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A ORIGEM DO NOSSO SISTEMA SOLAR

Adaptado de Skinner & Porter(1987)


“Physical Geology”

Como foi formado o sistema solar? Uma resposta exata nunca estará próxima,
mas os esboços de como se deu o processo de formação podem ser deduzidos através
das evidencias obtidas pelos astrônomos, com base nos nossos conhecimentos do
Sistema Solar atual e nas leis físicas e químicas.
O nascimento do nosso sistema solar começou com um espaço que parecia estar
vazio, mas não completamente. Átomos dos mais variados elementos estavam presentes
por toda a parte, mesmo que levemente espalhados; eles formavam um gás tênue,
turbulento e com redemoinhos. Quando o gás espessou-se por uma lenta união de todos
os átomos finamente espalhados, formou-se o sol. A energia cinética daqueles
redemoinhos gasosos turbulentos foi o responsável pela rotação do sol e dos planetas.
A reunião dos gases resultou da atuação da força da gravidade e, enquanto os átomos
aproximavam-se lentamente, os gases tornaram-se mais quentes e densos. A Terra e os
outros planetas formaram-se a partir deste processo de união.
Mais de 99% de todos os átomos do espaço são de hidrogênio e hélio, os mais
leves átomos existentes. As amostras dos gases primordiais ainda estão preservadas nas
atmosferas de Júpiter e Saturno. Próximo ao centro da nuvem de gás em formação, os
átomos ficaram tão estreitamente pressionados e tão quentes que os átomos de
hidrogênio e hélio começaram a fundir juntos pra formar os elementos mais pesados. A
nuvem de gás rodava devido a energia turbulenta da nuvem original. A fusão de
elementos leves para formar os elementos pesados liberou uma imensa energia
calorífera; logo o hidrogênio e o hélio iniciaram a queima nuclear. Quando, na nuvem
de gás que formou o Sistema Solar, iniciou a queima nuclear, nasceu o Sol. Isto foi há
mais ou menos 6 bilhoes de anos (atualmente se considera que foi há 4.55 Ga-Beatty et
al.,1999). Contudo, a queima nuclear estava confinada no centro da nuvem gasosa. Um
vasto envelope rotativo de gás menos comprimido circundava o sol.
Enquanto a força da gravidade puxava os gases para o sol, a força centrifuga
empurrava-os para fora dele. Como resultado destas duas forças opostas, a nuvem de
gás lentamente tornou-se um disco rotacional e achatado de gás circundando o sol
quente. Este disco é referido como uma nebulosa planetária (“planetary nebula”).
Num certo estagio, as porções externas frias da nebulosa planetária foram
compactadas o suficiente para permitir que os objetos soídos condensassem, da mesma
forma com que o gelo se condensa a partir do vapor d’água para formar a neve. Os
sólidos condensados consequentemente formaram os planetas. Aqueles próximos ao sol
(planetas terrestres), onde a temperatura era maior, continham apenas compostos que
eram capazes de condensar em altas temperaturas. Estes compostos consistiam de
elementos como ferro, silício, magnésio alumínio (Fé, Si, Mg, Al); nos os chamamos
de elementos refratários (“refractory elements”). Os planetas distantes do sol (planetas
gigantes), onde a temperatura era mais baixa, continham não somente elementos
refratários, mas também elementos voláteis (“volatile elements”), como o hidrogênio e
o enxofre (H, S), que não condensam em altas temperaturas, mas sim em baixas
temperaturas. O decréscimo gradual do tamanho dos núcleos metálicos dos planetas
terrestres refletia, aparentemente, a condensação da nebulosa planetária. Mercúrio, o
planeta mais próximo do Sol, tem o maior núcleo e portanto a maior percentagem em
ferro ( é o planeta mais denso do sistema solar, com densidade de 5,4 vezes a densidade
da água). Com o decréscimo da fração de elementos refratários nos planetas, aumentava
a fração dos elementos voláteis. Quando mais longe do Sol ocorria o processo de
condensação, mais baixa era a temperatura e maior era a fração de elementos voláteis.
As melhores demonstrações deste fato são o aumento na quantidade de gelo nas luas e o
conseqüente decréscimo da densidade dos planetas com o afastamento do Sol.
O tamanho de um planeta esta também relacionado a sua distancia do sol. Um
anel de gás de diâmetro grande contem mais átomos do que um anel de gás de diâmetro
menor. Os planetas próximos ao sol formaram a partir de pequenas quantidades de gás e
são, portanto, menores do que os planetas mais distantes, que condensaram-se a partir
de anéis de gás maiores. Perto da margem mais externa da nebulosa, onde a nuvem de
gás era muito tênue e fina, os planetas ficavam pequenos de novo.

