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estudo / formação

classes sociais
nota de esclarecimento
Nessa apresentação temos um estudo/formação feito por alguns compas da
Frente Sindical da OASL-CAB. Tivemos uma discussão na frente para validação das
grandes linhas e depois a elaboração por esses compas delegados, de modo que
não se trata de uma posição coletiva da OASL-CAB.
Esse é um estudo mais aprofundado sobre as classes sociais, que não apenas
retoma alguns elementos teóricos que têm sido desenvolvidos na CAB, mas
avança nesse desenvolvimento e, principalmente, em sua aplicação numa leitura
do Brasil contemporâneo.
Gostaríamos que @s compas lessem o material e verificassem se têm alguma
dúvida ou alguma contribuição. Para isso, é importante ter em mente algumas
coisas:
1.) Esse é um debate apenas sobre classes sociais, de modo que devemos, num
momento seguinte, incorporar nessa discussão todos elementos relativos às
questões de gênero e a raça/etnia para deixá-la realmente completa;
nota de esclarecimento
2.) Muitos aspectos desse estudo são bastante complexos e podem ser bem
complementados (em especial na parte sobre o Brasil, na discussão das classes
concretas etc.), e a forma que se segue foi a que pensamos ser a mais viável nesse
momento; obviamente, muitas coisas poderiam ser feitas de modo diferente e
várias decisões que tomamos foram, em certa medida, arbitrárias;
3.) Por isso, pedimos a tod@s que tentem pontuas as divergências mais em
relação a questões relevantes ou que evidenciem erros ou equívocos de nossa
parte e não tanto sobre questões menores; isso facilitará a discussão.
Como em outros casos, é evidente que, chegando em um acordo sobre o tema da
apresentação, teremos que trabalhar para complementá-lo e, ao mesmo tempo,
para incorporá-lo em nossas linhas e materiais, e também, quando for o caso, em
simplificações para a divulgação em forma de propaganda e mesmo para o
trabalho de base.
Esperamos que esse trabalho possa contribuir com o avanço das nossas posições!
objetivos

• Alinhar nossa concepção de classes sociais


• Falar sobre limites das noções liberais e marxistas
• Estabelecer os fundamentos de nossa concepção teórica
• O que são as classes sociais? Como elas são definidas?
Quantas e quais são as classes sociais? O que é luta de
classes?
• Aplicar esses fundamentos numa leitura do Brasil
concepções liberais e marxistas
liberais e marxistas

• Liberais
• A, B, C, D, E (IBGE) ou Baixa, Média, Alta
(Sec. Assuntos Estratégicos, SAE) etc.
• Definição: distribuição e consumo (renda)
• Marxistas
• Burguesia, pequena burguesia, proletariado,
campesinato, “lúmpem” etc.
• Definição: produção e ocupação (posição)
liberais e marxistas

• Limites das abordagens liberais e marxistas


• São incompletas, pois tomam a economia como
único critério para definir as classes sociais
• Em alguns casos, caem no economicismo
grosseiro
• Em outros, minimizam o papel de elementos
políticos e culturais na definição e no
funcionamento das classes sociais
liberais e marxistas

• Com isso, não permitem que se entenda de


modo adequado as classes e a luta de classes
• E, numa reflexão estratégica, quem são
possíveis aliados, adversários e inimigos
nossa concepção teórica de classes sociais
referências

Mikhail Bakunin Errico Malatesta Alfredo Errandonea


(1814-1876) (1853-1932) (1935-2001)

+ Contribuições produzidas pela militância da CAB e entorno


+ Inúmeras fontes de dados sobre o Brasil
classe > economia

• Enfrentando limites
• Classe é mais do que renda e posição relativa
aos meios de produção econômicos
• É mais do que economia e exploração do trabalho
• Necessidade de incorporar outros elementos sociais,
em especial aqueles políticos e culturais
classe, exploração e dominação

• Superar relação: exploração -> classe


• Exploração como uma forma, um tipo de dominação

• Operar com a relação: dominação -> classe


• Conceito de dominação como base para
definir as classes sociais
dominação

• Relação social hierárquica resultante do enfrentamento


entre forças sociais, que ocorre em todas as esferas
e partes da sociedade
• Trata-se de uma forma ou de um tipo de relação de poder que:
• Se realiza com um (ou alguns) se impondo sobre outro(s),
estabelecendo uma hierarquia durável, decidindo o que diz
respeito a todos e usufruindo de certos privilégios
• Envolve controle da força social dos subjugados,
apropriação dos frutos de seu trabalho, relações de
mando e obediência, violência, repressão, alienação etc.
dominação

• Na sociedade, de maneira geral, caracteriza-se por uma


minoria privilegiada (com maior força social) que se impõe
a uma maioria desprivilegiada (com menor força social)
para benefício da primeira e em detrimento da segunda
• Explica as desigualdades sociais e pode ser de vários tipos
ou formas: de classe, mas também nacional, de gênero, de
sexualidade, étnico-racial etc.
formas/tipos de dominação

 Dominação nacional
(Colonialismo/Imperialismo)
 Dominação de gênero
(Patriarcado)
 Dominação étnico/racial
(Racismo)

 Dominação de classe
 Nosso foco nesta discussão
dominação de classe

• Dominação que uma (algumas) classe(s) exerce(m) sobre


outra(s) classes
• Trata-se, como colocado, de um tipo, uma forma de
dominação, que é essencial no sistema de dominação
[modo de poder] capitalista
• Relaciona-se, influencia e é influenciada por outros
tipos/formas de dominação, e não as subordina
necessariamente
classes sociais

• Agrupamentos humanos estáveis que existem na estrutura


de sociedades desiguais, que se definem pelas relações de
dominação e são produzidas pela propriedade e pelo controle
nas diferentes esferas sociais
• Esfera econômica
• Esfera política-jurídica-militar
• Esfera cultural-ideológica
propriedade e controle

• Esfera econômica: Propriedade/Controle dos meios de


produção, de distribuição e capital
• Esfera política-jurídica-militar: Propriedade/Controle
dos meios de administração e coerção
• Esfera cultural-ideológica: Propriedade/Controle dos
meios de produção e difusão de conhecimento
produção e reprodução das classes sociais

Dominação de classe Propriedade/Controle


nas diferentes esferas

Propriedade/Controle
nas diferentes esferas Dominação de classe

 Tem por base diferentes formas/tipos de dominação


(que produzem e reproduzem as classes)
complementando: formas/tipos de dominação

 Dominação nacional (Colonialismo/Imperialismo)


