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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL


E SANEAMENTO BÁSICO

Fichamento de estudo de caso


Joanna Ferreira Godinho

Trabalho da disciplina
Avaliação de Impactos
Ambientais
(NPG1576/3268400)9001.
Tutor: Ricardo Finotti Leite
pela Universidade Estácio
de Sá.

Florianópolis/SC
Abril 2019
Estudo de caso: A B lab e a evolução da avaliação de impacto
Em 2006, a B Lab, foi fundada uma organização norte-americana sem fins
lucrativos para dar apoio a empresas privadas que visavam oferecer benefícios sociais
e ambientais, além de serem responsáveis pelas partes interessadas (por exemplo,
empregados, sua comunidade) e seus acionistas. A época, os fundadores da B Lab
perceberam que a estrutura dos mercados fazia com que as empresas e os
investidores dessem preferência aos objetivos sociais e ambientais em relação aos
retornos financeiros. Diante deste contexto, a B lab construiu uma infraestrutura inicial
para apoiar a visão econômica de seus fundadores, consistindo em 3 pilares: (1)
fortalecimento da comunidade em relação a negócios com fins sociais, (2) criação de
um ambiente legal para dar mais suporte a eles e (3) promoção de um conjunto
comum de padrões e avaliações para criar a accountability .
Após 7 anos de evolução nos três pilares, a B Lab identificou falta de interesse
e resistência aos sistemas de medição desenvolvidos pela organização. A partir dessa
análise, os fundadores concluíram que estavam à frente do mercado na criação de
ferramentas de avaliação de impacto robustas e comparáveis. Assim foi criada a B
Analytics, como resposta significa a demanda de mercado em relação a medição e
avaliação.
DEFININDO INVESTIMENTO DE IMPACTO
A B Lab desempenhou um papel importante na prática do investimento de
impacto, que procurava gerar valor ambiental ou social positivo com retornos
financeiros, tratando o fato de que uma empresa focava no desenvolvimento da mão
de obra ou no desenvolvimento econômico local como parte do impacto ambiental.
Diferentemente de investimentos sociais, que ativamente injetam capital em empresas
geradoras de benefícios sociais ou ambientais, o investimento de impacto pode ser de
duas maneiras: A primeira é o impacto de bens e serviços que a própria empresa
produz como energia renovável, preservação de florestas entre outros. A segunda
maneira é o operacional ou impacto ambiental, social e governança, como emissões
de carbono associadas com cadeia de suprimentos de um produto.
MEDINDO O IMPACTO
Embora, medir o sucesso no setor privado seja uma tarefa relativamente
simples, considerando o retorno financeiro como parâmetro principal, o impacto social
ou ambiental é mais complicado e complexo. Um artigo de 2013 apresentou o exemplo
de uma organização fabricante de mosquiteiros objetivando a prevenção da malária.
Como a base para medir um impacto seria a saída (no caso o produto que é o
mosquiteiro) e o resultado (redução dos casos de malária atribuídos as vendas do
mosquiteiro) tornaria complexa sua medição, pois este resultado depende de demais
fatores sociais, como políticas de saúde pública a exemplo vacinação em massa e
extermínio do vetor – mosquito (neste caso). Sendo assim, os sistemas de avaliação
do investimento de impacto baseiam-se mais nas atividades e saídas.
A AVALIAÇÃO DO IMPACTO B: UMA PRIMEIRA ETAPA CRÍTICA
Com o objetivo de alinhar os interesses das empresas com o mesmo
pensamento, criando uma comunidade, a B Lab criou uma certificação chamada B
Corp, com uma definição ampla de responsabilidade fiduciária e corporativa que
incluía diversos interesses das partes interessadas. Para isso, a B Lab desenvolveu
um sistema de avaliação (Avaliação de Impacto B) que poderia somar até 200 pontos,
considerando a governança, trabalhadores, comunidade e ambiente de uma
organização. Para uma organização receber a certificação B corp, deveria ter uma
pontuação acima de 80, para ser considerada apta. Além disso, a B Lab definiu
algumas áreas de excelência para cada empresa, mas não havia nenhum sistema de
avaliação formal para relacionar as empresas com seus pares.
Taxonomia Padrão: O Relatório de Impacto e os Padrões de Investimento
(IRIS)
Trabalhando com a Fundação Rockefeller e a Acumen Fund, a B Lab começou
a desenvolver um conjunto de definições, métrica e metodologias que poderiam ser
usados para descrever e medir os impactos sociais e ambientais das empresas.
Grande parte foi baseada na Avaliação de Impacto B original e a outra parte veio de
várias organizações incluindo as de microfinanças. Então surgiu o IRIS (conjunto
padrão de termos e definições que incluía mais de 400 métricas aceitas e usadas pelo
setor de investimento de impacto).
Com a diversificação da métrica do IRIS, a B Lab introduziu essas definições
em sua ferramenta Avaliação de Impacto B para certificar as corporações do Sistema
B. A taxonomia foi usada também por diferentes investidores e pelas redes das
organizações de investimento de impacto, além dos investidores individuais.
O IRIS foi controlado, não pela B Lab, mas pela Rede de Investimento de
Impacto Global (GIIN), um intermediário e presidente global dedicado inteiramente a
criação e apoio da infraestrutura nascente da área. Lançada em 2009, a GIIN foi
