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PARADOXOS DO PÓS-MODERNO

Nizia Vil/aça

UFRJ
Reitor Paulo Alcantara Gomes
Vice-reitor José Henrique Vilhena de Paiva
Coordenadora do Fotum
de Ciência e Cultura Myrian Dauelsberg

EDITORA UFRJ
Diretora Heloisa Buarque de Hollanda
Editora-assis/ente Lucia Canedo
Coordenadora de produção Ana Carreiro

Conselho Editorial Heloisa Buarque de Hollanda (presidente)


Carlos Lessa, Fernando Lobo Carneiro,
Flora Süssekind, Gilberto Velho,
Margarida de Souza Neves
Copyrlght o by Nizia Villaça
Ficha Calalográfica elaborada pela Divisão de Processamenlo Técnico - SIBI/UFRj

V712p Villaça, Nizia


Paradoxos do pós-moderno: sujeito & ficção
SUMÁRIO
Rio de janeiro: Edilora UFRj, 1996.
228p.; 13 X 19 cm
1. literatura brasileira contemporânea I. Título

(00869
ISBN 85-7508-166-2
INTRODUÇÃO 7
Capa
Ana Carla Cozendey APELOS E APELAÇÕES DO CONTEMPORÃNEO 13
Revisão
Cecília Moreira
NOVAS SUBJETIVIDADES 33
TatianaTeixeira
Projeto Gráfico
janise Ouarte ARTICULAÇÕES/DESARTICULAÇÕES 59
Editoração Eletrônica
janise Ouarte A FiCÇÃO CONTEMPORÂNEA E A ESTÉTICA DO SIMULACRO 71
Universidade Federal do Rio de janeiro
Forum de Ciência e Cultura o MICRORREALlSMO DO MíNIMO EU 101
Editora UFRj
Av. Pasteur, 250/sala 106 - Rio de janeiro o OLHAR BARROCO 11 9
CEP: 22.295-900
Tel.: (021)295-1595 r.124 a 127
Fax: (021) 542-3899 OS PARADOXOS DO CONTEMPORÂNEO 157

Apoio: DESCONCLUINDO 223


t Fundação Universitária José Bonifácio
INTRODUÇÃO

Este trabalho, que se preocupa em percorrer um trajeto


prático/teórico, pretende ser uma contribuição para a discus-
são da poética do contemporâneo, do posmoderno'. tendo
como horizonte a modernidade em geral e o modernismo em
particular. Insere-se na discussão mais ampla da crise da
representação, da crise do sujeito, reconhecendo o momento
atual como o da problematização, mais do que da negação,
de todos os modelos e parâmetros. Opção pela multiplicidade
de paradigmas, pelos paradoxos, pelas micro-abordagens em
substituição à ortodoxia, aos macro-diagnósticos, às totali-
zações provenientes do desejo característico do racionalismo
que orientou predominantemente o paradigma do saber no
ocidente.
No enfoque do espaço ficcional, necessariamente enreda-
do nestas questões, serão enfatizadas a dissolução dos pares
apositivos próprios ao pensamento centrado, a percepção de
novos desenhos nas estruturas ou nos hiatos deixados pelo
abalo ou derrubada da barra distintiva e a questão da pos-
sibilidade de um novo paradigma.
linda Hutcheon, sugestivamente, mantém o termo posrno- nha identidade fixa de direitos e deveres, liberdade para
derno, que muitos consideram desgastado, e recoloca a ques- empreender, autoridade para impor a lei, disciplina para
tão, revê os limites e as possibilidades do lugar de onde esta produzir moral idade, para instituir tribunais. Indivíduo como
fala surge, reproblematizando o entendimento deste período centro da razão, da energia, executor da História. Enfim,
consciente de si e, a partir disto, produtor de antinomias.
e de suas produções. Para a autora, o posmoderno não inau-
Ao relacionar alguns tipos de subjetividade que freqüen-
guraria um novo paradigma. Seria apenas, e fundamental-
tam a literatura brasileira contemporânea, não pretendo fazer
mente, a interiorização das perguntas sobre as condições das
distinções rígidas ou hierarquizar posturas no sentido do
questões que atravessam a contemporaneidade (subjetivida-
moderno ou do contemporâneo, mas apontar pistas, movi-
de, referência, representação, verdade), questões que, para a
mentos pontuais de diferenciação, o que não corresponde a
autora, estão longe de terem sido ultrapassadas pelos teóricos
uma concepção de diferença enquanto outridade, que levaria
pós-estruturalistas ou pelos adeptos de uma pós-metafísica.
ao autoritarismo e exclusivismo, nem de diferença enquanto
Ainda dentro do universo da representação, Linda Hutcheon
ponto de vista, que levaria por sua vez ao relativismo. Nos
aponta como tarefa posmoderna o posicionamento provisó-
dois casos, nota-se a presença da verdade como referência.
rio, a aceitação da contradição, a discussão das fronteiras Pretendo, ao contrário, pensar em torno da questão: o
entre os diversos campos do saber e do fazer artísticos. que é escrever quando não é mais representar? O que se
O caráter paradoxal da posmodernidade é sempre mais narra quando, paradoxalmente, não se pode narrar? Numa
nítido, situado dentro e fora da cultura dominante, sem poder época em que tudo está nos computadores à espera de
negar a cultura capitalista de massa ou afirmar a ultrapassa- utilização, em que a escolha é total e fatal, impossível privi-
gem da arte humanista liberal. legiar qualquer tipo de enfoque narrativo. Ele convive ou não
A literatura, e mais especificamente o lugar do narrador com outros, dependendo do pacto de leitura do texto com o
na organização do universo ficcional, parece-me um campo leitor. São os diferentes pactos e retóricas que tentaremos
privilegiado para o aparecimento das brechas, falhas e atomi- pontuar, e não a valorização desta ou daquela postura
zações que, desde há muito, ameaçam o projeto da subjeti- existencial, desta ou daquela visão narrativa num olhar de
vidade como totalização, projeto iluminista de emancipação viés mimético.
do indivíduo, que teve no capitalismo liberal seu agente Trabalhar a questão da subjetividade textual é trabalhar a
econômico, no humanismo seu perfil cultural, e no sujeito direção e a distância impressas pelo narrador no mundo narrado,
como fundamento sua face filosófica, como bem acentuou na construção das personagens, na estrutura espaço-tempo-
Jair Ferreira dos Santos'. O individualismo burguês pressupu- ral, na ambivalência narrativo-enunciativa da escritura.

