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EXMO. SR. DR. MINISTRO PRESIDENTE DO E.

SUPREMO TRIBUNAL

FEDERAL.

O PARTIDO SOCIAL DEMOCRÁTICO – PSD


DIRETÓRIO NACIONAL, partido político com sede no SAS Quadra
01, Lote 01, sala 1101, Ed. Libertas, Brasília/DF, CEP 70070-010,
representado por seu Presidente Nacional, Gilberto Kassab,
brasileiro, engenheiro e economista, portador do RG nº 11.328.890-
6, inscrito no CPF sob nº 088.847.618/32, vem, respeitosamente,
com fundamento no art. 966, inciso V, do Código de Processo Civil,
propor a presente AÇÃO RESCISÓRIA, pelas razões de fato e de
direito que passa a expor:

DA DECISÃO RESCINDENDA:

1. Pelos fundamentos que serão adiante alinhados, a


presente ação rescisória tem por objeto o pedido de rescisão da
decisão de inadmissibilidade de recurso extraordinário
proferida por este E. Supremo Tribunal Federal, nos autos da Ação
Direta de Inconstitucionalidade nº 2116917-44.2018.8.26.0000,
originariamente ajuizada perante o E. Tribunal de Justiça de São
Paulo.

DO CABIMENTO DA PRESENTE AÇÃO


RESCISÓRIA:

2. Consideradas as peculiaridades únicas do presente


caso concreto, o autor apresenta, inicialmente, sustentação do
cabimento desta ação rescisória para desconstituir a r. decisão de

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inadmissibilidade de recurso extraordinário que é objeto desta


demanda.

3. Haveria um aparente óbice à admissibilidade


desta ação, fixado no art. 26 da Lei nº 9.868/1999, que assim
dispõe:

Art. 26. A decisão que declara a constitucionalidade ou a


inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo em ação
direta ou em ação declaratória é irrecorrível, ressalvada a
interposição de embargos declaratórios, não podendo,
igualmente, ser objeto de ação rescisória.

Entretanto, diante da singularidade do caso em tela e


das questões ora trazidas à apreciação desta Excelsa Corte, é de se
concluir que tal disposição não é aplicável à situação concreta
objeto desta ação.

Vejamos.

a) Objeto e abrangência da Lei nº


9.868/1999

4. Primeiramente, no tocante ao objeto e


abrangência da Lei nº 9.868/1999, cumpre ressaltar que seu artigo
1º afirma o seguinte (grifamos):

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o processo e julgamento da


ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória
de constitucionalidade perante o Supremo Tribunal
Federal.

5. No caso aqui apresentado, trata-se de ação


rescisória originalmente proposta perante o E. Tribunal de
Justiça de São Paulo que, julgada procedente, chegou a esta E.
Corte Suprema em razão da interposição de recurso extraordinário
que, entretanto, não tendo sido conhecido, não recebeu
julgamento de mérito.

6. É lícito supor, portanto, mesmo em uma análise


puramente literal, que a norma restritiva prevista no artigo 26 da

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Lei nº 9.868/1999 é somente aplicável às ações diretas de


inconstitucionalidade que são reguladas por tal diploma legislativo,
isto é, aquelas que são ajuizadas “perante o Supremo Tribunal
Federal”.

Embora as demais disposições dessa Lei possam ser


analogicamente aplicáveis às ADIs propostas perante os demais
tribunais do país, no que tange à forma e processamento dessas
ações, não se pode, todavia, estender por meio de interpretação
analógica uma norma de natureza proibitiva ou restritiva de
direitos.

Normas de natureza restritiva devem ser


interpretadas restritivamente. É inaceitável ao intérprete,
portanto, criar proibições que o legislador não impôs
expressamente.

O sempre atual Carlos Maximiano lecionou, a respeito


do tema, que:

233 - VIII. Interpretam-se estritamente as frases que


estabelecem formalidades em geral, bem como as
fixadoras de condições para um ato jurídico ou recurso
judiciário.

...............

235 – X. Em regra, é estrita a interpretação das leis


excepcionais, das fiscais e das punitivas.1

Mais adiante em sua obra, esclareceu o eminente


jurista o que se considera “direito excepcional”, submetido, pois, à
interpretação restritiva de seu significado:

275 – Consideram-se excepcionais, quer estejam insertas


em repositórios de Direito Comum, quer se achem nos de
Direito Especial, as disposições: (...) o) limitam a
faculdade de acionar de novo, de recorrer, oferecer provas,
defender-se amplamente; (...) q) enfim, introduzem
1 MAXIMIANO, Carlos. Hermenêutica e Aplicação do Direito. 11ª ed. Forense, 1990,
p. 205.

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exceções, de qualquer natureza, a regras gerais, ou a um


preceito da mesma lei, a favor, ou em prejuízo, de
indivíduos ou classes da comunidade.2

Note-se, como reforço do argumento, que a Lei


Federal nº 11.697/2008, que dispõe sobre a organização judiciária
do Distrito Federal e Territórios, ao tratar das ações de
inconstitucionalidade ajuizadas no âmbito de seus respectivos
Tribunais, afirma apenas que “as normas sobre o processo e o
julgamento” das ADIs perante Supremo Tribunal Federal são
também aplicáveis a essas ações originalmente propostas nas
Cortes locais desses entes da federação; não se repetiu, contudo, a
restrição aqui comentada.

Ademais, é sabido que são recorríveis a este E.


Supremo Tribunal Federal as decisões proferidas nas ADIs ajuizadas
originalmente perante as cortes de segundo grau.

Portanto, em sua literalidade, que não pode ser


ampliada por se tratar de norma restritiva do cabimento da ação
rescisória, não parece que a disposição contida no artigo 26, da Lei
nº 9.868/1999, seja aplicável às ações rescisórias que se iniciaram
nos tribunais locais, especialmente quando não julgados
definitivamente, em seu mérito, por este E. Supremo
Tribunal Federal, como veremos no argumento a seguir.