 Dominação de gênero (Patriarcado)
 Dominação étnico/racial (Racismo)

 Dominação de classe
 Exploração do trabalho
 Coerção física
 Dominação político-burocrática
 Alienação cultural
classe: formas/tipos de dominação

• Esfera econômica: propriedade dos meios de produção


(incluindo a terra), de distribuição e do capital
• Forma/tipo de dominação: 1.) Exploração do trabalho
• Apropriação dos excedentes do trabalho
• Maioria trabalha para dar lucros e bem-estar
a uma minoria
classe: formas/tipos de dominação

• Esfera política-jurídica-militar: propriedade dos meios de


administração, controle e coerção
• Forma/tipo de dominação: 2.) Coerção física
• Violência e repressão
• Minoria mata, prende e intimida/ameaça a maioria
classe: formas/tipos de dominação

• Esfera política-jurídica-militar: propriedade dos meios de


administração, controle e coerção
• Forma/tipo de dominação: 3.) Dominação político-
burocrática
• Relação de mando e obediência
• Minoria decide e maioria obedece
classe: formas/tipos de dominação

• Esfera cultural-ideológica: propriedade dos meios de produção e


difusão do conhecimento
• Forma/tipo de dominação: 4.) Alienação cultural
• Monopólio na produção e difusão de ideias,
informações, concepções de mundo
• Minoria produz, distribui, maioria “consome”/reproduz
classe: relação e dependência mútua de certos
tipos/formas de dominação
Exploração do trabalho

Dominação
político-burocrática Coerção física

Alienação cultural
produção das classes sociais

• Essa propriedade e esse controle nas diferentes esferas são


causa e efeito das relações de dominação

• As mencionadas quatro formas/tipos de dominação,


articuladas, estruturam parte importante da sociedade,
produzem as classes sociais
• São responsáveis por distintos elementos desigualmente
distribuídos na sociedade (dinheiro, poder, saber etc.)
classes sociais e sistemas de dominação

• As classes sociais permitem explicar grande parte dos


privilégios, das explorações, das violências, das decisões
e dos saberes de uma sociedade
• Elas desvendam aspectos e características essenciais dos
sistemas de dominação históricos
 Mas estão longe de explicar tudo, porque, como vimos,
há outras formas/tipos de dominação fundamentais
(colonialismo/imperialismo, racismo, patriarcado etc.)
não determinadas mecanicamente pela dominação
de classe; e que interagem com elas (as influenciam
e são influenciadas por ela
posição, condição, função, experiência e ação

• Cada classe:
• Reúne um conjunto de pessoas que estão em posições
sociais semelhantes e que possuem condições de vida
semelhantes
• Possui certa homogeneidade em relação aos elementos
desigualmente distribuídos na sociedade
• Tem uma função social no sistema
posição, condição, função, experiência e ação

• Posição social: lugar ocupado na estrutura (Aonde está?)


• Condição de vida: modo de experienciar a existência
(Como vive?)
• Homogeneidades de seus membros (O que têm em comum?)
• Função social: papel cumprido na estrutura (Para que serve?)
 Mas cada classe também tem, historicamente, experiências
e ações distintas, que envolvem posições assumidas em
relação ao processo de luta de classes
interesse e consciência de classe

• Posições sociais, condições de vida, homogeneidades, funções


sociais e experiências e ações são características comuns de cada
classe social
• Interesse de classe: cada classe possui certos interesses,
determinado pelos critérios acima; podem estar latentes
ou manifestos
• Consciência de classe: há consciência quando o
funcionamento da sociedade, assim como os interesses
de classe são compreendidos e manifestados por certas
pessoas (ou uma classe de maneira geral)
luta de classes

• Conflito/Disputa permanente entre as


classes sociais motivado pelas relações
sociais que envolvem as propriedades, os
controles e as formas/tipos de dominação
(produtoras e reprodutoras das classes
sociais)
• Exploração, coerção física,
dominação político-burocrática e
alienação cultural)
luta de classes

• Tais relações produzem diferenças e contradições que


têm a ver com interesses, posições sociais, condições
de vida, homogeneidades, funções sociais, experiências
e ações de classe
• Há luta de classes mesmo sem consciência de classe
e sem ações organizadas de classe (pode ser mais ou
menos visível, mais ou menos violenta)
• Conflitos estão em toda a sociedade e marcam, além
das classes, relações entre frações e setores das próprias
classes
manifestações particulares e gerais

• A luta de classes se expressa em manifestações


particulares e em manifestações gerais
• Manifestações particulares: conflitos entre duas
classes contraditórias: trabalhadores X patrões,
camponeses X latifundiários etc.
• Manifestações gerais: conflitos entre
classes dominantes (opressoras/privilegiadas)
e classes dominadas (oprimidas/despossuídas)
classes e luta de classes na história
contexto e história

• Classes sociais existiram e existem em toda a história das


sociedades estruturalmente desiguais
• Nos diferenciamos da noção de que as classes
só existem no capitalismo
• Em cada contexto, há classes sociais concretas e históricas
e a luta de classes se expressa de uma maneira diferente
• Estruturas sempre bastante complexas
• Classes e luta modificam-se historicamente, assumem
configurações distintas a depender do sistema de
dominação ou modo de poder em questão
século XX

• Ao longo de grande parte do século XX, por exemplo,


podemos falar em dois grandes paradigmas:
• Capitalismo liberal
• “Socialismo” real

• Podemos entender a estrutura de classes nesses dois casos,


de maneira bastante simplificada, do seguinte modo:
capitalismo liberal

• Dominação de classe articula, como classes dominantes:


• Burguesia + Burocracia + Donos do conhecimento e da
informação + Gestores (que crescem ao longo do período)
• Setores intermediários
• E como classes oprimidas:
• Proletariado + Campesinato + Informais e precários
“socialismo” real

• Dominação de classe articula, como classe dominante:


• Burocracia
• E como classes oprimidas:
• Proletariado + Campesinato + Marginalizados
modernização e desigualdades no Brasil
sistemas de dominação

• Como em todo lugar, o Brasil desenvolve-se historicamente.


