A acessão é meio pelo qual se adquire propriedade imobiliária. Implica aumento
de volume da coisa principal, mediante união física. é um direito de adquirir, corresponde a um aumento da coisa. Pode ser: - QUANTITATIVA: aumento do volume da coisa; - QUALITATIVA: valoriza a coisa principal. Deriva do princípio de que o acessório segue o principal. BENFEITORIA X ACESSÃO: Benfeitoria é bem acessório, tratado na Parte Geral do Código Civil. Ademais, sempre é artificial – ou seja, efetuada pelo homem –, e é realizada na própria estrutura da coisa principal, sem que haja, necessariamente, aumento do seu volume. A acessão, por sua vez, poderá ser natural ou artificial, e, além disso, implica, por natureza, aumento de volume da coisa, razão por que é regulada, na Parte Especial do Código Civil, como modo de aquisição de propriedade imobiliária (arts. 1.248 a 1.259). Nessa linha, uma reforma da parede de uma casa é, sem dúvida, uma benfeitoria, ao passo que a construção de mais um andar (ou um brasileiríssimo “puxadinho”) é uma acessão (artificial). A acessão requer 04 condições: 1. que se trate de coisas materiais distintas; 2. que uma seja principal e a outra acessória; 3. existência de um liame (vínculo) material entre ambas; 4. que as duas coisas pertençam a proprietários diversos antes de se unirem.
ESPÉCIES (art. 1248, CC)
- NATURAL: origina-se espontaneamente de movimentos ou ação da natureza. - INDUSTRIAL E INTELECTUAL: decorrente do engenho humano. - MISTA: é classificação antiga que se referia às plantações. (Não a se utiliza mais, a classificação mista).
ACESSÃO NATURAL: FORMAÇÃO DE ILHAS
As ilhas que se referem em rios particulares, que são rios não navegáveis, pois os navegáveis são rios públicos. O surgimento de uma ilha implicará, naturalmente, aumento da propriedade dos proprietários ribeirinhos fronteiros, nos termos do art. 1.249, observadas as regras seguintes: • As que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais. • As que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram- se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado. • As que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram. EXEMPLO: pense-se na situação de um imóvel particular, através do qual corre um rio. Surgindo, por um fenômeno natural, uma ilha neste rio, esta pertencerá ao proprietário do terreno, se o rio estiver literalmente dentro dos limites de uma única propriedade. Correndo o rio entre duas propriedades com titulares distintos, dividir-se-á a propriedade da ilha, tomando como parâmetro uma linha imaginária que divida o rio ao meio (o que estiver de cada lado será incorporado ao patrimônio do titular da “testada” correspondente). A ilha que se formar entre a linha e uma das margens será exclusivamente do seu proprietário correspondente e, por fim, a que resultar do desdobramento de um novo braço continua a pertencer ao proprietário que sofreu a mudança de curso da água da qual resultou a ilha.
ACESSÃO NATURAL: ALUVIÃO
A aluvião consiste no aumento lento e paulatino da margem do terreno, mediante acúmulo natural de detritos e sedimentos. É fenômeno operado pelas forças da natureza. A aluvião tratada na lei é sempre decorrente de forças naturais. Não é considerada aluvião o acréscimo decorrente de atividade humana. ALUVIÃO PRÓPRIO: Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem. ALUVIÃO IMPRÓPRIO: Que se dá mediante a retração das águas ou mudança de curso da água do rio havendo afastamento da agua aumentando a margem, a exemplo do rio que perde volume de água, resultando em aumento da margem da fazenda que o tangencia. Embora a doutrina, tradicionalmente, entenda que esta modalidade imprópria não pode se operar em face de águas dormentes, como no caso de um lago ou uma lagoa. Entretanto, se o lago ou lagoa for pertencente ao domínio particular, claro estaria que o proprietário marginal adquiriria as terras oriundas da retração das águas.
