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Lista de Exercícios : Filosofia | Filosofia Moderna

1. (Unesp 2019) Galileu tornou-se o criador da arranjar em conjunto diversas palavras e de compô-
física moderna quando anunciou as leis fundamentais las num discurso pelo qual façam entender seus
do movimento. Formulando tais princípios, ele pensamentos; [...] os homens que, tendo nascido
estruturou todo o conhecimento científico da natureza surdos e mudos, são desprovidos dos órgãos que
e abalou os alicerces que fundamentavam a servem aos outros para falar, [...] costumam inventar
concepção medieval do mundo. Destruiu a ideia de eles próprios alguns sinais, pelos quais se fazem
que o mundo possui uma estrutura finita, entender por quem, estando comumente com eles,
hierarquicamente ordenada e substituiu-a pela visão disponha de lazer para aprender a sua língua.”
de um universo aberto, infinito. Pôs de lado o
finalismo aristotélico e escolástico, segundo o qual DESCARTES, R. Discurso do método, V.
tudo aquilo que ocorre na natureza ocorre para
cumprir desígnios superiores; e mostrou que a
natureza é fundamentalmente um conjunto de A passagem acima informa sobre a relação
fenômenos mecânicos. entre pensamento e linguagem no racionalismo
moderno.
(José Américo M. Pessanha. Galileu Galilei,
2000. Adaptado.) Sobre essa relação, pode-se afirmar
corretamente que
a) a linguagem, quer seja sonora quer seja em sinais,
A importância da obra de Galileu para o tem a função de fazer o pensamento ser entendido
surgimento da ciência moderna justifica-se porque pelos outros.
seu pensamento b) a capacidade de produzir discursos, isto é, a
a) resgatou uma concepção medieval de mundo. linguagem, é o que permite aos homens ter
b) baseou-se em uma visão teológica sobre a pensamentos.
natureza. c) o entendimento entre homens se dá através da
c) fundamentou-se em conceitos metafísicos. linguagem, que, todavia, é anterior ao pensamento.
d) fundou as bases para o desenvolvimento da d) o pensamento existe independentemente do
alquimia. discurso e, como ocorre entre surdos e mudos, não
e) atribuiu regularidade matemática aos fenômenos precisa ser entendido.
naturais.
4. (Uel 2019) Leia o texto a seguir.
2. (Enem 2019) Dizem que Humboldt,
naturalista do século XIX, maravilhado pela geografia, E se escrevo em francês, que é a língua de meu
flora e fauna da região sul-americana, via seus país, e não em latim, que é a de meus preceptores, é
habitantes como se fossem mendigos sentados porque espero que aqueles que se servem apenas de
sobre um saco de ouro, referindo-se a suas sua razão natural inteiramente pura julgarão melhor
incomensuráveis riquezas naturais não exploradas. minhas opiniões do que aqueles que não acreditam
De alguma maneira, o cientista ratificou nosso papel senão nos livros dos antigos. E quanto aos que unem
de exportadores de natureza no que seria o mundo o bom senso ao estudo, os únicos que desejo para
depois da colonização ibérica: enxergou-nos como meus juízes, não serão de modo algum, tenho certeza,
territórios condenados a aproveitar os recursos tão parciais a favor do latim que recusem ouvir
naturais existentes. minhas razões, porque as explico em língua vulgar.
DESCARTES, R. Discurso do Método. Trad. J.
ACOSTA, A. Bem viver: uma oportunidade para Guinsburg e Bento Prado Jr. São Paulo: Abril Cultural,
imaginar outros mundos. São Paulo: Elefante, 2016 1973. Coleção “Os pensadores”. p. 79.
(adaptado).

Com base nos conhecimentos sobre Descartes


A relação entre ser humano e natureza e o surgimento da filosofia moderna, assinale a
ressaltada no texto refletia a permanência da seguinte alternativa correta.
corrente filosófica: a) A língua vulgar, o francês, expressa de modo mais
a) Relativismo cognitivo. adequado o espírito da modernidade por estar livre
b) Materialismo dialético. dos preconceitos da língua dos doutos, o latim.
c) Racionalismo cartesiano. b) Redigir o Discurso do Método em francês teve
d) Pluralismo epistemológico. propósito similar à tradução da bíblia para o
e) Existencialismo fenomenológico. alemão feita por Lutero: facilitar o acesso à
sacralidade do texto em língua vulgar.
3. (Uece 2019) “[É] uma coisa bem notável que c) O desencantamento do mundo, resultante da
não haja homens [...] que não sejam capazes de radical crítica cartesiana à tradição, teve como

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consequência o abandono da referência à Meu lema me obrigava, mais que a qualquer


divindade. outro homem, a um enunciado mais exato da verdade;
d) As ideias expressas por Descartes em seu Discurso não sendo suficiente que eu lhe sacrificasse em tudo
do Método refletem a postura tipicamente moderna o meu interesse e as minhas simpatias, era preciso
de ruptura total com o passado. sacrificar-lhe também minha fraqueza e minha
e) A razão natural inteiramente pura é um atributo natureza tímida. Era preciso ter a coragem e a força
inerente à natureza humana, independentemente de ser sempre verdadeiro em todas as ocasiões.
da tradição ou da cultura à qual o humano se ROUSSEAU, J.-J. Os devaneios do caminhante
vincula. solitário. Porto Alegre: L&PM, 2009.

5. (Uel 2019) Leia o texto a seguir.


Os textos de Tolstói e Rousseau retratam ideais
Por que só o homem é suscetível de tornar-se da existência humana e defendem uma experiência
imbecil? [...] O verdadeiro fundador da sociedade civil a) lógico-racional, focada na objetividade, clareza e
foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, imparcialidade.
lembrou-se de dizer isto é meu e encontrou pessoas b) místico-religiosa, ligada à sacralidade, elevação e
suficientemente simples para acreditá-lo. espiritualidade.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a c) sociopolítica, constituída por integração,
origem e os fundamentos da desigualdade entre os solidariedade e organização.
homens. Trad. Lourdes Santos Machado, 3. ed. São d) naturalista-científica, marcada pela
Paulo: Abril Cultural, 1983. pp. 243; 259. experimentação, análise e explicação.
e) estético-romântica, caracterizada por sinceridade,
vitalidade e impulsividade.
Com base nos conhecimentos sobre sociedade
civil, propriedade e natureza humana no pensamento 7. (Unesp 2019) A maior violação do dever de
de Rousseau, assinale a alternativa correta. um ser humano consigo mesmo, considerado
a) A instauração da propriedade decorre de um ato meramente como um ser moral (a humanidade em
legítimo da sociedade civil, na medida em que sua própria pessoa), é o contrário da veracidade, a
busca atender às necessidades do homem em mentira [...]. A mentira pode ser externa [...] ou,
estado de natureza. inclusive, interna. Através de uma mentira externa, um
b) A instauração da propriedade e da sociedade civil ser humano faz de si mesmo um objeto de desprezo
cria uma ruptura radical do homem consigo aos olhos dos outros; através de uma mentira interna,
mesmo e de distanciamento da natureza. ele realiza o que é ainda pior: torna a si mesmo
c) A fundação da sociedade civil é legitimada pela desprezível aos seus próprios olhos e viola a
racionalidade e pela universalidade do ato de dignidade da humanidade em sua própria pessoa [...].
instauração da propriedade privada. Pela mentira um ser humano descarta e, por assim
d) O sentimento mais primitivo do homem, que o leva dizer, aniquila sua dignidade como ser humano. [...] É
a instituir a propriedade, é o reconhecimento da possível que [a mentira] seja praticada meramente
necessidade da propriedade para garantir a por frivolidade ou mesmo por bondade; aquele que
subsistência. fala pode, até mesmo, pretender atingir um fim
e) A sociedade civil e a propriedade são expressões realmente benéfico por meio dela. Mas esta maneira
da perfectibilidade humana, ou seja, da sua de perseguir este fim é, por sua simples forma, um
capacidade de aperfeiçoamento. crime de um ser humano contra sua própria pessoa e
uma indignidade que deve torná-lo desprezível aos
6. (Enem PPL 2019) TEXTO I seus próprios olhos.

Eu queria movimento e não um curso calmo da (Immanuel Kant. A metafísica dos costumes,
existência. Queria excitação e perigo e a oportunidade 2010.)
de sacrificar-me por meu amor. Sentia em mim uma
superabundância de energia que não encontrava
escoadouro em nossa vida. Em sua sentença dirigida à mentira, Kant
TOLSTÓI, L. Felicidade familiar. Apud a) considera a condenação relativa e sujeita a
KRAKAUER, J. Na natureza selvagem. São Paulo: Cia. justificativas, de acordo com o contexto.
das Letras, 1998. b) assume que cada ser humano particular representa
toda a humanidade.
c) apresenta um pensamento desvinculado de
TEXTO II pretensões racionais universalistas.
d) demonstra um juízo condenatório, com justificação
em motivações religiosas.

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e) assume o pressuposto de que a razão sempre é d) ético-moral, no sentido kantiano, em que o homem,
governada pelas paixões. como ser racional, é fim em si mesmo e nunca
meio.
8. (Enem 2019) TEXTO I
Duas coisas enchem o ânimo de admiração e 10. (Enem 2018) O século XVIII é, por diversas
veneração sempre crescentes: o céu estrelado sobre razões, um século diferenciado. Razão e
mim e a lei moral em mim. experimentação se aliavam no que se acreditava ser o
KANT, I. Crítica da razão prática. Lisboa: verdadeiro caminho para o estabelecimento do
Edições 70, s/d (adaptado). conhecimento científico, por tanto tempo almejado. O
fato, a análise e a indução passavam a ser parceiros
fundamentais da razão. É ainda no século XVIII que o
TEXTO II homem começa a tomar consciência de sua situação
Duas coisas admiro: a dura lei cobrindo-me e o na história.
estrelado céu dentro de mim.
FONTELA, O. Kant (relido). In: Poesia completa. ODALIA, N. In: PINSKY, J.; PINSKY. C. B. História
São Paulo: Hedra, 2015. da cidadania. São Paulo: Contexto. 2003.

A releitura realizada pela poeta inverte as No ambiente cultural do Antigo Regime, a


seguintes ideias centrais do pensamento kantiano: discussão filosófica mencionada no texto tinha como
a) Possibilidade da liberdade e obrigação da ação. uma de suas características a
b) A prioridade do juízo e importância da natureza. a) aproximação entre inovação e saberes antigos.
c) Necessidade da boa vontade e crítica da b) conciliação entre revelação e metafísica platônica.
metafísica. c) vinculação entre escolástica e práticas de
d) Prescindibilidade do empírico e autoridade da pesquisa.
razão. d) separação entre teologia e fundamentalismo
e) Interioridade da norma e fenomenalidade do religioso.
mundo. e) contraposição entre clericalismo e liberdade de
pensamento.
9. (Uece 2019) “No Brasil, a tortura ganhou
destaque durante o período da ditadura militar, 11. (Uel 2018) Leia o texto a seguir.
quando foram cometidos diversos atos de tortura
contra pessoas consideradas pelo governo como Resta-nos um único e simples método, para
uma ‘ameaça’ à ordem e à paz. Após esse período alcançar os nossos intentos: levar os homens aos
turbulento, a Assembleia Constituinte se reuniu para próprios fatos particulares e às suas séries e ordens,
elaborar a nova Constituição, aquela que mais tarde a fim de que eles, por si mesmos, se sintam obrigados
seria considerada como a Constituição Cidadã, pois a renunciar às suas noções e comecem a habituar-se
ressalta o respeito à dignidade da pessoa humana e a ao trato direto das coisas.
garantia dos direitos essenciais”. (BACON, F. Novum Organum Trad. José Aluysio
Reis de Andrade. São Paulo: Abril Cultural, 1973, p.
TEIXEIRA, Adriano Mendes. Os crimes de 26.)
tortura e o princípio constitucional da dignidade da
pessoa humana. Disponível em:
https://adrianomendes2016.jusbrasil.com.br/artigos/ Com base no texto e nos conhecimentos sobre
385521311/os-crimes-de-tortura-e-o-principio- o problema do método de investigação da natureza
constitucionalda-dignidade-da-pessoa-humana em Bacon, assinale a alternativa correta.
a) O preceito metodológico do “trato direto das
coisas” supõe que cada um já possui em si as
O conceito de pessoa na expressão “dignidade condições para realizar a investigação da natureza.
da pessoa humana” se refere ao conceito b) A investigação da natureza consiste em aplicar um
a) jurídico de persona, no sentido hobbesiano, como conjunto de pressupostos metafísicos, cuja função
indivíduo em sua existência legal como membro do é orientar a investigação.
Estado. c) As “séries e ordens” referentes aos fatos
b) religioso, no sentido agostiniano, da pessoa particulares resultam da aplicação dos
individual como imago dei, ou seja, criado à pressupostos do método de investigação.
imagem e semelhança de Deus. d) A renúncia às noções que cada um possui é o
c) estético-teatral, como dramatis personae, lista dos princípio do método de investigação, que levará a
personagens principais de uma obra teatral. ida aos fatos particulares.

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e) O método de interpretação da natureza propõe uma e) O método racionalista prioriza a verdade da fé


nova atitude com relação às coisas e uma nova como critério da cientificidade.
compreensão dos poderes do intelecto.
14. (Uel 2018) Leia o texto a seguir.
12. (Ufu 2018) Na obra Discurso do método, o
filósofo francês Renê Descartes descreve as quatro Vimos, assim, que a Alma pode sofrer grandes
regras que, segundo ele, podem levar ao transformações e passar ora a uma maior perfeição,
conhecimento de todas as coisas de que o espírito é ora a uma menor, paixões estas que nos explicam as
capaz de conhecer. afecções de alegria e de tristeza. Assim, por alegria,
Quanto a uma dessas regras, ele diz que se entenderei, no que vai seguir-se, a paixão pela qual a
trata de "dividir cada dificuldade que examinasse em Alma passa a uma perfeição maior; por tristeza, ao
tantas partes quantas possíveis e necessárias para contrário, a paixão pela qual a Alma passa a uma
melhor resolvê-las". perfeição menor.
(ESPINOSA, B. Ética. Trad. Antonio Simões.
Descartes. Discurso do método,I-II, citado por: Lisboa: Relógio D’Água, 1992. p. 279).
MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia. Rio
de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000. Tradução de
Marcus Penchel. Com base no texto e nos conhecimentos sobre
o problema da paixão e da afecção em Espinosa,
assinale a alternativa correta.
Essa regra, transcrita acima, é denominada a) A tristeza é uma ação da alma, consistente na
a) regra da análise. afecção causada por uma paixão, por meio da qual
b) regra da síntese. a alma visa a própria destruição.
c) regra da evidência. b) As transformações da alma, seja o aumento ou a
d) regra da verificação. diminuição de intensidade, fazem coexistir paixões
contrárias.
13. (Upe-ssa 2 2018) Sobre a consciência c) O aumento de perfeição, característico de afecção
crítica e a filosofia, analise o texto a seguir: da alegria, vincula-se ao esforço da alma em
perceber-se com mais clareza e distinção.
Como relata Descartes no Discurso sobre o d) Tristeza e alegria são denominadas paixões porque
método, depois de ter lançado tudo à dúvida, somente resultam da ação de distintas dimensões da alma,
depois, tive de constatar que, embora eu quisesse responsáveis pela produção dessas afecções.
pensar que tudo era falso, era preciso e) Se uma coisa aumenta a potência de agir do corpo,
necessariamente que eu, que assim pensava, fosse a ideia dessa mesma coisa diminuirá a potência de
alguma coisa. E, observando que essa verdade – pensar da nossa alma.
‘penso, logo sou’ – era tão firme e sólida que
nenhuma das mais extravagantes hipóteses dos 15. (Unioeste 2018) O filósofo alemão
céticos seria capaz de abalá-la.” Immanuel Kant formulou, na Crítica da Razão Pura,
uma divisão do conhecimento e acesso da razão aos
(REALE, Giovanni. História da Filosofia: Do fenômenos. Fenômenos não são coisas; eles
Humanismo a Kant. São Paulo: Paulinas, 1990, p. nomeiam aquilo que podemos conhecer das coisas,
366). através das formas da sensibilidade (Espaço e
Tempo) e das categorias do entendimento (tais como
Substância, Relação, Necessidade etc.). Assim, Kant
O autor do texto retrata alguns apontamentos afirma que o conhecimento humano é finito (limitado
sobre o pensamento cartesiano. Com relação a esse por suas formas e categorias). Como poderia haver,
assunto, assinale a alternativa CORRETA. então, algum conhecimento universalmente válido?
a) As ideias de Descartes enfatizam que a dúvida tem Ele afirma que tal conhecimento se formula num
valor secundário sobre como conduzir bem sua “juízo sintético a priori”. Juízos são afirmações; o
razão. adjetivo “sintéticos” significa que essas afirmações
b) O pensamento cartesiano afirma que não devemos reúnem conceitos diferentes; “a priori”, por sua vez,
rejeitar como falso tudo aquilo do qual não indica aquilo que é obtido sem acesso à experiência
podemos duvidar. dos fenômenos, antes deles e para que os fenômenos
c) O cartesianismo é um empirismo, ou seja, prioriza o possam ser reunidos em um conhecimento que tenha
valor dos sentidos no âmbito do conhecimento. unidade e sentido.
d) O pensamento de Descartes influenciou,
efetivamente, o mundo cultural francês e retratou a Com base nisso, indique a alternativa
significância do espírito crítico na investigação do CORRETA.
conhecimento.

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a) Para Kant, o conhecimento humano é diretamente (KANT, I. Crítica da Faculdade do Juízo. Trad.
dado pela experiência das coisas, acessíveis pelos Antonio Marques e Valério Rohden. Rio de Janeiro:
sentidos (visão, audição, etc.). Forense Universitária, 1995. p. 107.)
b) Juízos sintéticos a priori são afirmações de
conhecimento cuja natureza é particular e que se
altera caso a caso. Com base no texto e nos conhecimentos sobre
c) Se a Metafísica é o conhecimento da essência das o juízo de gosto e o sublime na estética moderna,
coisas elas mesmas, Kant é, na Crítica da Razão particularmente em Kant, assinale a alternativa
Pura, um defensor da Metafísica, e não um correta.
defensor da finitude do conhecimento. a) O conceito de beleza, resultante da atividade do
d) Para Kant, Espaço e Tempo são categorias do entendimento, permite apreender o sentido dos
entendimento mediante as quais conhecemos os eventos ameaçadores, protegendo o sujeito da
fenômenos. destruição.
e) Juízos sintéticos a priori permitem organizar o b) Os elementos da natureza compõem o núcleo da teoria
conhecimento, dando a ele validade universal e kantiana do juízo de gosto, constituindo, também, parte
unicidade. importante da sua concepção de gênio.
c) Os eventos naturais de proporções ameaçadoras
16. (Ufu 2018) De acordo com o pensamento provocam nosso interesse quando nos situam na
do filósofo Immanuel Kant (1724-1804), os juízos a possibilidade iminente de sermos por eles
priori são todos analíticos e os juízos a posteriori são destruídos.
todos sintéticos. d) O sublime não está contido em nenhuma coisa da
natureza, e sim em nosso ânimo, quando nos
Assinale a alternativa que define corretamente tornamos conscientes de nossa superioridade à
as noções de juízo analítico e juízo sintético. natureza.
a) O juízo analítico é uma proposição que não pode e) A faculdade de resistência à dimensão
ser pensada sem ser simultaneamente ameaçadora e destruidora dos eventos naturais de
acompanhada de sua necessidade, já o juízo grande magnitude é a faculdade produtora do belo.
sintético não é uma proposição necessária.
b) No juízo analítico, o sujeito está contido no TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
conceito do predicado, mas, no juízo sintético, o Para responder à(s) questão(ões), considere o
predicado advém da experiência. texto abaixo.
c) No juízo analítico, o predicado pertence ao sujeito
como algo que está contido nele, já no juízo O que singulariza o pessimismo de Machado de
sintético, o predicado está totalmente fora do Assis é a sua posição antagônica em relação ao
conceito do sujeito. evolucionismo oitocentista, ao culto do progresso e da
d) O juízo analítico é uma proposição necessária, já ciência. Frente às ingenuidades do cientificismo, o
no juízo sintético, o predicado vai além do conceito sarcasmo de Brás Cubas reabre a interrogação
do sujeito, acrescentando algo a esse. metafísica, a perplexidade radical ante a variedade do
ser humano. Um artista como Machado levou mais a
17. (Uel 2018) Leia o texto a seguir. sério do que os arautos do evolucionismo cientificista
o golpe que Darwin tinha desfechado contra as ilusões
Rochedos audazes sobressaindo-se por assim antropocêntricas da humanidade.
dizer ameaçadores, nuvens carregadas acumulando-
se no céu, avançando com relâmpagos e estampidos, MERQUIOR, José Guilherme. De Anchieta a
vulcões em sua inteira força destruidora, furacões Euclides.
com a devastação deixada para trás, o ilimitado Rio de Janeiro: José Olympio, 1977, p. 171-172.
oceano revolto, uma alta queda d’água de um rio
poderoso etc. tornam nossa capacidade de
resistência de uma pequenez insignificante em
comparação com o seu poder. Mas o seu espetáculo 18. (Puccamp 2018) A interrogação metafísica
só se torna tanto mais atraente quanto mais terrível fez parte das preocupações de diversos pensadores e
ele é, contanto que, somente, nos encontremos em artistas durante o Renascimento.
segurança; e de bom grado denominamos estes
objetos sublimes, porque eles elevam a fortaleza da Nesse período, observa-se a contestação de
alma acima de seu nível médio e permitem descobrir ideias como
em nós uma faculdade de resistência de espécie a) o antropocentrismo, que concebia o homem como
totalmente diversa, a qual encoraja a medir-nos com a o centro do universo, uma vez que os
aparente onipotência da natureza. renascentistas passam a valorizar a ciência e a

