Você está na página 1de 5

INSTITUIÇÃO BAIANA DE ENSINO SUPERIOR LTDA

FACULDADE DOM PEDRO II DE SERGIPE

Faculdade Dom Pedro II Sergipe


Curso Pedagogia
FUNDAMENTOS E METODOLOGIA DO Semestre/Turma 6
Disciplina
ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA II
Docente LUIZ ALBERTO CEZAR PRATA Data: 28/04/2021 Nota:
Discente Vanessa Sandes da Silva

RESUMO
TEXTO: O ENSINO DA LINGUA

O presente texto busca refletir sobre o ensino e aprendizagem da lingua


portuguesa e os problemas que são enfrentados por professores do ensino
fundamental e médio.
Durante décadas nenhum professor de língua portuguesa passou ileso, pelo
mal estar que foi gerado entre o modelo de ensino de língua materna no
meio escolar e as pesquisas linguísticas no ambiente acadêmico. Isso
aconteceu pelo fato de introduzirem a linguística nos cursos de letras de
todo o país, e reconhecendo-a como ciência. Com isso todo professor que
está atuando no ensino de língua portuguesa teve contato com essa área de
estudo.
O autor cita como exemplo o professor do primeiro ano do ensino médio,
que busca as melhores estratégias para desenvolver as funções da
linguagem, Conteúdo esse que tornou-se obrigatório nos manuais didáticos.
O ambiente acadêmico substituiu emissor/ receptor por locutor/ locatário
ou por enunciador / enunciatário. Os novos conceitos e terminologias não
saem de graça, eles afetam importantes diferenças teóricas existentes.
Vale destacar que professores dos ensinos fundamental e médio, quando
entram em contato com as inovações que são apresentadas no âmbito
acadêmico, sentem-se impossibilitados de fazer mudanças na forma de
ensinar, por duas razoes. Primeiro porque não é simplesmente fazer uma
alteração de um modelo gramatical que foi construído pela tradição
normativa, por outro que possa ser mais eficiente e atualizado. E segundo
por perceberem que esse modelo adequado, não é suficiente para tornar-se
o centro das aulas de língua.
Grandes estudiosos como Rodolfo Ilari e Maria Helena Moura neves, entre
outros, fizeram grandes contribuições, ao sugerirem como trabalhar
determinados conteúdos gramaticais sem um aspecto totalmente normativo.
Vale ressaltar que apesar da importância dessas contribuições, todas elas
quando reunidas são insuficientes para que o professor possa organizar um
programa ou proposta de ensino para língua portuguesa partindo dele.
Evidentemente, que com todas as falhas existentes nos conceitos e nas
terminologias, muitos se apoiam no modelo gramatical que é proposto pela
tradição. Que para alguns segundo o professor Perini, acaba tornando-se
uma espécie de porto seguro.
A definição de gramática nos textos escolares utilizados atualmente é
diferente do que a linguística textual toma por objeto. Essa expressão ela é
sinônima de ensino contextualizado, entendendo assim contexto como um
texto onde se analisam o uso da língua. A prática metalinguística citada no
texto raramente considera a leitura e a interpretação afetiva do texto como
atividades necessárias aos estudos gramaticais.
Utilizamos como exemplo um poema de Carlos Drummond de Andrade,
cidadezinha qualquer. É possível que quando o poema foi escrito, o autor
não estava preocupado com artigos e nem com a classificação deles.
Porém, algo o interessaria, a construção do sentido ou sentidos dos textos.
O poema não apresentaria os sentidos que tem, se os artigos estivessem
empregados de outra maneira. Se analisássemos cidadezinha qualquer
partindo do uso dos artigos, teríamos um olhar diferenciado. Na primeira
estrofe não possui uso de artigos, na segunda, possui três ocorrências do
artigo indefinido um, e no ultimo possui apenas o uso do artigo definido as.
É notório que a leitura de um texto pode ser feita de formas diferentes, por
seus aspectos formais, como verso, rimas, camada fônica, pontuação,
imagens e etc. Quando nos colocamos para estudar gramatica no texto,
desejamos ler o texto pela perspectiva da língua, ou seja, com os recursos
linguísticos utilizados em determinado texto. Os recursos linguísticos
utilizados no poema eles podem levar a outros pontos importantes que
estão relacionados com sentido geral do texto.
É muito importante levar em consideração que os estudos de língua
portuguesa na escola vivem um longo processo de transição. E nesse
momento e de suma importância seguir o melhor caminho, sem esquecer
tudo aquilo que a tradição gramatical construiu ao longo dos anos.
Sabe-se que a linguística está presente no meio acadêmico por quase três
décadas e integrou-se aos estudos de linguagem, e muitos modelos teóricos
se sucederam. Assim todo professor de língua portuguesa que está inserido
no meio escolar, teve um contato com essa área de conhecimento.
Contudo, se fizermos uma retrospectiva e analisarmos o que de concreto
mudou nas aulas de língua portuguesa durante esse período. Notaremos que
é muito pouco. Não há alterações profundas nos conteúdos ou na forma de
ensino. Talvez a mudança limite-se a inclusão de poucos conceitos,
provenientes da linguística ou da teoria da comunicação que integram os
programas escolares, especificamente do ensino médio. As teorias
aplicadas na linguística e as pesquisas mais atualizadas na área de
linguagem, que o professor teve contato no âmbito acadêmico, contribuem
pouco para prática escolar, sendo assim, sentem-se intimidado ou sem
preparo para enfrentar a tradição do ensino de língua portuguesa e as
pressões que possivelmente lhe rodearam.
Evidentemente, que a transposição da teoria para o meio escolar não deve
passada de forma mecânica ou direta. A escola acolhe o que está aprovado
pela tradição e tratando-se do ensino de língua o que está consagrado pela
tradição é a gramática normativa.
Para alguns linguistas, as colocações em relação ao ensino de língua na
escola variam de um extremo a outro, alguns sugerem o fim do ensino de
gramatica, substituindo-a por estudos de linguagem. Sendo que a diferença
entre esses dois objetos de ensino, não ficaram claras o suficiente e nem
como seria propor um programa de estudos de linguagem, sem a gramática.
Já outros linguistas sem desfavorecer por completo a gramática normativa e
sem ofertar um modelo teórico acabado que possa substitui o primeiro,
questionam o rigor dos conceitos gramaticais ou como vem sendo
ensinado, embasando-se em alguns tópicos gramaticais e propondo
exemplos de ensino renovado.
Travaglia traz em sua obra, gramática e interação: uma proposta para o
ensino de gramática no 1° e 2° graus, um discurso importante sobre os
caminhos do ensino de língua portuguesa. E traz a distinção entre
gramatica prescrita e a descritiva, ambas são chamadas de normativa. Para
o autor, um estudo de língua que abrange a gramática descritiva devem
tomar categorias gramaticais não como fim, mas como meio, como suporte
para reflexões metalinguísticas.

