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Gestão Contábil Financeira

SUMÁRIO

ABERTURA ...................................................................................................................................................... 5
SEJA BEM-VINDO ........................................................................................................................................................................................ 5
SUPORTE TÉCNICO..................................................................................................................................................................................... 5
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA .......................................................................................................................................................... 5
PROFESSOR-AUTOR .................................................................................................................................................................................. 6
FONTES PARA CONSULTA ....................................................................................................................................................................... 7
SITUAÇÃO-PROBLEMA ............................................................................................................................................................................. 8

MÓDULO – IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE ........................................................................................ 10


APRESENTAÇÃO DO MÓDULO........................................................................................................................................................... 10
DA TEORIA À PRÁTICA ........................................................................................................................................................................... 10
QUESTÃO 1 ................................................................................................................................................................................................ 10
QUESTÃO 2 ................................................................................................................................................................................................ 10
QUESTÃO 3 ................................................................................................................................................................................................ 10
QUESTÃO 4 ................................................................................................................................................................................................ 11
UNIDADE 1 – ESTUDO DA CONTABILIDADE ................................................................................................ 11
1.1 CONHECIMENTO DA CONTABILIDADE .................................................................................................................................... 11
1.2 A LINGUAGEM DA CONTABILIDADE ......................................................................................................................................... 12
1.3 SÍNTESE DA UNIDADE ..................................................................................................................................................................... 13
UNIDADE 2 – CONCEITUAÇÃO E OBJETIVOS ............................................................................................... 14
2.1 CONCEITOS DA CONTABILIDADE ............................................................................................................................................... 14
2.2 PROCESSO CONTÁBIL ..................................................................................................................................................................... 14
2.3 OBJETIVOS DA CONTABILIDADE ................................................................................................................................................ 15
2.4 CLASSIFICAÇÃO DA CONTABILIDADE ...................................................................................................................................... 15
2.5 LIMITAÇÕES DA CONTABILIDADE .............................................................................................................................................. 17
2.6 SÍNTESE DA UNIDADE ..................................................................................................................................................................... 18
UNIDADE 3 – ESTRUTURA CONCEITUAL PARA ELABORAÇÃO E DIVULGAÇÃO DE RELATÓRIO CONTÁBIL-
FINANCEIRO.................................................................................................................................................. 18
3.1 ESTRUTURA CONCEITUAL DA CONTABILIDADE ................................................................................................................... 18
3.2 OBJETIVOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DE PROPÓSITO GERAL .................................................................... 19
3.3 CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .................................................................... 23
3.4 LIMITAÇÕES ÀS CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS ............................................................................................................ 26
3.5 ELEMENTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ............................................................................................................... 26
3.6 REGIME DE COMPETÊNCIA VERSUS REGIME DE CAIXA ....................................................................................................... 27
3.7 SÍNTESE DA UNIDADE ..................................................................................................................................................................... 28
UNIDADE 4 – CENÁRIO CULTURAL ............................................................................................................... 28
UNIDADE 5 – ATIVIDADES ............................................................................................................................ 28
5.1 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ............................................................................................................................................................... 28
5.2 DA TEORIA À PRÁTICA .................................................................................................................................................................... 28
QUESTÃO 1 ................................................................................................................................................................................................ 28
QUESTÃO 2 ................................................................................................................................................................................................ 29
QUESTÃO 3 ................................................................................................................................................................................................ 29
QUESTÃO 4 ................................................................................................................................................................................................ 30

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MÓDULO – MECÂNICA DE ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ....................................... 31


APRESENTAÇÃO DO MÓDULO........................................................................................................................................................... 31
DA TEORIA À PRÁTICA ........................................................................................................................................................................... 31
QUESTÃO 1 ................................................................................................................................................................................................ 31
QUESTÃO 2 ................................................................................................................................................................................................ 31
QUESTÃO 3 ................................................................................................................................................................................................ 31
QUESTÃO 4 ................................................................................................................................................................................................ 31
UNIDADE 1 – MECÂNICA CONTÁBIL ............................................................................................................ 32
1.1 SISTEMA DAS PARTIDAS DOBRADAS ........................................................................................................................................ 32
1.2 REGISTRO CONTÁBIL ....................................................................................................................................................................... 32
1.3 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................................ 32
UNIDADE 2 – BALANÇO PATRIMONIAL ....................................................................................................... 32
2.1 CONCEITUAÇÃO ............................................................................................................................................................................... 32
2.2 ESTRUTURA DE UM BALANÇO PATRIMONIAL ....................................................................................................................... 33
2.3 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................................ 34
UNIDADE 3 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ............................................................... 34
3.1 CONCEITUAÇÃO ............................................................................................................................................................................... 34
3.2 ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ............................................................................. 34
3.3 EBITDA .................................................................................................................................................................................................. 35
3.4 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................................ 37
UNIDADE 4 – DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ........................................... 38
4.1 VARIAÇÕES ......................................................................................................................................................................................... 38
4.2 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................................ 39
UNIDADE 5 – DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA............................................................................. 39
5.1 OBJETIVO DO DFC ............................................................................................................................................................................ 39
5.2 MÉTODOS DE ELABORAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA ............................................................ 40
5.3 ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA ............................................................................................. 41
5.4 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................................ 42
UNIDADE 6 – DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO.......................................................................... 42
6.1 CONCEITUAÇÃO ............................................................................................................................................................................... 42
6.2 ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO .......................................................................................... 43
6.3 UTILIDADE DO DVA ......................................................................................................................................................................... 44
6.4 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................................ 45
UNIDADE 7 – NOTAS EXPLICATIVAS ............................................................................................................ 45
7.1 OBJETIVOS DAS NOTAS EXPLICATIVAS .................................................................................................................................... 45
7.2 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................................ 46
UNIDADE 8 – ESTOQUE E BAIXA DA MERCADORIA VENDIDA .................................................................... 46
8.1 MENSURAÇÃO DO ESTOQUE ....................................................................................................................................................... 46
8.2 VALOR DA BAIXA DAS MERCADORIAS VENDIDAS ............................................................................................................... 47
8.3 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................................ 50
UNIDADE 9 – ATIVO IMOBILIZADO E DEPRECIAÇÃO .................................................................................. 50
9.1 ATIVOS IMOBILIZADOS .................................................................................................................................................................. 50
9.2 DEPRECIAÇÃO ................................................................................................................................................................................... 51
9.3 PERDA POR IRRECUPERABILIDADE – IMPAIRMENT............................................................................................................... 54
9.4 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................................ 54

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UNIDADE 10 – CENÁRIO CULTURAL............................................................................................................. 54


UNIDADE 11 – ATIVIDADES .......................................................................................................................... 55
11.1 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ............................................................................................................................................................ 55
11.2 DA TEORIA À PRÁTICA .................................................................................................................................................................. 55
QUESTÃO 1 ................................................................................................................................................................................................ 55
QUESTÃO 2 ................................................................................................................................................................................................ 55
QUESTÃO 3 ................................................................................................................................................................................................ 56
QUESTÃO 4 ................................................................................................................................................................................................ 56

MÓDULO – ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS......................................................................... 57


APRESENTAÇÃO DO MÓDULO........................................................................................................................................................... 57
DA TEORIA À PRÁTICA ........................................................................................................................................................................... 57
QUESTÃO 1 ................................................................................................................................................................................................ 57
QUESTÃO 2 ................................................................................................................................................................................................ 57
QUESTÃO 3 ................................................................................................................................................................................................ 57
QUESTÃO 4 ................................................................................................................................................................................................ 57
UNIDADE 1 – RESULTADOS CONTÁBIL, ECONÔMICO E FINANCEIRO ........................................................ 58
1.1 INSTRUMENTOS PARA A ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA ........................................................................................ 58
1.2 PROCESSO PARA A ANÁLISE......................................................................................................................................................... 58
1.3 AJUSTES RECOMENDADOS .......................................................................................................................................................... 59
1.4 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................................ 62
UNIDADE 2 – ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL ....................................................................................... 62
2.1 UTILIDADE DAS ANÁLISES VERTICAL E HORIZONTAL ........................................................................................................ 62
2.2 ANÁLISE VERTICAL ........................................................................................................................................................................... 62
2.3 ANÁLISE HORIZONTAL ................................................................................................................................................................... 64
2.4 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................................ 66
UNIDADE 3 – ANÁLISE POR INDICADORES .................................................................................................. 67
3.1 DIFERENTES PROPÓSITOS DA ANÁLISE E DIFERENTES INDICADORES ......................................................................... 67
3.2 ÍNDICES DE LIQUIDEZ ..................................................................................................................................................................... 68
3.3 ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO ..................................................................................................................................................... 71
3.4 ÍNDICES DE RENTABILIDADE ........................................................................................................................................................ 75
3.5 INDICADORES DE PRAZOS MÉDIOS........................................................................................................................................... 78
3.6 SÍNTESE ................................................................................................................................................................................................ 83
UNIDADE 4 – CENÁRIO CULTURAL ............................................................................................................... 83
UNIDADE 5 – ATIVIDADES ............................................................................................................................ 83
5.1 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ............................................................................................................................................................... 83
5.2 DA TEORIA À PRÁTICA .................................................................................................................................................................... 83
QUESTÃO 1 ................................................................................................................................................................................................ 83
QUESTÃO 2 ................................................................................................................................................................................................ 84
QUESTÃO 3 ................................................................................................................................................................................................ 84
QUESTÃO 4 ................................................................................................................................................................................................ 84

FECHAMENTO ............................................................................................................................................... 85

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ABERTURA

Seja bem-vindo
Antes de iniciarmos, acesse o ambiente on-line para conhecer os principais
procedimentos para a realização desta disciplina.

Suporte técnico
Caso você tenha qualquer dúvida sobre questões administrativas ou financeiras – em relação a pagamento,
trancamento, emissão de boleto, etc. –, ou mesmo sobre a utilização do programa, siga as instruções a seguir:
 entre no site do FGV Online: http://www5.fgv.br/fgvonline;
 acesse o portal do aluno;
 na aba Acadêmico, clique na opção Requerimentos e, em seguida, no botão Iniciar;
 para registrar sua dúvida, clique em Novo Ticket. Nesse momento, será aberta uma janela com os
campos setor e categoria;
 selecione as opções a que se refere sua dúvida e digite sua mensagem;
 clique em gravar ticket para enviá-la.

Caso não consiga esclarecer sua dúvida, entre em contato pelos seguintes telefones:
 Secretaria Acadêmica dos cursos do FGV Online – (21) 3799-4790;
 Suporte técnico do FGV Online – (21) 3799-4770 (de segunda a sexta-feira, das 9h às 22h30min; aos
sábados e aos domingos, das 9h às 18h).

Lembre-se de que estamos aqui, no FGV Online, prontos para ajudá-lo a realizar bem este trabalho!

Bom trabalho!

Apresentação da disciplina
Acesse o ambiente on-line para conhecer o conteúdo e os objetivos desta
disciplina.

Aproveite e conheça também um pouco do personagem que o


acompanhará ao longo desta disciplina.

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Professor-autor

Formação acadêmica
 Doutorado em Ciências Contábeis pela FEA-USP.
 Mestrado em Ciências Contábeis pela FAF-Uerj.

Ricardo Lopes Cardoso

Experiência profissional
 Contador e advogado, professor adjunto da Ebape-FGV e da FAF-Uerj.
 Coordenador do Núcleo de Estudos em Contabilidade e Controladoria – Ebape-FGV.
 Chefe-adjunto do Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa – Ebape-FGV.
 Coordenador editorial, no Brasil, da Revista Portuguesa e Brasileira de Gestão, publicada em parceria
entre a FGV e o INDEG-ISCTE, de Lisboa.

Prêmios e publicações
 Coautor dos livros Contabilidade geral e Contabilidade gerencial, é autor do capítulo Reflexos da
regulação econômica na informação contábil prestada pelo ente regulado do livro Regulação no Brasil:
desenho, governança, avaliação, entre outros.
 Dedica-se à pesquisa aplicada em Informação contábil: relevância e escolha de práticas contábeis.

Formação acadêmica
 Mestrado em Ciências Contábeis pela Uerj.
 Pós-Graduação em Gestão de Negócios pela UFRJ.

Fortunée Rechtman Szuster

Experiência profissional
 Professora convidada do FGV Executivo Júnior e do Curso de Gestão de Negócios da FACC/UFRJ.
 Ministrou cursos e palestras nas empresas Banco do Brasil, Eletrobras, Petros, Petrobras e CVM, e em
instituições de ensino como Coppead, UFRJ, Uerj, PUC/IAG, Ucam, UGF e Unipli.
 Coordenadora da ONG Lar da Esperança.

Prêmios e publicações
 Artigos publicados na Revista de Contabilidade da USP, Boletim IOB e na revista Pensar Contábil.
 Coautora do livro Contabilidade geral.

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Fontes para consulta


HENDRIKSEN, Eldon S.; VAN BREDA, Michael F. Teoria da contabilidade. 1. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
Neste livro, é empregado um referencial genérico para avaliar áreas da teoria e da prática da
Contabilidade Financeira em três níveis básicos: o nível estrutural, o de interpretação semântica e o
pragmático. Nessas avaliações, foi dada ênfase aos enfoques indutivo-dedutivo e da teoria de
mercado de capitais. Em alguns casos, os autores expõem suas opiniões e apresentam evidências
baseadas na lógica e em resultados empíricos, quando disponíveis.

IUDÍCIBUS, Sérgio; et alli. Contabilidade introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
O livro parte de uma visão de conjunto dos relatórios emanados pela Contabilidade, descendo,
então, em nível de detalhes sobre os lançamentos originários. Expõe os significados da função
controladora da Contabilidade e das peças contábeis. Traz, em apêndices, explicações sobre a
correção monetária do balanço e análise de demonstrações contábeis.

________. Teoria da contabilidade. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.


Este livro abrange desde os objetivos e a metodologia da Contabilidade até suas mais recentes
tendências e perspectivas futuras. Desde sua primeira publicação em 1979, esta obra continua
como um dos ícones do mercado editorial, contribuindo para o estudo da disciplina, tanto para
estudantes dos cursos avançados de graduação como para aqueles dos de pós-graduação em
Contabilidade, que poderão utilizá-lo como material de revisão crítica de conceitos básicos.
Adicionalmente, fornece um instrumental de reflexão extremamente importante para os
profissionais das mais variadas especializações contábeis na solução dos complexos problemas
que enfrentam.

MARTINS, Eliseu; SANTOS, Ariovaldo dos; GELBCKE, Ernesto. Manual de contabilidade societária. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 2013.
Este manual tem sido também fonte de sugestões para a melhoria da informação contábil neste
país. A Lei n° 6.404/76, das sociedades por ações, bem como as alterações introduzidas na
legislação do imposto sobre a renda e as emanadas da Comissão de Valores Mobiliários e de outros
órgãos não introduziram modificações apenas no âmbito de apresentação das demonstrações
financeiras mas também quanto às classificações, às formas de apresentação das contas e aos
critérios de avaliação. Observaram-se como desdobramentos da nova lei inúmeras e significativas
mudanças da realidade contábil do Brasil.

MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
Ajustado às mais recentes evoluções conceituais e às novas tendências de utilização da
Contabilidade de Custos para fins decisórios e gerenciais, este livro reúne uma série de
características que o diferenciam positivamente da bibliografia disponível. A primeira entre as
caraterísticas é torná-lo particularmente apropriado para a realidade brasileira, uma vez que está
voltado para as situações típicas observadas no País, para seus institutos legais e para as condições
organizacionais prevalecentes no meio empresarial. Dessa forma, ao tratar dos critérios técnicos e
legais relacionados, por exemplo, à contabilização dos custos da mão de obra e dos impostos, o
livro refere-se, explicitamente, às condições brasileiras, destacando os principais aspectos
relacionados aos encargos sociais existentes no País e os dois principais tributos indiretos, o ICMS e
o IPI. Ademais, foram também consideradas pelo autor as regras implícitas na Lei das Sociedades
por Ações relacionadas à operacionalização contábil dos custos.

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MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
Este livro confere uma maior importância à compreensão dos relatórios contábeis do que à
mecânica da escrituração e da elaboração das demonstrações financeiras. Essa abordagem é
justificada por alguns fatores. O emprego generalizado de equipamentos convencionais e de
computadores no processamento de dados contábeis exige que o ensino superior da
Contabilidade esteja voltado mais para a natureza, o significado e as finalidades dos dados para as
práticas tradicionais da escrituração. Outro fator é a utilização da Contabilidade como instrumento
de decisão e de orientação gerencial. Além disso, temos a crescente utilização da Contabilidade
por não contadores nos mais diferentes setores da empresa, de Engenharia da Produção até
Consultoria Jurídica.

SZUSTER, Natan; et alli. Contabilidade geral. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
Este livro contém os itens básicos que devem ser estudados para se adquirir uma base
fundamentada da Contabilidade. Os autores apresentam os lançamentos contábeis mediante o
uso tanto da expressão débito e crédito, como também o da expressão matriz de lançamentos, em
que o aluno deverá se perguntar: onde o dinheiro foi aplicado? e de onde o dinheiro veio?. Dessa
forma, espera-se que o aluno entenda os conceitos de débito e crédito raciocinando em termos de
aplicações e origens dos recursos.

Situação-problema
Antes de iniciar o estudo dos módulos, leia a situação-problema desta disciplina.

André, Bernardo e Cesar são amigos desde os tempos da faculdade de Engenharia de Produção em
São Paulo. Recém-formados, em 1995, foram contratados por uma multinacional de equipamentos
industriais.