Introdução
I'I\KAIJOXOS DO I·ÓS·MOIJERNO

/I 9
Num momento de crise de representação, o escrever e a Após o que chamaríamos de um balanço do contemporâ-
figuração do sujeito e do objeto oscilam incessantemente IU"O, seus apelos modernos e posmodernos, fazemos a leitura
entre o estímulo de criar, inventar, e o vazio e a impotência, ri!' alguns tipos de subjetividade na ficção contemporânea e
ao sabor da exacerbação crítica de tipo niilista, ou do sau- ~u.1s implicações, a partir de um tratamento transdisciplinar.
dosismo de tipo conservador. Há ainda o trânsito na indiferen- I ),1 reflexão sobre os modos de narrar que freqüentam a
ciação de uma visão transestética, onde a arte desaparece ( ontemporaneidade, sobre o tipo de saber possuído por aque-
como pacto simbólico, na impossibilidade de distinguir-se da lt' ou aqueles que narram, seu maior ou menor controle do
produção de outros valores culturais. Fim do padrão-ouro do universo ficcional, sobre a estrutura actancial, a distribuição
julgamento, do prazer estético. espacial, a ordem temporal, enfim, sobre a estética do olhar,
Tentei articular a visão do narrador, como é tratada na procuramos inferir que ficções a respeito da subjetividade, a
teoria literária, com alguns tipos de subjetividade que fre- respeito da relação homem/mundo, freqüentam esta ou aque-
qüentam as discussões acadêmicas ou os media sem que a la obra. Oerrida nos ofereceu pistas ao falar da solidariedade
importação destes saberes descaracterizasse a especificidade sistemática de certos conceitos e idéias como objetividade,
dos textos abordados. verdade, ideal idade e outros, apontando para uma matriz
Fala-se em sujeito fraco, sujeito plural, máscaras do comum: a metafísica de presença, que teria marcado de
sujeito, sujeitos tribais, no indivíduo sem sujeito, no eu várias formas a produção literária através dos tempos.
mínimo, no sujeito como produção, no quase-sujeito e, pa- A escolha das obras estudadas obedeceu a critérios de
ralelamente, na queda dos grandes relatos, massificação, diversas ordens, havendo como preocupação central que fossem
indiferenciação, simulacro e sedução. É neste aparente pertinentes para apontar algumas das tendências deste final
caos que procuro pistas para pensar as configurações de de milênio, que se esboça entre apocalíptico, niilista e
subjetividade na literatura dos anos 80 e início dos 90, esperançoso de uma nova política e uma nova ética.
período marcado por grandes mudanças nas relações sociais,
NOTAS
pela queda do modelo militar ditatorial e pela abertura po-
lítica. O caos não me parece um mau lugar para a reflexão, o uso do termo posmoderno sem hífen visa a acentuar o para-
doxo contido na terminologia escolhida para denominar inúme-
já que mesmo no campo das ciências exatas, mais precisa- ros campos do saber contemporâneo.
mente na física, a teoria dos fractais já encontra formas de Palestra Pós-Modernidade, mudanças na subjetividade, na série
medi-lo, fugindo à geometria euclidiana. de conferências realizada pela autora no Forum de Ciência e
Cultura, Rio de Janeiro, RJ - 1981.

