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Capı́tulo 26

Técnicas de Integração

Você já deve ter percebido que resolver integrais ou achar primitivas de uma função qualquer não é muito simples,
por isso é necessário desenvolver algumas técnicas ou métodos gerais que facilitem esta tarefa. Mesmo programas de
computador como o Maple ? não fazem? milagres! Veja, por exemplo, o que acontece quando tentamos usar o Maple
para resolver a integral (1 + ln(x)) 1 + (x ln(x))2 dx.
> int((1+log(x))*sqrt(1+(x*log(x))^2),x);
?
?
(1 + ln(x)) 1 + x2 ln(x)2 dx

O Maple não encontrou a primitiva!! No entanto, esta integral pode ser resolvida se usarmos o método de subs-
tituição de variáveis
?√ que aprendemos em capı́tulos anteriores. De fato, a substituição u = x ln(x) transforma esta
integral em 1 + u2 du, cuja primitiva aprenderemos a calcular, neste capı́tulo, usando uma técnica geral chamada
substituição trigonométrica. Portanto, mesmo tendo a nossa disposição um computador com um fabuloso programa
computacional algébrico, ainda assim precisamos estudar e aprender matemática porque, felizmente, só os homens (e
mulheres) conseguem pensar e criar.
As próximas seções se destinam ao estudo de métodos gerais que se apliquem à resolução de tipos especiais de
integrais.

26.1 Integração por partes


O método de substituição de variáveis se aplica à resolução de uma integral cujo integrando envolve, essencialmente,
a derivada de uma composição de funções. Essa técnica de integração estabelece, de uma certa maneira, uma regra
da cadeia para integrais.
Outra importante técnica de integração é conhecida como integração por partes. Esta técnica é aplicada na
resolução de uma integral que envolve o produto de duas funções e é uma conseqüência simples da regra do produto
para derivadas. O exemplo a seguir ilustra o emprego e a necessidade desta técnica.
Sabemos que
d
(x sen(x) + cos(x)) = x cos(x).
dx
Conseqüentemente,
?
x cos(x) dx = x sen(x) + cos(x) + C .

Assim, trabalhando de trás para a frente resolvemos facilmente um problema de integração que envolve o produto de
duas funções. No entanto, com as técnicas que temos disponı́veis até agora para resolver integrais não conseguirı́amos
uma resposta para este problema se o tivéssemos proposto na ordem direta. Para resolver integrais deste tipo preci-
samos de uma espécie de regra do produto para integrais. Motivados pelo exemplo acima, vamos tentar estabelecer
esta regra trabalhando de trás para a frente.
A regra para a derivada do produto estabelece que

(u v)? = u? v + u v ? ,

onde u = u(x) e v = v(x) são funções deriváveis. A fórmula acima equivale a

u v ? = (u v)? − u? v.
360 Cap. 26 Técnicas de Integração

Integrando esta igualdade, obtemos ? ?


u v ? dx = uv − v u? dx.

Como u = u(x) ⇒ du = u? (x)dx e v = v(x) ⇒ dv = v ? (x)dx, a igualdade acima pode ser escrita como
? ?
u dv = uv − v du.

Esta é a fórmula para a integração por partes. Para aplicar esta fórmula na resolução de uma determinada integral,
devemos fatorar o integrando em duas partes u e dv (daı́ o nome do método), levando em consideração dois princı́pios:
?
1. A primitiva v = dv deve ser fácil de determinar.
?
2. A nova integral vdu deve ser mais fácil de calcular que a integral original.

Observe que no caso de integral definida a fórmula acima é equivalente a


? b ? b
u dv = u(b) v(b) − u(a) v(a) − v du.
a a

?
Exemplo 1 Calcule x ex dx.
?
Faça u = x e dv = ex dx . Assim, du = dx e v = ex dx = ex . Substituindo estes resultados na fórmula de integração
por partes, obtemos ? ?
x ex dx = x ex − ex dx = xex − ex + C.
2
Observe que se tivéssemos escolhido u = ex e dv = x dx , terı́amos du = ex dx e v = x2 . Neste caso, aplicando a fórmula
de integração por partes transformarı́amos a integral original em outra mais difı́cil de ser calculada, como se segue
? ? 2 x
x2 ex x e
x ex dx = − dx.
2 2
Portanto, esta segunda escolha é inadequada para resolver a integral proposta.
?
Exemplo 2 Calcule x2 ex dx.
Faça u = x2 e dv = ex dx. Então, du = 2x dx e v = ex . Substituindo estes resultados na fórmula de integração por
partes, obtemos
? ?
x2 ex dx = x2 ex − 2 x ex dx = x2 ex − 2 ex (x − 1) + C = ex (x2 − 2 x + 2) + C.

?
Exemplo 3 Calcule ln(x) dx.
Para esta integral, faça u = ln(x) e dv = dx . Assim, du = dx
x e v = x. Substituindo estes resultados na fórmula de
integração por partes, obtemos:
? ?
x
ln(x) dx = x ln(x) − dx = x ln(x) − x + C = x (ln(x) − 1) + C.
x

?
Exemplo 4 Calcule x sen(x) dx.
Faça u = x e dv = sen(x) dx. Então, du = dx e v = −cos(x). Assim,
? ?
x sen(x) dx = −xcos(x) − −cos(x) dx = −xcos(x) + sen(x) + C.
W.Bianchini, A.R.Santos 361

?
Exemplo 5 Calcule arctg(x) dx.
1
Faça u = arctg(x ) e dv = dx. Então, du = dx e v = x. Logo,
1 + x2
? ?
x
arctg(x) dx = x arctg(x) − dx .
1 + x2
Esta última integral pode ser resolvida por substituição de variáveis, fazendo-se t = 1+x2 , o que implica que dt = 2x dx .
Assim
? ?
x 1 1 1 1
dx = dt = ln(t) + C = ln(1 + x2 ) + C .
1 + x2 2 t 2 2
Logo, ?
1
arctg(x) dx = x arctg(x) − ln(1 + x2 ) + C .
2

Exemplo 6 Ao aplicar o método de integração por partes, pode


? acontecer de retornarmos à integral original.
Vamos mostrar como solucionar este problema resolvendo a integral ex sen(x) dx.
Fazendo u = ex e dv = sen(x) dx , temos que du = ex dx e v = −cos(x). Assim, a fórmula de integração por partes
fornece
? ?
ex sen(x) dx = −ex cos(x) + ex cos(x) dx.