ACESSÃO NATURAL: AVULSÃO
Enquanto a aluvião se processa lentamente, a avulsão é repentina. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um imóvel e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado. EXEMPLO: É o caso de uma enchente que “destaca” bruscamente parte de um imóvel rural, agregando-a, com a força das águas, a outra propriedade. Vale salientar que o dono do prédio prejudicado terá o prazo decadencial de um ano para exercer o direito potestativo de reivindicar a parte perdida. Neste caso, o dono do imóvel beneficiado poderá optar por indenizar, ou, recusando-se ao pagamento de indenização, deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida, o que nem sempre, na prática, será fácil de realizar. De fato, se o dono do prédio (imóvel) que experimentou o acréscimo recusa-se a indenizar, aquiescendo com a remoção, esta poderá se afigurar dificultosa ou economicamente inviável. Por outro lado, não poderá criar embaraços para esta remoção, devendo, inclusive, em nosso sentir, permitir o acesso ao local em que a terra cedeu. • E o que ocorrerá se o terreno destacado não aderir ao novo imóvel? Poderá suceder que a avulsão seja de uma coisa cuja aderência natural à ribanceira em que foi esbarrar, não seja possível. Neste caso, manda a lei que se aplique a regra sobre as coisas perdidas, procurando-se o dono, que, não aparecendo, passará a ser a Fazenda Pública. A avulsão que culmina por prejudicar ou desvalorizar o terreno que experimentou o acréscimo. Em tal caso, não haveria, por certo, como se responsabilizar o dono do terreno decrescido, na medida em que o destacamento abrupto resultou de evento natural, alheio à sua vontade.
ACESSÃO NATURAL: ÁLVEO ABANDONADO
O álveo abandonado, em linguagem clara e objetiva, consiste no leito seco do rio. Com efeito, à luz do art. 1.252, o álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os imóveis marginais se estendem até o meio do álveo. Observe-se ainda que o art. 1.252 menciona a possibilidade de as águas abrirem novo curso. Neste caso, não há que se falar de qualquer indenização aos titulares dos terrenos por onde correr a nova passagem de água, os quais, potencialmente, passam a ter o mesmo direito ao “álveo abandonado”, caso este novo curso também venha a secar no futuro.
ACESSÃO ARTIFICIAL: CONSTRUÇÃO E PLANTAÇÕES
Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário (art. 1.253). Trata-se, como visto, de uma presunção relativa, pois as circunstâncias podem conduzir a solução diversa. Note-se que se trata de um modo artificial de aumento de propriedade, ou seja, ao ser feita uma construção, o imóvel originário experimenta acréscimo. Uma construção simplesmente projetada ou sobreposta no prédio torna--se parte dele, por união física, aumentando-o. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé (art. 1.254). O pagamento das perdas e danos tem, além do natural aspecto compensatório, um viés também punitivo, pois visa a sancionar a má-fé. • E o que dizer se a plantação ou construção for em terreno alheio? Nesse caso, a teor do art. 1.255, aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização. Nessa linha, o parágrafo único do art. 1.255: Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo. Na expressão ‘’exceder consideravelmente’’ caberá ao juiz, à luz do princípio da operabilidade – um dos princípios norteadores do Código Civil (juntamente com o da socialidade e o da eticidade) – preencher o intencional “vazio normativo”, segundo as características e circunstâncias do caso concreto. Em seguida, o art. 1.256 dispõe que, se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes, plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões, presumindo-se a má-fé no proprietário, na forma do parágrafo único do mesmo dispositivo, quando o trabalho de construção, ou lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua. No art. 1.257. O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não pertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio, em seu parágrafo único, o proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la do plantador ou construtor. Se o que plantou ou construiu, paga a indenização ele terá direito a indenização pelas acessões. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente. (Art. 1258). Note-se que, de acordo com esta norma (caput, art. 1.258), a boa-fé do construtor é pressuposto para se operar a aquisição da propriedade da parte do solo invadida. Além disso, no paragrafo único paga o décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção. Por fim, estabelece o art. 1.259 que, se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadida, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente; por outro lado, se estiver de má-fé, é obrigado a demolir o que nela construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro.