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1. (Unesp 2019) Galileu tornou-se o criador da arranjar em conjunto diversas palavras e de compô-
física moderna quando anunciou as leis fundamentais las num discurso pelo qual façam entender seus
do movimento. Formulando tais princípios, ele pensamentos; [...] os homens que, tendo nascido
estruturou todo o conhecimento científico da natureza surdos e mudos, são desprovidos dos órgãos que
e abalou os alicerces que fundamentavam a servem aos outros para falar, [...] costumam inventar
concepção medieval do mundo. Destruiu a ideia de eles próprios alguns sinais, pelos quais se fazem
que o mundo possui uma estrutura finita, entender por quem, estando comumente com eles,
hierarquicamente ordenada e substituiu-a pela visão disponha de lazer para aprender a sua língua.”
de um universo aberto, infinito. Pôs de lado o
finalismo aristotélico e escolástico, segundo o qual DESCARTES, R. Discurso do método, V.
tudo aquilo que ocorre na natureza ocorre para
cumprir desígnios superiores; e mostrou que a
natureza é fundamentalmente um conjunto de A passagem acima informa sobre a relação
fenômenos mecânicos. entre pensamento e linguagem no racionalismo
moderno.
(José Américo M. Pessanha. Galileu Galilei,
2000. Adaptado.) Sobre essa relação, pode-se afirmar
corretamente que
a) a linguagem, quer seja sonora quer seja em sinais,
A importância da obra de Galileu para o tem a função de fazer o pensamento ser entendido
surgimento da ciência moderna justifica-se porque pelos outros.
seu pensamento b) a capacidade de produzir discursos, isto é, a
a) resgatou uma concepção medieval de mundo. linguagem, é o que permite aos homens ter
b) baseou-se em uma visão teológica sobre a pensamentos.
natureza. c) o entendimento entre homens se dá através da
c) fundamentou-se em conceitos metafísicos. linguagem, que, todavia, é anterior ao pensamento.
d) fundou as bases para o desenvolvimento da d) o pensamento existe independentemente do
alquimia. discurso e, como ocorre entre surdos e mudos, não
e) atribuiu regularidade matemática aos fenômenos precisa ser entendido.
naturais.
4. (Uel 2019) Leia o texto a seguir.
2. (Enem 2019) Dizem que Humboldt,
naturalista do século XIX, maravilhado pela geografia, E se escrevo em francês, que é a língua de meu
flora e fauna da região sul-americana, via seus país, e não em latim, que é a de meus preceptores, é
habitantes como se fossem mendigos sentados porque espero que aqueles que se servem apenas de
sobre um saco de ouro, referindo-se a suas sua razão natural inteiramente pura julgarão melhor
incomensuráveis riquezas naturais não exploradas. minhas opiniões do que aqueles que não acreditam
De alguma maneira, o cientista ratificou nosso papel senão nos livros dos antigos. E quanto aos que unem
de exportadores de natureza no que seria o mundo o bom senso ao estudo, os únicos que desejo para
depois da colonização ibérica: enxergou-nos como meus juízes, não serão de modo algum, tenho certeza,
territórios condenados a aproveitar os recursos tão parciais a favor do latim que recusem ouvir
naturais existentes. minhas razões, porque as explico em língua vulgar.
DESCARTES, R. Discurso do Método. Trad. J.
ACOSTA, A. Bem viver: uma oportunidade para Guinsburg e Bento Prado Jr. São Paulo: Abril Cultural,
imaginar outros mundos. São Paulo: Elefante, 2016 1973. Coleção “Os pensadores”. p. 79.
(adaptado).
Eu queria movimento e não um curso calmo da (Immanuel Kant. A metafísica dos costumes,
existência. Queria excitação e perigo e a oportunidade 2010.)
de sacrificar-me por meu amor. Sentia em mim uma
superabundância de energia que não encontrava
escoadouro em nossa vida. Em sua sentença dirigida à mentira, Kant
TOLSTÓI, L. Felicidade familiar. Apud a) considera a condenação relativa e sujeita a
KRAKAUER, J. Na natureza selvagem. São Paulo: Cia. justificativas, de acordo com o contexto.
das Letras, 1998. b) assume que cada ser humano particular representa
toda a humanidade.
c) apresenta um pensamento desvinculado de
TEXTO II pretensões racionais universalistas.
d) demonstra um juízo condenatório, com justificação
em motivações religiosas.
e) assume o pressuposto de que a razão sempre é d) ético-moral, no sentido kantiano, em que o homem,
governada pelas paixões. como ser racional, é fim em si mesmo e nunca
meio.
8. (Enem 2019) TEXTO I
Duas coisas enchem o ânimo de admiração e 10. (Enem 2018) O século XVIII é, por diversas
veneração sempre crescentes: o céu estrelado sobre razões, um século diferenciado. Razão e
mim e a lei moral em mim. experimentação se aliavam no que se acreditava ser o
KANT, I. Crítica da razão prática. Lisboa: verdadeiro caminho para o estabelecimento do
Edições 70, s/d (adaptado). conhecimento científico, por tanto tempo almejado. O
fato, a análise e a indução passavam a ser parceiros
fundamentais da razão. É ainda no século XVIII que o
TEXTO II homem começa a tomar consciência de sua situação
Duas coisas admiro: a dura lei cobrindo-me e o na história.
estrelado céu dentro de mim.
FONTELA, O. Kant (relido). In: Poesia completa. ODALIA, N. In: PINSKY, J.; PINSKY. C. B. História
São Paulo: Hedra, 2015. da cidadania. São Paulo: Contexto. 2003.
a) Para Kant, o conhecimento humano é diretamente (KANT, I. Crítica da Faculdade do Juízo. Trad.
dado pela experiência das coisas, acessíveis pelos Antonio Marques e Valério Rohden. Rio de Janeiro:
sentidos (visão, audição, etc.). Forense Universitária, 1995. p. 107.)
b) Juízos sintéticos a priori são afirmações de
conhecimento cuja natureza é particular e que se
altera caso a caso. Com base no texto e nos conhecimentos sobre
c) Se a Metafísica é o conhecimento da essência das o juízo de gosto e o sublime na estética moderna,
coisas elas mesmas, Kant é, na Crítica da Razão particularmente em Kant, assinale a alternativa
Pura, um defensor da Metafísica, e não um correta.
defensor da finitude do conhecimento. a) O conceito de beleza, resultante da atividade do
d) Para Kant, Espaço e Tempo são categorias do entendimento, permite apreender o sentido dos
entendimento mediante as quais conhecemos os eventos ameaçadores, protegendo o sujeito da
fenômenos. destruição.
e) Juízos sintéticos a priori permitem organizar o b) Os elementos da natureza compõem o núcleo da teoria
conhecimento, dando a ele validade universal e kantiana do juízo de gosto, constituindo, também, parte
unicidade. importante da sua concepção de gênio.
c) Os eventos naturais de proporções ameaçadoras
16. (Ufu 2018) De acordo com o pensamento provocam nosso interesse quando nos situam na
do filósofo Immanuel Kant (1724-1804), os juízos a possibilidade iminente de sermos por eles
priori são todos analíticos e os juízos a posteriori são destruídos.
todos sintéticos. d) O sublime não está contido em nenhuma coisa da
natureza, e sim em nosso ânimo, quando nos
Assinale a alternativa que define corretamente tornamos conscientes de nossa superioridade à
as noções de juízo analítico e juízo sintético. natureza.
a) O juízo analítico é uma proposição que não pode e) A faculdade de resistência à dimensão
ser pensada sem ser simultaneamente ameaçadora e destruidora dos eventos naturais de
acompanhada de sua necessidade, já o juízo grande magnitude é a faculdade produtora do belo.
sintético não é uma proposição necessária.
b) No juízo analítico, o sujeito está contido no TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
conceito do predicado, mas, no juízo sintético, o Para responder à(s) questão(ões), considere o
predicado advém da experiência. texto abaixo.
c) No juízo analítico, o predicado pertence ao sujeito
como algo que está contido nele, já no juízo O que singulariza o pessimismo de Machado de
sintético, o predicado está totalmente fora do Assis é a sua posição antagônica em relação ao
conceito do sujeito. evolucionismo oitocentista, ao culto do progresso e da
d) O juízo analítico é uma proposição necessária, já ciência. Frente às ingenuidades do cientificismo, o
no juízo sintético, o predicado vai além do conceito sarcasmo de Brás Cubas reabre a interrogação
do sujeito, acrescentando algo a esse. metafísica, a perplexidade radical ante a variedade do
ser humano. Um artista como Machado levou mais a
17. (Uel 2018) Leia o texto a seguir. sério do que os arautos do evolucionismo cientificista
o golpe que Darwin tinha desfechado contra as ilusões
Rochedos audazes sobressaindo-se por assim antropocêntricas da humanidade.
dizer ameaçadores, nuvens carregadas acumulando-
se no céu, avançando com relâmpagos e estampidos, MERQUIOR, José Guilherme. De Anchieta a
vulcões em sua inteira força destruidora, furacões Euclides.