Repetindo o mesmo processo para resolver a nova integral, fazemos agora u = ex e dv = cos(x) dx. Tem-se, então, que
du = ex dx e v = sen(x), e a fórmula de integração por partes, aplicada à última integral da expressão acima, resulta
em ? ? ?
ex sen(x) dx = −ex cos(x) + ex cos(x) dx = −ex cos(x) + ex sen(x) − ex sen(x) dx.
?
Fazendo I = ex sen(x) dx, a igualdade acima nos diz que

I = −ex cos(x) + ex sen(x) − I

que é equivalente a

−ex cos(x) + ex sen(x)


2 I = −ex cos(x) + ex sen(x) + C ou I= +C,
2
isto é, ?
−ex cos(x) + ex sen(x)
ex sen(x) dx = +C.
2

26.1.1 Substituição por partes usando o Maple


O maple possui uma sub-rotina, intparts(Int(f(x),x),u) do pacote student, que permite a você praticar o método
de integração por partes. Vamos ilustrar como isto é possı́vel com alguns exemplos.
? ?3
Exemplo 1 Vamos resolver as integrais x ex dx e −2 x ex dx com a ajuda do comando intparts do Maple.
(Não esqueça que antes de usar este comando temos que avisar o Maple que ele faz parte do pacote student. Esta
é a função da linha de comando with(student).)
> with(student):

Fazendo u = x, no comando intparts), temos


> I1:=intparts(Int(x*exp(x),x),x);
?
I1 := x ex − ex dx
362 Cap. 26 Técnicas de Integração

Neste ponto você deve decidir se a sua escolha da função u foi adequada. A resposta neste caso é sim, pois esta
última integral tem uma primitiva imediata. Se quiser, você pode continuar a usar o Maple para acabar de calcular
esta integral
> I2:=value(I1);
I2 := x ex − ex
?3
Usando agora o teorema fundamental do cálculo, podemos resolver a integral definida −2 x ex dx calculando
I2(b) − I2(a), onde I2 = x ex − ex é a primitiva de f (x) = x ex , encontrada acima. Assim, temos
> subs(x=3,I2)-subs(x=-2,I2);
2 e3 + 3 e−2
?
Exemplo 2 Calcule x ln(x) dx

A escolha u = x nos conduz a


> J1:=intparts(Int(x*ln(x),x),x);
?
J1 := x (x ln(x) − x) − x ln(x) − x dx
Por outro lado, fazendo u = ln(x ), obtemos

> J2:=intparts(Int(x*ln(x),x),ln(x));
?
1 1
J2 := ln(x) x2 − x dx
2 2

Observe que a segunda escolha é mais adequada para resolver a integral dada.
?
Exemplo 3 Calcule x2 sen(x) dx

Neste caso, há várias escolhas possı́veis. Vamos tentar todas e observar os resultados.

1. Fazendo u = x2 , obtemos
> A1:=intparts(Int(x^2*sin(x),x),x^2);
?
A1 := −cos(x) x2 − − 2 x cos(x) dx

2. Escolhendo, agora, u = x, temos


> A2:=intparts(Int(x^2*sen(x),x),x);
?
A2 := x (sen(x) − x cos(x)) − sen(x) − x cos(x) dx

3. Ou, ainda, escolhendo u = sen(x ), temos


> A3:=intparts(Int(x^2*sen(x),x),sen(x));
?
1 1
A3 := sen(x) x3 − cos(x) x3 dx
3 3

Dos resultados obtidos, podemos concluir que a primeira escolha é a mais adequada para se calcular a integral acima

26.1.2 Exercı́cios
1. Calcule as integrais a seguir:
W.Bianchini, A.R.Santos 363

? ? ?√
(a) sen2 x dx (e) cos4 x dx (i) x ln(x) dx
? ? (3 x) ? √
(b) sen3 x dx (f) e cos(2 x) dx (j) x 1 + x dx
? ? 3 (x2 ) ?
(c) x cos(a x) dx (g) x e dx (k) x sec2 x dx
? ? 2
(d) x2 ex dx (h) x sen(x) dx
? ?
2. (a) Verifique a veracidade da fórmula lnn x dx = x lnx x − n ln(n−1) x dx . Fórmulas deste tipo são chamadas
fórmulas de redução. Aplicando esta fórmula n − 1 vezes, é possı́vel calcular a integral da esquerda.
?
(b) Aplique a fórmula obtida no item anterior para calcular ln3 x dx.
(c) Deduza uma fórmula de redução para
? ? ?
i. xn sen(x) dx ii. xn ex dx iii. xn lnn x dx
?
3. Calcule sen(ln(x)) dx. (Decida qual é o procedimento mais promissor e prossiga com fé!)

26.2 Integrais trigonométricas especiais


Nesta seção estudaremos certas integrais em que o integrando é potência de uma função trigonométrica ou o produto
de duas dessas potências, exemplificando cada um dos casos abordados.

1. Potências pares de seno e coseno

Exemplo 1 Para calcular as integrais


? ?
sen2 x dx e cos2 x dx

podemos proceder de duas maneiras:

(a) Usando integração por partes.


1 1
(b) Utilizando as identidades trigonométricas sen2 x = 2 (1 − cos(2 x)) e cos2 x = 2 (1 + cos(2 x)).

Vamos resolver a primeira integral utilizando integração por partes:


? ?
2
sen x dx = sen(x) sen(x) dx.

Fazendo u = sen(x ) e dv = sen(x) dx , temos que du = cos(x) dx e v = −cos(x). Assim,

? ? ?
2
sen x dx = sen(x) sen(x) dx = −sen(x) cos(x) − −cos(x) cos(x) dx
? ?
= −sen(x) cos(x) + 1 − sen2 x dx = −sen(x) cos(x) + x − sen2 x dx .