I'AKADOXOS 1)0 PÓS.MODEKNO


Introdução
10
11
APELOS E APELAÇÕES
DO CONTEMPORÂNEO

nfim, ao ídolo do Progresso responde o ídolo da maldição do


Progresso, o que dá origem a dois lugares comuns.
Paul Valéry

Uma música dos Titãs mostra bem a dificuldade de se


pensar a modernidade, suas rupturas, suas continuidades, suas
designações: "O camelo e o dromedário". Brincando com a
distinção entre os dois ruminantes, os roqueiros levantam
diferenças óbvias como possuir uma ou duas corcovas, outras
menos vislveis e algumas inteiramente absurdas e aleatórias.
Ierminamos no impasse, na perplexidade, na indecidibilidade,
lugares que ameaçam os que querem estabelecer diferenças
rIgidas entre o moderno e o posmoderno.
Apesar deste perigo que nos ronda, não evitaremos as
referências ao período moderno e a seu projeto como pistas
para a leitura do que vem sendo chamado posmodernidade.
EXCESSOS E DÉFICITS DA MODERNI DADE: rognitivo/instrumental. Estas racional idades e princípios tran-
O PROJETO MODERNO sitaram de formas ao mesmo tempo peculiares e diversas. À
racionalidade estético-expressiva, articulando-se privilegia-
Embora pretendamos lançar um olhar sobre a "racionalidade"
darnente com o princípio da comunidade, caberia produzir
estético-expressiva dos anos 80 e 90, sobretudo no seu viés
literário, não podemos nos furtar a um rápido exame do projeto sentidos de identidade e comunhão. A racional idade moral e
prática se relacionaria ao princípio do Estado, dotado do
moderno e seu desenvolvimento em suas grandes linhas. A
idéia não é simplificar ou linearizar o pensamento, mas monopólio de produção e distribuição do direito. Por último,
tl racionalidade cognitivo/instrumental dependeria mais dire-
demonstrar que este projeto verdadeiramente nunca chegou
a se realizar para, em seguida, se esgotar. Uma das razões do tarnente do princípio do mercado com suas idéias de indivi-
entendimento achatado da modernidade é olhá-Ia de longe, dualidade e de concorrência, centrais ao desenvolvimento da
tendo como paradigma os países capitalistas centrais. Boaventura técnica e da ciência.
Souza Santos', em estudo sobre o fator social e o político na Entretanto, o projeto moderno ou da modernidade, justa-
transição posmoderna, traça esboço das grandes linhas do mente por sua riqueza e infinitas possibilidades, implicou
projeto, seus contendores e o desafio lançado a Portugal, seu concomitantemente em excessos e em déficits no cumprimen-
país de origem, considerado por ele como sem i-periférico. to de suas promessas. O excesso surgiu embutido no desejo
Penso que o Brasil é hoje alvo do mesmo desafio: estabelecer de compatibilização extremada com o objetivo de vincular o
os apelos e horizontes do projeto moderno, tendo como li- pilar da regulação ao da emancipação na busca da realização
mite o nosso momento histórico. global da vida coletiva e individual. Concentrou-se aí a tão
Ainda segundo Souza Santos, o projeto sóciocultural da falada utopia do projeto e sua falência, considerando que
modernidade, por sua complexidade, esteve sujeito a desen- ada um dos pilares continha simultaneamente o máximo
volvi mentos contraditórios, bastando para tanto o exame da desejo de cornpatibilização e uma máxima diferenciação
evolução de seus dois pilares fundamentais: o da regulação funcional.
e o da emancipação. O pilar da regulação, constituído pelo O projeto sóciocultural da modernidade, iniciado em
princípio do Estado (Hobbes), pelo do mercado (Lockel e pelo meados do século XVI, só a partir dos finais do XVIII começa
da comunidade (Rousseau), implodiu progressivamente por a testar seu cumprimento. O momento coincide com a emer-
suas contradições. Acrescentem-se a estas contradições aque- gência do capitalismo enquanto modo de produção dominan-
las contidas no pilar de emancipação com suas três lógicas te nos países da Europa por ocasião da primeira onda de
de racional idade: a estético/expressiva, a moral/prática e a industrialização. A periodização do processo histórico deste

