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Exmo.

Senhor
Rafael Sant'Ana

hippo.burger@aol.com

S/Referência S/Comunicação N.o Processo N/Referência Data


MC/2021/00223 CRI/MC/2021/00701 2021/05/03

Assunto: Esclarecimentos

Exmo. Senhor,
Acusa-se a receção da mensagem de correio eletrónico enviada por V. Exa. no dia 27 de abril de
2021, a qual mereceu a melhor atenção.
Após análise da referida mensagem, cumpre esclarecer, antes de mais, que o Mediador do
Crédito (i) não é uma instituição de crédito, pelo que não concede crédito e (ii) é uma entidade
pública independente, não estando vinculado a qualquer instituição de crédito.
A figura do Mediador do Crédito foi introduzida no ordenamento jurídico português pelo
Decreto-Lei n.º 144/2009, de 17 de junho, tendo como missão defender e promover “direitos,
garantias e interesses legítimos de quaisquer pessoas ou entidades que sejam partes em relações
de crédito” e contribuir “para melhorar o acesso ao crédito junto do sistema financeiro”. Embora
funcione junto do Banco de Portugal, o Mediador do Crédito tem competências próprias,
distintas das daquela instituição, e goza de independência no exercício das suas funções.
Para uma melhor elucidação de V. Exa. acerca das atribuições e competências do Mediador do
Crédito, sugere-se que consulte o sítio do Mediador do Crédito na internet, no endereço
eletrónico https://www.mediadordocredito.pt/, e, especificamente, o “Guia Prático – Mediador
do Crédito” nele disponível.
Mais se informa que apenas as instituições de crédito e determinadas sociedades financeiras1
estão autorizadas a efetuar operações de crédito a título profissional, podendo a lista dessas
instituições ser consultada no seguinte endereço eletrónico:
https://www.bportugal.pt/entidades-autorizadas.
Face ao teor da exposição de V. Exa., informa-se ainda que a prestação de esclarecimentos em
matéria de crédito, bem como a mediação nomeadamente no âmbito da obtenção de crédito,

1Além destas, também as instituições de pagamento e as instituições de moeda eletrónica podem conceder crédito
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mas apenas a título acessório e para a execução de operações de pagamento.

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se enquadram nas competências do Mediador do Crédito. Assinala-se, no entanto, que esta
entidade não presta aconselhamento jurídico nem financeiro aos clientes bancários.
Assim, considera-se relevante esclarecer, em primeiro lugar, que a concessão e o
acompanhamento das operações de crédito são atos de gestão comercial por parte das
instituições de crédito, pressupondo análises de várias vertentes do relacionamento com o
cliente, nomeadamente a avaliação da capacidade de cumprimento das responsabilidades
assumidas, e que atenderão ainda às condições intrínsecas do financiamento, como sejam a
finalidade, o tipo, a forma, o prazo de reembolso e as garantias.
Aquando da análise de um pedido de crédito, as instituições de crédito têm em consideração os
critérios de análise de risco previamente estabelecidos e analisam vários elementos/documentos
– em especial de natureza financeira –, bem como consultam bases de dados de
responsabilidades de crédito, nomeadamente a Central de Responsabilidades de Crédito (CRC)2,
e, no caso de financiamento de um negócio/projeto de investimento, analisam o respetivo plano
de negócios, assim como a capacidade e o histórico de gestão do promotor/proponente.
A decisão de concessão de crédito cabe à instituição de crédito, ao abrigo do princípio da
liberdade contratual, com base na sua política de concessão de crédito e nos critérios internos
de análise de risco, como atrás referido.
Neste contexto, um pedido de crédito poderá ser aceite ou rejeitado pela instituição de crédito,
consoante a análise da situação que aquela efetue (e que terá em consideração nomeadamente
os fatores atrás enunciados).
No que concerne ao microcrédito, informa-se que este é um tipo de crédito bancário destinado
a apoiar pessoas que não têm acesso ao crédito bancário normal, mas que querem desenvolver
uma atividade económica por conta própria e reúnem condições e capacidades pessoais que
antecipam o êxito da iniciativa que pretendem tomar e para a qual necessitam de um
financiamento de pequeno montante3.
Neste âmbito, destaca-se o Programa Nacional de Microcrédito que se insere no Programa de
Apoio ao Empreendedorismo e à Criação do Próprio Emprego (PAECPE), estabelecido na Portaria
n.º 985/2009, de 4 de setembro, com as alterações introduzidas pela Portaria n.º 58/2011, de 28
de janeiro, pela Portaria n.º 95/2012, de 4 de abril, e pela Portaria nº 157/2015, de 28 de maio4.
O PAECPE é promovido e executado pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional, I. P.
(IEFP) e pela Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES). No Capítulo II da
Portaria acima referida, sobre os apoios à criação de empresas, destaca-se a Secção I, na qual
são indicadas as condições e os requisitos de acesso a esses apoios. Para esclarecimentos sobre
o acesso ao microcrédito através daquele programa, sugere-se o contacto com a CASES5.

2 A CRC é um sistema de informação gerido pelo Banco de Portugal, constituído por informação – nomeadamente de
natureza financeira – sobre as responsabilidades de crédito, efetivas e potenciais, recebida das entidades participantes
e decorrente de operações de crédito, e por um conjunto de serviços relativos ao seu processamento e difusão.
3 Para mais informações sobre o microcrédito e a criação de uma empresa, sugere-se a consulta do Portal Todos

Contam, em especial os seguintes endereços eletrónicos https://www.todoscontam.pt/pt-pt/criar-uma-empresa e


https://www.todoscontam.pt/pt-pt/microcredito.
4 Versão consolidada disponível para consulta no endereço eletrónico: https://dre.pt/web/guest/legislacao-

consolidada/-
/lc/108335077/202105031447/exportPdf/normal/1/cacheLevelPage?_LegislacaoConsolidada_WAR_drefrontofficep
ortlet_rp=diploma.
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5 Vide os contactos disponíveis em: https://www.cases.pt/programas/microcredito/.

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Sem prejuízo do exposto, poderá ainda V. Exa dirigir-se diretamente a instituições de crédito6,
preferencialmente alguma com a qual tenha relacionamento comercial anterior, de modo a
tentar obter o financiamento pretendido, salientando-se que algumas instituições de crédito têm
linhas de crédito específicas para o microcrédito.
Na eventualidade de não conseguir obter o crédito pretendido, poderá V. Exa. contactar o
Mediador do Crédito – juntando cópia do pedido de crédito7, da resposta da instituição de
crédito e de eventual documentação adicional relevante para a apreciação da situação8 –, de
modo a se analisar o seguimento a dar ao assunto. Poderá, igualmente, contactar esta entidade
se não obtiver resposta da instituição de crédito dentro de um prazo razoável.
Informa-se ainda que, tendo em conta que o crédito pretendido se destina a investimento em
Portugal, poderá V. Exa. analisar a possibilidade de enquadrar o seu projeto de investimento nos
programas desenvolvidos pelo IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação, I.P.9.
Em caso de dúvidas sobre o teor da presente carta, ou caso V. Exa. pretenda algum
esclarecimento adicional, solicita-se que contacte o Mediador do Crédito, por correio eletrónico,
para o endereço mediador.do.credito@bportugal.pt, ou através do telefone +351 213 233 416.
Mais se solicita a V. Exa. que, nos futuros contactos junto desta entidade, indique o número de
processo que vem indicado em epígrafe.
Por último, informa-se que não são cobrados honorários pela intervenção do Mediador do
Crédito, nem imputados custos associados ao pedido de mediação.
Com os melhores cumprimentos,

M. Clara Machado
O Mediador do Crédito

6 Sugere-se que as diligências sejam realizadas mediante a apresentação de pedido por escrito, ficando com cópia do
mesmo para comprovar a tentativa prévia de negociação.
7 Através da intervenção do Mediador do Crédito, pretende-se ultrapassar situações de impasse e aproximar as

posições das partes na relação de crédito, razão pela qual esta entidade apenas intervém após uma tentativa prévia
(recente) de negociação do cliente bancário junto da instituição de crédito e desde que se verifique um impasse (ou
entrave) nas diligências efetuadas, ou não seja obtida resposta, decorrido um prazo razoável.
8 Os elementos referidos poderão ser enviados por correio eletrónico (mediador.do.credito@bportugal.pt) ou correio

postal (Mediador do Crédito, Apartado 21004, 1126-001 Lisboa).


