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Teorico IV
Teorico IV
Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
Avaliação do Ruído Ocupacional e Ambiental
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o
último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Avaliação do Ruído Ocupacional e Ambiental
Contextualização
Para que as avaliações de ruído sejam realizadas adequadamente, é fundamental ter
conhecimento das normas aplicáveis a cada caso. Na avaliação dos níveis de ruído de
uma exposição ocupacional, utiliza-se os parâmetros estabelecidos na Norma Regula-
mentadora 15 (NR-15) e a na Norma de Higiene Ocupacional 01 (NHO-01), ambas do
Ministério do Trabalho.
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Norma de Higiene Ocupacional 01 (NHO-01)
A Norma de Higiene Ocupacional 01 (NHO-01) é uma norma técnica, elaborada
pela Fundacentro, órgão de pesquisas do Ministério do Trabalho, com o objetivo de
estabelecer critérios e procedimentos para a avaliação da exposição ocupacio-
nal ao ruído, que implique risco potencial de surdez ocupacional (BRASIL, 2001).
Tal norma se aplica a qualquer exposição ocupacional aos ruídos contínuos, in-
termitentes ou de impactos, porém não se aplica à caracterização de condições de
conforto acústico. A seguir, serão estudados os procedimentos de avaliação do ruído
(BRASIL, 2001).
Para que não seja necessário avaliar todos os trabalhadores, pode-se verificar se
existem grupos homogêneos de trabalhadores, ou seja, grupos de trabalhadores que
estão expostos às mesmas condições de trabalho, de forma que o resultado de uma
avaliação seja representativo para todos os trabalhadores que compõem tal grupo
(BRASIL, 2001). Assim, avaliando uma exposição típica do grupo homogêneo, está
se avaliando todo grupo.
O período de amostragem deverá ser escolhido de forma que este seja represen-
tativo da jornada de trabalho. Se forem identificados ciclos repetitivos, eles deverão
ser suficientes para caracterizar a jornada. Se forem identificados ciclos irregulares ou
grande variação de ruído, deverão ser medidos números maiores de ciclos para carac-
terizar a exposição (BRASIL, 2001).
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Avaliação do Ruído Ocupacional e Ambiental
Exemplo:
1) Uma fábrica possui 02 galpões, cada um com 05 prensas. Em cada prensa
operam 03 trabalhadores com função de prensista. Quantas medições de
ruído são necessárias? Como seriam feitas as avaliações?
Uma vez definido o objeto da avaliação, caso este trate de um objeto fixo
(Ex.: equipamento estacionário ou função executada em um único ambiente de
trabalho), será realizada apenas uma avaliação no local desejado. No exemplo
dado, cada galpão deverá ser avaliado separadamente, a não ser que se garanta
que as condições de ambos os galpões são idênticas, neste caso, podendo-se
avaliar somente um galpão.
Caso o objeto seja móvel, a abordagem poderá ser feita por local de traba-
lho ou por função. Por exemplo, um trabalhador que transita em mais de uma
área poderá ter posicionado o equipamento nele e já se obter o resultado para
aquela função, ou poderá avaliar cada ambiente de trabalho, estimar o tempo
despendido em cada local e calcular a exposição do trabalhador. A escolha da
estratégia de avaliação dependerá do que for mais adequado à situação.
c) Quantos trabalhadores serão avaliados?
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a mesma condição dentro do respectivo galpão, poderão ser realizadas 02 me-
dições, sendo 01 em cada galpão, e cada grupo homogêneo composto por 15
trabalhadores. Já se as prensas forem diferentes, poderá ser feita a medição
por prensa, sendo o grupo homogêneo composto por 03 trabalhadores.
d) Qual(is) trabalhador(es) serão avaliados?
Qualquer trabalhador pode ser avaliado, desde que esteja executando atividades
habituais. Sugere-se acompanhar a avaliação para garantir que não estão ocorren-
do atividades não habituais que possam interferir nos resultados das medições.
e) Qual o período de medição?
No exemplo citado, a condição de trabalho é a mesma durante toda a jor-
nada. Ainda que se possa avaliar um ciclo de exposição, vez que o mesmo não
varia significativamente durante a jornada, sugere-se a avaliação mínima de
80% da jornada de trabalho.
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Avaliação do Ruído Ocupacional e Ambiental
• Abordagem do trabalhador:
» escolher o trabalhador a ser avaliado;
» explicar ao trabalhador sobre o objetivo da medição, que a medição não deve
interferir em suas atividades habituais, que as medições não efetuam gravações
de conversas, que o equipamento ou microfone nele fixado só pode ser removido
pelo avaliador, que o microfone não pode ser avaliado ou obstruído, entre outros
aspectos pertinentes;
» posicionar o equipamento no trabalhador, sendo que o microfone deve estar
dentro da zona auditiva. O equipamento e o cabo (quando houver) devem ser
fixados para que não ocorra interferência na medição. Se forem identificadas
diferenças significativas entre os níveis de pressão sonora dos dois ouvidos, as
medições deverão ser realizadas no lado exposto ao maior nível.
» dar início à medição.
• Acompanhamento da medição:
» Durante a medição, o avaliador não deve interferir no campo acústico ou nas
condições de trabalho;
» O avaliador deve verificar, de tempos em tempos, se o equipamento está operan-
do normalmente e se o trabalhador está executando atividades habituais.