PIIRIIDOXOS DO I'OS-MODERNO Ap el os e e p el e çô es do contemporâneo

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desenvolvimento não é tarefa simples, sobretudo porque as ciência/técnica), tornam cada vez mais difícil a articula-
datas do início do processo de industrialização nos diferentes ção entre elas e sua interpenetração na experiência do
países não coincidem. Não obstante, Souza Santos aponta Lebenswelt, como diria Haberrnas'.
três períodos:
Se isto fica patente na vinculação da ciência com o mercado,
Capitalismo liberal, compreendendo todo o século XIX.
na racionalização formal do direito e no elitismo da alta
Capitalismo organizado, a partir do final do século XIX até cultura, por outro lado o pilar de emancipação foi também,
as primeiras décadas depois da Segunda Guerra, fase também
neste período, o princípio organizador de manifestações que
chamada por outros autores de "monopolista de Estado".
usavam a global idade, como o idealismo romântico, o grande
Capitalismo desorganizado (tardio para alguns), referido à romance realista, os projetos socialistas radicais, buscando
contemporaneidade.
reconstruir o projeto pela realização dos ideais de autono-
Traçando os respectivos perfis, no primeiro período o projeto mia, identidade, solidariedade e subjetividade.
de modernidade surge como ambicioso e contraditório, as- Ao contrário deste primeiro período, cujo pecado foi o
sombrando o futuro com um déficit irreparável. A tentativa excesso, no segundo período, ou seja, no capitalismo orga-
de harmonizar os princípios do Estado, do Mercado e da nizado, busca-se eliminar os déficits por uma estratégia de
Comunidade decompõe-se no desenvolvimento sem prece- concentração/exclusão. É o máximo de especialização e
dentes do mercado, na atrofia quase total do princípio da
diferenciação funcional nos diferentes campos e o desejo
comunidade e no desenvolvimento ambíguo do Estado. De- de deixar de fora o que não pode ser compatibilizado. Po-
lineia-se o grande dualismo Estado/sociedade civil. Crescem liciam-se as fronteiras, evita-se a contaminação. A arte se
a legislação do Estado, as estruturas administrativas para fazer autonomiza, o Estado se separa mais do cidadão, articulando-
prosperar, contraditoriamente, o princípio do laissez-faire, se ao mercado. O capital industrial financeiro e comercial
que preconizava o mínimo de Estado.
concentra-se. Prol iferam os cartéis. Em troca, a sociedade se
O pilar da emancipação, segundo o autor, ainda é mais organiza em práticas de classe. Sindicatos e associações
ambíguo durante o capitalismo liberal:
patronais disputam o espaço político anteriormente negocia-
É certo que cada uma das três lógicas se desenvolve do entre os partidos burgueses e as 01 igarqu ias. Este processo
segundo processos de especialização e de diferenciação ameaçado por alguns momentos como a Revolução Russa
funcional tão bem analisados por Weber (1978)/ proces- , no nível estético-expressivo, os movimentos vanguardistas
sos que, ao mesmo tempo que garantem a maior auto- do princípio do século, manifestações que posteriormente
nomia a cada uma das esferas (arte/literatura/ética/direito/ foram liqüidadas pelos fascismos de direita e esquerda ou

~ARADOXOS DO PÓS-MODERNO Apl'lo< e apelações do contemporâneo


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absorvidas no cânone modernista, já que tentavam, na sua
maioria, a articulação arte/vida saindo da compartimentação Neste período de modernização, que se segue aos dois
dominante. primeiros a que chamaremos respectivamente modernidade e
Também o terceiro período, iniciado por volta dos anos modernismo, os processos sociais e políticos nacionais ce-
sessenta, assume suas características, e dele nos ocuparemos dem passo aos interesses dos países hegemônicos a reboque
especialmente em outros capítulos na exploração de suas da tecnologia e do primado da informação. Muniz Sodré! nos
múltiplas vias. Por enquanto ficamos nas linhas gerais apon- traça um retrato de como se instala a violência em países em
tadas para os demais períodos. O princípio do mercado, agora, que, como no Brasil, o processo de modernização convive
adquire sua maior força, extravasando do econômico e ten- com formas pré-modernas no nível econômico e sóciocultural.
tando colonizar tanto o princípio do Estado quanto o da L o Estado de violência como traço estrutural do modo de
comunidade. organização social implantado nos países terceiro-mundistas.
A Economia multinacional destrói a configuração espacial Sem querer atribuir à violência individual o estatuto de mera
do aparelho produtivo, e o princípio da comunidade modi- resposta a um Estado que não respeita as diferenças, o autor
fica-se paralelamente. As práticas de classe deixam de se discorre sobre a violência social, distinguindo o que chama
traduzir em políticas de classe e os partidos de esquerda de violência direta (uso da força, da repressão) da violência
perdem conteúdo ideológico. Surgem novas práticas de mobili- indireta embutida na confrontação entre diferentes modelos
zação social orientadas para reivindicações de tipo ecológico de socialização. Assim, na sociedade contemporânea, o
e pacifista. À descoberta de que o capitalismo produzia clas- modelo da socialidade irradiada vem substituindo o da
ses soma-se agora a de que também produz diferença sexual omunicação encadeada que funcionava de forma mais di-
e racial. Os discursos femininos, homossexuais, negros e das ferenciada e participativa. Quebram-se as antigas formas
minorias em geral crescem significativamente dentro de uma de representar, perde-se a unidade e a identidade em meio
engrenagem fabricante de diferenças. Cresce o desregramento
à simulação geral, em meio à circulação de teletecnologias
global de vida econômica, social e política. Discute-se a
militares ou industriais, gerando efeitos de velocidade sem
possibilidade de um paradigma qualquer, a possibilidade de
parâmetros a que já fazia referência Paul Virilio.
qualquer classificação. Convive-se com o excesso de escolha
Diferentemente da postura radical de um Baudrillard,
c a eliminação da capacidade de escolher.
apóstolo de total perda de controle na atomização geral, na
Ao fim dos monopólios da interpretação (família, Igreja e
proliferação cancerígena dos modelos de tipo protéico, Muniz
Estado) entra-se na crise da interpretação, na crise da possi-
bi Iidade de representar. Sodré chama atenção para os focos de resistência sutis que
se instalam, forçando os mecanismos de irradiação a buscar

