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Profa. Dra. Roseli Fischmann
Orientadora e Presidente da Banca Examinadora
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Profa. Dra. Roseli Fischmann
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação
CDD 379
À Sandra Chinchio, minha esposa, que me incentivou
e teve a paciência diante das atribulações da vida.
Aos meus filhos André, Ana Clara e Alexandre (falecido).
À minha mãe Therezinha e minha tia Lucyanna
que deram as condições de realizá-lo.
Ao meu pai, Prof. Nascimento (falecido)
que possibilitou ver a vida com outros olhares.
AGRADECIMENTOS
Agradeço de maneira especial à Profa. Dra. Dagmar Silva Pinto de Castro uma referência
em minha vida pelo seu caráter, dedicação e, sobretudo, por sua sensibilidade e humanidade
que incentivou e mostrou nos momentos mais difíceis que é possível aliar razão e emoção
fortalecendo o nosso lado humano sem perder o referencial do trabalho científico e que ao
lado do Prof. Dr. Luiz Roberto Alves provocaram a realização desta pesquisa.
Aos grandes mestres que acompanharam a minha formação, em especial, ao Prof. Dermeval
Corrêa de Andrade e toda a equipe do Instituto Argumentos.
Ao Prof. Dr. Aziz Nacib Ab’Saber, a Profª Drª Lea Goldstein e a Profª Drª Ana
Marangoni importantes na formação universitária.
Especialmente à minha orientadora Profa. Dra. Roseli Fischmann e aos professores Dr.
Danilo Di Manno de Almeida (inspirador, instigador, polêmico, que transformou minhas
angústias academicistas em produção acadêmica, para sempre presente), Drª Maria Leila
Alves (quanta paciência!), Dr. Elydio dos Santos Neto e Dr. Décio Azevedo Marques de
Saes da Pós-Graduação da Universidade Metodista de São Paulo.
Aos colegas da Universidade Metodista de São Paulo, com carinho especial pela dedicação
ao trabalho de Regina Vasque Luz, aos companheiros do curso de mestrado em Educação,
em especial para Ângela Soares Louzada Santos, Marcos Tadeu Meneghelo, Cláudia
Rosana Campos Pereira, Alexandre Nunes Bandeira e Nelson Reis Claudino Pedroso.
À minha família, a todos os amigos e a todos que, de alguma forma, contribuíram em ações
para que esta pesquisa se concretizasse..
Je ne parlerai pas, je ne penserai pas:
Mais l’amour infini me montera dans l’âme,
Et j’irai loin, bien loin, comme un bohémien,
Par la Nature, - heureux comme “un rechercher”
das crianças............................................................................................80
1
O item “Tabela” foi listado em função da sua relevância neste estudo, apesar do manual para
formatação e edição de dissertações e teses da Universidade Metodista de São Paulo sugerir a não
inserção na lista com menos de 3 itens.
SUMÁRIO
PRIMEIRAS PALAVRAS...........................................................................................13
Espaço e projeto de vida: uma história em construção …..................................13
a. Origens …..............................................................................................................13
b. Maturidade ............................................................................................................17
c. O período recente .................................................................................................21
d. O mestrado na Universidade Metodista de São Paulo .........................................24
CAPÍTULO 1 – ASPECTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS ............................25
1.1 O ESPAÇO SIMBÓLICO DA ESCOLA COMO POSSIBILIDADE DE
DIÁLOGO COM A CIDADE, A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
DE MAUÁ DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO ..…….….................25
1.2 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A SUPERAÇÃO DO ESPAÇO
FÍSICO-CULTURAL DA ESCOLA …...................................................................28
1.3 FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA .............................................................29
1.4 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA PERSPECTIVA DA TOTALIDADE....................32
1.4.1 A Territorialização e o Espaço Simbólico ....................................................…..32
1.4.2 A função da Educação Ambiental no Diálogo com a cidade ............................40
CAPÍTULO 2 – O ESPAÇO DA CIDADE E SUAS RELAÇÕES COM O MEIO.......47
2.1 O ESPAÇO DA CIDADE DE MAUÁ: EXPANSÃO E CONTRADIÇÕES .............47
2.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO DAS ESCOLAS PESQUISADAS................49
2.2.1 Escola Municipal “Cecília Meirelles” no “Jardim Bonfim”, Mauá.......................50
2.2.2 Escola Municipal de Educação de Jovens e Adultos “Raquel de Queiroz”
na “Vila Gardini”, Mauá.....................................................................................52
2.2.3 Escola Municipal “Marcos Terena” no “Jardim Alasca”, Mauá..........................54
2.2.4 Escola Municipal “José Renato Silva” no “Jardim Pacaembu”,