Podemos falar, em linhas gerais, em dois sistemas de
dominação históricos [dois modos de poder] em nosso país,
desde a invasão portuguesa:
• Sistema colonial-escravocrata
(sécs. 16 a 19, “pré-moderno”)
• Sistema capitalista-estatista
(fim do séc. 19 em diante, “moderno”)
modernização e classes

• A modernização brasileira
• Entre finais do século XIX e início do XX, conforma-se um
mercado capitalista e um Estado burocrático centralizado
• Abolição da escravidão em 1888 tem papel importante
• Força muito maior da política de branqueamento
institucionalizada (incentivo à imigração europeia)
• Início do século XX há a criação de uma intelligentsia
brasileira, vinculada ao crescimento da grande imprensa,
das universidades, do mercado editorial etc.
modernização e classes

• A modernização brasileira
• Ex-escravos são jogados à própria sorte para sobreviver
(“trabalhadores livres”); compõem na maioria dos casos a
parte mais baixa da hierarquia de classes no Brasil
• Maioria dos imigrantes são trabalhadores
(proletários e camponeses), mas outros ascendem
ou ocupam classes superiores
• Mesmo quando são trabalhadores, não sofrem
de maneira tão dura os efeitos das relações de
dominação (que atinge mais os ex-escravos)
modernização e classes

• A modernização brasileira
• Forma-se uma pequena burguesia; começam a
se destacar os gestores e os donos dos meios de
produção de conhecimento e informação (ambos
ganharão mais espaço com o avançar do século XX)
• Forma-se uma burocracia de Estado e uma burguesia
urbana, que passa a disputar espaço nas classes
dominantes com os latifundiários (muitos investem
em empreendimentos nas cidades)
modernização e classes

• Ao longo do século XX
• Ganho de espaço da burguesia urbana em relação aos
latifundiários; nos fins do século XX, setor financeiro
multiplica sua força
• Burocracia, donos de conhecimento/informações
e altos gestores se expandem fortemente
• Proletariado e informais urbanos crescem bastante
em relação aos camponeses
• Campo se proletariza significativamente com o
crescimento do agronegócio
desigualdades no Brasil contemporâneo

• Enorme desigualdade econômica


• Entre as maiores concentrações de renda do mundo
• 5 brasileiros mais ricos tem mesma riqueza que
50% da população (Oxfam, 2018); 1% das pessoas
têm quase 30% da renda (RDH, ONU, 2019)
• Mobilidade social muito reduzida
• 70% das diferenças são transmitidas aos filhos
(rico permanece rico, pobre permanece pobre);
9 gerações para pessoa pobre chegar à média
salarial do país (OCDE, 2018)
• Jorge Paulo Lemann, 78 anos (3G
Capital) - R$ 95,3 bilhões
• Joseph Safra, 78 anos (Banco
Safra) - R$ 71,1 bilhões • Mais de 100 milhões de
• Marcel Herrmann Telles, 67 anos
(3G Capital) - R$ 47,7 bilhões brasileiros
• Carlos Alberto Sicupira, 69 anos
(3G Capital) - R$ 40,7 bilhões
• Eduardo Saverin, 35 anos
(Facebook) - R$ 29,3 bilhões
OCDE, 2018
desigualdades no Brasil contemporâneo

• Enormes desigualdades políticas


• 0,03% (políticos eleitos) tomam decisões
que impactam 99,97% da população
• 0,02% (juízes e promotores)
julgam 99,9% da população
• 0,26% (polícias militar e civil)
reprimem 99,74% da população
desigualdades no Brasil contemporâneo

• Enormes desigualdades culturais


• Uma das maiores concentrações de mídia do mundo
• 4 maiores TVs, mídias impressas e online atingem
em média 60% da audiência
• Propriedade cruzada: entre as 26 maiores redes, 9 são
da Globo, 5 da Band, 5 Record (IURD), 4 RBS, 3 Folha
• Apenas 34% da população tem nível superior

 Todas essas desigualdades estão também relacionadas às


dominações de gênero e raça
classes sociais no Brasil contemporâneo
classes
classesno
sociais
Brasil do século XXI

Conjunto do Classes sociais Classes sociais concretas


sistema (manifestações gerais) (manifestações particulares)

Burguesia
Classes dominantes

Burocracia
(ou opressoras /
privilegiadas) Donos do conhecimento e
da informação
[4 classes concretas]
Altos gestores

Estrutura de classes Setores intermediários Pequena burguesia

[2 classes concretas] Médios gestores

Classes oprimidas
Proletariado

(ou dominadas /
Campesinato e Povos Tradicionais
despossuídas)

Marginalizados
[3 classes concretas]
classesno
classes e frações deséculo
Brasil do classeXXI
Conjunto do Classes sociais Classes sociais concretas
Frações de classe
sistema (manifestações gerais) (manifestações particulares)

Agrária/Extrativista

Industrial
Burguesia
Comercial/Serviços

Financeira

Política/Partidária
Classes dominantes
Militar
(ou opressoras /
Burocracia
privilegiadas)
Técnica/Jurídica
[4 classes concretas]
Empresarial/Estatal

Clero
Donos do conhecimento e
da informação
Empresariado cultural

Empresariais
Estrutura de classes Altos gestores
Culturais

Setores intermediários Pequena burguesia -

[2 classes concretas] Médios gestores -

Assalariados formais
- Mais estáveis
- Menos estáveis

Proletariado* Autônomos

Classes oprimidas Precarizados


- Com patrão capitalista/Estado
(ou dominadas / - Sem patrão capitalista/Estado
despossuídas)
Pequenos proprietários de terras
[3 classes concretas]
Campesinato e Povos Tradicionais Rendeiros e posseiros

Indígenas, quilombolas e ribeirinhos

Marginalizados -
classes e frações de classe

Agrária/Extrativista

Industrial
Burguesia
Comercial/Serviços

Financeira
classes e frações de classe

Política/Partidária

Militar
Burocracia
Técnica/Jurídica

Empresarial/Estatal
classes e frações de classe

Clero
Donos do conhecimento e
da informação
Empresariado cultural
classes e frações de classe