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natureza como os temas e eixos centrais do entendimento, não pode acontecer que eu me
conhecimento humano. equivoque; pois toda concepção clara e distinta é,
b) a beleza clássica, que postulava serem os padrões com certeza, alguma coisa de real e de positivo, e,
estéticos do classicismo aqueles a serem seguidos assim, não pode se originar do nada, mas deve ter
nas artes plásticas, uma vez que os renascentistas obrigatoriamente Deus como seu autor; Deus que,
passam a defender uma arte livre de regras e sendo perfeito, não pode ser causa de equívoco
modelos. algum; e, por conseguinte, é necessário concluir que
c) o universalismo, que afirmava a existência de leis uma tal concepção ou um tal juízo é verdadeiro.
universais que atuavam sobre a existência humana,
uma vez que os renascentistas eram avessos a René Descartes. Vida e Obra. Os pensadores,
dogmas e a admissão de regras dessa amplitude. 2000.
d) o dogma eclesiástico, que determinava algumas
verdades absolutas que não poderiam ser
contestadas, uma vez que os renascentistas Sobre o racionalismo cartesiano, é correto
defendiam o racionalismo como meio de se afirmar que
produzir e aperfeiçoar o conhecimento. a) sua concepção sobre a existência de Deus exerceu
e) a escolástica, corrente do pensamento católico grande influência na renovação religiosa da época.
cultivada nas universidades, uma vez que os b) sua valorização da clareza e distinção do
renascentistas questionavam a validade da fé, a conhecimento científico baseou-se no
existência de Deus e defendiam que a ciência era a irracionalismo.
única fonte de conhecimento real. c) desenvolveu as bases racionais para a crítica do
mecanicismo como método de conhecimento.
19. (Upe-ssa 2 2017) O bom senso é a coisa do d) formulou conceitos filosóficos fortemente
mundo melhor partilhada, pois cada qual pensa estar contrários ao heliocentrismo defendido por Galileu.
tão bem provido dele que mesmo os que são mais e) se tratou de um pensamento responsável pela
difíceis de contentar em qualquer outra coisa, não fundamentação do método científico moderno.
costumam desejar tê-lo mais do que o têm. E não é
verossímil que todos se enganem a tal respeito; mas 21. (Enem (Libras) 2017) Os filósofos
isso antes testemunha que o poder de bem julgar e concebem as emoções que se combatem entre si, em
distinguir o verdadeiro do falso, que é propriamente o nós, como vícios em que os homens caem por erro
que se denomina o bom senso ou a razão, é próprio; é por isso que se habituaram a ridicularizá-
naturalmente igual em todos os homens. los, deplorá-los, reprová-los ou, quando querem
parecer mais morais, detestá-los. Concebem os
DESCARTES, René. Discurso do Método, 1973, homens, efetivamente, não tais como são, mas como
p. 37. eles próprios gostariam que fossem.

ESPINOSA, B. Tratado político. São Paulo: Abril


Na perspectiva de René Descartes, Cultural, 1973.
a) o conhecimento filosófico prioriza a sensação,
deixando à margem o valor da razão, isto é, o que
vale é ter bom senso. No trecho, Espinosa critica a herança filosófica
b) o conhecimento filosófico é natural em todos os no que diz respeito à idealização de uma
homens, mesmo sem fazerem uso do bom senso. a) estrutura da interpretação fenomenológica.
c) o conhecimento filosófico salienta a importância b) natureza do comportamento humano.
capital de bem conduzir a própria razão para a c) dicotomia do conhecimento prático.
aquisição da ciência. d) manifestação do caráter religioso.
d) o conhecimento filosófico delimita a faculdade de e) reprodução do saber tradicional.
julgar o absoluto, desprezando o valor do
conhecimento. 22. (Ufu 2017) Hume descreveu a confiança
e) o conhecimento filosófico enfatiza que a essência que o entendimento humano deposita na
do homem consiste nos sentidos, uma vez que o probabilidade dos resultados dos eventos observados
bom senso acentua o caráter relativo e particular na natureza. Ele comparou essa convicção ao
da razão. lançamento de dados, cujas faces são previamente
conhecidas, porém, nas palavras do filósofo:
20. (Unesp 2017) Todas as vezes que
mantenho minha vontade dentro dos limites do meu [...] verificando que maior número de faces
conhecimento, de tal maneira que ela não formule aparece mais em um evento do que no outro, o
juízo algum a não ser a respeito das coisas que lhe espírito [o entendimento humano] converge com mais
são claras e distintamente representadas pelo frequência para ele e o encontra muitas vezes ao

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considerar as várias possibilidades das quais e) A causa e o efeito proporcionam, necessariamente,


depende o resultado definitivo. explicações válidas sobre determinados fatos e
HUME, D. Investigação acerca do entendimento acontecimentos.
humano. Tradução de Anoar Aiex.
São Paulo: Nova Cultural, 1989, p. 93. Coleção 24. (Pucpr 2017) Na abertura do “Discurso
“Os Pensadores”. sobre a Origem e os fundamentos da Desigualdade
entre os Homens”, Rousseau, dirigindo-se aos
soberanos, senhores de Genebra, diz considerar-se
Esse tipo de raciocínio, descrito por Hume, um felizardo. Por quê?
conduz o entendimento humano a uma situação Assinale a alternativa CORRETA.
distinta da certeza racional, uma espécie de “falha”, a) Por haver nascido entre vós e poder meditar sobre
representada pelo(a) a igualdade que a natureza instalou entre os
a) verdade da fantasia, que é superior à certeza homens e sobre a desigualdade de que eles
racional. instituíram.
b) crença, que ocupa o lugar da certeza racional. b) Por haver nascido na floresta e haver vivido como
c) sentido visual, que é mais verídico que a certeza um animal selvagem.
sensível. c) Por perceber que na República de Genebra reinava
d) ideia inata, que atua como o a priori da razão uma igualdade natural e política entre os homens.
humana. d) Por crer que Deus é o autor da desigualdade entre
os homens.
23. (Uel 2017) Leia o texto a seguir. e) Por acreditar que só os animais irracionais
conseguem viver plenamente a igualdade entre
Podemos definir uma causa como um objeto, eles.
seguido de outro, tal que todos os objetos
semelhantes ao primeiro são seguidos por objetos 25. (Uel 2017) Leia os textos a seguir.
semelhantes ao segundo. Ou, em outras palavras, tal
que, se o primeiro objeto não existisse, o segundo Exercita-te primeiro, caro amigo, e aprende o
jamais teria existido. O aparecimento de uma causa que é preciso conhecer para te iniciares na política;
sempre conduz a mente, por uma transição habitual, à antes, não. Então, primeiro precisarás adquirir virtude,
ideia do efeito; disso também temos experiência. tu ou quem quer que se disponha a governar ou a
Em conformidade com essa experiência, administrar não só a sua pessoa e seus interesses
podemos, portanto, formular uma outra definição de particulares, como a cidade e as coisas a ela
causa e chamá-la um objeto seguido de outro, e cujo pertinentes. Assim, o que precisas alcançar não é o
aparecimento sempre conduz o pensamento àquele poder absoluto para fazeres o que bem entenderes
outro. Mas, não temos ideia dessa conexão, nem contigo ou com a cidade, porém justiça e sabedoria.
sequer uma noção distinta do que é que desejamos
saber quando tentamos concebê-las. PLATÃO, O primeiro Alcebíades. Trad. Carlos
Alberto Nunes. Belém: EDUFPA, 2004. p. 281-285.
Adaptado de: HUME, D. Investigação sobre o
entendimento humano e sobre os princípios da moral.
Seção VII, 29. Trad. José Oscar de Almeida Marques. Esclarecimento é a saída do homem de sua
São Paulo: UNESP, 2004. p. 115. menoridade, da qual ele próprio é culpado. A
menoridade é a incapacidade de fazer uso do seu
entendimento sem a direção de outro indivíduo...
Com base no texto e nos conhecimentos Sapere Aude! Tem coragem de fazer uso de teu
acerca das noções de causa e efeito em David Hume, próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento.
assinale a alternativa correta. KANT, I. Resposta à pergunta: que é
a) As noções de causa e efeito fazem parte da ‘Esclarecimento’ (‘Aufklärung’). Trad. Floriano de
realidade e por isso os fenômenos do mundo são Souza Fernandes, 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1985. p.
explicados através da indicação da causa. 100-117.
b) A presença do efeito revela a causa nele envolvida,
o que garante a explicação de determinado
acontecimento. Tendo em vista a compreensão kantiana do
c) A causa e o efeito são noções que se baseiam na Esclarecimento (Aufklärung) para a constituição de
experiência e, por meio dela, são apreendidas. uma compreensão tipicamente moderna do humano,
d) A causa e o efeito são conhecidos objetivamente assinale a alternativa correta.
pela mente e não por hábitos formados pela a) Fazer uso do próprio entendimento implica a
percepção do mundo. destruição da tradição, na medida em que o poder
da tradição impede a liberdade do pensamento.

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Lista de Exercícios : Filosofia | Filosofia Moderna

b) A superação da condição de menoridade resulta do


uso privado da razão, em que o indivíduo faz uso
restrito do próprio entendimento.
c) A saída da menoridade instaura uma situação A menoridade de que fala Kant é a condição
duradoura, pois as verdadeiras conquistas do
daqueles que não fazem o uso da razão. Essa
Esclarecimento se afiguram como irreversíveis.
d) A menoridade é uma tendência decorrente da condição evidencia a ausência
natureza humana, sendo, por esse motivo,
a) do idealismo necessário para a ampliação dos
superada no Esclarecimento, com muito esforço.
horizontes existenciais.
e) A condição fundamental para o Esclarecimento é a
b) da autonomia para fazer uso próprio da razão sem
liberdade, concebida como a possibilidade de se
a tutela de outrem.
fazer uso público da razão.
c) da religião encarregada de fazer feliz o homem
indigente de pensamento.
26. (Unioeste 2017) Na obra Fundamentação d) da ignorância, pois quem se deixa guiar pelos
da Metafísica dos Costumes, Kant apresenta uma outros acerta sempre.
formulação do imperativo categórico: “Age apenas
segundo uma máxima tal que possas ao mesmo TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
tempo querer que ela se torne lei universal”. Leia o texto a seguir e responda à(s)
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica questão(ões).
dos costumes.
São Paulo: Abril Cultural, 1980. p. 129 O tempo nada mais é que a forma da nossa
intuição interna. Se a condição particular da nossa
sensibilidade lhe for suprimida, desaparece também o
Em relação ao pensamento de Kant, é conceito de tempo, que não adere aos próprios
CORRETO afirmar. objetos, mas apenas ao sujeito que os intui.
a) O propósito do imperativo categórico é o de KANT, I. Crítica da razão pura. Trad. Valério
permitir que o indivíduo decida suas ações sem Rohden e Udo Baldur Moosburguer.
que tenha que se preocupar com os demais. São Paulo: Abril Cultural, 1980. p. 47. Coleção
b) O imperativo categórico tem por objetivo desfazer Os Pensadores.
o conflito entre a providência divina, relacionada à
cidade de Deus, e o espaço terreno.
c) O imperativo categórico vincula a conduta moral a
uma norma universal. 28. (Uel 2017) Com base nos conhecimentos
d) Para Kant, não é possível que o indivíduo constitua sobre a concepção kantiana de tempo, assinale a
um fim em si mesmo. Por isso mesmo, ele precisa alternativa correta.
espelhar-se na ação dos demais para a sua ação. a) O tempo é uma condição a priori de todos os
e) O imperativo categórico corresponde à condição do fenômenos em geral.
estado de natureza, que é anterior à instituição do b) O tempo é uma representação relativa subjacente
Estado civil. às intuições.
c) O tempo é um conceito discursivo, ou seja, um
27. (Ufu 2017) Leia a citação a seguir. conceito universal.
d) O tempo é um conceito empírico que pode ser
abstraído de qualquer experiência.
A preguiça e a covardia são as causas pelas e) O tempo, concebido a partir da soma dos instantes,
é infinito.
quais uma grande parte dos homens, depois que a
natureza de há muito os libertou de uma direção TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
José de Alencar retratou o seu herói goitacá
estranha, continuem no entanto de bom grado em prosa, a exemplo do que o escocês Walter Scott
menores durante toda a vida. São também as causas havia feito com os cavaleiros medievais na célebre
novela Ivanhoé. Para evocar um mítico passado
que explicam porque é tão fácil que os outros se nacional, na falta dos briosos cavaleiros medievais de
constituam em tutores deles. Scott, o índio seria o modelo de que Alencar lançaria
mão. (...) O índio entrara como tema na literatura
KANT, I. Resposta à pergunta: que é universal por influência das ideias dos filósofos
“Esclarecimento”? (Aufklarung). In: ______. Textos iluministas e especialmente, da obra de Jean-Jacques
Rousseau (...). As teses de Rousseau sobre o “bom
seletos. Tradução de Raimundo Vier. 3. ed. Petrópolis: selvagem”, por sua vez, bebiam na fonte das
Vozes, 2005, p. 64. narrativas de viajantes do século XVI, os primeiros

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europeus que haviam colocado os pés no chão Bacon preconiza


americano. Foram esses viajantes os responsáveis a) um pensamento científico racional afastado de
pela propagação do juízo de que, do outro lado do paixões e preconceitos.
oceano, existia um povo feliz, vivendo sem lei nem rei b) uma crítica à hegemonia do paradigma cartesiano
(...). no âmbito científico.
c) a defesa do inatismo das ideias contra os
(NETO, Lira. O inimigo do Rei. Uma biografia de pressupostos da filosofia empirista.
José de Alencar. São Paulo: Globo, 2006. p. 166-167) d) a valorização romântica de aspectos sentimentais
e intuitivos do pensamento.
e) uma crítica de caráter ético voltada contra a frieza
29. (Puccamp 2017) Para o filósofo iluminista do trabalho científico.
francês a que o texto de Lira Neto se refere,
a) o governo democrático deveria sempre representar 31. (Enem 2ª aplicação 2016) Pode-se admitir
a maioria dos cidadãos, a qual opinaria sobre as que a experiência passada dá somente uma
questões sociais, enquanto os governantes informação direta e segura sobre determinados
deveriam consultar o povo sempre que necessário. objetos em determinados períodos do tempo, dos
b) o universo é governado por leis físicas e não quais ela teve conhecimento. Todavia, é esta a
submetido a interferências de cunho divino, sendo principal questão sobre a qual gostaria de insistir: por
a universalidade da razão o único caminho que que esta experiência tem de ser estendida a tempos
levaria ao conhecimento do mundo de forma futuros e a outros objetos que, pelo que sabemos,
coerente. unicamente são similares em aparência. O pão que
c) os homens possuem a vida, a liberdade e a outrora comi alimentou-me, isto é, um corpo dotado
propriedade como direitos naturais e os governos de tais qualidades sensíveis estava, a este tempo,
teriam que respeitar esses direitos e, caso não o dotado de tais poderes desconhecidos. Mas, segue-
fizessem, caberia à sociedade civil o direito de se daí que este outro pão deve também alimentar-me
rebelião. como ocorreu na outra vez, e que qualidades
d) o espírito humano é uma ‘tábua rasa’ e todo sensíveis semelhantes devem sempre ser
conhecimento se faz com a própria capacidade acompanhadas de poderes ocultos semelhantes? A
intelectual do homem de se desenvolver mediante consequência não parece de nenhum modo
sua atividade e de exercício do pensamento. necessária.
e) o Estado deveria garantir aos cidadãos a liberdade,
por meio de uma divisão equilibrada dos poderes, HUME, D. Investigação acerca do entendimento
quais sejam: o de fazer as leis, o de executar as humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995.
resoluções públicas e o de julgar os crimes.

30. (Unesp 2016) Os ídolos e noções falsas O problema descrito no texto tem como
que ora ocupam o intelecto humano e nele se acham consequência a
implantados não somente o obstruem a ponto de ser a) universabilidade do conjunto das proposições de
difícil o acesso da verdade, como, mesmo depois de observação.
superados, poderão ressurgir como obstáculo à b) normatividade das teorias científicas que se valem
própria instauração das ciências, a não ser que os da experiência.
homens, já precavidos contra eles, se cuidem o mais c) Dificuldade de se fundamentar as leis científicas
que possam. O homem se inclina a ter por verdade o em bases empíricas.
que prefere. Em vista disso, rejeita as dificuldades, d) inviabilidade de se considerar a experiência na
levado pela impaciência da investigação; rejeita os construção da ciência.
princípios da natureza, em favor da superstição; e) correspondência entre afirmações singulares e
rejeita a luz da experiência, em favor da arrogância e afirmações universais.
do orgulho, evitando parecer se ocupar de coisas vis e
efêmeras; rejeita paradoxos, por respeito a opiniões 32. (Enem PPL 2015) Após ter examinado
vulgares. Enfim, inúmeras são as fórmulas pelas cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim
quais o sentimento, quase sempre concluir e ter por constante que esta proposição, eu
imperceptivelmente, se insinua e afeta o intelecto. sou, eu existo, é necessariamente verdadeira todas as
vezes que a enuncio ou que a concebo em meu
(Francis Bacon. Novum Organum [publicado espírito.
originalmente em 1620], DESCARTES, R. Meditações. Pensadores. São
1999. Adaptado.) Paulo: Abril Cultural, 1979.