I'I\RAI>OXOS DO I'()S-MOIHRNO
1/1 Apelo s e apelações do c o n t em p orê n eo

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uma hibridação com a alteridade de modo a manter uma boa ni\ltllizado sob a rubrica que já começa a cansar. Se a marca,
performance. A estética do grotesco funcionaria neste senti- a grife, já morreu, como tantas outras mortes e ressurreições
do, por procurar hibridar o modelo de modernização primei- 11(' nosso contemporâneo (ideologia, história, sexualidade,
ro-mundista com formas periféricas pré-modernas. Evita-se sujeite), os sentidos que ela é capaz de abrigar e suscitar
assim a rejeição do transplante dos referenciais primeiro-
1'\1.10 aí e por isso, e por certa comodidade, falaremos ainda
mundistas e a artificialidade de seu deslocamento aleatório.
d(' posmoderno e posmodernidade, admitindo, com Antoine
É neste horizonte, na linha que vai do niilismo à esperança,
( ompagnon, o caráter paradoxal contido na nomenclatura.
da indiferenciação às reconfigurações, que se instala o que
"Há um paradoxo flagrante do pós-moderno que preten-
vem sendo chamado de produção posmoderna nos mais di-
de acabar com o moderno e que, rompendo com ele, repro-
versos campos do saber e das artes.
du/ a operação moderna por excelência: a ruptura."
Também neste caminho de não abrir mão do espírito crítico,
A polêmica em torno do assunto aumentou consideravel-
apesar de toda a aceleração e complexidade do contempo-
râneo, estão Alain Touraine e David Harvey. O primeiro chama mente nos anos 80 e hoje planetarizou-se e vulgarizou-se. As
a atenção para o fato de que a modernidade não pode ser idéias estão em órbita ou, quem sabe, exorbitaram.
apenas identificada com o excesso de racionalização. Lembra As discussões inicialmente trabalharam repetidamente a
que é neste mesmo momento que, na trilha aberta por Nietzsche questão da existência ou não de ruptura com o período moderno
e Freud, o sujeito é chamado a se situar como lugar de defesa (até finais de 50), havendo a este respeito tanto a aceitação
da liberdade contra os radicalismos de esquerda ou direita. quanto a negação do corte, posturas otimistas ou apocalípticas.
Aos pólos de racionalização une-se, pois, contraditoriamen- A visão da posmodernidade como ruptura é defendida a
te, o da subjetivação'. David Harvey, em seu neo-marxismo, parti r de filosófos e sociólogos como Lyotard, Baudri lIard,
também insiste na manutenção da análise crítica por parte de [arneson, Maffesoli, sem falar daqueles que, não se ocupando
um sujeito reflexivo, apesar das dificuldades advindas da diretamente da questão, foram adotados pelos adeptos da
compressão do espaço/tempo contemporâneos'. posmodernidade: Heidegger, Nietzsche, Deleuze, Foucault e
Derrida, pela maneira como efetuam a leitura da modernidade
A MARCA E O PRODUTO POSMODERNOS enquanto crítica da razão, crítica da moral, vistas como ins-
O termo "posmoderno", em curso há uns vinte anos, apesar trumentos de desvitalização e esvaziamento.
da confusão e resistências que suscitou, veio para ficar e tem Entre os que visualizaram o novo perfil epistemológico de
marcado uma época sem que seu sentido esteja minimamente forma positiva está Lyotard, apontando o fim dos grandes