Empresariais
Altos gestores
Culturais
classes e frações de classe

Pequena burguesia -
classes e frações de classe

Médios gestores -
classes e frações de classe

Assalariados formais
- Mais estáveis
- Menos estáveis

Proletariado* Autônomos

Precarizados
- Com patrão capitalista/Estado
- Sem patrão capitalista/Estado

* Critérios transversais de estratificação:


urbano/rural; privado/público
classes e frações de classe

Pequenos proprietários de terras

Campesinato e Povos Tradicionais Rendeiros e posseiros

Indígenas, quilombolas e ribeirinhos


classes e frações de classe

Marginalizados -
Indicações e padronização de termos

• Priorizar “classes dominantes” em relação a classes opressoras


ou privilegiadas
• Evitar classes exploradoras
• Priorizar “classes oprimidas” em relação a classes dominadas ou
despossuídas
• Evitar classes exploradas
• Evitar se referir às classes dominantes e oprimidas no singular:
“classe dominante”, “classe oprimida” etc.
Indicações e padronização de termos

• Evitar resumir a contradição de classes sistêmica


a “burguesia X proletariado”
• Ter em mente que, muitas vezes, é melhor pensar em
termos de famílias do que de indivíduos
• Atenção pois outros setores da esquerda que falam em “classe
dos gestores”, “classe intelectual” etc. incluem também aquilo
que estamos chamando de “burocracia”
• Atenção para não utilizar “pequena burguesia” no sentido que
parte da esquerda usa, referindo-se a um tipo trabalhador com
bom salário, estabilidade etc.
Indicações e padronização de termos

• Atenção para não confundir grandes/médias empresas com as


pequenas, assim como os cargos de gestão nessas empresas
• Pequenos gestores (supervisores, coordenadores etc.) não
fazem parte dos altos ou médios gestores; em geral são
trabalhadores com funções de chefia (o que, obviamente,
implica diferenças a serem levadas em conta nas análises)
• Atenção porque nossa forma de conceber o proletariado é bem
diferente da concepção da maioria dos marxistas
• Atenção para não confundir “proletários autônomos” com
“pequena burguesia”
Indicações e padronização de termos

• Evitar a utilização do termo “precariado”; na nossa concepção,


em geral se assemelha ao “proletariado precarizado”
• “Classe trabalhadora” não é o termo mais adequado; na nossa
classificação, ele é sinônimo de “classes oprimidas” e não abarca
somente o proletariado
• Evitar utilizar o termo “classe(s) média(s)” em função da
confusão que pode ser gerada graças ao forte sentido do senso
comum
• Ainda assim, podemos considerar sinônimo de nossos
“setores intermediários”
classes,nofrações
classes e ocupações
Brasil do século XXI
Conjunto do Classes sociais Classes sociais concretas
Frações de classe Ocupações
sistema (manifestações gerais) (manifestações particulares)

Agrária/Extrativista

Industrial
Latifundiários, grandes empresários (industriais, comerciantes, serviços), grandes acionistas
Burguesia
e investidores, banqueiros, grandes milionários e bilionários
Comercial/Serviços

Financeira

Política/Partidária

Classes dominantes
Militar Políticos eleitos (executivo e legislativo), alto escalão dos governos (secretários e ministros),
(ou opressoras /
Burocracia juízes, promotores, delegados, militares, policiais (militares, civis, federais),
privilegiadas)
dirigentes de estatais
Técnica/Jurídica
[4 classes concretas]

Empresarial/Estatal

Clero
Donos do conhecimento e Altas lideranças religiosas protestantes e católicas, proprietários da grande imprensa,
da informação grandes empresários do mundo editorial e da educação
Empresariado cultural

Empresariais Altos gestores das diferentes formas de propriedade (excluindo a burocracia), CEOs, presidentes e
Estrutura de classes diretores de grandes empresas, diretores de jornalismo e editores-chefes de grandes
Altos gestores
redes de comunicação, diretores e gestores de grandes fundações e ONGs,
Culturais altos administradores das universidades (burocracia acadêmica)

Pequenos empresários (indústria, serviço, comércio), "profissionais liberais" (altamente qualificados como dentistas,
Setores intermediários Pequena burguesia -
médicos, advogados etc.), alta intelectualidade e grandes influenciadores

[2 classes concretas]
Médios gestores - Gerentes e baixos diretores de empresas médias e grandes, incluindo nas áreas de educação e comunicação

Assalariados formais Assalariados:


- Mais estáveis * Mais estáveis: funcionários públicos concursados e assalariados empresas/CLT em geral
- Menos estáveis * Menos estáveis (telemarketing, pequenos comércios, construção, supermercados,
tercerizados serviço público
Autônomos (não se encaixam na pequena burguesia): feirantes, caminhoneiros, taxistas,
Proletariado Autônomos
pipoqueiros, professores particulares
Precarizados:
Precarizados * "Com patrão": Trabalhadores de aplicativos, temporários e informais do setor privado e público
Classes oprimidas - Com patrão capitalista/Estado * "Sem patrão": empregadas, donas de casa, trabalhadores que vivem de pequenos serviços e bicos, vendedores
- Sem patrão capitalista/Estado ambulantes e desempregados ("se virando como dá")
(ou dominadas /
despossuídas)
Pequenos proprietários de terras
[3 classes concretas]
Pequenos proprietários (controle sobre a terra), rendeiros e posseiros: agricultores
Campesinato e Povos Tradicionais Rendeiros e posseiros
e pecuaristas familiares, caseiros; povos tradicionais vivendo formas de vida tradicionais

Indígenas, quilombolas e ribeirinhos

Trabalhadores em situação análoga à escravidão, presos, aqueles que vivem de pequenos crimes,
Marginalizados -
pessoas em situação de rua, prostitutas precarizadas
classes,nofrações
classes e ocupações
Brasil do século XXI

Agrária/Extrativista

Industrial
Latifundiários, grandes empresários (industriais, comerciantes, serviços), grandes acionistas
Burguesia
e investidores, banqueiros, grandes milionários e bilionários
Comercial/Serviços

Financeira

• Latifundiários, grandes empresários (industriais, comerciantes,


serviços), grandes acionistas e investidores, banqueiros, grandes
milionários e bilionários
classes,nofrações
classes e ocupações
Brasil do século XXI

Política/Partidária

Militar Políticos eleitos (executivo e legislativo), alto escalão dos governos (secretários e ministros),
Burocracia juízes, promotores, delegados, militares, policiais (militares, civis, federais),
dirigentes de estatais
Técnica/Jurídica

Empresarial/Estatal

• Políticos eleitos (executivo e legislativo), alto escalão dos


governos (secretários e ministros), juízes, promotores, delegados,
militares, policiais (militares, civis, federais), dirigentes de estatais
classes,nofrações
classes e ocupações
Brasil do século XXI