com a devastação deixada para trás, o ilimitado Rio de Janeiro: José Olympio, 1977, p. 171-172.
oceano revolto, uma alta queda d’água de um rio
poderoso etc. tornam nossa capacidade de
resistência de uma pequenez insignificante em
comparação com o seu poder. Mas o seu espetáculo 18. (Puccamp 2018) A interrogação metafísica
só se torna tanto mais atraente quanto mais terrível fez parte das preocupações de diversos pensadores e
ele é, contanto que, somente, nos encontremos em artistas durante o Renascimento.
segurança; e de bom grado denominamos estes
objetos sublimes, porque eles elevam a fortaleza da Nesse período, observa-se a contestação de
alma acima de seu nível médio e permitem descobrir ideias como
em nós uma faculdade de resistência de espécie a) o antropocentrismo, que concebia o homem como
totalmente diversa, a qual encoraja a medir-nos com a o centro do universo, uma vez que os
aparente onipotência da natureza. renascentistas passam a valorizar a ciência e a
natureza como os temas e eixos centrais do entendimento, não pode acontecer que eu me
conhecimento humano. equivoque; pois toda concepção clara e distinta é,
b) a beleza clássica, que postulava serem os padrões com certeza, alguma coisa de real e de positivo, e,
estéticos do classicismo aqueles a serem seguidos assim, não pode se originar do nada, mas deve ter
nas artes plásticas, uma vez que os renascentistas obrigatoriamente Deus como seu autor; Deus que,
passam a defender uma arte livre de regras e sendo perfeito, não pode ser causa de equívoco
modelos. algum; e, por conseguinte, é necessário concluir que
c) o universalismo, que afirmava a existência de leis uma tal concepção ou um tal juízo é verdadeiro.
universais que atuavam sobre a existência humana,
uma vez que os renascentistas eram avessos a René Descartes. Vida e Obra. Os pensadores,
dogmas e a admissão de regras dessa amplitude. 2000.
d) o dogma eclesiástico, que determinava algumas
verdades absolutas que não poderiam ser
contestadas, uma vez que os renascentistas Sobre o racionalismo cartesiano, é correto
defendiam o racionalismo como meio de se afirmar que
produzir e aperfeiçoar o conhecimento. a) sua concepção sobre a existência de Deus exerceu
e) a escolástica, corrente do pensamento católico grande influência na renovação religiosa da época.
cultivada nas universidades, uma vez que os b) sua valorização da clareza e distinção do
renascentistas questionavam a validade da fé, a conhecimento científico baseou-se no
existência de Deus e defendiam que a ciência era a irracionalismo.
única fonte de conhecimento real. c) desenvolveu as bases racionais para a crítica do
mecanicismo como método de conhecimento.
19. (Upe-ssa 2 2017) O bom senso é a coisa do d) formulou conceitos filosóficos fortemente
mundo melhor partilhada, pois cada qual pensa estar contrários ao heliocentrismo defendido por Galileu.
tão bem provido dele que mesmo os que são mais e) se tratou de um pensamento responsável pela
difíceis de contentar em qualquer outra coisa, não fundamentação do método científico moderno.
costumam desejar tê-lo mais do que o têm. E não é
verossímil que todos se enganem a tal respeito; mas 21. (Enem (Libras) 2017) Os filósofos
isso antes testemunha que o poder de bem julgar e concebem as emoções que se combatem entre si, em
distinguir o verdadeiro do falso, que é propriamente o nós, como vícios em que os homens caem por erro
que se denomina o bom senso ou a razão, é próprio; é por isso que se habituaram a ridicularizá-
naturalmente igual em todos os homens. los, deplorá-los, reprová-los ou, quando querem
parecer mais morais, detestá-los. Concebem os
DESCARTES, René. Discurso do Método, 1973, homens, efetivamente, não tais como são, mas como
p. 37. eles próprios gostariam que fossem.
30. (Unesp 2016) Os ídolos e noções falsas O problema descrito no texto tem como
que ora ocupam o intelecto humano e nele se acham consequência a
implantados não somente o obstruem a ponto de ser a) universabilidade do conjunto das proposições de
difícil o acesso da verdade, como, mesmo depois de observação.
superados, poderão ressurgir como obstáculo à b) normatividade das teorias científicas que se valem
própria instauração das ciências, a não ser que os da experiência.
homens, já precavidos contra eles, se cuidem o mais c) Dificuldade de se fundamentar as leis científicas
que possam. O homem se inclina a ter por verdade o em bases empíricas.
que prefere. Em vista disso, rejeita as dificuldades, d) inviabilidade de se considerar a experiência na
levado pela impaciência da investigação; rejeita os construção da ciência.
princípios da natureza, em favor da superstição; e) correspondência entre afirmações singulares e
rejeita a luz da experiência, em favor da arrogância e afirmações universais.
do orgulho, evitando parecer se ocupar de coisas vis e
efêmeras; rejeita paradoxos, por respeito a opiniões 32. (Enem PPL 2015) Após ter examinado
vulgares. Enfim, inúmeras são as fórmulas pelas cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim
quais o sentimento, quase sempre concluir e ter por constante que esta proposição, eu
imperceptivelmente, se insinua e afeta o intelecto. sou, eu existo, é necessariamente verdadeira todas as
vezes que a enuncio ou que a concebo em meu
(Francis Bacon. Novum Organum [publicado espírito.
originalmente em 1620], DESCARTES, R. Meditações. Pensadores. São
1999. Adaptado.) Paulo: Abril Cultural, 1979.
acontecem no mundo. Com relação ao conhecimento IV. As pessoas têm dignidade porque são seres livres
referente a tais eventos, Hume considera que os e autônomos, isto é, seres que se submetem às
fenômenos leis que se dão a si mesmos, atendendo
a) acontecem de forma inquestionável, ao serem imediatamente aos apelos de suas inclinações,
apreensíveis pela razão humana. sentimentos, impulsos e necessidades.
b) ocorrem de maneira necessária, permitindo um V. A autonomia da vontade é o fundamento da
saber próximo ao de estilo matemático. dignidade da natureza humana e de toda natureza
c) propiciam segurança ao observador, por se racional e, por esta razão, a vontade não está
basearem em dados que os tornam incontestáveis. simplesmente submetida à lei, mas submetida à lei
d) devem ter seus resultados previstos por duas por ser concebida como vontade legisladora
modalidades de provas, com conclusões idênticas. universal, ou seja, se submete à lei na exata medida
e) exigem previsões obtidas por raciocínio, distinto do em que ela é a autora da lei (moral).
conhecimento baseado em cálculo abstrato.
Das afirmativas feitas acima
37. (Unioeste 2013) “A necessidade prática de a) somente a afirmação I está incorreta.
agir segundo este princípio, isto é, o dever, não b) somente a afirmação III está incorreta.
assenta em sentimentos, impulsos e inclinações, c) as afirmações II e IV estão incorretas.
mas, sim, somente na relação dos seres racionais d) as afirmações II e III estão incorretas.
entre si, relação essa em que a vontade de um ser e) as afirmações II, III e V estão incorretas.
racional tem de ser considerada sempre e
simultaneamente como legisladora, porque de outra 38. (Uff 2012) Galileu Galilei é considerado um
forma não podia pensar-se como fim em si mesmo. A
dos grandes nomes da história da ciência graças às
razão relaciona, pois, cada máxima da vontade
concebida como legisladora universal com todas as suas revolucionárias observações astronômicas por
outras vontades e com todas as ações para conosco
meio do telescópio e aos seus estudos sobre
mesmos, e isto não em virtude de qualquer outro
móbil prático ou de qualquer vantagem futura, mas a) a economia política.
em virtude da ideia da dignidade de um ser racional b) a composição da luz.
que não obedece à outra lei senão àquela que ele c) a anatomia humana.
mesmo simultaneamente dá a si mesmo. [...] O que se d) o movimento dos corpos.
relaciona com as inclinações e necessidades gerais e) a circulação do sangue.
do homem tem um preço venal [...], aquilo, porém, que
constitui a condição só graças a qual qualquer coisa 39. (Ufsj 2012) Sobre os ídolos preconizados
pode ser um fim em si mesma, não tem somente um
valor relativo, isto é, um preço, mas um valor íntimo, por Francis Bacon, é CORRETO afirmar que:
isto é, dignidade”. a) “A consequência imediata da ação dos ídolos é a
inscrição do Homem num universo de massacre e
Kant. sofrimento racional-indutivo, onde o conhecimento
científico se distancia da filosofia, se deteriora e se
amesquinha”.