7. Levada em consideração, por sua vez, a


finalidade da norma, a restrição ao cabimento de ação rescisória,
constante do supra citado artigo 26, somente faz sentido enquanto
tratar-se de ação direta de inconstitucionalidade que foi proposta
perante o E. Supremo Tribunal Federal e por ele decidida.
Afinal, parece claro que referida proibição tem como pano de fundo
a situação de uma ação que tramita em única instância perante a
Corte máxima do país, tanto que o mesmo dispositivo legal
também decreta a irrecorribilidade da decisão final. Ora, as
decisões proferidas nas ADIs propostas nas Cortes Estaduais são
recorríveis mediante Recurso Extraordinário, o que, como

2 Idem, ibidem, pp. 229-230.

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argumento adicional, mostra que a norma em exame se dirige


somente às ADIs de competência originária do STF.

É nesse contexto teleológico, portanto, que se insere


a vedação ao cabimento de ação rescisória imposta pela Lei nº
11.697/2008 : afirmar como definitiva e imutável a autoridade
das decisões proferidas por esta Suprema Corte acerca da
constitucionalidade ou inconstitucionalidade das leis. Esta, pois,
é a mensagem implícita no artigo 26 da Lei: proferido julgamento
por este Excelso Tribunal, seja decidindo pela constitucionalidade ou
pela inconstitucionalidade da norma jurídica, a decisão há de ser
definitiva ao ponto de não mais se poder desafiá-la, nem por
recurso, nem mesmo pela via da ação rescisória.

8. No caso em tela, porém, a ação direta de


inconstitucionalidade foi ajuizada em Tribunal Estadual e, chegada a
causa a este Pretório Excelso, não recebeu julgamento de
mérito, eis que o recurso extraordinário não foi conhecido,
pela decisão que é aqui objeto do pedido de rescisão e novo
julgamento.

E, como se verá mais adiante, o julgamento de mérito


que prevaleceu na ação anterior, proferido pela Corte Estadual,
afronta a Constituição Federal e é contrário a entendimento
emanado deste E. Supremo Tribunal Federal em outro caso
totalmente semelhante.

9. Portanto, se a finalidade da vedação legal aqui


discutida é a de preservar a estabilidade e a autoridade das
decisões do Supremo Tribunal Federal acerca da
inconstitucionalidade das leis, fica patente que, no caso aqui
examinado, esta ação rescisória representa antes o atendimento a
essa finalidade do que afronta à norma proibitiva.

Mais uma vez, valendo-se das perenes lições de


Carlos Maximiano:

Toda prescrição legal tem provavelmente um escopo, e


presume-se que a este pretenderam corresponder os
autores da mesma, isto é, quiseram tornar eficiente,

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converter em realidade o objetivo ideado. A regra positiva


deve ser entendida de modo que satisfaça aquele
propósito; quando assim se não procedia, construíam a
obra do hermeneuta sobre a areia movediça do processo
gramatical.

Considera-se o Direito como uma ciência primariamente


normativa ou finalística; por isso mesmo a sua
interpretação há de ser, na essência, teleológica. O
hermeneuta sempre terá em vista o fim da lei, o resultado
que a mesma precisa atingir em uma situação prática. A
norma enfeixa um conjunto de providências, protetoras,
julgadas necessárias para satisfazer a certas exigências
econômicas e sociais; será interpretada de modo que
melhor corresponda àquela finalidade e assegure
plenamente a tutela de interesse para a qual foi regida.3

Arrematando tais lições, disse o saudoso mestre:

168 – Algumas regras servem para completar a doutrina


acerca do emprego do elemento teleológico; eis as
principais:

a) As leis conformes no seu fim devem ter idêntica


execução e não podem ser entendidas de modo que
produzam decisões diferentes sobre o mesmo objeto;

...................

d) Os títulos, as epígrafes, o preâmbulo e as exposições de


motivos da lei auxiliam a reconhecer o fim primitivo da
mesma.4

Como aqui sustentado, o fim dessa proibição é


preservar o império das decisões do E. Supremo Tribunal
Federal acerca da constitucionalidade, ou não, das leis, tornando-
as inatacáveis igualmente pela via da ação rescisória.

3 Idem, ibidem, pp. 151-152.


4 Idem, ibidem, p. 156.

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A se estender ao caso em tela tal vedação ao


cabimento da ação rescisória, chega-se à iniquidade de
perenizar entendimento de Corte local, contrária à
Constituição Federal e diversa do entendimento que este E.
Supremo Tribunal Federal já proferiu em outra causa
semelhante.

Afinal, insista-se, a causa anterior não recebeu


julgamento de mérito nesta E. Corte máxima. A via rescisória
ora apresentada, como visto, restituirá a competência deste E.
Supremo Tribunal Federal para o exame final e definitivo da questão
constitucional que foi objeto da ação anterior.

10. Portanto, demonstrado está que, seja pela


interpretação literal da norma, seja pela sua interpretação
finalística, a vedação ao exercício da ação rescisória contida no
artigo 26, da Lei Federal nº 9.868/1999, não se aplica à situação
presente, em que a ADI anterior não foi proposta “perante o
Supremo Tribunal Federal”, nem sequer foi julgada em seu mérito
por esta E. Corte.

E a esses argumentos, já em si robustos, merece


ainda ser agregada a superveniência de lei nova, a permitir que
a ação rescisória tenha como objeto decisão de inadmissibilidade
recursal, como será analisado a seguir.

b) Da superveniência do Código de Processo


Civil de 2015:

11. O novo Código de Processo Civil inovou no trato


da ação rescisória, ao incluir como rescindível não apenas o
julgamento de mérito, mas também a decisão de inadmissibilidade
de recurso.

Após enumerar, no caput do artigo 966, as situações


que dão ensejo ao ajuizamento de ação rescisória, o parágrafo 2º
desse dispositivo legal diz que (grifamos):

Art. 966. ......................

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.....................

§ 2º Nas hipóteses previstas nos incisos do caput , será


rescindível a decisão transitada em julgado que, embora
não seja de mérito, impeça:

I - nova propositura da demanda; ou

II - admissibilidade do recurso correspondente.

Segundo comentado por Rodrigo Barioni, acerca do


novo perfil de cabimento da ação rescisória:

A hipótese do inc. II do §2º do art. 966 do CPC/2015 diz


respeito, nitidamente, a pronunciamento de
inadmissibilidade do recurso emanado pelo tribunal, em
que presente um vício rescisório. Quando se tratar de
recurso que impugne a decisão de mérito, deve ser
considerada rescindível.5

12. Tal nova regra reforça ainda mais o argumento


para sustentarmos o cabimento da ação rescisória no caso
presente.