Essa igualdade resulta em:


?
1 x sen(2 x)
sen2 x dx = (−sen(x) cos(x) + x) + C = − + C.
2 2 4
Resolvendo a segunda integral utilizando a identidade trigonométrica indicada, temos
? ?
1 + cos(2 x) x sen(2 x)
cos2 x dx = dx = + + C.
2 2 4

?
Exemplo 2 Vamos calcular a integral sen4 x cos2 x dx.
364 Cap. 26 Técnicas de Integração

Para resolver esta integral, vamos utilizar a identidade sen 2 x + cos2 x = 1, para escrever o integrando só em
termos de senos ou só em termos de cossenos. Assim,
? ? ?
sen4 x cos2 x dx = sen4 x (1 − sen2 x) dx = sen4 x − sen6 x dx.

A integral de sen4 x pode ser calculada, como anteriormente,? usando-se a identidade trigonométrica sen 2 x = 12
4 2 2 6
(1 − cos(2 x)) e observando que sen x = (sen x) ; a integral sen x dx pode ser resolvida por partes, observando-
se que sen6 x = sen5 x sen(x).
2. Potências ı́mpares de seno ou coseno
?
Integrais do tipo sen5 x cos2 x dx são resolvidas por substituição. Para isto, basta observar que
? ?
sen5 x cos2 x dx = sen4 x sen(x) cos2 x dx.

Agora, fazendo u = cos(x), então du = −sen(x)dx. Assim, temos

? ? ? ?
sen5 x cos2 x dx = sen4 x sen(x) cos2 x dx = − (1 − u2 )2 u2 du = − u2 − 2 u4 + u6 du

u3 2 u5 u7 cos3 x 2 cos5 x cos7 x


= −( − + )+C =− + − + C.
3 5 7 3 5 7
3. Potências inteiras de tangente
?
Vamos calcular tg(x) dx.

A substituição u = cos(x) e du = −sen(x)dx, resulta em


? ? ?
sen(x) 1
tg(x) dx = dx = − du = −ln(| u |) + C = −ln(| cos(x) |) + C = ln(| sec(x) |) + C.
cos(x) u
Da mesma forma é possı́vel obter os seguintes resultados:
?
(a) cotg(x) dx = ln(| sen(x) |) + C
? ?
(b) tg x dx = sec2 x − 1 dx = tg(x) − x + C
2

? ? ? ? ?
(c) tg3 x dx = tg 2 x tg(x) dx = (sec2 x − 1) tg(x) dx = sec2 x tg(x) dx− tg(x) dx

A primeira integral pode ser resolvida fazendo-se u = tg(x) ⇒ du = sec2 x dx , e assim,


?
tg2 x
tg3 x dx = − ln(| sec(x) |) + C.
2

4. Potências inteiras de secante


?
Exemplo 1 Calcular sec(x) dx.

Esta integral pode ser resolvida usando-se integração por partes. Porém, um método mais rápido é obtido
multiplicando-se e dividindo-se o integrando por sec(x) + tg(x) e fazendo a substituição u = sec(x ) + tg(x ) ⇒
du = sec(x ) tg(x) + sec2 (x) dx. Assim,
? ? ?
sec(x) (sec(x) + tg(x)) 1
sec(x) dx = dx = du = ln(| u |) + C = ln(| sec(x) + tg(x) |) + C.
sec(x) + tg(x) u
W.Bianchini, A.R.Santos 365

?
Exemplo 2 Calcular sec3 x dx.

Como u = sec(x) ⇒ du = sec(x) tg(x), e dv = sec2 x dx ⇒ v = tg(x), a fórmula de integração por partes resulta
em
? ? ? ?
3
sec x dx = sec x sec(x) dx = sec(x) tg(x) − tg x sec(x) dx = sec(x) tg(x) − (sec2 x − 1) sec(x) dx
2 2

? ?
= sec(x)tg(x) − sec3 x dx + sec(x) dx

Assim,

? ? ?
1
2 sec3 x dx = sec(x) tg(x) + sec(x) dx , ou seja, sec3 x dx = (sec(x) tg(x) + ln(| sec(x) + tg(x) |) + C.
2

26.3 Substituição trigonométrica


O método da substituição trigonométrica pode ser empregado na resolução de integrais cujos integrandos envolvem
expressões do tipo
? ? ?
a2 − x2 , a2 + x2 e x2 − a2 .
A tabela abaixo mostra as substituições trigonométricas indicadas em cada caso. Na primeira coluna indicamos o
tipo de integrando, na segunda, a substituição a fazer; e, na terceira, a identidade trigonométrica a ser usada.


a2 − x2 ↔ x = a sen θ ↔ cos2 θ = 1 − sen2 θ

a2 + x2 ↔ x = a tg θ ↔ sec2 θ = 1 + tg2 θ

x2 − a2 ↔ x = a secθ ↔ tg2 θ = sec2 θ − 1

A seguir, exemplificamos cada um dos casos indicados.


? ?
Exemplo 1 Calcular 9 − x2 dx.

A substituição indicada é x = 3 sen θ, o que implica dx = 3 cos θ dθ e daı́


? ? ? ? ? √ ?
2
9 − x dx = 9 2
1 − sen θ cos(θ) dθ = 9 2
cos θ cos(θ) dθ = 9 |cos(θ)| cos(θ) dθ.

Observe que θ = arcsen ( x3 ), para θ no intervalo [− π2 , π


2 ]. Como neste intervalo cos(θ) ≥ 0, temos
? ? ? ? ? ?
2 1 + cos(2 θ) θ sen(2 θ)
9− x2 dx = 9 cos θ dθ = 9 dθ = 9 + +C
2 2 4
? ? ? √ ?
arcsen( x3 ) 2 sen(θ) cos(θ) 9 x x 9 − x2
= 9 + +C = arcsen( ) + +C
2 4 2 3 9
9 x 1 ?
= arcsen( ) + x 9 − x2 + C.
2 3 2

? ?
Exemplo 2 Calcular 4 + x2 dx.
366 Cap. 26 Técnicas de Integração

A substituição indicada neste caso é x = 2 tg θ ⇒ dx = 2 sec2 θ dθ. Daı́, obtemos

? ? ? ? ? √ ?
4 + x2 dx = 4 + 4 tg2 θ 2 sec2 θ dθ = 4 sec2 θ sec2 θ dθ = 4 | sec θ | sec2 θ dθ
?
= 4 sec3 θ dθ = 2(sec θ tg θ + ln(| sec θ + tg θ |) + C.