I'I\KI\IJOXOS DO I'ÚS.MODU:NO
Apelos e apelações do contemporâneo
o 21
relatos e a possibilidade de a legitimidade ser alcançada pelo '(I posmodernos, esquizofrênicos, via Nietzsche e Deleuze, ou
dissenso, não mais pelo consenso, como propõe Habermas a arornos do consumo e do movimento com Baudrillard e Virilio.
propósito da modernidade. Para ele, o posmoderno refina
PÓS-TU DO/MU DO
nossa sensibilidade para as diferenças e reforça nossa capa-
cidade de suportar o incomensurável'. Da mesma forma, Michel A articulação moderno/posmoderno, suas identidades
Maffesoli" vê com interesse o surgimento de novas formas de t' diferenças nos campos social (articulações entre econo-
social idade de dominância empática e o declínio da noção mia, comunidade e Estado) e cultural (considerações sobre
de indivíduo, substituído na contemporaneidade pela noção .ute, saber e moral) atravessa as disputas do contempo-
de persona, mais adequada à sucessão de máscaras que vão r;\neo. Na verdade, convém lembrar que os dois pólos não se
assu m indo os participantes das diversas tribos que se articu- opõem como antigos e modernos, como bem sublinha lacques
lam e entrecruzam no quotidiano atual. I ecnhardt". O paradigma proposto pela famosa "Querela"
Outros autores, entretanto, vêem como a verdadei ra vo- l.mçada por Charles Perrault, em 1688, organ izara-se em torno
cação da contemporaneidade a recuperação dos ideais da da noção de novo enquanto marca de aperfeiçoamento. Nas
modernidade numa postura de viés iluminista (Merquior e artes, como nas ciências, a idéia moderna fundamental era a
Rouanet, entre os brasileiros) ou enfatizam a importância de ele ultrapassagem, identificada com o processo dialético. A
se recuperar não o racional, mas a experiência, a vivência do novidade era cumulativa. A questão entre os antigos e os
indivíduo, a emoção (Eduardo Subirats), retomando o primei- modernos estava inscrita no caráter progressista da modernidade:
ro modernismo antes que ele se esclerosasse, a serviço de progresso das Luzes, da Razão, das Ciências etc .. A Huma-
movimentos de direita, ou sob as injunções da produção in- nidade pensava-se a si mesma enquanto instrumento de re-
dustrial, com a perda do valor utópico das vanguardas. velação da verdade: o reino da História ativa, por oposição
O fato é que em torno desta discussão que vai da ruptura à Antiguidade, que tinha uma visão naturalista e cíclica do
ao continuísmo, do otimismo ao apocalipse, multiplicam-se mundo.
as visões num verdadeiro nominalismo do mundo contemporâ- Já o posmoderno procura um espaço que escape de uma
neo. Fomos cínicos com lurandir Freire, trágicos e alegres visão consecutiva e totalitária, visão que fuja do paradigma
com Clement Rosset, pessimistas positivos na leitura de L. C. das revoluções e das vanguardas. Bonitto Oliva, teórico das
Mansur, ceticistas ativos com Wilson Coutinho, sem qualida- artes plásticas, aposta na transvanguarda como única opção
des a partir de Musil, medíocres e coloridos com Gianotti. de contemporaneidade, permitindo, via citação, a recupera-
Sempre na gangorra. Se modernos, iluministas, habermasianos. ção dos modelos longínquos sem qualquer identificação e,

Apelos e apelações do contemporâneo


"ARADOXOS 00 PÓS-MODERNO

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portanto, sem a alienação que esta implicaria. Julga que Se pensarmos em revolução como o grande termo do
este movimento nasceu da urgência de unificar níveis da l1\Odernismo, vemos como se instala na atualidade um
cultura, de Vl'rdadeiro processo de desconstrução do mito humanista do
progresso revolucionário. Dinamita-se nos campos social,
1•.. 1 levar a uma combustão completa os resíduos se-
polltico e artístico o conceito de revolução como motor
parados sobre que operaram precedentemente os artistas
Ideológico. No subcampo literário, muitas vezes é a partir
uas neovanguardas acreditando poder prosseguir na linha
d,\ narrativa da própria revolução que se põe em causa o
de experimentação assinalada pelas vanguardas históri-
111110pela multiplicidade contraditória dos discursos de
cas.'"
progresso ou pela confrontação dos ideais universalistas
Esta discussão em torno da possibilidade das vanguardas
. orn as situações locais e particulares.
tem animado a mídia, mas julgamos que a novidade deixou Jacques leenhardt fala em "distração" como o pathos do
de ser revolucionária, tornou-se elemento estável do sistema ( ontemporâneo e Vattimo discorre sobre o pensamento fraco.
a par da capacidade dos homens para permanente mudança lulgamos que esta é apenas uma das trilhas do posmoderno.
nos seus meios de produção. Hoje a História, de certa forma, I ('cnhardt, na realidade, se contradiz quando emprega "dis-
se enfraquece ou, se preferirmos, se faz diversamente, sem a II,Ição" para referir-se à vontade "fortemente manifestada de
imposição evolucionista, com uma liberdade maior na reto- preferir o erro à verdade e mesmo a mentira ao verdadeiro"12,
mada ou na releitura dos "momentos" tidos como oficiais do fugindo ao comprometimento e ao constrangimento de um
passado. «sterna de seriedades considerado sempre mais obsoleto.
A lógica da razão técnica desenvolve-se progressivamente Andreas Huyssen, em artigo intitulado Mapeando o pós-
ao longo do pensamento ocidental, coincidindo, então, como moderno". esboça um itinerário do movimento durante as
assinala Vattimo!', com a máxima exposição da metafísica, e d('cadas de 60 e 70/80, referindo-se sobretudo ao contexto
cristaliza duas identidades tão densas quanto antagônicas e I\orte-americano. O posmodernismo dos anos 60 teria tentado
complementares: sujeito e objeto. O século XIX, culminando H'vitalizar a herança da vanguarda européia e dar-lhe uma
com Nietzsche, tentará deslocar-se deste lugar não através de forma norte-americana em torno do eixo Duchamp-Cage-
uma síntese de tipo hegeliana, mas através de um outro Warhol. A posmodernidade nos anos 60 reagia contra o alto
questionamento do sujeito e do objeto, uma minoração, um modernismo, seu funcionalismo, sua despolitização do pós-
trabalho de eufemização que deságua no estuário da produ- guerra, contra o abandono da fusão arte/vida orientadora das
ção posmoderna no século XX. vanguardas. O posmoderno dos 70 se desdobrou em duas