Produzida ainda no regime processual anterior, a


vedação contida no artigo 26, da Lei nº 9.868/1999 certamente se
referia exclusivamente aos julgamentos de mérito proferidos
pelo STF nas ações diretas de inconstitucionalidade. Como já
sustentado acima, a finalidade da norma é tornar estável e
inatacável o entendimento desta E. Corte acerca do direito
constitucional.

A decisão rescindenda, no caso em tela, versa


somente sobre a inadmissibilidade de recurso extraordinário, cujo
resultado suprimiu desta E. Corte a apreciação da questão
constitucional nele arguida.

Assim, diante da superveniência do Código de


Processo Civil, permitindo a rescisão de decisão de inadmissibilidade

5 BARIONI, Rodrigo. in: WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et al, Breves Comentários
ao Novo Código de Processo Civil, 3ª ed, RT, 2016, p. 2392.

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recursal, temos que esta nova disposição há de prevalecer e não


pode ser atingida por proibição anterior que claramente
tratou de coisa diversa, isto é, vedou somente que o
julgamento de mérito proferido por este E. Supremo Tribunal
Federal seja desafiado pela via da ação rescisória.

13. Ademais, a superveniência do direito novo dá


redobrado reforço à interpretação teleológica da norma proibitiva do
já citado artigo 26, frente às suas peculiaridades muitíssimo
específicas. Uma vez levantado, pelo CPC/2015, o óbice de pedir-se
a rescisão de decisão meramente denegatória de recurso, abriu-se a
oportunidade de, por essa nova via, reforçar-se a autoridade e
soberania deste E. Supremo Tribunal Federal acerca da
constitucionalidade ou inconstitucionalidade das leis.

Assim, quando a decisão de mérito acerca da


constitucionalidade de lei fora proferida pelos Tribunais locais,
havendo motivos para a rescisão da decisão denegatória de recurso,
reafirma-se a autoridade desta Corte Constitucional para dar a
palavra final, em julgamento de mérito, acerca da hierarquia e
supremacia da Constituição Federal sobre as demais normas
infraconstitucionais.

c) Da quebra de isonomia:

14. Como derradeiro argumento pela admissibilidade


desta ação rescisória, se os anteriores já não forem bastantes, resta
dizer que não admiti-la resultaria em violação flagrante ao
princípio constitucional da isonomia.

Nas razões de mérito desta petição inicial, ver-se-á


que esta E. Corte, em ação que lhe foi originalmente
apresentada, decidiu de modo diverso questão idêntica, esta
aplicável ao funcionalismo público do Estado do Pará (ADI 6221). Já
no caso aqui trazido, a mesma questão constitucional foi decidida
pelo E. Tribunal de Justiça de São Paulo de modo totalmente oposto
ao entendimento desta Corte Constitucional, que, no entanto,
deixou de dar a decisão final à matéria em razão da

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inadmissibilidade do recurso extraordinário interposto contra o v.


acórdão local.

15. Com isso, uma emenda constitucional


estadual de São Paulo foi considerada inconstitucional pela
Corte local, por fundamentos que não foram assim
entendidos quando emenda constitucional do Estado do
Pará, de idêntico conteúdo, foi submetida ao crivo desta E.
Corte Suprema.

Se a Constituição Federal há de ser uma só para


todo o país, e do mesmo modo há de ser interpretada em face das
mesmas situações concretas, não se admitir a ação rescisória no
caso presente, diante dessa sua peculiaridade, resultará em
afronta ao princípio constitucional da isonomia e desrespeito à
autoridade do Supremo Tribunal Federal em matéria de
interpretação final e definitiva do texto constitucional.

DA LEGITIMIDADE ATIVA:

16. Nossa legislação, talvez por conta do disposto no


artigo 26, da Lei nº 9.868/1999, não cuidou expressamente da
legitimação para a propositura de ação rescisória contra decisão
proferida em ação direta de inconstitucionalidade. Daí, tal lacuna há
de ser integrada por analogia, confrontando-se o tratamento geral
dado a essa questão em outras normas legais aplicáveis à espécie.

De um lado, dispõe o art. 967 do CPC que (grifamos):

Art. 967. Têm legitimidade para propor a ação rescisória:

....................

II - o terceiro juridicamente interessado;

....................

A r. decisão rescindenda foi proferida em Ação Direta


de Inconstitucionalidade. A princípio, poder-se-ia dizer que todos
são juridicamente interessados na correta compreensão acerca da
constitucionalidade ou inconstitucionalidade das leis pátrias, ou que

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inúmeros brasileiros, atingidos pela decisão em seus direitos e


obrigações, são juridicamente interessados.

Considerando, porém, que a legitimidade ativa para a


ação direta de inconstitucionalidade é restrita aos sujeitos indicados
no artigo 2º, da Lei nº 9.868/1999, é de se supor que todos os que
estão ali relacionados, se não foram partes da ação, podem ser
considerados terceiros juridicamente interessados no seu
julgamento, pois a todos eles foi dada a legitimidade para suscitar a
inconstitucionalidade das leis em abstrato, tornando-os todos
verdadeiros zeladores da observância da hierarquia constitucional
sobre as demais normas jurídicas pátrias.

17. Assim, este autor, partido político com


representação no Congresso Nacional (docs. 2 e 3), tendo
legitimidade para ajuizar ação direta de inconstitucionalidade (art.
2º, VIII, da Lei nº 9.868/1999), há de ser, então, considerado
terceiro juridicamente interessado para fins de ajuizamento
de ação rescisória, uma vez que não foi parte na demanda
anterior, mas era sujeito igualmente legitimado para propô-la.

DA COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA:

18. Tratando-se de pedido rescisório da r. decisão de


inadmissibilidade de recurso extraordinário, proferida em v. acórdão
relatado pelo d. Ministro Alexandre de Moraes, a competência
originária para esta ação há de ser este E. Supremo Tribunal
Federal, por força do disposto no artigo 102, I, letra “j”, da
Constituição Federal:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,


precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

...................

j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;

Diante da nova admissibilidade da ação rescisória


contra decisão de não conhecimento de recurso, se esta é o objeto

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do pedido rescisório, não importa o fato de que não tenha julgado o


mérito; afinal, o ato atacado é a própria decisão de não
conhecimento do recurso, de modo que não podem as cortes
inferiores revisarem ato decisório deste E. Supremo Tribunal
Federal.

