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AULA DE TRAQUEOSTOMIA – DR JÚLIO 20/04/20

Traqueostomia terminal (desconexão laringo-traqueal): útil em pacientes neuropatas com


broncoaspiração crônica. Perda quase que irreversível da capacidade de fonação (pesar riscos
e benefícios com a família).

Contra-indicações de traqueostomia:

1. Malformações vasculares
2. Tumores cervicais
3. Coluna cervical instável
4. Anemia
5. Distúrbios de coagulação
6. Sepse
7. Hipotensão
8. Ventilação mecânica (>40 cmH2O)

Complicações:

- Ano de 1900: 25% de mortalidade


- Depois de 1909: 1% de mortalidade (porém 6-51% de morbidade)

OBS: na prática diária prestar atenção à preparação dos pais para manejar a cânula ou saber o
que fazer quando ocorrer decanulação.

Complicações precoces:

1) Transoperatórias: hemorrágicas (a. braquicefálica, v. jugulares anteriores, lesão de


tireoide), insuficiência respiratória com hipoxemia grave (remoção precoce T.O.T,
sangue nas vias aéreas), pneumotórax (frequente - 4%).
2) Pós-operatórios recentes: hemorragias (hemostasia inadequada, requer revisão
cirúrgica), enfisema subcutâneo (associada a ventilação com pressão positiva,
fechamento excessivo da ferida), infecção (imunodeprimidos, desnutrição, colonização
das VA por gram negativos). OBS. Saída de secreção AO REDOR do traqueostoma com
característica de catarro não é infecção peritraqueostomal! Infecção evolui com
hiperemia além de secreção.
3) Obstrução/deslocamento do tudo: precoce (+ perigosa, risco de fazer falso trajeto, se
não tiver facilidade de repassar na primeira tentativa >> proceder à IOT). Para repassar
a cânula >> lubrificação com xilo, hiperextender região cervical, aspirar a secreção
presente, colocar cânula lateralizada e após girar na posição correta. Observar se a
criança está ventilando, se sai ar da cânula, tentativa de aspirar com
sondinha/espelho/capnógrafo)
4) Perfuração do esôfago: através da parede membranosa do esôfago.

Complicações tardias:

5) Estenose traqueal peri-estomal: causas >> traqueostoma grande, uso prolongado de


cânula plástica, infecção/desnutrição. Tratamento >> traqueoplastia, dilatações, tubo
“T” Montgomery.
6) Estenose supra-estomal/subglótica: difícil tratamento, dificulta ou impossibilita a IOT.
Causas >> isquemia, retenção de secreções (lesão da mucosa, falta de cuidados da
enfermagem). Suspeitar quando não há estigma nenhum de passagem de ar pela
laringe. OBS. Pacientes com obstrução/alteração de via aérea demoram à dessaturar
>> apresentam grande esforço respiratório com saturação normal >> se não intervir
pode evoluir pra PCR.
7) Estenoses infra-estomais: comuns na região do balonete da cânula. Alta pressão do
balonete >> isquemia de mucosa >> lesão da mucosa >> retração cicatricial >>
estenose.
8) Fístula traqueo-esofágica: ocorre comumente quando há sonda enteral no esôfago e
cânula mal posicionada na traqueia (comprimindo a parede posterior), causando
isquemia transmural e formação de fístula.
9) Fístula traqueo-inominada (artéria braquicefálica): quando a cânula em angulação
anterior fica em contato íntimo com a artéria ao ponto de erosar, causando
sangramento para o lúmen da traqueia. Complicação gravíssima, sangramento de
ramo de grande calibre da aorta para dentro da traqueia, com pouco tempo de ação.
Pode-se tentar tracionar o balonete e aumentar o balonete até a pressão máxima,
pode-se tentar intubar por cima e aumentar o balonete até a pressão máxima, pode-se
tentar comprimir a artéria com o dedo através do ostoma (tentativa desesperada, para
adolescentes/adultos).

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