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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL


E SANEAMENTO BÁSICO

Fichamento de estudo de caso


Joanna Ferreira Godinho

Trabalho da disciplina
Hidrologia e Drenagem
Urbana
(NPG1574/3268398)9001.
Tutor: Gisele Teixeira
Saleiro pela Universidade
Estácio de Sá.

Florianópolis/SC
Abril 2019
Estudo de caso: Conselho Metropolitano de Suprimento de Água de Hyderabad
Referência do caso: DAVIS, Jennifer; TANKHA, Sunil. Conselho Metropolitano de
Suprimento de Água e Esgoto de Hyderabad. HKS319 \u2013 Case Program CR14-
06-1828.0 - Kennedy School of Government.

A cidade de Hyderabad é capital do estado de Andhra Pradesh, sendo a sétima


maior cidade da Índia e a que cresce mais rápido, possui mais de quatro milhões de
moradores e nos últimos 20 anos, a cidade expandiu a uma taxa média de 3% ao ano.
O Ministro chefe de Dinâmica Jovem de Andhra Pradesh, Chandrababu Naidu
adotou uma estratégia agressiva de modernização e desenvolvimento baseado na
tecnologia, trazendo negócios desse setor para a capital do estado e prometendo
infraestrutura de classe mundial. Com essa estratégia, Naidu empregou esforços na
reforma de agências de serviços públicos, encorajando servidores a se tornarem mais
orientados ao consumidor e profissionais em suas performances. Apesar, da melhoria
da performance das agências públicas de Hyderabad, promovidas por Naidu, não
houve resultado significativo na infraestrutura para suprir toda a demanda de
crescimento da cidade. Para melhorar o atendimento, Naidu acabou sendo orientado
pelo Banco Mundial a privatizar os serviços públicos, sendo o serviço de água e
esgoto (HMWSSB) o primeiro para a privatização. No entanto, como os serviços de
água e saneamento tem maior benefício público e envolve alto custo, as empresas
privadas irão resistir a implementação de tais serviços em áreas de favela e baixa
renda, pois a pressão para redução dos custos nessas localidades é alto. Para
alcançar esse objetivo, Naidu busca por uma estratégia para privatizar a HMWSSB
para poder atender toda a área de baixa renda de Hyderabad.
Diversas estratégias foram estudadas por Gopal, Diretor-Gerente da HMWSSB
nomeador por Naidu, para encontrar tornar a HMWSSB atratativa para investidores. A
opção final traz como responsabilidade financeira para a prefeitura de Hyderabad, os
serviços de água e saneamento para comunidades pobres. O município financia a
extensão do serviço de saneamento para as áreas mais pobres através de receitas
fiscais e ajuda estrangeira.
Tornar a HMWSSB atratativa para investidores não é tarefa simples, para isso
Gopal precisa equilibrar as demandas competitivas, além de lidar com todo o boicote
político exercido por anos pelos integrantes da base governamental do Conselho, por
opositores e pela classe trabalhista. A situação operacional de HMWSSB é tão
precária que, além de o sistema buscar água há mais de 100 km para o abastecimento
(o que torna um custo alto de captação e tratamento), ter um índice de precipitação
abaixo de 100 mm/ano no estado de Hyderabad, funcionários que desejam seguir as
legislações para o corte de ligações clandestinas e clientes inadimplentes, são
impedidos pelas chefias e pelos moradores, sofrendo ameaças pela população civil
quando da execução de tais serviços, bem como sendo transferidos para setores
ineficientes dentro da HMWSSB como punição (exatamente como ocorre no Brasil).
Com o alto índice de crescimento da cidade, Hyderabad tem uma demanda de
água muito grande (em torno de 2000 MLD em 2011) e estima-se que até 2021
aumente para 2.600 MLD. Para atender a essa demanda de água são necessários
investimentos em manutenção e extensão de rede, incluindo as regiões pobres da
cidade, para manutenção do apoio político ao partido de Naidu. Como a HMWSSB não