Assim, a competência originária para esta ação


rescisória recai sobre esta Colenda Corte Constitucional.

DEMAIS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE


DA AÇÃO RESCISÓRIA:

19. Como se observa da cópia anexa (doc. 15),


extraída dos autos da ação anterior, o trânsito em julgado ocorreu
em 05/03/2020. Assim, preenchidos estão dois dos requisitos
formais exigidos para o exercício da presente ação, isto é, a
ocorrência do trânsito em julgado e a observância do prazo bianual
para a sua propositura.

20. Em razão das peculiaridades do caso concreto,


soa imprópria a exigência processual de depositar a caução prevista
no art. 968, II, do CPC.

Como bem sabido e previsto no texto legal, tal caução


se presta a assegurar o futuro cumprimento do pagamento de
multa, a ser aplicada ao autor da ação “caso a ação seja, por
unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente”.
Tal multa é aplicável a favor do réu (art. 974, § único, do CPC).

Em uma ação direta de inconstitucionalidade, não há,


propriamente, um réu, e assim também se dá nesta ação rescisória.
No caso em tela, não há a quem reverter a futura multa. Por tais
motivos, não há sentido em previamente apresentar tal caução
legal, para o fim de prestar garantia ao pagamento de multa que
não será imposta posteriormente.

QUANTO AO MÉRITO:

21. A origem da questão ora trazida à apreciação


desta E. Suprema Corte se deu com a promulgação, no Estado de

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São Paulo, da Emenda Constitucional nº 46, de 08/06/2018


(doc. 5).

Referida Emenda Constitucional foi proposta por


iniciativa da Assembleia Legislativa local, tendo alterado a
Constituição paulista conforme fixado em seu art. 1º, cuja redação
é a seguinte (grifamos):

Artigo 1º - Dê-se a seguinte nova redação ao inciso XII do


artigo 115 da Constituição do Estado de São Paulo:

XII - para efeitos do disposto no § 12 do artigo 37 da


Constituição Federal, fica fixado como limite único da
remuneração, subsídio, proventos, pensões ou outra
espécie remuneratória, no âmbito do Estado de São Paulo
e seus municípios, abrangendo os Poderes Judiciário,
Legislativos e Executivos, o Ministério Público, a Defensoria
Pública e os Tribunais de Contas, o valor do subsídio
mensal dos Desembargadores do Tribunal de Justiça deste
Estado, não se aplicando o disposto neste inciso aos
subsídios dos Deputados Estaduais e Vereadores;.

22. Em 11/06/2018, o Prefeito do Município de São


Bernardo do Campo ajuizou (doc. 4), perante o E. Tribunal de
Justiça de São Paulo, uma ação direta de inconstitucionalidade de
referida Emenda Constitucional (processo nº 2116917-
44.2018.8.26.0000), arguindo, em síntese, que:

a) tal Emenda não poderia projetar reflexos na


estrutura administrativa dos Municípios;

b) haveria vício de inciativa, tendo em vista que a


Emenda Constitucional nº 46/2018 não foi apresentada pelo Poder
Executivo estadual.

23. Esclareça-se que, para os propósitos desta ação


rescisória, é irrelevante o primeiro dos argumentos acima, eis que
não integra o objeto aqui apresentado e questionado. Pede-se, no
caso em tela, a rescisão da r. decisão de inadmissibilidade do
recurso extraordinário, para que este E. Supremo Tribunal profira

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julgamento de mérito quanto à segunda inconstitucionalidade


acima arguida na ação anterior, isto é, de que haveria vício de
iniciativa nos trâmites legislativos que resultaram na Emenda
Constitucional Estadual nº 46/2018.

Sendo assim, prosseguimos na narrativa, focando a


atenção tão somente nos fundamentos que resultaram na
decretação de inconstitucionalidade por alegado vício de iniciativa.

24. A ação direta de inconstitucionalidade nº


2116917-44.2018.8.26.0000 foi julgada procedente pelo E. Tribunal
de Justiça de São Paulo. No que tange exclusivamente aos
fundamentos que são atacados pela via desta ação rescisória,
constou da ementa do v. acórdão (doc. 6) que:

As hipóteses previstas nos artigos 61, § 1º, da Lei Maior e


24, § 2º, da Carta Bandeirante não podem ser
disciplinadas por meio de emenda constitucional de
iniciativa parlamentar, incumbindo apenas ao Governador
regular o assunto, seja em projeto de lei de sua autoria,
seja mediante proposta de emenda, nos termos do artigo
22, inciso II, da Constituição Estadual.

No corpo do v. acórdão (doc. 6) emanado do E.


Tribunal de Justiça de São Paulo, lê-se os seguintes fundamentos,
formulados como sustentáculo da decisão final de mérito
(grifamos):

As normas do processo legislativo, a exemplo das regras


de iniciativa reservada ao Poder Executivo, são oponíveis
ao poder constituinte do Estado-membro, que deve
respeitar o modelo de tripartição de poderes delineado
pela Carta da República, não podendo ser objeto de
deliberação proposta de emenda que tipifique maltrato ao
princípio da separação dos poderes, erigido à categoria de
cláusula pétrea, nos termos do artigo 60, § 4 º, inciso
III, da CF.

Sendo assim é defeso à Assembleia Legislativa, sob o


pretexto de atuar no exercício do poder constituinte

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decorrente, “transgredir os postulados fundamentais que


regem, no plano de nossa organização político-jurídica, as
relações institucionais entre os Poderes, notadamente
aqueles princípios constitucionais que dispõem sobre a
prerrogativa de instauração do processo de positivação
formal do Direito, inclusive no âmbito das comunidades
autônomas locais”, sendo igualmente vedado ao
Estado-membro “introduzir regras de índole
constitucional na Carta Política local veiculadoras,
por iniciativa de Deputados Estaduais, de temas para
cuja regulação exista, no que concerne à elaboração
de leis, reserva de iniciativa em favor do Poder
Executivo ou do Poder Judiciário. Isso significa que, onde
houver restrição em matéria de elaboração de leis, como
sucede nas hipóteses do art. 61, § 1º, II, do art. 96, I, “
d”, e II, e, ainda, do art. 125, § 1º, 'in fine', todos da
Constituição da República, aí também haverá limitação
ao exercício do poder de formulação constitucional, no que
concerne aos Deputados Estaduais, o que justifica, em face
da doutrina e da jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, a impossibilidade jurídica de parlamentares
locais proporem, mediante iniciativa própria, normas
constitucionais veiculadoras de tratamento
normativo peculiar, p. ex., ao regime jurídico de
servidores públicos” (ADI no 105/RO, Relator Ministro
Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2018 –
grifos nossos).