Considerando o texto citado e o pensamento b) “Toda idolatria é forjada no hábito e na
ético de Kant, seguem as afirmativas abaixo: subjetividade humanos”.
c) “Os ídolos invadem a mente humana e para
I. Para Kant, existe moral porque o ser humano e, em derrogá-los, é necessário um esforço racional-
geral, todo o ser racional, fim em si mesmo e valor dedutivo de análise, como bem advertiu
absoluto, não deve ser tomado simplesmente como Aristóteles”.
meio ou instrumento para o uso arbitrário de d) “Os ídolos da caverna são os homens enquanto
qualquer vontade. indivíduos, pois cada um [...] tem uma caverna ou
II. Fim em si mesmo e valor absoluto, o ser humano é uma cova que intercepta e corrompe a luz da
pessoa e tem dignidade, mas uma dignidade que é, natureza”.
apenas, relativamente valiosa, por se encontrar em
dependência das condições psicossociais e 40. (Uema 2012) Das alternativas abaixo,
político-econômicas nas quais vive. marque aquela que apresenta o sentido de cultura
III. A moralidade, única condição que pode fazer de elaborado pelos humanistas no Renascimento do
um ser racional fim em si mesmo e valor absoluto, século XVI.
pelo princípio da autonomia da vontade, e a a) Cultura é a valorização do trabalho, pois se acredita
humanidade, enquanto capaz de moralidade, são que pelo trabalho o homem não só aprimora suas
as únicas coisas que têm dignidade. habilidades como também ganha dignidade.
b) Cultura é o cultivo do espírito no sentido de seguir poder público, reformam e inovam, o que muitas
firmemente os ordenamentos de Deus aqui na terra vezes leva o país à desordem e à guerra civil.
como necessário para a salvação da alma. d) o motivo maior que guia a vida de tais criaturas é a
c) Cultura é o cultivo do espírito, exprimindo a ação de engrenagem da soberania da vontade de criar, da
desenvolver a capacidade intelectual e de vontade de poder, retomada por Nietzsche e pelo
aprimorar as qualidades naturais dos homens. existencialismo.
d) Cultura seria associada à prática do lazer, do
cultivo às artes, à ciência e às letras. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
e) Cultura seria o fazer humano por meio do qual o Texto I
homem produz bens materiais e se autoproduz.
O desenvolvimento não é um mecanismo cego
41. (Ufsj 2012) David Hume afirma que “a que age por si. O padrão de progresso dominante
descreve a trajetória da sociedade contemporânea
razão, em sentido estrito e filosófico, só pode em busca dos fins tidos como desejáveis, fins que os
influenciar nossa conduta de duas maneiras”, a saber: modelos de produção e de consumo expressam. É
preciso, portanto, rediscutir os sentidos. Nos marcos
a) “a razão por si só funda a moral humana e como tal do que se entende predominantemente por
nela encontra respaldo para instaurar influências, desenvolvimento, aceita-se rever as quantidades
além disso, reduz o campo de influência dogmática (menos energia, menos água, mais eficiência, mais
sobre a conduta humana”. tecnologia), mas pouco as qualidades: que
b) “ao reconhecer o estatuto racional que fundamenta desenvolvimento, para que e para quem?
e legitima a paixão, a moral se estabelece como
consequência dessa razão em si mesma, além de (LEROY, Jean Pierre. Encruzilhadas do
determinar o sujeito que age”. Desenvolvimento. O Impacto sobre o meio ambiente.
c) “despertando uma paixão ao nos informar sobre a Le Monde Diplomatique Brasil. jul. 2008, p.9.)
existência de alguma coisa que é um objeto próprio
dessa paixão ou descobrindo a conexão de causas
e efeitos de modo a nos dar meios de exercer uma
paixão qualquer”. 43. (Uel 2012) Tendo como referência a
d) “razão e ação prática são princípios ativos relação entre desenvolvimento e progresso presente
fundamentais que conferem poderes aos corpos no texto, é correto afirmar que, em Kant, tal relação,
externos ou às ações racionais ou se fundam, contida no conceito de Aufklärung (Esclarecimento),
exclusivamente, na intenção que é peculiar ao expressa:
indivíduo”. a) A tematização do desenvolvimento sob a égide da
lógica de produção capitalista.
42. (Ufsj 2012) “Algumas criaturas vivas, como b) A segmentação do desenvolvimento
tecnocientífico nas diversas especialidades.
as abelhas e as formigas, que vivem socialmente c) A ampliação do uso público da razão para que se
umas com as outras [...] tendem para o benefício desenvolvam sujeitos autônomos.
d) O desenvolvimento que se alcança no âmbito
comum”. técnico e material das sociedades.
e) O desenvolvimento dos pressupostos científicos na
resolução dos problemas da filosofia prática.
Para Thomas Hobbes, essa tendência não ocorre
entre os homens porque 44. (Uel 2011) Leia o texto a seguir.
a) esses insetos, dentro da sua irracionalidade O pensamento moderno caracteriza-se pelo
natural, dão lições de conduta aos seres humanos; crescente abandono da ciência aristotélica. Um dos
seja na tarefa diária, seja na politização paradoxal pensadores modernos desconfortáveis com a lógica
do modelo comunista difundido por Joseph Stalin e dedutiva de Aristóteles – considerando que esta não
Karl Marx. permitia explicar o progresso do conhecimento
b) as abelhas e as formigas têm a peculiaridade de científico – foi Francis Bacon. No livro Novum
construir suas sociedades dentro de uma unidade Organum, Bacon formulou o método indutivo como
dinâmica e circular, que poderia ser bem definida alternativa ao método lógico-dedutivo aristotélico.
como um contrato social se elas fossem humanas.
Os seres humanos não atingiram tal estágio ainda. Com base no texto e nos conhecimentos sobre
c) estes estão constantemente envolvidos numa o pensamento de Bacon, é correto afirmar que o
competição pela honra e pela dignidade e se método indutivo consiste
julgam uns mais sábios que outros para exercer o
a) Livre uso da razão desde que avalizada pela a) A dissolução do Cosmos representa a ruptura com
autoridade competente eclesiástica e política. a ideia do Universo como sistema imutável,
b) Liberdade ilimitada do sábio usar a razão e heterogêneo, hierarquicamente ordenado, da física
autonomia para publicizar suas ideias com as aristotélica.
melhores intenções. b) A crença na existência do Cosmos, na física
c) Uso que o professor faz de sua razão diante de sua aristotélica, se situa na concepção de um Universo
comunidade acadêmica ou outra qualquer. aberto, indefinido e até infinito, unificado e
d) Discurso aberto sobre temáticas monitoradas por governado pelas mesmas leis universais.
uma instituição que forma pessoas para o serviço c) Contrária à concepção tradicional de ciência de
militar. orientação aristotélica, a física galilaica distingue e
e) Abordagem de uma teoria determinada por um opõe os dois mundos do Céu e da Terra e suas
paradigma vigente, seja ele religioso, político ou respectivas leis.
científico. d) A geometrização do espaço e do movimento, na
física galilaica, aprimora a concepção matemática
57. (Uema 2011) Na perspectiva do do Universo cósmico qualitativamente diferenciado
conhecimento, Immanuel Kant pretende superar a e concreto da física aristotélica.
dicotomia racionalismo-empirismo. Entre as e) A física galilaica identifica o movimento a partir da
alternativas abaixo, a única que contém informações concepção de uma totalidade cósmica, em cuja
corretas sobre o criticismo kantiano é: ordem cada coisa possui um lugar próprio
a) A razão estabelece as condições de possibilidade conforme sua natureza.
do conhecimento; por isso independe da matéria
do conhecimento. 59. (Uel 2010) A ONU declarou 2009 o Ano
b) O conhecimento é constituído de matéria e forma. Internacional da Astronomia pelos 400 anos do uso
Para termos conhecimento das coisas, temos de do telescópio nas investigações astronômicas por
organizá-las a partir da forma a priori do espaço e Galileu Galilei. Essas investigações desencadearam
do tempo. descobertas e, por sua vez, uma nova maneira de
c) O conhecimento é constituído de matéria, forma e compreender os fenômenos naturais. Além de suas
pensamento. Para termos conhecimento das descobertas, Galileu também contribuiu para a
coisas temos de pensá-las a partir do tempo posteridade ao desenvolver o método experimental e
cronológico. a concepção de uma nova ciência física.
d) A razão enquanto determinante nos
conhecimentos fenomênicos e noumênicos Com base nas contribuições metodológicas de
(transcendentais) atesta a capacidade do ser Galileu Galilei, é correto afirmar:
humano. a) A experiência espontânea e imediata da percepção
e) O homem conhece pela razão a realidade dos sentidos desempenha, a partir de Galileu, um
fenomênica porque Deus é quem afinal determina papel metodológico, preponderante na nova
este processo. ciência.
b) A observação, a experimentação e a explicação
58. (Uel 2010) A obra de Galileu Galilei está dos fenômenos físicos da natureza desenvolvidos
indissoluvelmente ligada à revolução científica do por Galileu aprimoram o método lógico-dedutivo da
século XVII, a qual implicou uma “mutação” filosofia aristotélica.
intelectual radical, cujo produto e expressão mais c) A observação controlada dos fenômenos na forma
genuína foi o desenvolvimento da ciência moderna no de experimentação, segundo o método galileano,
pensamento ocidental. Neste sentido, destacam-se consiste em interrogar metodicamente a natureza
dois traços entrelaçados que caracterizam esta na linguagem matemática.
revolução inauguradora da modernidade científica: a d) A verificação metodológica da verdade das leis
dissolução da ideia greco-medieval do Cosmos e a científicas pelos experimentos aleatórios,
geometrização do espaço e do movimento. defendida por Galileu, fundamenta-se na
concepção finalista do Universo.
