Você está na página 1de 16

Literatura

indígena: a
outra margem
“ESSA É UMA HISTÓRIA DE FICÇÃO. NÃO ACONTECEU DE
VERDADE, MAS PODERIA TER ACONTECIDO”: Uma outra leitura
do Pré-Brasil a partir da obra O Karaíba
 As sociedades européias foram as primeiras a buscar a dominação e sistematização dos costumes e
percepções sócio culturais de outros povos propondo padrões estéticos e comportamentais que
deveriam ser seguidos pelos povos dominados ( BRANDÃO, 2001).

 Os povos nativos são silenciados e subalternizados devido a posição de autoridade da cultura


eurocêntrica sobre a cultura nativa.

 Tentativa de unificação dos povos indígenas a partir do termo “Índio”

 É na base da violência epistemológica (SPIVAK, 2010) que se constrói o conhecimento a respeito


da história do Brasil.

 Na versão eurocêntrica os povos originários brasileiros são considerados, bárbaros, selvagens,


atrasados. (MUNDURUKU, 2018).

2
“ESSA É UMA HISTÓRIA DE FICÇÃO. NÃO ACONTECEU DE
VERDADE, MAS PODERIA TER ACONTECIDO”: Uma outra leitura
do Pré-Brasil a partir da obra O Karaíba

✗ O discurso hegemônico desencadeou a discriminação e a criação


de estereótipos acerca da cultura nativa, uma vez que a
sociedade não tem conhecimento pela via de acesso da voz dos
povos indígenas.

3
“ESSA É UMA HISTÓRIA DE FICÇÃO. NÃO ACONTECEU DE
VERDADE, MAS PODERIA TER ACONTECIDO”: Uma outra leitura
do Pré-Brasil a partir da obra O Karaíba

 A Literatura Indígena brasileira Contemporânea se


configura como instrumento de resistência, apresentando
a cultura indígena a partir da sua própria perspectiva.

 Busca a reconstrução histórica e apresenta-se como


resposta contra a violência epistemológica supracitada.

4
Hello!

Tomamos a obra O Karaíba, como sustentáculo para as


problematizações e discussões.
5
Metaficão historiográfica
✗ “A presença do passado, que muitas vezes é realizada sob a forma
históricas paradoxais, cujo traço comum é a tentativa de instituir uma
relação dialógica entre presente e passado” (HUTCHEON, 1991, p.
22).

✗ composição ligada à História, chamada “metaficção historiográfica”.


Utilizando elementos históricos, esse tipo de romance visa a uma
reinterpretação do passado, bem como uma reflexão sobre a
literatura. (Kuntz, 2002, p. 06).

6
“Este romance procura reconstruir um
pouco da cultura pré-cabralina (...)
Caberá ao leitor e a leitora completarem
essa história. Ela termina quando
começa a história narrada pelos
invasores”

7
cosmovisão indígena
“ A cosmovisão está constituída pela diversidade de atos
mentais que produzem ou inibem, dirigem configuram,
condicionam, intensificam ou diminuem, induzem ou
modificam a ação humana. Estes atos são sensações,
percepções, emocções, pensamentos (incluindo
conceitos, juízos, raciocínios, crenças) (AUSTIN, 2016,
p.16).

8
Concepção de divindade dos povos
nativos

“na concepção de divindade dos Diante o processo de


nativos não existe um Deus, sua fé colonização é imposto o
se sustenta na figura de um Ser de catolicismo como religião
única, sendo obrigatória
luz, que podia ser o fogo, a água, a a catequização dos
lua” povos indígenas.
(KAMBEBA, 2021, p. 04)

9
O resgate da cosmovisão indígena
 a narrativa gira em torno “nossa tradição, pequena
da profecia de um velho Maraí, sempre foi movida
sábio; pela fé nos sinais que esses
 O enredo se desenvolve sábios nos trouxeram. Por
em três aldeias; anos e anos deram sinais de
 Interpretações da que sabem dominar a leitura
natureza e dos sonhos; do tempo”(p.09).

10
O resgate da cosmovisão indígena
✗ A dinâmica cultural dos “o mundo em que nos movemos não é o
único. Há o mundo dos sonhos, para o
povos nativos;
qual sempre nos deslocamos quando
✗ A sabedoria está dormimos. Lá nos encontramos com os
desligada do óbvio; parentes que o habitam. Eles nos falam
✗ O mundo não é um só; das coisas que acontecerão no nosso
✗ A natureza dá sinais; caminho” (p. 64).
✗ Desapego do campo
físico e lógico;

11
Autorepresentação indígena na
obra o Karaíba
✗ Uma nova visão acerca da sociedade nativa

✗ Apresentação de “mal presságio” uma nova visão sobre quem


é selvagem na história:

“vejo fantasmas se aproximando de nossas casas, eles são


malvados. Nossos parentes de lá serão enganados e os receberão
com alegria até descobrirem que vão virar escravos” (p. 121).

12
Autorepresentação indígena na
obra o karaíba
✗ Sensibilidade e união; ✗ Persistência;
✗ Respeito por todo tipo ✗ Garra;
de vida; ✗ Valores culturais;
✗ A natureza é ✗ Apego aos rituais e
personagem e não festividades;
apenas um espaço; ✗ Fé e conexão espiritual
✗ Respeito e fidelidade
aos ancestrais;

13
REPRESENTAÇÃO DA
SOCIEDADE INDÍGENA NA
OBRA
✗ Organicidade social;
✗ Funções estabelecidas
dentro da sociedade;
✗ Hierarquia;
✗ Apego à memória e
história;
✗ Pacificidade (ausência
do conflito entre os três
povos).

14
A voz indígena contando novas
memórias
A partir da sua produção ✗ O karaíba tensiona o campo
literária “os indígenas se literário, mostrando novas
representam como sujeitos percepções que contrapõem os
dos processos históricos” escritos literários canônicos.
(DE JESUS, 2020, p. 05).

15
Referências bibliográficas
AUSTIN, Alfredo A. La cosmovision de latradición mesoamericana. Edición
Especial. Arqueologia Mexicana, México/D.F.: Editorial Raíces, n. 68, 69, 70. 2016.
BRANDÃO, Carlos da Fonseca. A teoria dos processos de civilização e o controle
das emoções. Conexões, v. 1, n. 6, 2001.
HUTCHEON, Linda. Poética do pós-modernismo – história, teoria, ficção. Tradução
Ricardo Cruz. Rio de Janeiro: Imago, 1991.
HONORATO, Suene. Estratégias narrativas em O Karaíba, de Daniel Munduruku:
recusa da perspectiva histórica genocida. Contexto-Revista do Programa de PósGraduação em Letras da
UFES, n. 37, 2020.
KUNTZ, Maria Cristina. A metaficção historiográfica em História do cerco de Lisboa. Revista do Centro de
Estudos Portugueses, v. 22, n. 30, p. 199-224, 2002.
SPIVAK, GayatriChakravorty. Pode o subalterno falar? Tradução de Sandra R.
Goulart Almeida; Marcos Feitosa; André Feitosa. Belo Horizonte: Editora UFMG,
2010.
MUNDURUKU, Daniel. O Karaíba: uma história do pré-Brasil. São Paulo:
Melhoramento, 2018.

. 16

Você também pode gostar