Mauá................................................................................................................56
2.2.5 Escola Municipal “João Residente de Souza” no “Parque S. Francisco”,
Mauá.................................................................................................................59
2.2.6 Escola Municipal “Dária Anunciação Fernandes Falchi” no
“Jardim Caridade”, Mauá..................................................................................62
2.2.7 Algumas considerações....................................................................................63
2.3. O PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE MAUÁ..................................63
2.3.1 A construção do Programa Ambiental de Mauá................................................65
2.3.2 Proposta de Ação..............................................................................................67
2.4 A PRÁTICA EM MOVIMENTO NAS ESCOLAS...................................................69
2.4.1 O que os Projetos Políticos Pedagógicos das Escolas Definem......................75
CAPÍTULO 3 – ANÁLISE DAS EXPERIÊNCIAS.....................................................77
3.1 A CIDADE, A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A ESCOLA........................................77
3.1.1 A Abertura para a Cidade..................................................................................78
3.1.2 O Cidadão (o autor-cidadão) e o Ambiente......................................................85
3.1.3 A Escola............................................................................................................87
3.1.4 Protagonismo Gerado.......................................................................................90
3.1.5 A Resposta das Crianças.................................................................................92
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................98
Uma perspectiva transformadora como direito humano fundamental..............98
REFERÊNCIAS.......................................................................................................103
13
PRIMEIRAS PALAVRAS
a. Origens
Minha mãe e minha tia materna constituíram uma escola primária no bairro do
Jabaquara em São Paulo em meados da década de 1950. Nasci paulistano e, com
minha família, até o início dos anos 1960 compartilhamos nossa morada com as
dependências da escola.
A cidade de São Paulo à época (década de 1960) com seis milhões de
habitantes já era uma metrópole emergente. Fui registrado na Bela Vista, o bairro do
“Bexiga”, e até a minha adolescência vivi no Jabaquara, mais propriamente na
Cidade Vargas. Esse, um bairro de classe média projetado no estilo das cidades
estadunidenses sem muros, pacato e que pretendia ser modelo residencial; mais
tarde, totalmente descaracterizado pela implantação do Terminal do Metrô, que teve
suas obras iniciadas em 1967, sua paisagem alterou-se totalmente. Hoje, o
complexo Metrô/Terminal Rodoviário para o Litoral paulista e a proximidade com o
Aeroporto de Congonhas representa bem o bairro que cresce nos meandros da
Megalópole Global que caracteriza a cidade de São Paulo.
Na década de 1950/1960 a comunicação com o centro da metrópole (a cidade,
como aprendi a me referir) era feito pela Avenida Conceição (hoje Avenida
Engenheiro Armando de Arruda Pereira). Ao final dos anos 50 ainda existia um
marco indicando o km 11, caminho para Diadema e São Bernardo do Campo. Os
bondes atingiam a altura de Igreja de São Judas Tadeu, próximo à atual estação
São Judas do Metrô.
Eram tempos de Elvis Presley e Chucky Berry, da construção e inauguração da
cidade de Brasília, do início da TV Tupi, entre outros acontecimentos. Para alguns,
os anos dourados, para outros, nem tanto, e para a maioria foram anos de desafios:
das lutas campesinas e das lutas de libertação nacional que marcaram o período de
descolonização do pós-guerra, entre outras. Como meu período de criança, guardo
em minha memória os desenhos do Pica-pau.
Nesse sentido, no âmago de uma família de professores, meu pai, professor de
Língua Portuguesa e Latim, ex-seminarista (havia deixado o Seminário de Olinda,
em Pernambuco, pouco antes de fazer sua ordenação). Nordestino com herança
indígena (minha bisavó foi trazida a laço da região de Cimbres, hoje seus
descendentes são os Xucurus do sertão pernambucano), portuguesa, espanhola e
holandesa, matizes essas tão presentes no agreste pernambucano; meu avô,
pequeno lavrador de Riacho das Almas contrapõe suas origens com a de minha
mãe, professora alfabetizadora, de família tradicional no interior paulista.
15
Que cada um nele encontre aquilo que lhe possa ferir a corda íntima e o
que lhe seja de alguma utilidade! Mas eu me sentiria contente se alguns
desses leitores pudessem perceber que a história do Lobo da Estepe,
embora retrate enfermidade e crise, não conduz à destruição e à morte,
2
mas, ao contrário, à redenção. (p. 200, nota do autor-1961).