(KOYRÉ, A. Estudos Galilaicos. Lisboa: Dom e) O método galileano reafirma o princípio de
Quixote, 1986. pp. 13-20; KOYRÉ, A. Estudos de autoridade das interpretações teológico-bíblicas na
História do Pensamento Científico. Brasília, Editora definição do método para alcançar a verdade física.
UnB, 1982. pp. 152-154.).
60. (Ufpa 2010) Galileu, ao conceber a ciência,
Com base no texto e nos conhecimentos sobre valoriza a experiência e se preocupa com a descrição
as características que marcam revolução científica no quantificada dos fenômenos. Tal descrição torna-se
pensamento de Galileu Galilei, assinale a alternativa possível, porque ele faz a distinção entre qualidades
correta. primárias e secundárias
Que processo histórico pode ser diretamente 64. (Unioeste 2010) “Há já algum tempo dei-
associado a essas ideias? me conta de que, desde meus primeiros anos,
a) Os ideais de retorno à vida natural. recebera muitas falsas opiniões por verdadeiras e de
b) O bloqueio continental imposto à Europa por que aquilo que depois eu fundei sobre princípios tão
Napoleão Bonaparte. mal assegurados devia ser apenas muito duvidoso e
c) A Contrarreforma promovida pela Igreja Católica. incerto; de modo que era preciso tentar seriamente,
d) O surgimento do estilo barroco nas artes. uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as
e) A Revolução Industrial. opiniões que recebera até então em minha crença e
começar tudo novamente desde os fundamentos, se
62. (Ufpa 2010) Segundo a tradição eu quisesse estabelecer alguma coisa de firme e de
racionalista, a verdade não reside nas próprias coisas, constante nas ciências. […] Agora, pois, que meu
mas somente no juízo. De acordo com essa espírito está livre de todas as preocupações e que
concepção de verdade, é lícito afirmar: obtive um repouso seguro numa solidão tranquila,
a) As ideias são verdadeiras por coincidirem aplicar-me-ei seriamente e com liberdade a destruir
naturalmente com as coisas. em geral todas as minhas antigas opiniões. Ora, não
b) A verdade reside na atribuição do predicado será necessário, para atingir esse propósito, provar
inerente ao sujeito do juízo. que elas todas são falsas, o que talvez jamais
c) A verdade reside no ato de julgar, porque é isento realizasse até o fim; mas, visto que a razão já me
de qualquer valor cognitivo. persuade de que não devo menos cuidadosamente
d) A apreensão do objeto é produto de um julgamento impedir-me de acreditar nas coisas que não são
exclusivamente ético. inteiramente certas e indubitáveis do que nas que nos
e) O sujeito do juízo não deve pertencer ao predicado, parecem ser manifestamente falsas, a menor razão
para se evitar um julgamento preconceituoso. de duvidar que eu nelas encontrar será suficiente para
me fazer rejeitá-las todas.” (Descartes)
63. (Uenp 2010) Uma preocupação comum
dos filósofos modernos era com o método. Eles A partir da filosofia cartesiana, seguem as
partiam de um senso comum teórico amplamente seguintes afirmações:
difundido na filosofia, o de que os homens só erravam I. A dúvida cartesiana é uma dúvida sobre os
porque tomavam o caminho errado. Qualquer um que fundamentos do conhecimento, e seu objetivo é
se utilizasse do método adequado teria condições de avaliar a possibilidade da conquista de algo
chegar ao conhecimento da verdade. Sobre o tema do evidente e verdadeiro.
método é correto dizer que: II. A primeira certeza que conquistamos é a de que,
a) Descartes era indutivista tendo em vista que seu embora nossos sentidos nos enganam às vezes,
método consistia em partir das informações não é possível duvidar da existência das coisas que
obtidas pela experiência para a construção de nos rodeiam.
verdades mais gerais, a partir de um processo de III. A dúvida, quando generalizada ao máximo, será
abstração. autodestrutiva, uma vez que ela é um ato de
pensar e, portanto, requer como certa a existência c) A existência é concebida pelo ato originário e
de uma entidade que é sujeito desse ato imaginativo do pensamento, o qual impede que a
IV. Generalizar ao máximo a dúvida é uma atitude realidade seja mera ficção.
irracional e meramente negativa. d) a existência é a plenitude do ato de exteriorização
V. A dúvida cartesiana traz como resultado um fato dos objetos, cuja integridade é dada pela
determinante para toda a filosofia moderna: só manifestação da sua aparência.
temos acesso imediato às nossas percepções e) A existência é a evidência revelada ao ser humano
mentais, ao passo que o conhecimento de tudo o pelo ato próprio de pensar.
mais (o mundo, Deus, etc.) deve ser provado como
possível, dada a distância que há entre nossos 66. (Ufu 2010) Em O Discurso sobre o método,
pensamentos e as demais coisas. Descartes afirma:
Revolução Científica do Século XVII, que ocasionou a d) A liberdade impede o aperfeiçoamento humano.
derrocada da física e da cosmologia aristotélica. e) Somente se fosse perfeito é que o ser humano
Assinalar qual constitui a exceção (ou seja, qual das seria livre.
alternativas é a incorreta).
a) O rompimento com a física qualitativa e a 69. (Uenp 2010) A cidade inteira se divide em
homogeneização do espaço, com a consequente quatro quarteirões iguais. No centro de cada
substituição da noção de lugares naturais das quarteirão, encontra-se o mercado das coisas
coisas pela de espaço homogêneo da geometria, necessárias à vida. São depositados aí os diferentes
considerado como real. produtos do trabalho de todas as famílias. Esses
b) A consideração da lei da inércia como princípio produtos, depositados primeiramente nos
fundamental da natureza, ela que afirma que um entrepostos, são em seguida classificados nas lojas
corpo abandonado a si mesmo permanece em seu de acordo com sua espécie. Cada pai de família vai
estado de repouso ou de movimento tanto tempo procurar no mercado aquilo de que tem necessidade
quanto esse estado não for submetido à ação de para si e os seus. Tira o que precisa sem que seja
uma força exterior qualquer. exigido dele nem dinheiro nem troca. Jamais se
c) O combate ao princípio de inalterabilidade do céu e recusa alguma coisa aos pais de família. A
a todo o arcabouço teórico que sustentava a abundância sendo extrema, em todas as coisas, não
dicotomia entre céu e Terra. se teme que alguém tire além de sua necessidade. De
d) A destruição do Cosmo, isto é, a substituição da fato, aquele que tem a certeza de que nada faltará
visão de mundo finito e hierarquicamente ordenado jamais, não procurará possuir mais do que é preciso.
por uma concepção de universo homogêneo, ligado O que torna, em geral, os animais cúpidos e rapaces, é
por elementos de mesma natureza e regido por leis o temor das privações no futuro. No homem, em
necessárias e universais. particular, existe uma outra causa de avareza - o
e) A compreensão do movimento como um tipo de orgulho, que o excita a ultrapassar em opulência os
mudança que depende da constituição interna do seus iguais e a deslumbrá-los pelo aparato de um
corpo, de modo que o movimento contrário à luxo supérfluo. Mas as instituições utopianas tornam
natureza do corpo que se move, como quando este vício impossível.
arremessamos uma pedra para o alto, é
considerado violento e, como tal, tende à sua Thomas Morus.Utopia. Disponível em:
própria destruição. http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/c
v000070.pdf.
68. (Uff 2010) O italiano Picco della Mirandola
foi um importante filósofo humanista do Sobre, de Thomas Morus, é incorreto afirmar:
Renascimento dos séculos XV e XVI. Seu livro Sobre a a) Thomas Morus se inspira na República de Platão
Dignidade do Homem enaltece a importância do ser para escrever a Utopia. De um modo geral, o
humano e narra um mito da criação do homem. movimento filosófico ao qual pertencia Morus, o
Segundo o autor, quando decidiu criar o ser humano, humanismo, é caracterizado pela retomada dos
o criador já havia utilizado na criação dos outros temas da filosófica grega antiga.
seres todos os modelos e qualidades de que b) O texto de Thomas Morus é de caráter
dispunha. Então, o criador falou assim a Adão: contraideológico. Isso significa que a Utopia, além
“Se não te conferi um lugar fixo, uma forma que de significar “o não lugar, o lugar que não existe”,
te fosse própria e um dom especial, Adão, foi para era uma profunda crítica ao contexto histórico e
que tu mesmo, escolhendo segundo teu desejo e tua social em que vivia o autor.
determinação o lugar, a forma e o dom que quiseres, c) Não é possível afirmar que no texto da Utopia
possas fazê-los teus. Todos os outros seres exista qualquer crítica à propriedade privada, que
receberam uma natureza rigidamente definida e teria início apenas na contemporaneidade com o
ficaram sob o meu poder, segundo leis previamente marxismo.
estabelecidas. Somente a ti não te prendem laços, d) A Utopia, na medida em que descreve uma
exceto tu mesmo, segundo a vontade que te sociedade justa, indica que ela deveria ter leis
concedo”. pouco numerosas e as riquezas repartidas.