Na história da filosofia ocidental, o texto de A proposição “eu sou, eu existo” corresponde a

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um dos momentos mais importantes na ruptura da


filosofia do século XVII com os padrões da reflexão
medieval, por
a) estabelecer o ceticismo como opção legítima. Esse fragmento compõe o livro de Kant que
b) utilizar silogismos linguísticos como prova
trata da importância da(o)
ontológica.
c) inaugurar a posição teórica conhecida como a) juízo.
empirismo. b) razão.
d) estabelecer um princípio indubitável para o c) cultura.
conhecimento. d) costume.
e) Questionar a relação entre a filosofia e o tema da e) experiência.
existência de Deus.
35. (Enem 2014) A filosofia encontra-se escrita
33. (Enem PPL 2015) A pura lealdade na neste grande livro que continuamente se abre perante
amizade, embora até o presente não tenha existido nossos olhos (isto é, o universo), que não se pode
nenhum amigo leal, é imposta a todo homem, compreender antes de entender a língua e conhecer
essencialmente, pelo fato de tal dever estar implicado os caracteres com os quais está escrito. Ele está
como dever em geral, anteriormente a toda escrito em língua matemática, os caracteres são
experiência, na ideia de uma razão que determina a triângulos, circunferências e outras figuras
vontade segundo princípios a priori. geométricas, sem cujos meios é impossível entender
humanamente as palavras; sem eles, vagamos
KANT, I. Fundamentação da metafísica dos perdidos dentro de um obscuro labirinto.
costumes. São Paulo: Barcarolla, 2009.
GALILEI, G. “O ensaiador”. Os pensadores. São
Paulo: Abril Cultural, 1978.
A passagem citada expõe um pensamento
caracterizado pela No contexto da Revolução Científica do século
a) eficácia prática da razão empírica. XVII, assumir a posição de Galileu significava
b) transvaloração dos valores judaico-cristãos. defender a
c) recusa em fundamentar a moral pela experiência. a) continuidade do vínculo entre ciência e fé
d) comparação da ética a uma ciência de rigor dominante na Idade Média.
matemático. b) necessidade de o estudo linguístico ser
e) importância dos valores democráticos nas relações acompanhado do exame matemático.
de amizade. c) oposição da nova física quantitativa aos
pressupostos da filosofia escolástica.
34. (Uema 2015) Fraqueza e covardia são as d) importância da independência da investigação
científica pretendida pela Igreja.
causas pelas quais a maioria das pessoas permanece e) inadequação da matemática para elaborar uma
infantil mesmo tendo condição de libertar-se da tutela explicação racional da natureza.
mental alheia. Por isso, fica fácil para alguns exercer
36. (Enem PPL 2013) O contrário de um fato
o papel de tutores, pois muitas pessoas, por qualquer é sempre possível, pois, além de jamais
implicar uma contradição, o espírito o concebe com a
comodismo, não desejam se tornar adultas. Se tenho
mesma facilidade e distinção como se ele estivesse
um livro que pensa por mim; um sacerdote que dirige em completo acordo com a realidade. Que o Sol não
nascerá amanhã é tão inteligível e não implica mais
minha consciência moral; um médico que me
contradição do que a afirmação de que ele nascerá.
prescreve receitas e, assim por diante, não necessito Podemos em vão, todavia, tentar demonstrar sua
falsidade de maneira absolutamente precisa. Se ela
preocupar-me com minha vida. Se posso adquirir
fosse demonstrativamente falsa, implicaria uma
orientações, não necessito pensar pela minha cabeça: contradição e o espírito nunca poderia concebê-la
distintamente, assim como não pode conceber que
transfiro ao outro esta penosa tarefa de pensar.
seja diferente de

Fonte: I. Kant, O que é a ilustração. In: F. HUME, D. Investigação acerca do entendimento


humano. São Paulo: Nova Cultural, 1999 (adaptado).
Weffort (org). Os clássicos da política, v. 2, 6 ed. São
Paulo: Saraiva, 2006. O filósofo escocês David Hume refere-se a
fatos, ou seja, a eventos espaço-temporais, que

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acontecem no mundo. Com relação ao conhecimento IV. As pessoas têm dignidade porque são seres livres
referente a tais eventos, Hume considera que os e autônomos, isto é, seres que se submetem às
fenômenos leis que se dão a si mesmos, atendendo
a) acontecem de forma inquestionável, ao serem imediatamente aos apelos de suas inclinações,
apreensíveis pela razão humana. sentimentos, impulsos e necessidades.
b) ocorrem de maneira necessária, permitindo um V. A autonomia da vontade é o fundamento da
saber próximo ao de estilo matemático. dignidade da natureza humana e de toda natureza
c) propiciam segurança ao observador, por se racional e, por esta razão, a vontade não está
basearem em dados que os tornam incontestáveis. simplesmente submetida à lei, mas submetida à lei
d) devem ter seus resultados previstos por duas por ser concebida como vontade legisladora
modalidades de provas, com conclusões idênticas. universal, ou seja, se submete à lei na exata medida
e) exigem previsões obtidas por raciocínio, distinto do em que ela é a autora da lei (moral).
conhecimento baseado em cálculo abstrato.
Das afirmativas feitas acima
37. (Unioeste 2013) “A necessidade prática de a) somente a afirmação I está incorreta.
agir segundo este princípio, isto é, o dever, não b) somente a afirmação III está incorreta.
assenta em sentimentos, impulsos e inclinações, c) as afirmações II e IV estão incorretas.
mas, sim, somente na relação dos seres racionais d) as afirmações II e III estão incorretas.
entre si, relação essa em que a vontade de um ser e) as afirmações II, III e V estão incorretas.
racional tem de ser considerada sempre e
simultaneamente como legisladora, porque de outra 38. (Uff 2012) Galileu Galilei é considerado um
forma não podia pensar-se como fim em si mesmo. A
dos grandes nomes da história da ciência graças às
razão relaciona, pois, cada máxima da vontade
concebida como legisladora universal com todas as suas revolucionárias observações astronômicas por
outras vontades e com todas as ações para conosco
meio do telescópio e aos seus estudos sobre
mesmos, e isto não em virtude de qualquer outro
móbil prático ou de qualquer vantagem futura, mas a) a economia política.
em virtude da ideia da dignidade de um ser racional b) a composição da luz.
que não obedece à outra lei senão àquela que ele c) a anatomia humana.
mesmo simultaneamente dá a si mesmo. [...] O que se d) o movimento dos corpos.
relaciona com as inclinações e necessidades gerais e) a circulação do sangue.
do homem tem um preço venal [...], aquilo, porém, que
constitui a condição só graças a qual qualquer coisa 39. (Ufsj 2012) Sobre os ídolos preconizados
pode ser um fim em si mesma, não tem somente um
valor relativo, isto é, um preço, mas um valor íntimo, por Francis Bacon, é CORRETO afirmar que:
isto é, dignidade”. a) “A consequência imediata da ação dos ídolos é a
inscrição do Homem num universo de massacre e
Kant. sofrimento racional-indutivo, onde o conhecimento
científico se distancia da filosofia, se deteriora e se
amesquinha”.
Considerando o texto citado e o pensamento b) “Toda idolatria é forjada no hábito e na
ético de Kant, seguem as afirmativas abaixo: subjetividade humanos”.
c) “Os ídolos invadem a mente humana e para
I. Para Kant, existe moral porque o ser humano e, em derrogá-los, é necessário um esforço racional-
geral, todo o ser racional, fim em si mesmo e valor dedutivo de análise, como bem advertiu
absoluto, não deve ser tomado simplesmente como Aristóteles”.
meio ou instrumento para o uso arbitrário de d) “Os ídolos da caverna são os homens enquanto
qualquer vontade. indivíduos, pois cada um [...] tem uma caverna ou
II. Fim em si mesmo e valor absoluto, o ser humano é uma cova que intercepta e corrompe a luz da
pessoa e tem dignidade, mas uma dignidade que é, natureza”.
apenas, relativamente valiosa, por se encontrar em
dependência das condições psicossociais e 40. (Uema 2012) Das alternativas abaixo,
político-econômicas nas quais vive. marque aquela que apresenta o sentido de cultura
III. A moralidade, única condição que pode fazer de elaborado pelos humanistas no Renascimento do
um ser racional fim em si mesmo e valor absoluto, século XVI.
pelo princípio da autonomia da vontade, e a a) Cultura é a valorização do trabalho, pois se acredita
humanidade, enquanto capaz de moralidade, são que pelo trabalho o homem não só aprimora suas
as únicas coisas que têm dignidade. habilidades como também ganha dignidade.

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b) Cultura é o cultivo do espírito no sentido de seguir poder público, reformam e inovam, o que muitas
firmemente os ordenamentos de Deus aqui na terra vezes leva o país à desordem e à guerra civil.
como necessário para a salvação da alma. d) o motivo maior que guia a vida de tais criaturas é a
c) Cultura é o cultivo do espírito, exprimindo a ação de engrenagem da soberania da vontade de criar, da
desenvolver a capacidade intelectual e de vontade de poder, retomada por Nietzsche e pelo
aprimorar as qualidades naturais dos homens. existencialismo.
d) Cultura seria associada à prática do lazer, do
cultivo às artes, à ciência e às letras. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
e) Cultura seria o fazer humano por meio do qual o Texto I
homem produz bens materiais e se autoproduz.
O desenvolvimento não é um mecanismo cego
41. (Ufsj 2012) David Hume afirma que “a que age por si. O padrão de progresso dominante
descreve a trajetória da sociedade contemporânea
razão, em sentido estrito e filosófico, só pode em busca dos fins tidos como desejáveis, fins que os
influenciar nossa conduta de duas maneiras”, a saber: modelos de produção e de consumo expressam. É
preciso, portanto, rediscutir os sentidos. Nos marcos
a) “a razão por si só funda a moral humana e como tal do que se entende predominantemente por
nela encontra respaldo para instaurar influências, desenvolvimento, aceita-se rever as quantidades
além disso, reduz o campo de influência dogmática (menos energia, menos água, mais eficiência, mais
sobre a conduta humana”. tecnologia), mas pouco as qualidades: que
b) “ao reconhecer o estatuto racional que fundamenta desenvolvimento, para que e para quem?
e legitima a paixão, a moral se estabelece como
consequência dessa razão em si mesma, além de (LEROY, Jean Pierre. Encruzilhadas do
determinar o sujeito que age”. Desenvolvimento. O Impacto sobre o meio ambiente.
c) “despertando uma paixão ao nos informar sobre a Le Monde Diplomatique Brasil. jul. 2008, p.9.)
existência de alguma coisa que é um objeto próprio
dessa paixão ou descobrindo a conexão de causas
e efeitos de modo a nos dar meios de exercer uma
paixão qualquer”. 43. (Uel 2012) Tendo como referência a
d) “razão e ação prática são princípios ativos relação entre desenvolvimento e progresso presente
fundamentais que conferem poderes aos corpos no texto, é correto afirmar que, em Kant, tal relação,
externos ou às ações racionais ou se fundam, contida no conceito de Aufklärung (Esclarecimento),
exclusivamente, na intenção que é peculiar ao expressa:
indivíduo”. a) A tematização do desenvolvimento sob a égide da
lógica de produção capitalista.
42. (Ufsj 2012) “Algumas criaturas vivas, como b) A segmentação do desenvolvimento
tecnocientífico nas diversas especialidades.
as abelhas e as formigas, que vivem socialmente c) A ampliação do uso público da razão para que se
umas com as outras [...] tendem para o benefício desenvolvam sujeitos autônomos.
d) O desenvolvimento que se alcança no âmbito
comum”. técnico e material das sociedades.
e) O desenvolvimento dos pressupostos científicos na
resolução dos problemas da filosofia prática.
Para Thomas Hobbes, essa tendência não ocorre
entre os homens porque 44. (Uel 2011) Leia o texto a seguir.
a) esses insetos, dentro da sua irracionalidade O pensamento moderno caracteriza-se pelo
natural, dão lições de conduta aos seres humanos; crescente abandono da ciência aristotélica. Um dos
seja na tarefa diária, seja na politização paradoxal pensadores modernos desconfortáveis com a lógica
do modelo comunista difundido por Joseph Stalin e dedutiva de Aristóteles – considerando que esta não
Karl Marx. permitia explicar o progresso do conhecimento
b) as abelhas e as formigas têm a peculiaridade de científico – foi Francis Bacon. No livro Novum
construir suas sociedades dentro de uma unidade Organum, Bacon formulou o método indutivo como
dinâmica e circular, que poderia ser bem definida alternativa ao método lógico-dedutivo aristotélico.
como um contrato social se elas fossem humanas.
Os seres humanos não atingiram tal estágio ainda. Com base no texto e nos conhecimentos sobre
c) estes estão constantemente envolvidos numa o pensamento de Bacon, é correto afirmar que o
competição pela honra e pela dignidade e se método indutivo consiste
julgam uns mais sábios que outros para exercer o

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a) na derivação de consequências lógicas com base Com base no enunciado e considerando o


no corpo de conhecimento de um dado período itinerário seguido por Descartes para fundamentar o
histórico. conhecimento, é correto afirmar:
b) no estabelecimento de leis universais e a) Todas as coisas se equivalem, não podendo ser
necessárias com base nas formas válidas do discerníveis pelos sentidos nem pela razão, já que
silogismo tal como preservado pelos medievais. ambos são falhos e limitados, portanto o
c) na postulação de leis universais com base em conhecimento seguro detém-se nas opiniões que
casos observados na experiência, os quais se apresentam certas e indubitáveis.
apresentam regularidade. b) O conhecimento seguro que resiste à dúvida
d) na inferência de leis naturais baseadas no apresenta-se como algo relativo, tanto ao sujeito
testemunho de autoridades científicas aceitas como às próprias coisas que são percebidas de
universalmente. acordo com as circunstâncias em que ocorrem os
e) na observação de casos particulares revelados pela fenômenos observados.
experiência, os quais impedem a necessidade e a c) Pela dúvida metódica, reconhece-se a contingência
universalidade no estabelecimento das leis do conhecimento, uma vez que somente as coisas
naturais. percebidas por meio da experiência sensível
possuem existência real.
45. (Ufu 2011) Na obra Discurso sobre o d) A dúvida manifesta a infinita confusão de opiniões
método, René Descartes propôs um novo método de que se pode observar no debate perpétuo e
investigação baseado em quatro regras universal sobre o conhecimento das coisas, sendo
fundamentais, inspiradas na geometria: evidência, a existência de Deus a única certeza que se pode
análise, síntese, controle. alcançar.
e) A condição necessária para alcançar o
Assinale a alternativa que contenha conhecimento seguro consiste em submetê-lo
corretamente a descrição das regras de análise e sistematicamente a todas as possibilidades de
síntese. erro, de modo que ele resista à dúvida mais
a) A regra da análise orienta a enumerar todos os obstinada.
elementos analisados; a regra da síntese orienta
decompor o problema em seus elementos últimos, 47. (Unioeste 2011) Considerando-se as
ou mais simples. primeiras linhas das Meditações sobre a filosofia
b) A regra da análise orienta a decompor cada primeira de René Descartes:
problema em seus elementos últimos ou mais “Há já algum tempo dei-me conta de que, desde
simples; a regra da síntese orienta ir dos objetos meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões
mais simples aos mais complexos. por verdadeiras e de que aquilo que depois eu fundei
c) A regra da análise orienta a remontar dos objetos sobre princípios tão mal assegurados devia ser
mais simples até os mais complexos; a regra da apenas muito duvidoso e incerto; de modo que era
síntese orienta prosseguir dos objetos mais preciso tentar seriamente, uma vez em minha vida,
complexos aos mais simples. desfazer-me de todas as opiniões que recebera até
d) A regra da síntese orienta a acolher como então em minha crença e começar tudo novamente
verdadeiro apenas aquilo que é evidente; a regra da desde os fundamentos, se eu quisesse estabelecer
análise orienta descartar o que é evidente e só alguma coisa de firme e de constante nas ciências.
orientar-se, firmemente, pela opinião. (...) Agora, pois, que meu espírito está livre de todas
as preocupações e que obtive um repouso seguro
46. (Uel 2011) O principal problema de numa solidão tranquila, aplicar-me-ei seriamente e
Descartes pode ser formulado do seguinte modo: com liberdade a destruir em geral todas as minhas
“Como poderemos garantir que o nosso antigas opiniões”
conhecimento é absolutamente seguro?” Como o
cético, ele parte da dúvida; mas, ao contrário do É correto afirmar sobre a teoria do
cético, não permanece nela. Na Meditação Terceira, conhecimento cartesiana que
Descartes afirma: “[...] engane-me quem puder, ainda a) Descartes não utiliza um método ou uma estratégia
assim jamais poderá fazer que eu nada seja enquanto para estabelecer algo de firme e certo no
eu pensar que sou algo; ou que algum dia seja conhecimento, já que suas opiniões antigas eram
verdade eu não tenha jamais existido, sendo verdade incertas.
agora que eu existo [...]” b) Descartes considera que não é possível encontrar
algo de firme e certo nas ciências, pois até então
(DESCARTES. René. “Meditações Metafísicas”. esse objetivo não foi atingido.
Meditação Terceira, São Paulo: Nova Cultural, 1991. p. c) Descartes, ao rejeitar o que a tradição filosófica
182. Coleção Os Pensadores.) considerou como conhecimento, busca

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fundamentar nos sentidos uma base segura para


as ciências. 51. (Unioeste 2011) “A natureza fez os homens
d) ao investigar uma base firme e indestrutível para o tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do
conhecimento, Descartes inicia rejeitando suas espírito que, embora por vezes se encontre um
antigas opiniões e utiliza o método da dúvida até homem manifestamente mais forte de corpo, ou de
encontrar algo de firme e certo. espírito mais vivo do que outro, mesmo assim,
e) Descartes necessitou de solidão para investigar as quando se considera tudo isto em conjunto, a
suas antigas opiniões e encontrar entre elas aquela diferença entre um e outro não é suficientemente
que seria o verdadeiro fundamento do considerável para que qualquer um possa com base
conhecimento. nela reclamar qualquer benefício a que outro não
possa também aspirar, tal como ele. (...) Desta
48. (Ufsj 2011) John Locke é apontado como igualdade quanto à capacidade deriva a igualdade
quanto à esperança de atingirmos nossos fins.
pioneiro do materialismo moderno. Sobre o
Portanto, se dois homens desejam a mesma coisa, ao
“materialismo moderno”, é CORRETO afirmar que: mesmo tempo (...) esforçam-se por se destruir ou
subjugar um ao outro. (...) Com isto se torna
a) “Deriva as ‘ideias’ de que se constitui o
manifesto que, durante o tempo em que os homens
conhecimento diretamente das sensações que se
vivem sem um poder comum capaz de manter a
marcaram na mente [...] não cabendo assim ao
todos em respeito, eles se encontram naquela
pensamento nada mais, [...] que combinar,
condição a que se chama de guerra; e uma guerra que
comparar e analisar essas mesmas ideias”.
é de todos os homens contra todos os homens”.
b) “Todo o princípio do conhecimento material é
sensorial, transponível, relativo e infinito”.
Hobbes.
c) “O valor da experiência sensível, como fator
primário da elaboração cognitiva, está na
Com base no texto citado, seguem as seguintes
possibilidade de conhecer a essência da natureza”.
afirmativas:
d) “O conhecimento deve ser introjetado a partir da
experiência extrassensorial, peculiar a todo ser
I. Os homens, por natureza, são absolutamente iguais,
pensante”.
tanto no exercício de suas capacidades físicas,
quanto no exercício de suas faculdades espirituais.
49. (Ufsj 2011) A razão, para Hume, é: II. Sendo os homens, por natureza, “tão iguais, quanto
a) “a descoberta da verdade ou da falsidade. A às faculdades do corpo e do espírito” é razoável
verdade e a falsidade consistem no acordo e que cada um ataque o outro, quer seja para destruí-
desacordo seja quanto à relação real de ideias, seja lo, quer seja para proteger-se de um possível
quanto à existência e aos fatos reais”. ataque.
b) “nossas propensões naturais e distinções morais III. Na inexistência de um “poder comum” que
implicam, necessariamente, uma razão inata”. “mantenha a todos em respeito”, a atitude mais
c) “os concomitantes da ação induzem a uma racional é a de manter a paz e a concórdia na
concepção notória daquilo que se pode determinar “esperança” de que todos e cada um atinjam seus
como universo da razão”. fins.
d) “em sentido estrito e filosófico, a razão nos informa IV. A condição dos homens que vivem sem um poder
sobre os critérios e conexões entre as paixões e comum é de guerra generalizada, de todos contra
desafetos humanos”. todos.
V. O homem, por natureza, vive em sociedade e nela
50. (Ufsj 2011) Sobre a origem da justiça, desenvolve suas potencialidades, mantendo
relações sociais harmônicas e pacíficas.
Hume afirma que:
a) “O senso de justiça é derivado da virtude, que por Assinale a alternativa correta.
sua vez move toda e qualquer mudança na esfera a) Apenas I está correta.
do comportamento humano”. b) Apenas II e III estão corretas.
b) “A justiça tira sua origem exclusivamente do c) Apenas I e V estão corretas.
egoísmo e da generosidade restrita aos Homens d) Apenas II e IV estão corretas.
em conjunto com a escassez das provisões que a e) Todas as afirmativas estão corretas.
natureza ofereceu para suas necessidades”.
c) “As impressões dão origem ao senso de justiça e 52. (Uenp 2011) “Porque as leis de natureza
são naturais à mente humana”. (como a justiça, a equidade, a modéstia, a piedade,
d) “A justiça tem sua origem nas regas naturais e
buscam seu fim em interesses gerados pelas ou, em resumo, fazer aos outros o que queremos que
paixões mais profundas dos homens”.

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Lista de Exercícios : Filosofia | Filosofia Moderna

nos façam) por si mesmas, na ausência do temor de


I. O homem natural é bom, o isolamento propiciado
algum poder capaz de levá-las a ser respeitadas, são
pelo estado de natureza favorece o
contrárias a nossas paixões naturais, as quais nos desenvolvimento e o exercício de qualidades
positivas, como o amor de si mesmo e a piedade.
fazem tender para a parcialidade, o orgulho, a
II. A ordem social é natural e deriva da natureza
vingança e coisas semelhantes. E os pactos sem a gregária do ser humano.
III. O estado se origina com o objetivo de impedir que
espada não passam de palavras, sem força para dar
os homens retornem ao estado de guerra
qualquer segurança a ninguém. Portanto, apesar das generalizado.
leis de natureza (que cada um respeita quando tem
A(s) afirmativa(s) verdadeira(s) é(são):
vontade de respeitá-las e quando pode fazê-lo com a) apenas a I.
b) apenas a II.
segurança), se não for instituído um poder
c) apenas a III.
suficientemente grande para nossa segurança, cada d) apenas a IV.
e) todas.
um confiará, e poderá legitimamente confiar, apenas
em sua própria força e capacidade, como proteção 54. (Uff 2011) José Bonifácio de Andrada e
contra todos os outros.” Silva, homem público e cientista respeitado na
Europa, desempenhou papel decisivo no processo de
emancipação do Brasil. De ideias avançadas,
MALMESBURY, Thomas Hobbes de. Leviatã ou defendeu a extinção do escravismo, a valorização da
matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e pequena e da média propriedade, o uso racional dos
civil. recursos naturais e a tese pioneira da preservação do
meio ambiente. Ele achava que a finalidade última da
Sobre o pensamento de Hobbes, assinale a ciência é contribuir para o bem da humanidade de
modo racional e eficiente.
alternativa incorreta:
a) O contrato social que dá origem ao Estado só é As ideias que influenciaram diretamente a
obedecido pela força e pelo temor. formação intelectual e política de José Bonifácio
b) Os homens, na sua condição natural, observam estão contidas no
apenas as suas paixões naturais. a) Naturalismo.
c) O contrato social que dá origem ao Estado pode b) Iluminismo.
ser desfeito quando o soberano desrespeita os c) Renascimento.
direitos dos súditos e age de forma parcial, visando d) Socialismo.
a seus próprios interesses. e) Jacobinismo.
d) A concepção de homem natural de Hobbes é
marcada por um profundo pessimismo 55. (Uema 2011) No texto Que é
antropológico. “Esclarecimento”? (1783), o que significa, conforme
e) A filosofia política hobbesiana é atomista. Kant, a saída do homem da menoridade da qual ele
mesmo é culpado?
53. (Uenp 2011) “O homem nasce livre, e por a) O uso da razão crítica, exceto quando se tratar de
doutrinas religiosas.
toda a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor b) A capacidade de aceitar passivamente a
dos demais, não deixa de ser mais escravo do que autoridade científica ou política.
c) A liberdade para executar desejos e impulsos
eles (...). A ordem social é um direito sagrado que conforme a natureza instintiva do homem.
serve de base a todos os outros. Tal direito [ordem d) A coragem de ser autônomo, rejeitando, portanto,
qualquer condição tutelar.
social], no entanto, não se origina da natureza: funda- e) O alcance da idade apropriada para uso da
se, portanto, em convenções.” racionalidade subjetiva.