Observe que a identidade inversa θ = arctg( x2 ) só é válida quando o ângulo θ estiver no intervalo [− π2 , π2 ]. Neste
intervalo, sec θ > 0. Por esta razão, na penúltima igualdade acima vale a substituição | sec θ | = sec θ.
Para terminar a resolução da integral proposta, devemos retornar à variável x. Para isto usamos a identidade
trigonométrica tg2 θ = sec2 θ − 1. Assim, temos:
? ? ?? ?? ?? ? ?√ ??
x 2x ? x 2 x ?? x? ? 4 + x2 x ??
2 ? 2 ?
4 + x dx = 2 1 + ( ) + ln ? 1 + ( ) + ? + C = 2 4 + x + ln ? + ? + C.
2 2 2 2 4 ? 2 2?
?
1
Exemplo 3 Calcular √ dx.
x x2 − 1

A substituição x = sec θ implica que dx = sec θ tg θ dθ. Daı́, temos


? ? ?
1 sec θ tg θ tg θ
√ dx = √ dθ = dθ.
x x2 − 1 sec θ sec2 θ − 1 |tg θ|
Como a identidade θ = arcsec x só é válida para θ em [0, π2 )∪ ( π2 , π], tg θ > 0 em (0, π2 ) e tg θ < 0 em ( π2 , π), a última
integral acima se transforma em
 ?
? 

dθ = θ + C , se θ ∈ (0, π2 )
tg θ ?
dθ = .
| tg θ |  −
 dθ = −θ + C , se θ ∈ ( π2 , π)

Logo,
? ?
1 arcsec(x) + C , se x>1
√ dx =
x x2 − 1 −arcsec(x) + C , se x < −1

Existem casos em que é necessária alguma manipulação algébrica antes de tentarmos aplicar um dos casos de
substituição trigonométrica. O exemplo abaixo ilustra esta situação.
?
1
Exemplo 4 Calcular √ dx.
x2 + x − 2

Completando o quadrado no radicando, temos


? ?
1 1
√ dx = ? dx.
2
x +x−2 (x + 12 )2 − ( 32 )2

1 3 sec θ 3
A substituição x + 2 = 2 ⇒ dx = 2 sec θ tg θ dθ e conduz a
? ? ? ?
1 1 sec θ tg θ
√ dx = ? dx = √ dθ = ± sec θ dθ
2
x +x−2 sec2 θ − 1
(x + 12 )2 − ( 23 )2
?? ??
? 2 x + 1 2 √ x2 + x − 2 ?
? ?
= ln | sec θ + tg θ | + C = ln ? + ? + C.
? 3 3 ?
W.Bianchini, A.R.Santos 367

26.4 Funções racionais e frações parciais


Recordemos que uma função racional é da forma
N (x)
P (x) = ,
Q(x)

onde N (x) e Q(x) são polinômios.


Nesta seção vamos descrever um método usado para integrar funções racionais, que consiste em escrever estas
funções como a soma de funções racionais mais simples, cujas integrais
? sejam calculadas facilmente. Para exemplificar,
vamos examinar a função P (x) = x2x+5+x−2 . O problema é calcular a x+5
x +x−2 dx.
2

Repare que
2 1 2 (x + 2) − (x − 1) x+5
− = = 2 .
x−1 x+2 (x − 1) (x + 2) x +x−2
Esta identidade permite concluir que
? ? ?
x+5 2 1
dx = dx − dx = 2 ln(| x − 1 |) − ln(| x + 2 |) + C.
x2 + x + −2 x−1 x+2
Esta conclusão não seria tão simples se não soubéssemos de antemão que
2 1 x+5
− = 2 .
x−1 x+2 x +x−2
O problema de integrar a função x2x+5
+x−2 se resume, então, ao problema de decompor esta fração em parcelas mais
simples. Este método é chamado de decomposição em frações parciais. As regras que permitem chegar a decomposições
deste tipo são enumeradas a seguir.

N (x)
Considere a função P (x) = . Se o grau de N (x) for maior ou igual do que o grau de Q(x), podemos efetuar
Q(x)
a divisão e escrever P (x) na forma
N (x) R(x)
P (x) = = D(x) + ,
Q(x) Q(x)
onde D(x) é um polinômio, o grau de R(x) é menor do que o grau de Q(x) e R(x) e Q(x) não têm fatores comuns.
Tendo em vista esta observação, o problema de calcular integrais de funções racionais se reduz ao de examinar o
caso das funções onde o grau do numerador é estritamente menor do que o grau do denominador. Estas funções são
ditas funções racionais próprias.
R(x)
Nossa tarefa, portanto, é decompor a fração , onde o grau de R(x) é estritamente menor do que o grau de
Q(x)
Q(x), numa soma de frações mais simples, isto é,

R(x) R1 (x) R2 (x) Rn (x)


= + + ... +
Q(x) Q1 (x) Q2 (x) Qn (x)
esperando que cada uma dessas parcelas possa ser integrada sem muita dificuldade.
Em cursos de álgebra, mostra-se que toda função racional pode ser decomposta na forma acima e que

1. Se Q(x) = (x − r1 ) (x − r2 ) ... (x − rn−1 ) (x − rn ), então

R(x) A1 A2 An
= + + ... + ,
Q(x) x − r1 x − r2 x − rn
onde A1 , A2 , ... An são constantes a serem determinadas.
2. Se Q(x ) = (x − r)m , então
R(x) A1 A2 Am
= + 2
+ ... + ,
Q(x) x − r (x − r) (x − r)m
onde A1 , A2 , ... An são constantes a serem determinadas.
368 Cap. 26 Técnicas de Integração

3. Se Q(x) = (a x2 + b x + c)k , sendo a x2 + b x + c irredutı́vel, isto é, sem raı́zes reais, então

Q(x) A1 x + B1 A2 x + B2 Ak x + Bk
= 2
+ 2 2
+ ... + ,
R(x) a x + b x + c (a x + b x + c) (a x2 + b x + c)k

onde Ai e Bi para i = 1...k são constantes a serem determinadas.