e) Na Utopia de Morus existe condenação explícita ao
Marque a sentença que expressa ideais do luxo e às vaidades, pois estes levam a um falso
Humanismo Renascentista e que é mais adequada ao prazer, incitando a desigualdade e a falsa
pensamento de Picco della Mirandola. superioridade.
a) O ser humano é inacabado e livre e por isso pode
se aperfeiçoar. 70. (Uenp 2010) O Renascimento é um período
b) A imperfeição impede o aperfeiçoamento do ser que compreende o fim da Idade Média e o Início da
humano. Idade Moderna, entre os séculos XIV e XVI, e tem
c) A imperfeição humana o impede de ser livre. alcance em diversos campos da sociedade, do saber
e da arte. Por causa disso é classificado por muitos Com base no texto e nos conhecimentos sobre
estudiosos como um período de transição, não mais o pensamento de John Locke, é correto afirmar que a
medieval, mas ainda não moderno. Autores recentes propriedade:
como Michel Foucault, no entanto, ampliaram o valor
do Renascimento sustentando que ele constitui um I. Tem no trabalho a sua origem e fundamento, uma
sistema completo. Sobre o período é incorreto afirmar vez que ao acrescentar algo que é seu aos objetos
que: da natureza o homem os transforma em sua
a) Os humanistas resgataram o conceito romano de propriedade.
studia humanitatis. Entre suas preocupações II. A possibilidade que o homem tem de colher os
estava o ensino do latim, da retórica e da filosofia frutos da terra, a exemplo das maçãs, confere a ele
moral. Resgataram em seus textos o valor do um direito sobre eles que gera a possibilidade de
homem, o colocando no centro da cultura como acúmulo ilimitado.
valor maior, em contraposição a Deus, que o era III. Animais e frutos, quando disponíveis na natureza e
durante a Idade Média. sem a intervenção humana, pertencem a um
b) Maquiavel tem como uma de suas propostas direito comum de todos.
teóricas a demarcação do objeto de estudo da IV. Nasce da sociedade como consequência da ação
política, bem como a sua separação da ética, da coletiva e solidária das comunidades organizadas
moral e da religião. Maquiavel é considerado por com o propósito de formar e dar sustentação ao
isso como o fundador da ciência política, ou da Estado.
filosofia política moderna.
c) A propriedade privada, recém ressurgida na época, Assinale a alternativa correta.
é vista como um empecilho à pratica da virtude a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
humana, por alguns humanistas. Para Tomas More, b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
o homem deveria viver de acordo com a natureza, c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
dai seu esforço de defender uma nova civilização. d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
Muitas vezes, a critica social de A Utopia parece e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
estar endereçada à Inglaterra, lugar onde More
nasceu. 72. (Uel 2010) Leia o texto a seguir:
d) Uma das preocupações recorrentes dos que
escrevem sobre Utopia é delinear a educação dos
jovens, e isso é um tema central da Cidade do Sol Ao empreender a análise da estrutura e dos
de Campanella, onde os jovens receberiam todo limites do conhecimento, Kant tomou a física e a
tipo de instrução e até os muros da cidade seriam mecânica celeste elaboradas por Newton como
decorados com todo o saber conhecido. Essa sendo a própria ciência. Entretanto, era preciso salvá-
preocupação já estava presente na filosofia grega la do ceticismo de Hume quanto à impossibilidade de
antiga, por exemplo, em Platão. fundamentar as inferências indutivas e de alcançar
e) Os humanistas de um modo geral criticaram o um conhecimento necessário da natureza.
movimento de reforma religiosa, tendo em vista
que eram em sua maioria católicos e percebiam Com base no pensamento de David Hume
que, se o projeto da reforma fosse levado a cabo, a acerca do entendimento humano, é correto afirmar:
Igreja Católica perderia sua hegemonia cultural e
religiosa, fortalecendo o paganismo clássico que a) Dentre os objetos da razão humana, as relações de
renascia. ideias se originam das impressões associadas aos
conceitos inatos dos quais se obtém
dedutivamente o entendimento dos fatos.
71. (Uel 2010) Leia o seguinte texto de Locke: b) As conclusões acerca dos fatos obtidas pelo
sujeito do conhecimento realizam-se sem auxílio
Aquele que se alimentou com bolotas que da experiência, recorrendo apenas aos raciocínios
colheu sob um carvalho, ou das maçãs que retirou abstratos a priori.
das árvores na floresta, certamente se apropriou c) O postulado que afirma a inexistência de
deles para si. Ninguém pode negar que a alimentação conhecimento para além daquele que possa vir a
é sua. Pergunto então: Quando começaram a lhe resultar do hábito funda-se na ideia metafísica de
pertencer? Quando os digeriu? Quando os comeu? relação causal como conexão necessária entre os
Quando os cozinhou? fatos.
Quando os levou para casa? Ou quando os d) O sujeito do conhecimento opera associações de
apanhou? suas percepções, sensações e impressões
semelhantes ou sucessivas recebidas pelos órgãos
(LOCKE, J. Segundo Tratado Sobre o Governo dos sentidos e retidas na memória.
Civil. 3 ed. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 98) e) Pelo raciocínio o sujeito é induzido a inferir as
relações de causa e efeito entre percepções e
O principal argumento humeano contra a Identifique a opção que melhor expressa esse
explicação da inferência causal pela razão era que pensamento de Voltaire.
este tipo de inferência dependia da repetição, e que a a) Aquele que se pauta pela razão e pela verdade não
faculdade chamada “razão” padecia daquilo que se é um sábio, pois corre um risco desnecessário.
pode chamar uma certa “insensibilidade à repetição”, b) A razão é impotente diante do fanatismo, pois esse
ou seja, uma certa indiferença perante a experiência sempre se impõe sobre os seres humanos.
repetida. Em completo contraste com isso, o princípio c) Aquele que se orienta pela razão e pela verdade
defendido por nosso filósofo, um princípio para deve munir-se da coragem para enfrentar o
designar o qual propôs os nomes de “costume ou obscurantismo e o fanatismo.
hábito”, foi concebido como uma disposição humana d) O fanatismo e o obscurantismo são coisas do
caracterizada pela sensibilidade à repetição, podendo passado e por isso a razão não precisa mais estar
assim ser considerado um princípio adequado à alerta.
explicação dos raciocínios derivados de experiências e) A razão envenena o espírito humano com o
repetidas. fanatismo.
(MONTEIRO, J. P. Novos Estudos Humeanos. 76. (Uema 2010) Rousseau, para explicar
São Paulo: Discurso Editorial, 2003, p. 41) como e onde crescem as desigualdades, aponta
estágios. A humanidade ao se desenvolver os
Com base no texto e nos conhecimentos sobre transpõe. Os estágios rousseaunianos são os
o empirismo, é correto afirmar que Hume seguintes:
a) atribui importância à experiência como fundamento
do conhecimento dedutivo obtido a partir da ( ) O estado de natureza e seus primeiros
inferência das relações causais na natureza. progressos.
b) corrobora a afirmação de que a experiência é ( ) A idade do ouro.
insuficiente sem o uso e a intervenção da razão na ( ) O primeiro progresso da desigualdade: a
demonstração do nexo causal existente entre os propriedade.
fenômenos naturais. ( ) O segundo progresso da desigualdade: os
c) confere exclusividade à matemática como magistrados.
condição de fundamentação do conhecimento
c) O sujeito do conhecimento é capaz de enunciar 81. (Uel 2010) Leia o texto a seguir:
objetivamente a realidade em si das coisas por
meio dos juízos sintéticos a priori. Como determinamos as regras do que é certo
d) Nos juízos sintéticos a priori, de natureza empírica, ou errado? Immanuel Kant (1724-1804) responde a
o predicado nada mais é do que a explicitação do essa pergunta da seguinte forma: é moralmente
que já esteja pensado realmente no conceito do correta a ação que está de acordo com determinadas
sujeito. regras do que é certo, independente da felicidade
e) A possibilidade dos juízos sintéticos a priori nas resultante a um ou a todos. Kant não propõe uma lista
proposições empíricas fundamenta-se na de regras com conteúdo previamente determinado -
determinação da percepção imediata e espontânea como é o caso dos mandamentos religiosos, por
do objeto sobre a razão. exemplo -, mas formula uma regra para averiguar a
correção da máxima que orienta nossa ação. Essa
80. (Uenp 2010) “Ora, propondo-me publicar, regra de averiguação é chamada imperativo
um dia, uma Metafísica dos costumes, faço-a categórico [...]
preceder deste opúsculo que lhe serve de
fundamentação. Decerto não há, um rigor, outro (BORGES, M. de L.; DALL’AGNOL, D.; DUTRA, D.
fundamento em que da possa assentar, de não seja a V. O que você precisa saber sobre... Ética. Rio de
Crítica de uma razão pura prática, do mesmo modo Janeiro: DP&A, 2002, p.15.)