56. (Uema 2011) Kant, no texto Que é


ROUSSEAU, J.J. Contrato Social. Coleção Os “Esclarecimento”? (1783), aborda os conceitos de uso
pensadores. São Paulo: Abril Cultural. público e privado da razão. Entre as alternativas
abaixo, a única que contém informação correta sobre
Analise as afirmativas sobre o pensamento de o uso público da razão é:
Rousseau

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a) Livre uso da razão desde que avalizada pela a) A dissolução do Cosmos representa a ruptura com
autoridade competente eclesiástica e política. a ideia do Universo como sistema imutável,
b) Liberdade ilimitada do sábio usar a razão e heterogêneo, hierarquicamente ordenado, da física
autonomia para publicizar suas ideias com as aristotélica.
melhores intenções. b) A crença na existência do Cosmos, na física
c) Uso que o professor faz de sua razão diante de sua aristotélica, se situa na concepção de um Universo
comunidade acadêmica ou outra qualquer. aberto, indefinido e até infinito, unificado e
d) Discurso aberto sobre temáticas monitoradas por governado pelas mesmas leis universais.
uma instituição que forma pessoas para o serviço c) Contrária à concepção tradicional de ciência de
militar. orientação aristotélica, a física galilaica distingue e
e) Abordagem de uma teoria determinada por um opõe os dois mundos do Céu e da Terra e suas
paradigma vigente, seja ele religioso, político ou respectivas leis.
científico. d) A geometrização do espaço e do movimento, na
física galilaica, aprimora a concepção matemática
57. (Uema 2011) Na perspectiva do do Universo cósmico qualitativamente diferenciado
conhecimento, Immanuel Kant pretende superar a e concreto da física aristotélica.
dicotomia racionalismo-empirismo. Entre as e) A física galilaica identifica o movimento a partir da
alternativas abaixo, a única que contém informações concepção de uma totalidade cósmica, em cuja
corretas sobre o criticismo kantiano é: ordem cada coisa possui um lugar próprio
a) A razão estabelece as condições de possibilidade conforme sua natureza.
do conhecimento; por isso independe da matéria
do conhecimento. 59. (Uel 2010) A ONU declarou 2009 o Ano
b) O conhecimento é constituído de matéria e forma. Internacional da Astronomia pelos 400 anos do uso
Para termos conhecimento das coisas, temos de do telescópio nas investigações astronômicas por
organizá-las a partir da forma a priori do espaço e Galileu Galilei. Essas investigações desencadearam
do tempo. descobertas e, por sua vez, uma nova maneira de
c) O conhecimento é constituído de matéria, forma e compreender os fenômenos naturais. Além de suas
pensamento. Para termos conhecimento das descobertas, Galileu também contribuiu para a
coisas temos de pensá-las a partir do tempo posteridade ao desenvolver o método experimental e
cronológico. a concepção de uma nova ciência física.
d) A razão enquanto determinante nos
conhecimentos fenomênicos e noumênicos Com base nas contribuições metodológicas de
(transcendentais) atesta a capacidade do ser Galileu Galilei, é correto afirmar:
humano. a) A experiência espontânea e imediata da percepção
e) O homem conhece pela razão a realidade dos sentidos desempenha, a partir de Galileu, um
fenomênica porque Deus é quem afinal determina papel metodológico, preponderante na nova
este processo. ciência.
b) A observação, a experimentação e a explicação
58. (Uel 2010) A obra de Galileu Galilei está dos fenômenos físicos da natureza desenvolvidos
indissoluvelmente ligada à revolução científica do por Galileu aprimoram o método lógico-dedutivo da
século XVII, a qual implicou uma “mutação” filosofia aristotélica.
intelectual radical, cujo produto e expressão mais c) A observação controlada dos fenômenos na forma
genuína foi o desenvolvimento da ciência moderna no de experimentação, segundo o método galileano,
pensamento ocidental. Neste sentido, destacam-se consiste em interrogar metodicamente a natureza
dois traços entrelaçados que caracterizam esta na linguagem matemática.
revolução inauguradora da modernidade científica: a d) A verificação metodológica da verdade das leis
dissolução da ideia greco-medieval do Cosmos e a científicas pelos experimentos aleatórios,
geometrização do espaço e do movimento. defendida por Galileu, fundamenta-se na
concepção finalista do Universo.
(KOYRÉ, A. Estudos Galilaicos. Lisboa: Dom e) O método galileano reafirma o princípio de
Quixote, 1986. pp. 13-20; KOYRÉ, A. Estudos de autoridade das interpretações teológico-bíblicas na
História do Pensamento Científico. Brasília, Editora definição do método para alcançar a verdade física.
UnB, 1982. pp. 152-154.).
60. (Ufpa 2010) Galileu, ao conceber a ciência,
Com base no texto e nos conhecimentos sobre valoriza a experiência e se preocupa com a descrição
as características que marcam revolução científica no quantificada dos fenômenos. Tal descrição torna-se
pensamento de Galileu Galilei, assinale a alternativa possível, porque ele faz a distinção entre qualidades
correta. primárias e secundárias

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(ARANHA, M. L.; MARTINS, M. H. P. b) Bacon era racionalista e considerava que as


Filosofando. p. 179). verdades eram eternas e imutáveis, sendo que o
seu conhecimento independe da experiência ou
De acordo com o exposto acima, é correto dos sentidos. Sua proposta metodológica se
afirmar que aproximava muito do platonismo tardio do final do
a) somente as qualidades primárias devem ser renascimento.
levadas em consideração pelos cientistas. c) Spinoza era empirista, e seu método prescindia de
b) somente as qualidades secundárias são relevantes qualquer interferência da razão, sendo que a
para o conhecimento científico. verdade pode ser encontrada nos próprios objetos
c) as qualidades primárias não são suscetíveis de a partir da intervenção percuriente da experiência.
receberem tratamento matemático. d) Descartes no Discurso do Método desenvolve uma
d) somente as qualidades secundárias devem ser metodologia analítica. De acordo com o filósofo,
tratadas cientificamente por serem consideradas era preciso que a partir de um critério de verdade,
matematizáveis. se partisse para a análise (decomposição) dos
e) nenhuma das qualidades dos corpos pode ser problemas, para poder solucioná-los, havendo
tratada quantitativamente. necessidade de uma síntese (recomposição) e uma
revisão final do processo.
61. (Uff 2010) Segundo o filósofo inglês e) J. Locke, como Descartes, era racionalista, e
Francis Bacon (1561-1626), o ser humano tem o desvalorizava o papel da experiência na busca do
direito de dominar a natureza e as técnicas; as conhecimento verdadeiro das causas e das
ciências são os meios para exercer esse poder. essências das coisas.

Que processo histórico pode ser diretamente 64. (Unioeste 2010) “Há já algum tempo dei-
associado a essas ideias? me conta de que, desde meus primeiros anos,
a) Os ideais de retorno à vida natural. recebera muitas falsas opiniões por verdadeiras e de
b) O bloqueio continental imposto à Europa por que aquilo que depois eu fundei sobre princípios tão
Napoleão Bonaparte. mal assegurados devia ser apenas muito duvidoso e
c) A Contrarreforma promovida pela Igreja Católica. incerto; de modo que era preciso tentar seriamente,
d) O surgimento do estilo barroco nas artes. uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as
e) A Revolução Industrial. opiniões que recebera até então em minha crença e
começar tudo novamente desde os fundamentos, se
62. (Ufpa 2010) Segundo a tradição eu quisesse estabelecer alguma coisa de firme e de
racionalista, a verdade não reside nas próprias coisas, constante nas ciências. […] Agora, pois, que meu
mas somente no juízo. De acordo com essa espírito está livre de todas as preocupações e que
concepção de verdade, é lícito afirmar: obtive um repouso seguro numa solidão tranquila,
a) As ideias são verdadeiras por coincidirem aplicar-me-ei seriamente e com liberdade a destruir
naturalmente com as coisas. em geral todas as minhas antigas opiniões. Ora, não
b) A verdade reside na atribuição do predicado será necessário, para atingir esse propósito, provar
inerente ao sujeito do juízo. que elas todas são falsas, o que talvez jamais
c) A verdade reside no ato de julgar, porque é isento realizasse até o fim; mas, visto que a razão já me
de qualquer valor cognitivo. persuade de que não devo menos cuidadosamente
d) A apreensão do objeto é produto de um julgamento impedir-me de acreditar nas coisas que não são
exclusivamente ético. inteiramente certas e indubitáveis do que nas que nos
e) O sujeito do juízo não deve pertencer ao predicado, parecem ser manifestamente falsas, a menor razão
para se evitar um julgamento preconceituoso. de duvidar que eu nelas encontrar será suficiente para
me fazer rejeitá-las todas.” (Descartes)
63. (Uenp 2010) Uma preocupação comum
dos filósofos modernos era com o método. Eles A partir da filosofia cartesiana, seguem as
partiam de um senso comum teórico amplamente seguintes afirmações:
difundido na filosofia, o de que os homens só erravam I. A dúvida cartesiana é uma dúvida sobre os
porque tomavam o caminho errado. Qualquer um que fundamentos do conhecimento, e seu objetivo é
se utilizasse do método adequado teria condições de avaliar a possibilidade da conquista de algo
chegar ao conhecimento da verdade. Sobre o tema do evidente e verdadeiro.
método é correto dizer que: II. A primeira certeza que conquistamos é a de que,
a) Descartes era indutivista tendo em vista que seu embora nossos sentidos nos enganam às vezes,
método consistia em partir das informações não é possível duvidar da existência das coisas que
obtidas pela experiência para a construção de nos rodeiam.
verdades mais gerais, a partir de um processo de III. A dúvida, quando generalizada ao máximo, será
abstração. autodestrutiva, uma vez que ela é um ato de

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pensar e, portanto, requer como certa a existência c) A existência é concebida pelo ato originário e
de uma entidade que é sujeito desse ato imaginativo do pensamento, o qual impede que a
IV. Generalizar ao máximo a dúvida é uma atitude realidade seja mera ficção.
irracional e meramente negativa. d) a existência é a plenitude do ato de exteriorização
V. A dúvida cartesiana traz como resultado um fato dos objetos, cuja integridade é dada pela
determinante para toda a filosofia moderna: só manifestação da sua aparência.
temos acesso imediato às nossas percepções e) A existência é a evidência revelada ao ser humano
mentais, ao passo que o conhecimento de tudo o pelo ato próprio de pensar.
mais (o mundo, Deus, etc.) deve ser provado como
possível, dada a distância que há entre nossos 66. (Ufu 2010) Em O Discurso sobre o método,
pensamentos e as demais coisas. Descartes afirma:

Das afirmações feitas acima


a) apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas. Não se deve acatar nunca como verdadeiro
b) apenas as afirmativas I e III estão corretas. aquilo que não se reconhece ser tal pela evidência, ou
c) apenas as afirmativas I, III e V estão corretas. seja, evitar acuradamente a precipitação e a
d) apenas a afirmativa IV está incorreta. prevenção, assim como nunca se deve abranger entre
e) todas as afirmativas estão corretas. nossos juízos aquilo que não se apresente tão clara e
distintamente à nossa inteligência a ponto de excluir
65. (Uel 2010) Observe a tira e leia o texto a qualquer possibilidade de dúvida.
seguir:
(REALE, G.; ANTISERI, D. História da filosofia: Do
humanismo a Descartes.
Tradução de Ivo Storniolo. São Paulo: Paulus,
2004. p. 289.)

Após a leitura do texto acima, assinale a


alternativa correta.
a) A evidência, apesar de apreciada por Descartes,
permanece uma noção indefinível.
Mas há um enganador, não sei quem, b) A evidência é a primeira regra do método
sumamente poderoso, sumamente astucioso que, por cartesiano, mas não é o princípio metódico
indústria, sempre me engana. Não há dúvida, fundamental.
portanto, de que eu, eu sou, também, se me engana: c) Ideias claras e distintas são o mesmo que ideias
que me engane o quanto possa, nunca poderá fazer, evidentes.
porém, que eu nada seja, enquanto eu pensar que sou d) A evidência não é um princípio do método
algo. De sorte que, depois de ponderar e examinar cartesiano.
cuidadosamente todas as coisas é preciso
estabelecer, finalmente, que este enunciado eu, eu 67. (Unioeste 2010) “A física de Aristóteles […]
sou, eu, eu existo é necessariamente verdadeiro, é uma 'física', isto é, uma ciência altamente elaborada,
todas as vezes que é por mim proferido ou concebido embora não o seja matematicamente. […] A distinção
na mente. entre movimentos 'naturais' e movimentos 'violentos'
se situa numa concepção de conjunto da realidade
(DESCARTES, R. Meditações sobre Filosofia física, concepção cujos traços principais parecem ser:
Primeira. Tradução, nota prévia e revisão de Fausto (a) a crença na existência de 'naturezas'
Castilho. Campinas: Unicamp, 2008, p. 25.) qualitativamente definidas; e (b) a crença na
existência de um Cosmo […] Assim, mover-se é
mudar, mudar em si mesmo e em relação aos outros.
Com base na tira e no texto, sobre o cogito Por outro lado, isso implica um termo de referência
cartesiano, é correto afirmar: em relação ao qual a coisa movida muda seu ser ou
a) A existência decorre do ato de aparecer e se sua relação; o que implica – se examinarmos o
apresenta independente da essência constitutiva movimento local – a existência de um ponto fixo em
do ser. relação ao qual a coisa movida se move, um ponto
b) A existência é manifesta pelo ato de pensar que, ao fixo imutável que, evidentemente, só pode ser o
trazer à mente a imagem da coisa pensada, centro do Universo”. (Koyré)
assegura a sua realidade.
Dentre as proposições dadas abaixo, todas
elas, exceto uma, indicam características da

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Revolução Científica do Século XVII, que ocasionou a d) A liberdade impede o aperfeiçoamento humano.
derrocada da física e da cosmologia aristotélica. e) Somente se fosse perfeito é que o ser humano
Assinalar qual constitui a exceção (ou seja, qual das seria livre.
alternativas é a incorreta).
a) O rompimento com a física qualitativa e a 69. (Uenp 2010) A cidade inteira se divide em
homogeneização do espaço, com a consequente quatro quarteirões iguais. No centro de cada
substituição da noção de lugares naturais das quarteirão, encontra-se o mercado das coisas
coisas pela de espaço homogêneo da geometria, necessárias à vida. São depositados aí os diferentes
considerado como real. produtos do trabalho de todas as famílias. Esses
b) A consideração da lei da inércia como princípio produtos, depositados primeiramente nos
fundamental da natureza, ela que afirma que um entrepostos, são em seguida classificados nas lojas
corpo abandonado a si mesmo permanece em seu de acordo com sua espécie. Cada pai de família vai
estado de repouso ou de movimento tanto tempo procurar no mercado aquilo de que tem necessidade
quanto esse estado não for submetido à ação de para si e os seus. Tira o que precisa sem que seja
uma força exterior qualquer. exigido dele nem dinheiro nem troca. Jamais se
c) O combate ao princípio de inalterabilidade do céu e recusa alguma coisa aos pais de família. A
a todo o arcabouço teórico que sustentava a abundância sendo extrema, em todas as coisas, não
dicotomia entre céu e Terra. se teme que alguém tire além de sua necessidade. De
d) A destruição do Cosmo, isto é, a substituição da fato, aquele que tem a certeza de que nada faltará
visão de mundo finito e hierarquicamente ordenado jamais, não procurará possuir mais do que é preciso.
por uma concepção de universo homogêneo, ligado O que torna, em geral, os animais cúpidos e rapaces, é
por elementos de mesma natureza e regido por leis o temor das privações no futuro. No homem, em
necessárias e universais. particular, existe uma outra causa de avareza - o
e) A compreensão do movimento como um tipo de orgulho, que o excita a ultrapassar em opulência os
mudança que depende da constituição interna do seus iguais e a deslumbrá-los pelo aparato de um
corpo, de modo que o movimento contrário à luxo supérfluo. Mas as instituições utopianas tornam
natureza do corpo que se move, como quando este vício impossível.
arremessamos uma pedra para o alto, é
considerado violento e, como tal, tende à sua Thomas Morus.Utopia. Disponível em:
própria destruição. http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/c
v000070.pdf.
68. (Uff 2010) O italiano Picco della Mirandola
foi um importante filósofo humanista do Sobre, de Thomas Morus, é incorreto afirmar:
Renascimento dos séculos XV e XVI. Seu livro Sobre a a) Thomas Morus se inspira na República de Platão
Dignidade do Homem enaltece a importância do ser para escrever a Utopia. De um modo geral, o
humano e narra um mito da criação do homem. movimento filosófico ao qual pertencia Morus, o
Segundo o autor, quando decidiu criar o ser humano, humanismo, é caracterizado pela retomada dos
o criador já havia utilizado na criação dos outros temas da filosófica grega antiga.
seres todos os modelos e qualidades de que b) O texto de Thomas Morus é de caráter
dispunha. Então, o criador falou assim a Adão: contraideológico. Isso significa que a Utopia, além
“Se não te conferi um lugar fixo, uma forma que de significar “o não lugar, o lugar que não existe”,
te fosse própria e um dom especial, Adão, foi para era uma profunda crítica ao contexto histórico e
que tu mesmo, escolhendo segundo teu desejo e tua social em que vivia o autor.
determinação o lugar, a forma e o dom que quiseres, c) Não é possível afirmar que no texto da Utopia
possas fazê-los teus. Todos os outros seres exista qualquer crítica à propriedade privada, que
receberam uma natureza rigidamente definida e teria início apenas na contemporaneidade com o
ficaram sob o meu poder, segundo leis previamente marxismo.
estabelecidas. Somente a ti não te prendem laços, d) A Utopia, na medida em que descreve uma
exceto tu mesmo, segundo a vontade que te sociedade justa, indica que ela deveria ter leis
concedo”. pouco numerosas e as riquezas repartidas.
e) Na Utopia de Morus existe condenação explícita ao
Marque a sentença que expressa ideais do luxo e às vaidades, pois estes levam a um falso
Humanismo Renascentista e que é mais adequada ao prazer, incitando a desigualdade e a falsa
pensamento de Picco della Mirandola. superioridade.
a) O ser humano é inacabado e livre e por isso pode
se aperfeiçoar. 70. (Uenp 2010) O Renascimento é um período
b) A imperfeição impede o aperfeiçoamento do ser que compreende o fim da Idade Média e o Início da
humano. Idade Moderna, entre os séculos XIV e XVI, e tem
c) A imperfeição humana o impede de ser livre. alcance em diversos campos da sociedade, do saber

