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Universidade Estadual de Maringá

Centro de Tecnologia
Departamento de Engenharia de Alimentos
Laboratório de Bioengenharia

Relatório: Adsorção de corante alimentício em


diferentes adsorventes

Acadêmicas: Cristiane Maymi Vada RA: 099565


Leticia Camargo Hass 099610
Lorena Fortunato Prohmann 099137
Samiza Sala Michelan 100411
Vitória Clemente R. de Moraes 100407

Professora: Ana Paula Larrosa.

Maringá, 2019.
RESUMO
A indústria alimentícia tem buscado cada vez mais dar um tratamento
adequado as águas residuárias resultantes do processo de produção. Essas águas
podem conter grande quantidade de resíduos de corantes artificiais utilizados
durante a produção de alimentos, que se forem descartados incorretamente podem
causar danos ao ecossistema aquático. Para uma melhor remoção desse corante
do efluente, uma boa alternativa a ser utilizada é a adsorção, sendo o carvão
ativado um dos adsorventes mais utilizados. Com isso, o objetivo do experimento foi
avaliar a capacidade de adsorção do carvão ativado e do carvão dendê em corante
alimentício. Assim, a solução de corante com o carvão ativado e dendê foi colocado
sob agitação e temperatura controlada no equipamento Jar Test e posteriormente
filtradas em papel filtro e as absorbâncias foram lidas em um espectrofotômetro para
que fosse possível calcular a capacidade de adsorção e a porcentagem de remoção
dos carvões. Com base nos resultados, verifica-se que a capacidade de adsorção e
a porcentagem de remoção do carvão ativado foi maior do que a do carvão de
dendê.

1. INTRODUÇÃO

Corantes são aditivos alimentares definidos como toda substância que


confere, intensifica ou restaura a cor de um alimento (Aditivos & Ingredientes, 2009).
“Considera-se corante a substância ou a mistura de substâncias que possuem a
propriedade de conferir ou intensificar a coloração de alimento(e bebida)”
(RESOLUÇÃO - CNNPA Nº 44, DE 1977). No Brasil, a indústria deve seguir a
legislação do Ministério da Saúde. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) estabelece as condições gerais e fatores essenciais de qualidade dos
corantes empregados na produção de alimentos e bebidas).
Azul brilhante é utilizado em alimentos (incluindo suplementos dietéticos),
cosméticos e medicamentos em geral incluindo para área dos olhos. Não permitida
à utilização em dispositivos médicos e formas farmacêuticas injetáveis. (ANVISA)
O carvão ativado é amplamente utilizado como adsorvente por apresentar
elevada capacidade na remoção de íons metálicos, função tanto de sua alta área
superficial específica (decorrência da alta porosidade interconectada) quanto de sua
afinidade por compostos poluentes, tais como corantes orgânicos, agrotóxicos,
cobre, cromo, cádmio, chumbo, etc. Isso se deve à ocorrência significativa de
grupos funcionais superficiais com afinidade para esses adsorvatos, justificando a
grande relevância desse adsorvente no tratamento de efluentes industriais (ROCHA,
et al. 2006).
Inúmeras são as aplicações dos processos adsortivos na indústria de
alimentos. Clarificação de óleos e bebidas, reduzindo a turbidez destes produtos, já
é muito tradicional. Essa operação unitária também pode ser usada em processos
de descoloração, em que pigmentos naturais ou artificiais são removidos, ou ainda
na desmineralização do produto final. No tratamento de água que será usada no
processo industrial, por exemplo, evitando incrustações em tubulações e caldeiras.
A adsorção também tem aplicação no tratamento de resíduos a fim de remover
certos compostos em gases emitidos ou em águas residuais. Outras aplicações
desta operação vêm sendo testadas pelas indústrias de alimentos como a remoção
de micotoxinas, recuperação de pigmentos, proteínas. À medida que novos
adsorventes são desenvolvidos e os custos operacionais reduzidos, o uso da
técnica tende a crescer (TADINI, et al. 2016).
Em vista disso, o objetivo do experimento foi mostrar o que ocorre quando o
carvão ativado utilizado no tratamento de água contendo corante azul brilhante
através da adsorção de poluentes dissolvidos (corantes).