que, para fundamentar a Metafísica, se requer a
Crítica da razão pura especulativa por mim já Com base no texto e nos conhecimentos sobre
publicada. o Imperativo Categórico kantiano, é correto afirmar:
Mas, em parte, a primeira destas Críticas não é
de tão extrema necessidade como a segunda, porque I. Constitui um princípio formal dado pela razão que
em matéria moral a razão humana, mesmo entre o visa à discriminação das máximas de ação, com a
comum dos mortais, pode ser facilmente levada a alto pretensão de verificar quais podem, efetivamente,
grau de exatidão e de perfeição, ao passo que no seu enquadrar-se numa legislação universal.
uso teorético, mas puro, da é totalmente dialética; e, II. Representa a capacidade de a razão prática, do
em parte, no que concerne à Crítica de uma razão ponto de vista a priori, fornecer à vontade humana
pura prática, para que ela seja completa, reputo um dever incondicional com pretensão de
imprescindível que se mostre ao mesmo tempo a universalidade e de necessidade.
unidade da razão prática e da razão especulativa num III. Compreende um princípio teleológico construído a
princípio comum; pois que, em última instância, só partir da concepção valorativa do “bem viver” e
pode haver uma e a mesma razão, e só na aplicação que se impõe, como condição absoluta, na
desta há lugar para distinções. Ora, não me seria realização de ações e comportamentos das
possível aqui realizar um trabalho tão esmiuçado e pessoas em geral.
completo, sem introduzir considerações de ordem IV. Abrange a sabedoria prática, como condição inata
inteiramente diferente e sem lançar a confusão no de o ser humano deliberar e proceder, sempre de
ânimo do leitor. Por isso, em vez de dar a este livrinho forma semelhante em relação às demais pessoas,
o título de Crítica da razão pura prática, denominei-o no quesito das ações que envolvem virtude e
Fundamentação da Metafísica dos costumes.” prudência.
considerando que [....] escrevi e imprimi um livro no apresenta-se como causa é regra na prática”. Em
qual discuto a nova doutrina (o heliocentrismo) já relação a esse aforismo III do Livro I do Novum
condenada e aduzo argumentos de grande força em Organum de Francis Bacon, considere a alternativa
seu favor, sem apresentar nenhuma solução para que apresenta a interpretação correta:
eles, fui, pelo Santo Oficio, acusado de a) O saber, para Bacon, é uma forma de alterarmos as
veementemente suspeito de heresia, isto é, de haver leis da natureza e, com isso, seus fenômenos
sustentado e acreditado que o Sol está no centro do podem ser controlados tendo em vista um
mundo e imóvel, e que a Terra não está no centro, benefício humano.
mas se move; desejando eliminar do espírito de b) O autor menciona que o conhecimento, o saber,
Vossas Eminências e de todos os cristãos fiéis essa está ligado ao poder, ou seja, mediante o
veemente suspeita concebida mui justamente contra conhecimento é possível, de maneira segura e
mim, com sinceridade e fé verdadeira, abjuro, rigorosa, conquistar o poder sobre a natureza.
amaldiçoo e detesto os citados erros e heresias, e em c) Para Bacon, é inerente ao saber uma forma de
geral qualquer outro erro, heresia e seita contrários à controle sobre a natureza, mas principalmente
Santa Igreja, e juro que no futuro nunca mais direi sobre as pessoas, possibilitando um poder
nem afirmarei, verbalmente nem por escrito, nada que incondicional ao detentor do saber.
proporcione motivo para tal suspeita a meu respeito.” d) O saber já possui um valor em si mesmo, o que
conduz, consequentemente, de acordo com Bacon,
Analisando o texto, o momento e as a um poder.
circunstâncias em que foi escrito, julgue as e) O que Bacon pretende dizer é que o saber nem
proposições: sempre tem uma relação com a prática e que é a
conveniência individual desse saber que determina
I. As ideias racionalistas, que decorrem da teologia seu valor.
racional do final da Idade Média, tiveram amplo
apoio da aristocracia rural, que as usou como 84. (Uel 2009) [...] chamamos esses lugares de
argumentação para combater o poder do clero. regiões superiores. [...] Tais torres, conforme sua altura
II. As ideias de Galileu, segundo o ofício, foram e posição, servem para experimentos de isolamento,
aceitas pela Igreja, mas condenadas pelo Tribunal refrigeração e conservação, e para as observações
do Santo Ofício; Galileu, por essa razão, teve de atmosféricas, como o estudo dos ventos, da chuva, da
retratar-se.
neve, granizo e de alguns meteoros ígneos.
III. Bacon, Spinoza, Newton, assim como Galileu, entre
outros, enfrentaram as ideias tradicionais então
vigentes, criando as bases do racionalismo e do (BACON, F. Nova Atlântida. São Paulo: Nova
pensamento científico, que deram a tônica do Cultural. 1997. P; 246.)
pensamento moderno.
IV. Trata-se da retratação de Galileu Galilei, que em De acordo com o texto e os conhecimentos
seus estudos de astronomia negou a concepção sobre os subtemas, pode-se afirmar que o
geocentrista aceita, até então, por grande parte
pensamento de Francis Bacon:
dos astrônomos e defendeu que o Sol, e não a
Terra, seria o centro do Universo. O geocentrismo a) Reconhece e valoriza o distanciamento da
era fundamentado basicamente em passagens realidade preconizado pelos autores da
bíblicas e na cosmologia aristotélica. escolástica.
V. Galileu é um dos vultos do Renascimento. O b) Rejeita a máxima “saber é poder” e compreende a
Renascimento vai marcar uma mudança de ciência como meio de controle sobre os seres
mentalidade e a afirmação de novos valores, entre humanos.
outros, o individualismo, o humanismo e o c) Está voltado para o problema do método e para a
antropocentrismo. defesa da experimentação.
d) Considera o acesso à verdade como um processo
Assinale a alternativa correta: que resulta do método dialético e que parte dos
a) são falsas apenas I e II. dados gerais para chegar ao particular.
b) são verdadeiras apenas I, II e III. e) Estrutura, assim como de Platão, sua “utopia
c) todas são falsas. política”, tendo como base a sociedade organizada
d) todas são verdadeiras. em trabalhadores, soldados e governantes.
e) são verdadeiras apenas III e V.
85. (Ufla 2009) “A razão é uma estrutura vazia,
83. (Pucpr 2009) “Ciência e poder do homem uma forma pura sem conteúdos. Essa estrutura é que
coincidem, uma vez que, sendo a causa ignorada, é universal, a mesma para todos os seres humanos,
frustra-se o efeito. Pois a natureza não se vence, se em todos os tempos e lugares. Essa estrutura é inata,
não quando se lhe obedece. E o que à contemplação isto é, não é adquirida pela experiência. Por ser inata e
não depender da experiência para existir, a razão é, do metódica, não se consegue fundamentar a
ponto de vista do conhecimento, anterior à objetividade da certeza científica.
experiência e independente da experiência. c) Somente com o cogito, a concepção cartesiana das
Os conteúdos que a razão conhece e nos quais ideias claras e distintas, inatas ao espírito humano,
ela pensa, dependem da experiência. Sem ela (a garante definitivamente que o objeto pensado pelo
experiência) a razão seria sempre vazia, inoperante, sujeito é determinado pela realidade fora do
nada conheceria. A experiência fornece a matéria (os pensamento.
conteúdos) do conhecimento para a razão e essa d) Do exercício da dúvida metódica, no itinerário
fornece a forma do conhecimento”. cartesiano, a certeza subjetiva do cogito constitui a
primeira verdade inabalável e, portanto, modelo das
De acordo com o texto, assinale a alternativa ideias claras e distintas.
CORRETA. e) A dúvida cartesiana, convertida em método, rende-
a) O conteúdo, a matéria do conhecimento, é inato. se ao ceticismo e demonstra a impossibilidade de
b) A estrutura da razão é inata. qualquer certeza consistente e definitiva quanto à
c) A estrutura da razão é adquirida por experiência. capacidade do intelecto de atingir a verdade.
d) A experiência fornece a forma do conhecimento
para a razão. 87. (Ufla 2009) “Conhecimento racional é a
síntese que a razão realiza entre uma forma universal
86. (Uel 2009) De há muito observara que, inata e um conteúdo particular oferecido pela
experiência. O que existe como estrutura da razão é
quanto aos costumes, é necessário às vezes seguir
anterior à experiência. Assim, forma é aquilo sem o
opiniões, que sabemos serem muito incertas, tal que não haveria percepção ou captação da
experiência. A razão tem a percepção de todas as
como se fossem indubitáveis [...]; mas, por desejar
coisas como realidades espaciais e temporais. Assim,
então ocupar-me somente com a pesquisa da o espaço e o tempo existem em nossa razão antes e
sem a experiência. O conhecimento da realidade
verdade, pensei que era necessário agir exatamente
como ela é em si, não é possível, mas pode ser
ao contrário, e rejeitar como absolutamente falso conhecida a forma como ela (a realidade) se
apresenta (fenômeno)”.
tudo aquilo em que pudesse imaginar a menor dúvida,
a fim de ver se, após isso, não restaria algo em meu De acordo com o texto, assinale a alternativa
CORRETA.
crédito, que fosse inteiramente indubitável [...] E,
a) Espaço e tempo são formas inatas existentes na
tendo notado que nada há no eu penso, logo existo, razão.