Pi\Ki\IJOXOS 00 I'ÓS·MODEKNO Ap"'o.' e apelações do contemporâneo


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4
vertentes: a primeira, de caráter afirmativo, sem reivindica- turução, na posmodernidade tais características tornaram-se
ção crítica; a segunda, caracterizada pela perda da confiança ,\ tônica, perdida a visão utópica, universalista e elitista que
e exuberância dos anos 60, atingida que foi pela derrota no nnentou as vanguardas. A questão do sujeito é esclarecedora,
Vietnan, pelo escândalo Watergate, pela crise do petróleo. pois é no surgimento da pluralidade das subjetividades que
~l\ pode compreender melhor as décadas posmodernas. Ad-
as movimentos das décadas anteriores, como a contracultura
ou a nova esquerda, são vistos então como aberrações infan- quirem fala o poder jovem, o corpo feminino, os movimentos
tis. Caem os gestos iconoclastas e a tensão que separava o negros, as reivindicações gays, os imigrantes, as mulheres
alto modernismo da cultura de massa, ao mesmo tempo em trabalhadoras, as associações de bairro. No Brasil, é sobre-
que crescem os movimentos das minorias. tudo a década de 70 que representa o que o alto modernismo
Parece-me que o que veio a se disseminar, sobretudo via representou para as vanguardas: uma perda de fôlego carac-
Estados Unidos, como sinônimo de posmodernidade foi jus- terizada inclusive na ênfase da produção e análise de obras
tamente a visão despolitizada do "vale-tudo" do pastiche, da teóricas e pela supressão do sujeito com o estruturalismo.
intertextualidade infinita, associadas a um neo-conservadorismo O paradigma que regia o projeto moderno é repensado,
político que, na verdade, não dá conta de toda a década de discutido, negado ou reafirmado com base em diferenças ou
70, ou dos anos 80. identidades. A possibilidade ou não do novo é um dos pontos
a início e meados dos anos 80 ainda são marcados pela básicos da polêmica articulado com a questão do engajamento,
posmodernidade na sua definição mais típica. Ihab Hassan, uma vez que a presença do fator ético, implícito na mudança
em torno de 1970, foi um dos primeiros a estudar sistema- moderna, era determinante do novo desafio, do espírito novo,
ticamente a questão, caracterizando o posmodernismo como: fosse ele romântico, realista ou surrealista.
indeterminação, fragmentação, descanonização, dessubstan- Adorno está entre os que colocam a perda do poder do
ciação do eu, o irrepresentável, ironia, carnavalização, perfor- novo já na própria modernidade que, desde sua entronização,
mance, desconstrução, imanência 14. nunca teria deixado de ser ambígua. a antivanguardismo de
a crescimento da discussão em torno da questão posmoderna Adorno tem raízes no diagnóstico desencantado desse acordo
em meados dos anos 80 já sintomatiza a discordância em ambíguo entre vanguarda e cultura de massas.
torno de seus sentidos e vai acrescentando nuances e desen- À medida que evolui a discussão sobre o posmoderno, o
volvendo discussões específicas sobre história, política, gê- que se vê é uma desradicalização do que tenha sido a matriz
nero etc .. da auto-afirmação moderna identificada com a dominação,
No geral, em termos artísticos, se nas primeiras décadas como bem demonstram Adorno, Horkheimer ou Heidegger.
do século XXjá se produzia arte como fragmentação e desestru- Na raiz da operação da dominação da verdade estaria um