• Finalização da medição:
» decorrido o tempo de amostragem, retirar o equipamento do trabalhador;
» obter o relatório da medição, seja via software ou impressão;
» proceder a calibração final. Caso a aferição da calibração apresentar variação
maior que ±1dB, esta deve ser desprezada;
» ainda, caso o nível de tensão da bateria esteja abaixo do mínimo aceitável ou o
equipamento tenha sofrido qualquer prejuízo à sua integridade, a medição tam-
bém deverá ser descartada.
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Interpretação dos Resultados
Conforme visto anteriormente, cada equipamento fornece os resultados em um rela-
tório da medição com histograma. O relatório e histograma obtidos da avaliação realizada
fornecerão os dados para cálculo no nível equivalente de ruído e da dose de exposição.
Com base nos resultados obtidos, a atuação recomendada pela NHO-01 é a seguinte:
Relatório de Medição
A NHO-01 recomenda que no relatório técnico sejam abordados no mínimo:
• Introdução, incluindo objetivos do trabalho, justificativa e datas ou períodos em que
foram desenvolvidas as avaliações;
• Critério de avaliação adotado;
• Instrumental utilizado;
• Descrição das condições de exposição avaliadas;
• Dados obtidos;
• Interpretação dos resultados.
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Avaliação do Ruído Ocupacional e Ambiental
Interpretação do resultado/conclusão:
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Avaliação de Ruído para Caracterização da Insalubridade
A insalubridade por exposição ao agente físico ruído está normatizada nos Anexos 1 e 2
da NR-15. Para o ruído contínuo e intermitente a norma apresenta um quadro com limites
de tolerância em função do tempo de exposição e para o ruído de impacto os limites são
120 dB(C) ou 130 dB (linear). O fator de duplicação de dose é q=5 (SALIBA, 2018).
Após a perícia, o perito elabora o laudo pericial onde descreve as condições verifica-
das em diligência e realiza a fundamentação técnica em conformidade com a legislação
pertinente. Conforme o Artigo 473 do CPC, o laudo pericial deve conter:
• A exposição do objeto da perícia;
• A análise técnica ou científica realizada pelo perito;
• A indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser pre-
dominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da
qual se originou;
• Resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes
e pelo órgão do Ministério Público.
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Avaliação do Ruído Ocupacional e Ambiental
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Em termos práticos, quando da realização de medições de ruído para elaboração
do LTCAT, deve-se seguir os procedimentos estabelecidos na NHO-01 e utilizar os
limites de tolerância definidos na NR-15. O LTCAT e outros documentos de segurança
servirão de base para preenchimento do PPP.
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Avaliação do Ruído Ocupacional e Ambiental
Os limites de horário para o período diurno e noturno podem ser definidos pelas
autoridades de acordo com os hábitos da população. Porém, o período noturno não
deve começar depois das 22h e não deve terminar antes das 7h do dia seguinte. Se o
dia seguinte for domingo ou feriado, o término do período noturno não deve ser antes
das 9h (ABNT, 2000).
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Para as atividades que possuam as características citadas anteriormente, mas não
apresentam equivalência ou correlação com aquelas relacionadas na NBR 10152, o
nível de ruído aceitável para efeito de conforto será de até 65 dB(A) e a curva de ava-
liação de ruído (NC) de valor não superior a 60 dB (BRASIL, 1978).
A NBR 10152 fixa os níveis de ruído compatíveis com o conforto acústico em am-
bientes diversos. A norma informa que a medição de ruído deve seguir as disposições
da NBR 10151. Igualmente, na determinação do conforto acústico nos ambientes de
trabalho, é preciso medir os níveis de ruído em cada frequência e banda de oitava e
compará-los aos valores estabelecidos como nível de conforto (dB(A)) e nas curvas de
avaliação de ruído (NC), ambos expostos na tabela que segue:
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Avaliação do Ruído Ocupacional e Ambiental
O valor inferior da faixa (dB(A)) representa o nível sonoro para conforto, enquanto
que o valor superior (NC) significa o nível sonoro aceitável para a finalidade. Níveis
superiores aos estabelecidos na tabela são considerados de desconforto, sem necessa-
riamente implicar risco de danos à saúde.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Napo. Pare esse barulho, episódio 4
https://youtu.be/7iwLEgOaOOU
Leitura
Avaliação e caracterização de insalubridade por exposição ao ruído ambiental dos trabalhado-
res de uma empresa de gerenciamento de resíduos industriais
https://goo.gl/MFfC9u
Incômodo causado pelo ruído a uma população de bombeiros
https://goo.gl/Zz6uum
Norma de Higiene Ocupacional 01 (NHO-01)
https://goo.gl/03CTpQ
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Avaliação do Ruído Ocupacional e Ambiental
Referências
ABNT. NBR 10151. Acústica – avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o con-
forto da comunidade – Procedimento. Rio de Janeiro, RJ: ABNT, 2000. Disponível em:
<http://www.semace.ce.gov.br/wp-content/uploads/2012/01/Avalia%C3%A7%C3%A
3o+do+Ru%C3%ADdo+em+%C3%81reas+Habitadas.pdf>. Acesso em: 23/07/2018.
ABNT. NBR 10152. Níveis de ruído para conforto acústico. Rio de Janeiro, RJ:
ABNT, 1987. Disponível em: <http://www.joaopessoa.pb.gov.br/portal/wp-con-
tent/uploads/2015/02/NBR_10152-1987-Conforto-Ac_stico.pdf>. Acesso em:
23/07/2018.
GERGES, S.N.Y. Ruído: Fundamentos e Controle. 2. ed. Santa Catarina: NR Editora, 2000.
SALIBA, T.M. Manual Prático de Avaliação e Controle do Ruído: PPRA – 10. ed.
São Paulo: LTR, 2018.
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