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Estudos de Literatura

Parnasianismo e
Simbolismo

Contexto e Características Gerais

Parnasianismo e Simbolismo: movimentos artísticos contemporâneos


ao Realismo e ao Naturalismo, que também surgiram na França.

• Publicação de As flores do mal, de Charles Baudelaire (1857)

• Parnasianismo: manifestação poética do Realismo-Naturalismo

• Simbolismo: expressão das frustrações e angústias de um mundo em crise


(decadência da civilização de valores burgueses), devido às desigualdades
e aos conflitos que se manifestavam nesse período

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Origens: a Europa nos anos 1850
TRANSFORMAÇÕES
• Segunda Revolução Industrial
SOCIOECONÔMICAS E
• Urbanização CULTURAIS

• Novas concepções científicas e filosóficas


• Belle Époque (1871-1914): cultura urbana cosmopolita, que celebrava o
progresso e o estilo de vida boêmio (que vive a pensar em diversão)

• Primeira Guerra Mundial (1914-1918)

Contexto Histórico Brasileiro

• Crise da Monarquia (meados do século XIX)

• Movimento Abolicionista e Abolição da Escravatura (1850-1888)

• Guerra do Paraguai e Fundação do Partido Republicano (1864-1870)

• Proclamação da República (1889) e Revolução Federalista (1893-1895)

• Fundação da Academia Brasileira de Letras (1897)

• Desenvolvimento de Cidades como Manaus e Rio de Janeiro

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Parnasianismo
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O Parnaso

• Morada de Apolo (ao centro) e


das Musas (ao redor)

• Le Parnasse contemporain (1866,


1871 e 1876)

• Antiguidade Clássica: fonte de


inspiração dos parnasianos

O Parnaso, afresco de Rafael Sanzio (1509-1510)

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O ideal artístico

• A Poética:
• a "arte pela arte"

• A Metalinguagem:
• a "arte sobre a arte"

Características da
produção literária
• Preocupação com a composição técnica do
poema: métrica do verso e complexidade das
rimas

Soneto: poema de forma fixa composto por 14


versos, geralmente decassílabos (10 sílabas) ou
alexandrinos (12 sílabas), agrupados em duas
quadras (estrofes de 4 versos) e dois tercetos
(estrofes de 3 versos)

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Características da
produção literária

• Manifestação poética do Realismo-Naturalismo


• Linguagem descritiva, culta e impessoal
• Poucas alegorias (expressão de ideias de forma
figurada)
• Temas frequentes: a realidade objetiva (natureza
e objetos), a história e a mitologia greco-romana

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Principais
Representantes

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Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac
(1865-1918)

Jornalista político e defensor dos


ideais republicanos

Um dos fundadores da
Academia Brasileira de Letras

O primeiro “príncipe dos poetas


brasileiros”

Integrante da famosa
Olavo Bilac Trindade Parnasiana

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Raimundo da Mota de Azevedo Correia


(1859-1911)

Primeiros sonhos (poesia romântica)

Integrante da famosa
Trindade Parnasiana

Traços da estética simbolista

Raimundo
Correia

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Antônio Mariano Alberto de Oliveira
(1857-1937)

Canções românticas (obra de estreia)

Integrante da famosa
Trindade Parnasiana

O mais parnasiano dos poetas


brasileiros
Alberto de
Oliveira

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Simbolismo
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Impressionismo e
Simbolismo

• Impressão: efeito ou
influência sentidos por algo
ou alguém

• Símbolo: aquilo que


representa ou sugere uma
ideia
Vista marítima com um pôr do sol, tela de
Claude Monet (1875)

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A arte de sugerir

• Linguagem vaga, indireta e


simbólica para exprimir
impressões e evocar
sensações, emoções, estados
de consciência