b) A forma universal inata é percebida na experiência.
que me assegure de que digo a verdade, exceto que
c) A razão pode conhecer a realidade em si.
vejo muito claramente que, para pensar, é preciso d) A realidade em si é a forma como ela se apresenta.
existir, julguei poder tomar como regra geral que as
88. (Uel 2009) Fui nutrido nas letras desde a
coisas que concebemos mui clara e mui
infância, e por me haver persuadido de que, por meio
distintamente são todas verdadeiras [...].
delas, se podia adquirir um conhecimento claro e
seguro de tudo o que é útil à vida, sentia
(DESCARTES, R. Discurso do Método. Quinta Parte.
extraordinário desejo de aprendê-las. Mas, logo que
Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p. 46-
terminei todo esse curso de estudos, ao cabo do qual
47.)
se costuma ser recebido na classe dos doutos, mudei
inteiramente de opinião. Pois me achava enleado em
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
tantas dúvidas e erros, que me parecia não haver
pensamento de Descartes, é correto afirmar.
obtido outro proveito, procurando instruir-me, senão o
a) A dúvida metódica permitiu a Descartes
compreender que todas as ideias verdadeiras de ter descoberto cada vez mais a minha ignorância.
procedem, mediata ou imediatamente, das E, no entanto, estivera numa das mais célebres
impressões de nossos sentidos e pela experiência.
b) A clareza e a distinção das ideias verdadeiras escolas da Europa, onde pensava que deviam existir
representam apenas uma certeza subjetiva, além
da qual, apesar da radicalização da dúvida
homens sapientes, se é que existiam em algum lugar humana e social está a problemática do modelo de
beleza. Qual a visão do autor sobre esse tema?
da Terra.
a) Afirma a existência de um padrão universal de
beleza.
b) Aponta um ideal de beleza universal, fundado na
(DESCARTES, R. Discurso do Método. 3ª ed. Rio de
estética mercantilista.
Janeiro: Bertrand Brasil, I994. p. 43.) c) Defende a beleza para fins utilitários, visando,
essencialmente, ao prazer corpóreo.
d) Elogia o culto a beleza como desnecessária para a
O texto aponta a insatisfação que assola felicidade.
e) Denuncia a estética consumista e utilitarista do
Descartes ao término dos seus estudos.
mercantilismo.
Dentre os motivos que conduziram Descartes a essa
avaliação, pode-se citar: 90. (Uel 2009) O princípio de toda ação está na
vontade de um ser livre, não poderíamos remontar
I. A situação da filosofia, envolta em multas dúvidas. além disso. [...] não há verdadeira vontade sem
II. A ausência de um método adequado, inspirado na liberdade. O homem, portanto, é livre em suas ações
matemática, capaz de conduzir com segurança ao [..]. Se o homem é ativo e livre, ele age por si mesmo.
III. A crítica à educação, cuja base epistemológica se ordenado da Providência e não lhe pode ser
Na filosofia empirista de David Hume, a ideia de Na sua busca pelo conhecimento verdadeiro,
relação entre fenômenos que se repetem, ou seja, a Francis Bacon desenvolveu a crítica dos ídolos. Esses
ideia de que um fenômeno que ocorre de determinada ídolos correspondem a imagens que impedem o
maneira ocorrerá sempre da mesma forma, não parte conhecimento da verdade, podendo ser de quatro
de nenhum pressuposto sensível, não tendo, portanto, tipos: os ídolos da caverna, ídolos do fórum, ídolos do
fundamentação para ser aceita como fato. teatro e ídolos da tribo. Nessa perspectiva, somente a
alternativa [D] está correta, pois corresponde a uma
Resposta da questão 37: [C] justa citação da forma como Bacon, em seu texto
Novum Organum, explica o que são os ídolos da
Devemos entender inicialmente que a reflexão caverna.
kantiana a respeito da liberdade está organizada em
torno da noção de autonomia. Isso significa que o Resposta da questão 40: [C]
homem livre será, para Kant, o homem capaz de guiar
moralmente sua vida servindo-se do seu próprio O período renascentista foi caracterizado pela
intelecto, das suas próprias faculdades, dos seus valorização da arte e da cultura clássica, tendo como
próprios esforços. Ou seja, livre será o homem capaz referência o humanismo. Assim, o sentido que a
de viver sem a tutela do outro, de usar publicamente cultura adquire nesse tempo é justamente o culto às
sua razão, e de se responsabilizar por suas palavras artes e às faculdades humanas que mais podem
sem propaga-las através do uso da autoridade de elevar o espírito.
outrem.
Se livre é o homem que vive uma vida regrada Resposta da questão 41: [C]
pelas suas próprias faculdades, isso significa que
livre será o homem capaz de definir para si mesmo A alternativa [C] é a única correta, e
uma Moral universalizável. Quer dizer, a vontade do corresponde a uma afirmação de David Hume em seu
homem livre precisa ser a boa vontade. Em texto Tratado sobre a natureza humana. Essa
terminologia kantiana, a boa vontade é aquela passagem se insere numa argumentação a respeito
vontade cujas decisões são totalmente determinadas da moral, que leva Hume a considerar que a distinção
por demandas morais ou, como ele normalmente se entre o bem o mal não pode ser feita por princípios da
refere a isso, pela Lei Moral. Os seres humanos veem razão.
essa Lei como restrição dos seus desejos, por
conseguinte uma vontade decidida por seguir a Lei Resposta da questão 42: [C]
Moral só pode ser motivada pela ideia de Dever. E
Kant distingue dois tipos de lei produzidos pela razão. A passagem do enunciado, retirada do Leviatã,
Dado certo fim que nós gostaríamos de alcançar a compara as formas de agregação do homem com a
razão pode proporcionar um imperativo hipotético – de algumas outras criaturas vivas, como as abelhas e
uma regra contingente para a ação alcançar este fim. as formigas. Hobbes reconhece que a sociedade
Um imperativo hipotético diz, por exemplo: se alguém dessas criaturas é diferente da sociedade humana e,
deseja comprar um carro novo, então se deve então, procura as razões dessa diferença. Dentre as
previamente considerar quais tipos de carros estão razões que ele enumera, está aquela afirmada na
disponíveis para compra. Mas Kant objeta que a alternativa [C].
concepção de uma Lei Moral não pode ser
meramente hipotética, pois uma ação moral não pode
ser fundada sobre um propósito circunstancial. A Resposta da questão 43: [C]
moralidade exige uma afirmação incondicional do
Dever de um indivíduo, a moralidade exige uma regra Segundo Kant, o esclarecimento é a saída do
para ação que seja necessária, a moralidade exige um estado de menoridade e corresponde à
imperativo categórico. autonomização do sujeito mediante o uso público da
razão. Sendo assim, somente a alternativa [C] está
correta.
Resposta da questão 38: [D]
Galileu Galilei é também famoso pelos seus Resposta da questão 44: [C]
estudos sobre o movimento dos corpos. Foram
justamente esses estudos que o fizeram formular a lei Francis Bacon elaborou a teoria “Crítica os
das quedas dos corpos e a esboçar o princípio da Ídolos” que tinham por objetivo desconstruir as
inércia, aprofundado posteriormente por Isaac imagens que formam nos seres humanos opiniões
Newton. cristalizadas e cheias de preconceito deste modo,
será possível aplicar na razão a experiência, neste
caso, o método indutivo infere de dados universais
Resposta da questão 39: [D]
Resposta da questão 58: [A] As ideias verdadeiras são ideias inatas, são
claras e distintas que não residem nas coisas, mas no
Em Galileu a ciência é autônoma em relação à próprio sujeito, no próprio espírito como instrumento
fé, mas é algo bem diferente daquele saber para a apreensão de outras verdades.
dogmático representado pela tradição aristotélica.
Isso, porém, não significa para Galileu que a tradição Resposta da questão 63: [D]
é danosa enquanto tradição. Ela é danosa quando se
erige um dogma incontrolável que pretende ser O Discurso do Método revela-se como um guia
intocável. É contra do dogmatismo (imutável, do pensamento em direção aos conhecimentos
heterogêneo e hierarquicamente ordenado) que verdadeiros para assim, distingui-los dos falsos,
Galileu se bate contra. portanto, define o método como um conjunto de
regras que começa pela certas que dá segurança ao
Resposta da questão 59: [C] pensamento, depois pelas fáceis que evita
complicações e esforços inúteis e por fim, pelas
Além do conhecimento demonstrativo, a amplas que permite alcançar todos os
ciência é um conhecimento eficaz, isto é, capaz de conhecimentos possíveis para o entendimento
permitir ao homem não só conhecer o mundo, mas humano.
também dominá-lo e transformá-lo. O método
galileano é o da concepção racionalista da ciência Resposta da questão 64: [C]
cujo modelo de objetividade – que se estende dos
humanistas como também de vários religiosos e Duas alternativas são muito parecidas entre si.
governantes da época. A alternativa [A] e a alternativa [B]. Ambas fazem
referência a concepções empiristas do pensamento.