CONDENSAÇÃO DA NEBULOSA PLANETARIÁ

A condensação é um processo análogo ao resfriamento de um magma. Primeiro


um composto sólido condensa, a seguir outro. Um exemplo comum de condensação de
sólidos é a formação de flocos de neve a partir do vapor d’agua. No caso da neve,
apenas um tipo de sólido (gelo) condensa a partir do gás. Na nebulosa planetária
existiam muitos gases diferentes, portanto distintos sólidos condensariam. Os primeiros
compostos que condensaram provavelmente foram o ferro metálico e os mineiras
silicatados desidratados. Como os flocos de neves planetários se agregaram para formar
os planetas, ainda é objeto de pesquisa. O processo principal parece ter envolvido a
agregação de flocos pequenos para a formação de flocos maiores através da atração
gravitacional. As partículas se agregaram para formar partículas cada vez maiores.
Consequentemente, planetas do tamanho de Marte estavam colidindo entre si para
formarem planetas maiores. Inclusive uma das teorias levantadas é de que a proto-Terra
colidiu com a proto-Marte e que o material resultante desta colisão formou mais tarde a
Lua terrestre. Esta colisão veio logo depois que se iniciou o processo de diferenciação
da proto-Terra e depois que seu núcleo se separou. O material expelido por esta colisão
inferida veio do manto da proto-Terra. De acordo com esta hipótese, é por isso que a
Lua tem uma composição tão semelhante à composição do manto da Terra, e também
por isso que ela tem um núcleo tão pequeno ou quase insignificante.
A condensação da Terra e dos outros planetas foi completada há 4,5 bilhões de
anos. Mas ainda existia, em torno da Terra, uma atmosfera de hélio e hidrogênio, que
atualmente não permanece entre nós. Como os planetas terrestres perderam suas
atmosferas primordiais ainda não foi explicado. Uma das teorias mais discutidas
envolve o sol. Os astrônomos observaram que, logo no inicio da vida do ciclo solar, o
sol passou por um curto período de turbulência violenta, durante o qual intensos ventos
de partículas atômicas trocadas foram jogadas para o espaço. De acordo com a teoria, o
vento do nosso sol, há 4,55 bilhões de anos, soprou os gases remanescentes da nebulosa
planetária para o espaço externo, deixando os planetas terrestres livres desta atmosfera.
Os planetas gigantes retiveram suas atmosferas de hidrogênio e hélio, por causa de sua
grande massa e grande atração gravitacional.
Provavelmente todos os planetas terrestres tinham uma camada externa fundida
devido ao violento processo inicial de acresção. Na Terra, todas as evidências deste
magma primordial foram destruídas. Os interiores dos planetas iniciais eram certamente
quentes como resultado das colisões durante a acresção, mas, aparentemente, eles não
eram quentes o suficiente para formar magma por fusão. Todavia, os elementos
radioativos aprisionados no interior dos planetas, devem ter imediatamente começado a
causar aquecimento interno e a aumentar as temperaturas. Com o passar do tempo, o
aumento das temperaturas alcançou um ponto que começou a formar magma. As
opiniões divergem na questão se os planetas foram completamente fundidos ou não.
Provavelmente não, mas a fusão parcial deve ter ocorrido. Qualquer ferro metálico,
presente no planeta, deve ter fundido e afundado para o centro, formando um núcleo
durante o processo. O afundamento do ferro liberou mais energia gravitacional,
acelerando o processo de aquecimento ainda mais. A fração do manto, com menor
temperatura de fusão e menor densidade, deve ter formado magma que ascendeu. Desta
forma, os planetas passaram por um processo de diferenciação profundo que produziu o
acamadamento composicional.
O ferro metálico, sendo pesado, concentrou-se no núcleo, enquanto que o
magma, sendo mais leve, ascendeu, carregando consigo a maioria dos elementos
voláteis do manto.
Isto tornou possível a formação da crosta. A convecção no manto deve ter iniciado e,
possivelmente, as placas da litosfera começaram a se mover – pelo menos assim teria
sido na Terra. Com a continuidade do aquecimento interno e o aumento do magma em
extrusão, os vulcões expeliram mais gases.
Foram estes gases tardios, compostos predominantes por vapor de água, dióxido
de carbono, metano e possivelmente amônia, que finalmente construíram as atuais
atmosferas dos planetas terrestres. Da mesma fonte, veio a água que hoje encontramos
na hidrosfera da Terra. O próximo grande evento na historia da Terra foi o aparecimento
da vida. Como, quando e onde isso aconteceu ainda está para ser descoberto. Parece ter
ocorrido há pelo menos, 3,9 bilhões de anos (nova descoberta)na época em que o
vulcanismo basáltico estava ainda ativo na Lua, mas antes da formação da principal
massa de crosta continental da Terra.

(Texto adaptado pela Profa.Renata da Silva


Schmitt)
Bibliografia sugerida sobre o tema:

Beatty,J.K.; Peterson, C.C.; Chaikin, A (Eds) 1999. The New Solar System.
Cambridge University Press, Londres. 419 p.

Cattermole, P. 2000. Building Planet Earth. Cambridge University Press. 1a ed.283 p.

Plummer, C.C.; McGeary, D.; Carlson, D.H. 1999. Physical Geology . Ed.. Mc Graw-
Hill. 8 ed. 587 p.

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