Explicitando: as hipóteses previstas nos artigos 61, § 1º,


da Lei Maior e 24, § 2º, da Carta Bandeirante não podem
ser disciplinadas por meio de emenda constitucional
de iniciativa parlamentar, incumbindo apenas ao
Governador regular o assunto, seja em projeto de lei
de sua autoria, seja mediante proposta de emenda, nos
termos do artigo 22, inciso II, da Constituição Estadual.

25. Diante desses motivos, que consideraram


inaceitável, aos olhos da Constituição Federal, que a EC nº 46

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houvesse nascido de iniciativa parlamentar, a ação direta de


inconstitucionalidade nº 2116917-44.2018.8.26.0000 foi julgada
procedente pelo E. Tribunal de Justiça de São Paulo, decidindo a
questão nestes termos presentes no dispositivo do v. acórdão:

Como corolário, na hipótese vertente, a Emenda


Constitucional Estadual no 46, de 08 de junho de 2018
implica transgressão ao princípio da separação dos
poderes, traduzindo ofensa aos artigos 1º, 5º, 22, inciso
II, 24, § 2º, item 4, e 144, todos da Constituição
Bandeirante, além dos artigos 37, inciso XI e § 12, e 60, §
4º, inciso III, da Carta da República, o que conduz ao
decreto de procedência desta ação direta.

Ante o exposto, julgo procedente a presente ação para


declarar a inconstitucionalidade da Emenda Constitucional
Estadual no 46, de 08 de junho de 2018, com efeito ex
tunc. Comunique-se oportunamente à Assembleia
Legislativa, nos termos do artigo 25 da Lei no 9.868/99.

26. Contra referido acórdão, foi interposto Recurso


Extraordinário pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo
(doc. 08). Também apresentaram recurso o Partido Trabalhista
Brasileiro – PTB (doc. 07), a Associação dos Agentes Fiscais de
Renda de São Paulo (doc. 09) e o Sindicato Nacional dos Docentes
das Instituições de Ensino Superior – ANDES (doc. 10).

O Recurso Extraordinário interposto pela Assembleia


Legislativa do Estado de São Paulo foi admitido na origem (doc. 12).
Os demais recursos foram inadmitidos pela E. Presidência do
Tribunal de Justiça (doc. 11), ao fundamento de que os recorrentes
haviam meramente figurado na lide na posição de amicus curiae, a
quem a lei não confere legitimidade para recorrer. Ademais, a
postulação de ingresso foi-lhes negada. Os três recorrentes
apresentaram Agravo em Recurso Extraordinário.

DA R. DECISÃO RESCINDENDA:

27. Remetidos os autos a este C. Supremo Tribunal


Federal, foi proferida decisão de inadmissibilidade recursal. Em

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decisão monocrática (doc. 13), o e. Min. Alexandre de Morais negou


seguimento ao recurso extraordinário interposto pela Assembleia
Legislativa, fazendo-o pelos seguintes motivos:

O recurso não merece prosperar.

O Tribunal de origem declarou a inconstitucionalidade da


EC Estadual 46/2018, ao entendimento de que a matéria
relativa ao regime jurídico dos servidores públicos, na qual
se inclui a limitação ao teto remuneratório dos servidores
públicos, disciplinada no art. 61, §1º, da Lei Maior, e no
art. 24, §2º, da Carta Bandeirante, é de competência
legislativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo, e, por
isso, não pode ser disciplinada por meio de emenda
constitucional de iniciativa parlamentar, incumbindo
apenas ao Governador regular o assunto, seja em projeto
de lei de sua autoria, seja mediante proposta de emenda,
nos termos do art. 22, inciso II, da Constituição Estadual.

Essa compreensão alinha-se à jurisprudência pacífica desta


SUPREMA CORTE, que reconhece a inconstitucionalidade
de emendas às constituições estaduais que disponham a
respeito de temas cuja iniciativa legislativa é exclusiva do
Chefe do Executivo estadual.

Prossegue a r. decisão rescindenda, enumerando


julgados desta E. Corte Constitucional, que supostamente
chancelariam a decisão denegatória.

28. Saliente-se desde logo, como será melhor


deduzido adiante, que a jurisprudência colacionada na r. decisão
rescindenda não dizia respeito à situação concreta ali examinada.

É sem dúvida alguma inegável a inconstitucionalidade


de leis ou emendas constitucionais que violem a reserva legislativa
do Poder Executivo. Nisto, na tese esboçada, tanto a jurisprudência
apresentada na r. decisão rescindenda, como os seus próprios
fundamentos, estavam corretíssimos.

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Entretanto, a matéria versada na EC nº 46/2018


não era, como não é, de competência privativa do Chefe do
Executivo Estadual. E a jurisprudência colacionada na r. decisão
rescindenda, com o devido respeito, versava sobre temas
diversos, sobre os quais – agora sim – recai reserva legislativa do
Poder Executivo. A diferença entre as matérias, embora sutil, a
ponto de produzir o aqui apontado engano, há de ser reconhecida
por esta C. Corte Suprema, como, aliás, já o foi noutro julgado
recente, que será melhor analisado adiante.

29. Interposto agravo interno pela Assembleia


Legislativa, este foi igualmente rejeitado, por v. acórdão de lavra da
E. Primeira Turma (doc. 14), ato contra o qual, respeitosamente, se
interpõe a presente ação rescisória.

O v. acórdão rescindendo (doc. 14), como se observa


de sua mera leitura, resumiu-se a reiterar os fundamentos da r.
decisão monocrática recorrida, para concluir que:

Não há reparo a fazer no entendimento aplicado, pois o


Agravo Interno não apresentou qualquer argumento apto a
desconstituir os óbices apontados.

Diante do exposto, nego provimento ao Agravo Interno

Assim, por unanimidade, a C. Primeira Turma desta E.