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e da arte. Por causa disso é classificado por muitos Com base no texto e nos conhecimentos sobre
estudiosos como um período de transição, não mais o pensamento de John Locke, é correto afirmar que a
medieval, mas ainda não moderno. Autores recentes propriedade:
como Michel Foucault, no entanto, ampliaram o valor
do Renascimento sustentando que ele constitui um I. Tem no trabalho a sua origem e fundamento, uma
sistema completo. Sobre o período é incorreto afirmar vez que ao acrescentar algo que é seu aos objetos
que: da natureza o homem os transforma em sua
a) Os humanistas resgataram o conceito romano de propriedade.
studia humanitatis. Entre suas preocupações II. A possibilidade que o homem tem de colher os
estava o ensino do latim, da retórica e da filosofia frutos da terra, a exemplo das maçãs, confere a ele
moral. Resgataram em seus textos o valor do um direito sobre eles que gera a possibilidade de
homem, o colocando no centro da cultura como acúmulo ilimitado.
valor maior, em contraposição a Deus, que o era III. Animais e frutos, quando disponíveis na natureza e
durante a Idade Média. sem a intervenção humana, pertencem a um
b) Maquiavel tem como uma de suas propostas direito comum de todos.
teóricas a demarcação do objeto de estudo da IV. Nasce da sociedade como consequência da ação
política, bem como a sua separação da ética, da coletiva e solidária das comunidades organizadas
moral e da religião. Maquiavel é considerado por com o propósito de formar e dar sustentação ao
isso como o fundador da ciência política, ou da Estado.
filosofia política moderna.
c) A propriedade privada, recém ressurgida na época, Assinale a alternativa correta.
é vista como um empecilho à pratica da virtude a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
humana, por alguns humanistas. Para Tomas More, b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
o homem deveria viver de acordo com a natureza, c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
dai seu esforço de defender uma nova civilização. d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
Muitas vezes, a critica social de A Utopia parece e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
estar endereçada à Inglaterra, lugar onde More
nasceu. 72. (Uel 2010) Leia o texto a seguir:
d) Uma das preocupações recorrentes dos que
escrevem sobre Utopia é delinear a educação dos
jovens, e isso é um tema central da Cidade do Sol Ao empreender a análise da estrutura e dos
de Campanella, onde os jovens receberiam todo limites do conhecimento, Kant tomou a física e a
tipo de instrução e até os muros da cidade seriam mecânica celeste elaboradas por Newton como
decorados com todo o saber conhecido. Essa sendo a própria ciência. Entretanto, era preciso salvá-
preocupação já estava presente na filosofia grega la do ceticismo de Hume quanto à impossibilidade de
antiga, por exemplo, em Platão. fundamentar as inferências indutivas e de alcançar
e) Os humanistas de um modo geral criticaram o um conhecimento necessário da natureza.
movimento de reforma religiosa, tendo em vista
que eram em sua maioria católicos e percebiam Com base no pensamento de David Hume
que, se o projeto da reforma fosse levado a cabo, a acerca do entendimento humano, é correto afirmar:
Igreja Católica perderia sua hegemonia cultural e
religiosa, fortalecendo o paganismo clássico que a) Dentre os objetos da razão humana, as relações de
renascia. ideias se originam das impressões associadas aos
conceitos inatos dos quais se obtém
dedutivamente o entendimento dos fatos.
71. (Uel 2010) Leia o seguinte texto de Locke: b) As conclusões acerca dos fatos obtidas pelo
sujeito do conhecimento realizam-se sem auxílio
Aquele que se alimentou com bolotas que da experiência, recorrendo apenas aos raciocínios
colheu sob um carvalho, ou das maçãs que retirou abstratos a priori.
das árvores na floresta, certamente se apropriou c) O postulado que afirma a inexistência de
deles para si. Ninguém pode negar que a alimentação conhecimento para além daquele que possa vir a
é sua. Pergunto então: Quando começaram a lhe resultar do hábito funda-se na ideia metafísica de
pertencer? Quando os digeriu? Quando os comeu? relação causal como conexão necessária entre os
Quando os cozinhou? fatos.
Quando os levou para casa? Ou quando os d) O sujeito do conhecimento opera associações de
apanhou? suas percepções, sensações e impressões
semelhantes ou sucessivas recebidas pelos órgãos
(LOCKE, J. Segundo Tratado Sobre o Governo dos sentidos e retidas na memória.
Civil. 3 ed. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 98) e) Pelo raciocínio o sujeito é induzido a inferir as
relações de causa e efeito entre percepções e

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impressões acerca da regularidade de fenômenos acerca dos fenômenos naturais, pois,


semelhantes que se repetem na sucessão do empiricamente, constata que a natureza está
tempo. escrita em caracteres matemáticos.
d) demonstra que as relações causais obtidas pela
73. (Unicentro 2010) Assinale a alternativa experiência representam um conhecimento guiado
correta. Para David Hume (1711-1776), por hábitos e costumes e, sobretudo, pela crença
a) a alma é como uma tábula rasa (uma tábua onde de que tais relações serão igualmente mantidas no
não há inscrições), ou seja, o conhecimento só futuro.
começa depois da experiência sensível. e) evidencia a importância do racionalismo, sobretudo
b) o que nos faz ultrapassar o dado e afirmar mais do as ideias inatas que atestam o nexo causal dos
que pode ser alcançado pela experiência é o hábito fenômenos naturais descobertos pela experiência.
criado através da observação de casos
semelhantes. 75. (Uff 2010) O escritor e filósofo francês
c) “saber é poder”, ou seja, o conhecimento não é Voltaire, que viveu no século XVIII, é considerado um
contemplativo e desinteressado, mas sim um saber dos grandes pensadores do Iluminismo ou Século das
instrumental, direcionado para a utilidade da Luzes. Ele afirma o seguinte sobre a importância de
ciência para a vida. manter acesa a chama da razão:
d) as ideias claras e distintas são ideias inatas, não “Vejo que hoje, neste século que é a aurora da
derivam do particular, mas já se encontram no razão, ainda renascem algumas cabeças da hidra do
espírito. Por isso, não estão sujeitas ao erro, pois fanatismo. Parece que seu veneno é menos mortífero
vêm da razão, isto é, são independentes das ideias e que suas goelas são menos devoradoras. Mas o
que vêm “de fora”, formadas pela ação dos monstro ainda subsiste e todo aquele que buscar a
sentidos. verdade arriscar-se-á a ser perseguido. Deve-se
e) o positivismo corresponde à maturidade do espírito permanecer ocioso nas trevas? Ou deve-se acender
humano. O reino da ciência é o reino da um archote onde a inveja e a calúnia reacenderão
necessidade. No mundo da necessidade, não há suas tochas? No que me tange, acredito que a
lugar para a liberdade. verdade não deve mais se esconder diante dos
monstros e que não devemos abster-nos do alimento
74. (Uel 2010) Leia o texto a seguir: com medo de sermos envenenados”.

O principal argumento humeano contra a Identifique a opção que melhor expressa esse
explicação da inferência causal pela razão era que pensamento de Voltaire.
este tipo de inferência dependia da repetição, e que a a) Aquele que se pauta pela razão e pela verdade não
faculdade chamada “razão” padecia daquilo que se é um sábio, pois corre um risco desnecessário.
pode chamar uma certa “insensibilidade à repetição”, b) A razão é impotente diante do fanatismo, pois esse
ou seja, uma certa indiferença perante a experiência sempre se impõe sobre os seres humanos.
repetida. Em completo contraste com isso, o princípio c) Aquele que se orienta pela razão e pela verdade
defendido por nosso filósofo, um princípio para deve munir-se da coragem para enfrentar o
designar o qual propôs os nomes de “costume ou obscurantismo e o fanatismo.
hábito”, foi concebido como uma disposição humana d) O fanatismo e o obscurantismo são coisas do
caracterizada pela sensibilidade à repetição, podendo passado e por isso a razão não precisa mais estar
assim ser considerado um princípio adequado à alerta.
explicação dos raciocínios derivados de experiências e) A razão envenena o espírito humano com o
repetidas. fanatismo.

(MONTEIRO, J. P. Novos Estudos Humeanos. 76. (Uema 2010) Rousseau, para explicar
São Paulo: Discurso Editorial, 2003, p. 41) como e onde crescem as desigualdades, aponta
estágios. A humanidade ao se desenvolver os
Com base no texto e nos conhecimentos sobre transpõe. Os estágios rousseaunianos são os
o empirismo, é correto afirmar que Hume seguintes:
a) atribui importância à experiência como fundamento
do conhecimento dedutivo obtido a partir da ( ) O estado de natureza e seus primeiros
inferência das relações causais na natureza. progressos.
b) corrobora a afirmação de que a experiência é ( ) A idade do ouro.
insuficiente sem o uso e a intervenção da razão na ( ) O primeiro progresso da desigualdade: a
demonstração do nexo causal existente entre os propriedade.
fenômenos naturais. ( ) O segundo progresso da desigualdade: os
c) confere exclusividade à matemática como magistrados.
condição de fundamentação do conhecimento

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Lista de Exercícios : Filosofia | Filosofia Moderna

( ) O terceiro progresso da desigualdade: o


despotismo. Todas as alternativas abaixo caracterizam o
pensamento de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778),
Coloque V para verdadeiro ou F para falso nas exceto uma. Assinale-a.
afirmações acima e, em seguida, marque a alternativa a) Rousseau parece demonstrar extrema nostalgia do
correta. estado feliz em que vive o bom selvagem, quando é
a) V, V, F, F, V. introduzida a desigualdade entre os homens, a
b) V, V, V, V, V. diferenciação entre rico e pobre, o poderoso e o
c) F, F, V, V, V. fraco e a predominância da lei do mais forte.
d) V, V, V, F, V. b) O soberano é, para Rousseau, um representante
e) F, F, F, F, F. eleito pelo povo que expressa a vontade geral. A
democracia rousseauísta considera que é esse
77. (Pucpr 2010) Segundo Rousseau, em seu representante do povo que ratifica as leis, sendo a
hipotético “estado de natureza”, o homem é portador obediência às leis que caracteriza a liberdade.
de duas faculdades naturais: a primeira delas é a c) Para Rousseau, o contrato social, para ser legítimo,
liberdade e a segunda é a perfectibilidade, uma deve se originar do consentimento
faculdade que, “com o auxílio das circunstâncias, necessariamente unânime. Pelo pacto, o homem
desenvolve sucessivamente todas as outras e se abdica de sua liberdade, mas sendo ele próprio
encontra, entre nós, tanto na espécie quanto no parte integrante e ativa do todo social, ao obedecer
indivíduo” (Discurso sobre a origem e os fundamentos à lei obedece a si mesmo e, portanto, é livre.
da desigualdade entre os homens, Primeira parte). d) Para Rousseau, a soberania do povo, manifesta
pelo legislativo é inalienável, ou seja, não pode ser
Sobre essa segunda faculdade, leia as representada. A democracia rousseauísta
assertivas que seguem: considera que toda lei não ratificada pelo povo em
I. Trata-se da capacidade do homem se pessoa é nula.
aperfeiçoar física e espiritualmente. e) Rousseau preconiza a democracia direta e
II. No caso do aperfeiçoamento físico, o homem se participativa, mantida por meio de assembleias
aproximaria da realização de sua natureza; no caso frequentes de todos os cidadãos. O mesmo
do espiritual, ao contrário, ele se distanciaria cada homem enquanto faz a lei é um cidadão e,
vez mais do seu “estado natural”. enquanto a obedece e se submete, é um súdito.
III. Como desdobramento da perfectibilidade, o
homem acabaria por entrar num estado de 79. (Uel 2010) Nos Princípios Matemáticos de
infelicidade. Filosofia Natural, Newton afirmara que as leis do
IV. Ao mesmo tempo em que a perfectibilidade ajuda movimento, assim como a própria lei da gravitação
o homem a vencer os obstáculos da natureza, universal, tomadas por ele como proposições
empurra-o a uma situação de degradação. particulares, haviam sido “inferidas dos fenômenos, e
depois tornadas gerais pela indução”. Kant atribui a
Está(ão) correta(s): estas proposições particulares, enquanto juízos
a) Apenas as assertivas I e II. sintéticos, o caráter de leis a priori da natureza.
b) Apenas as assertivas I, II e III. Entretanto, ele recusa esta dedução exclusiva das leis
c) Apenas a assertiva III. da natureza e consequente generalização a partir dos
d) Apenas a assertiva IV. fenômenos. Destarte, para enfrentar o problema
e) Todas as assertivas. sobre a impossibilidade de derivar da experiência
juízos necessários e universais, um dos esforços
78. (Unicentro 2010) “[...] Todos correram ao mais significativos de Kant dirige-se ao
encontro de seus grilhões, crendo assegurar sua esclarecimento das condições de possibilidade dos
liberdade [...] Tal foi ou deveu ser a origem da juízos sintéticos a priori. Com base no enunciado e
sociedade e das leis, que deram novos entraves ao nos conhecimentos acerca da teoria do
fraco e novas forças ao rico, destruíram conhecimento de Kant, é correto afirmar:
irremediavelmente a vontade natural, fixaram para a) A validade objetiva dos juízos sintéticos a priori
sempre a lei da propriedade e da desigualdade, depende da estrutura universal e necessária da
fizeram de uma usurpação sagaz, um direito razão e não da variabilidade individual das
irrevogável e, para proveito de alguns ambiciosos, experiências.
sujeitaram doravante todo o gênero humano, à b) Os juízos sintéticos a priori enunciam as conexões
servidão e à miséria”. universais e necessárias entre causas e efeitos dos
fenômenos por meio de hábitos psíquicos
(ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre a origem da associativos.
desigualdade. In: WEFFORT, F. C. Os Clássicos da
Política. São Paulo: Editora Ática: 1989-pg. 195).

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c) O sujeito do conhecimento é capaz de enunciar 81. (Uel 2010) Leia o texto a seguir:
objetivamente a realidade em si das coisas por
meio dos juízos sintéticos a priori. Como determinamos as regras do que é certo
d) Nos juízos sintéticos a priori, de natureza empírica, ou errado? Immanuel Kant (1724-1804) responde a
o predicado nada mais é do que a explicitação do essa pergunta da seguinte forma: é moralmente
que já esteja pensado realmente no conceito do correta a ação que está de acordo com determinadas
sujeito. regras do que é certo, independente da felicidade
e) A possibilidade dos juízos sintéticos a priori nas resultante a um ou a todos. Kant não propõe uma lista
proposições empíricas fundamenta-se na de regras com conteúdo previamente determinado -
determinação da percepção imediata e espontânea como é o caso dos mandamentos religiosos, por
do objeto sobre a razão. exemplo -, mas formula uma regra para averiguar a
correção da máxima que orienta nossa ação. Essa
80. (Uenp 2010) “Ora, propondo-me publicar, regra de averiguação é chamada imperativo
um dia, uma Metafísica dos costumes, faço-a categórico [...]
preceder deste opúsculo que lhe serve de
fundamentação. Decerto não há, um rigor, outro (BORGES, M. de L.; DALL’AGNOL, D.; DUTRA, D.
fundamento em que da possa assentar, de não seja a V. O que você precisa saber sobre... Ética. Rio de
Crítica de uma razão pura prática, do mesmo modo Janeiro: DP&A, 2002, p.15.)
que, para fundamentar a Metafísica, se requer a
Crítica da razão pura especulativa por mim já Com base no texto e nos conhecimentos sobre
publicada. o Imperativo Categórico kantiano, é correto afirmar:
Mas, em parte, a primeira destas Críticas não é
de tão extrema necessidade como a segunda, porque I. Constitui um princípio formal dado pela razão que
em matéria moral a razão humana, mesmo entre o visa à discriminação das máximas de ação, com a
comum dos mortais, pode ser facilmente levada a alto pretensão de verificar quais podem, efetivamente,
grau de exatidão e de perfeição, ao passo que no seu enquadrar-se numa legislação universal.
uso teorético, mas puro, da é totalmente dialética; e, II. Representa a capacidade de a razão prática, do
em parte, no que concerne à Crítica de uma razão ponto de vista a priori, fornecer à vontade humana
pura prática, para que ela seja completa, reputo um dever incondicional com pretensão de
imprescindível que se mostre ao mesmo tempo a universalidade e de necessidade.
unidade da razão prática e da razão especulativa num III. Compreende um princípio teleológico construído a
princípio comum; pois que, em última instância, só partir da concepção valorativa do “bem viver” e
pode haver uma e a mesma razão, e só na aplicação que se impõe, como condição absoluta, na
desta há lugar para distinções. Ora, não me seria realização de ações e comportamentos das
possível aqui realizar um trabalho tão esmiuçado e pessoas em geral.
completo, sem introduzir considerações de ordem IV. Abrange a sabedoria prática, como condição inata
inteiramente diferente e sem lançar a confusão no de o ser humano deliberar e proceder, sempre de
ânimo do leitor. Por isso, em vez de dar a este livrinho forma semelhante em relação às demais pessoas,
o título de Crítica da razão pura prática, denominei-o no quesito das ações que envolvem virtude e
Fundamentação da Metafísica dos costumes.” prudência.

(Kant, Fundamentação da metafísica dos Assinale a alternativa correta.


costumes, 1785) a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
Sobre a filosofia moral de Kant, é correto afirmar que: c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
a) Kant pretende construir uma filosofia moral d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
particularista que parte da conduta e da ação e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
individual.
b) A proposta kantiana de ética passa pelo conceito 82. (Uenp 2009) “Eu, Galileu, filho do falecido
de imperativo categórico que pode ser reduzido na Vincenzo Galilei, florentino, de setenta anos de idade,
seguinte assertiva: age de tal forma, que a máxima intimado pessoalmente à presença deste tribunal e
de sua ação possa ser universal. ajoelhado diante de vós, Eminentíssimos e
c) Kant usava suas concepções éticas para justificar Reverendíssimos Senhores Cardeais Inquisidores-
as dominações políticas dos povos não europeus. Gerais contra a gravidade herética em toda a
d) A ética kantiana é relativista, como a dos sofistas comunidade cristã, tendo diante dos olhos e tocando
combatidos por Sócrates na antiguidade clássica. com as mãos os Santos Evangelhos, juro que sempre
e) O que constitui o bem de uma vontade boa e aquilo acreditei, que acredito, e, mercê de Deus, acreditarei
que ela efetivamente alcança. no futuro, em tudo quanto é defendido, pregado e
ensinado pela Santa Igreja Católica e Apostólica. Mas,

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considerando que [....] escrevi e imprimi um livro no apresenta-se como causa é regra na prática”. Em
qual discuto a nova doutrina (o heliocentrismo) já relação a esse aforismo III do Livro I do Novum
condenada e aduzo argumentos de grande força em Organum de Francis Bacon, considere a alternativa
seu favor, sem apresentar nenhuma solução para que apresenta a interpretação correta:
eles, fui, pelo Santo Oficio, acusado de a) O saber, para Bacon, é uma forma de alterarmos as
veementemente suspeito de heresia, isto é, de haver leis da natureza e, com isso, seus fenômenos
sustentado e acreditado que o Sol está no centro do podem ser controlados tendo em vista um
mundo e imóvel, e que a Terra não está no centro, benefício humano.
mas se move; desejando eliminar do espírito de b) O autor menciona que o conhecimento, o saber,
Vossas Eminências e de todos os cristãos fiéis essa está ligado ao poder, ou seja, mediante o
veemente suspeita concebida mui justamente contra conhecimento é possível, de maneira segura e
mim, com sinceridade e fé verdadeira, abjuro, rigorosa, conquistar o poder sobre a natureza.
amaldiçoo e detesto os citados erros e heresias, e em c) Para Bacon, é inerente ao saber uma forma de
geral qualquer outro erro, heresia e seita contrários à controle sobre a natureza, mas principalmente
Santa Igreja, e juro que no futuro nunca mais direi sobre as pessoas, possibilitando um poder
nem afirmarei, verbalmente nem por escrito, nada que incondicional ao detentor do saber.
proporcione motivo para tal suspeita a meu respeito.” d) O saber já possui um valor em si mesmo, o que
conduz, consequentemente, de acordo com Bacon,
Analisando o texto, o momento e as a um poder.
circunstâncias em que foi escrito, julgue as e) O que Bacon pretende dizer é que o saber nem
proposições: sempre tem uma relação com a prática e que é a
conveniência individual desse saber que determina
I. As ideias racionalistas, que decorrem da teologia seu valor.
racional do final da Idade Média, tiveram amplo
apoio da aristocracia rural, que as usou como 84. (Uel 2009) [...] chamamos esses lugares de
argumentação para combater o poder do clero. regiões superiores. [...] Tais torres, conforme sua altura
II. As ideias de Galileu, segundo o ofício, foram e posição, servem para experimentos de isolamento,
aceitas pela Igreja, mas condenadas pelo Tribunal refrigeração e conservação, e para as observações
do Santo Ofício; Galileu, por essa razão, teve de atmosféricas, como o estudo dos ventos, da chuva, da
retratar-se.
neve, granizo e de alguns meteoros ígneos.
III. Bacon, Spinoza, Newton, assim como Galileu, entre
outros, enfrentaram as ideias tradicionais então
vigentes, criando as bases do racionalismo e do (BACON, F. Nova Atlântida. São Paulo: Nova
pensamento científico, que deram a tônica do Cultural. 1997. P; 246.)
pensamento moderno.
IV. Trata-se da retratação de Galileu Galilei, que em De acordo com o texto e os conhecimentos
seus estudos de astronomia negou a concepção sobre os subtemas, pode-se afirmar que o
geocentrista aceita, até então, por grande parte
pensamento de Francis Bacon:
dos astrônomos e defendeu que o Sol, e não a
Terra, seria o centro do Universo. O geocentrismo a) Reconhece e valoriza o distanciamento da
era fundamentado basicamente em passagens realidade preconizado pelos autores da
bíblicas e na cosmologia aristotélica. escolástica.
V. Galileu é um dos vultos do Renascimento. O b) Rejeita a máxima “saber é poder” e compreende a
Renascimento vai marcar uma mudança de ciência como meio de controle sobre os seres
mentalidade e a afirmação de novos valores, entre humanos.
outros, o individualismo, o humanismo e o c) Está voltado para o problema do método e para a
antropocentrismo. defesa da experimentação.
d) Considera o acesso à verdade como um processo
Assinale a alternativa correta: que resulta do método dialético e que parte dos
a) são falsas apenas I e II. dados gerais para chegar ao particular.
b) são verdadeiras apenas I, II e III. e) Estrutura, assim como de Platão, sua “utopia
c) todas são falsas. política”, tendo como base a sociedade organizada
d) todas são verdadeiras. em trabalhadores, soldados e governantes.
e) são verdadeiras apenas III e V.
85. (Ufla 2009) “A razão é uma estrutura vazia,
83. (Pucpr 2009) “Ciência e poder do homem uma forma pura sem conteúdos. Essa estrutura é que
coincidem, uma vez que, sendo a causa ignorada, é universal, a mesma para todos os seres humanos,
frustra-se o efeito. Pois a natureza não se vence, se em todos os tempos e lugares. Essa estrutura é inata,
não quando se lhe obedece. E o que à contemplação isto é, não é adquirida pela experiência. Por ser inata e