2
Trata-se de um comentário sobre a interpretação dada a sua história.
3
“Dos personagens dos quadrinhos o personagem que se aproxima do conceito nietzschiano,
traduzido como super-homem (übermensch) é o Batman, particularmente na saga O Cavaleiro das
Trevas. Oposto ao Superman, Batman é esquizofrênico e sombrio. Assim como, o personagem de
Alan Moore, Watchmen, que nos permite leituras políticas, sociais, psicológicas, filosóficas e
científicas”. (ANDRADE, Ivan Carlo e NUNES, Jefferson, 2010, p. 75).
4
Fernando Ikoma, hoje com 66 anos, artista plástico, foi um dos principais quadrinistas nacionais na
época da Editora Edrel (anos 1960). Criador do anti-herói Fikom cujas aventuras se passavam no
mundo dos sonhos de um rapaz franzino, feio e desprezado em seu meio. Esse personagem
precedeu a “Sandman” de Niel Gaiman, escritor e roteirista inglês dos quadrinhos. Ikoma foi minha
maior referência das histórias em quadrinhos em minha adolescência.
17
b. Maturidade
5
Departamento de Ordem Política e Social, órgão estatal criado para reprimir os movimentos políticos e sociais
que fossem considerados contrários ao regime no período da Ditadura Militar, especialmente.
6
Universidade de São Paulo.
18
residente em Santo André, no ABC7 paulista, fiz de tudo para evitar a convocação.
Sem êxito em tal intenção, tive que servir por 6 meses o Tiro de Guerra da cidade e
menos alienado carregava a angústia do conflito de ideologias que levava comigo.
Momentos amargos na USP, cabelo de “milico” em plena ebulição das assembleias
estudantis às escondidas, fiquei ao largo dessa vivência. Naturalmente, viam-me
com desconfiança: - Seria um agente infiltrado? Aquele rapaz totalmente adverso à
violência, a existências de exércitos teve que ter o seu “Batismo de Sangue”.
A dialética da vida, entretanto, define nossos passos. Ao mesmo tempo, havia
entrado na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de São Bernardo do Campo
para Estudos Sociais / História.
O trabalho passou a estar presente a partir dos 16 anos, em escola, como
escriturário. Depois de entrar no círculo universitário passei a ser secretário de
escola e lecionar na Educação Infantil, como professor substituto. No entanto, a
ideia predominante era atuar fora do ambiente escolar. Trabalhar meio período e
estudar em período integral foi um pequeno desafio. A formação acadêmica e as
dificuldades da nossa sociedade, na plena vigência do regime político de exceção,
levaram-me a uma conscientização diferenciada pela qual não só se tem acesso à
informação, mas também levaram-me a assumir atitudes e internalizar,
ideologicamente, valores e ações. Guardo as referências daqueles que considero
que forjaram minha formação: os professores Aziz Nacib Ab’Saber em
Geomorfologia Estrutural, Lea Goldstein em Geografia das Indústrias, Gil Toledo em
Climatologia e Ana Marangoni em Pesquisa em Geografia Humana. A formação
como geógrafo fazendo a relação da Geografia Humana com as questões
ambientais solidificou uma formação consolidada e que permitiu uma visão menos
restrita, ampliada que foi, com as contribuições geradas nos cursos de Geografia e
Marxismo com Ruy Moreira e a entrada na PUC-SP8 no curso de Física.
A licenciatura em Geografia foi concluída em 1976 na Faculdade de Educação
da USP, a mesma época em que concluí o bacharelado. A transição entre a
conclusão da graduação e a prática para a busca do desenvolvimento de uma
práxis transformadora passou pela experimentação do processo pós-graduação
onde o mundo acadêmico também se revela em suas mais diversas manifestações.
7
ABC: Santo André (A), São Bernardo do Campo (B) e São Caetano do Sul (C), região sudeste da
Grande São Paulo.
8
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
19
9
Empresa Brasileira de Engenharia
10
Companhia Energética de São Paulo, antes até 1977, Centrais Elétricas de São Paulo criada em
1966.
20
11
Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) quando
transformado em sindicato da categoria adotou o nome APEOESP-Sindicato da Educação.
12
Partido dos Trabalhadores, fundado em 1980.
13
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, fundado em 1993.
14
Partido da Causa Operária, fundado em 1997.
15
Movimento sindical favorável à formação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), fundada em
1983.