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os corantes alimentícios são utilizados há muitos séculos para conferir cor e tornar
os alimentos mais atrativos e saborosos. Inicialmente, os corantes utilizados eram
de origem natural (vegetal, animal ou mineral), como as especiarias e os
condimentos. Willian Henry Perkin foi o primeiro cientista a sintetizar um corante -
no caso, a malva ou malveína, derivado da hulha.

A partir de então, houve um grande aumento nas descobertas de novos corantes


artificiais ou sintéticos e na sua utilização pela indústria, principalmente a de
alimentos, com o principal intuito de conferir cor e, em alguns casos, mascarar
produtos de baixa qualidade. A justificativa para a utilização dos corantes se deve
ao fato de que a aceitação do produto alimentício pelo consumidor está diretamente
relacionada à cor. Os corantes são aditivos alimentares definidos como: toda
substância ou mistura de substâncias que possui a propriedade de conferir,
intensificar ou restaurar a coloração própria do alimento.

Os alimentos coloridos artificialmente devem apresentar no rótulo a indicação


“colorido artificialmente”. Os corantes artificiais permitidos no Brasil são: Amarelo
Crepúsculo, Azul Brilhante FCF, Bordeaux S ou amaranto, eritrosina, indigotina,
ponceau 4R, Tartrazina, e Vermelho 40. (Prado ).

A adsorção é um fenômeno físico-químico onde o componente em uma fase


gasosa ou líquida é transferido para a superfície de uma fase sólida. Os
componentes que se unem à superfície são chamados de adsorvatos. A fase
sólida que o retém é chamada de adsorvente. Os adsorventes são geralmente
materiais porosos, que retém o adsorvato de maneira física (fisiosorção).ou química
(quimiosorção) .

O carvão dendê é um carvão ativado produzido a partir da casca do fruto de um


dendezeiro e possui as mesmas propriedades de um carvão ativado comum. O
processo de produção de um carvão dendê consiste na queima parcial da casca do
fruto com o intuito de manter a porosidade da casca, em seguida o produto é
resfriado e moído de acordo com a separação granulométrica determinada pelo
usuário.

O carvão ativado é um exemplo dos exemplos mais conhecidos de substância


adsorvente. Na sua estrutura, existem numerosos poros que intensificam a retenção
de substâncias e aumentam sua capacidade de adsorção. Sendo este, utilizado
para a remoção de substâncias orgânicas, óleos, cores e odores. Também é
utilizado para o tratamento de água e fabricação de cosméticos e remédios
(Magalhães, 2011).
3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 MATERIAIS

● Corante alimentício azul brilhante (629nm) (20mg/L);


● Tubos de ensaio;
● Pipetas;
● Água destilada;
● Carvão ativado;
● Carvão ativado de dendê;
● Papel filtro;
● Proveta 500ml;
● Balão volumétrico de 1L;
● Funil de vidro;
● Balança;
● Cronômetro;
● Espectrofotômetro;
● Cubetas;
● Jar test;

3.2 MÉTODO
3.2.1 Construção da curva de calibração
Primeiro foi pesado 20 mg de corante azul brilhante e adicionado 1L água
destilada no balão volumétrico, obtendo a solução mãe com concentração final de
20 mg/L.Em seguida foi feito cinco diluições com concentrações de 1 mg/L; 2 mg/L;
5 mg/L;10 mg/L; 20 mg/L da solução mãe.Para isso,considerou-se o volume final de
10ml em cada diluição e para calcular o volume da solução mãe em cada
concentração utilizou-se a seguinte equação:
C1V1=C2V2 (1)