Durante 10 anos, tiveram carreira de sucesso na multinacional, começando como trainees e


chegando a gerentes. André atuava na área comercial; Bernardo, em desenvolvimento de
produtos; e Cesar, no marketing.

A multinacional, visando expandir seus negócios para outros estados, criou uma estratégia de
crescimento. Ofereceu aos funcionários de carreira da empresa com mais de oito anos de casa e
em nível gerencial a possibilidade de distribuição exclusiva de seus produtos.

Para estimular a adesão dos funcionários ao projeto, a multinacional garantia que os atuais clientes
de cada estado seriam atendidos pelas novas empresas e teriam condições especiais de
fornecimento. Além disso, oferecia um ano de salário como indenização para capitalizar os
funcionários para mudança e abertura da empresa.

Entendendo a proposta da empresa como uma grande oportunidade, os três amigos gerentes
solicitaram o estado do Rio de Janeiro e ganharam a distribuição.

Desse modo, em 2005, foi fundada a TRIO Equipamentos, distribuidora exclusiva para o estado do
Rio de Janeiro dos produtos da multinacional.

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A empresa começou com uma carteira de 10 clientes, e, em 10 anos, cresceu e expandiu a área de
atuação. Como a multinacional não exigia exclusividade, foi possível aumentar a oferta de
produtos com outras empresas, desde que não fossem produtos substitutos.

Rapidamente, a TRIO Equipamentos percebeu dois nichos de atuação complementares: aluguel de


equipamentos com equipe especializada e manutenção de equipamentos.

Em dezembro de 2014, a empresa tinha 31 funcionários:


 seis funcionários na área comercial, sob a responsabilidade de André;
 20 funcionários na área de prestação de serviços e manutenção de equipamentos, sob a
gestão de Bernardo;
 cinco funcionários sob a liderança de Cesar, que responde pelo marketing e pela área
administrativa-financeira.

O melhor resultado da empresa foi o de 2011, quando a receita passou de 10 milhões ao ano.

Nos três últimos anos, contudo, a receita da empresa perdeu ritmo de crescimento, os gastos
aumentaram e a distribuição de lucros está cada vez menor.

Envolvidos no dia a dia da gestão e sem saber a forma pela qual iniciar os ajustes necessários, os
sócios resolveram contratar um consultor, especialista em Finanças e Contabilidade, para ajudar na
reestruturação do negócio e treinamento na área.

Em seu primeiro contato com os sócios, o consultor solicitou uma breve descrição dos negócios, a
qual incluía o detalhamento da área de atuação e dos produtos e serviços oferecidos.

À medida que desenvolvia seu trabalho de análise de documentos, o consultor aproveitava para
explicar aos sócios a importância dos diferentes demonstrativos e balanços à saúde contábil e
financeira da organização.

Com o auxílio do consultor, os três empresários esperam entender em que aspectos falharam e de
que modo será possível reorganizar toda a estrutura contábil da TRIO.

Ao longo dos módulos, encontraremos algumas questões que nos farão refletir sobre a situação que
acabamos de ver.

Acesse também o ambiente on-line para assistir à animação que expõe


essa situação-problema.

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MÓDULO – IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE

Apresentação do módulo
Assista, no ambiente on-line, a um vídeo sobre o conteúdo deste módulo.

Da teoria à prática
Agora, vamos refletir um pouco sobre a situação-problema. A seguir, veremos algumas questões que
permitirão aplicar o conteúdo estudado à situação proposta. No final deste módulo, as questões serão
retomadas e apresentaremos sugestões de respostas.

Questão 1
Em sua primeira reunião com os sócios da TRIO, o consultor perguntou como estava cada negócio e quais
relatórios usavam para acompanhá-los. Os sócios responderam que não faziam o controle por negócio.
Consideravam que o único relatório financeiro usado na empresa era o da Contabilidade. Com essa resposta,
o consultor aproveitou para explicar a natureza e o objetivo da Contabilidade, além de sua relação com os
relatórios da empresa TRIO.

Como o consultor definiu a Contabilidade e seu objetivo, e qual a relação que estabeleceu entre esse
objetivo e os relatórios da empresa?

Questão 2
Os sócios comentaram com o consultor que tinham a visão de que o objetivo da Contabilidade era atender
ao fisco e abrir conta bancária, e, agora, estavam surpresos com a abrangência e quantidade de usuários dos
demonstrativos.

O consultor aproveitou os comentários dos sócios para reforçar informações sobre como os usuários dos
demonstrativos contábeis se comportam em empresas de pequeno porte como a TRIO.

Quais são os usuários dos demonstrativos contábeis e como se comportam em empresas de pequeno porte
como a TRIO?

Questão 3
Segundo o consultor, dois conceitos da área contábil precisam ser bem entendidos: regime de competência
e regime de caixa. Ele também sentiu necessidade de relacioná-los com os três relatórios já produzidos pela
TRIO: faturamento, contas a pagar e contas a receber.

A abordagem teórica proposta pelo consultor está correta? Por quê?

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Questão 4
Além dos pressupostos de competência e continuidade, a Contabilidade tem características qualitativas.
Uma delas é a relevância.

Como a relevância na Contabilidade se aplica à TRIO?

UNIDADE 1 – ESTUDO DA CONTABILIDADE


Pautadas na realidade do mundo dos negócios e nas normas que regem as relações societárias, cada vez mais as pessoas
procuram aprender Contabilidade, que pode ser considerada a linguagem dos negócios.

1.1 Conhecimento da Contabilidade


O que seria do mundo sem a contabilidade?

Para responder a essa questão, temos, primeiramente, de pensar em nosso cotidiano. Precisamos pensar, por
exemplo, no que fazemos com nosso salário quando:
 pagamos nossas dívidas;
 decidimos comprar alguma coisa (uma casa, um carro, uma roupa, etc.);
 investimos nosso dinheiro em ações e fundos;
 gastamos com lazer e saciamos outros desejos reprimidos de consumo.

Quando queremos fazer qualquer um desses atos, precisamos saber se podemos ou não fazê-lo, isto é, se
dispomos de recursos para tal ou se temos capacidade de absorver mais financiamentos.

Para tal, precisamos registrar e controlar nossos gastos pessoais.

Ou seja, tudo o que fazemos tem reflexos em nossa contabilidade!

Poderiam as empresas sobreviver sem qualquer controle? E o poder público?

Como seriam feitas as transações se os agentes financeiros nada soubessem sobre as empresas?

Que banco financiaria uma empresa se não tivesse condições de analisar o risco de inadimplência ?

Quem compraria uma empresa sem conhecer sua saúde financeira e seu potencial de
crescimento?

Haveria compra e venda de ações sem qualquer conhecimento da situação econômico-financeira


das empresas?

Pautadas na realidade e nas normas impostas pelo mundo dos negócios, cada vez mais as pessoas procuram
aprender Contabilidade.

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1.2 A linguagem da Contabilidade


A Contabilidade pode ser considerada a linguagem dos negócios.

É por meio dos relatórios elaborados com base no sistema de informações contábeis que administradores
decidem o preço a ser praticado, o mix de produtos a ser fabricado, a tecnologia a ser utilizada, o nível de
endividamento, as opções de aplicações dos recursos, etc.

A Contabilidade, como toda e qualquer linguagem, utiliza sinais e símbolos próprios, possui um vocabulário
específico, além de uma gramática própria.

Certamente, não conseguiríamos interpretar um texto escrito em um idioma que ainda não aprendemos.
Conhecendo a estrutura da linguagem, fica muito mais fácil decodificar um texto.

Isso também ocorre com a Contabilidade.

Exemplo – Decodificação de texto


Tente interpretar o texto que se segue:

Wundervolle, volle Stadt von enchantments tausend


wundervolle Stadt, Herz von meinem Brasilien

Aufnahmevorrichtung der Samba und der


hübschen Songs,daß sie in der Seele der Leute
leben. Sie sind der altar unserer Herzen
daß sie froh singen.

Wundervolle, volle Stadt von


enchantments tausend
wundervolle Stadt, Herz von meinem Brasilien
Blumiger Garten der Liebe und des homesickness,
Landen Sie das zu allen, die es seduces
Dieser Gott bedeckt Sie des Glückes,
Nest des Traums und des Lichtes

Wundervolle, volle Stadt von enchantments tausend


wundervolle Stadt, Herz von meinem Brasilien

Está difícil? Vamos tentar novamente...

Cidade maravilhosa
Cheia de encantos mil
Cidade maravilhosa
Coração do meu Brasil
Cidade maravilhosa
Cheia de encantos mil
Cidade maravilhosa
Coração do meu Brasil

Brasil berço do samba e das lindas canções


Que vivem n’alma da gente

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Gestão Contábil Financeira

És o altar dos nossos corações


Que cantam alegremente

Jardim florido de amor e saudade


Terra que a todos seduz
Que Deus te cubra de felicidade
Ninho de sonho e de luz

Ah! Agora sim! Trata-se do famoso hino da cidade do Rio de Janeiro, Cidade maravilhosa. (Cidade
maravilhosa, música de André Filho, conforme a Lei nº 5/1960 e a Lei nº 488/1964).

Se não temos conhecimento formal de Contabilidade, como podemos analisar empresas?

Como podemos calcular sua liquidez geral, sua lucratividade operacional ou a rentabilidade de seu
patrimônio líquido?

Portanto, sem conhecermos a linguagem contábil bem como seus conceitos fundamentais, não seremos
capazes de ler e analisar as demonstrações contábeis de qualquer empresa.

Comentário – Contabilidade
Segundo o grande investidor norte-americano Warren Buffet (BUFFET, Warren; BUFFET, Mary; CLARK, David.
O Tao. RJ. Sextante, 2007), existem muitas maneiras de descrever o que está acontecendo com uma
empresa, mas seja lá o que se diga, sempre se retorna à língua da Contabilidade.

Quando uma filha de seu amigo perguntou as disciplinas a cursar em sua faculdade, respondeu:
"Contabilidade, a língua dos negócios." Para interpretar as demonstrações financeiras de uma empresa, você
tem de saber interpretar os números. Para isso, precisa aprender Contabilidade.

Se você não sabe ler o placar, não sabe como anda o jogo, o que significa que não consegue distinguir os
vencedores dos perdedores.

Ora, se a Contabilidade é uma linguagem – a linguagem dos negócios –, para interpretar seus relatórios
temos de entender seus conceitos fundamentais. Como toda e qualquer linguagem, a Contabilidade utiliza
sinais e símbolos cognitivos próprios, possui um vocabulário específico e uma gramática própria.

Não falar sua linguagem bem como não compreender seus conceitos fundamentais dificultam a
interpretação de relatórios e a participação no mundo dos negócios.

1.3 Síntese da unidade


Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

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Gestão Contábil Financeira

UNIDADE 2 – CONCEITUAÇÃO E OBJETIVOS


A Contabilidade pode ser considerada a linguagem dos negócios.

2.1 Conceitos da contabilidade


A Contabilidade pode ser definida como um sustentáculo da democracia econômica, pois, por seu
intermédio, a sociedade é informada sobre o resultado da aplicação dos recursos conferidos às entidades.

A Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários


com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade com relação à
entidade objeto de contabilização. Seu propósito básico é prover aos tomadores de decisões (diretores,
gerentes, administradores da empresa) e a todos os demais interessados informações úteis para a tomada de
decisões.

Portanto, a Contabilidade Financeira ou Societária tem como objetivo mostrar a saúde financeira da
empresa.

Por ter sua atuação prática realizada por meio de uma série de julgamentos e estimativas de valor, a
Contabilidade é considerada uma ciência social aplicada.

2.2 Processo contábil


A Contabilidade dispõe de metodologia especialmente concebida para captar, registrar, acumular, resumir e
interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer
entidade.

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Gestão Contábil Financeira

Para conhecer mais sobre processo contábil, assista ao vídeo disponível no


ambiente on-line.

2.3 Objetivos da contabilidade


Sabendo-se que existem demandas diferenciadas por informações contábeis, os objetivos da Contabilidade
também são diferenciados e, dependendo dos usuários, podem ser classificados da seguinte maneira:

proprietários risco e retorno de capital, continuidade da empresa, custos


otimização das decisões baseadas em dados passados e presentes para projetar
administradores medidas futuras, mix de produtos, custos, margem de contribuição, ponto de equilíbrio,
preço
financiadores capacidade de pagamento, grau de endividamento
tributação e arrecadação de impostos, taxas, contribuições, formulação de diretrizes da
governo
política econômica
acionista
fluxo regular de dividendos
minoritário
empregados capacidade de pagamento dos salários, perspectivas de crescimento

2.4 Classificação da contabilidade


Como ciência da informação, a Contabilidade divide-se em quatro áreas de estudo. Vamos conhecê-las:

Contabilidade Financeira
O objetivo da Contabilidade Financeira é fornecer informações contábil-financeiras sobre a
entidade. A entidade reporta as informações consideradas úteis a investidores existentes e em
potencial, a credores por empréstimos e a outros credores quando da tomada de decisão ligada ao
fornecimento de recursos para a entidade.

A Contabilidade Financeira, ou Societária, é subordinada às normas contábeis. Tais normas são


estabelecidas pela Lei das Sociedades por Ações –, Lei n° 6.404/1976 –, pelos atos normativos
emitidos pela Comissão de Valores Mobiliários e pelo Conselho Federal de Contabilidade.

Contabilidade Gerencial
O objetivo da Contabilidade Gerencial também é fornecer informações contábil-financeiras acerca
da entidade que reporta. Entretanto, os destinatários dessa informação são os gestores da
entidade, portanto, os usuários internos à entidade.

A Contabilidade Gerencial não é restringida pelas normas contábeis. Ela fornece, ainda,
informações aos tomadores de decisão, ou seja, pessoas internas à organização, responsáveis por
dirigir e controlar suas operações.

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Contabilidade de Custos
A Contabilidade de Custos se localiza em uma área intermediária entre a Contabilidade Financeira
e a Contabilidade Gerencial, pois serve às duas. Por exemplo:
 a Contabilidade Gerencial utiliza as informações providas pela Contabilidade de Custos
para identificar que preço deve ser cobrado para cobrir o custo do produto, as despesas
operacionais e ainda remunerar, adequadamente, o capital investido, gerando lucro;
 a Contabilidade Financeira utiliza as informações providas pela Contabilidade de Custos
para avaliar os estoques – necessário para apurar o balanço patrimonial – e para mensurar
o custo dos produtos vendidos – necessário para apurar o resultado do período.

Contabilidade Fiscal
A Contabilidade Fiscal, ou Tributária, gera informação sobre os fatos geradores dos tributos e a
respectiva apuração dos impostos devidos pela entidade. Portanto, fornece informação útil:
 ao órgão tributante, governo – principalmente, à Secretaria da Receita Federal e às
secretarias fazendárias de estados e municípios;
 aos gestores interessados em praticar o planejamento tributário.

A Contabilidade Fiscal é subordinada às normas tributárias.

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De modo geral, a Contabilidade está inserida em três amplos campos de atuação, orientados pelas
necessidades de seus usuários. Observe a tabela.

campos de atuação

Contabilidade Contabilidade Contabilidade


Gerencial Financeira Fiscal
adoção e elaboração facultativa obrigatória obrigatória
relações relações
utilizada para relações externas
internas tributárias
não está condicionada às
condicionada às condicionada às disposições
vínculo à legislação
disposições disposições legais legais e
legais tributárias
não precisa,
embora o fisco
não precisa
deve acompanhar tenha o poder
vínculo aos princípios acompanhar os
os princípios de determinar
contábeis princípios
contábeis tratamento
contábeis
características diferente ou
criar exceções
relatórios para demonstrações relatórios
produto planejamento e contábeis de específicos
controle propósito geral exigidos por lei
empresa vista
interesse nas empresa vista conforme
visão da empresa
partes como um todo exigido pelo
fisco
rápida – relevante – precisa –
a informação é
aproximada confiável objetiva
utilidade e objetividade e
a informação busca utilidade
objetividade legalidade

2.5 Limitações da contabilidade


A Contabilidade trabalha com avaliações, e todo sistema de mensuração tem limitações, inclusive, de custo-
benefício.

A Contabilidade deve conciliar utilidade com os requisitos da praticabilidade e objetividade. Além disso,
deve reproduzir a realidade da empresa em números. Isso se torna extremamente difícil, por inúmeras
razões, como a volatilidade dos valores a serem mensurados.

Por exemplo, um apartamento comprado por um elevado valor pode perder grande parte desse valor se for
construído um viaduto em frente à janela.

O processo de avaliação é ainda agravado pelo problema da flutuação de preços.

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Gestão Contábil Financeira

O fato de a Contabilidade se concentrar na avaliação monetária representa um grande aspecto positivo,


entretanto, enseja limitações, pois a quantificação monetária de todos os eventos econômicos não é
possível. Logo, a informação do lucro líquido não deve ser a única medida de avaliação do sucesso de uma
empresa durante um período.

Para aprimorar essas informações, na quantificação do lucro, devem ser introduzidas variáveis como custo de
oportunidade, inovação tecnológica, qualidade de produtos, satisfação dos clientes, investimentos sociais e
ambientais, e treinamento de empregados.

A rigor, esses aspectos são – ou deveriam ser, efetivamente – contemplados pela Contabilidade Gerencial.