4. Se Q(x) = (x − r1 ) (x − r2 ) ... (x − rn ) (x − r)m (a x2 + b x + c)k , então

R(x) A1 A2 An B1 B2 Bm
= + + ... + + + + ... +
Q(x) x − r1 x − r2 x − rn x − r (x − r)2 (x − r)m
A1 x + B1 A2 x + B2 Ak x + Bk
+ 2 + 2 2
+ ... + ,
a x + b x + c (a x + b x + c) (a x2 + b x + c)k

onde Ai e Bi para i = 1...k são constantes a serem determinadas.

Vejamos alguns exemplos para ilustar este método.


?
1
Exemplo 1 Calcule a integral dx.
x2 − 1

1 A B A (x + 1) + B (x − 1)
Como x2 − 1 = (x − 1) (x + 1), temos = + = . Assim,
(x − 1) (x + 1) x−1 x+1 (x − 1) (x + 1)
1 = A (x + 1) + B (x − 1) = (A + B)x + A − B. Como dois polinômios são iguais quando os coeficientes dos termos de
mesmo grau são iguais, temos que ?
A+B = 0
.
A−B = 1
Resolvendo este sistema, obtemos A = 12 e B = − 12 .
Portanto,
? ? ? ? ?
1 1 1 1 1 1 1 1 ?x−1?
dx = dx − dx = ln | x − 1 | − ln | x + 1 | + C = ln( ? ?
x2 − 1 2 x−1 2 x+1 2 2 2 ? x + 1 ?) + C.

?
1
Exemplo 2 Calcule dx.
x (x + 3)
1 A B
Como = + , operando algebricamente como no exemplo anterior, obtemos 1 = A(x + 3) + Bx.
x (x + 3) x x+3
Logo, ?
A+B = 1
.
3A = 1
1
Resolvendo este sistema, concluı́mos que A = 3 e B = − 13 . Portanto,
? ? ? ? ?
1 1 1 1 1 1 1 ?? x ??
dx = dx − dx = (ln | x | − ln | x + 3 |) + C = ln ? + C.
x (x + 3) 3 x 3 x+3 3 3 x+3?

?
x2 + x + 1
Exemplo 3 Resolva a integral dx.
x2 − 1
Neste caso, como o grau do numerador é igual ao do denominador, primeiro efetuamos a divisão indicada. Faremos
isto com o auxı́lio do Maple. Obtemos o quociente da divisão com o comando
> quo(x^2+x+1,x^2-1,x,’r’);
1
e o resto dessa maneira
> r;
W.Bianchini, A.R.Santos 369

x+2
Assim,
x2 + x + 1 x+2 x+2
2
=1+ 2 =1+ .
x −1 x −1 (x − 1) (x + 1)
Logo, ? ?
x2 + x + 1 x+2
dx = x + dx.
x2 − 1 (x − 1) (x + 1)
Por decomposição em frações parciais, podemos escrever que
x+2 A B
= + ⇒ x + 2 = A(x + 1) + B(x − 1) .
(x − 1) (x + 1) x−1 x+1
?
A+B = 1 3
Assim, ⇒A= e B = − 12 . Logo,
A−B = 2 2

? ? ? ?
x2 + x + 1 x+2 3 1 1 1
dx = x+ dx = x + dx − dx
x2 − 1 (x − 1) (x + 1) 2 x−1 2 x+1
3 1
= x + ln | x − 1 | − ln | x + 1 | + C.
2 2

?
x
Exemplo 4 Calcule a integral dx.
(x − 1) (x2 + 1)
Usando decomposição em frações parciais, obtemos
x A Bx+C
2
= + 2 ⇒ x = A (x2 + 1) + (B x + C) (x − 1) .
(x − 1) (x + 1) x−1 x +1
Comparando os dois polinômios, podemos concluir que

 A+B = 0
C −B = 1 .

A−C = 0
1
Resolvendo este sistema, concluı́mos que A = 2 , B = − 12 e C = 12 . Assim,

? ? ?? ? ?
x 1 1 1 x 1
dx = dx + − 2 dx + dx
(x − 1) (x2 + 1) 2 x−1 2 x +1 x2 + 1
1 1
= ln | x − 1 | − ln(x2 + 1) + arctg(x) + C.
2 4

Exemplo 5 Este exemplo


? ilustra um caso onde o método de decomposição em frações parciais não pode ser
x
usado. Considere a integral 2
dx.
2x + 4x + 3
2
O polinômio Q(x) = 2 x + 4 x + 3 é irredutı́vel e o método não funciona porque não leva a nenhuma decomposição
da fração dada. (Experimente!)
Neste caso, podemos completar o quadrado que aparece no denominador e tentar algum tipo de substituição, como
é feito a seguir: √
Q(x) = 2 x2 + 4 x + 3 = 2 (x2 + 2 x + 32 ) = 2 (x2 + 2 x + 1 − 1 + 23 ) = 2 ((x + 1)2 + 12 ) = ( 2 (x + 1))2 + 1 .
√ √
A substituição u = 2 (x + 1), du = 2 dx permite, então, escrever
? ? √u − 1 ? ?
x 1 2 1 u 1 1
dx = √ du = du − √ du
2 x2 + 4 x + 3 2 u2 + 1 2 u2 + 1 2 u2 + 1
1 1
= ln(u2 + 1) − √ arctg(u) + C
4 2
1 1 √
= ln(2 x2 + 4 x + 3) − √ arctg( 2 (x + 1)) + C.
4 2
370 Cap. 26 Técnicas de Integração

26.4.1 Usando o Maple para decompor uma função racional em frações parciais
O Maple tem uma sub-rotina para converter uma função racional própria em frações parciais. Isto pode ser feito com
o comando convert junto com a opção parfrac. O exemplo abaixo ilustra o procedimento a ser seguido.
> p:=x->(x^2-2*x-3)/((x-1)*(x^2+2*x+2));
x2 − 2 x − 3
p := x →
(x − 1) (x2 + 2 x + 2)
> f:=convert(p(x),parfrac,x);
4 1 1 7 + 9x
f := − + .
5 x − 1 5 x2 + 2 x + 2
Assim, ? ?
x2 − 2 x − 3 4 (7 + 9 x)
2
dx = − + dx .
(x − 1) (x + 2 x + 2) 5 (x − 1) 5 (x2 + 2 x + 2)
Resolvendo esta última integral, obtemos
> Int(f,x):%=int(f,x)+c;
?
4 1 1 7 + 9x 4 9 2
− + dx = − ln| (x − 1) | + ln(x2 + 2 x + 2) − arctg(1 + x) + C.
5 x − 1 5 x2 + 2 x + 2 5 10 5
Derivando a resposta obtida, podemos verificar a correção do resultado.
> diff(-4/5*ln(x-1)+9/10*ln(x^2+2*x+2)-2/5*arctan(1+x)+c,
> x);
4 1 9 2x + 2 2 1
− + − .
5 x − 1 10 x + 2 x + 2 5 1 + (1 + x)2
2

Simplificando esta última expressão, obtemos a função inicial.