Foi realizado a leitura das absorbâncias a 629nm, calibrando o aparelho com


água destilada e através destes dados construiu-se a curva padrão e a equação
linear, a partir da qual foi calculado o valor final da concentração de corante. Por fim,
multiplica-se pela diluição que foi 1:3,5.
3.2.2 Procedimento para adsorção
A partir da solução mãe preparada com concentração de 20mg/L de corante
com pH natural da água destilada,foi adicionado 400 ml da solução em cada jarro do
equipamento de Jar Test e em uma foi acrescentado 1,5g de carvão ativado e na
outra 1,5g de carvão ativado de dendê.
Em seguida as soluções foram colocadas sob agitação de 100 rpm a
temperatura ambiente e coletou-se amostras de 2ml nos tempos de
0,2,4,6,8,10,15,20,30,40,50 e 60 minutos. Estas foram filtradas em papel filtro com
auxílio de um funil de vidro,passadas para tubos de ensaio identificados e em cada
tubo adicionou-se 2,5 ml de água destilada para aumentar o volume da solução.
As amostras foram colocadas em cubetas e foi determinado as absorbâncias
por espectroscopia UV/Vis a 629nm.A partir destes dados foi encontrado as
concentrações pela equação da curva padrão e então encontrou-se a capacidade
de adsorção (q) pela equação (2) e a porcentagem de remoção utilizando a equação
(3):
q=(Ci - Ceq).V/ m (2)

R(%)= (Ci - Ceq).100/Ci (3)

Onde,

V = volume de solução (L);

Ci= concentração inicial do corante na solução (mg/L);

Ceq= concentração final do corante no equilíbrio (mg/L);

m= massa de adsorvente (g).

Após calculado os dados,foi construído um gráfico de Qt x tempo (min) e


%remoção x tempo e analisado os resultados.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para construção da curva padrão foi utilizado os dados do Quadro 1.
Quadro 1- Concentrações, volume e Absorbância média obtida.
C1 (mg/L) V1 (mL) C2 (mg/L) V2 (mL) ABS média

20 0,5 1 10 0,019

20 1 2 10 0,038

20 2,5 5 10 0,098

20 5 10 10 0,197

20 10 20 10 0,392

E assim, foi plotado o seguinte gráfico:

Gráfico 1- Curva Padrão


A equação obtida da curva padrão foi:
y= 0,0197x - 0,0006
A partir da obtenção da curva padrão encontrou-se os valores de C para as
absorbâncias medidas em sala. Os seguintes dados estão ilustrados no Quadro 2.

Quadro 2- Valores para concentração e absorbâncias do Carvão Ativado e Carvão


Dendê.

Carvão ativado Carvão Dendê

ABS C ABS C

0,101 18,05076 0,101 18,05076


0,079 14,14213 0,094 16,80711

0,068 12,18782 0,083 14,85279

0,062 11,12183 0,073 13,07614

0,061 10,94416 0,06 10,7665

0,057 10,2335 0,06 10,7665

0,048 8,634518 0,058 10,41117

0,043 7,746193 0,062 11,12183

0,053 9,522843 0,057 10,2335

0,054 9,700508 0,102 18,22843

0,051 9,167513 0,078 13,96447

0,059 10,58883 0,093 16,62944


A partir desses valores e utilizando as Equações 2 e 3, obtemos os seguintes
dados representados no Quadro 3.
Quadro 3- Valores para capacidade de absorção e % de remoção do carvão ativado
e carvão dendê nos respectivos tempos.

Carvão Ativado Carvão Dendê

t (min) q (mg/g) % remoção t (min) q (mg/g) % remoção

0 0,519797 9,74619289 0 0,519797 9,74619289

2 1,562098 29,2893401 2 0,851438 15,964467

4 2,083249 39,0609137 4 1,372589 25,7360406

6 2,367513 44,3908629 6 1,846362 34,6192893

8 2,41489 45,2791878 8 2,462267 46,1675127

10 2,604399 48,8324873 10 2,462267 46,1675127

15 3,030795 56,8274112 15 2,557022 47,9441624

20 3,267682 61,2690355 20 2,367513 44,3908629


30 2,793909 52,3857868 30 2,604399 48,8324873

40 2,746531 51,4974619 40 0,47242 8,85786802

50 2,888663 54,1624365 50 1,609475 30,177665

60 2,509645 47,0558376 60 0,898816 16,8527919

E com isso, foi confeccionado os seguintes gráficos:


Gráfico 2- Capacidade de adsorção (mg/g) por tempo (min).