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não depender da experiência para existir, a razão é, do metódica, não se consegue fundamentar a
ponto de vista do conhecimento, anterior à objetividade da certeza científica.
experiência e independente da experiência. c) Somente com o cogito, a concepção cartesiana das
Os conteúdos que a razão conhece e nos quais ideias claras e distintas, inatas ao espírito humano,
ela pensa, dependem da experiência. Sem ela (a garante definitivamente que o objeto pensado pelo
experiência) a razão seria sempre vazia, inoperante, sujeito é determinado pela realidade fora do
nada conheceria. A experiência fornece a matéria (os pensamento.
conteúdos) do conhecimento para a razão e essa d) Do exercício da dúvida metódica, no itinerário
fornece a forma do conhecimento”. cartesiano, a certeza subjetiva do cogito constitui a
primeira verdade inabalável e, portanto, modelo das
De acordo com o texto, assinale a alternativa ideias claras e distintas.
CORRETA. e) A dúvida cartesiana, convertida em método, rende-
a) O conteúdo, a matéria do conhecimento, é inato. se ao ceticismo e demonstra a impossibilidade de
b) A estrutura da razão é inata. qualquer certeza consistente e definitiva quanto à
c) A estrutura da razão é adquirida por experiência. capacidade do intelecto de atingir a verdade.
d) A experiência fornece a forma do conhecimento
para a razão. 87. (Ufla 2009) “Conhecimento racional é a
síntese que a razão realiza entre uma forma universal
86. (Uel 2009) De há muito observara que, inata e um conteúdo particular oferecido pela
experiência. O que existe como estrutura da razão é
quanto aos costumes, é necessário às vezes seguir
anterior à experiência. Assim, forma é aquilo sem o
opiniões, que sabemos serem muito incertas, tal que não haveria percepção ou captação da
experiência. A razão tem a percepção de todas as
como se fossem indubitáveis [...]; mas, por desejar
coisas como realidades espaciais e temporais. Assim,
então ocupar-me somente com a pesquisa da o espaço e o tempo existem em nossa razão antes e
sem a experiência. O conhecimento da realidade
verdade, pensei que era necessário agir exatamente
como ela é em si, não é possível, mas pode ser
ao contrário, e rejeitar como absolutamente falso conhecida a forma como ela (a realidade) se
apresenta (fenômeno)”.
tudo aquilo em que pudesse imaginar a menor dúvida,
a fim de ver se, após isso, não restaria algo em meu De acordo com o texto, assinale a alternativa
CORRETA.
crédito, que fosse inteiramente indubitável [...] E,
a) Espaço e tempo são formas inatas existentes na
tendo notado que nada há no eu penso, logo existo, razão.
b) A forma universal inata é percebida na experiência.
que me assegure de que digo a verdade, exceto que
c) A razão pode conhecer a realidade em si.
vejo muito claramente que, para pensar, é preciso d) A realidade em si é a forma como ela se apresenta.
existir, julguei poder tomar como regra geral que as
88. (Uel 2009) Fui nutrido nas letras desde a
coisas que concebemos mui clara e mui
infância, e por me haver persuadido de que, por meio
distintamente são todas verdadeiras [...].
delas, se podia adquirir um conhecimento claro e
seguro de tudo o que é útil à vida, sentia
(DESCARTES, R. Discurso do Método. Quinta Parte.
extraordinário desejo de aprendê-las. Mas, logo que
Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p. 46-
terminei todo esse curso de estudos, ao cabo do qual
47.)
se costuma ser recebido na classe dos doutos, mudei
inteiramente de opinião. Pois me achava enleado em
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
tantas dúvidas e erros, que me parecia não haver
pensamento de Descartes, é correto afirmar.
obtido outro proveito, procurando instruir-me, senão o
a) A dúvida metódica permitiu a Descartes
compreender que todas as ideias verdadeiras de ter descoberto cada vez mais a minha ignorância.
procedem, mediata ou imediatamente, das E, no entanto, estivera numa das mais célebres
impressões de nossos sentidos e pela experiência.
b) A clareza e a distinção das ideias verdadeiras escolas da Europa, onde pensava que deviam existir
representam apenas uma certeza subjetiva, além
da qual, apesar da radicalização da dúvida

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homens sapientes, se é que existiam em algum lugar humana e social está a problemática do modelo de
beleza. Qual a visão do autor sobre esse tema?
da Terra.
a) Afirma a existência de um padrão universal de
beleza.
b) Aponta um ideal de beleza universal, fundado na
(DESCARTES, R. Discurso do Método. 3ª ed. Rio de
estética mercantilista.
Janeiro: Bertrand Brasil, I994. p. 43.) c) Defende a beleza para fins utilitários, visando,
essencialmente, ao prazer corpóreo.
d) Elogia o culto a beleza como desnecessária para a
O texto aponta a insatisfação que assola felicidade.
e) Denuncia a estética consumista e utilitarista do
Descartes ao término dos seus estudos.
mercantilismo.
Dentre os motivos que conduziram Descartes a essa
avaliação, pode-se citar: 90. (Uel 2009) O princípio de toda ação está na
vontade de um ser livre, não poderíamos remontar

I. A situação da filosofia, envolta em multas dúvidas. além disso. [...] não há verdadeira vontade sem

II. A ausência de um método adequado, inspirado na liberdade. O homem, portanto, é livre em suas ações

matemática, capaz de conduzir com segurança ao [..]. Se o homem é ativo e livre, ele age por si mesmo.

conhecimento do verdadeiro. Tudo o que faz livremente não entra no sistema

III. A crítica à educação, cuja base epistemológica se ordenado da Providência e não lhe pode ser

mantém construída sobre pressupostos empíricos. imputado.

IV. A separação, existente desde o século XV, entre [...]

ciências do espírito e ciências da natureza. A consciência é a voz da alma, as paixões são


a voz do corpo. [...] [A consciência] é o verdadeiro guia
do homem; ela está para a alma assim como o
Assinale a alternativa correta.
instinto está para o corpo: quem a segue obedece à
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas II e IV são corretas. natureza e não tem medo de se perder [...] Existe,
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. pois, no fundo das almas um princípio inato de justiça
d) Somente as afirmativas I, lI e III são corretas.
e) Somente as afirmativas I, lII e IV são corretas. e de virtude a partir do qual, apesar de nossas
próprias máximas, julgamos nossas ações e as de
89. (Ufma 2009) “Os utopianos admiram-se de
que seres razoáveis possam se deleitar com a luz outrem como boas ou más, e é a esse princípio que
incerta e duvidosa de uma pedra ou de uma pérola, dou o nome de consciência.
quando tem os astros e o sol com que encher os
olhos. Encaram como louco aquele que se acredita
mais nobre e mais estimável só porque está coberto (ROUSSEAU, J. J. Emilio ou da Educação. São Paulo.
com uma lã mais fina, lã tirada das costas de
carneiro, e que foi usada primeiro por esse animal. Martins Fontes, 2004. p. 396; 405; 409V)
Admiram-se que o ouro, inútil por sua própria
natureza, tenha adquirido um valor fictício tão
considerável que seja mais estimado do que o Com base no texto e nos conhecimentos sobre
homem; ainda que somente o homem lhe tenha dado o pensamento moral de Jean-Jacques Rousseau, é
esse valor e dele se utilize, conforme seus caprichos.”
correto afirmar.
(MORE, Thomas. A utopia. Trad. Luis de a) Rousseau reafirma que o fundamento objetivo dos
Andrade, São Paulo: Nova Cultural, 1988. Col. Os juízos morais está em Deus, que ilumina a
Pensadores) consciência humana e nela inspira o “princípio
inato de justiça e de virtude”.
A Utopia, de Thomas More, procura pensar b) Herdeiro do pensamento de Platão, Rousseau
sobre a condição humana e social da Europa defende que a prática do bem coincide com a
renascentista do sec. XVI. Dentro dessa condição

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busca interminável do conhecimento da verdade e


da justiça. Assinale a alternativa verdadeira:
c) Rousseau reafirma que, por meio da consciência, o a) As três afirmações estão incorretas.
ser humano é movido pela busca da felicidade, b) As afirmações I e III estão corretas.
alcançada pela reflexão e pelo desprezo dos c) Apenas a afirmação I está correta.
desejos e das paixões. d) Apenas a afirmação III está correta.
d) Rousseau rejeita que o fundamento da moral seja a e) As afirmações I e II estão corretas.
conformidade com a lei divina, afirmando a crença
na objetividade de uma lei natural, anterior a 93. (Ufu 2009) No texto que se segue, Marilena
qualquer lei positiva. Chauí comenta a estrutura da sensibilidade em Kant.
e) Rousseau recusa aceitar a existência de noções
morais anteriores à experiência humana e defende “A forma da sensibilidade é o que nos permite
que o ser humano é naturalmente movido pela ter percepções, isto é, a forma é aquilo sem o que não
busca do prazer. pode haver percepção, sem o que a percepção seria
impossível.”
91. (Uel 2009) Oswald de Andrade, no
Manifesto Antropofágico, procurou transformar o CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo:
“bom selvagem” de Rousseau num aguerrido Ática, 1995. p. 78.
selvagem devorador, que digere e transforma a
cultura europeia do colonizador, tornando-a parte de Marque a alternativa que explicita corretamente
sua própria cultura. Considerando a questão do “bom a forma da sensibilidade para Kant.
selvagem” no pensamento de Rousseau, é correto a) A forma da sensibilidade é constituída por
afirmar. impressões e sensações, a partir das quais
captamos todos os conteúdos da experiência
a) A idealização do bom selvagem, no estado de
possível.
natureza, representa a exaltação da animalidade do
b) A forma da sensibilidade é retirada da experiência,
homem primitivo que, no estado civil, adquire
com a qual aprendemos as noções fundamentais
forma agressiva.
de número e extensão.
b) A felicidade original do bom selvagem se realiza no
c) A forma da sensibilidade é constituída pelos cinco
suor de seu trabalho em sua propriedade, de onde
sentidos, que produzem todas as imagens
retira o necessário para a sua sobrevivência.
possíveis da experiência.
c) O homem, degenerado pela civilização, só poderá
d) A forma da sensibilidade não é dada pela
recuperar a felicidade no estado de natureza com o
experiência, mas possibilita a experiência, sendo
retorno à vida isolada no meio das florestas.
constituída pelo espaço e pelo tempo.
d) No estado de natureza, o bom selvagem busca
satisfazer sua necessidade inata de
reconhecimento de si e de admiração pelo outro. 94. (Ueg 2009) Leia a citação abaixo:
e) No estado de natureza, o bom selvagem é
autossuficiente e vive isolado, sobrevivendo com o “(...) Pois segundo essa lei, não poderia haver
que a natureza lhe provê e de acordo com suas propriamente promessa alguma, já que seria inútil
necessidades inatas. afirmar a minha vontade quanto às minhas futuras
ações, pois as pessoas não acreditariam em meu
fingimento, ou, se precipitadamente o fizessem,
92. (Pucpr 2009) De acordo com as intenções
pagar-me-iam na mesma moeda. Portanto, a minha
de Rousseau em Discurso sobre a Origem e os
máxima, uma vez arvorada em lei universal, destruir-
Fundamentos da Desigualdade entre os Homens,
se-ia a si mesma necessariamente”.
considere as seguintes afirmações:
KANT, Immanuel. Fundamentos da metafísica
I. Nessa obra, Rousseau analisa a degeneração da
dos costumes e outros escritos. São Paulo: Martin
moralidade da natureza humana e atribui
Claret, 2004. p. 13.
responsabilidade à própria civilização pela queda
moral do homem.
No texto citado acima o autor se refere
II. A sociedade, ao ver de Rousseau, impôs aos seus
a) à crítica da razão pura.
indivíduos uma uniformidade artificial de
b) ao conhecimento a posteriori.
comportamento, levando-os a ignorar os deveres e
c) ao conhecimento a priori.
as necessidades fundamentais da natureza
d) ao imperativo categórico.
humana.
III. O desenvolvimento da sociedade, para Rousseau,
trouxe a possibilidade de o homem fazer uso de
seu livre-arbítrio, tornando-se autossuficiente.

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Lista de Exercícios : Filosofia | Filosofia Moderna

Gabarito: suposta legitimidade de um texto simplesmente


por ter sido escrito em latim. Além disso, instaurou
Resposta da questão 1: [E] um gesto crítico com relação à autoridade das
explicações da natureza e do humano, vinculadas
A produção científica de Galileu Galilei se à supremacia explicativa dos autores antigos,
caracterizou pela adoção do método científico – que principalmente de Aristóteles e dos aristotélicos
se baseia na experimentação prática sistematizada – medievais. Além disso, o gesto cartesiano, na
para fundamentar formulações teóricas. Assim, a medida em que apela para uma “razão natural
importância de Galilei para a ciência moderna está no inteiramente pura”, possui um espírito
fato de que sua prática científica consistia na completamente distinto do gesto de Lutero, pois,
descrição dos fenômenos aliada à observações diferentemente deste, não há a sacralidade do
experimental, para chegar à leis gerais expressas texto. Existe, sim, a apresentação do método por
matematicamente. Para ele, “A filosofia encontra-se meio do qual é possível chegar à verdade, baseado
escrita neste grande livro que continuamente se abre não na fé, mas na razão.
perante nossos olhos (isto é, o universo), que não se [C] Incorreta. Descartes, além de não abandonar a
pode compreender antes de entender a língua e ideia de Deus, apreende-a como uma ideia perfeita
conhecer os caracteres com os quais está escrito. Ele que surge ao pensamento, por meio da qual
está escrito em língua matemática, os caracteres são garante a objetividade do mundo exterior ao
triângulos, circunferências e outras figuras pensamento.
geométricas, sem cujos meios é impossível entender [D] Incorreta. Embora haja uma crítica à tradição, ou
humanamente as palavras; sem eles, vagamos mais precisamente, às práticas históricas que
perdidos dentro de um obscuro labirinto”. Nesse sustentam determinados pressupostos, muito
sentido, Galilei se contrapõe à tradição aristotélica, mais por hábito e crença do que por razões
lançando as bases da ciência moderna. sustentadas em argumentos, no Discurso do
Método, Descartes apresenta uma “moral
provisória”, que valeria enquanto não se chegasse
Resposta da questão 2: [C] a estabelecer novos fundamentos para o
conhecimento. A primeira máxima dessa moral
De acordo com uma visão cartesiana, a consistia em “obedecer às leis e aos costumes do
natureza deve ser compreendida pela razão, podendo meu país”.
servir às necessidades humanas. Essa concepção é, [E] Correta. A novidade do pensamento de
em certo sentido, próxima àquela descrita no texto da Descartes, que faz com que ele seja definido na
questão. posteridade como o filósofo que inaugurou a
modernidade filosófica, consiste em submeter a
Resposta da questão 3: [A] validação e legitimação de qualquer teoria, não mais à
fé ou à crença religiosa, e sim, aos poderes da “razão
A partir da leitura do texto e, principalmente, do natural inteiramente pura”. O famoso “Eu, eu penso,
trecho “[É] uma coisa bem notável que não haja eu, eu existo”, ou “penso, logo existo”, é a primeira
homens [...] que não sejam capazes de arranjar em verdade que inaugura a série de verdades posteriores,
conjunto diversas palavras e de compô-las num sendo algo a que se chega pelo pensamento, não
discurso pelo qual façam entender seus mais por meio da revelação.
pensamentos”, infere-se que, para Descartes, a
linguagem constitui um instrumento para a expressão Resposta da questão 5: [B]
e comunicação dos pensamentos humanos. Assim, o
pensamento precede a linguagem, sendo esta última [A] Incorreta. A propriedade não resulta de um ato
o elemento que permite ao primeiro ser entendido. tardio da sociedade civil, sendo antes o ato de
Assim, a alternativa [A] é a única que deve ser inauguração da própria sociedade civil. Além
identificada como correta. disso, a instauração da propriedade não busca
satisfazer necessidades naturais, e sim busca
Resposta da questão 4: [E] satisfazer o excesso, tudo aquilo que no humano
excede o natural. Além disso, estado de natureza e
[A] Incorreta. Não é a língua por si só que abriga o sociedade civil são conceitos antagônicos.
preconceito, mas sim a adesão irrefletida à [B] Correta. Para Rousseau, a condição biológica e
autoridade motivada pela fé cega. Por essa razão, espiritual natural, na qual o homem existiria antes
a criticidade não é garantida pelo mero abandono do surgimento da sociedade civil, caracteriza o seu
do latim em favor do francês. estado de natureza, no qual as ações humanas
[B] Incorreta. Redigir o Discurso do Método em estariam baseadas nos seus instintos de
francês não teve por objetivo dar acesso à sobrevivência, de modo que elas não seriam nem
sacralidade de um texto. Ao contrário, deslocou a boas nem más, ou seja, não seriam guiadas a

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Lista de Exercícios : Filosofia | Filosofia Moderna

partir de uma moral. A passagem da condição


natural para a condição social, segundo Rousseau, Para Kant, pensador iluminista, a filosofia moral
teria ocasionado a corrupção da pureza humana estaria fundamentada em princípios racionais, sendo
característica da primeira condição, levando ao a razão o único fundamento que daria validade à
surgimento de novas necessidades para a moral humana. Com efeito, a ação moral estaria
manutenção da vida coletiva, como a adequação condicionada ao sujeito epistemológico, ou seja, à
das ações humanas a um padrão de estrutura cognitiva que é universal e necessária, e não
comportamento social, vinculado à uma moral, ao sujeito subjetivo, individual. Por ser racional,
criando uma ruptura radical do indivíduo com o portanto, o indivíduo deveria agir segundo uma razão
seu estado natural, afastando-o do mesmo. pura prática de validade universal, ideia expressa na
[C] Incorreta. Se para Rousseau a sociedade civil foi conhecida frase de Kant: “age só segundo máxima tal
primitivamente fundada na propriedade e se a que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne
fundação da propriedade é ilegítima, resultando de lei universal”. A partir do exemplo da mentira, Kant
astúcia, coerção ou força, o ato de instauração da aponta que a mesma não poderia ser usada sem cair
propriedade privada não é legitimado em uma autocontradição moral, pois o indivíduo
racionalmente. Não há legitimação racional particular representaria uma moral geral, de toda a
possível de algo fundado em arbítrio privado, razão humanidade, como aponta a alternativa [B].
pela qual também não é possível sustentar sua
suposta universalidade, tendo em vista que as Resposta da questão 8: [E]
motivações são particulares.
[D] Incorreta. Para Rousseau, “O primeiro sentimento Essa famosa formulação de Kant diz respeito
do homem foi o de sua existência, sua primeira tanto ao imperativo categórico (lei moral em mim) e
preocupação a de sua conservação” (ROUSSEAU, ao seu conceito de fenômeno (o céu estralado sobre
Discurso sobre a origem e os fundamentos... p. mim).
260). Assim, a defesa incondicional e irrestrita da
propriedade como um fato inerente à própria Resposta da questão 9: [D]
natureza humana já expressa uma perversão da
própria compreensão da natureza humana. Antes A partir do conhecimento acerca da filosofia
de pensar: “isso é meu”, o homem sente: “eu kantiana e do texto, que indica o aspecto da
existo”. Além disso, uma parte significativa disso constituição cidadã que destaca a dignidade e os
que chamamos “necessidades” resulta, não de direitos como elementos da condição de pessoa
uma disposição natural, e sim do arbítrio, do humana, o aluno deve identificar que o texto
supérfluo, instaurado justamente pelo excesso constitucional apresenta o indivíduo como um fim em
produzido pela propriedade privada. si mesmo. Ou seja, o reconhecimento da dignidade e
[E] Incorreta. A perfectibilidade, a “faculdade dos direitos que devem ser respeitados e garantidos
humana de aperfeiçoar-se” (ROUSSEAU, Discurso pressupõe o caráter não-pragmático, pois não se
sobre a origem e os fundamentos..., p. 243), restringe- fundamenta em um valor ou preço, da condição de
se a operações muito elementares, tais como “[...] pessoa, de modo que a autonomia enquanto ser
querer e não querer, desejar e temer” (ROUSSEAU, racional constitui, ela mesma, a fundamentação para
Discurso sobre a origem e os fundamentos..., p. 244), esse reconhecimento. Para Kant, a dignidade não é
as quais “serão as primeiras e quase que as únicas concebida enquanto preço, mas como uma qualidade
operações de sua alma” (ROUSSEAU, Discurso sobre a própria de indivíduos racionais que, no uso da sua
origem e os fundamentos..., p. 244) em estado de autonomia, exercem a sua razão prática.
natureza, e é precisamente isso que a instauração da
propriedade e da sociedade civil subverterão,
irremediavelmente. Portanto, a instauração da Resposta da questão 10: [E]
sociedade civil e da propriedade civil não expressa a
perfectibilidade humana, mas um modo avançado de O contexto apontado pela questão se
decadência. caracteriza pela ruptura com o paradigma que
fundamentava o processo para a obtenção do
conhecimento dito científico dominante até então. A
Resposta da questão 6: [E] mudança cultural que se processa lança novas bases
para a atividade intelectual, valorizando o
A forma de vida defendida tanto por Rousseau pensamento crítico e racional, o que implica o livre
quanto por Tolstói está vinculada a uma experiência pensar, em contraposição à aceitação dos dogmas
estético-romântica, na medida em que valoriza religiosos e da autoridade clerical como “verdades
atributos como a sinceridade, a impulsividade e a reveladas”.
coragem.
Resposta da questão 11: [E]
Resposta da questão 7: [B]