Resposta da questão 71: [B] Entretanto, a [A] faz referência ao pensamento de
John Locke, e somente a [B] faz referência a David
Propriedade na visão de Locke argumenta que, Hume. A noção de hábito como modelo explicativo
quando os homens se multiplicaram a terra se tornou das conexões daquilo que é observado é uma das
escassa, fizeram-se necessárias leis além da lei moral marcas mais conhecidas de sua filosofia.
ou lei da natureza. Isto o leva a querer unir-se em
sociedade com outros que tanto quanto ele tenha a Resposta da questão 74: [D]
intenção de preservar suas vidas, sua liberdade e
suas posses, e a tudo isso Locke chama de Hume pergunta sobre qual a natureza de todos
"propriedade". Mas não é esta a causa imediata da os raciocínios humanos sobre os fatos e qual o
constituição do governo. O direito à propriedade seria fundamento de todas as conclusões derivadas da
natural e anterior à sociedade civil, mas não inato. experiência. O filósofo conclui que todos os fatos são
Sua origem residiria na relação concreta entre o exteriores entre si. Neles, não há nada de interior e
homem e as coisas, através do processo do trabalho. intrínseco que os relacione necessariamente uns aos
O trabalho é a origem e justificação da outros. A relação de causalidade é uma crença
propriedade. Se, graças a este o homem transforma baseada no hábito. Hume indica que os homens
as coisas, pensa Locke, o homem adquire o direito de associam ideias e acreditam nessa associação por
propriedade. Locke considera que, no seu estado força do hábito ou costume. E este não é a repetição
natural, o homem é senhor de sua própria pessoa, e de experiências semelhantes por parte de um único
de suas coisas, e não está subordinado a ninguém. indivíduo, mas de muitos. Há um aspecto coletivo do
O resultado que está sujeito constantemente à costume. Por isso, mesmo quando se tem um prazer
incerteza e à ameaça dos demais, pois no estado individual, mas que os outros reprovam porque
natural um é rei tanto quanto os demais, e como a contraria o costume, o sujeito passa a duvidar desse
maior parte dos homens não observa estritamente a prazer íntimo e exclusivo.
equidade e a justiça, o desfrute da propriedade que
um homem tem em uma situação dessas é Resposta da questão 75: [C]
sumamente inseguro.
Voltaire acreditava que as pessoas comuns estavam
Resposta da questão 72: [D] curvadas ao fanatismo e à superstição. Para ele, a sociedade
deveria ser reformada mediante o progresso da razão e o
Na seção IV da Investigação acerca do incentivo à ciência e tecnologia. Assim, Voltaire
Entendimento Humano, David Hume encaminha transformou-se num perseguidor ácido dos dogmas,
claramente o ataque à razão e à metafísica. Uma das sobretudo os da Igreja Católica, que afirmava contradizer a
questões cruciais da existência envolve o suceder dos ciência. Nas palavras do próprio Voltaire, a título de
acontecimentos. Hume afirma que a inferência e as exemplo: “A superstição (fanatismo e obscurantismo) põe o
analogias que fazemos em relação aos efeitos de mundo em chamas, a filosofia (razão) apaga-as”.
causas semelhantes nas questões de fato não podem
ser baseadas em nenhuma espécie de raciocínio Resposta da questão 76: [B]
formal. Em sua crítica aos pressupostos metafísicos
da ideia de causalidade, ele defende que o sujeito do Todas as afirmações são verdadeiras e
conhecimento opera inferências associando correspondem a uma leitura da obra Discurso sobre a
sensações, percepções e impressões recebidas pelos origem e os fundamentos da desigualdade entre os
órgãos dos sentidos e retidas na memória. Deste homens. Do seu estado de natureza, o homem
modo, as ideias se reduzem a hábitos mentais de caminha para o estado de homem civilizado,
associação de impressões semelhantes ou degenerando o seu estado naturalmente bom.
sucessivas. A ideia de causalidade, portanto,
apresenta-se como o mero hábito que nossa mente Resposta da questão 77: [E]
adquire ao estabelecer relações de causa e efeito
entre percepções que se sucedem no tempo, Todas as assertivas estão corretas. A assertiva
chamando as anteriores de causas e as posteriores I se mostra correta por estar totalmente de acordo
de efeitos. (cf. CHAUI, M. Convite à Filosofia. São com a citação no enunciado da questão. Já as outras
Paulo: Ática, 1994. p. 231.) se relacionam com o pensamento mais amplo de
Rousseau. Sendo um jusnaturalista, ele pensava na
Resposta da questão 73: [B] existência de um “estado de natureza” humano. Este
seria, em sua filosofia, o estado em que os homens
viveriam em plena harmonia, tendo como princípio a
bondade natural de todos os seres humanos. O imperativo categórico é assim chamado por
Entretanto, graças à faculdade da perfectibilidade, os ser incondicional, absoluto, voltado para a realização
homens se associaram para poder desenvolver suas da ação tendo em vista o dever. Para melhor
potencialidades, afastando-se, assim, do estado de entender, não se faz necessário agir bem para evitar a
natureza. Assim, ao inventarem novas coisas para dor ou ser feliz, ou ainda para alcançar o céu ou livrar-
melhorar seu bem-estar e vencer obstáculos da se da condenação eterna, porque o agir moral funda-
natureza em uma vida social, os seres humanos se exclusivamente na razão, pois é ela quem preserva
acabaram por enfraquecer seu espírito. Portanto, a dignidade dos homens.
aquele que seria o bom selvagem deixou o estado de
natureza, degradou-se e se tornou infeliz na vida civil. Resposta da questão 81: [A]
Resposta da questão 78: [B] O autêntico valor moral estaria, então, nas
ações em que a vontade é guiada pelo imperativo
A alternativa [B] é a única incorreta. Rousseau é categórico, que são também definidas por Kant como
muitas vezes tido como um dos teóricos da ações por dever. Nestas, não pode haver
democracia participativa. Isso porque, segundo ele, a considerações sobre os efeitos da ação, ela tem de
soberania corresponde ao exercício da vontade geral ser incondicionada e desinteressada, ou seja,
do povo, não podendo ser transferida para a mão de devemos agir de forma correta porque é a forma
um único homem. correta de agir. Nesse caso, a vontade deve estar
subordinada a uma lei posta pela razão, por isso nas
Resposta da questão 79: [A] palavras do filósofo: “Devo proceder de modo que eu
possa querer que a minha máxima, aquilo que
Os juízos sintéticos são derivados da determina minha vontade a agir, seja uma lei
experiência de modo a expandir o conceito uma vez universal”. A título de exemplo para melhor ser
que o predicado não está implícito no sujeito e a entendido, em outras palavras, devo não me
experiência funcionaria como um fornecedor da corromper ainda que tenha a certeza da minha
extensão dos mesmos. impunidade. Devo não cobiçar a riqueza do próximo
A título de exemplo, para melhor compreensão, ainda que não tema o julgamento de Deus a esse
Kant explicita esse caso com a afirmação “todos os respeito.
corpos são pesados”. Diferentemente do conceito
“todos os corpos são extensos”, no qual o predicado já Resposta da questão 82: [A]
estava incorporado no conceito inicial e só estava
omisso. Esta afirmação agrega um conhecimento Somente as afirmativas I e II são falsas. A
empírico, a saber, o de peso, sendo pela experiência o primeira é absurda, enquanto que a segunda
único meio de se obter tal predicado. contradiz o texto do enunciado, onde Galileu afirma
que suas ideias eram contrárias ao que a Igreja
É na “Crítica da Razão Pura” que Kant elabora pregava. Por isso é que ele foi denunciado ao Tribunal
categorias que denomina de transcendentais, que são do Santo Ofício. Todas as outras afirmativas
estruturas “a priori” da sensibilidade e do intelecto ao correspondem a contextualizações a respeito do
mesmo tempo em que possibilitam a experiência do ambiente intelectual no qual Galileu se insere e, por
objeto. Ele distingue três tipos de juízo: isso, estão corretas.
- Juízo Analítico a priori (universal e necessário) –
esta forma de juízo não amplia o conhecimento, só Resposta da questão 83: [B]
explica e é baseado no princípio da identidade, ou
seja, o predicado não é nada mais que a explicitação “Ciência e poder do homem coincidem”. Isso é
do conteúdo do sujeito. Ex: um triângulo tem três o mesmo que está expresso na alternativa [B], a
lados. respeito da relação entre o conhecimento e o poder.
- Juízo Sintético a posteriori (não é universal, nem Bacon, nesta concepção, define o saber como algo
necessário) – esta forma de julgamento amplia o prático, como um domínio do homem sobre as
conhecimento, pois realiza uma síntese, coisas.
fundamentada na experiência.
- Juízo Sintético a priori (universal e necessário) – Resposta da questão 84: [C]
esta forma de julgamento amplia o conhecimento e é
formulado independentemente da experiência Francis Bacon foi um dos fundadores do
empírica. método científico moderno. Sua máxima “saber é
poder” revela a visão de que o conhecimento da
Resposta da questão 80: [B] natureza é também uma forma de poder sobre ela. A
necessária passagem do particular para o geral, no