Percebe-se, portanto, que apesar das diferenças existentes nas correntes,


cada uma delas tem o interesse em renovar o ensino da língua portuguesa.
O professor ao entrar em contato com as propostas, a grande maioria se
interessam e sente-se dispostos a alterar sua pratica, porém surgem alguns
conflitos, por que as propostas não contribuem totalmente para construção
de um programa para o ensino de língua, afinal esse não é o intuito dos
pesquisadores. O fato é que em meio a avanços e recuos a proposta que
adesão da maioria das escolas e os professores aderiram foi a gramatica no
texto. Para os PCNs o texto deveria ser objeto básico de ensino e unidade
de sentido, o que acontece em alguns ambientes escolares é o uso do texto
como desculpas, para o ensino tradicional da gramática da frase.

É importante ressaltar que por muitos anos a linguística desenvolveu seus


estudos usando como referência a dicotomia entre língua e fala estabelecida
por Saussure.

Para Saussure, a língua é um sistema de signos e regras. Desse modo, os


estudos de enunciados interessavam mais como exemplos dos mecanismos
presentes na língua, sejam eles de funcionamento ou construção do sentido.

O texto apresenta uma abordagem enunciativa partindo de um anúncio de


roupa infantil, através desse anúncio realizaremos dois modelos de análise
da língua, a perspectiva normativa e a enunciativa, ambas abordando o
mesmo objeto de estudo. Para gramática normativa que trabalha com
noções de certo e errado o anúncio seria um ótimo objeto de trabalho,
afinal forneceria conteúdos para apontar erros gramaticais.
Pode-se usar como exemplo o enunciado em destaque (“‘se eu pudesse
escolher, eu só usava lulica baby”). Seguindo a norma padrão, o imperfeito
do subjuntivo (pudesse), obrigaria o emprego do pretérito imperfeito do
indicativo ou seja, em lugar de usava, seria usaria. Analisando pela
perspectiva enunciativa o texto aborda um ponto de vista onde é possível
avaliar outras variedades linguísticas, além da norma padrão.

Sabemos que o texto não é somente constituído por linguagem verbal, nos
mostra também a imagem de um bebê confortável usando a roupa da marca
que está sendo anunciada. A imagem do bebê junto à variedade linguística
informal cumprem a função de estratégia persuasiva, para que a venda do
produto aconteça. No anúncio, as variações em relação à escrita não
formam erro gramatical, muito pelo contrário são adequadas a situação,
cumprindo os objetivos do enunciador, chamar atenção do interlocutor para
adquirir o produto anunciado.

Nesse momento de mudanças no ensino de língua portuguesa no ambiente


escolar, o melhor caminho para seguir nesse período, talvez seja o que
muitos estudiosos linguísticos escolheram, optaram por um diálogo com
alunos e professores partindo dos conhecimentos linguísticos teóricos e
empíricos. As diferentes correntes linguísticas e da análise do discurso tem
muito a contribuir ao ensino de língua portuguesa no ambiente escolar, para
que isso aconteça é preciso que haja uma abertura de ambas as partes.

Você também pode gostar