Corte negou provimento ao Agravo Interno da ALESP (doc. 14),
mantendo-se integralmente a r. decisão monocrática de negativa
de seguimento do Recurso Extraordinário.

30. Para, em breve síntese, narrar o desfecho da


causa anterior, mencione-se que foram interpostos outros agravos
internos contra a r. decisão monocrática do e. Min. Alexandre de
Moraes, por terceiros outros que não a Assembleia Legislativa
paulista. Tais recursos não foram conhecidos, sob o fundamento de
que os recorrentes não gozariam da legitimidade recursal. Mas
essas questões são irrelevantes para a presente ação rescisória, em
que se pede a rescisão da decretação de inadmissibilidade do
Recurso Extraordinário interposto pela Assembleia Legislativa de
São Paulo, com consequente julgamento do mérito de tal recurso.

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Assim, como última decisão proferida nos autos da


ação direta de inconstitucionalidade nº 2116917-
44.2018.8.26.0000, restou a denegação do recurso extraordinário
apresentado pela ALESP contra o v. acórdão proferido pelo Tribunal
de Justiça de São Paulo, que transitou em julgado em 05/03/2020
(doc. 15), e é o objeto desta ação rescisória.

DOS FUNDAMENTOS DESTA AÇÃO RESCISÓRIA:

31. Funda-se a presente ação na hipótese prevista no


art. 966, V, do Código de Processo Civil. A denegação do recurso
violou norma jurídica de forma manifesta.

Restaram violados, o que é aqui arguido como


fundamento para o presente pedido rescisório, o art. 37, § 12, e o
art. 61, §1º, ambos da Constituição Federal.

32. Foi exaustivamente apontado, na narrativa acima,


que o Recurso Extraordinário apresentado na ação anterior teve seu
seguimento negado, porque entendeu a C. Turma Julgadora
(doc. 14), trilhando os mesmos argumentos da r. Decisão
Monocrática (doc. 13), que a inconstitucionalidade invocada no
apelo extremo não encontrava guarida em julgados anteriores desta
Corte Suprema, vários destes cotejados no corpo daquela decisão.

Entretanto, o argumento invocado, a reserva


legislativa prevista no art. 61, §1º, da Constituição Federal, não é
aplicável à hipótese concreta, em que não se promoveu
alteração no regime jurídico dos servidores públicos, não
criou de cargos, nem tão pouco impingiu aumento de
despesa a sobrecarregar o orçamento estadual.

Aplicado tal preceito em uma situação concreta


diversa da de sua incidência, houve violação desse dispositivo
constitucional.

33. Mais clara, ainda, é a violação ao art. 37, § 12,


da Constituição Federal. Vejamos o que dispõe o art. 37, §12, aqui
arguido como violado, bem como o inciso XI do mesmo dispositivo
constitucional, ao qual o §12 se refere (grifamos):

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Art. 37. A administração pública direta e indireta de


qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:

...............

XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos,


funções e empregos públicos da administração direta,
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra
espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou
não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio
mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do
Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e
cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no
âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos
membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
Defensores Públicos;

...............

§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste


artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal
fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas
Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o
subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e
cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos

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Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o


disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados
Estaduais e Distritais e dos Vereadores.

34. Soa claríssimo, do trecho acima trasladado, que


já consta literalmente no texto da Lei Maior a autorização
para que os Estados – em assim querendo – optem pelo teto
apontado e limitado pelo §12, do art. 37. Mais que isso, a
Constituição da República autoriza que tal opção seja instituída
pelos Estados “mediante emenda às respectivas
Constituições”.

Não exige o texto constitucional qualquer outra


formalidade, nem tão pouco iniciativa especial, para que seja
votada e aprovada uma Emenda Constitucional estadual que
disponha sobre a alteração do teto remuneratório. Ademais, os
limites com que o constituinte estadual poderá fazê-lo já estão
previamente fixados na Lei Maior, isto é, que o teto máximo não
ultrapasse “o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal”.

Diante disso, parece claro que a autorização


expressamente dada aos Estados, neste §12 ao art. 37, não
encontra qualquer limite no disposto no art. 61, §1º, também
da Lei Maior. A aplicação ao caso concreto, pelo v. acórdão
rescindendo, do referido art. 61, §1º, não só extrapolou o âmbito
de sua própria incidência, como também colidiu com a autorização
expressa contida no art. 37, §12, cuja vigência foi, então,
afrontada.

Em síntese, houve, na r. decisão rescindenda,


violação manifesta e direta ao disposto no art. 37, §12, da
Constituição Federal; considera-se igualmente violado o disposto no
art. 61, §1º, da Carta Magna, uma vez que foi aplicado fora do seu
âmbito de incidência, em colisão frontal com o citado art. 37, §12º.

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DA ORIENTAÇÃO DESTE E. SUPREMO


TRIBUNAL FEDERAL:

35. Como já brevemente ventilado acima, a r. decisão


rescindenda escorou-se, inadvertidamente, em outros julgados
desta E. Corte Suprema que, no entanto, dizem respeito a temas
diversos em que se aplica a reserva legislativa.

Em se tratando de norma que apenas altera o teto


remuneratório do funcionalismo, nenhuma das disposições do art.
61 é aplicável. Antes, aplica-se diretamente a tal matéria a
autorização expressa contida no art. 37, §12, da Constituição,
facultando aos Estados alterar o teto “mediante emenda às
respectivas Constituições”.

Não se percebendo as nuances, talvez obnubiladas


pelo relativo tumulto processual ocorrido naquela ação anterior, o v.
acórdão rescindendo proferido no julgamento do Agravo Interno,
seguindo a orientação da r. decisão monocrática então agravada,
simplesmente tratou situações diversas como se fossem uma só.
Assim, citando longa jurisprudência desta E. Corte sobre outras
matérias diversas, julgou-se por manter a inadmissibilidade do
Recurso Extraordinário interposto pela ALESP, pois entendeu-se
incidir sobre a questão que era objeto do inconformismo recursal a
reserva de iniciativa legislativa conferida ao Poder Executivo.

36. Entretanto, ao decidir o pedido cautelar


apresentado na ADI nº 6221/PA, que foi originalmente
proposta perante este E. Supremo Tribunal Federal, o Plenário
desta Corte decidiu (doc.16) que, para a mera modificação do
teto remuneratório, na forma e limites expressos no art. 37, §12,
da CF, a Emenda Constitucional respectiva não depende de
iniciativa do Chefe do Poder Executivo Estadual.