2.6 Síntese da unidade


Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 3 – ESTRUTURA CONCEITUAL PARA ELABORAÇÃO E DIVULGAÇÃO DE RELATÓRIO


CONTÁBIL-FINANCEIRO
Para compreender a empresa que pretendemos analisar, é preciso conhecer as regras de apresentação das informações sobre
as empresas, ou seja, é preciso ter pleno conhecimento da estrutura conceitual da Contabilidade.

3.1 Estrutura conceitual da contabilidade


Quando começamos um novo curso ou um novo emprego, precisamos conhecer as regras às quais vamos
nos submeter para que tenhamos uma boa atuação.

Quando assistimos a uma partida de futebol, sabemos que os jogadores usam, especialmente, os
pés para realizar suas jogadas.

Já em uma partida de vôlei, sabemos que os jogadores usam, especialmente, as mãos para realizar
suas jogadas.

Para compreender a empresa que pretendemos analisar, é preciso conhecer as regras de apresentação das
informações sobre as empresas, ou seja, é preciso ter pleno conhecimento da estrutura conceitual para
elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro.

A partir de 2011, uma nova estrutura conceitual para elaboração e divulgação de relatório contábil-
financeiro foi emitida pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis e adotada no Brasil.

Vejamos a estrutura básica estabelecida pelo CPC. A nova estrutura conceitual básica da Contabilidade
estabelece:
 os objetivos das demonstrações contábeis de propósito geral;
 as características qualitativas das demonstrações contábeis;
 a premissa subjacente;
 os elementos das demonstrações contábeis.

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3.2 Objetivos das demonstrações contábeis de propósito geral


As demonstrações contábeis de propósito geral são aquelas direcionadas às necessidades de informação
financeira gerais de vasta gama de usuários que não estão em posição de exigir relatórios feitos sob medida
para atender a suas necessidades particulares de informação.

Portanto, seu objetivo é fornecer informações contábil-financeiras acerca da entidade que reporta essa
informação, que sejam úteis a investidores existentes e em potencial, a credores por empréstimos e a outros
credores quando da tomada de decisão ligada ao fornecimento de recursos para a entidade.

De acordo com as normas internacionais de Contabilidade, são cinco as demonstrações contábeis de


propósito geral:
 balanço patrimonial;
 demonstração do resultado do exercício;
 demonstração dos fluxos de caixa;
 demonstração das mutações do patrimônio líquido;
 notas explicativas.

Aqui no Brasil, a CVM exige mais um relatório, a demonstração do valor adicionado. Além disso tudo, os
relatórios financeiros das empresas ainda precisam ser acompanhados do relatório da auditoria. Vamos
conhecer cada relatório:

Balanço patrimonial – BP
O BP evidencia a situação patrimonial da entidade em determinado momento. Apresenta, em
determinada data, a estrutura patrimonial da entidade, como se fosse uma fotografia de seus bens,
seus direitos e suas obrigações.

Ou seja, o BP apresenta como o patrimônio da entidade está aplicado – ativo – e como ele está
sendo financiado – passivo e patrimônio líquido –, o que nos permite melhor compreensão de sua
estrutura financeira.

Demonstração do resultado do exercício – DRE ou DEREX


A DRE mensura a riqueza gerada pela entidade, evidenciando as receitas e as despesas de
determinado período.

A DRE demonstra o lucro líquido, que, em última análise, pertence aos acionistas, ou o resultado
contábil, isto é:

receitas – despesas = lucro ou prejuízo

Por meio da DRE, poderemos entender se a empresa vende bem seus produtos, se os mesmos
estão adequados ou se seu lucro adveio apenas da venda de um ativo imobilizado.

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Comentário – DRE
O resultado exato de uma empresa – variação do patrimônio investido pelos proprietários – só pode ser
apurado no final de sua vida, quando seus ativos forem liquidados.

Entretanto, para proporcionar informações úteis, a Contabilidade tem a missão de apurar o resultado a
intervalos regulares de tempo. Portanto, na avaliação da gestão da empresa, o conceito de lucro é superior
ao de caixa.

O conceito de lucro é obtido por meio do regime de competência, que representa a alocação racional do
fluxo de caixa durante o desenrolar da vida da empresa.

Logo, a diferença entre o conceito de lucro e o de caixa é meramente temporal, pois, no final da vida da
empresa, esses conceitos serão idênticos. O resultado representa a riqueza gerada pela empresa durante
determinado período.

O resultado deriva do confronto das receitas com as despesas. Consequentemente, pode ser:
 positivo – lucro, se as receitas forem maiores que as despesas;
 negativo – prejuízo, se as receitas forem menores que as despesas.

As contas que, em condições normais de continuidade da empresa, afetam o balanço são as receitas e as
despesas.

Receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de entrada de
recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultam em aumentos do patrimônio
líquido e não são provenientes de aporte dos proprietários da entidade.

Receita é a geração de recursos decorrentes:


 da venda de estoque – receita de vendas;
 da prestação de serviços – receita de serviços;
 das aplicações financeiras – receita financeira.

Despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de saída de
recursos ou redução de ativos ou incrementos em passivos, que resultam em decréscimo do patrimônio
líquido e não são provenientes de distribuição aos proprietários da entidade. As despesas representam
sacrifícios de ativo que a empresa incorre para a obtenção de receitas.

Despesa é o consumo de recursos decorrentes das mesmas atividades que deram origem às receitas, ou
seja:
 da venda de estoque – custo das mercadorias vendidas;
 da prestação de serviços – custo dos serviços prestados;
 de empréstimos e financiamentos – despesa financeira.
 de manutenção da empresa – despesa financeira;
 dos esforços de venda – despesa comercial.

DPML ou DEMUT
O DMPL ou DEMUT evidencia as alterações do patrimônio líquido de uma entidade, ocorridas em
determinado período.

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As alterações mais comuns são:


 aumentos do capital social;
 apuração dos lucros;
 destinação dos lucros.

Demonstração do fluxo de caixa – DFC


Evidencia as transformações no caixa (caixa + banco + aplicações financeiras de imediata
realização) de uma entidade, ocorridas em determinado período.

Demonstração do valor adicionado


A demonstração do valor adicionado evidencia a riqueza gerada pela entidade em determinado
período, pertencente à sociedade, e como ela é distribuída entre os empregados, o governo, os
financiadores e os sócios.

valor adicionado = receita – insumos adquiridos de terceiros

Notas explicativas
As notas explicativas devem complementar, juntamente com outros quadros analíticos ou outras
demonstrações contábeis, os critérios de cálculo dos itens que afetam o lucro e o patrimônio da
entidade.

Esses critérios se referem a, por exemplo:


 depreciação;
 avaliação dos estoques;
 provisionamento para créditos de liquidação duvidosa;
 detalhamento das obrigações de longo prazo – destacando os credores, a taxa de juros e
as garantias à dívida;
 composição do capital social por tipo de ações;
 ajustes de exercícios anteriores.

Parecer dos auditores independentes


O parecer dos auditores independentes valida as demonstrações contábeis em relação à adoção
das práticas contábeis de aceitação geral e apropriadas às circunstâncias.

Esse parecer sinaliza ainda se as informações estão adequadamente evidenciadas nas


demonstrações contábeis e nas notas explicativas.

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Exemplo – Parecer de auditor independente


Vejamos parte do Parecer dos Auditores Independentes do exercício de 2008 da Companhia Brasileira de
Distribuição, disponibilizado no site da empresa:

PARECER DOS AUDITORES INDEPENDENTES

Aos Administradores, Conselheiros e Acionistas da Companhia Brasileira de Distribuição


São Paulo – SP

1. Examinamos os balanços patrimoniais da Companhia Brasileira de Distribuição e os balanços


patrimoniais consolidados da Companhia Brasileira de Distribuição e empresas controladas,
levantados em 31 de dezembro de 2008 e 2007, e as respectivas demonstrações dos resultados,
das mutações do patrimônio líquido, dos fluxos de caixa e do valor adicionado, correspondentes
aos exercícios findos naquelas datas, elaborados sob a responsabilidade de sua Administração.
Nossa responsabilidade é a de expressar uma opinião sobre essas demonstrações financeiras.

(...)

2. Nossos exames foram conduzidos de acordo com as normas de auditoria aplicáveis no Brasil e
compreenderam: a) o planejamento dos trabalhos, considerando a relevância dos saldos, o
volume de transações e os sistemas contábeis e de controles internos da Companhia e empresas
controladas; b) a constatação, com base em testes, das evidências e dos registros que suportam
os valores e as informações contábeis divulgados; e c) a avaliação das práticas e das estimativas
contábeis mais representativas adotadas pela Administração da Companhia e empresas
controladas, bem como da apresentação das demonstrações financeiras tomadas em conjunto.

3. Em nossa opinião, com base em nossos exames e nos pareceres de outros auditores
independentes, as demonstrações financeiras referidas no parágrafo 1 representam
adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da
Companhia Brasileira de Distribuição e a posição patrimonial e financeira consolidada da
Companhia Brasileira de Distribuição e empresas controladas em 31 de dezembro de 2008 e 2007,
os resultados de suas operações, as mutações de seu patrimônio líquido, os seus fluxos de caixa e
os valores adicionados nas operações referentes aos exercícios findos naquelas datas, de acordo
com as práticas contábeis adotadas no Brasil.

(...)
São Paulo, 26 de Fevereiro de 2009.

Para conhecer mais sobre balanço patrimonial, assista ao vídeo disponível


no ambiente on-line.

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3.3 Características qualitativas das demonstrações contábeis


Características qualitativas são os atributos que tornam as demonstrações contábeis úteis a seus leitores.

O CPC classificou tais atributos em dois grupos: características qualitativas fundamentais e características
qualitativas de melhoria.

Vamos conhecer as características qualitativas fundamentais:

Relevância
Informação contábil-financeira relevante é aquela capaz de fazer diferença nas decisões que
possam ser tomadas pelos usuários.

Como são diversos os usuários das demonstrações contábeis de propósito geral, a relevância é
compreendida pela capacidade de ajudar os usuários a prever a situação patrimonial, o
desempenho e os fluxos de caixa futuros da entidade (valor preditivo da informação), e a confirmar
a situação real com suas previsões feitas anteriormente (valor confirmatório da informação).

Dadas as dificuldades para estimar os valores preditivo e confirmatório da informação, utilizamos a


materialidade como um expediente prático para avaliar a relevância da informação contábil. Afinal,
a informação é material se sua omissão ou sua divulgação distorcida puder influenciar decisões
que os usuários tomam com base na informação contábil-financeira acerca de entidade específica
que reporta a informação.

A materialidade, por sua vez, é determinada tomando-se por duas dimensões: magnitude e
natureza da informação.

A magnitude diz respeito ao montante da transação, de modo que transações que envolvem
valores muito expressivos tendem a ser relevantes, ao contrário de transações que envolvem
valores módicos.

A natureza, como o nome sugere, diz respeito às características intrínsecas da transação. Pode ser
que determinada transação, em função de sua natureza, seja extremamente relevante mesmo que
envolva valores módicos. Por exemplo, uma fraude, mesmo que de pequeno valor, pode sinalizar
que os controles internos da entidade são frágeis, portanto, outras fraudes também podem
ocorrer. Isso é de extrema relevância!

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Gestão Contábil Financeira

Exemplo – Informação relevante


Uma informação pode ser extremamente relevante, mas envolver valores pequenos. Portanto, a relevância
não se justifica só pelo valor envolvido mas também pela natureza da informação.

Já os valores maiores (materiais) são relevantes independentemente da natureza da informação.

Dessa forma, os conceitos de relevância e materialidade, de uma forma geral, podem ser relativos.

Por exemplo:

Uma perda de R$ 100.000,00 para uma empresa pequena constitui um fato importante, mas, para uma
grande empresa, esse valor pode não ser significativo.

Portanto, nesse caso, a natureza da informação é importante, ou seja, o fato de que há perda na empresa
mesmo com um valor não muito significativo para ela.

Representação fidedigna
A representação fidedigna pode ser entendida como confiabilidade, a capacidade de a informação
representar a realidade econômica das transações e de demais eventos. Para ser representação
fidedigna, a realidade retratada precisa ter três atributos. Ela tem de ser:
 completa;
 neutra;
 livre de erro.

Uma informação completa é aquela que apresenta a integralidade das consequências de todas as
transações e eventos que afetaram a entidade durante determinado período.

Uma informação neutra é sem viés, isto é, não tendenciosa para agradar a qualquer usuário em
particular.

Representação fidedigna não significa exatidão em todos os aspectos. Um retrato da realidade


econômica livre de erros significa que não há erros ou omissões no fenômeno retratado.

Uma vez que se conseguiu elaborar informações contábeis relevantes e fidedignas, devemos buscar que tais
informações também tenham as características qualitativas de melhoria. Vamos conhecê-las.

Comparabilidade
Normalmente, os usuários querem comparar a situação patrimonial e o desempenho de uma
entidade por determinado parâmetro.

Para fazer a comparação, é possível utilizar dados de:


 anos anteriores da mesma empresa – desde que as práticas contábeis adotadas sejam
consistentes ao longo dos períodos;
 outras empresas do mesmo setor econômico – desde que as práticas contábeis adotadas
pelas empresas sejam semelhantes.

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No entanto, a comparabilidade só é possível de ser feita quando os usuários conhecem:


 as práticas contábeis seguidas na elaboração das demonstrações contábeis;
 quaisquer mudanças ocorridas nessas práticas;
 os possíveis efeitos de tais mudanças.

Verificabilidade
A verificabilidade significa que diferentes observadores, cônscios e independentes, podem chegar
a um consenso, embora não cheguem, necessariamente, a um completo acordo quanto ao retrato
de uma realidade econômica em particular ser uma representação fidedigna.

As notas explicativas exercem papel fundamental para a verificabilidade da informação


apresentada nas demonstrações contábeis de propósito geral.

Tempestividade
Tempestividade significa ter informação disponível para tomadores de decisão a tempo de poder
influenciá-los em suas decisões. Afinal, se a informação contábil só ficar pronta depois que o
usuário já tomou sua decisão, tal informação terá pouquíssima (ou nenhuma) utilidade.

Em geral, a informação mais antiga é a que tem menos utilidade.

Compreensibilidade
As informações apresentadas nas demonstrações contábeis devem ser diretas e claras. De modo
geral, classificar, caracterizar e apresentar a informação com clareza e concisão a torna
compreensível.

Portanto, devem ser prontamente entendidas pelos usuários que conhecem, razoavelmente, os
negócios, as atividades econômicas e a Contabilidade.

As demonstrações contábeis devem ser elaboradas de modo que possam ser entendidas por não
contadores, desde que estejam interessados e dispostos a compreender a situação patrimonial e o
desempenho da entidade analisada.

Premissa subjacente

As demonstrações contábeis devem ser feitas tendo-se em mente que a entidade continuará em operação
no futuro.

Presume-se que a empresa não tem intenção nem necessidade de colocar todas as suas propriedades à
venda, mas, se a intenção ou a necessidade existirem, as demonstrações contábeis deverão ser preparadas
em uma base diferente, que deverá ser divulgada.

O pressuposto da continuidade implica a adoção de determinadas práticas contábeis na avaliação da maioria


dos ativos e dos passivos pelo custo histórico.

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Gestão Contábil Financeira

Quando o pressuposto da continuidade não for válido, isto é, quando a empresa estiver em processo de
encerramento de atividades e liquidação de seus bens para pagamento de dívidas, todos os bens deverão ser
avaliados pelo valor de venda.

Exemplo – Pressuposto da continuidade


Se uma companhia aérea compra uma nova frota de aviões, o valor registrado em sua contabilidade deve
ser o valor pago (ou valor devido) pelos aviões. Isso acontece porque se espera que a empresa continue em
operação, oferecendo voos.

Apenas se a empresa estivesse encerrando suas atividades, os aviões seriam reconhecidos pelo valor de
venda. Essa informação só é útil caso a empresa esteja realmente interessada em vender os aviões.

Qualquer alteração que não aplique os pressupostos modifica toda a concepção da Contabilidade como o
grande sistema de informações das empresas.

3.4 Limitações às características qualitativas


Em nosso dia a dia, encontramos a necessidade de avaliar os pontos positivos e negativos de inúmeros
acontecimentos. Quando fazemos isso, estamos avaliando se os benefícios esperados superam os custos de
nossas ações.

A avaliação dos custos e dos benefícios é, em essência, um exercício de julgamento.

A necessidade de equalizar custos e benefícios também ocorre com decisões relacionadas a escolhas
contábeis, portanto, é esperado que os benefícios decorrentes da informação sejam maiores que o custo de
produzi-la. Além disso, os custos não recaem, necessariamente, sobre aqueles usuários que usufruem dos
benefícios.

Por exemplo:

Um analista se beneficia por ter acesso a uma grande quantidade de informações contábeis. No entanto,
toda informação divulgada tem um custo, que deve ser pago pela empresa que evidencia as informações
contábeis.

Os benefícios podem também ser aproveitados por outros usuários, além daqueles para os quais as
informações foram preparadas.

3.5 Elementos das demonstrações contábeis


Para compreender as demonstrações contábeis de propósito geral, é preciso conhecer seis conceitos
fundamentais:

Ativo
Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se
espera que fluam futuros benefícios econômicos para a entidade.

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Passivo
Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja liquidação se
espera que resulte na saída de recursos da entidade capazes de gerar benefícios econômicos.

Patrimônio líquido
Patrimônio líquido é o interesse residual nos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus
passivos.

Receitas
Receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma da
entrada de recursos ou do aumento de ativos ou da diminuição de passivos, que resultam em
aumentos do patrimônio líquido e que não estão relacionados com a contribuição dos detentores
dos instrumentos patrimoniais.