Clero
Donos do conhecimento e Altas lideranças religiosas protestantes e católicas, proprietários da grande imprensa,
da informação grandes empresários do mundo editorial e da educação
Empresariado cultural

• Altas lideranças religiosas protestantes e católicas, proprietários


da grande imprensa, grandes empresários do mundo editorial e
da educação
classes,nofrações
classes e ocupações
Brasil do século XXI

Empresariais Altos gestores das diferentes formas de propriedade (excluindo a burocracia), CEOs, presidentes e
diretores de grandes empresas, diretores de jornalismo e editores-chefes de grandes
Altos gestores
redes de comunicação, diretores e gestores de grandes fundações e ONGs,
Culturais altos administradores das universidades (burocracia acadêmica)

• Altos gestores das diferentes formas de propriedade (excluindo


a burocracia), CEOs, presidentes e diretores de grandes
empresas, diretores de jornalismo e editores-chefes de grandes
redes de comunicação, diretores e gestores de grandes
fundações e ONGs, altos administradores das universidades
(burocracia acadêmica)
classes,nofrações
classes e ocupações
Brasil do século XXI

Pequenos empresários (indústria, serviço, comércio), "profissionais liberais" (altamente qualificados como dentistas,
Pequena burguesia -
médicos, advogados etc.), alta intelectualidade e grandes influenciadores

• Pequenos empresários (indústria, serviço, comércio),


"profissionais liberais" (altamente qualificados como dentistas,
médicos, advogados etc.), alta intelectualidade e grandes
influenciadores
classes,nofrações
classes e ocupações
Brasil do século XXI

Médios gestores - Gerentes e baixos diretores de empresas médias e grandes, incluindo nas áreas de educação e comunicação

• Gerentes e baixos diretores de empresas médias e grandes,


incluindo nas áreas de educação e comunicação
classes,nofrações
classes e ocupações
Brasil do século XXI

Assalariados formais Assalariados:


- Mais estáveis * Mais estáveis: funcionários públicos concursados e assalariados empresas/CLT em geral
- Menos estáveis * Menos estáveis (telemarketing, pequenos comércios, construção, supermercados,
tercerizados serviço público
Autônomos (não se encaixam na pequena burguesia): feirantes, caminhoneiros, taxistas,
Proletariado Autônomos
pipoqueiros, professores particulares
Precarizados:
Precarizados * "Com patrão": Trabalhadores de aplicativos, temporários e informais do setor privado e público
- Com patrão capitalista/Estado * "Sem patrão": empregadas, donas de casa, trabalhadores que vivem de pequenos serviços e bicos, vendedores
- Sem patrão capitalista/Estado ambulantes e desempregados ("se virando como dá")

• Assalariados. Mais estáveis: funcionários públicos concursados


e assalariados empresas/CLT em geral; Menos estáveis:
telemarketing, pequenos comércios, construção, supermercados,
tercerizados serviço público
classes,nofrações
classes e ocupações
Brasil do século XXI

Assalariados formais Assalariados:


- Mais estáveis * Mais estáveis: funcionários públicos concursados e assalariados empresas/CLT em geral
- Menos estáveis * Menos estáveis (telemarketing, pequenos comércios, construção, supermercados,
tercerizados serviço público
Autônomos (não se encaixam na pequena burguesia): feirantes, caminhoneiros, taxistas,
Proletariado Autônomos
pipoqueiros, professores particulares
Precarizados:
Precarizados * "Com patrão": Trabalhadores de aplicativos, temporários e informais do setor privado e público
- Com patrão capitalista/Estado * "Sem patrão": empregadas, donas de casa, trabalhadores que vivem de pequenos serviços e bicos, vendedores
- Sem patrão capitalista/Estado ambulantes e desempregados ("se virando como dá")

• Autônomos (não se encaixam na pequena burguesia): feirantes,


caminhoneiros, taxistas, pipoqueiros, professores particulares
• Precarizados: "Com patrão": Trabalhadores de aplicativos,
temporários e informais do setor privado e público; "Sem
patrão": empregadas, donas de casa, trabalhadores que vivem de
pequenos serviços e bicos, vendedores ambulantes e
desempregados ("se virando como dá")
classes,nofrações
classes e ocupações
Brasil do século XXI

Pequenos proprietários de terras

Pequenos proprietários (controle sobre a terra), rendeiros e posseiros: agricultores


Campesinato e Povos Tradicionais Rendeiros e posseiros
e pecuaristas familiares, caseiros; povos tradicionais vivendo formas de vida tradicionais

Indígenas, quilombolas e ribeirinhos

• Pequenos proprietários (controle sobre a terra), rendeiros e


posseiros: agricultores e pecuaristas familiares, caseiros; povos
tradicionais vivendo formas de vida tradicionais
classes,nofrações
classes e ocupações
Brasil do século XXI

Trabalhadores em situação análoga à escravidão, presos, aqueles que vivem de pequenos crimes,
Marginalizados -
pessoas em situação de rua, prostitutas precarizadas

• Trabalhadores em situação análoga à escravidão, presos,


aqueles que vivem de pequenos crimes, pessoas em situação de
rua, prostitutas precarizadas
classes e meios

Conjunto do Classes sociais Classes sociais concretas Meios de produção, de Meios de administração, Meios de produção e
sistema (manifestações gerais) (manifestações particulares) distribuição e do capital controle e coerção difusão do conhecimento

Burguesia Monopólio Enorme influência Enorme influência


Classes dominantes
Burocracia Presença considerável Monopólio Presença considerável
(ou opressoras /
privilegiadas) Donos do conhecimento e
Presença considerável Presença considerável Monopólio
da informação
[4 classes concretas] Controle / Grande influência no Controle / Grande influência no
Altos gestores -
controle controle

Estrutura de classes Setores intermediários Pequena burguesia Alguma influência Alguma influência Alguma influência

[2 classes concretas] Médios gestores Alguma influência Alguma influência Alguma influência

Classes oprimidas
Proletariado *** *** ***

(ou dominadas /
Campesinato e Povos Tradicionais ** ** **
despossuídas)

Marginalizados * * *
[3 classes concretas]
classes concretas (Brasil contemporâneo)
classe concreta

