendo transportado deve receber, durante o transporte,


monitorização das funções vitais semelhante àquela usada na UTI, se for
tecnologicamente possível.

Para o transporte inter-hospitalar, é obrigatória a comunicação telefônica à


regulação médica ou diretamente ao hospital que vai receber o paciente.

114
A remoção do paciente é responsabilidade médica e envolve aspectos de ordem
logística, técnica,operacional, financeira, legal e ética, tornando esseato médico muito
complexo.

O transporte não deve comprometer o prognóstico do paciente. A ressuscitação


e a estabilização cardiovascular e pulmonar devem começar no hospital que está
encaminhando o paciente, se bem que, às vezes, a estabilização hemodinâmica só é
possível através de cirurgia, no hospital que vai recebê-lo. Quando houver necessidade,
a equipe deverá permanecer no local de origem, estabilizando o paciente, para que seja
possível a sua locomoção mais segura.

O transporte inter-hospitalar faz-se necessário, quando o hospital onde se


encontra o paciente não tem recursos humanos, diagnósticos e terapêuticos,
necessários para tal paciente.

A decisão para a transferência do paciente é responsabilidade do médico que o


está atendendo.

Para o transporte inter-hospitalar, é obrigatória a comunicação telefônica à


regulação médica ou diretamente ao hospital que vai receber o paciente.

O transporte não deve comprometer o prognóstico do paciente. A ressuscitação


e a estabilização cardiovascular e pulmonar devem começar no hospital que está
encaminhando o paciente, se bem que, às vezes, a estabilização hemodinâmica só é
possível através de cirurgia, no hospital que vai recebê-lo. Quando houver necessidade,
a equipe deverá permanecer no local de origem, estabilizando o paciente, para que seja
possível a sua locomoção mais segura.

Para evitar problemas, o paciente consciente e orientado ou o representante


legal de paciente não orientado devem dar o consentimento antes do transporte inter-
hospitalar. Tal prática deve incluir a apresentação dos riscos versus benefícios do
transporte e a sua documentação no prontuário médico, sendo assinado o
consentimento. Se as circunstâncias não permitem o consentimento informado, a
indicação para o transporte e as razões da não obtenção do consentimento devem
constar no prontuário médico.

115
A decisão de transportar o paciente necessita da análise dos vários fatores
relacionados a seguir:

 Indicação do transporte;
 Patologia de base e condições médicas associadas;
 Treinamento da equipe de transporte;
 Material e equipamentos disponíveis na unidade de transporte;
 Pesar o risco / benefício do transporte para o paciente;
 Tempo de transporte;
 Distância;
 Recursos do local de origem e do local de destino;
 Possibilidade de complicações durante o transporte;
 Condições do trajeto a ser percorrido (trânsito, metereologia, etc);
 Avaliação dos possíveis fatores de estresse durante o transporte: ruídos, vibrações,
forças acelerativas, variações da luminosidade e temperatura ambiente;
 Considerações éticas;
 Recursos financeiros para a viabilização do transporte.

RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO

Atualmente, todos os setores da vida exigem trabalho em grupo, o homem já


não pode trabalhar sozinho. A divisão do trabalho cada vez maior torna o dia a dia da
empresa mais dependente do grupo, e dos indivíduos que o compõe.

Os problemas de relacionamento se encontram, na maioria das vezes, onde


pessoas diferentes trabalham diariamente juntas, e uma boa comunicação e
cooperação são fatores essenciais para a realização das relações humanas.

Para se chegar a solução dos problemas de relações humanas foi preciso fazer
experiências, como a de Elton Mayo, que ligou a produtividade à satisfação dos
trabalhadores mudando o ambiente de trabalho e conhecendo cada individuo. Isso fez
com que ele chegasse à conclusão de que os indivíduos não podem ser tratados
isoladamente, mas sim como um grupo.

116
O objetivo de cada individuo é o bem-estar, já o da empresa é a eficiência, e isso
acaba gerando conflitos, portanto, a função dela é estabelecer um equilíbrio entre a
produtividade e a satisfação dos trabalhadores.

 As seis palavras mais importantes: “ADMITO QUE O ERRO FOI MEU”


 As cinco palavras mais importantes: “VOCÊ FEZ UM BOM TRABALHO”
 As quatro palavras mais importantes: “QUAL A SUA OPINIÃO”
 As três palavras mais importantes: “FAÇA O FAVOR”
 As duas palavras mais importantes: "MUITO OBRIGADO"
 A palavra mais importante: "NÓS"

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BIBLIOGRAFIA

- ANA MARIA, Saberes e Práticas. Ed. 4ª. Difusa. São Caetano do Sul. 2008.

- S.O.S Cuidados de Enfermagem.Ed, 1ª, Ridel. São Paulo.2002.

- VIRGÍNIO Helena. O Hospital – Manual do Ambiente Hospitalar.Ed. 11ª, difusa, São


Paulo 2008.

- LIMA; IDELMINA. Manual do Técnico e Auxiliar de Enfermagem.Ed. 8ª, Edit. AB,


Goiânia, 2007.

CRISTINA NÍVEA, MOREIRA SANTOS, Urgência e Emergência para Enfermagem. Ed. 8ª,
Edit. Iátria, 2011 atualizada.

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