Despesas
Despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma da
saída de recursos ou da redução de ativos ou da assunção de passivos, que resultam em
decréscimo do patrimônio líquido e que não estão relacionados com distribuições aos detentores
dos instrumentos patrimoniais.

Caixa e equivalente de caixa


Caixa compreende numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis. Equivalentes de caixa
são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis em
montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor.

3.6 Regime de competência versus regime de caixa


Segundo o regime de competência, os atos e fatos contábeis devem ser reconhecidos quando ocorrem as
transações e os eventos econômicos, independentemente de sua realização financeira – pagamento ou
recebimento. Esse raciocínio é fundamental para que a Contabilidade meça o patrimônio, em sua dimensão
econômica, e o resultado periodicamente.

Ou seja, as receitas devem ser reconhecidas quando da realização da transação econômica, e não quando
efetivamente recebidas. Já as despesas devem ser reconhecidas quando incorridas, e não quando
efetivamente pagas.

As demonstrações contábeis preparadas pelo regime de competência informam aos usuários dados sobre:
 as transações passadas envolvendo o pagamento e o recebimento de caixa ou outros recursos
financeiros;
 as obrigações que vão demandar pagamento futuro e sobre os recursos que serão recebidos
futuramente.

Conforme o regime de caixa, os atos e fatos contábeis só seriam reconhecidos quando da efetiva entrada ou
saída de dinheiro.

FGV ONLINE l 27
Gestão Contábil Financeira

Todas as demonstrações contábeis de propósito geral precisam ser elaboras em conformidade com o regime
de competência. A única exceção é a demonstração dos fluxos de caixa, que, como o nome sugere, tem por
foco o caixa da entidade.

Exemplo – Regime de competência


As informações conseguidas por meio do regime de competência são muito importantes para a tomada de
decisões. Por exemplo, uma loja vendeu, no mês de janeiro, R$ 220.000.

Metade desse valor foi recebido à vista e a outra metade, mediante cartão de crédito, mas a loja só receberá
o valor do cartão de crédito no mês seguinte às vendas.

A loja deve apurar, em janeiro, de acordo com o regime de competência, a receita no total de R$ 220.000,
porque esse foi o valor vendido, mesmo que a loja ainda não tenha recebido, efetivamente, todo o dinheiro.

3.7 Síntese da unidade


Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 4 – CENÁRIO CULTURAL


Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo
deste módulo, acesse o cenário cultural no ambiente on-line.

UNIDADE 5 – ATIVIDADES

5.1 Exercícios de fixação


Acesse o ambiente on-line para conhecer um pouco mais sobre exercícios
de fixação.

5.2 Da teoria à prática


Após analisar o conteúdo do módulo, podemos retomar as questões apresentadas anteriormente.

Questão 1
Em sua primeira reunião com os sócios da TRIO, o consultor perguntou como estava cada negócio e quais
relatórios usavam para acompanhá-los. Os sócios responderam que não faziam o controle por negócio.
Consideravam que o único relatório financeiro usado na empresa era o da Contabilidade. Com essa resposta,
o consultor aproveitou para explicar a natureza e o objetivo da Contabilidade, além de sua relação com os
relatórios da empresa TRIO.

28 l FGV ONLINE
Gestão Contábil Financeira

Como o consultor definiu a Contabilidade e seu objetivo, e qual a relação que estabeleceu entre esse
objetivo e os relatórios da empresa?

A Contabilidade é a linguagem dos negócios, um sistema de informação que se destina a vários


usuários.

O objetivo da Contabilidade é captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que


afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer ente.

A relação entre relatórios da empresa e o objetivo da contabilidade se dá na compreensão e


avaliação dos números ou das operações para realizar mudanças no processo decisório.

Questão 2
Os sócios comentaram com o consultor que tinham a visão de que o objetivo da Contabilidade era atender
ao fisco e abrir conta bancária, e, agora, estavam surpresos com a abrangência e quantidade de usuários dos
demonstrativos.

O consultor aproveitou os comentários dos sócios para reforçar informações sobre como os usuários dos
demonstrativos contábeis se comportam em empresas de pequeno porte como a TRIO.

Quais são os usuários dos demonstrativos contábeis e como se comportam em empresas de pequeno porte
como a TRIO?

É possível identificar pelo menos seis usuários interessados em relatórios contábeis, cada um com
motivação específica: proprietários (sócios), administradores, financiadores, governo, acionistas
minoritários e empregados.

No caso da TRIO, que é uma empresa de pequeno porte, as figuras de proprietários,


administradores e acionista minoritário tendem a se confundir. Os empregados, por sua vez, não
costumam ter acesso à informação.

Questão 3
Segundo o consultor, dois conceitos da área contábil precisam ser bem entendidos: regime de competência
e regime de caixa. Ele também sentiu necessidade de relacioná-los com os três relatórios já produzidos pela
TRIO: faturamento, contas a pagar e contas a receber.

A abordagem teórica proposta pelo consultor está correta? Por quê?

O consultor está certo em garantir a correta compreensão de ambos os regimes contábeis.

O regime de competência envolve as receitas auferidas quando de sua ocorrência (e não quando
de seu pagamento), as quais são incluídas no relatório de faturamento (vendas). Já o regime de
caixa se relaciona com as receitas auferidas no recebimento, as quais são contempladas no
relatório de contas a receber e contas a pagar.

FGV ONLINE l 29
Gestão Contábil Financeira

Questão 4
Além dos pressupostos de competência e continuidade, a Contabilidade tem características qualitativas.
Uma delas é a relevância.

Como a relevância na Contabilidade se aplica à TRIO?

As informações se tornam relevantes quando atendem à necessidade de informação e ajudam nas


decisões econômicas. Informações relevantes avaliam impactos passados, presentes e futuros,
confirmando ou permitindo corrigir decisões anteriores.

A relevância de uma informação está ligada ao valor e à natureza da informação. No caso da TRIO,
a Contabilidade contratada deve analisar essa característica, já que os gestores da empresa não
têm a competência necessária para tal.

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MÓDULO – MECÂNICA DE ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Apresentação do módulo
Assista, no ambiente on-line, a um vídeo sobre o conteúdo deste módulo.

Da teoria à prática
Agora, vamos refletir um pouco sobre a situação-problema. A seguir, veremos algumas questões que
permitirão aplicar o conteúdo estudado à situação proposta. No final deste módulo, as questões serão
retomadas e apresentaremos sugestões de respostas.

Questão 1
Continuando o processo de entender a empresa e treinar os sócios, o consultor pediu os demonstrativos
contábeis 2011.

Quais são esses documentos que os sócios devem apresentar? Por que o consultor pediu documentos
datados desde 2011?

Questão 2
O consultor constatou que a empresa TRIO não tem endividamento bancário e cresceu com capital próprio,
por meio de lucros acumulados nos primeiros cinco anos de funcionamento. A partir de 2010, o patrimônio
líquido se manteve.

Quais contas do ativo, do passivo e do patrimônio líquido devem constar no balanço da TRIO, considerando
que se trata de uma empresa de comércio e serviços?

Questão 3
A maior parte da remuneração dos sócios era proveniente da distribuição de lucros, que foi comprometida
nos últimos anos. Seu valor era calculado pelo contador.

Como se verifica essa situação com análise do balanço e da DRE?

Questão 4
O consultor seguiu sua análise da DRE e verificou que a receita entre 2011 e 2014 pode ser considerada
estável em valor (R$) e que as despesas têm aumentado pelo menos com a inflação de 5% ao ano. A receita
ficou em torno de 10 milhões/ano desde 2011. As despesas em 2011 foram de 3,5 milhões.

Como o consultor descreverá o impacto desse descasamento na TRIO?

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UNIDADE 1 – MECÂNICA CONTÁBIL


A mecânica contábil utiliza uma das maiores convenções da humanidade: o sistema das partidas dobradas.

1.1 Sistema das partidas dobradas


A contabilidade utiliza uma das maiores convenções da humanidade: o sistema de partidas dobradas.

No sistema das partidas dobradas, para cada transação, o contador precisa identificar onde o dinheiro foi
aplicado e de onde o dinheiro veio.

aplicação = débito
origem = crédito

Contudo, muitas pessoas que não estão familiarizadas com o sistema o acham confuso. Para facilitar o
entendimento da mecânica contábil, não usaremos os termos débito e crédito.

1.2 Registro contábil


Para conhecer mais sobre registro contábil, assista ao vídeo disponível no
ambiente on-line.

1.3 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 2 – BALANÇO PATRIMONIAL


O balanço patrimonial reflete a posição financeira de uma empresa ao final de um determinado período.

2.1 Conceituação
O balanço patrimonial (BP) é formado de:
 ativo: aplicações de recursos;
 passivo: origens, fontes de terceiros;
 patrimônio líquido: origens, recursos dos sócios.

Observamos que o Iasb considera que a melhor terminologia para o balanço patrimonial é Demonstração da
Posição Financeira (Statement of Financial Position).

As contas do balanço patrimonial são classificadas:


 no ativo, de acordo com sua ordem decrescente de liquidez;
 no passivo, de acordo com sua ordem decrescente de exigibilidade.

Exemplo – Classificação das contas do balanço patrimonial


A classificação das contas está definida na Lei das Sociedades Anônimas – Lei n° 11.638/07.

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Portanto, o BP reflete, em determinado momento, a posição financeira de uma empresa, apresentando, de


forma ordenada:
 os ativos: recursos aplicados com capacidade de geração de benefícios futuros;
 os passivos: obrigações no momento presente;
 o patrimônio líquido: diferença entre ativos e passivos.

Graças ao método das partidas dobradas, no BP, o total das aplicações de recursos é igual ao total das
origens de recursos.

Notou como o balanço patrimonial é um retrato fiel de uma entidade, registrando todas as entradas e saídas?

2.2 Estrutura de um balanço patrimonial

Para conhecer mais sobre a estrutura de um balanço patrimonial, assista ao


vídeo disponível no ambiente on-line.

Comentário – Reserva de capital e reserva de lucros


A reserva de capital pode ser decorrente de:
 ágio na colocação de ações – excesso de valor pago pelo acionista na compra de ações da empresa;
 alienação de partes beneficiárias – venda de títulos negociáveis e não relacionados ao capital social;
 bônus de subscrição – venda de direitos de participação em aumentos futuros de capital.

A reserva de lucros pode ser:


 reserva legal – retenção de lucros para assegurar a integridade do capital social, tem sua utilização
vinculada ao aumento do capital ou à compensação de prejuízos. Obrigatoriamente constituída de
5% do lucro líquido do exercício até que seu saldo atinja 20% do capital social ou que o somatório
de seu saldo com o saldo da reserva de capital atinja 30% do capital social – o que ocorrer primeiro.
 reserva estatutária – retenção de lucros para atender ao disposto no estatuto da empresa, que
define sua constituição, sua aplicação e seus limites.
 reserva de contingências – retenção de lucros para compensar, no futuro, diminuição do lucro ou
outras perdas. Difere da provisão para contingências. Na reserva de contingências, o fato gerador
ainda não ocorreu, enquanto para a provisão, já. A reserva de contingências visa ao disciplinamento
da distribuição de dividendos e à continuidade das operações da entidade (por exemplo, perdas
futuras com geadas).
 reserva de lucro para expansão – retenção de lucros para executar um orçamento de capital
previamente aprovado.
 reserva de lucros a realizar – retenção de lucros facultativa para evidenciar a parte do lucro ainda
não realizada financeiramente, de modo a evitar a distribuição de dividendos sobre essa parcela.

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2.3 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 3 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


A demonstração de resultado do exercício (DRE ou DEREX) informa a riqueza gerada pela empresa durante determinado
período; riqueza essa pertencente aos proprietários da entidade.

3.1 Conceituação
Para conhecer mais sobre a demonstração do resultado do exercício,
assista ao vídeo disponível no ambiente on-line.

3.2 Estrutura da demonstração do resultado do exercício


O objetivo da demonstração do resultado do exercício é fornecer aos usuários das demonstrações financeiras
da empresa os dados básicos e essenciais da formação do resultado (lucro ou prejuízo) do exercício.

O artigo 187 da Lei das S.A. disciplina a apresentação da DRE visando atender a tal objetivo.

Demonstração do resultado do exercício

Receit a de venda de bens e prest ação de serviços


(-) Custo das mercadorias vendidas e dos serviços prestados
(=) Lucro brut o
(-) Despesas comerciais
(-) Despesas administrativas
(+/-) Outras receitas e despesas operacionais
(=) Result ado ant es do result ado financeiro
(+) Receitas financeiras
(-) Despesas financeiras
(=) Result ado ant es do impost o de renda e cont ribuição social
(-) Imposto de renda
(-) Contribuição social
(=) Result ado das operações cont inuadas
(+/-) Receitas e despesas de operações descontinuadas
(=) Result ado líquido do período

A demonstração é iniciada com o valor total da receita apurada nas operações de vendas e prestação de
serviços, deduzida de impostos, descontos comerciais e outros abatimentos. Na sequência, é deduzido o
custo das mercadorias vendidas e dos serviços prestados, apurando-se o lucro bruto.

Observe que, na segunda linha da DRE, é apresentado o custo das mercadorias vendidas e dos serviços
prestados.

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Demonstração do resultado do exercício

Receit a de venda de bens e prest ação de serviços


(-) Custo das mercadorias vendidas e dos serviços prestados

Apesar do uso do termo custo, trata-se de uma despesa. A rigor, o nome dessa conta deveria ser despesas
com a baixa das mercadorias vendidas e serviços prestados.

Entretanto, convencionou-se chamar de custo das mercadorias vendidas (CMV).

Lembre-se: na DRE, só são apresentadas receitas e despesas, e a diferença entre esse dois montantes, que é o
resultado do período (lucro, se positivo; ou prejuízo, se negativo).

A seguir, são apresentadas as despesas operacionais segregadas por subtotais, conforme sua função:
comerciais e administrativas.

Deduzindo-se as despesas operacionais totais do lucro bruto, apresenta-se o lucro operacional, que é
denominado resultado antes do resultado financeiro.

O resultado financeiro é a diferença entre as receitas financeiras auferidas pela entidade e as despesas
financeiras incorridas.

Na sequência, é apurado o resultado antes do imposto de renda e da contribuição social, também


denominado lucro antes do imposto de renda – LAIR.

Deduzindo-se as despesas com o imposto de renda e contribuição social, apura-se o resultado do período
decorrente das operações ordinárias e recorrentes.

Finalmente, é considerado o resultado decorrente das operações descontinuadas, como a venda de fábricas,
unidades de negócio ou linhas de produção. Então chega-se ao resultado líquido do período, também
denominado lucro líquido.

3.3 EBITDA
Da DRE, é extraído o EBITDA (earnings before interest, taxes, depreciation and amortization – lucro antes do
pagamento de juros, impostos, depreciação e amortização), um parâmetro muito utilizado pelos analistas e
que gera muita polêmica.

Já pudemos observar que os valores das despesas financeiras e despesas com imposto de renda e
contribuição social são individualmente apresentados na DRE. Entretanto, o valor da despesa de depreciação
não é apresentado segregadamente. Isso ocorre porque, na DRE, a depreciação está apresentada juntamente
com as demais despesas de mesma função.

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Desse modo, a depreciação dos móveis da loja e do caminhão que faz entrega dos produtos aos clientes é
apresentada juntamente com as despesas comerciais. A depreciação dos móveis do escritório administrativo
e do veículo utilizado pela alta administração da entidade é apresentada juntamente com as despesas
administrativas. Já a depreciação do parque fabril foi inicialmente reconhecida como custo dos estoques e,
quando ocorre sua venda, é apresentada juntamente com o custo das mercadorias vendidas. Portanto, para
se apurar o EBITDA, é necessário segregar o valor da depreciação.

Apesar de o EBITDA ser bastante difundido, não é isento de críticas como:


 ignora a despesa de depreciação, que corresponde a uma saída de caixa, quando o imobilizado foi
adquirido;
 gera o efeito psicológico, no gestor, de que não precisa se preocupar com o nível de investimentos –
pois seu desempenho é mensurado sem levar em consideração a despesa de depreciação;
 se o analista quer verificar a geração de caixa pela entidade, ele não precisa calcular o EBITDA, basta
ler a DFC.

O EBITDA é um parâmetro informativo, utilizado como aproximação do caixa gerado pela atividade
operacional da entidade.

Atenção! Vale lembrar que, no mercado acionário, o investidor deve estar atento ao lucro líquido e à
capacidade de pagamentos de dividendos, que só serão distribuídos aos acionistas depois do pagamento de
juros e impostos. Por isso, há tanta polêmica ao excessivo uso do EBITDA como avaliação do desempenho de
empresas.

Cálculo do EBITDA
O EBITDA pode ser calculado de duas formas. Vejamos o caso hipotético de uma entidade que apresentou a
seguinte DRE:

Demonstração do resultado do exercício

Receit a de venda de bens e prest ação de serviços 1.000.000


(-) Custo das mercadorias vendidas e dos serviços prestados - 540.000
_____________
(=) Lucro brut o 460.000
(-) Despesas comerciais -120.000
(-) Despesas administrativas - 70.000
_____________
(=) Result ado ant es do result ado financeiro 270.000
(-) Despesas financeiras - 40.000
_____________
(=) Result ado ant es do impost o de renda e cont ribuição social 230.000
(-) Imposto de renda - 50.000
(=) Result ado líquido do período 180.000

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Sabendo-se que a depreciação está assim distribuída ao longo da DRE:

Custo das mercadorias vendidas e dos serviços prestados 100.000


Despesas comerciais 15.000
Despesas administrativas 8.000
_____________
Tot al da depreciação 123.000

Podemos apurar o EBITDA a partir da receita, subtraindo-se todas as despesas exceto depreciação, juros e
imposto de renda; ou seja, de cima para baixo.