• Para cada classe concreta, apresentamos a seguir, de modo


bem resumido:
• Definição: levando em conta a relação da classe com
meios econômicos, políticos e culturais
• Quem pertence: frações e ocupações
• Quantidade de pessoas / famílias
• Características gerais
• Função
• Interesse
• Consciência
burguesia

• Monopólio da propriedade econômica (enormes privilégios),


enorme influência na política e no mundo do conhecimento/
informação (financiamento, prestígio, suborno etc.)
• Burguesia agrária/extrativista, industrial, comercial/serviços,
financeira: Latifundiários, grandes empresários, grandes
acionistas e investidores, banqueiros, grandes milionários e
bilionários (“produtivos” e “improdutivos”)
burguesia

• Setor mais poderoso: • Setor menos poderoso: Aprox. 55


Menos de 3000 pessoas mil pessoas
• 240 bilionários + 2000 • Proprietários de empresas
(+ de USD 50 milhões) grandes (+ 500 func.) e médias
+ familiares (100-500 func.) + familiares
• 0,001% da população • 0,03% da população

• Total da burguesia: Aprox. 57,5 mil pessoas


• 0,03% da população

* Daqui em diante, todos os números são aproximados; se alguém


precisar dos detalhes dos cálculos, é só solicitar
burguesia

• Cada vez mais dominada pela fração financeira e vinculada


ao capital internacional; não há uma “burguesia nacional”
com interesse de desenvolver o país: a burguesia brasileira é
extrativista e busca de lucros de curto prazo; se possível
extrai o que puder e vai morar no exterior
• Sua função é explorar trabalhadores e acumular lucros
(também pela jogatina financeira)
• Seu interesse está na manutenção da dominação de classe
e, assim, na continuidade, e sendo possível, no aumento de
suas taxas de lucro
burguesia

• Sua fração financeira é bem consciente e em geral impõe


seus interesses ao conjunto da classe; as frações produtivas
(apesar de muitas vezes estarem também no mundo financeiro)
ao aceitar como seu esse discurso, não raro se prejudicam; na
maioria alinhados à direita – desde a extrema-direita (liberal na
economia e conservadora nos costumes) até uma direita mais
“tucana” (liberal na economia e progressista nos costumes)
• Exs.: Taxas de juros, mercado consumidor,
investimentos/subsídios do Estado etc.
burocracia

• Monopólio da propriedade política (enormes privilégios),


presença considerável na economia e no mundo do
conhecimento/informação
• Burocracia política/partidária, militar, técnica/jurídica,
empresarial/estatal: Políticos eleitos (executivo e legislativo),
alto escalão dos governos (secretários e ministros), juízes,
promotores, delegados, militares, policiais (militares, civis,
federais), dirigentes de estatais
burocracia

• Aprox. 1,6 milhão de pessoas


• 70 mil políticos eleitos + aprox. 200 mil alto escalão e
dirigentes de estatais + 35 mil juízes e promotores
+ 12 mil delegados + 350 mil militares ativa + 550 mil
policiais + familiares
• 0,75% da população

• Classe com bastante heterogeneidade econômica – desde 1


salário mínimo por mês (recrutas) até 30 ou 40 mil ou mais
(judiciário + benefícios/bônus) – com algumas carreiras mais
duradouras e outras vinculadas às eleições e grupos no poder;
“porta-giratória” com setor privado
burocracia

• Sua função é manter a ordem (grande impacto no genocídio


e no encarceramento em massa de negros e pobres; repressão
de protestos etc.) e garantir a soberania do país
• Seu interesse está na manutenção da estrutura e na
manutenção ou progressão de seus privilégios e de sua
posição na estrutura
• Sua consciência se dá mais em função da fração de classe;
membros em geral compreendem seus interesses e têm forte
espírito corporativista; com exceção da fração político-partidária
(mais heterogênea), em geral está alinhada à direita (mais
extrema entre militares e mais “tucana” entre técnicos-jurídicos)
donos do conhecimento e da informação

• Monopólio da propriedade cultural (grandes privilégios),


presença considerável na economia (muitos proprietários)
e na política (muitos políticos)
• Clero e empresariado cultural: altas lideranças religiosas
protestantes e católicas, proprietários da grande imprensa,
grandes empresários do mundo editorial e da educação
• Aprox. 100 mil pessoas
• 75 mil clero + 200 proprietários dos grandes meios
(que em geral estão entre os super-ricos) + familiares
• 0,05% da população
donos do conhecimento e da informação

• Maiores igrejas: Católica Apostólica Romana, Batista, Adventista,


Luterana, Presbiteriana, Assembleia de Deus, Congregação Cristã,
Igreja Universal, Evangelho Quadrangular, Testemunha de Jeová
• Maiores grupos: Globo, SBT, Record, Band, Folha, RBS, Sada,
Brasil Telecom
• Apesar de numericamente muito inferiores, os donos dos
grandes meios são mais influentes que o clero; por isso,
seu poder individual/familiar é enorme; no caso da
Record as duas frações estão juntas; influência católica perdendo
espaço para evangélica (neopentecostais especialmente)
donos do conhecimento e da informação

• Sua função é produzir e reproduzir valores das classes


dominantes, garantindo a legitimação do sistema
• Seu interesse está na manutenção da dominação de classe, da
estrutura, na manutenção/aumento das taxas de lucro e na
manutenção/progressão de privilégios e posição
• Sua consciência se dá mais em função da fração de classe
do que da classe; em geral conscientes de seus interesses; no
clero o aspecto mais relevante é o alinhamento mais recente dos
neopentecostais à extrema direita; no empresariado cultural
prepondera a direita “tucana”
altos gestores

• Controle ou grande influência no controle da propriedade


econômica e cultural
• Altos gestores empresariais e culturais (não inclui a burocracia):
CEOs, presidentes e diretores de grandes empresas, diretores de
jornalismo e editores-chefes de grandes redes de comunicação,
diretores e gestores de grandes fundações e ONGs, altos
administradores das universidades (burocracia acadêmica)
• Aprox. 115 mil pessoas
• 75 mil em gdes. empresas (+ 500 func.) + 400 nas gdes. redes
de comunicação + 200 nas gdes. fundações e ONGs + 10 mil
burocratas acadêmicos (univ., centros univ. e IFs) + familiares
• 0,05% da população
altos gestores