> normal(%);
x2 − 2 x − 3
(x − 1) (x2 + 2 x + 2)

e assim, comprovamos que a função

4 ln(x − 1) 9 ln(x2 + 2 x + 2) 2 arctg(1 + x)


F (x) = − + − +C
5 10 5
x2 − 2 x − 3
é, realmente, uma primitiva da função .
(x − 1) (x2 + 2 x + 2)

26.5 Exercı́cios
1. Calcule as integrais abaixo:
? ? ?
x3
(a) cos3 5 x dx (g) cos4 x dx (m) dx
? ? x2 + 5 x − 6
? ?
(b) x2 4 − x2 dx (h) e(3 x) cos(2 x) dx x5 + x4 − 8
(n) dx
? ? x3 − 4 x
1 1 ?
(c) dx (i) dx x5
(a2 + x2 )3 (x − 2) (x − 3) (o) 3
dx
? ? ? x −1
1 2x − 3 1
(d) √ dx (j) dx (p) dx
x 1 + x2
2 (x − 1)(x − 7) x2 + 2 x + 2
? √ 2 ? ?
x − a2 x+1 x2 − 2 x − 3
(e) dx (k) dx (q) dx
x (x − 1)2 (x − 2) (x − 1)(x2 + 2 x + 2)
? ? 2 ?
x +x+2 x
(f) sen3 x dx (l) dx (r) dx
x2 − 1 (x − 1)(x2 + 1)
W.Bianchini, A.R.Santos 371

26.6 Para você meditar: Como usar o Maple no cálculo de integrais


O programa Maple é uma ótima ferramenta para calcular integrais. Porém, como vimos no inı́cio deste capı́tulo, nem
o melhor programa de computador consegue calcular certas integrais. Esta é uma das razões pela qual o aluno deve ter
noção das técnicas de integração para reconhecer determinados tipos de integrais e decidir o caminho a seguir, mesmo
que as contas sejam difı́ceis ou cansativas quando feitas “no braço”. Este conhecimento permite que examinemos
com espı́rito crı́tico a plausibilidade das respostas obtidas, quer com a ajuda do Maple, quer com a ajuda de outro
programa computacional algébrico qualquer.
Vamos ilustrar com alguns exemplos como podemos fazer um bom uso dos recursos do Maple no cálculo de integrais.
?
Exemplo 1 Calcule sen(5 x) sen(7 x) dx.

Sem a ajuda do Maple terı́amos que integrar por partes ou utilizar alguma fórmula trigonométrica para simplificar
o integrando. Você pode tentar fazer isto, se quiser, para ver a dificuldade. Utilizando o Maple, temos:
> Int(sin(5*x)*sin(7*x),x):%=int(sin(5*x)*sin(7*x),x)+C;
?
1 1
sen(5 x) sen(7 x) dx = sen(2 x) − sen(12 x) + C.
4 24
Como saber se a resposta obtida está correta? À primeira vista, parece difı́cil concluir que a derivada do resultado
obtido é o integrando. No entanto, uma vez mais podemos usar o Maple para executar esta tarefa para nós. Assim,
> diff(rhs(%),x);
1 1
cos(2 x) − cos(12 x).
2 2
Esta função não se parece com o integrando acima. Ainda utilizando o Maple, podemos verificar se existe alguma
identidade trigonométrica que converta o integrando na expressão obtida acima. Para isso, usamos o programa para
simplificar o integrando, levando em conta as identidades trigonométricas conhecidas. Isto é feito com o comando
abaixo.
> sin(5*x)*sin(7*x)=combine(sin(5*x)*sin(7*x),trig);
1 1
sen(5 x) sen(7 x) = cos(2 x) − cos(12 x).
2 2
Dessa maneira, mostramos que a integral em questão foi calculada corretamente.
?
Exemplo 2 Calcule x7 sen(5 x) dx.
> Int(x^7*sin(5*x),x):%=value(%)+C;
?
1 7 6 42 5 42 4
x7 sen(5 x) dx = − x7 cos(5 x) + x sen(5 x) + x cos(5 x) − x sen(5 x)
5 25 125 125
168 3 504 2 1008 1008
− x cos(5 x) + x sen(5 x) − sen(5 x) + x cos(5 x) + C.
625 3125 78125 15625

Mais uma vez, podemos utilizar o Maple para verificar a resposta obtida.
> diff(rhs(%),x);
x7 sin(5 x)
?
1
Exemplo 3 Calcule √ dx.
− x2 a2
> Int(1/sqrt(a^2-x^2),x):%=value(%)+C;
? ?
1
√ dx = −I ln(I x + a2 − x2 ) + C.
a2 − x2
O que há de errado com esta resposta estranha? Freqüentemente, o Maple nos dá respostas que à primeira vista nos
parecem estranhas, mas se analisarmos com cuidado descobriremos o “erro”. Na maior parte das vezes, o que para nós
parece óbvio não é corretamente especificado no comando que fornecemos ao programa, daı́ a resposta aparentemente
sem sentido. No caso, não especificamos quais valores a constante a poderia assumir. Antes de tentar utilizar o
372 Cap. 26 Técnicas de Integração

Maple para calcular esta integral, devemos informar ao programa que estamos considerando a > 0. Isto pode ser feito
usando-se o comando assume.
> assume(a>0);
Agora, vamos tentar, outra vez, calcular esta integral:
> Int(1/sqrt(a^2-x^2),x):%=value(%)+c;
?
1 x
? dx = arcsen( ) + c.
2
a˜ − x2 a˜

A função obtida dessa vez é realmente uma primitiva de √a21−x2 . (Com o til depois da constante a, o Maple nos
informa que esta constante está restrita a assumir determinados valores, no caso o resultado só é válido para valores
positivos de a.)