(1) EBITDA apurado de cima para baixo

Receita de venda de bens e prestação de serviços 1.000.000


(-) Custo das mercadorias vendidas e dos serviços prestados (exceto - 440.000
depreciação)
(-) Despesas comerciais (exceto depreciação) - 105.000
(-) Despesas administrativas (exceto depreciação) - 62.000
_____________
(=) EBITDA 393.000

Também podemos apurar o EBITDA a partir do lucro líquido, somando-se todas as despesas com
depreciação, juros e imposto de renda; ou seja, de baixo para cima.

(2) EBITDA apurado de baixo para cima

Result ado líquido do período 180.000


(+) Imposto de renda 50.000
(+) Despesas financeiras 40.000
(+) Depreciação 23.000
__________
(=) EBITDA 393.000

O valor encontrado será o mesmo pelos dois caminhos.

3.4 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

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UNIDADE 4 – DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO


A demonstração das mutações do patrimônio líquido informa a movimentação ocorrida nas contas do patrimônio líquido, ou
seja: capital social, reservas de capital, reservas de lucros, lucros acumulados.

4.1 Variações
A demonstração das mutações do patrimônio líquido informa a movimentação ocorrida nas contas do
patrimônio líquido a partir do saldo final de cada conta do exercício anterior.

As principais variações sofridas pelo PL são:


 aumento do capital social – seja o capital autorizado, seja o subscrito, seja o integralizado;
 lucro ou prejuízo apurado no período;
 distribuição de lucros para a distribuição de dividendos ou para a constituição de reservas;
 constituição e reversão de reservas;
 ágio na emissão de ações;
 alienação de partes beneficiárias ou bônus de subscrição;
 recebimento de doações e subvenções para investimento;
 ajustes de exercícios anteriores relativos à retificação de erro imputável a um exercício já encerrado
ou à mudança de critérios contábeis.

Entre essas variações, há casos em que o PL aumenta ou diminui de valor, e há casos em que o valor total do
PL não sofre alteração, somente sua composição – são as chamadas transferências internas de valores.

São exemplos de transferências internas de valores aumento de capital com utilização de reservas, apropriação
do resultado do exercício para as reservas de lucro e compensação de prejuízos com reservas.

Estrutura da demonstração das mutações do patrimônio líquido

Veja a estrutura de uma demonstração de mutações do patrimônio líquido:

Capit al Reservas de Reservas de Lucros Tot al


social capit al lucros acumulados
Saldos iniciais $ $ $ $
Aumento do capital social $ $
Lucro do período $ $
Constituição de reservas $ ($)
Reversão de reservas ($) ($) ($)
Distribuição de dividendos ($) ($)
______________ ______________ ______________ ______________ ______________
Saldos finais $ $ $ $

Observe que as colunas representam as contas do patrimônio líquido. As linhas representam os eventos que
afetaram os saldos dessas contas durante o período, além dos saldos iniciais e finais de cada conta.

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As colunas referentes à reserva de capital, reservas de reavaliação e reservas de lucro devem ter os saldos e a
movimentação de suas contas discriminados em notas explicativas.

4.2 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 5 – DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA


A DFC é necessária em função das diferenças entre o lucro líquido reconhecido pelo regime de competência,
evidenciado na DRE, e a variação do saldo de caixa – que segue a lógica do regime de caixa.

5.1 Objetivo do DFC


A Lei nº 11.638/07 tornou obrigatória a publicação da demonstração dos fluxos de caixa para as S.A.s abertas
e demais S.A.s com patrimônio líquido acima de R$ 2 milhões.

O objetivo da DFC é evidenciar:


 a capacidade de a empresa gerar fluxos de caixa operacionais positivos;
 a capacidade de a empresa atender a suas necessidades de investimento;
 a habilidade de a empresa pagar suas obrigações e seus dividendos.

Conceito de caixa

A DFC trabalha com a variação do caixa:

ΔCx = Cxfinal – Cxinicial

Caixa para os fins da DFC:

caixa = dinheiro guardado na gaveta da caixa registradora + equivalentes de caixa

equivalente à caixa = bancos conta corrente + aplicações financeiras de imediata realização

Aplicações financeiras de imediata realização são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que
são prontamente conversíveis em um montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a um insignificante
risco de mudança de valor.

Portanto:

Cx = caixa + bancos conta corrente + aplicações financeiras de imediata realização

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Tipos de atividades
Na demonstração dos fluxos de caixa, a variação do saldo de caixa é classificada em três tipos de fluxos de
caixa. Vamos conhecê-los:

Fluxo de caixa das atividades operacionais


Esse fluxo de caixa tem como principais entradas os valores recebidos dos clientes – quer pelas
vendas à vista, quer pelas vendas a prazo.

Tem como principais saídas o pagamento a fornecedores, empregados, impostos, juros e contas
diversas.

Fluxo de caixa das atividades de investimento


Esse fluxo tem como principais entradas os valores da venda de itens do imobilizado, das
participações acionárias e do resgate dos investimentos não classificados como equivalentes a
caixa.

Tem como principais saídas o pagamento da aquisição de itens para o imobilizado, a aquisição de
participações societárias em outras companhias e aplicações em investimentos não classificados
como equivalentes a caixa.

Fluxo de caixa das atividades de financiamento


Esse fluxo tem como principais entradas a captação de dinheiro pela entidade, quer com os sócios
– integralização do capital social em dinheiro –, quer com terceiros – obtenção de empréstimos.

Tem como principais saídas o pagamento de dividendos em dinheiro e o pagamento do


empréstimo.

5.2 Métodos de elaboração da demonstração dos fluxos de caixa


Existem dois métodos de evidenciação da demonstração dos fluxos de caixa, o método direto e o método
indireto. Vamos conhecê-los:

Método direto
O método direto explicita as entradas e saídas brutas de dinheiro dos principais componentes das
atividades.

A diferença entre o método direto e o indireto é restrita à apuração do fluxo de caixa gerado – ou
consumido – pelas atividades operacionais.

Método indireto
O método indireto faz a conciliação entre o lucro líquido e o caixa gerado pelas operações.

O método indireto começa pelo lucro líquido da DRE, ajustando os itens não caixa e não
operacionais.

Alguns passos devem ser seguidos no método indireto:


 verificar as receitas e as despesas que influenciaram na apuração do resultado, mas que
não transitam pelo caixa, e os resultados não decorrentes das atividades operacionais.
Portanto, devemos:

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 somar as despesas que não têm impacto no caixa (ex.: depreciação);


 somar as despesas não relativas às atividades operacionais (ex.: perda na venda
de imobilizado);
 subtrair as receitas que não geram caixa (ex.: equivalência patrimonial);
 subtrair as receitas não relativas às atividades operacionais (ex.: ganhos em
aplicações financeiras não classificadas como equivalente a caixa).
 verificar as receitas e despesas que, mesmo relativas às atividades operacionais com o
potencial de afetar o caixa da entidade, ainda não afetaram no período. Isso é feito
indiretamente, por meio da movimentação dos saldos das contas de ativos operacionais
(ex.: duplicatas a receber de clientes, estoques, despesas antecipadas) e passivos
operacionais (ex.: fornecedores a pagar, salários e encargos, contas a pagar, impostos a
recolher). Portanto, devemos:
 subtrair o aumento dos saldos das contas de ativos operacionais;
 somar a redução dos saldos das contas de ativos operacionais;
 somar o aumento dos saldos das contas de passivos operacionais;
 subtrair a redução dos saldos das contas de passivos operacionais.

5.3 Estrutura da demonstração dos fluxos de caixa


A estrutura básica da DFC é compreendida por seis linhas:
 fluxo de caixa da atividade operacional;
 fluxo de caixa da atividade de investimento;
 fluxo de caixa da atividade de financiamento;
 variação do saldo de caixa e equivalente de caixa, que corresponde ao somatório dos três fluxos
anteriores;
 saldo inicial de caixa e equivalente de caixa;
 saldo final de caixa e equivalente de caixa.

Demonstração do resultado do exercício

(+/ -) Fluxo de caixa da at ividade operacional


Sua composição depende do método de elaboração adotado: direto ou indireto.

(+/ -) Fluxo de caixa da at ividade de invest iment o


(-) Pagamento pela compra de itens imobilizado
(-) Pagamento pela compra de itens do intangível
(-) Inversão em aplicações financeiras não classifi cadas como equivalente a caixa
(+) Recebimento pela venda de itens do imobilizado
(+) Recebimento pela venda de itens do intangível
(+) Resgate de aplicações financeiras não classificadas como equivalente a caixa

(+/ -) Fluxo de caixa da at ividade de financiam ent o


(+) Integralização do capital social em dinheiro
(-) Restituição do capital social em dinheiro
(-) Pagamento de dividendos
(+) Obtenção de empréstimos
(-) Amortização de empréstimos

(=) Variação do saldo de caixa e equivalent e de caixa


(+) Saldo inicial de caixa e equivalente de caixa
(=) Saldo final de caixa e equivalent e de caixa

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Elaborando-se o fluxo de caixa da atividade operacional pelo método direto, este costuma ser apresentado
da seguinte forma:

(+/ -) Fluxo de caixa da at ividade operacional


(+) Recebimento de clientes
(-) Pagamentos a fornecedores
(-) Pagamentos a empregados e encargos
(-) Pagamentos de contas e despesas diversas
(-) Pagamentos de impostos
(-) Pagamentos de juros

Ao se elaborar o fluxo de caixa da atividade operacional pelo método indireto, este costuma ser apresentado
da seguinte forma:

(+/ -) Fluxo de caixa da at ividade operacional


(+) Lucro líquido do período
(+) Despesas que não afetam o caixa e não são decorrentes das atividades operacionais
(-) Receitas que não afetam o caixa e não são decorrentes das atividades operacionais
(-) Aumento de ativos operacionais
(+) Redução de ativos operacionais
(+) Aumento de passivos operacionais
(-) Redução de passivos operacionais

5.4 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 6 – DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO


A utilidade do DVA é evidenciar o quanto a empresa agrega de valor à economia da sociedade na qual está
inserida e, ainda, como essa riqueza é distribuída entre os principais componentes dessa sociedade.

6.1 Conceituação
A demonstração do valor adicionado – DVA – informa a riqueza gerada pela empresa durante determinado
período e a forma como essa riqueza foi distribuída.

42 l FGV ONLINE
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A DVA apresenta a distribuição dessa riqueza na sociedade – empregados, governo, financiadores e


acionistas. A principal diferença entre a DRE e a DVA é:

DRE
Apresenta a riqueza gerada pela empresa, durante determinado período, que pertence aos
acionistas.
DVA
Apresenta a riqueza gerada pela empresa, durante determinado período, que pertence a toda
sociedade.

Relação entre valor adicionado e PIB


Existe uma relação entre o valor adicionado e o PIB.

O PIB corresponde à riqueza gerada por uma sociedade durante determinado período e está relacionado ao
conceito de produção.

O valor adicionado está relacionado ao conceito de venda (receita). Sendo assim, o valor adicionado pode ser
conciliado ao PIB, pois a diferença teórica entre esses dois conceitos está nos estoques.

Comentário – Conceito de produção


Para os economistas, a riqueza gerada pelo Brasil durante o ano de 2007 – US$ 1.314.199 milhões,
calculados pelo IBGE – foi medida com base no valor da produção – de bens e serviços – menos os
insumos importados de outras economias.

Comentário – Conceito de venda


Para os contadores, a riqueza gerada é medida com base na receita de venda – de bens e serviços –
menos os insumos adquiridos de terceiros.

Portanto, se subtraímos do PIB o valor não realizado relativo aos estoques, chegamos ao valor adicionado.

6.2 Estrutura da demonstração do valor adicionado


A estrutura de apresentação da DVA é a seguinte:

Receit a de venda de bens e prest ação de serviços


(-) Insumos adquiridos de terceiros
(-) Serviços contratados de terceiros
(=) Valor adicionado brut o
(-) Retenções: despesas de depreciação e amortização
(=) Valor adicionado líquido
(+) Valor adicionado por terceiros, recebido em transferência
(=) Valor adicionado a dist ribuir

Dist ribuição do valor adicionado


Valor distribuído aos empregados
Valor distribuído ao governo
Valor distribuído a investidores e fi nanciadores
Valor distribuído aos acionistas
Tot al do valor adicionado dist ribuído

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A DVA é estruturada em dois blocos. Vamos conhecê-los melhor:

Primeiro bloco
No primeiro, é apresentada a composição do valor adicionado, isto é, como ele foi apurado. A
receita de venda de bens e prestação de serviços é o mesmo que o primeiro item apresentado na
DRE. Na sequência, diferentemente do que é feito na DRE, não se subtraem todos os custos das
mercadorias vendidas e dos serviços prestados, mas somente o valor dos insumos adquiridos e
serviços contratados de terceiros.

Dessa forma, apura-se o valor adicionado bruto, isto é, a riqueza bruta gerada pela entidade
durante o período. Sabendo-se que, durante o período, a entidade consumiu parte de seus ativos
imobilizados e intangíveis, apresentamos as despesas com depreciação e amortização com
retenções do valor adicionado bruto para chegarmos ao valor adicionado líquido.

Ao valor adicionado líquido, somamos os valores adicionados por terceiros que foram transferidos
à entidade durante o período (ex.: receita de aluguel, receita de juros, receita de royalties). Desse
modo, apuramos o valor adicionado total que a entidade tem a distribuir entre os atores da
sociedade durante o período.

Segundo bloco
No segundo bloco, é apresentada a distribuição daquele valor adicionado entre os atores da
sociedade, por exemplo:
 empregados – corresponde ao valor dos salários e demais benefícios a empregados;
 governo – corresponde ao valor dos impostos e demais tributos;
 investidores e financiadores – corresponde ao valor dos juros devidos sobre os
empréstimos e as despesas de aluguel e royalties;
 acionistas – corresponde ao valor dos dividendos distribuídos e lucros reinvestidos
durante o período.

O somatório do valor adicionado a distribuir deve coincidir com o total do valor adicionado distribuído.

6.3 Utilidade do DVA


A utilidade do DVA é evidenciar o quanto a empresa agrega de valor à economia da sociedade na qual está
inserida e, ainda, como essa riqueza é distribuída entre os principais componentes dessa sociedade:
empregados, governo, financiadores e acionistas.

Portanto, é possível apontar potenciais usuários. Vamos conhecê-los:

Poder judiciário
O poder judiciário, especificamente, as varas do trabalho: o juiz do trabalho pode utilizar a
informação distribuição do valor adicionado aos empregados para definir percentual de aumento
salarial – dissídio coletivo.

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Poder legislativo
O poder legislativo, especificamente, a câmara dos deputados e o senado federal: os deputados e
senadores podem utilizar a informação distribuição do valor adicionado ao governo – impostos,
taxas e contribuições – para debater questões relacionadas à reforma tributária.

Poder executivo
O poder executivo, especificamente, a secretaria de finanças de uma prefeitura municipal: o
prefeito e seu secretário, ao decidirem quanto à concessão de um benefício fiscal, poderiam
utilizar as informações projetadas sobre a distribuição do valor adicionado aos empregados
segregada em pessoal residente no município e pessoal trazido pela empresa de outras
localidades e distribuição do valor adicionado ao governo segregada em impostos, taxas e
contribuições do município em questão, de outros municípios, do estado em questão, de outras
UFs e da união.

Os clientes poderiam analisar a DVA dos fornecedores com o objetivo de prestigiar aqueles socialmente
responsáveis em detrimento dos irresponsáveis – se o baixo preço cobrado for financiado pela sonegação
fiscal e pela exploração de trabalho infantil, provavelmente, essa empresa apresentará irrisória distribuição
do valor adicionado a empregados e ao governo.

6.4 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 7 – NOTAS EXPLICATIVAS


As notas explicativas são parte integrante das demonstrações contábeis de propósito geral.

7.1 Objetivos das notas explicativas


Como o nome sugere, as notas explicativas deveriam explicar as informações apresentadas nas
demonstrações contábeis de propósito geral, portanto, costumam ser apresentados quadros analíticos
demonstrando os critérios de cálculo dos saldos de diversas contas que compõem o patrimônio da entidade.

Eventualmente, também são apresentados gráficos.

Esses critérios referem-se:


 à depreciação;
 à avaliação de estoques;
 ao provisionamento para créditos de liquidação duvidosa;
 ao detalhamento das obrigações de longo prazo – destacando os credores, a taxa de juros e as
garantias à dívida;
 à composição do capital social por tipo de ações e ajustes de exercícios anteriores.

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Itens que compõem as notas explicativas


As normas contábeis relacionam os itens mínimos que devem ser evidenciados em notas explicativas. Os
principais são:
 apresentação de breve histórico sobre a função e principais atividades operacionais da entidade;
 principais políticas contábeis adotadas pela administração da entidade;
 principais julgamentos profissionais e critérios para realização de estimativas bem como
comentários sobre as incertezas consideradas nesses processos, que foram relevantes à apuração
dos valores apresentados nas demonstrações contábeis;
 comentários sobre aspectos qualitativos dos itens que compõem o patrimônio, o resultado e os
fluxos de caixa da entidade;
 evidenciação de exigências sobre ativos e sobre a potencialidade de passivos contingentes
consumirem recursos da entidade, e demais informações que a administração da entidade julgar
relevantes para que os usuários compreendam as informações contábeis.