• São assalariados ou PJ privilegiados com altíssimos salários:


na maioria dos casos ganham de 30 mil a 120 mil por mês
(em alguns casos mais do que isso e, em poucos casos, bancos
por ex., chegam a alguns milhões por mês); são representantes
diretos da burguesia (convencidos por ela) e fazem seu papel
no dia a dia, especialmente em multinacionais, empresas de
capital aberto etc.
• Sua função, no caso empresarial, é operar a exploração dos
trabalhadores e garantir o acúmulo de lucros da burguesia;
no caso cultural, contribuir com a produção e a reprodução
dos valores das classes dominantes, legitimando o sistema
altos gestores

• Seu interesse está na manutenção da dominação de classe,


da estrutura, na manutenção/aumento das taxas de lucro das
empresas nas quais trabalham, e na manutenção/progressão
de seus privilégios e posição
• Em geral, são conscientes de seu papel de “cão de guarda” da
burguesia e dos donos do conhecimento e da informação,
ainda que, na maioria dos casos, seus ganhos econômicos,
mesmo que bem altos, sejam muito menores que os deles;
em geral está alinhada à direita (nas últimas décadas mais
“tucana”, mas crescentemente mais extrema nos últimos anos)
pequena burguesia

• Alguma influência nos meios de produção econômicos,


políticos e culturais
• Pequenos empresários (indústria, serviço, comércio),
"profissionais liberais" (altamente qualificados como dentistas,
médicos, advogados etc.), alta intelectualidade e grandes
influenciadores
• Aprox. 25 milhões de pessoas
• 8 milhões de proprietários de micro e pequenas empresas
(não entra MEI) + 10 milhões de profissionais liberais + 10 mil
altos intelectuais + 1000 gdes. Influenciadores + familiares
• 11,2% da população
pequena burguesia

• A maioria das pequenas empresas está nos setores do


comércio e do serviço e tem até 10 funcionários; proprietários
de micro e pequenas empresas e profissionais liberais existem
em quantidade muitíssimo maior que a alta intelectualidade
e os grandes influenciadores
• No caso das empresas e profissionais liberais, sua função é
assumir as atividades e os setores não cobertos pelas grandes
empresas; no caso de intelectuais e influenciadores, é contribuir
determinantemente com a construção do pensamento
hegemônico na sociedade
pequena burguesia

• Seus interesses são sobreviver no mercado econômico e no


universo cultural e, sendo possível, aumentar seus lucros/
rendimentos, negócios e influência na sociedade, ascendendo
na estrutura
• Em geral são pouco conscientes de sua posição e de seus
interesses, pois se pensam como classe dominante e não são;
a maioria dos pequenos empresários e profissionais liberais
está alinhada à direita (nas últimas décadas mais “tucana”,
mas crescentemente mais extrema nos últimos anos); dentre
a intelectualidade e influenciadores, a maioria sustenta uma
posição “tucana”, ainda que posições mais progressistas sejam
também significativas
médios gestores

• Alguma influência nos meios de produção econômicos,


políticos e culturais
• Gerentes e baixos diretores de empresas médias e grandes,
incluindo nas áreas de educação e comunicação
• Aprox. 415 mil pessoas
• 225 mil em gdes. empresas (+ 500 func.) + 66 mil em médias
empresas (100-500 func.) + 1000 nas gdes. redes de
comunicação + 500 nas gdes. fundações e ONGs + 20 mil
burocratas acadêmicos (univ., centros univ. e IFs) + familiares
• 0,2% da população
médios gestores

• São assalariados ou PJ com bons salários e posição intermediária


entre os altos gestores e os trabalhadores; recebem entre 10 e 30
mil por mês, podendo chegar a mais do que isso em alguns casos;
são representantes indiretos da burguesia (em geral convencidos
por ela) e fazem seu papel no dia a dia, especialmente em
multinacionais, empresas de capital aberto etc.
• Sua função, no caso empresarial, é contribuir com a
operacionalização da exploração dos trabalhadores e com a
garantia do acúmulo de lucros da burguesia; no caso cultural,
contribuir com a produção e a reprodução dos valores das
classes dominantes, legitimando o sistema
médios gestores

• Seu interesse está na manutenção da dominação de classe,


da estrutura, na manutenção/aumento das taxas de lucro das
empresas nas quais trabalham, e na manutenção/progressão
de seus privilégios e posição
• Em geral, apesar de conscientes de seu papel de “cão de guarda”
das classes dominantes, não compreendem bem sua posição e
seus interesses, pois se pensam como classe dominante e não
são; em geral está alinhada à direita (nas últimas décadas mais
“tucana”, mas crescentemente mais extrema nos últimos anos)
proletariado

• Pouca influência nos meios de produção econômicos,


políticos e culturais
• Assalariados formais (Mais estáveis / Menos estáveis),
Autônomos e Precarizados (Com patrão capitalista/Estado
e Sem patrão capitalista/Estado)
• Assalariados mais estáveis: funcionários públicos
concursados e assalariados empresas/CLT em geral;
Assalariados menos estáveis: telemarketing, pequenos
comércios, construção, supermercados, terceirizados
serviço público
proletariado

• Autônomos (não se encaixam na pequena burguesia):


feirantes, caminhoneiros, taxistas, pipoqueiros,
professores particulares
• Precarizados “com patrão": Trabalhadores de aplicativos,
temporários e informais do setor privado e público;
Precarizados “sem patrão": empregadas, donas de casa,
trabalhadores que vivem de pequenos serviços e bicos,
vendedores ambulantes e desempregados ("se vira como dá")
• Podem ser estratificados transversalmente: setor privado,
público e outros (respectivamente 47%, 12%, 41%); urbano
ou rural (85% nas cidades e 15% no campo)
proletariado

• Aprox. 160 milhões de pessoas


• 60 milhões assalariados formais e informais (desses, 5
milhões são proletários rurais) + 30 milhões de autônomos e
precários + 15 milhões de donas de casa + 14 milhões de
desempregados + familiares
• 75% da população
• Vivendo um movimento geral de crescente precarização, com
mais da metade dos trabalhadores estando já na informalidade
(papel importante dos “aplicativos”); desemprego crescendo
proletariado

• Bastante heterogeneidade entre as frações de classe: salários,


estabilidade, relação trabalho intelectual-manual etc; na média
recebem 2,5 mil ao mês – mas a variação entre mínimo (menos
de um salário) e máximo (15/20 mil por mês) é grande; no campo,
emprego recuando em função da tecnologia
• Sua função é a realização do trabalho na produção e na
reprodução da vida (mercadorias, bens, serviços, trabalho
reprodutivo); no caso dos desempregados, exército de reserva
(controle de salários e mobilizações)
proletariado