consegue fornecer um serviço de qualidade para a população, diversas famílias
buscaram uma forma de obter água através de poços comunitários, solução usada por
diversos moradores por ser custo zero o seu acesso (com baixa qualidade de água),
tornando-se um problema para a HMWSSB, pois não geram receita para a companhia
de serviço de saneamento. Outra alternativa de prover água a população, seria a
instalação de ligações de água compartilhada, no entanto a HMWSSB cobra uma taxa
maior de quem decide por instalar essa modalidade sem uma justificativa plausível,
pois com um fornecimento de água de duas horas por dia, não há desgaste das
ligações de água. Ademais, funcionários da própria companhia orientam a não realizar
esse tipo de ligação, orientando o pedido de uma única ligação e que o morador faça o
seu próprio compartilhamento. Essa informação é tão verídica, que atendentes do
setor comercial confirmam receber em média de 2 a 3 ligações, por semana, para tirar
dúvidas sobre ligações compartilhadas. A ineficiência dos serviços são tantas, que
engenheiros foram designados como gerentes, enviados a outros países para
aprender novas dinâmicas de trabalho e implementar na HMWSSB. A nova forma de
trabalho baseava-se em atendimento ao cliente, no entanto ao retornar ao posto os
novos gerentes não eram incentivados a registrar as reclamações dos clientes seja ela
pessoalmente ou por telefone, pois as performances de eficiência das gerências eram
medidas pela incidência de registro de reclamações telefônicas (ignorando as
reclamações realizadas pessoalmente). Somando a tudo isso, a HMWSSB não sabe
exatamente quantas ligações possui de água e esgoto.
Outro problema identificado é que os trabalhadores não qualificados ou com
pouca qualificação são muito organizados e as relações trabalhistas dentro da
HMWSSB são cordiais, porém tensas, devido ao congelamento de contratações
relacionadas com o desgaste por aposentadorias. E nesse contexto, cabe lembrar que
a Índia tem histórico de apoio de movimentos trabalhistas e partidos políticos para
frustrarem esforços de reformas em unidades públicas.
Diante dessa situação, para poder seguir um passo à frente para a
privatização, Gopal, apoiado pelo Banco Mundial, sugeriu a Naidu aumento das tarifas,
para poder suprir demanda de capital interno e realizar manutenções e expansões no
sistema. No entanto, essa proposta foi rejeitada primariamente pelo Ministro Chefe,
Naidu, por acreditar que como o sistema tem 40% de perdas o consumidor não pode
pagar por essa ineficiência, forçando politicamente a melhoria do gerenciamento e, ao
mesmo tempo, boicotando essa melhoria, por falta de capital interno para a sua
realização.
Então para ensejar a melhoria dos serviços públicos de saneamento, diversas
reformas do Conselho foram realizadas com objetivo de conseguir apoio político para
o Conselho aceitar, novamente, o aumento da tarifa e tornar a HMWSSB mais atrativa
para concessão. O sucesso dessas reformas era essencial para poder formar opinião
pública a favor das ações tomadas pelo governo, pois opositores certamente fariam
protestos que demarcariam negativamente a imagem da HMWSSB, e
consequentemente o Diretor-Gerente, Gopal, perderia o apoio do Banco Mundial. Para
continuidade do processo de privatização, Gopal, juntamente com Naidu, precisavam
fundamentar bem a forma de abrangência do sistema de abastecimento e
esgotamento sanitário para 1,7 milhões de pessoas residentes nas áreas mais pobres
da Hyderabad, pois o Banco Mundial não daria apoio a uma proposta de privatização,
sem o atendimento para comunidades carentes, uma vez que as empresas privadas
irão certamente resistir a implementação dos serviços nessas localidades devido ao
seu alto custo e baixo retorno das comunidades menos privilegiadas financeiramente.
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