9 Contactos do IAPMEI: Estrada do Paço do Lumiar, Campus do Lumiar - Edifício A, 1649 – 038 Lisboa | Telef:
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808 201 201 ou 213 836 237 (dias úteis das 9h às 18h) | info@iapmei.pt | https://www.iapmei.pt/.

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REGULAMENTO GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS 
Cláusula Informativa ‐ Cumprimento do dever de informação junto do titular dos dados 

1. Responsável, fundamento e finalidade 
Os dados pessoais recolhidos são tratados pelo Mediador do Crédito – entidade pública criada, 
junto do Banco de Portugal, pelo Decreto‐Lei n.º 144/2009, de 17 de junho –, no respeito pelo 
Regulamento  (UE)  2016/679,  do  Parlamento  Europeu  e  do  Conselho,  de  27  de  abril  de  2016 
(doravante designado por Regulamento), e demais legislação de proteção de dados aplicável, com 
base no exercício de funções de interesse público e para as seguintes finalidades: 

 Mediação  no  âmbito  do  acesso  ao  crédito  junto  do  sistema  financeiro  (nomeadamente 
obtenção e renegociação de créditos); 

 Prestação de esclarecimentos e informações em matéria de crédito. 

2. Obrigatoriedade 
O  fornecimento  de  dados  para  estas  finalidades  é  obrigatório.  A  não  prestação  dos  mesmos 
implica  que  não  seja  dado  seguimento  ao  pedido  do  titular  dos  dados  junto  do  Mediador  do 
Crédito, seja um pedido de mediação, seja um pedido de esclarecimentos ou de informações em 
matéria de crédito. 

3. Conservação 
Os dados pessoais são conservados durante o prazo de 10 anos, após a data de encerramento do 
respetivo processo. 

4. Destinatários 
Os dados pessoais recolhidos podem ser comunicados aos seguintes destinatários: 

 Instituições de crédito, sociedades financeiras e entidades adquirentes de créditos concedidos 
por instituições de crédito ou sociedades financeiras, visadas nos pedidos de mediação, ou nos 
pedidos de esclarecimentos ou informações; 

 Banco de Portugal, nos termos legais, ao abrigo do dever de cooperação; 

 Outras entidades públicas, incluindo os tribunais, o Ministério Público, a Autoridade Tributária 
e Aduaneira e a Segurança Social, entre outras, no cumprimento de obrigações legais; 

 Banco de Portugal, ainda, na medida em que, nos termos legais, aquele presta o apoio técnico 
e administrativo necessário ao funcionamento do Mediador do Crédito. 

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5. Direitos 
5.1. Informamos ainda que o titular dos dados tem direito, nos termos previstos no Regulamento 
e demais legislação de proteção de dados aplicável: 

– A solicitar ao Mediador do Crédito o acesso aos dados pessoais que lhe digam respeito, à 
sua retificação e ao seu apagamento; 

– À limitação e oposição ao tratamento. 

5.2. Em relação aos direitos de limitação, oposição e apagamento, o seu exercício poderá sofrer 
limitações  justificadas  e  proporcionais  na  ponderação  com  a  prossecução  do  interesse 
público prosseguido pelo Mediador do Crédito no caso concreto. 

6. Contactos 
Os referidos direitos são exercidos através de solicitação à Encarregada da Proteção de Dados do 
Mediador do Crédito, mediante o preenchimento do formulário disponibilizado para o efeito1, o 
qual deve ser enviado para um dos seguintes endereços:  

 Correio eletrónico: 

encarregado.protecao.dados@bportugal.pt; ou, 

 Correio postal: 

Gabinete de Proteção de Dados do Banco de Portugal  

Rua do Comércio, 148  

1100‐150 Lisboa

7. Reclamação 
Não obstante, o titular dos dados tem ainda o direito de apresentar uma reclamação junto da 
Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD), enquanto autoridade de controlo. 

                                                            
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 Formulário disponível no sítio do Mediador do Crédito na internet, no endereço eletrónico https://www.mediadordocredito.pt/protecao‐
de‐dados.  

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