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A arte de sugerir

• Expressão do intangível:
luzes, cores, sons e aromas

• Expressão do inefável:
sonho, mistério, alma,
eternidade e infinitude

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Características da
produção literária
• Figuras de linguagem: metáforas,
sinestesias, antíteses, aliterações,
assonâncias entre outras
• Musicalidade: poesia é música
• Iniciais maiúsculas em substantivos comuns:
sentido simbólico e valorização das ideias

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Características da
produção literária
• Temática intimista: retomada do espírito
romântico

• Conflito entre a realidade aparente e o


mistério transcendente
• Misticismo e religiosidade
• Estados d'alma e da consciência (amor,
sofrimento, fantasia e loucura)

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Principais
Representantes

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João da Cruz e Sousa
(1861-1898)

Filho de escravos alforriados

Proeminente defensor da causa


abolicionista

Um dos fundadores do
Simbolismo no Brasil
Cruz e Sousa

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João da Cruz e Sousa


(1861-1898)

Autor de
Manifestos do Simbolismo
publicados no jornal
Folha Popular (1891)

Um dos precursores da literatura


afro-brasileira

Um dos maiores poetas


Cruz e Sousa
simbolistas da literatura mundial

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Afonso Henrique da Costa Guimarães
(1870-1921)

Um dos principais representantes do


Movimento Simbolista no Brasil

Obra poética marcada por


uma tragédia pessoal
Alphonsus de
Guimaraens

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Características do
Parnasianismo e do
Simbolismo
Quadros Comparativos

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PARNASIANISMO SIMBOLISMO

Sugestão evocativa de sensações,


Descrição detalhada da natureza, dos
emoções e estados de consciência
objetos e da arte poética
(sonho e loucura)

Linguagem precisa, direta e culta Linguagem vaga, simbólica e culta


(imagens sóbrias e racionais, (uso de sinestesias e antíteses para
empregando poucas figuras de exprimir as impressões do poeta; uso
linguagem, preferindo hipérbatos, de aliterações e assonâncias, além de
repetições de palavras e comparações referências a instrumentos e sons para
explícitas) dar musicalidade ao texto)

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PARNASIANISMO SIMBOLISMO

Versos de métrica perfeita e rimas Versos trabalhados, porém mais livres


ricas ou raras e fluidos

Materialismo e racionalidade Misticismo e religiosidade

Empirismo (pensamento voltado à Transcendentalismo (pensamento


experiência no mundo concreto) voltado à essência do ser humano)

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PARNASIANISMO SIMBOLISMO

Culto da forma (a “arte pela arte”) Culto do mistério e do intangível

Sentimentos contidos Sentimentos expandidos


(objetividade temática) (valorização dos estados d’alma)

Retomada da tradição clássica Retomada da tradição romântica

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SONETO XIII AS ESTRELAS


Olavo Bilac Cruz e Sousa

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Lá, nas celestes regiões distantes,
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, No fundo melancólico da Esfera,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto Nos caminhos da eterna Primavera
E abro as janelas, pálido de espanto... Do amor, eis as estrelas palpitantes.

E conversamos toda a noite, enquanto Quantos mistérios andarão errantes,


A via Láctea, como um pálio aberto, Quantas almas em busca da Quimera,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Lá, das estrelas nessa paz austera
Inda as procuro pelo céu deserto. Soluçarão, nos altos céus radiantes.

Direis agora: “Tresloucado amigo! Finas flores de pérolas e prata,


Que conversas com elas? Que sentido Das estrelas serenas se desata
Tem o que dizem, quando estão contigo?” Toda a caudal das ilusões insanas.

E eu vos direi: “Amai para entendê-las! Quem sabe, pelos tempos esquecidos,
Pois só quem ama pode ter ouvido Se as estrelas não são os ais perdidos
Capaz de ouvir e de entender estrelas.” Das primitivas legiões humanas?!

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SONETO XIII
Olavo Bilac

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo


Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
Poema de forma fixa: soneto
E conversamos toda a noite, enquanto
A via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Rimas ricas e raras
Inda as procuro pelo céu deserto.
Comparação
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!


Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

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AS ESTRELAS
Cruz e Sousa

Lá, nas celestes regiões distantes,


No fundo melancólico da Esfera,
Nos caminhos da eterna Primavera
Poema de forma fixa: soneto Do amor, eis as estrelas palpitantes.

Quantos mistérios andarão errantes,


Letras maiúsculas: valorização das Quantas almas em busca da Quimera,
ideias Lá, das estrelas nessa paz austera
Soluçarão, nos altos céus radiantes.
Figuras de linguagem: metáfora e
Finas flores de pérolas e prata,
antítese
Das estrelas serenas se desata
Toda a caudal das ilusões insanas.

Quem sabe, pelos tempos esquecidos,


Se as estrelas não são os ais perdidos
Das primitivas legiões humanas?!

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SONETO XIII AS ESTRELAS
Olavo Bilac Cruz e Sousa

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Lá, nas celestes regiões distantes,
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, No fundo melancólico da Esfera,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto Nos caminhos da eterna Primavera
E abro as janelas, pálido de espanto... Do amor, eis as estrelas palpitantes.

E conversamos toda a noite, enquanto Quantos mistérios andarão errantes,


A via Láctea, como um pálio aberto, Quantas almas em busca da Quimera,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Lá, das estrelas nessa paz austera
Inda as procuro pelo céu deserto. Soluçarão, nos altos céus radiantes.

Direis agora: “Tresloucado amigo! Finas flores de pérolas e prata,


Que conversas com elas? Que sentido Das estrelas serenas se desata
Tem o que dizem, quando estão contigo?” Toda a caudal das ilusões insanas.

E eu vos direi: “Amai para entendê-las! Quem sabe, pelos tempos esquecidos,
Pois só quem ama pode ter ouvido Se as estrelas não são os ais perdidos
Capaz de ouvir e de entender estrelas.” Das primitivas legiões humanas?!

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SONETO XIII
Olavo Bilac

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo


Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Vozes antagônicas: romântica e
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto... antirromântica

E conversamos toda a noite, enquanto O poeta inspirado pelo sentimento (o


A via Láctea, como um pálio aberto, eu lírico) é ironizado e considerado um
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
louco pelo interlocutor
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo! Sentimento e razão: amar para


Que conversas com elas? Que sentido entender
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
Sentimento contido, sem profundidade
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

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AS ESTRELAS
Cruz e Sousa

Lá, nas celestes regiões distantes,


Misticismo e transcendentalismo: os No fundo melancólico da Esfera,
mistérios da alma e o mundo celestial Nos caminhos da eterna Primavera
Do amor, eis as estrelas palpitantes.
Linguagem sugestiva de emoções e
Quantos mistérios andarão errantes,
estados de consciência: desilusão e loucura Quantas almas em busca da Quimera,
Lá, das estrelas nessa paz austera
Sentimento profundo de melancolia, que Soluçarão, nos altos céus radiantes.
se expande ao infinito "da Esfera"
Finas flores de pérolas e prata,
Das estrelas serenas se desata
Estrelas como símbolo: reflexos das dores Toda a caudal das ilusões insanas.
causadas pelas ilusões perdidas
Quem sabe, pelos tempos esquecidos,
Se as estrelas não são os ais perdidos
Das primitivas legiões humanas?!

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Síntese

• Parnasianismo: abordagem mais racional, objetiva e distanciada


(voltada para o mundo exterior), exprimindo impassibilidade.

• Simbolismo: abordagem mais emocional, subjetiva e intimista


(voltada para o mundo interior), exprimindo profunda
sensibilidade.

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Trabalho de Literatura: Seminário

• Ler e analisar o poema selecionado, apontado as


características de forma e de conteúdo que identificam o
seu autor e o período literário em que foi produzido.
• Ler e apresentar essa análise oralmente, utilizando slides,
que deverão ser enviados pelo Microsoft Teams até 30/05.
• Tempo de apresentação por grupo: 10 minutos.

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