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Introdução

ao Texto
Acadêmico
Interpretação da
Literatura
Prof.ª Dr.ª Silvana Silva
Conceito
A revisão da Literatura é o momento em
que você situa seu trabalho em relação a
uma série de trabalhos anteriores.
Não há uma padronização sobre um
número considerado ‘ideal’ de referências.
Em geral, observamos três (3) autores,
no mínimo, citados em torno do tópico/
objetivo da pesquisa.

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Funções
1. Reconhecer e dar crédito à criação intelectual
de uma determinada cultura disciplinar;
2. Indicar que se qualifica como membro de uma
cultura disciplinar através da familiaridade com a
produção do conhecimento da área;
3. Abrir espaço para estabelecer novas pesqui-
sas;
4. Emprestar a um texto uma voz de autoridade
intelectual;

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Estrutura Retórica
Movimentos
1. Estabelecer interesse profissional no tópico

2. Fazer generalizações sobre o tópico

3. Citar o objetivo do estudo

4. Citar pesquisas prévias

5. Estender pesquisas prévias

6. Contra-argumentar pesquisas prévias

7. Indicar lacunas em pesquisas prévias

8. Resumir ou situar ao leitor a pesquisa pré-


via mais relevante para o objetivo da pesquisa

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Procedimentos
discursivos
- Definição (de conceitos, de
comportamentos, de pesquisas)
- Comparação
- Questionamento
- Citação
- Acumulação (de argumentos)

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Descrição linguística da
revisão da literatura
Construção da polifonia linguística para atingir a
autoridade intelectual, pelo:

a) Uso das vozes dos discursos direto,


indireto e indireto livre)
b) Debate interno entre vozes
c) Confirmação ou refutação (parcial ou
total) de pressupostos de alguns autores

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Tipos de citação
Citação direta: Dodson (1985, p. 14)
afirma que “.....”
Citação indireta: Há várias teorias sobre
Administração (Crane, 1997).
Citação condicional: Segundo indicado
por Stuart (1999), é necessário observar
que...

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Verbos de atitude
de investigador
1. Verbos de procedimento: categorizar, conduzir, com-
parar, investigar, analisar, discutir.

2. Verbos de objetividade: obter resultado, mostrar, en-


contrar

3. Verbos de efeito: mostrar, demonstrar, revelar

4. Verbos de qualificação: chamar atenção, levantar a


questão;

5. Verbos de incerteza: estimar, hipotetizar, predizer,


propor

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Verbos de atitude
de investigador
6. Verbos de argumentação: apresenta, suporta, oferece
evidência, fornece dados, conclui

7. Verbos de informação: refere, nota, reporta, docu-


menta

8. Verbos de atitude cognitiva: acredita, pensa, focaliza,


interpreta

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Encadeamento frasal e
argumentação
“Todo enunciado faz alusão à sua enunciação: des-
de que se fala, fala-se de sua fala. (...) Essa hipótese
pode desempenhar um grande papel na descrição
dos encadeamentos de enunciados que constituem
o discurso. É interessante, para compreender que
dois enunciados sucessivos são ligados um com o
outro, admitir que sua relação semântica concer-
ne não às informações que eles comunicam relati-
vamente aos eventos do mundo, mas a este evento
particular que constitui sua enunciação, vista atra-
vés da imagem que dela dá o sentido do enunciado”
(Ducrot, 1980, sobre a polifonia)
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Operadores
argumentativos
Na passagem de uma frase a outra, é
possível ver elementos de transição,
pequenas ‘pistas’ ou instruções
gramaticais que nos possibilitam ver
o discurso por baixo do discurso, o
ponto de vista do locutor ou escritor,
sua orientação discursiva. Essas
instruções são dadas por operadores
argumentativos.

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Conectores como
operadores argumentativos
Existem operadores que encaminham a ar-
gumentação do argumento mais forte para
o mais fraco, deixando subentendido a exis-
tência de outros, mais fortes: ao menos, no
mínimo.
Existem operadores que encaminham a ar-
gumentação do argumento mais fraco para
o mais forte, deixando subentendido o ar-
gumento fraco já seria suficiente para enun-
ciar: mesmo, até, inclusive.

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Conectores como
operadores argumentativos
Alguns operadores que introduzem de ma-
neira, subreptícia, um argumento decisivo,
apresentando-o a título de ‘lambuja’, como
se fosse desnecessário: aliás, além do mais.
Alguns operadores marcam oposição de ele-
mentos semânticos de forma explícita ou im-
plícita: mas, porém, contudo, embora, etc.

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Exemplos de operadores
com relação implícita:
Ele é bom jogador de futebol mas
inteligente.

Ela é bonita mas inteligente.


Conectores como
operadores argumentativos
Alguns operadores esclarecem, modalizam a
afirmação anterior, tendo função de a justa-
mento enunciativo. Algumas vezes tem tam-
bém um argumento mais forte no sentido de
uma determinada conclusão: isto é, quer di-
zer, de fato.
Alguns operadores encaminham para uma
afirmação plena (tudo, todos) ou de nega-
ção plena (nada, nenhum).

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Atividade: análise de
revisão da literatura
Escolha 3 artigos de um mesmo tema;

Responda às questões:

1) Dentro de cada revisão de cada artigo, os autores têm a seguin-


te atitude em relação aos autores citados:

a) confronto,

b) complementação ou

c) repetição?

2) Quais as etapas da estrutura retórica de cada artigo?

3) Quais os recursos de cada artigo (discurso direto e/ou discurso


indireto)?

4) Como é o uso dos operadores argumentativos (exagerado, mo-


derado, sutil)?

Responda e justifique: qual o melhor artigo? Utilize as três pergun-


tas acima para tomar a sua decisão. Se necessário, faça uma tabela
para que você a judá-lo a tomar a decisão.

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Referência
Bibliográfica
CHARAUDEAU, Patrick. Linguagem e
Discurso. São Paulo: Contexto, 2008.
KOCH, Ingedore. Argumentação e
Linguagem. Rio de Janeiro: Cortez, 2001.
MOTTA-ROTH, Desirée. Redação
acadêmica. Santa Maria: UFSM, 2001

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