criada para dar suporte a atividades, educação e pesquisas necessárias para melhorar
a área de investimento de impacto.
Um Novo Sistema de Avaliações: O GIIRS Começa a Engrenar
O IRIS forneceu também a taxonomia para as principais iniciativas da B Lab, o
Sistema de Avaliação de Investimento de Impacto Global (GIIRS), que era um sistema
que transformava a Avaliação de Impacto B em uma ferramenta de avaliação
significativa para investidores de impacto. O diferencial do GIIRS estava na avaliação
das empresas em relação a seus pares. Em setembro de 2011, a B Lab divulgou
formalmente o Sistema de Avaliação de Investimento de Impacto Global. O GIIRS
transformou-se no nome de uma nova organização, essencialmente uma agência de
classificação sem fins lucrativos que era uma subsidiária da B Lab.
O Modelo de Negócio GIIRS Original
O modelo de negócio original da GIIRS estava planejado em cobrar uma taxa
de assinatura dos investidores, intermediários e empresas para que obtivessem dados
detalhados do GIIRS, métricas, benchmarks e conjunto de ferramentas analíticas e
interativas. A B Lab imaginou que seria capaz de aumentar a receita das assinaturas
ao longo do tempo, enquanto as empresas, os investidores institucionais, os gerentes
de fundo e os consultores reconheceram cada vez mais o valor de mercado das
avaliações e estavam dispostos a pagar mais por ela.
Tempo para Revisão
Em um ano, a B Lab visualizou a necessidade de rever o GIIRS 1.0. A primeira
revisão, o GIIRS 1.1, reduziu o número de perguntas da avaliação em pelo menos
30% para algumas empresas. Com isso, A B Lab criou também uma nova etapa inicial
para o GIIRS, com pontos de entrada mais fáceis para as respostas. Dessa forma, o
processo de verificação e de documentação ficou mais simples e dinâmico, trazendo
resultado positivo de satisfação para as melhorias do GIIRS, com índice de satisfação
de 97% entre os entrevistados. Como o GIIRS estava ligado a Avaliação de Impacto B,
essas mudanças também melhoraram o processo de certificação B Corp.
Apesar dessas melhorias, a B Lab ouvia que o GIIRS não estava sendo usado
tanto quanto havia sido previsto, pois não atendia as necessidades do mercado.
Novamente era o momento de rever completamente o mercado para compreender
melhor a dinâmica do trabalho.
Verificação do mercado: ouvindo o mercado, novas ideias e um enigma
estratégico.
Em 2012, foi realizada uma pesquisa de demanda e uso do GIIRS e o
resultado demonstrou que as fundações de grande porte indicavam que o GIIRS era
útil para fins de instrução e auxílio técnico, mas não necessariamente para a
orientação do investimento. Algumas fundações desejavam ferramentas mais
customizáveis para seu levantamento de dados, conforme suas próprias métricas e
seus processos de tomada de decisão. Logo, como o uso do GIIRS não condizia
completamente com a visão dos fundadores a B Lab se preparou para lançar um novo
produto para atender a nova demanda do mercado.
O Lançamento de um Novo Produto: B Analytics
Ainda era preciso preencher totalmente a avaliação de impacto para a
classificação de empresas, pois ainda era um produto que alguns investidores
queriam. Entretanto, para aqueles que queriam outras ferramentas e opções
analíticas, a B Lab ofereceu um produto novo, o B Analytics, que foi lançado em
outubro de 2013. O B Analytics não era pequeno, e a B Lab precisava estruturar,
posicionar e vender de forma distinta seus produtos.
O B Analytics ampliou o escopo e organizou a demanda para várias categorias
de dados-padrão analíticos e customizados em 4 categorias: (1) Search and Connect
(usuários podem buscar empresas, fundos e investidores, incluindo todos os fundos
avaliados e não avaliados pelo GIIRS), (2) Measure What Matters (as empresas e os
fundos podem optar pelo preenchimento total da avaliação de impacto ou pela métrica
seletiva e customizada para medir e realizar o benchmark do impacto), (3) Benchmark
& Report (ferramentas fáceis de usar para preparar relatórios, benchmarking, due
diligence , informação de mercado), e (4) Improve Your Impact (ferramentas de auto-
melhoria para as empresas e os fundos a partir de diretrizes e estudos de caso).
Definindo Duas Filosofias Distintas de Investimento
Durante todo o processo de criação das ferramentas de avaliação de impacto
das empresas, a B Lab compreendeu que as necessidades do mercado se dividiam
em duas filosofias distintas de investimento: (1) o impacto podia ser medido em termos
de produto, ou seja, o impacto direto de bens ou serviços de uma empresa ao tratar de
um problema social ou ambiental; (2) ou em termos de operações ou fatores ESG.
Diante desse contexto de investimento, a B Lab compreendeu que os próprios
clientes participantes estavam divididos entre (1) as empresas que focavam no
impacto do produto; (2) empresas que estavam tentando atingir o impacto operacional.
A partir dessa abordagem, o sistema duplo de avaliação ficou muito mais significativo
para o impacto de uma empresa, principalmente pois era possível avaliar
separadamente o impacto das empresas dedicadas a resolver problemas sociais ou
ambientais e das empresas que produziam qualquer tipo de bens ou serviços de
maneira responsável em termos de questões sociais e ambientais.

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