37. A ADI nº 6221/PA foi ajuizada pela d.


Procuradoria Geral da República, tendo como objeto a declaração de
inconstitucionalidade da Emenda Constitucional nº 72/2018, do
Estado do Pará. A inconstitucionalidade apontada na ADI nº
6221/PA era exatamente a mesma que fora objeto da ação

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direta de inconstitucionalidade originária do TJSP, cuja


decisão final é objeto desta ação rescisória.

Tratou, a Emenda Constitucional paraense, de


promover alteração do teto remuneratório aplicável aos funcionários
públicos daquele estado, bem como aos dos seus municípios. E,
igual sucedeu com a Emenda Paulista, a EC paraense havia sido
apresentada ao processo legislativo por iniciativa do parlamento
local.

Então, a d. Procuradoria Geral da República ajuizou


aquela Ação Direta de Inconstitucionalidade perante esta C.
Suprema Corte, para arguir a violação da reserva legal, bem como
a impossibilidade de o Estado legislar sobre a estrutura
administrativa dos municípios, formulando pedido cautelar para
desde logo suspender a eficácia da norma jurídica atacada.

Portanto, a ADI 6221/PA versou precisamente


sobre as mesmíssimas questões constitucionais que foram
objeto da ADI paulista, que por sua vez se encerrou com a
decretação de inadmissibilidade recursal decidida no v. acórdão
rescindendo!

38. Em seu voto sobre o pedido de medida cautelar


formulado na ADI 6221/PA, o i. relator sorteado, Min. Edson Fachin,
negou ambos os pedidos (doc. 16), já adiantando sólidos e
profundos fundamentos de mérito sobre a inexistência de
qualquer das inconstitucionalidades apontadas pela PGR.
Optando, porém, por submeter a questão ao Plenário, seu voto
restou parcialmente vencido, seguindo como relator o i. Min.
Alexandre de Moraes (doc. 16).

Nesse caso anterior, então, a medida cautelar foi


concedida apenas para suspender a eficácia da norma questionada
em relação ao funcionalismo municipal. No tocante à alegação de
inconstitucionalidade da norma, por infração à iniciativa
legislativa do Governador do Estado, a medida cautelar fora
rejeitada. E o voto vencedor do e. Min. Alexandre de Moraes
concordou, em parte, com o voto prolatado pelo e. Min. Edson

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Fachin, no que tange a essa parte da questão. Merecem transcrição,


portanto, os dizeres do e. Min. Edson Fachin (doc. 16), quanto à
parte de seu voto que foi integralmente acolhida por esta C. Corte
(grifamos):

Embora haja inúmeras decisões deste Supremo


Tribunal Federal em relação à reserva de iniciativa
para a propositura de projetos de emenda às Constituições
estaduais, o caso merece a devida distinção da
jurisprudência.

A norma impugnada deriva de projeto de emenda à


Constituição do Estado do Pará de autoria parlamentar.

Em princípio, segundo o entendimento do STF, as emendas


às Constituições Estaduais que tratam de servidor público
devem obedecer à reserva de iniciativa do modelo federal
na forma do art. 61, I, “a”, da Constituição da República
(...).

Após citar, em seguida, inúmeros julgados desta E.


Corte Constitucional consagrando a reserva de iniciativa legislativa,
o e. Min. Edson Fachin pôs-se a demonstrar que, em todos aqueles
outros casos, tratou-se de questões bem diversas da
modificação do teto remuneratório. Nas palavras do e. Min.
Edson Fachin (grifamos):

A norma constitucional, ao prever essa faculdade, buscou


permitir a desvinculação do teto dos servidores, tal como
dispõe o art. 37, XI, na redação dada pela Emenda
Constitucional nº 41/2003, ao subsídio do Prefeito, no caso
dos municípios, ou ao subsídio do Governador e
Deputados, no caso dos Estados e no Distrito Federal, uma
vez que a natureza política desses cargos poderia
influenciar o regime remuneratório dos servidores.

Como se lê no § 12, a própria Constituição da República


estabeleceu que a espécie normativa para a adoção do
subteto único seria emenda às Constituições
estaduais ou à lei orgânica do Distrito Federal,

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determinando, pois, que a norma fosse editada pelo


Poder Constituinte Decorrente. Este, porém, possui
reserva de iniciativa diversa das propostas legais.

E justamente diante dessa diversidade é que se


formou a jurisprudência que impõe a reserva de
iniciativa para emendas às constituições estaduais, a
fim, na verdade, de evitar que, por via de emenda,
fossem disciplinadas matérias que, pela via legal,
dependessem de iniciativa do Poder Executivo.

Assim, se a matéria é necessariamente


constitucional, não deve ser imposta a reserva de
iniciativa legal, como decidido neste precedente:

EMENTA: I. Poder Constituinte Estadual: autonomia


(ADCT, art. 11): restrições jurisprudenciais
inaplicáveis ao caso. 1. É da jurisprudência assente
do Supremo Tribunal que afronta o princípio
fundamental da separação a independência dos
Poderes o trato em constituições estaduais de
matéria, sem caráter essencialmente constitucional –
assim, por exemplo, a relativa à fixação de
vencimentos ou a concessão de vantagens específicas
a servidores públicos -, que caracterize fraude à
iniciativa reservada ao Poder Executivo de leis
ordinárias a respeito: precedentes. 2. A
jurisprudência restritiva dos poderes da Assembléia
Constituinte do Estado-membro não alcança matérias
às quais, delas cuidando, a Constituição da República
emprestou alçada constitucional. II - Anistia de
infrações disciplinares de servidores estaduais:
competência do Estado-membro respectivo. 1. Só
quando se cuidar de anistia de crimes - que se
caracteriza como abolitio criminis de efeito temporário
e só retroativo - a competência exclusiva da União se
harmoniza com a competência federal privativa para
legislar sobre Direito Penal; ao contrário, conferir à
União - e somente a ela - o poder de anistiar

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infrações administrativas de servidores locais


constituiria exceção radical e inexplicável ao dogma
fundamental do princípio federativo - qual seja, a
autonomia administrativa de Estados e Municípios -
que não é de presumir, mas, ao contrário, reclamaria
norma inequívoca da Constituição da República
(precedente: Rp 696, 06.10.66, red. Baleeiro). 2.
Compreende-se na esfera de autonomia dos Estados
a anistia (ou o cancelamento) de infrações
disciplinares de seus respectivos servidores, podendo
concedê-la a Assembléia Constituinte local, mormente
quando circunscrita - a exemplo da concedida pela
Constituição da República – às punições impostas no
regime decaído por motivos políticos. (ADI 104,
Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal
Pleno, julgado em 04/06/2007, DJe-087 DIVULG 23-
08-2007 PUBLIC 24-08-2007 DJ 24-08-2007 PP-
00022 EMENT VOL-02286-01 PP-00001 RTJ VOL-
00202-01 PP-00011)

..................

