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Encontros • Português, 11.

º ano

Manual, p. 211
Transcrição do texto
Vida e obra de Eça de Queirós
(Centro de Documentação de Autores Portugueses)

Eça de Queirós
O romancista consagrado por Os Maias iniciou os seus estudos no Colégio da Lapa, no Porto, proprie-

ENC11DP © Porto Editora


dade do pai de Ramalho Ortigão, que ali lecionava francês. Os dois escritores tornar-se-iam parceiros de
letras e amigos para toda a vida.
Em 1862 ingressa no curso de Direito da Universidade de Coimbra; naquela cidade travou conheci-
5 mento com alguns dos jovens estudantes que viriam a tornar-se figuras destacadas da cultura portuguesa
– Antero de Quental, Teófilo Braga, João Penha, entre outros membros da chamada “Geração de Setenta”
– e assistiu a diversas revoltas estudantis e literárias, destacando-se destas a “Questão Coimbrã” polémica
entre os defensores de Antero e os apaniguados de Castilho.
Em 1866, Eça foi viver para Lisboa, em casa dos pais, e tentou durante algum tempo exercer advocacia,
10 profissão para a qual não se sentia vocacionado. Estreia-se nesse mesmo ano nas letras, ainda influen-
ciado pela corrente romântica, com a crónica “Notas Marginais”, publicada na Gazeta de Portugal […].
No início de 1867 muda-se para Évora, onde dirige e redige totalmente um jornal local, O Distrito de
Évora. Em simultâneo continua a publicar crónicas na Gazeta de Portugal, postumamente reunidas no
volume Prosas Bárbaras. De regresso a Lisboa, em agosto, reencontra os antigos companheiros de univer-
15 sidade e conhece Jaime Batalha Reis. […]
O ano de 1871 marcou uma viragem na carreira literária de Eça de Queirós, primeiro com o início da
publicação dos volumes de As Farpas – em colaboração com Ramalho – e pouco depois com o seu envol-
vimento nas Conferências do Casino, no quadro das preocupações da Geração de 70, decorrentes já de um
interesse marcado pela crítica social e pela reforma de costumes. […]
20 Em 1872 Eça de Queirós é nomeado cônsul de Portugal em Havana e parte para as Antilhas. Enceta,
depois, uma longa viagem pela América do Norte, tendo viajado pelos Estados Unidos […] e pelo Canadá
[…]. Em 1874 o Diário de Notícias publica […] o seu primeiro conto de grande fôlego, “Singularidades de
uma rapariga loira”, já marcado pelas normas realistas que pretende adotar. Mas é com
O Crime do Padre Amaro, sobretudo a partir da segunda versão, que o realismo é mais patente na sua obra,
25 confirmado com a publicação de O Primo Basílio (1880). […]
A partir da década de 1880, Eça inicia uma revisão da sua arte que o afasta, temporariamente, da causa
naturalista, publicando livros que, embora continuem a crítica de costumes, são acrescentados de uma
dose de fantasia necessária à realização artística do autor: casos de O Mandarim (1881) e de A Relíquia
(1887). No entanto, o abandono do projeto das “Cenas da Vida Portuguesa” não fora total. As novelas cur-
30 tas haviam de fundir-se num grande romance, cuja escrita continua ao longo da década, com o aproveita-
mento de episódios e personagens-tipo: trata-se, naturalmente, de Os Maias, publicado em dois volumes
em 1888. Por esse tempo mudou-se para aquele que viria a ser o seu último posto consular, em Paris.
Em 1889 junta-se ao grupo literário-jantante dos “Vencidos da Vida”, onde reencontra velhas amizades
(Carlos Mayer, Guerra Junqueiro, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins) e convive com novos amigos (Conde
35 de Ficalho, Conde de Sabugosa, Marquês de Soveral, entre outros), continuando a sua colaboração perio-
dística, com crónicas e contos publicados em Portugal e no Brasil.
Nos últimos anos da sua vida literária, além de incursões pelo campo da hagiografia, com vidas ficcio-
fotocopiável

nadas de santos, Eça escreveu A Ilustre Casa de Ramires e A Cidade e as Serras.


Centro de Documentação de Autores Portugueses. Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas [em linha, consult. 19-12-2015, com supressões]

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