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De acordo com o pensamento de Francis cognitiva humana a priori, independentemente da


Bacon, filósofo empirista, o método de interpretação experiência empírica.
da natureza mais adequado é o método científico
indutivo, baseado na observação metódica dos Resposta da questão 16:
fenômenos da natureza. Assim, a proposta desse ANULADA
filósofo rompe com o pensamento predominante da
época, ao apontar a necessidade de uma nova atitude Questăo anulada no gabarito oficial.
intelectual para se chegar à verdade.
O enunciado da questăo afirma que “os juízos a
Resposta da questão 12: [A] posteriori săo todos sintéticos”, no entanto, Kant
classifica esses juízos em juízos sintéticos a priori e
Ao lançar as bases para as ciências modernas, juízos sintéticos a posteriori, de modo que também os
Descartes cria um método científico baseado na juízos sintéticos podem ser a priori. Ademais, a
razão para a obtenção do conhecimento. Para chegar questăo apresenta duas alternativas corretas, no
a verdades ordenadas racionalmente, o método caso, as alternativas [C] e [D].
científico estabelece regras de investigação dedutiva.
A regra apresentada pelo texto abordado envolve o Justificativa:
processo de dividir os problemas no maior número de [C]
partes possível, a fim de melhor resolvê-los, regra que De acordo com a proposta epistemológica
ficou conhecida como regra da análise, apresentada kantiana e com a alternativa [C], o juízo analítico, por
na alternativa [A]. ser a priori, é universal e necessário. Esse tipo de
juízo se caracteriza, ainda, pela relaçăo direta que o
Resposta da questão 13: [D] predicado possui com o sujeito, de modo que o
predicado está contido no sujeito, enquanto nos
O pensamento cartesiano, que introduz as juízos sintéticos o predicado está fora do sujeito, ou
bases para as ciências modernas, apresenta como seja, o predicado năo está contido no sujeito, estando
fundamentação do conhecimento a dúvida metódica, “fora” dele, sendo a relaçăo entre eles uma relaçăo de
a partir da qual todo conhecimento seria posto em ampliaçăo.
dúvida, eliminando, dessa forma, as falsas
percepções tomadas erradamente como certezas, [D]
condição a partir da qual seria possível chegar a um A alternativa [D], por sua vez, também está
conhecimento indubitável. A partir disso, Descartes correta pois, segundo Kant, săo universais e
cria um método científico baseado na razão para a necessários tanto os juízos analíticos quanto os
obtenção do conhecimento, o que influenciou o juízos sintéticos a priori, sendo que nos do segundo
pensamento cultural francês, como corretamente tipo o predicado năo está contido no sujeito, ou seja,
indicado pela alternativa [D]. o predicado năo está diretamente relacionado com o
sujeito, estando além do sujeito, como indicado pela
Resposta da questão 14: [C] alternativa. Tendo em vista estas consideraçőes, a
anulaçăo da questăo é justificada.
A filosofia de Espinosa envolve propõe o
entendimento dos afetos para que se possa utilizar-se Resposta da questão 17: [D]
deles para atingir uma maior perfeição. Para ele, um
afeto de alegria eleva a alma para uma potência Para Kant, a sublimidade das coisas da
maior de pensar e existir, aproximando o indivíduo da natureza não está contida na própria natureza, mas
realidade do mundo e de si mesmo, o que leva a uma sim no indivíduo, uma vez que ele possui consciência
maior perfeição. Por sua vez, um afeto de tristeza é da sua superioridade em relação à natureza. Para ele,
uma afecção leva a alma à uma condição menor de não existe faculdade que provoca a sublimidade,
potência, diminuindo a capacidade de existir e agir, sendo esse sentimento provocado quando a
passando a uma perfeição menor. faculdade responsável pela imaginação, diante da
contemplação de eventos naturais de grande
Resposta da questão 15: [E] magnitude, reconhece o domínio próprio da natureza
humana, a partir do reconhecimento que eventos
Para Kant, os juízos são estruturas que naturais provocam. Não seria, assim, o
formulam o processo do conhecimento, sendo alguns reconhecimento do medo, uma vez que não se estaria
juízos necessários e universais e, portanto, puros e a em uma situação de real ameaça, mas o
priori. Esses juízos, para ele, possibilitam o reconhecimento da força humana enquanto seres
conhecimento denominado puro, ou seja, o racionais.
conhecimento que está relacionado à estrutura
Resposta da questão 18: [D]

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As reflexões metafísicas que marcam o período Resposta da questão 23: [C]


renascentista são caracterizadas pela mudança em
relação ao modo como se percebiam essas questões David Hume tem como uma das questões
até então, uma vez que houve uma valorização do centrais em sua teoria filosófica a relação entre causa
pensamento racionalista em detrimento da e efeito. Para ele, essa relação fornece a base para
perspectiva dogmática defendida, sobretudo, pelos todos os raciocínios, e consiste na inferência de que
representantes eclesiásticos da Igreja, caracterizando um objeto existe pela existência de um outro
a adoção de uma postura crítica frente ás ideias antecedente, ou seja, afirma-se o efeito pela causa.
apresentadas como verdades absolutas. Para Hume, essa relação causal entre objetos é
baseada na experiência, sendo, portanto, a posteriori,
Resposta da questão 19: [C] pois inferir o efeito pela causa só é possível porque
existe uma ligação entre os objetos que é percebida
Para Descartes, o conhecimento filosófico não empiricamente.
se limita à abstração teórica, mas se aplica ao
conhecimento prático científico, fundamentando o Resposta da questão 24: [A]
uso correto da razão humana de forma a possibilitar a
obtenção do conhecimento. No pensamento de Rousseau, em seu estado
natural, os homens existiam em condições de
Resposta da questão 20: [E] igualdade em relação uns aos outros, sendo livres. O
surgimento da propriedade privada, no entanto, teria
Descartes, ao defender a dúvida metódica instituído um estado de desigualdade entre os
como base do pensamento filosófico, inaugura um homens, uma vez que aqueles que não a detém
novo princípio para fundamentar as ciências. Assim, o estariam subordinados aos que a possuem. Partindo-
racionalismo cartesiano, baseado na dúvida se dessa consideração, a única alternativa que
sistemática e na certeza da existência de um sujeito apresenta uma proposição convergente com as ideias
pensante, rompe com o pensamento científico de Rousseau é a alternativa [A].
clássico e fornece as bases das ciências modernas.
Resposta da questão 25: [E]
Resposta da questão 21: [B]
Para Kant, o esclarecimento pressupõe a
Espinosa, no texto, critica a tradição filosófica capacidade do indivíduo de fazer uso da sua própria
que trata a natureza dos modos de agir humanos a razão de forma autônoma, ou seja, a partir do uso de
partir de uma concepção idealizada, afastando-se, seu próprio entendimento de maneira independente
dessa forma, da realidade que condiciona o do entendimento alheio. A autonomia de pensamento
comportamento dos indivíduos, ideia presente na característica do esclarecimento implica, por sua vez,
alternativa [B]. a liberdade, o que inclui a possibilidade do indivíduo
de se expressar livremente, realizando o uso público
Resposta da questão 22: [B] da sua razão, como constatado na alternativa [E].

Para Hume, a noção de causalidade se forma a Resposta da questão 26: [C]


partir da imaginação humana que cria a relação de
necessidade a partir da identificação reiterada das A filosofia moral formulada por Kant se
mesmas “cenas da natureza”. Ou seja, relaciona-se fundamenta na razão humana e no imperativo
causa e efeito através da inferência de que um objeto categórico, segundo o qual a ação moral tem fim e
existe pela existência de um outro antecedente, valor em si mesma e é uma norma universal. A partir
afirmando-se o efeito pela causa. No entanto, esse dessas considerações e do trecho “Age apenas
raciocínio conduziria ao erro, pois não haveria segundo uma máxima tal que possas ao mesmo
fundamento lógico que garantisse o mesmo efeito, tempo querer que ela se torne lei universal”, o aluno
ainda que a causa se repetisse. Por exemplo: não há deve identificar a alternativa [C] como correta.
relação necessária entre fumaça e fogo, mas, devido
a percepção, em vários momentos, da existência de Resposta da questão 27: [B]
fogo quando se tem fumaça nos céus, passou-se a
relacionar, quase que imediatamente, a existência de A concepção de menoridade kantiana, como
fogo quando se tem fumaça nos céus. Essa ideia não indicado pelo texto, se caracteriza pelo não uso da
teria lugar diante da inconstância da natureza pois a razão de forma autônoma pelo indivíduo, de modo
repetição é fundamental na criação de relações entre que ele adota a razão de outrem, estando, portanto,
os elementos que compõem as cenas naturais, os em um estado de menoridade.
fenômenos.

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método da dúvida metódica, que implicaria um


Resposta da questão 28: [A] questionamento radical de toda ideia anteriormente
existente. Descartes estabelece, no entanto, o
Para Kant, os indivíduos possuem estruturas ou princípio “eu sou, eu existo” como indubitavelmente
faculdades cognitivas que possibilitam a experiência necessário para o conhecimento.
e o entendimento, sendo essas estruturas existentes
a priori, ou seja, estariam presentes nos indivíduos Resposta da questão 33: [C]
desde o nascimento, não dependendo de nenhuma
condição empírica de aquisição. Entre essas Para Kant, o modo como a razão humana opera
estruturas, estaria a noção de tempo, de modo que o caracteriza o ser racional como ser de condição
tempo seria uma forma a priori da sensibilidade, moral, ou seja, a moral kantiana se fundamenta no
condicionante da apreensão dos fenômenos exercício da razão. Ademais, para o filósofo, na mente
empíricos, como apontado pela alternativa [A]. humana existem estruturas a priori que determinam a
forma como a razão apreende os objetos de
Resposta da questão 29: [A] conhecimento, independentemente de qualquer
experiência empírica. Dessa forma, como a razão se
Para Rousseau, pensador representante do articula à moral, a mesma não se fundamenta pela
movimento filosófico iluminista, o poder do Estado experiência.
deveria existir enquanto representante dos interesses
dos cidadãos, tendo sua autoridade legitimada pela Resposta da questão 34: [B]
escolha popular e pelo atendimento das demandas
coletivas da sociedade civil, ideia que está presente No livro “O que é Ilustração”, Kant estabelece
na alternativa [A]. que este conceito refere-se à saída da menoridade,
em outras palavras, fazer com que o homem não
Resposta da questão 30: [A] delegue sua capacidade de entendimento (razão) a
outro. Segundo Kant, os motivos que levam o homem
Para Bacon, filósofo representante do método a não querer sair da menoridade são a covardia e o
de investigação científico empirista, os ídolos levam medo. Os motivos que conduzem o ser humano a
os homens a adotar falsas noções que dificultam o sentir medo e covardia podem ser expressos pelo
acesso da mente humana à verdade, dificultando, receio de utilizar o próprio entendimento. Uma vez
assim, o avanço científico. Nessa perspectiva, esse que o ser humano faz uso do entendimento, ele se
pensador defende um pensamento científico baseado torna responsável por si, por seu próprio
no afastamento do homem das paixões e dos autodesenvolvimento, sem que exista a necessidade
preconceitos. de recorrer a outros como forma de validar suas
próprias convicções. A liberdade é o pressuposto que
Resposta da questão 31: [C] faz com que seja possível o homem libertar-se da
menoridade (ilustração) e caminhar por si, pensar por
A filosofia empirista de David Hume estabelece si e guiar suas ações pelo uso da razão. O juízo
uma crítica ao raciocínio indutivo que pode ser representa neste sentido a faculdade da razão em
observada no texto, no qual Hume argumenta que o atribuir significado. A cultura e o costume são
pensamento indutivo não possui fundamentação elementos que fazem parte da existência, sendo
lógica, uma vez que partiria de uma crença de que percebidos pela experiência pessoal. Estes não agem
percepções repetidas irão sempre se repetir, quando por si, são reflexos do estar no mundo, somente a
nada poderia garantir essa certeza. Para Hume, razão possibilita o entendimento da realidade que
apenas o raciocínio dedutivo fundamentado na envolve o ser humano.
matemática faz uso da lógica, o que justifica a
alternativa [C]. A classificação de Hume como filósofo Resposta da questão 35: [C]
empirista pode gerar dúvida em relação à alternativa
[B], no entanto, apesar da teoria do conhecimento A Revolução Científica do século XVII é
desse filósofo se basear na rejeição da existência de caracterizada por questionar certos pressupostos da
ideias inatas que independam das impressões filosofia que a antecedia, sobretudo a escolástica.
empíricas, a crítica ao raciocínio indutivo formulada Galileu foi um dos principais pensadores do período e
por ele invalida essa alternativa. uma de suas ideias era de que a Terra não é o centro
do Universo. Isso significava questionar verdades
Resposta da questão 32: [D] religiosas, procurando abrir espaço para a
constituição da ciência moderna, ancorada na
Segundo a filosofia cartesiana, o processo de linguagem matemática.
conhecimento só é possível a partir da aplicação do
Resposta da questão 36: [E]

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Na filosofia empirista de David Hume, a ideia de Na sua busca pelo conhecimento verdadeiro,
relação entre fenômenos que se repetem, ou seja, a Francis Bacon desenvolveu a crítica dos ídolos. Esses
ideia de que um fenômeno que ocorre de determinada ídolos correspondem a imagens que impedem o
maneira ocorrerá sempre da mesma forma, não parte conhecimento da verdade, podendo ser de quatro
de nenhum pressuposto sensível, não tendo, portanto, tipos: os ídolos da caverna, ídolos do fórum, ídolos do
fundamentação para ser aceita como fato. teatro e ídolos da tribo. Nessa perspectiva, somente a
alternativa [D] está correta, pois corresponde a uma
Resposta da questão 37: [C] justa citação da forma como Bacon, em seu texto
Novum Organum, explica o que são os ídolos da
Devemos entender inicialmente que a reflexão caverna.
kantiana a respeito da liberdade está organizada em
torno da noção de autonomia. Isso significa que o Resposta da questão 40: [C]
homem livre será, para Kant, o homem capaz de guiar
moralmente sua vida servindo-se do seu próprio O período renascentista foi caracterizado pela
intelecto, das suas próprias faculdades, dos seus valorização da arte e da cultura clássica, tendo como
próprios esforços. Ou seja, livre será o homem capaz referência o humanismo. Assim, o sentido que a
de viver sem a tutela do outro, de usar publicamente cultura adquire nesse tempo é justamente o culto às
sua razão, e de se responsabilizar por suas palavras artes e às faculdades humanas que mais podem
sem propaga-las através do uso da autoridade de elevar o espírito.
outrem.
Se livre é o homem que vive uma vida regrada Resposta da questão 41: [C]
pelas suas próprias faculdades, isso significa que
livre será o homem capaz de definir para si mesmo A alternativa [C] é a única correta, e
uma Moral universalizável. Quer dizer, a vontade do corresponde a uma afirmação de David Hume em seu
homem livre precisa ser a boa vontade. Em texto Tratado sobre a natureza humana. Essa
terminologia kantiana, a boa vontade é aquela passagem se insere numa argumentação a respeito
vontade cujas decisões são totalmente determinadas da moral, que leva Hume a considerar que a distinção
por demandas morais ou, como ele normalmente se entre o bem o mal não pode ser feita por princípios da
refere a isso, pela Lei Moral. Os seres humanos veem razão.
essa Lei como restrição dos seus desejos, por
conseguinte uma vontade decidida por seguir a Lei Resposta da questão 42: [C]
Moral só pode ser motivada pela ideia de Dever. E
Kant distingue dois tipos de lei produzidos pela razão. A passagem do enunciado, retirada do Leviatã,
Dado certo fim que nós gostaríamos de alcançar a compara as formas de agregação do homem com a
razão pode proporcionar um imperativo hipotético – de algumas outras criaturas vivas, como as abelhas e
uma regra contingente para a ação alcançar este fim. as formigas. Hobbes reconhece que a sociedade
Um imperativo hipotético diz, por exemplo: se alguém dessas criaturas é diferente da sociedade humana e,
deseja comprar um carro novo, então se deve então, procura as razões dessa diferença. Dentre as
previamente considerar quais tipos de carros estão razões que ele enumera, está aquela afirmada na
disponíveis para compra. Mas Kant objeta que a alternativa [C].
concepção de uma Lei Moral não pode ser
meramente hipotética, pois uma ação moral não pode
ser fundada sobre um propósito circunstancial. A Resposta da questão 43: [C]
moralidade exige uma afirmação incondicional do
Dever de um indivíduo, a moralidade exige uma regra Segundo Kant, o esclarecimento é a saída do
para ação que seja necessária, a moralidade exige um estado de menoridade e corresponde à
imperativo categórico. autonomização do sujeito mediante o uso público da
razão. Sendo assim, somente a alternativa [C] está
correta.
Resposta da questão 38: [D]

Galileu Galilei é também famoso pelos seus Resposta da questão 44: [C]
estudos sobre o movimento dos corpos. Foram
justamente esses estudos que o fizeram formular a lei Francis Bacon elaborou a teoria “Crítica os
das quedas dos corpos e a esboçar o princípio da Ídolos” que tinham por objetivo desconstruir as
inércia, aprofundado posteriormente por Isaac imagens que formam nos seres humanos opiniões
Newton. cristalizadas e cheias de preconceito deste modo,
será possível aplicar na razão a experiência, neste
caso, o método indutivo infere de dados universais
Resposta da questão 39: [D]

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argumentações a partir de dados singulares como


uma porção de água que ferve a cem graus, e outra, e Resposta da questão 49: [A]
mais aquela, logo, a água ferve a cem graus.
A razão, segundo Hume, corresponde à relação
Resposta da questão 45: [B] entre verdade e falsidade a partir do hábito de
associação de ideias. Ela não é inata e não está
Descartes está convencido de que é possível relacionada às decisões morais. Sendo assim,
vencer os defeitos no conhecimento por meio de uma podemos identificar que somente a alternativa [A]
reforma no entendimento e das ciências. Tal reforma está correta.
deve ser feita pelo sujeito do conhecimento quando
este compreende a necessidade de encontrar Resposta da questão 50: [B]
fundamentos seguros para o saber e, para tanto,
instituiu um método que possa guiar o pensamento A justiça, segundo Hume, tem como princípio
em direção aos conhecimentos verdadeiros e acabar com conflitos derivados de fatores naturais e
distingui-los dos falsos. Eis por que Descartes de ordem passional. Na formulação de Hume em
escreve o “Discurso do método e Regras para a Tratado da Natureza Humana, a justiça nasce a partir
direção do espírito”. de convenções humanas, que remediam
Além da regra da análise e da síntese, ainda há inconvenientes decorrentes de certas qualidades da
a evidência que somente admite verdadeiro um mente (como o egoísmo e a generosidade restrita aos
conhecimento evidente, isto é, sobre o qual não cabe homens) relacionadas à situação de objetos externos
nenhuma dúvida e para isso o próprio Descartes criou (ou seja, à escassez desses objetos em relação à
um procedimento, a dúvida metódica e o controle que necessidade dos homens).
permite ajudar no conhecimento das realidades
complexas a necessidade de dividir as dificuldades e Resposta da questão 51: [D]
os problemas em suas parcelas mais simples,
examinando cada uma delas em conformidade com a Segundo Hobbes, os homens, no estado de
regra da evidência. natureza, vivem em guerra de todos contra todos.
Uma vez que não há um poder que mantenha a todos
Resposta da questão 46: [E] em respeito, o mais racional é atacar o outro, seja
para destruí-lo ou para preservar-se do seu ataque.
Descartes tem como ponto de partida a busca Vale ressaltar que apesar de serem “tão iguais,
de uma verdade que não pode ser colocada em quanto às faculdades do corpo e do espírito”, os
dúvida, por isso, começa duvidando de tudo, homens não são absolutamente iguais uns em
começando pelas afirmações do senso comum, relação aos outros.
passando pelas autoridades, do testemunho dos
sentidos, até do mundo exterior, inclusive da realidade Resposta da questão 52: [C]
do seu corpo, no entanto, só interrompe essa cadeia
de dúvidas diante do seu próprio ser, do seu próprio A função do soberano é assegurar que todos
intelecto que duvida, pois não pode duvidar de que respeitem o contrato social e, dessa forma, garantir a
está duvidando, daí, a célebre máxima cartesiana: vontade de todos que é a paz e a segurança
“penso, logo, existo”. individual. Para desempenhar bem esta função, o
soberano deve exercer um poder absoluto, sem estar
Resposta da questão 47: [D] subordinado a ninguém; e nem mesmo a uma Carta
Magna. Se o poder soberano não conseguir realizar o
A alternativa [D] é a única correta. Descartes interesse de todos, isto é, a obediência de todos ao
busca um fundamento sólido para o conhecimento contrato social, pode vir a ser deposto por uma
nas ciências. Para tanto, utiliza-se do método da rebelião. Concluir-se-á, nesse caso, que o soberano
dúvida para destruir todas as falsas opiniões. não era legítimo.