Exemplo 4 Vamos retornar ao?exemplo com o qual iniciamos este capı́tulo, isto é, vamos tentar encontrar uma
primitiva para a função (1 + ln(x)) 1 + (x ln(x))2 .
Como vimos, não chegamos a nenhum resultado prático quando tentamos utilizar o Maple nesta tarefa, pois ele
não consegue encontrar uma primitiva para esta função.
> int((1+ln(x))*sqrt(1+(x*ln(x))^2),x);
?
?
(1 + ln(x)) 1 + x2 ln(x)2 dx.
No entanto, se soubermos indicar ao programa o que deve ser feito, podemos “ensiná-lo” a calcular esta integral.
Vamos, portanto, orientá-lo a fazer a substituição u = x ln(x), como se segue:
> with(student);
> changevar(x*log(x)=u,
> Int((1+ln(x))*sqrt(1+(x*ln(x))^2),x), u);
?

1 + u2 du
Esta integral pode agora ser resolvida por substituição trigonométrica, ou seja,
? ? √ √
2
u 1 + u2 ln( 1 + u2 + u)
1 + u dx = + +C
2 2
(confira!). Podemos também usar o comando int para resolver esta última integral:
> int(sqrt(1+u^2),u);
1 √ 1
u 1 + u2 + arcsenh(u).
2 2
Usando o comando convert(express~ ao,ln) para obter uma outra expressão para a função arcsenh(u) em termos
de funções logarı́tmicas, podemos provar que os dois resultados acima são equivalentes!
> convert(arcsinh(u),ln);

ln( 1 + u2 + u).
Usando o comando subs, para voltar à variável x, obtemos
> resposta:=subs({u=x*log(x),u^2=(x*log(x))^2
> },u/2*sqrt(1+u^2)+ln(sqrt(1+u^2)+u)/2+C);
1 ? 1 ?
resposta := x ln(x) 1 + x2 ln(x)2 + ln( 1 + x2 ln(x)2 + x ln(x)) + C.
2 2
Finalmente, derivando esta resposta para conferir o resultado, vem que
> diff(resposta,x);

1 ? 1? 1 x ln(x) (2 x ln(x)2 + 2 x ln(x))


ln(x) 1 + x2 ln(x)2 + 1 + x2 ln(x)2 + ?
2 2 4 1 + x2 ln(x)2
1 2 x ln(x)2 + 2 x ln(x)
? + ln(x) + 1
1 2 1 + x2 ln(x)2
+ ?
2 1 + x2 ln(x)2 + x ln(x)
W.Bianchini, A.R.Santos 373

> simplify(%);
x2 ln(x)3 + x2 ln(x)2 + ln(x) + 1
? .
1 + x2 ln(x)2
Fatorando o numerador desta expressão, temos finalmente
> primitiva:=factor(x^2*(log(x))^3+x^2*(log(x))^2+log(x)+1)/sqrt(1+(x*l
> og(x))^2);
?
primitiva := (ln(x) + 1) 1 + x2 ln(x)2 .
Desse modo, concluı́mos que

? ?
? x ln(x) (1 + x2 ln(x)2 )
(1 + ln(x)) 1+ (x ln(x))2 dx =
2
?
ln( (1 + x2 ln(x)2 )) + x ln(x)
+ +C
2

e, dessa maneira, “ensinamos” o Maple a calcular esta integral!

26.7 Projetos
26.7.1 Integração numérica: Regras do trapézio e Simpson
O inı́cio do desenvolvimento do que hoje chamamos de Cálculo Diferencial e Integral se deu quando os trabalhos de
Newton e Leibniz levaram à demonstração do teorema fundamental do cálculo, que estabeleceu a relação existente entre
?b
derivadas e integrais. A partir de então o problema de calcular uma integral, por exemplo a f (x) dx, foi reduzido ao de
determinar uma antiderivada ou primitiva da função f . Além disso, sabemos também que se f for contı́nua em [a, b],
esta primitiva existe e é contı́nua. No entanto, como vimos neste capı́tulo, calcular primitivas em termos de funções
elementares (combinações de somas, diferenças, produtos, quocientes, raı́zes e composições de polinômios, funções
trigonométricas, exponenciais ou logaritmos) não é uma tarefa fácil, pelo contrário, existem funções razoavelmente
2
simples com primitivas que não são funções elementares! Por exemplo, sabe-se que a função ex não tem primitiva
elementar. Veja como o Maple determina a primitiva desta função.
> int(exp(x^2),x);
1 √
− I π erf(I x).
2
?x 2
A função erf(x ), definida simplesmente como erf(x) = ( √2π ) 0 e(−t ) dt, é muito usada em estatı́stica, na teoria de
probabilidade. Existem muitas outras funções que não têm primitiva em termos de funções elementares, mas todos que
usam cálculo como uma ferramenta aplicada à ciência ou à engenharia se defrontam, ocasionalmente, com o problema
de avaliar integrais deste tipo.
?b
O objetivo deste projeto é descrever dois métodos para calcular o valor numérico de uma integral do tipo a f (x) dx,
com o grau de precisão que for necessário. Estes métodos são baseados em procedimentos simples que podem ser
aplicados independentemente de podermos encontrar ou não uma primitiva de f . As fórmulas aplicadas em cada caso
usam somente aritmética e o cálculo de valores da função f num número finito de pontos do intervalo [a, b]. Estas
fórmulas são mais eficientes do que as somas de Riemann, utilizadas na definição de integral, no sentido de que dão
resultados mais precisos com menos trabalho computacional.