Gráfico 3- % de remoção por tempo (min).


Ao observar o gráfico 2, consegue-se perceber que o carvão ativado tem uma
capacidade de adsorção maior que o carvão de dendê, onde ela tem um pico em 20
minutos de aproximadamente 3,3 mg/g e em seguida se estabiliza em
aproximadamente 2,65 mg/g. Já o carvão de dendê teve a capacidade de adsorção
máxima em 30 minutos, e em seguida notou-se uma aleatoriedade de pontos que
pode ser justificada por meio de erros experimentais.

Ao observar o gráfico 3, nota-se que o % de remoção do carvão ativado é


maior que o de dendê,alcançando, em 20 min, 61% de remoção do corante. Em
seguida pode-se entender que o adsorvente se satura, mantendo-se constante a
remoção. Já para o carvão de dendê seu maior % de remoção foi em 30 minutos
com aproximadamente 49%. Os pontos aleatórios que seguem nos minutos de 40,
50 e 60 podem ser explicados pelo fato de que no equipamento de jar test a lâmina
do recipiente estava raspando no fundo e com isso desgastou o adsorvente,
partindo-o em partículas menores, e com isso liberou cor a solução, dificultando e
alterando as leituras de absorbâncias feitas em seguida.
5. CONCLUSÃO
A partir dos experimentos realizados e dos dados obtidos, verifica-se que a
concentração de carvão ativado e carvão de dendê são proporcionais à capacidade
de adsorção e remoção. Ainda, foi observado a partir dos gráficos que o carvão
ativado tem uma capacidade maior de adsorção e de remoção do que o carvão de
dendê. Devem ser considerados alguns erros experimentais na realização do
experimento que fez com que houvesse uma aleatoriedade nas absorbâncias lidas
do carvão de dendê. Deste modo, foi avaliado a capacidade de adsorção do carvão
ativado e do carvão de dendê em corante alimentício.

6. REFERÊNCIAS
Aditivos & Ingredientes. Os Corantes Alimentícios. Editora Insumos, n 62. 2009.
Disponível em:
http://www.insumos.com.br/aditivos_e_ingredientes/edicoes_materias.php?id_ed
icao=39

RESOLUÇÃO - CNNPA Nº 44, DE 1977. Disponível em:


http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/29906780474588e892cdd63fbc4c6
735/RESOLUCAO_CNNPA_44_1977.pdf?MOD=AJPERES

Agência Nacional de vigilância sanitaria (ANVISA) Tabela 1 – Relação de corantes


permitidos
http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2954708/Cap%C3%ADtulos+do+Volum
e+1+-+13+Subst%C3%A2ncias+corantes.pdf/30224e2c-f071-46c0-b415-7e3b0db90
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Magalhães, L.Toda Matéria. 2011. Disponível em:


https://www.todamateria.com.br/adsorcao/. Acesso em: 11/2019
ROCHA, W.D., et al. Adsorção de cobre por carvões ativados de endocarpo de
noz macadâmia e de semente de goiaba. REM: R. Esc. Minas, Ouro Preto,
59(4): 409-414, out. dez. 2006.

TADINI, C. C., et al. Operações Unitárias na Indústria de Alimentos. 1 ed. Rio


de Janeiro : LTC, 2016. Volume 2. Cap 23, 400-423.

PRADO, Marcelo. GODOY, Helena. “CORANTES ARTIFICIAIS EM ALIMENTOS”


Disponível em
http://serv-bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/alimentos/article/viewFile/865/744.
Acesso em 11/2019.

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