Resposta da questão 48: [A] Resposta da questão 53: [A]

O mais comum é considerar John Locke um No Discurso sobre a origem da desigualdade


empirista e não um materialista. De qualquer forma, a dos homens Rousseau cria a hipótese dos homens
alternativa [A] é a que está mais adequada ao seu em estado de natureza, vivendo sadios, bons e felizes
pensamento. Segundo ele, todo conhecimento enquanto cuidam de sua própria sobrevivência, até o
provém da experiência, sendo que as ideias são momento em que é criada a propriedade e uns
derivadas das sensações e o pensamento passam a trabalhar para outros, gerando escravidão e
corresponde à combinação, comparação e análise miséria.
dessas ideias.

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gregos até o final do século XVII - é matemático, pois


Resposta da questão 54: [B] afirma que a ciência é um conhecimento racional
dedutivo e demonstrativo como a matemática,
Antes de atuar no processo de Independência, portanto, capaz de provar a verdade necessária e
José Bonifácio estudou por cerca de 30 anos na universal de seus enunciados e resultados, sem
Europa, do fim do século XVII ao início do século deixar nenhuma dúvida. Uma ciência é a unidade
XVIII. Ali, assistiu ao processo da Revolução Francesa sistemática de axiomas, postulados e definições, que
e assim, assimilou muitos dos ideais iluministas do determinam a natureza e as propriedades de seu
período. objeto, e de demonstrações que provam as relações
de causalidade que regem o objeto investigado.
Resposta da questão 55: [D]
Resposta da questão 60: [A]
O homem, em seu estado de menoridade, vive
no comodismo, preguiça e covardia e não ousa fazer Galileu faz distinção entre qualidades
uso do seu entendimento. Para sair desse estado, ele secundárias (odor, sabor, cor) e qualidades primárias
deve arriscar ou, mais especificamente, deve “ousar (figura, movimento, forma e número). Consideram-se
saber”, deve cultivar seu autocontrole e a sua as qualidades primárias porque são objetivas e
liberdade. O homem que sai do estado de menoridade passíveis de tratamento matemático, o que permitiu
é o homem que se torna autônomo, rejeitando as Galileu assimilar o espaço físico ao espaço
crenças e tradições que o enganam, não sendo geométrico de Euclides.
direcionado por outro indivíduo.
Resposta da questão 61: [E]
Resposta da questão 56: [B]
Francis Bacon segue a tradição empirista
O uso público da razão, segundo Kant, inglesa que remonta Roger Bacon (século XIII)
corresponde à forma que qualquer homem, enquanto realçando a significação histórica da ciência e do
sábio, faz uso da razão e fala em seu próprio nome papel que ela poderia desempenhar na vida da
diante do grande público. Nesse sentido, somente a humanidade. Seu lema, muito conhecido, “saber é
alternativa [B] está correta. poder” mostra como ele procura, bem no espírito da
nova ciência, não um saber contemplativo,
Resposta da questão 57: [B] desinteressado, que não tenham um fim em si, mas
um saber instrumental, que possibilite a dominação
Segundo Kant, o conhecimento é formado por da natureza como fez a Revolução Industrial que
matéria e forma. A matéria corresponde aos superou a manufatura pelas maquinofatura
conteúdos e a forma a um elemento a priori, que (chamadas hoje de indústria) substituindo o trabalho
permite conhecimento. Para tanto é necessário o manual pelas máquinas.
espaço e o tempo, duas formas a priori do
conhecimento sensível. Resposta da questão 62: [B]

Resposta da questão 58: [A] As ideias verdadeiras são ideias inatas, são
claras e distintas que não residem nas coisas, mas no
Em Galileu a ciência é autônoma em relação à próprio sujeito, no próprio espírito como instrumento
fé, mas é algo bem diferente daquele saber para a apreensão de outras verdades.
dogmático representado pela tradição aristotélica.
Isso, porém, não significa para Galileu que a tradição Resposta da questão 63: [D]
é danosa enquanto tradição. Ela é danosa quando se
erige um dogma incontrolável que pretende ser O Discurso do Método revela-se como um guia
intocável. É contra do dogmatismo (imutável, do pensamento em direção aos conhecimentos
heterogêneo e hierarquicamente ordenado) que verdadeiros para assim, distingui-los dos falsos,
Galileu se bate contra. portanto, define o método como um conjunto de
regras que começa pela certas que dá segurança ao
Resposta da questão 59: [C] pensamento, depois pelas fáceis que evita
complicações e esforços inúteis e por fim, pelas
Além do conhecimento demonstrativo, a amplas que permite alcançar todos os
ciência é um conhecimento eficaz, isto é, capaz de conhecimentos possíveis para o entendimento
permitir ao homem não só conhecer o mundo, mas humano.
também dominá-lo e transformá-lo. O método
galileano é o da concepção racionalista da ciência Resposta da questão 64: [C]
cujo modelo de objetividade – que se estende dos

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sobre o qual não caiba a menor dúvida a parir de


A respeito do racionalismo cartesiano, as ideias claras e distintas.
afirmações I, III e V estão corretas. No sentido de
rejeitar todas as verdades incertas, Descartes utiliza- Resposta da questão 67: [E]
se da dúvida metódica e universal, chegando à
conclusão de que não pode duvidar que pensa. Somente a alternativa [E] é incorreta a respeito
Assim, a sua conclusão de que é uma coisa pensante da Revolução Científica do Século XVII. A Lei da
se constitui na sua primeira certeza, e é em base a ela Inércia substitui a Lei dos Movimentos aristotélica,
que Descartes irá desenvolver sua filosofia contrariando a ideia de que existem movimentos
racionalista. naturais, movimentos violentos e que há uma relação
do movimento com a constituição interna de cada
Resposta da questão 65: [E] corpo.

A palavra evidência contida na afirmação [E] é Resposta da questão 68: [A]


a primeira das quatro grandes regras elaboradas por
Descartes e significa que só demos admitir como Enquanto o pensamento medieval é
verdadeiro um conhecimento evidente, ou seja, no predominantemente teocêntrico (centrado na figura
qual e sobre o qual não caiba qualquer dúvida. A de Deus), o homem renascentista coloca a si próprio
segunda, a regra da divisão diz que para no centro dos interesses e decisões. O saber, a moral
conhecermos realidades complexas precisamos e a política são laicizados além de ser estimulados
dividir as dificuldades e os problemas em suas pela livre capacidade de exame. Na consciência de
parcelas mais simples. A terceira, a regra da ordem ser inacabado e livre, o homem renascentista
diz que os pensamentos devem ser ordenados em descobre também sua subjetividade preocupando-se
séries que vão dos mais simples aos mais complexos, com a “consciência da consciência”. O problema
dos mais fáceis aos mais difíceis, pois a ordem central é o sujeito que conhece e que indaga se nós
consiste em distribuir conhecimentos de tal maneira podemos eventualmente conhecer qualquer coisa.
que possamos passar do conhecido ao desconhecido
e por fim, a quarta, a regra da enumeração diz que Resposta da questão 69: [C]
cada conhecimento novo obtido, deve-se fazer a
revisão dos passos dados, dos resultados parciais e Ao contrário do que parece, a questão da
os encadeamentos que permitiram chegar ao novo propriedade privada não teve início na
conhecimento. contemporaneidade com Marx por ser esta uma
A existência do ser humano é revelada a ele preocupação muito anterior a ele com os utopistas e
mesmo através do ato de pensar e este é o princípio nesta questão, com a figura de Thomas Morus que
fundamental de toda a certeza racionalista. Para pensou no processo violento de desapropriação de
chegar ao 'penso, logo existo', Descartes utilizou-se da terras ao qual foram submetidos imensos
dúvida radical ou hiperbólica. Ele duvidou inicialmente contingentes da população inglesa, que exerciam
de suas sensações como forma de conhecer o sobre estas terras diversas formas de propriedade,
mundo, pois as sensações enganam sempre, duvidou que não a privada. A causa da miséria decorrente
posteriormente da realidade externa e da realidade do desses processos de cercamento, processos
seu corpo como forma de comprovar que o exercidos a fim de viabilizar a criação de ovelhas, com
conhecimento certo, através do argumento do sonho, o objetivo de abastecer as nascentes indústrias
duvidou da certeza advinda das entidades têxteis com matéria-prima, era identificada
matemáticas, através do argumento do gênio claramente com a apropriação privada das terras. O
maligno, mas não teve como duvidar que estava mérito da reflexão de Marx em relação ao tema, no
duvidando. Eis aí a primeira certeza: duvido, logo escrito em questão, é que, em vez de afirmar que a
existo, mas duvidar é um modo de pensar, então: propriedade privada é a causa da alienação, como
'Penso, logo existo', que significa: penso, logo tenho faziam os socialistas utópicos, afirma o contrário: que
consciência de mim mesmo, ou penso, logo sei, ou o trabalho alienado é a causa (condição de
penso, logo tenho consciência, ou penso, logo sei algo possibilidade) da propriedade privada.
certo.
Resposta da questão 70: [E]
Resposta da questão 66: [C]
A Reforma Religiosa foi um movimento iniciado
A evidência é juntamente com a regra da por Martinho Lutero quando este fixou suas 95 teses
divisão, da ordem e da enumeração uma das grandes em 1517, portanto, não há nada em que atribuir a
regras do método cartesiano, assim, entende-se por mesma um movimento iniciado por católicos quando
evidência a admissão apenas do que é verdadeiro na verdade, a Reforma é o protesto sobre a Doutrina
como um conhecimento evidente, ou seja, no qual e da Igreja Católica tendo apoio não só de muitos

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humanistas como também de vários religiosos e Duas alternativas são muito parecidas entre si.
governantes da época. A alternativa [A] e a alternativa [B]. Ambas fazem
referência a concepções empiristas do pensamento.
Resposta da questão 71: [B] Entretanto, a [A] faz referência ao pensamento de
John Locke, e somente a [B] faz referência a David
Propriedade na visão de Locke argumenta que, Hume. A noção de hábito como modelo explicativo
quando os homens se multiplicaram a terra se tornou das conexões daquilo que é observado é uma das
escassa, fizeram-se necessárias leis além da lei moral marcas mais conhecidas de sua filosofia.
ou lei da natureza. Isto o leva a querer unir-se em
sociedade com outros que tanto quanto ele tenha a Resposta da questão 74: [D]
intenção de preservar suas vidas, sua liberdade e
suas posses, e a tudo isso Locke chama de Hume pergunta sobre qual a natureza de todos
"propriedade". Mas não é esta a causa imediata da os raciocínios humanos sobre os fatos e qual o
constituição do governo. O direito à propriedade seria fundamento de todas as conclusões derivadas da
natural e anterior à sociedade civil, mas não inato. experiência. O filósofo conclui que todos os fatos são
Sua origem residiria na relação concreta entre o exteriores entre si. Neles, não há nada de interior e
homem e as coisas, através do processo do trabalho. intrínseco que os relacione necessariamente uns aos
O trabalho é a origem e justificação da outros. A relação de causalidade é uma crença
propriedade. Se, graças a este o homem transforma baseada no hábito. Hume indica que os homens
as coisas, pensa Locke, o homem adquire o direito de associam ideias e acreditam nessa associação por
propriedade. Locke considera que, no seu estado força do hábito ou costume. E este não é a repetição
natural, o homem é senhor de sua própria pessoa, e de experiências semelhantes por parte de um único
de suas coisas, e não está subordinado a ninguém.  indivíduo, mas de muitos. Há um aspecto coletivo do
O resultado que está sujeito constantemente à costume. Por isso, mesmo quando se tem um prazer
incerteza e à ameaça dos demais, pois no estado individual, mas que os outros reprovam porque
natural um é rei tanto quanto os demais, e como a contraria o costume, o sujeito passa a duvidar desse
maior parte dos homens não observa estritamente a prazer íntimo e exclusivo. 
equidade e a justiça, o desfrute da propriedade que
um homem tem em uma situação dessas é Resposta da questão 75: [C]
sumamente inseguro.
Voltaire acreditava que as pessoas comuns estavam
Resposta da questão 72: [D] curvadas ao fanatismo e à superstição. Para ele, a sociedade
deveria ser reformada mediante o progresso da razão e o
Na seção IV da Investigação acerca do incentivo à ciência e tecnologia. Assim, Voltaire
Entendimento Humano, David Hume encaminha transformou-se num perseguidor ácido dos dogmas,
claramente o ataque à razão e à metafísica. Uma das sobretudo os da Igreja Católica, que afirmava contradizer a
questões cruciais da existência envolve o suceder dos ciência. Nas palavras do próprio Voltaire, a título de
acontecimentos. Hume afirma que a inferência e as exemplo: “A superstição (fanatismo e obscurantismo) põe o
analogias que fazemos em relação aos efeitos de mundo em chamas, a filosofia (razão) apaga-as”.
causas semelhantes nas questões de fato não podem
ser baseadas em nenhuma espécie de raciocínio Resposta da questão 76: [B]
formal. Em sua crítica aos pressupostos metafísicos
da ideia de causalidade, ele defende que o sujeito do Todas as afirmações são verdadeiras e
conhecimento opera inferências associando correspondem a uma leitura da obra Discurso sobre a
sensações, percepções e impressões recebidas pelos origem e os fundamentos da desigualdade entre os
órgãos dos sentidos e retidas na memória. Deste homens. Do seu estado de natureza, o homem
modo, as ideias se reduzem a hábitos mentais de caminha para o estado de homem civilizado,
associação de impressões semelhantes ou degenerando o seu estado naturalmente bom.
sucessivas. A ideia de causalidade, portanto,
apresenta-se como o mero hábito que nossa mente Resposta da questão 77: [E]
adquire ao estabelecer relações de causa e efeito
entre percepções que se sucedem no tempo, Todas as assertivas estão corretas. A assertiva
chamando as anteriores de causas e as posteriores I se mostra correta por estar totalmente de acordo
de efeitos. (cf. CHAUI, M. Convite à Filosofia. São com a citação no enunciado da questão. Já as outras
Paulo: Ática, 1994. p. 231.) se relacionam com o pensamento mais amplo de
Rousseau. Sendo um jusnaturalista, ele pensava na
Resposta da questão 73: [B] existência de um “estado de natureza” humano. Este
seria, em sua filosofia, o estado em que os homens
viveriam em plena harmonia, tendo como princípio a

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bondade natural de todos os seres humanos. O imperativo categórico é assim chamado por
Entretanto, graças à faculdade da perfectibilidade, os ser incondicional, absoluto, voltado para a realização
homens se associaram para poder desenvolver suas da ação tendo em vista o dever. Para melhor
potencialidades, afastando-se, assim, do estado de entender, não se faz necessário agir bem para evitar a
natureza. Assim, ao inventarem novas coisas para dor ou ser feliz, ou ainda para alcançar o céu ou livrar-
melhorar seu bem-estar e vencer obstáculos da se da condenação eterna, porque o agir moral funda-
natureza em uma vida social, os seres humanos se exclusivamente na razão, pois é ela quem preserva
acabaram por enfraquecer seu espírito. Portanto, a dignidade dos homens.
aquele que seria o bom selvagem deixou o estado de
natureza, degradou-se e se tornou infeliz na vida civil. Resposta da questão 81: [A]

Resposta da questão 78: [B] O autêntico valor moral estaria, então, nas
ações em que a vontade é guiada pelo imperativo
A alternativa [B] é a única incorreta. Rousseau é categórico, que são também definidas por Kant como
muitas vezes tido como um dos teóricos da ações por dever. Nestas, não pode haver
democracia participativa. Isso porque, segundo ele, a considerações sobre os efeitos da ação, ela tem de
soberania corresponde ao exercício da vontade geral ser incondicionada e desinteressada, ou seja,
do povo, não podendo ser transferida para a mão de devemos agir de forma correta porque é a forma
um único homem. correta de agir. Nesse caso, a vontade deve estar
subordinada a uma lei posta pela razão, por isso nas
Resposta da questão 79: [A] palavras do filósofo: “Devo proceder de modo que eu
possa querer que a minha máxima, aquilo que
Os juízos sintéticos são derivados da determina minha vontade a agir, seja uma lei
experiência de modo a expandir o conceito uma vez universal”. A título de exemplo para melhor ser
que o predicado não está implícito no sujeito e a entendido, em outras palavras, devo não me
experiência funcionaria como um fornecedor da corromper ainda que tenha a certeza da minha
extensão dos mesmos. impunidade. Devo não cobiçar a riqueza do próximo
A título de exemplo, para melhor compreensão, ainda que não tema o julgamento de Deus a esse
Kant explicita esse caso com a afirmação “todos os respeito.
corpos são pesados”. Diferentemente do conceito
“todos os corpos são extensos”, no qual o predicado já Resposta da questão 82: [A]
estava incorporado no conceito inicial e só estava
omisso. Esta afirmação agrega um conhecimento Somente as afirmativas I e II são falsas. A
empírico, a saber, o de peso, sendo pela experiência o primeira é absurda, enquanto que a segunda
único meio de se obter tal predicado. contradiz o texto do enunciado, onde Galileu afirma
que suas ideias eram contrárias ao que a Igreja
É na “Crítica da Razão Pura” que Kant elabora pregava. Por isso é que ele foi denunciado ao Tribunal
categorias que denomina de transcendentais, que são do Santo Ofício. Todas as outras afirmativas
estruturas “a priori” da sensibilidade e do intelecto ao correspondem a contextualizações a respeito do
mesmo tempo em que possibilitam a experiência do ambiente intelectual no qual Galileu se insere e, por
objeto. Ele distingue três tipos de juízo: isso, estão corretas.
- Juízo Analítico a priori (universal e necessário) –
esta forma de juízo não amplia o conhecimento, só Resposta da questão 83: [B]
explica e é baseado no princípio da identidade, ou
seja, o predicado não é nada mais que a explicitação “Ciência e poder do homem coincidem”. Isso é
do conteúdo do sujeito. Ex: um triângulo tem três o mesmo que está expresso na alternativa [B], a
lados. respeito da relação entre o conhecimento e o poder.
- Juízo Sintético a posteriori (não é universal, nem Bacon, nesta concepção, define o saber como algo
necessário) – esta forma de julgamento amplia o prático, como um domínio do homem sobre as
conhecimento, pois realiza uma síntese, coisas.
fundamentada na experiência.
- Juízo Sintético a priori (universal e necessário) – Resposta da questão 84: [C]
esta forma de julgamento amplia o conhecimento e é
formulado independentemente da experiência Francis Bacon foi um dos fundadores do
empírica.  método científico moderno. Sua máxima “saber é
poder” revela a visão de que o conhecimento da
Resposta da questão 80: [B] natureza é também uma forma de poder sobre ela. A
necessária passagem do particular para o geral, no

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método científico, se daria por meio da


experimentação. Resposta da questão 88: [A]

Resposta da questão 85: [B] No livro Discurso do Método, René Descartes


procurou encontrar fundamentos seguros para o
A razão inata é exclusiva da capacidade desenvolvimento do conhecimento verdadeiro. Dado
humana de pensar. Não estão sujeitas ao erro. São que havia muitas dúvidas filosóficas e científicas,
ideias verdadeiras que somente advém da razão. estas seriam solucionadas mediante um método
rigoroso. Descartes, nisso, utilizou-se do modelo
Resposta da questão 86: [D] matemático, considerado o conhecimento intelectual
por excelência.
No trecho extraído do Discurso do Método,
Descartes afirma que a única ideia verdadeira que Resposta da questão 89: [E]
pode ser extraída do fato de pensar é a ideia de que
“eu existo”. É justamente esse modelo de verdade Frases como “Menosprezar o zelo pela beleza
clara e distinta que o pensador vai utilizar para chegar natural é dar prova de uma preguiça ignóbil” e “Muitos
às outras verdades inatas através de seu método se deixam seduzir. pela beleza; mas nem um só é
científico. constante e fiel se não encontra com a beleza, a
bondade e a virtude” demonstram como Thomas
Resposta da questão 87: [A] More não criticava a beleza, tampouco a considerava
como desnecessária ou relacionada somente a fins
O dualismo psicofísico de Descartes, ou seja, a utilitários. A crítica feita na citação do enunciado
dicotomia entre corpo e consciência, refere-se ao refere-se, de forma indireta, à estética mercantilista
corpo como uma realidade física e como tal possui do período histórico do autor. É contra eles que
massa e extensão no espaço e por outro lado, os Thomas More faz o elogio da beleza.
fenômenos mentais não tem extensão no espaço
nem localização porque as principais atividades da Resposta da questão 90: [D]
mente, das ideias inatas, são: recordar, raciocinar,
esquecer e querer.

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