16
Conferência das Classes Trabalhadoras, movimento sindical que inicialmente cindiu em duas
centrais a CUT e o CGT (Central Geral dos Trabalhadores).
17
Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas.
21
c. O período recente
18
Grupo de Trabalho Para a Orientação Sexual.
23
19
Programa de Escolas Associadas da UNESCO/Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura.
20
Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística.
21
Centro Associativo dos Profissionais de Ensino do Estado de São Paulo.
22
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
24
“Cumplicidade...
Ser... humano,
Escrever com o coração,
Sem, entretanto, perder a observação,
Escrever com a razão.
Registro... racional e emocional.
Sou o que sou? Ou...
Somos o que vivenciamos:
Em nossa essência e nas aparências.
Cumplicidade
Na construção e Conflitos
Na dialética do dia a dia de nosso ser”.
23
(Antônio Coelho)
23
Poema escrito em 2010.
25
24
Para Althusser (1998) existe uma pluralidade de Aparelhos Ideológicos de Estado e a escola é um
dos mais importantes.
25
Ainda que um Aparelho Ideológico de Estado, Gramsci (1982) apontava a necessidade de criar
uma cultura própria dos trabalhadores utilizando-se da instituição escolar como espaço de
apropriação que aproximasse os intelectuais da força de transformação.
26
26
Conceito desenvolvido por Dermeval Corrêa de Andrade (2001).
27
De acordo com a ética científica para pesquisa os nomes das escolas e dos bairros onde elas se
situam foram resguardados. Nesse sentido, foram criados nomes fictícios tendo como preocupação
estabelecê-los segundo o “estilo” da denominação da escola e do nome do bairro.
27
Uma vez expostas as bases das escolas e seus espaços como possibilidade
de diálogo com a cidade, é abordada na sequência a construção dos aspectos
conceituais e metodológicos que estruturaram a pesquisa.
28
Escola Municipal “Cecília Meireles”, localizada no “Jardim Bonfim”, na porção leste da cidade junto
a uma área de ocupação irregular e de risco (“Jardim Clinton”), na sub-bacia Tamanduateí Montante;
Escola Municipal de Jovens e Adultos “Raquel de Queiroz”, localizada na Vila “Gardini”, próxima ao
Centro, junto ao Shopping e ao curso do Rio Tamanduateí, sub-bacia Tamanduateí Jusante; Escola
Municipal “João Residente de Souza” localizada no “Parque São Francisco” junto ao acesso ao
Rodoanel, trecho sul e prolongamento da Jacu-Pêssego, sub-bacia do Córrego Taboão; Escola
Municipal “José Renato da Silva”, no “Jardim Pacaembu”, dentro de Área de Proteção aos
Mananciais, sub-bacia do Rio Guaió, próximo ao divisor de águas (Guaió – Tamanduateí), Escola
Municipal “Dária Anunciação Fernandes Falchi”, no “Jardim Caridade”, próxima à Gruta de Santa
Luzia, nascente oficial do Rio Tamanduateí; e Escola Municipal “Marcos Terena”, no “Jardim Alasca”
pertencente à sub-bacia Tamanduateí Montante.
29
A escola de Educação Especial, conforme concepção assumida pela Secretaria Municipal de
Educação de Mauá, passou a partir de 2011, a ser um Centro de Apoio à Educação Inclusiva.
28
experimentação.
Conforme Gramsci (1982) as experiências de ensino que reconhecem a
liberdade como condição de participação do projeto está no cerne da prática
educativa.
Nesse sentido, foram estabelecidos os eixos: a base no conceito de espaço em
Milton Santos; a educação ambiental e territorialização, desterritorialização e
reterritorialização, e sua função no diálogo com a cidade (como se faz na escola?)
com base nas três ecologias como propõe Félix Guattari, e a importância da
Educação Ambiental com Marcos Sorrentino e em Aziz Nacib Ab’Saber.
Assim, o espaço simbólico na construção do Programa de Educação da Rede
Municipal de Educação de Mauá, utilizando-se de Paulo Freire, do diálogo que a
escola estabelece com a cidade, a educação ambiental e a escola, é que podemos
apontar para a possibilidade de em outro momento da pesquisa analisar as políticas
públicas resultantes dessa ação e a relação com o poder municipal e a sociedade.
A territorialização e o espaço simbólico, e a função da Educação Ambiental no
diálogo com a cidade representam aspectos presentes que se articulam e
transpassam quando consideramos a cidade, a educação ambiental e a cidade.