A norma ora impugnada, do mesmo modo, deriva do


exercício do poder constituinte decorrente, não sendo
cabível a limitação concernente à separação dos poderes
instituídos.

..................

Aqui, como visto, não há essa burla ao devido


processo legislativo, uma vez que a própria
Constituição determinou esta via normativa: emenda
à Constituição Estadual ou à Lei Orgânica do Distrito
Federal.

..................

A norma da Constituição Estadual que estabelece o subteto


no âmbito local, ademais, é norma de interesse comum a
todo o funcionalismo e que, a rigor, não implica

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aumento de despesa, uma vez que a fixação dos


subsídios dos respectivos servidores ainda dependerá de
lei específica de iniciativa do Poder Executivo em cada
esfera.

No julgamento da ADI n. 1521, acima citada, a regra que


foi considerada inconstitucional por vício de iniciativa
referia-se à extinção de cargos, mas não a regra, de
interesse comum, referente à proibição do nepotismo na
administração, o qual entendeu-se derivava diretamente
da Constituição.

..................

De igual modo, no julgamento da ADI n. 5.490, rel. Min.


Cármen Lucia, j. 20.11.2019, o STF decidiu não haver
reserva de iniciativa legal para dispor sobre aposentadoria
compulsória dos servidores, pois se trata de regra que
deriva diretamente do art. 40, §1º, II, da Constituição,
tendo caráter geral, aplicável a todos os servidores.

39. Enfim, se a Constituição Federal, em seu art. 37,


§12, conferiu aos Estados expressa autorização e competência para,
por meio de Emenda Constitucional estadual, modificar o teto
remuneratório, respeitadas as expressas limitações já previstas na
Carta republicana, não há que se falar em vício de iniciativa da EC
46/2018.

Alterar o teto remuneratório, diante do disposto no


art. 37, §12, da Constituição Federal, é matéria necessariamente
constitucional e, portanto, passível de aprovação pelos mesmos
meios e forma regularmente exigidos para qualquer outra alteração
constitucional, não se cabendo falar, portanto, em reserva de
iniciativa restrita ao Governador do Estado.

Assim sendo, pelos motivos acima expostos, e com o


devido respeito por esta E. Suprema Corte, o v. acórdão
rescindendo, que não conheceu do recurso extraordinário, caiu na
infelicidade de não distinguir as situações jurídicas existentes entre

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o caso então apreciado e a jurisprudência anterior citada como


fundamento para a denegação do recurso.

Como foi bem lembrado pelo i. Min. Edson Fachin, no


julgado acima transcrito em parte, “o caso merece a devida
distinção da jurisprudência”, e cremos ter aqui demonstrado
satisfatoriamente, apesar das sutis diferenças, que a jurisprudência
colacionada no v. acórdão rescindendo para sustentar o não
seguimento do recurso extraordinário versava sobre questões
distintas e estranhas à matéria então submetida a julgamento.

40. O novel art. 966, §2º, inc. II, do CPC, autoriza a


propositura de ação rescisória contra decisão de inadmissibilidade
de recurso que versava sobre o mérito da causa.

Evidentemente, a questão de fundo não é, nem pode


ser, a matéria processual. A ação rescisória tem por escopo permitir
o novo julgamento do mérito que fora objeto da demanda
anterior. A mesma finalidade tem a ação rescisória, quando, nesta
sua nova previsão legislativa, desafia a decisão final de
inadmissibilidade recursal.

Julgada procedente esta ação, para rescindir o v.


acórdão que inadmitiu o recurso extraordinário, deve esta E. Corte,
em juízo rescisório, passar ao julgamento de mérito do
recurso extraordinário denegado.

Ao se julgar, então, o mérito do recurso


extraordinário – e, consequentemente, o mérito da causa anterior –
espera-se o julgamento de improcedência parcial da ação direta
de inconstitucionalidade, para julgar improvido o pedido de
declaração de inconstitucionalidade da EC 46/2018 fundado
no vício de iniciativa legislativa.

Como, no caso fundado em violação à norma jurídica


(art. 966, V, do CPC), admissibilidade e mérito do pedido rescisório
se confundem, reitera-se aqui toda a fundamentação já deduzida
nas páginas anteriores desta petição inicial, para sustentar a
procedência do recurso, parcialmente, para o fim de julgar
improcedente a ação direta de inconstitucionalidade, no que

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toca ao fundamento de vício de iniciativa legislativa,


restaurando-se o vigor das disposições da EC nº 46/2018 que
alteraram o teto remuneratório dos servidores estaduais de São
Paulo.

DO PEDIDO:

41. Diante do exposto, requer:

a) seja determinada a citação da Procuradoria Geral


do Estado de São Paulo, da Assembleia Legislativa do Estado de São
Paulo e do Governador do Estado de São Paulo, para que
acompanhem a presente ação e, querendo, se manifestem;

b) seja dada vista à d. Procuradoria Geral da


República;

c) seja, ao final, julgada procedente a presente ação


rescisória para desconstituir o v. acórdão rescindendo (doc. 14) e
dar julgamento de mérito ao recurso extraordinário denegado bem
como à ação, e julgar improcedente a declaração de
inconstitucionalidade, fundada em vício de iniciativa, da Emenda
Constitucional nº 46/2018, restaurando-se as suas disposições que
alteraram o teto remuneratório dos servidores estaduais de São
Paulo.

Atribui-se à presente ação o valor de R$ 10.000,00


(dez mil reais) para fins fiscais e processuais.

Nestes termos,

P. deferimento.

De São Paulo para Brasília, 27 de abril de 2021.

Marcos da Costa Augusto Tavares Rosa Marcacini


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