7.2 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 8 – ESTOQUE E BAIXA DA MERCADORIA VENDIDA


Os itens que compõem o estoque variam de acordo com o ramo de atividades das entidades.

8.1 Mensuração do estoque


Os itens que compõem o estoque variam de acordo com o ramo de atividades das entidades.

De acordo com o CPC 16, estoques são ativos:


 mantidos para venda no curso normal dos negócios;
 em processo de produção para essa venda;
 na forma de materiais ou suprimentos, a serem consumidos ou transformados no processo de
produção ou na prestação de serviços.

Os estoques são reconhecidos e inicialmente mensurados pelo custo como custo de aquisição (se comprados
de terceiros) ou custo de produção (caso fabricados internamente). Os itens de estoque vendidos durante o
período são baixados do ativo contra o resultado, na conta custo das mercadorias vendidas apresentada na
DRE.

Os itens que permanecem no estoque ao final do período (ou seja, que ainda não foram vendidos) são
mensurados pelo menor valor entre o custo (por exemplo, valor determinado no ato de reconhecimento) e o
preço de venda menos os custos para completar e vender (por exemplo, o valor realizável líquido).

O custo de aquisição de um ativo ou dos insumos necessários para colocá-lo em condições de gerar
benefícios para a entidade representa a base de valor para a Contabilidade.

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Portanto, no estoque, devem ser considerados:


 os preços devidos ou pagos ao fornecedor;
 todos os demais gastos incorridos pela entidade e necessários para colocar o ativo em condições de
gerar benefícios para a entidade.

Estes incluem o custo de aquisição e os custos de transformação.

Vejamos:

Todos os custos de aquisição e de transformação bem como outros custos


valor de custo
incorridos para trazer os estoques a sua condição e localização atuais.
Preço de venda estimado no curso normal dos negócios deduzido dos custos
valor realizável líquido estimados para sua conclusão e dos gastos estimados necessários para se
concretizar a venda.

Exemplo – Mensuração subsequente dos estoques


Em setembro de 2009, Chicago era a grande favorita para sediar as Olimpíadas de 2016. Nos EUA, uma
camiseta com o logo do evento era vendida a US$ 50, sendo que o preço de custo era de US$ 20.

Admitindo-se que o custo para vender correspondia a 10% do preço de venda, o valor realizável líquido era
US$ 45 (isto é, US$ 50 de preço de venda menos US$ 5 de custos para vender).

Com o anúncio da escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas 2016, em 2 de outubro de 2009, as
camisetas de Chicago passaram a ser vendidas por US$ 10, sendo os custos para vender mantidos em 10%
do preço de venda.

Portanto, temos:
 custo da camisa: US$ 20.
 valor realizável líquido: US$ 9 (isto é, US$ 10 de preço de venda menos US$ 1 de custos para
vender).

Desse modo, o estoque deve ser avaliado, no balanço patrimonial, ao valor unitário de US$ 9.

8.2 Valor da baixa das mercadorias vendidas


Vários métodos podem determinar o valor da baixa das mercadorias vendidas. A entidade deve priorizar a
mensuração da baixa das mercadorias vendidas pelo montante específico do item vendido, se este for
identificável individualmente.

Por exemplo, as montadoras de automóveis contabilizam os veículos produzidos individualmente e os


identificam por meio do número do chassis.

Portanto, ao vender determinada unidade, a montadora define o valor da baixa da mercadoria vendida a
partir do respectivo número de chassis da unidade vendida. Esse é o método da identificação específica.

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Diversas entidades também determinam o valor da baixa das mercadorias vendidas com base no método da
identificação específica, por exemplo, galerias de artes (afinal, cada unidade de arte é única), e quaisquer
empresas que, como as montadoras de automóveis, identificam as unidades produzidas ou adquiridas
segregadamente com base no número de série de cada unidade, tais como: televisores, computadores,
tablets, impressoras, geladeiras, etc.).

Por outro lado, quanto aos bens idênticos, não há como individualizá-los por meio de artifícios como
números de série. A entidade deve utilizar outro método para determinar o valor da baixa das mercadorias
vendidas, entre eles:
 primeiro que entra primeiro que sai;
 custo médio.

Isso é relevante quando itens idênticos são adquiridos por preços diferentes em momentos diferentes. Por
isso, é importante estudar os métodos de mensuração do custo das mercadorias vendidas (CMV).

O valor apurado mediante cada um desses critérios pode depender do sistema de controle de estoques
adotado pela entidade.

O sistema de controle dos estoques pode ser periódico ou permanente.

Atenção! Neste curso, vamos estudar somente o custo médio ponderado móvel.

Exemplo – Análise de custo médio ponderado


O custo médio ponderado móvel pressupõe o critério permanente dos estoques.

Vejamos os dados que nos servirão de base para a análise do método do custo médio ponderado móvel.

A Comercial Mineira Ltda. começou determinado período com 10 unidades do produto MILK em estoque. O
produto do estoque foi adquirido por R$ 20,00 cada unidade. Durante esse período, ocorreram algumas
transações. É preciso determinar o estoque final de produtos MILK, adotando cada um dos critérios.

Vejamos a tabela que demonstra esses dados:

comprador e quantidade custo de preço de


data transação
fornecedor (unidades) aquisição ($) venda ($)
compra à
dia 5 Ubá 30 25,00
vista
dia 10 venda à vista Carangola 32 60,00
compra a
dia 22 Caxambu 5 30,00
prazo
venda a
dia 30 Areal 1 60,00
prazo

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Exemplo – Análise de custo médio ponderado (continuação)


Quando os estoques são controlados permanentemente e avaliados pelo custo médio, tem-se o chamado –
custo médio ponderado móvel (CMPM,). Mediante o CMPM, os estoques são avaliados pelo custo médio das
mercadorias compradas, ponderadas a cada aquisição. O CMPM demanda o registro permanente das
entradas e das saídas de mercadorias no estoque, afinal, pressupõe o controle permanente.

Vejamos um modelo de CMPM:

entrada saída saldo final


data
(unid.) ($) (unid.) ($) (unid.) ($)
10 x
SI 200,00
20,00
30 x 40 x
5 750,00 950,00
25,00 23,75
32 x 08 x
10 760,00 190,00
23,75 23,75
05 x 13 x
22 150,00 340,00
30,00 26,154
01 x 12 x
30 26,154 313,848
26,154 26,154
soma 35 900,00 33 786,154

A Comercial Mineira Ltda. possuía, no início do período, 10 unidades do produto MILK em estoque.

O produto do estoque foi adquirido por R$ 20,00 a unidade. Sendo assim, o valor do estoque da companhia
correspondia a R$ 200,00.

A companhia adquiriu mais 30 unidades do mesmo produto, no dia 5, mas, dessa vez, ao preço de R$ 25,00 a
unidade. O estoque passa então a ser avaliado a R$ 950,00, mas o custo unitário do produto passa a ser de R$
23,75.

A companhia vendeu 32 unidades do produto MILK no dia 10. O custo das mercadorias vendidas será de R$
760,00, e o estoque fica avaliado em R$ 190,00.

A Companhia Mineira Ltda. efetua uma nova compra do produto MILK no dia 22, adquirindo mais 5 unidades
ao valor de R$ 30,00 cada uma.

O estoque passa a ser avaliado a R$ 340,00, e o valor unitário do produto passa a ser de R$ 26,154 –
arredondado para 3 casas decimais.

A companhia vendeu mais 1 unidade no dia 30. O custo das mercadorias vendidas será de R$ 26,154, e o
valor do estoque corresponderá a R$ 313,848.

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8.3 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 9 – ATIVO IMOBILIZADO E DEPRECIAÇÃO


De acordo com o CPC 27, ativo imobilizado é ativo tangível e mantido para uso na produção ou no fornecimento de
mercadorias ou serviços, para aluguel a outros ou para fins administrativos, e que se espera utilizar por mais de um período.

9.1 Ativos imobilizados


De acordo com o CPC 27, ativo imobilizado é ativo:
 tangível;
 mantido para uso na produção ou no fornecimento de mercadorias ou serviços, para aluguel a
outros ou para fins administrativos, e que se espera utilizar por mais de um período.

Os exemplos mais comuns de itens do ativo imobilizado são:


 terrenos;
 edifícios;
 benfeitorias;
 instalações;
 máquinas e equipamentos;
 móveis e utensílios;
 computadores;
 veículos.

O ativo imobilizado de cada empresa apresenta suas particularidades, por exemplo, uma empresa aérea
possui aviões, uma empresa de transporte rodoviário possui ônibus e uma empresa transportadora marítima
possui navios.

No setor industrial, geralmente, as empresas possuem grandes parques fabris, com grande número de
máquinas, equipamentos e computadores.

Mensuração do ativo imobilizado

O ativo imobilizado é reconhecido e inicialmente mensurado pelo custo, que pode ser custo de aquisição (se
comprados de terceiros) ou custo de produção (caso construído internamente).

Os itens de imobilizado que permanecem ao final do período são mensurados pelo método do custo menos
a depreciação acumulada e a perda por irrecuperabilidade acumulada.

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Gastos de manutenção

Após a aquisição, conforme o bem vai se desgastando, é natural que a entidade incorra em gastos de
manutenção.

Contabilmente, esses gastos são reconhecidos como despesa do período no qual o serviço de manutenção
foi executado, salvo se a manutenção tiver a capacidade de aumentar:
 o tempo de vida útil do ativo;
 a capacidade produtiva do ativo.

Caso a manutenção consiga gerar esses benefícios, tais gastos são somados ao antigo custo de aquisição
ainda não depreciado.

9.2 Depreciação
A depreciação é a alocação sistemática do valor depreciável de um ativo ao longo de sua vida útil. Portanto, a
depreciação deve corresponder ao consumo dos benefícios econômicos que se esperava do ativo
imobilizado.

A depreciação deve começar a ser reconhecida a partir do momento em que o imobilizado está disponível
para uso na forma pretendida pela administração da entidade.

Para se calcular a depreciação, é necessário conhecer cinco variáveis a respeito do imobilizado. Vamos
conhecê-las:

Custo
Esse valor foi determinado quando do reconhecimento do item no imobilizado. É o valor da
mensuração inicial.

Vida econômica
É a vida total do bem, o total de benefícios econômicos que o ativo é capaz de gerar desde sua
concepção até virar sucata.

Vida útil
É a parcela da vida econômica durante a qual a entidade pretende utilizar o bem.

Vida residual
O valor estimado que a entidade obteria com a venda do ativo, após deduzir as despesas
estimadas de venda, caso o ativo já tivesse a idade e a condição esperadas para o fim de sua vida
útil.

Método de depreciação
São diversos os métodos de depreciação. Neste curso, estudaremos somente dois: o método das
cotas constantes e o método dos benefícios gerados.

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Observe que vida útil não é sinônimo de vida econômica. A vida econômica corresponde a todo o período
durante o qual o ativo é capaz de gerar benefícios econômicos para quem quer que o controle, ao passo que
a vida útil é uma parcela da vida econômica, a parcela em que a entidade espera utilizar o ativo.

O item 56 do CPC 27 orienta quanto à determinação da vida útil, como segue:


[…] todos os seguintes fatores são considerados na determinação da vida útil de um ativo:
(a) uso esperado do ativo que é avaliado com base na capacidade ou produção física
esperadas do ativo;
(b) desgaste físico normal esperado, que depende de fatores operacionais tais como o
número de turnos durante os quais o ativo será usado, o programa de reparos e
manutenção, e o cuidado e a manutenção do ativo enquanto estiver ocioso;
(c) obsolescência técnica ou comercial proveniente de mudanças ou melhorias na
produção, ou de mudança na demanda do mercado para o produto ou serviço derivado do
ativo;
(d) limites legais ou semelhantes no uso do ativo, tais como as datas de término dos
contratos de arrendamento mercantil relativos ao ativo.

Portanto, a estimativa da vida útil do ativo é uma questão de julgamento baseado na experiência da entidade
com ativos semelhantes. (CPC 27, item 57).

Ressaltamos que o valor residual, a vida útil e o método de depreciação de um ativo devem ser revisados pelo
menos ao final de cada ano (CPC 27, itens 51 e 61) e que as mudanças dessas estimativas devem ser
contabilizadas prospectivamente, conforme o item 36 do CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa
e Retificação de Erro.

Exemplo – Cálculo de depreciação


Vejamos dois exemplos de cálculo de depreciação, um por cada método.

Método das cotas constantes

Imagine um veículo adquirido por R$ 100.000, que a administração estime durar 20 anos até virar sucata.
Entretanto, só tenha expectativa de utilizá-lo pelos seis primeiros anos, pois, ao final do sexto ano, a
administração da entidade espera ser capaz de vendê-lo por R$ 40.000.

Então temos:
 custo: R$ 100.000;
 vida econômica: 20 anos;
 vida útil: 6 anos;
 valor residual: R$ 40.000;
 método de depreciação: pelos dados do enunciado, o método de depreciação que melhor reflete o
padrão de consumo pela entidade dos benefícios econômicos futuros desse veículo é o método das
cotas constantes.

Pelo método das cotas constantes, a depreciação anual pode ser calculada de duas formas:
 depreciação anual = (custo – valor residual) ÷ tempo de vida útil;
 depreciação anual = (custo – valor residual) x taxa de depreciação.

Portanto, temos:
Depreciação anual = (R$ 100.000 – R$ 40.000) ÷ 6 anos = R$ 60.000 ÷ 6 anos = R$ 10.000/ano.

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Exemplo – Cálculo de depreciação (continuação)


Ou seja, do custo de R$ 100.000, a administração da entidade espera recuperar R$ 40.000 mediante venda
(valor residual). Logo, espera-se consumir R$ 60.000 do valor desse imobilizado (valor depreciável = R$
60.000) ao longo de seis anos (vida útil).

Consequentemente, sua depreciação anual pelo método das cotas constantes é de R$ 10.000/ano.

O mesmo valor seria apurado pela outra fórmula. Entretanto, seria necessário determinar a taxa de
depreciação, que, neste caso, seria de 16,66666% ao ano. Afinal, ao longo de toda a vida útil, depreciaremos
100% do valor depreciável. Como a vida útil é seis anos, a taxa de depreciação é 100% ÷ 6 anos = 16,66666%
ao ano. Então:

depreciação anual = (R$ 100.000 – R$40.000) × 16,66666% ao ano = R$ 60.000 × 16,66666% = R$ 10.000/ano.

Método do benefício gerado

Vamos considerar o mesmo exemplo, entretanto, vamos modificar o parâmetro que determinará a vida
econômica e a vida útil.

Imagine um veículo adquirido por R$ 100.000, que a administração estime durar 400.000 quilômetros até
virar sucata. Entretanto, só tenha expectativa de utilizá-lo pelos primeiros 100.000 quilômetros.

Quando o hodômetro tiver registrado que o veículo já percorreu 100.000 quilômetros, a administração da
entidade espera ser capaz de vendê-lo por R$ 40.000.

Então temos:
 custo: R$ 100.000;
 vida econômica: 400.000 quilômetros;
 vida útil: 100.000 quilômetros;
 valor residual: R$ 40.000;
 método de depreciação: pelos dados do enunciado, o método de depreciação que melhor reflete o
padrão de consumo pela entidade dos benefícios econômicos futuros desse veículo é o método do
benefício gerado.

Pelo método do benefício gerado, o valor da depreciação anual depende do benefício gerado em cada
período, neste caso, o benefício gerado é a distância percorrida.

Digamos que, no final do primeiro ano de utilização desse veículo, seu hodômetro registre 10.000 km e que,
no final do segundo ano, o hodômetro registre 35.000 km (ou seja, distância percorrida no ano 2 = 25.000
km).

Pelo método do benefício gerado, a depreciação pode ser calculada pela fórmula:

depreciação anual = (custo – valor residual) ÷ vida útil × benefício gerado.

Portanto, temos:
 depreciação no ano 1 = (R$ 100.000 – R$ 40.000) ÷ 100.000 km × 10.000 km = R$ 60.000 ÷ 100.000
km × 10.000 km = R$0,60/km × 10.000 km = R$ 6.000 no ano 1.
 depreciação no ano 2 = (R$ 100.000 – R$ 40.000) ÷ 100.000 km × 25.000 km = R$ 60.000 ÷ 100.000
km × 25.000 km = R$ 0,60/km × 25.000 km = R$ 15.000 no ano 2.

FGV ONLINE l 53
Gestão Contábil Financeira

9.3 Perda por irrecuperabilidade – impairment


Deve-se assegurar que os ativos não estejam registrados contabilmente por um valor superior ao que se
espera recuperar.

O valor contábil do imobilizado não será recuperado ser for maior do que o maior valor entre:
 valor realizável líquido = valor justo menos custos para vender;
 valor em uso = valor presente dos fluxos futuros esperados que se pretende auferir mediante o uso
ao longo da vida útil remanescente.

Exemplo – Impairment
Fátima é contadora de uma empresa em uma pequena cidade do Brasil. Essa empresa possui uma limusine
para aluguel em casamentos. A empresa comprou a limusine há seis meses, por R$ 90.000, e espera utilizá-la
por 10 anos.

O valor contábil líquido da limusine, ou seja, o valor de custo deduzido da depreciação acumulada até o
momento é R$ 70.000.