Apelos e apelações do conlemporilneo


,.ARADOXOS DO "ÓS.MODERNO
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processo de exclusão que permitisse ao sujeito libertar-se de Resumindo a discussão tal como se apresentou nos anos
qualquer lagos heterônimo numa nova mitologia de apropri- 80 e vem sendo vivida no momento atual, poderíamos dis-
ação do real, uniforme e planetária, ancorada na abstração tinguir três fases sucessivas e simultaneamente paralelas. Na
dos objetos e na distância em relação a eles. O sentido paradoxal primeira houve principalmente uma importação do saber e
de auto-afirmação moderna fica nítido: o sublinhar do sin- definições de alguns poucos teóricos brasileiros a favor ou
gular é anulado por aquilo que, nessa operação, verdadeira- contra o movimento, a favor ou contra a existência da ruptura
mente conta, ou seja, a dissolução do mundo numa rede de com o moderno. Num segundo instante, como desdobra-
imagens. mento, assistimos a acirradas discussões sobre aspectos mais
O que se quer frisar com o título dado a este trecho de específicos da época como o fim da História, da representa-
nossa questão é que o pós-tudo não é o fim do túnel. Nessa ção, do sujeito, da sexualidade. Na terceira fase, iniciada no
linha de raciocínio, posmoderno não é apenas depois do final dos anos oitenta, perdemos o viés extremista, repensan-
moderno, não é somente antimoderno, ou um nada pós-tudo. do o nosso lugar nesta discussão que, preocupada com o
É momento de discussão, de multiplicidade de perspectivas espaço da diferença, sofre a ameaça de cair na indistinção
sem queda no relativismo. É perda, é desagregação, mas é ou, no pólo oposto, se deixar levar por uma outra ditadura
também aposta na multiplicidade. Impossível fechar a ques- da razão universal. Tenta-se sair sempre mais do pensamento
tão em torno do fim do novo, da alienação ou da euforia dicotômico, retrabalhando muitas das antinomias que marca-
dissipativa. É a central idade do altar principal que desapa- ram a modernidade: natureza/cultura, feminino/masculino,
rece, são os nichos laterais que se enchem de santos, fiéis, arte/não-arte, interior/exterior, antes/depois.
promessas e crenças. O Redentor, a solução e a verdade Vive-se o paradoxo, a complexidade num momento de
são postos de lado numa relação em que à submissão aos reciclagens, hibridismos, convivência com a diferença, quan-
poderes maiores e universais se sobrepõem o diálogo, a do se rediscutem os espaços, os tempos, a história, a subje-
retórica da sedução, os envolvimentos mais próximos, o tividade com a preocupação genealógica do que não é nem
ludismo inter-pares, as verdades provisórias e os acordos dado, nem natural, mas construído, como sublinha Foucault.
pontuais. Neste sentido, se voltarmos a Adorno, poderíamos A tendência ao humor no contemporâneo, além de trazer
talvez dizer que o posmoderno traria à luz as falhas, as c1istanciamento e proteção contra o caos aparente, é o fator
fraturas que a modernidade procurou ocultar. Nem por isso de uma criatividade e uma ação que trabalha no ritmo neces-
tem procedência a crença anarquista do anything goes. Pelo sário à rapidez, polivalência e fragmentação contemporâ-
contrário, pode-se apostar em afirmações e escolhas que neas. Paradoxalmente, o humor, elemento de desconstrução,
apenas serão concorrentes. capaz de lançar pontes, estabelecer elos. Perfaz o caminho

l'i\Ki\DOXOS DO I'ÓS-MODfKNO Al,cias e apelações do contemporâneo


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das "correspondências baudelairianas" e, num salto poético III:NIIARDT, jacques. A querela dos modernos e dos pós-moder-
contemporâneo, une verticalmente o que a vida desuniu, neste "'IS, I,,: DUARTE RODRIGUES, Adriano e outros. Op. cit.,
momento de quebra de todos os mitos, quando Popeye periga 1', IIC).
111JY~SI N, Andreas. After the great divide: modernism, massculture,
virar yuppie, o Superman torna-se mortal e o Batman fica
I'CI\llIloclcrnism. Indiana University Press, 1986.
paralítico, como anuncia a mídia. Pc'produzimos as idéias de Hassan citadas por Michel Rybalka,
1'111 r onferência na Washington University, SI. Louis: fevereiro
dI' J!)91.
NOTAS

SOUZA SANTOS, Boaventura. O Social e o político na transição


pós-moderna. In: DUARTE RODRIGUES, Adriano e outros. Revis-
ta de Comunicação e Linguagens. Lisboa: Centro de Estudos de
Comunicação e Linguagens (CECL), 1988, p. 25.
Op. cit., p. 29.
Cf. SODRÉ, Muniz. O Social irradiado: violência urbana, neogro-
tesco e mídia. Rio: Cortez, 1992.
Cf. TOURAINE, Alain: Critique de Ia modernité. Paris: Fayard,
1992, p. 252.
Cf. HARVEY, David. A Condição Pós-Moderna: uma pesquisa
entre as origens da mudança cultural. S. Paulo: Loyola, 1992,
p. 261.
COMPAGNON, Antoine. Les cinq paradoxes de Ia modernité.
Paris: Seuil, 1992, p. 146.
LYOTARD, jean François. O inumeno: considerações sobre o
tempo. Lisboa: Estampa, 1989, p. 53.
Cf. MAFFESOLl, Michel. O Tempo das tribos; o declínio do indi-
vidualismo nas sociedades de massa. Rio: Forense Universitária,
1987.
LEENHARDT, jacques. A querela dos modernos e dos pós-moder-
nos. In: DUARTE RODRIGUES, Adriano e outros. Op. cit.,
p. 119.
10 BONITTO, Oliva. Da vanguarda à transvanguarda. In: DUARTE
RODRIGUES, Adriano e outros. Op. cit., p. 129.
II VATTIMO, Gianni. La Fin de Ia modernité; nihilisme et herme-
neutique dans Ia culture post-moderne. Paris: Seuil, 1987.

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'I/,P/()' c apelações do conlemporAneo
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