• Seu interesse está na minimização da dominação de classe (com


mobilidade na estrutura, melhorando de condição) e, no limite,
no fim da dominação de classe (transformação da estrutura)
• Possui uma consciência bastante heterogênea, na qual influem
diretamente as ideias das classes dominantes, dificultando a
compreensão de seus interesses; politicamente é bastante plural:
economicamente tem traços mais progressistas (serviços públicos,
redução da pobreza etc.), nos costumes é mais conservadora
(conservadorismo que aumenta conforme se distancia dos
grandes centros)
campesinato e povos tradicionais

• Pouquíssima influência nos meios de produção econômicos,


políticos e culturais
• Pequenos proprietários de terras; Rendeiros e posseiros;
Indígenas, quilombolas e ribeirinhos: Pequenos proprietários
(controle sobre a terra), rendeiros e posseiros: agricultores e
pecuaristas familiares, caseiros; povos tradicionais vivendo
formas de vida tradicionais
• Aprox. 22 milhões de pessoas
• 12 milhões de pequenos proprietários, rendeiros e posseiros
+ 4,5 milhões de pessoas dos povos tradicionais + familiares
• 10% da população
campesinato e povos tradicionais

• Em geral sofre com o avanço do agronegócio e suas implicações


(não apenas economia, mas também violência); dificuldade de
permanência nas terras para rendeiros, posseiros e povos
tradicionais (estes que contam, ainda, com problemas para
demarcação de suas terras); pequenos proprietários sofrem com
as práticas capitalistas no campo
• Sua função, no caso dos camponeses, é a realização do trabalho
na produção (principalmente alimentos) e na reprodução da vida;
no caso dos povos tradicionais, é sua própria preservação e a
manutenção de sua forma de vida
campesinato e povos tradicionais

• Seu interesse está na minimização da dominação de classe (com


manutenção/devolução de suas terras, preservação do seu modo
de vida e melhoria de condição) e, no limite, no fim da dominação
de classe (transformação da estrutura)
• No caso dos povos tradicionais, compreendem bem seus
interesses; no caso dos camponeses, há maior heterogeneidade e
incidem com mais força, especialmente entre os jovens, as ideias
das classes dominantes
marginalizados

• Nenhuma influência nos meios de produção econômicos,


políticos e culturais
• Trabalhadores em situação análoga à escravidão, presos, aqueles
que vivem de pequenos crimes, pessoas em situação de rua,
prostitutas precarizadas
• Aprox. 5 milhões de pessoas
• 1500 semiescravos + 770 mil presidiários + 2 milhões de
criminosos + 220 mil em situação de rua + 600 mil (40%)
prostitutas precarizadas + familiares
• 2% da população
marginalizados

• São excluídos de praticamente todos os aspectos da vida; na


maioria dos casos não possuem qualquer dignidade e são
tratados como não pessoas; para as classes dominantes são os
“descartáveis” da sociedade; no caso do crime organizado,
funciona como máfia capitalista, não raro explorando
trabalhadores
• Suas funções variam de acordo com as ocupações: produção
com mínimo custo (semiescravos), afastamento de um conjunto
de pessoas da vida em sociedade (presidiários), reprodução da
vida (prostitutas) etc.
marginalizados

• Seu interesse está, na grande maioria dos casos (exceção para


alguns criminosos), na minimização da dominação de classe (com
a possibilidade de integração no proletariado, melhorando de
condição) e, no limite, no fim da dominação de classe
(transformação da estrutura)
• As extremas dificuldades em geral complicam a existência de
alguma consciência de classe; como nas outras classes oprimidas,
os marginalizados muitas vezes se culpam por sua própria
situação
Classes sociais Classes sociais concretas
Percentual da população
(manifestações gerais) (manifestações particulares)

Burguesia 0,03%
Classes dominantes
Burocracia 0,75%
(ou opressoras /
privilegiadas) Donos do conhecimento e
0,05%
da informação
[4 classes concretas]
Altos gestores 0,05%

Setores intermediários Pequena burguesia 11,26%

[2 classes concretas] Médios gestores 0,19%

Classes oprimidas Proletariado 75,09%

(ou dominadas /
Campesinato e Povos Tradicionais 10,32%
despossuídas)

[3 classes concretas] Marginalizados 2,25%


classes dominantes X classes oprimidas
Classes sociais
Percentual da população
(manifestações gerais)

Classes dominantes 1%

Setores intermediários 11%

Classes oprimidas 88%

Classes dominantes

Setores intermediários

Classes oprimidas
classes dominantes (em geral)

• Têm a propriedade e o controle nas esferas econômica, política e


cultural
• Quanto mais alta sua posição, maior é a proporção de
brancos/as (herança direta da escravidão); a burguesia é quase
totalmente branca; nas posições de maior poder e dentre os
maiores salários, a grande maioria é de homens
• Promovem o discurso da meritocracia e que merecem estar
onde estão; fomentam hierarquias entre frações e classes
(tentativa de se diferenciar dos mais baixos)
• Quanto mais alta sua posição, mais protegido pelas forças de
repressão e mais imune à justiça
classes oprimidas (em geral)

• Não tem propriedade e controle nas esferas econômica, política


e cultural
• Quanto mais baixa sua posição, maior é a proporção de
negros/as (herança direta da escravidão); negros/as são a maioria
das classes oprimidas; nas posições de menor poder e dentre os
menores salários, a maioria é de mulheres
• Em geral se culpam por estar onde estão (questões de confiança
e autoestima); fomentam hierarquias entre frações e classes
(tentativa de se diferenciar dos mais baixos)
• Quanto mais baixa sua posição, mais intimidados, reprimidos,
presos e mortos pelas forças de repressão
luta de classes no Brasil

Classes oprimidas Classes dominantes


88% 1%
convite para a companheirada
Como falamos no começo, deixamos aqui um convite para quem quiser/puder
contribuir com a melhoria desse estudo e também com seu complemento em
termos de raça e gênero; também deixamos a proposta para trabalharmos
coletivamente nas linhas estratégicas que podem se derivar daqui e também nas
reflexões sobre como faremos para divulgar isso publicamente em propaganda e
trabalho de base.
Arriba l@s que luchan!
Lutar, criar, poder popular!

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