A regra do trapézio

Considere uma partição regular do intervalo [a, b] definida pelos pontos a = x0 < x1 <... < xn = b. A idéia é aproximar
a área entre f (x) e o eixo x, para xk−1 ≤ x ≤ xk , pelo trapézio cuja aresta superior é o segmento que une os pontos
(xk−1 , f (xk−1 )) e (xk , f (xk )), como mostra a figura:
374 Cap. 26 Técnicas de Integração

x[k–1] x[k]

(f (xk−1 ) + f (xk )) (xk − xk−1 )


A área deste trapézio é dada por . Como a partição é regular, temos que
2
b−a
(xk − xk−1 ) = = ∆ x.
n
?b
Somando-se as áreas dos n trapézios considerados na aproximação, teremos que a integral a f (x) dx é aproxima-
damente igual a
f (x0 ) f (xn )
( + f (x1 ) + f (x2 ) + . . . + f (xn−1 ) + )∆ x.
2 2
Repare que cada um dos valores f (xi ), exceto o primeiro e o último, aparece na soma duas vezes, e isso explica a
diferença entre os seus coeficientes que aparecem na fórmula.
A regra do trapézio pode então ser enunciada da seguinte maneira:

Se f é contı́nua em [a, b] e se existe uma partição regular de [a, b] determinada pelos pontos a = x0 < x1 <... xn = b,
?b
então a f (x) dx é aproximadamente igual a

(b − a) (f (x0 ) + 2 f (x1 ) + 2 f (x2 ) + . . . + 2 f (xn−1 ) + f (xn ))


.
2n
Podemos chegar a esta mesma fórmula se considerarmos a média aritmética entre as somas de Riemann, onde f é
calculada no extremo esquerdo e no extremo direito, respectivamente, de cada subintervalo da partição. (Veja projeto
Somas de Riemann e funções monótonas.)
?b
Prova-se que o erro máximo cometido ao usarmos a regra acima para aproximar a integral a f (x) dx é dado por
M (b−a)3
12 n2 , onde M é um número real positivo tal que | f ?? (x) | ≤ M para todo x em [a, b].
?1√
1. Aproxime 0 1 − x3 dx pela regra do trapézio, dividindo o intervalo [1, 2] em 4 partes iguais. Estime o erro
máximo cometido.

2. Calcule um valor aproximado para ln(2) com erro menor do que um centésimo.

Regra de Simpson
A idéia básica da regra de Simpson é aproximar cada pedaço do gráfico de f por uma parte de parábola que se “ajusta”
à curva, em lugar de aproximar estes pequenos pedaços por segmentos de reta, como foi feito na regra do trapézio.
Novamente, considere uma partição regular do intervalo [a, b] em n partes iguais, onde n é um número par.
Considere os três primeiros pontos da partição, a saber: a = x0 , x1 e x2 e os correspondentes pontos sobre a curva
y = f (x). Se estes três pontos não forem colineares, existirá uma única parábola, da forma y = a x2 + b x + c, passando
por estes pontos. Veja o desenho.

12

10

0 1 2 3 4
x
W.Bianchini, A.R.Santos 375

Esta parábola pode ser escrita na forma P (x) = a (x − x1 )2 + b (x − x1 ) + c. Para que esta parábola passe pelos
três pontos dados, três condições são necessárias:
(a) Em x = x0 , tem-se a (x0 − x1 )2 + b (x0 − x1 ) + c = f (x0 ).
(b) Em x = x1 , c = f (x1 ).
(c) Em x = x2 , a (x2 − x1 )2 + b (x2 − x1 ) + c = f (x2 ).
Como a partição é regular, x2 − x1 = x1 − x0 = ∆ x, e de (b) temos que c = f (x1 ). Assim,

−b ∆ x + a (∆ x)2 = f (x0 ) − f (x1 )


b ∆ x + a (∆ x)2 = f (x2 ) − f (x1 ) .
Daı́ vem que 2 a (∆ x)2 = f (x0 ) − 2 f (x1 ) + f (x2 ). Considerando que a parábola cuja ?equação queremos achar é uma
x
boa aproximação para a curva y = f (x), no intervalo [x0 , x1 ], temos que a integral x01 f (x) dx é aproximadamente
igual a
? x1
[a (x − x1 )2 + b (x − x1 ) + c]2 dx .
x0

Calculando esta integral e expressando o resultado em termos de ∆ x, obtemos

2 a (∆ x)2
2c∆x + .
3
Substituindo nesta expressão os valores anteriormente achados para a e c, temos

(y0 − 2 y1 + y2 ) ∆ x (y0 + 4 y1 + y2 ) ∆ x
2 y1 ∆ x + = ,
3 3
onde yi = f (xi ).
O mesmo procedimento pode ser aplicado em cada um dos subintervalos da partição considerada. Somando todos
os resultados parciais, chegamos à fórmula
1
(y0 + 4 y1 + 2 y2 + . . . + 4 yn−1 + yn )∆ x
3
?b
para calcular o valor aproximado da integral a f (x) dx. Esta fórmula é chamada regra de Simpson. Observe que na
regra de Simpson y0 e yn têm coeficiente 1; os yi , para i par, têm coeficiente 2; e os yi , para i ı́mpar, têm coeficiente
4.
Pode-se provar que o erro máximo cometido ao aproximarmos uma integral pela regra de Simpson é dado por
M (b − a) (∆ x)4
,
180
onde M é o valor máximo da derivada quarta de f em [a, b].
?π?
1. O valor exato de 0 sen(x) dx não é conhecido. Ache um valor aproximado usando a regra de Simpson com
n = 4. Estime o erro cometido.
?5 x
2. O valor exato de 1 ex dx não é conhecido. Ache um valor aproximado usando a regra de Simpson com n = 4.
Estime o erro cometido.
3. Ache um valor aproximado para ln(2) aplicando a regra de Simpson com n = 4. Estime o erro cometido.
?1 1
4. Use a fórmula π4 = 0 1+x 2 dx e a regra de Simpson com n = 4 para estimar um valor para π. Estime o erro

cometido.
5. As tabelas abaixo indicam a relação entre duas variáveis x e y. Admitindo que y = f (x) e que f seja contı́nua,
?4
aproxime 2 f (x) dx por meio da

(a) Regra do trapézio (b) Regra de Simpson


376 Cap. 26 Técnicas de Integração

x 2 2,25 2,5 2,75 3 3,25 3,5 3,75 4


i.
y 4,21 3,76 3,21 3,58 3,94 4,15 4,69 5,44 7,52

x 2 2,2 2,4 2,6 2,8 3 3,2 3,4 3,6 3,8 4


ii.
y 12,1 11,4 9,7 8,4 6,3 6,2 5,8 5,4 5,1 5,9 5,6

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