Ao avaliar o mercado, foi verificada a entrada de um novo concorrente, que possui carros mais luxuosos.
Fátima refez as estimativas de fluxos de caixa futuros relacionados ao uso da limusine.

Por meio da análise das projeções, verificou que o valor em uso de sua limusine (valor presente dos
benefícios futuros em uso) é R$ 60.000. Adicionalmente, ela efetuou uma pesquisa de mercado e constatou
que o preço de venda (valor justo) da limusine é R$ 68.000 e que os custos para vendê-la são de,
aproximadamente, R$ 2.000. Desse modo, o valor líquido de realização é de R$ 66.000.

Para a obtenção do valor recuperável, Fátima efetuou a comparação entre os dois valores anteriores e
verificou que o maior entre os dois é o valor líquido de realização no montante de R$ 66.000.

Fátima deve então reconhecer a perda por irrecuperabilidade da limusine no montante de R$ 4.000, isto é, a
diferença entre o valor contábil (R$ 70.000) e o valor recuperável (R$ 66.000). Isso demonstra que a
administração da entidade não espera recuperar R$ 4.000 do valor contábil da limusine, portanto, precisa
reconhecer a perda nesse valor.

9.4 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 10 – CENÁRIO CULTURAL


Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo
deste módulo, acesse o cenário cultural no ambiente on-line.

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UNIDADE 11 – ATIVIDADES

11.1 Exercícios de fixação


Acesse, no ambiente on-line, os exercícios de fixação deste módulo.

11.2 Da teoria à prática


Após analisar o conteúdo do módulo, podemos retomar as questões apresentadas anteriormente.

Questão 1
Continuando o processo de entender a empresa e treinar os sócios, o consultor pediu os demonstrativos
contábeis 2011.

Quais são esses documentos que os sócios devem apresentar? Por que o consultor pediu documentos de
desde 2011?

Para análise da empresa, são necessários dados de, pelo menos, dois períodos seguidos. O
consultor solicitou os demonstrativos contábeis desde 2011, pois foi o melhor ano da empresa:
uma boa marca para usar como base.

De acordo com a Lei das Sociedades Anônimas, os demonstrativos para empresas de grande porte
e empresas de capital aberto são balanço patrimonial (BP), DRE, DMPL, DFC, DVA, notas
explicativas, parecer de auditores. Como a TRIO não é empresa de grande porte, nem de capital
aberto, são necessários apenas o BP e a DRE.

Questão 2
O consultor constatou que a empresa TRIO não tem endividamento bancário e cresceu com capital próprio,
por meio de lucros acumulados nos primeiros cinco anos de funcionamento. A partir de 2010, o patrimônio
líquido se manteve.

Quais contas do ativo, do passivo e do patrimônio líquido devem constar no balanço da TRIO, considerando
que se trata de uma empresa de comércio e serviços?

O balanço é formado por bens, direitos e obrigações, representados pelos ativos, passivos e
patrimônio líquido, que se subdividem em contas:
 ativo circulante: caixa, estoques, clientes (ou contas a receber);
 ativo não circulante: imobilizado (equipamentos de informática, móveis e equipamentos);
 passivo circulante: fornecedores (ou contas a pagar), salários a pagar, impostos a recolher;
 patrimônio líquido: capital social, lucros acumulados.

No caso, a TRIO não tem passivo não circulante, pois não tem endividamento de longo prazo.

FGV ONLINE l 55
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Questão 3
A maior parte da remuneração dos sócios era proveniente da distribuição de lucros, que foi comprometida
nos últimos anos. Seu valor era calculado pelo contador.

Como se verifica essa situação com análise do balanço e da DRE?

A empresa não se descapitalizou. Não tem endividamento bancário de curto e longo prazo, e o
patrimônio líquido cresceu ou se manteve estável nesse período. É possível verificar que os sócios
se sacrificaram, com menos distribuição de lucros, pois, mesmo com a queda do lucro, a empresa
não se endividou.

Questão 4
O consultor seguiu sua análise da DRE e verificou que a receita entre 2011 e 2014 pode ser considerada
estável em valor (R$) e que as despesas têm aumentado pelo menos com a inflação de 5% ao ano. A receita
ficou em torno de 10 milhões/ano desde 2011. As despesas em 2011 foram de 3,5 milhões.

Como o consultor descreverá o impacto desse descasamento na TRIO?

Se a receita for maior que a despesa, a empresa gerou lucro. No caso da TRIO, o aumento da
despesa com a inflação, sem a contrapartida da receita, impactou diretamente o resultado (lucro),
que vai se reduzindo ao longo dos anos.

Enquanto a receita é constante, a despesa sobe 5% ao ano, passando de R$ 3,5 milhões para mais
de R$ 4,0 milhões. Somente o impacto da inflação reduziu o lucro em, pelo menos, 500 mil em
2014, se comparado com 2011. Isso sem considerar o aumento de custo real, ou seja, acima da
inflação, muito comum em folha de pagamento.

ano
2011 2012 2013 2014
receita estável 10.000 10.000 10.000 10.000
despesa crescendo 5% 3.500 3.675 3.859 4.052
receita – despesa 6.500 6.325 6.141 5.948
impacto -175 -184 -193
impacto acumulado -175 -359 -552

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MÓDULO – ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Apresentação do módulo
Assista, no ambiente on-line, a um vídeo sobre o conteúdo deste módulo.

Da teoria à prática
Agora, vamos refletir um pouco sobre a situação-problema. A seguir, veremos algumas questões que
permitirão aplicar o conteúdo estudado à situação proposta. No final deste módulo, as questões serão
retomadas e apresentaremos sugestões de respostas.

Questão 1
O consultor, conversando com o sócio administrativo, descobriu que a primeira funcionária contratada pela
empresa ainda fazia parte da equipe com a atividade de acompanhamento das vendas. Ou seja, existia um
histórico de todos os produtos e serviços vendidos desde a formação da empresa.

Como a receita estava estagnada, resolveram aplicar a análise vertical tendo a receita bruta como base. O
que essa análise indicará?

Questão 2
A análise horizontal demonstra a variação de cada conta em relação a uma base. O padrão seria o período
anterior (ano/trimestre/mês) ou uma base escolhida. No caso da TRIO, o consultor sugeriu 2011.

Como a análise horizontal pode ajudar no diagnóstico da TRIO? Por que escolher 2011 como base?

Questão 3
A terceira etapa da análise dos documentos contábeis foi o cálculo dos índices. Existem grupos de índices
que analisam liquidez, endividamento, lucratividade, rentabilidade, prazos médios.

Qual o grupo de índices que o consultor utilizará para identificar a situação da TRIO descrita até o momento?

Questão 4
A última atividade do consultor será solicitar à contabilidade novos relatórios para completar a análise da
empresa.

Que relatórios ele deverá pedir para a TRIO? E qual o objetivo disso?

FGV ONLINE l 57
Gestão Contábil Financeira

UNIDADE 1 – RESULTADOS CONTÁBIL, ECONÔMICO E FINANCEIRO


O resultado de uma empresa pode ser analisado sob três enfoques: contábil, econômico e financeiro.

1.1 Instrumentos para a análise econômico-financeira


Para a realização da análise econômico-financeira de uma empresa, o analista utiliza, pelo menos:
 balanço patrimonial (BP);
 demonstração do resultado do exercício (DRE);
 montante das compras no período a que se referem às demonstrações;
 DFC, DMPL e as notas explicativas, quando houver;
 informações complementares.

1.2 Processo para a análise


A análise de balanços baseia-se no raciocínio científico.

O processo para a análise e tomada de decisões se pauta no seguinte fluxo:


 obtenção das demonstrações contábeis da empresa;
 obtenção de informações sobre o segmento econômico da empresa;
 ajustes e reclassificações das demonstrações contábeis da empresa;
 análises vertical e horizontal;
 cálculo dos indicadores;
 escolha dos indicadores mais significativos;
 comparação dos indicadores a padrões;
 diagnóstico e conclusões;
 decisões.

Se necessário, após a análise prévia das informações, os dados devem ser ratificados ou retificados, mediante
verificação e ajuste à realidade da empresa.

É muito comum empresas apresentarem lucros, mas consumirem caixa; ou o lucro não ser suficiente para
atender às expectativas dos investidores; ou empresas apresentarem prejuízo, mas gerarem caixa.

Portanto, precisamos definir os conceitos de resultados contábil, econômico e financeiro.

Refere-se ao confronto entre as receitas e as despesas durante determinado período,


Contábil reconhecidas em consonância com a estrutura conceitual da Contabilidade, destacando-se o
regime de competência.
Econômico Refere-se ao lucro contábil ajustado por eventos de natureza subjetiva.
Refere-se ao confronto entre as entradas e as saídas de caixa durante determinado período,
Financeiro
descontado o custo do dinheiro no tempo.

A rigor, podemos analisar o resultado de uma empresa sob três enfoques. Vamos conhecê-los

Resultado contábil

58 l FGV ONLINE
Gestão Contábil Financeira

O resultado contábil deriva do confronto, em um dado período, de receitas e despesas


objetivamente identificáveis.

As receitas e despesas são reconhecidas no momento oportuno, tendo por norte sua competência
e realização, sob o ponto de vista contábil.

Resultado econômico
Resultado econômico é o resultado contábil ajustado pelas receitas e despesas de natureza
subjetiva.

As receitas e despesas de natureza subjetiva são reconhecidas quando da ocorrência do evento


econômico que lhes deu origem.

Resultado financeiro
O resultado financeiro deriva do confronto, em um dado período, dos ingressos potenciais ou
efetivos de caixa contra as saídas potenciais ou efetivas de caixa, associados ao custo do dinheiro
no tempo.

O resultado financeiro está associado aos fluxos monetários de uma entidade e a seus respectivos
prazos.

1.3 Ajustes recomendados


A análise de uma empresa deve considerar tanto a demonstração de resultado, que evidencia o lucro ou
prejuízo, quanto a demonstração do fluxo de caixa (DFC).

De posse das demonstrações financeiras e das informações complementares, são recomendados os


seguintes ajustes nessas demonstrações, de modo a padronizá-las para a análise.

As contas do ativo circulante e passivo circulante são classificadas em dois grupos:

ativo circulante passivo circulante

Engloba as contas que representam caixa, Engloba as contas que representam as


financeiro equivalente a caixa e demais aplicações dívidas a curto prazo que não fazem parte
financeiras. das atividades diárias da empresa.

Engloba as aplicações de recursos em Engloba as contas que identificam os


contas relacionadas à atividade de compra, financiadores normais da atividade da
cíclico
transformação e venda, relacionando-se ao empresa, constituindo fontes espontâneas
ciclo operacional da empresa. de recursos.

Além dessas reclassificações, o analista precisa avaliar se está confortável com os julgamentos e as premissas
utilizadas pela administração da entidade para fazer as estimativas relevantes à elaboração das
demonstrações contábeis.

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Por exemplo, a entidade estimou que a vida útil do imobilizado seria de 10 anos, entretanto, o analista
considera que tal vida útil não passe de sete anos. Sendo assim, então, cabe ao analista ajustar as
demonstrações contábeis antes de analisá-las. Nesse caso, o analista deveria fazer os seguintes ajustes:

No balanço patrimonial:
 reduzir o valor do ativo imobilizado de modo a refletir a redução de três anos na estimativa de vida
útil;
 reduzir o valor dos lucros acumulados no patrimônio líquido no mesmo montante da redução do
imobilizado.

Na demonstração do resultado do exercício:


 aumentar o valor da despesa de depreciação de modo a refletir a redução da estimativa de vida útil;
 reduzir o valor do lucro do período no mesmo montante do aumento da despesa.

Uma vez que se tenha obtido as demonstrações contábeis e feito os devidos ajustes e reclassificações,
estamos prontos para iniciar a análise.

Para os fins desta unidade, vamos utilizar as demonstrações contábeis a seguir da empresa hipotética Seis &
Nove Ilimitada Ltda.

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Vejamos o balanço patrimonial da Seis & Nove Ilimitada Ltda.

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Vejamos, agora, a demonstração do resultado do exercício da Seis & Nove Ilimitada Ltda.

1.4 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 2 – ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL


As análises vertical e horizontal permitem ao analista identificar aspectos a serem melhor explorados no aprofundamento da
investigação.

2.1 Utilidade das análises vertical e horizontal


As análises vertical e horizontal têm por utilidade viabilizar uma visão compreensiva do desempenho da
empresa e da composição de seu patrimônio, sem a necessidade de um esforço muito grande com cálculos.

Isso permite ao analista identificar aspectos a serem melhor explorados no aprofundamento da investigação.
Entretanto, a utilização isolada de quaisquer dessas metodologias não permite ao analista tirar conclusões
sobre a situação econômico-financeira da entidade analisada.

Logo, é necessário complementar seu trabalho com a análise por indicadores.

2.2 Análise vertical


A análise vertical é uma metodologia que mostra a participação percentual de cada um dos itens das
demonstrações financeiras em relação ao somatório de seu grupo.

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No balanço, verificamos o percentual que representa cada conta ou grupo de contas em relação ao ativo ou
passivo total. Portanto, na análise vertical do BP, o ativo total corresponde a 100%, isto é, o valor com o qual
cada parcela de ativo, passivo e patrimônio líquido são comparados.
Vejamos a análise vertical da Seis & Nove Ilimitada Ltda.

Balanço Pat rimonial Ano 20X6

At ivo $ AV%
Ativo circulante 1.745.000 34,5%
Ativo não circulante 3.315.000 65,5%
Realizável a longo prazo 65.000 1,3%
Imobilizado 3.250.000 64,2%
______________ ______________
At ivo t ot al 5.060.000 100,0%

Passivo e pat rimônio líquido $ AV%


Passivo circulante 1.600.000 31,6%
Passivo não circulante 580.000 11,5%
Patrimônio líquido 2.880.000 56,9%
______________ ______________
Passivo + patrim ônio líquido 5.060.000 100,0%

Sabemos que, na análise vertical do BP, o ativo total, R$ 5.060.000, representa 100% do patrimônio total.
Logo o:
 ativo circulante representa 34,5% do ativo total;
 ativo não circulante representa 65,5% do ativo total;
 ativo realizável a longo prazo representa 1,3% do ativo total;
 ativo imobilizado representa 64,2% do ativo total;
 passivo circulante representa 31,6% do ativo total;
 passivo não circulante representa 11,5% do ativo total;
 patrimônio líquido representa 56,9% do ativo total.

Portanto, a empresa é mais financiada por recursos próprios (patrimônio líquido) que por recursos de
terceiros (passivo).

A análise vertical é de grande importância – principalmente, quando aplicada à DRE –, pois possibilita
detectar a composição percentual das receitas e despesas, evidenciando aquelas que mais influenciaram na
formação do lucro ou prejuízo.

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Portanto, na análise vertical da DRE, a receita corresponde a 100%, isto é, o valor com o qual cada parcela de
despesa e o lucro são comparados. Observe a análise vertical aplicada à DRE.

Demonst ração do result ado do exercício Ano 20X6


$ AV%
Receit a de venda de bens e prest ação de serviços 2.000.000 100,0%
(-) Custo das mercadorias vendidas e dos serviços prestados - 850.000 - 42,5%
______________ ______________
(=) Lucro brut o 1.150.000 57,5%
(-) Despesas comerciais - 290.000 - 14,5%
(-) Despesas administrativas - 120.000 - 6,0%
______________ ______________
(=) Result ado ant es do result ado financeiro 740.000 37,0%
... ... ...
______________ ______________
(=) Result ado líquido do período 560.000 28,0%

Observando a análise vertical da DRE da Seis & Nove Ilimitada Ltda., sabemos que a receita total, R$
2.000.000, representa 100%. Logo:
 o custo das mercadorias vendidas representa 42,5% da receita;
 o lucro bruto representa 57,5% da receita;
 as despesas comerciais e administrativas representam juntas 20,5% da receita;
 o resultado antes do resultado financeiro (isto é, resultado operacional) representa 37% da receita;
 o resultado líquido do período (isto é, lucro líquido) representa 28% da receita.

Portanto, essa empresa apresentou uma lucratividade de 28% no ano 20X6.

2.3 Análise horizontal


A análise horizontal é uma metodologia que mostra a evolução dos saldos das contas de determinada
demonstração ao longo do tempo. Para tanto, é necessário obter as demonstrações contábeis de mais de um
período.

É na análise horizontal que podemos observar o comportamento dos diversos itens do patrimônio; ou seja, é
mediante a análise horizontal que podemos observar, principalmente, os índices necessários à análise de
tendência.

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Vejamos a análise horizontal da Seis & Nove Ilimitada Ltda.

Sabemos que, na análise horizontal, os valores no ano mais remoto (ex.: ano 20X5) representam a base de
comparação para os valores do ano mais recente (ex.: 20X6). Logo o:
 ativo total teve um aumento de 58,1%;
 ativo circulante aumentou 33,2% de 20X5 para 20X6;
 ativo não circulante aumentou 75,4% de 20X5 para 20X6;
 passivo circulante aumentou 28% em 20X6, em relação a 20X5;
 passivo não circulante aumentou 50,6% de 20X5 para 20X6;
 patrimônio líquido aumentou 84% em 20X6, comparativamente ao ano 20X5.

Uma limitação da análise horizontal é a inflação, isto é, a perda de poder aquisitivo da moeda entre os anos
analisados (ex.: de 20X5 para 20X6).

Caso a inflação acumulada no ano 20X6 fosse significativa, digamos 10% ao ano, antes de compararmos os
valores de 20X6 com os de 20X5, seria necessário atualizar os valores de 20X5 pela inflação.

A análise horizontal é efetuada com base em dois ou mais exercícios financeiros – todos expressos em
moeda constante e em valores monetários da mesma data – para verificar evolução ou involução real de seus
componentes.

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Vejamos, novamente, a análise horizontal da Seis & Nove Ilimitada Ltda., agora apurada após a atualização
dos saldos do ano 20X5 pela inflação de 20X6 (10% ao ano).

Balanço pat rimonial Ano 20X6 Ano 20X5 Ano 20X5 AH%
At ivo $-X6 $-X5 $-X6 AH% X6-X5
______________ ______________ ______________ ______________
Ativo circulante 1.745.000 1.310.000 1.441.000 21,1%
Ativo não circulante 3.315.000 1.890.000 2.079.000 59,5%
Realizável a longo prazo 65.000 40.000 44.000 47,7%
Imobilizado 3.250.000 1.850.000 2.035.000 59,7%
______________ ______________ ______________ ______________
At ivo t ot al 5.060.000 3.200.000 3.520.000 43,8%

Passivo e pat rimônio líquido $-X6 $-X5 $-X6 AH% X6-X5


Passivo circulante 1.600.000 1.250.000 1.375.000 16,4%
Passivo não circulante 580.000 385.000 423.500 37,0%
Patrimônio líquido 2.880.000 1.565.000 1.721.500 67,3%
______________ ______________ ______________ ______________
Passivo + pat rimônio líquido 5.060.000 3.200.000 3.520.000 43,8%

Taxa de inflação anual 10%

Observando a análise horizontal da Seis & Nove Ilimitada Ltda., apurada após a atualização dos saldos do ano
20X5 pela inflação de 20X6, sabemos que os valores no ano mais remoto ajustados pela inflação representam
a base de comparação para os valores do ano mais recente (ex.: 20X6). Logo o:
 ativo total teve um aumento real de 43,8%;
 ativo circulante teve aumento real de 21,1% de 20X5 para 20X6;
 ativo não circulante aumentou efetivamente 59,5% de 20X5 para 20X6;
 passivo circulante aumentou efetivamente 16,4% em 20X6, em relação a 20X5;
 passivo não circulante teve um aumento real de 37% de 20X5 para 20X6;
 patrimônio líquido teve aumento real de 67,3% em 20X6, comparativamente ao ano 20X5 (ajustado
pela inflação de 10%).

Também é possível fazer a análise horizontal da DRE. Entretanto, buscando maior objetividade, não vamos
apresentar nesta disciplina. Ressaltamos, contudo, que os procedimentos são os mesmos apresentados na
análise horizontal do BP já apresentado.

2.4 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

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UNIDADE 3 – ANÁLISE POR INDICADORES


Os indicadores servem como termômetro para avaliação da saúde financeira da empresa.

3.1 Diferentes propósitos da análise e diferentes indicadores


Para analisar a situação econômico-financeira de uma empresa, com vista à avaliação de sua capacidade em
termos de liquidez, endividamento, lucratividade e rentabilidade, o analista deve:
 valer-se das demonstrações financeiras de, pelo menos, três exercícios sucessivos;
 extrair dessas demonstrações indicadores que lhe forneçam as informações desejadas.

Essa análise define não só o tipo de indicador a ser utilizado mas também a postura do analista.

Diferentes interesses

Ao proprietário da empresa importa, fundamentalmente, detectar problemas e os pontos fortes existentes


para, a partir daí, traçar estratégia no sentido de corrigir as falhas ou aproveitar as oportunidades.

Ao analista externo interessa saber a viabilidade da aplicação de recursos na empresa e seu risco de crédito.
Ou seja, é a ótica do analista que determinará os caminhos a serem trilhados.

Exemplo – Ótica do analista


Em um empréstimo de capital de giro de curto prazo, o gerente do banco está interessado, basicamente, no
retorno seguro dos capitais emprestados. Dessa forma, ele privilegia os aspectos relacionados à liquidez e ao
endividamento.

Contudo, em um empréstimo de longo prazo, o gerente dá também ênfase à capacidade de geração de lucro
e à eficiência operacional da empresa. Ele privilegia os aspectos relacionados à rentabilidade, além do
endividamento.

Notou como, em diferentes situações, pode-se privilegiar liquidez ou rentabilidade?

O principal instrumento utilizado para a análise da situação econômico-financeira das empresas é o índice,
ou seja, o resultado da comparação entre grandezas.

O índice não deve ser considerado de forma isolada, dinâmica e em um contexto mais amplo, em que outros
indicadores e outras variáveis devem ser conjugadamente ponderados.

Por exemplo, um elevado grau de endividamento não significa, necessariamente, que a empresa esteja à
beira da insolvência.

Há empresas que convivem com níveis altos de endividamento sem comprometer sua solvência, já que há
outros fatores que podem atenuar essa condição.

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Os diversos indicadores podem ser classificados entre cinco grupos:

Medem a posição financeira da empresa em termos de capacidade de


índices de liquidez
pagamento.
Avaliam a segurança oferecida pela empresa aos capitais alheios e revelam a
índices de endividamento
política de financiamento.
índices de lucratividade Avaliam o desempenho da empresa em termos de capacidade de gerar lucros.
Avaliam o desempenho global da empresa em termos de capacidade de
índices de rentabilidade
remunerar o capital aplicado.
indicadores de prazos
Revelam a política de compra, estocagem e venda da empresa.
médios

A seguir, conheceremos cada grupo.

3.2 Índices de liquidez


Os índices de liquidez são medidas de avaliação da capacidade financeira da empresa em satisfazer os
compromissos com terceiros.

Os índices de liquidez evidenciam quanto a empresa dispõe de bens e direitos, realizáveis em determinado
período, em relação às obrigações assumidas que vencem no mesmo período.

Os índices de liquidez mais conhecidos são:


 liquidez corrente;
 liquidez seca;
 liquidez geral.

Definimos, de maneira geral, que, quanto maior a liquidez, melhor a situação financeira da empresa.

Cada um desses índices de liquidez fornece informações diferentes sobre a situação da empresa. Vamos
conhecê-los:

Liquidez corrente
A liquidez corrente é um dos índices mais conhecidos e utilizados na análise de balanços.

A liquidez corrente indica quanto a empresa pode dispor em recursos de curto prazo –
disponibilidades, clientes, estoques – para pagar seus passivos circulantes – fornecedores,
empréstimos e financiamentos de curto prazo, contas a pagar.

A fórmula da liquidez corrente é:

AC
PC

AC – ativo circulante;
PC – passivo circulante.

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Liquidez seca
A liquidez seca é uma medida mais rigorosa para avaliação da liquidez da empresa.

A liquidez seca indica o quanto a empresa pode dispor de recursos circulantes – sem vender seus
estoques e sem alocar as despesas antecipadas – para fazer frente a suas obrigações de curto
prazo.

A fórmula da liquidez seca é:

AC – estoque – despesas antecipadas


PC

 AC – ativo circulante;
 PC – passivo circulante.

Se a liquidez seca for igual ou maior que 1, podemos dizer que a empresa não depende da venda
de estoques para saldar seus compromissos de curto prazo. Por outro lado, quanto mais abaixo da
unidade, maior é a dependência de vendas para honrar suas dívidas.

Liquidez geral
A liquidez geral é uma medida da capacidade de pagamento de todo o passivo da empresa.

A liquidez geral indica o quanto a empresa pode dispor de recursos circulantes e de longo prazo
para honrar todos os seus passivos (circulante e não circulante).

A fórmula da liquidez geral é:

AC + RLP
PC + PÑC

 AC – ativo circulante;
 RLP – ativo realizável a longo prazo;
 PC – passivo circulante;
 PÑC – passivo não circulante.

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Vejamos o balanço patrimonial da Seis & Nove Ilimitada Ltda.

Balanço Patrimonial

At ivo Ano 20X6


______________
At ivo circulant e 1.745.000
______________
Disponibilidades 245.000
Aplicações financeiras 130.000
Duplicatas a receber 594.000
Estoques 720.000
Despesas pagas antecipadamente 56.000
At ivo não circulant e 3.315.000
Realizável a longo prazo 65.000
Imobilizado 3.250.000
______________
At ivo t ot al 5.060.000

Passivo e pat rimônio líquido Ano 20X6


Passivo circulante 1.600.000
Passivo não circulante 580.000
Patrimônio líquido 2.880.000
Passivo + patrimônio líquido 5.060.000

A partir do balanço patrimonial da Seis & Nove Ilimitada Ltda., podemos apurar os indicadores de liquidez da
seguinte maneira:

Indicador Fórmula Cálculo Resultado

Liquidez
AC / PC = 1745000 / 1600000 1,09
corrente
(AC - estoques - despesas pagas = (1745000 – 720000 – 56000) /
Liquidez seca 0,61
antec.) / PC 1600000
= (1745000 + 65000) / (1600000 +
Liquidez geral (AC + RLP) / (PC + PÑC) 0,83
580000)

Pelos números apurados, podemos constatar que:


 para cada R$ 1 de dívidas vencendo no curto prazo, a Seis & Nove Ilimitada Ltda. dispõe de ativos
circulantes no montante de R$ 1,09 sendo assim, consegue pagar todo o seu passivo circulante
utilizando somente os ativos circulantes;
 entretanto, caso a Seis & Nove Ilimitada Ltda. tenha dificuldade de vender seus estoques e realizar as
despesas antecipadas, terá dificuldade para pagar suas dívidas que vencem no curto prazo. Afinal, a
Seis & Nove Ilimitada Ltda. dispõe de somente R$ 0,61 entre disponibilidades, aplicações financeiras
e duplicatas a receber para honrar cada R$ 1 de dívidas vencendo no curto prazo;
 no longo prazo, a situação da Seis & Nove Ilimitada Ltda. também não é muito confortável, pois
dispõe de somente R$ 0,83 entre ativos circulantes e ativos realizáveis a longo prazo para honrar
cada R$ 1 de dívidas vencendo no curto e longo prazos.

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3.3 Índices de endividamento


Os índices de endividamento avaliam a segurança que a empresa oferece aos capitais alheios e revelam sua
política de obtenção de recursos.

O ativo de uma empresa é financiado pelos capitais próprios (PL) e por capitais de terceiros (passivo).

Quanto maior for a participação de capitais de terceiros nos negócios de uma empresa, maior será o risco a
que eles (terceiros) estão expostos.

Vamos conhecer os índices de endividamento que, normalmente, são utilizados. Todos esses índices são
interpretados como quanto maior, pior.

Endividamento geral – EG
O endividamento geral revela o grau de endividamento total da empresa e expressa a proporção
de recursos de terceiros financiando o ativo e, complementarmente, a fração do ativo que está
sendo financiada pelos recursos próprios.

A fórmula do endividamento geral é:

PC + PÑC
X 100
ATIVO

 PC – passivo circulante;
 PÑC – passivo não circulante.

O endividamento geral pode apresentar diversas situações:

Se o passivo for menor que o patrimônio líquido, o endividamento geral é menor que 50%,
indicando que há predominância de capitais próprios investidos na empresa.

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Se o passivo e o patrimônio líquido tiverem o mesmo montante, o endividamento geral (EG) é


igual a 50%, indicando que a entidade é igualmente financiada por capitais próprios e de terceiros.

Se o passivo for maior que o patrimônio líquido, o endividamento geral é maior que 50%,
indicando que há predominância de capitais de terceiros financiando a empresa.

De todas, a pior situação é quando a empresa tem mais passivos que ativos, ou seja, tem passivo a
descoberto. Nesse caso, o endividamento geral é maior que 100%. Isso indica que a empresa está
insolvente.

Composição das exigibilidades – CE


A composição das exigibilidades é uma medida da qualidade do passivo da empresa em termos de
prazos.

A composição das exigibilidades compara o montante de dívidas no curto prazo ao


endividamento total.

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A fórmula da composição das exigibilidades é:

PC
X 100
PC + PÑC

 PC – passivo circulante;
 PÑC – passivo não circulante.

Ou seja, quanto mais curto for o vencimento das parcelas exigíveis, maior será o risco oferecido
pela empresa.

De outra forma, empresas com endividamento concentrado no longo prazo – principalmente, decorrente de
investimentos efetuados – oferecem uma situação mais tranquila no curto prazo.

Endividamento oneroso ou passivo sobre ativo total – EO


O endividamento oneroso sobre ativo mostra a participação das fontes onerosas de capital no
financiamento dos ativos totais da empresa, revelando sua dependência a instituições financeiras.

A fórmula do endividamento oneroso é:

PCO + PÑCO
EO =
ativo

 PCO – passivo circulante oneroso;


 PÑCO – passivo não circulante oneroso.

Uma questão de julgamento profissional a ser exercido pelo analista diz respeito à classificação
dos passivos em onerosos e não onerosos. Por definição, o passivo oneroso é aquele sobre o qual a
entidade paga juros, por exemplo, empréstimos e financiamentos.

Quanto maior for esse índice, maiores serão as despesas financeiras incorridas, influenciando o
resultado do exercício.

Composição do passivo oneroso – CPO


Apresenta a qualidade do passivo oneroso em termos de prazo de vencimento da dívida.

Sua mecânica é semelhante à da composição do endividamento – CE. Entretanto, foca,


exclusivamente, no passivo oneroso.

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Sua fórmula é:

PCO
CPO = x 100
PCO + PÑCO

 PCO = passivo circulante oneroso;


 PÑCO – passivo não circulante oneroso.

Quanto maior o quociente, maior a parcela do passivo oneroso – exigível dentro de um ano.
Portanto, maior o risco a que a empresa expõe seus financiadores consequentemente, pior a
situação financeira da empresa – o que pode ensejar a cobrança de juros mais caros.

Por outro lado, quanto menor o quociente, maior a parcela do passivo oneroso exigível a longo
prazo.

Isso demonstra que a empresa consegue convencer as instituições financeiras de que seu projeto é
viável e interessante no longo prazo, o que propicia a cobrança de juros mais baratos. Afinal,
menor é o risco incorrido pelo financiador.

Vejamos o balanço patrimonial da Seis & Nove Ilimitada Ltda.

At ivo Ano 20X6


At ivo circulant e 1.745.000
At ivo não circulant e 3.315.000
______________
At ivo t ot al 5.060.000

Passivo e pat rimônio líquido Ano 20X6


Passivo circulant e 1.600.000
______________
Fornecedores a pagar 800.000
Contas a pagar 200.000
Impostos a recolher 500.000
Empréstimos e financiamentos 100.000
Passivo não circulant e 580.000
______________
Empréstimos e financiamentos 500.000
Provisões e passivos contingentes 80.000
Pat rimônio líquido 2.880.000
______________
Passivo + pat rimônio líquido 5.060.000

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A partir do balanço patrimonial da Seis & Nove Ilimitada Ltda., podemos apurar os indicadores de
endividamento da seguinte maneira:

Indicador Fórmula Cálculo Resultado


= (1600000 + 580000) / 5060000 *
Endividamento geral (PC + PÑC) / Ativo * 100 43,1%
100
= 1600000 / (1600000 + 580000) *
Composição do endividamento PC / (PC + PÑC) * 100 73,4%
100
(PCO + PÑCO) / Ativo * = (100000 + 500000) / 5060000 *
Endividamento oneroso 11,9%
100 100
Composição do endividamento PCO / (PCO + PÑCO) * = 100000 / ( 100000 + 500000) *
16,7%
oneroso 100 100

Pelos números apurados, podemos constatar que:


 43% do ativo total da Seis & Nove Ilimitada Ltda. são financiados por capital de terceiros;
 73% de suas dívidas vencem no curto prazo;
 somente 12% do ativo total da Seis & Nove Ilimitada Ltda. são financiados por dívidas onerosas;
 17% de suas dívidas onerosas vencem no curto prazo, o que é uma situação bastante confortável.

Comentário – Maior ou menor dependência de aporte de recursos de terceiros


A correta administração dos recursos de uma empresa pressupõe um adequado casamento dos prazos das
aplicações dos recursos com os prazos de vencimento das fontes.

Tal fato deve merecer comentários do analista para melhor subsidiar a decisão de crédito. Um fato
importante é que o ativo deve gerar retorno suficiente em um prazo adequado para pagamento do passivo e
de seus encargos.

3.4 Índices de rentabilidade


Os índices de rentabilidade têm por objetivo avaliar o desempenho final da empresa.

A rentabilidade é o reflexo das políticas e das decisões adotadas pelos administradores, expressando,
objetivamente, o nível de eficiência e o grau do êxito econômico-financeiro atingido.

Todos os índices de rentabilidade devem ser considerados. Ou seja, quanto maior, melhor.

Vamos conhecer os principais índices de rentabilidade:

Rentabilidade do patrimônio líquido (RPL)


A rentabilidade do patrimônio líquido mede a remuneração dos capitais próprios investidos na
empresa, ou seja, quanto a empresa oferece de riqueza aos sócios no período.

Do ponto de vista de quem investe em uma empresa, esse deve ser o índice mais importante.

A RPL permite – além de avaliar a remuneração do capital próprio – analisar se esse rendimento é
compatível com as opções de aplicação.

FGV ONLINE l 75
Gestão Contábil Financeira

A fórmula da rentabilidade do patrimônio líquido é:

LL
RPL = x 100
PLm

Em que:
 LL = lucro líquido;
 PLm = patrimônio líquido médio.

Comentário – Patrimônio líquido médio

PL0 + PL1
PLm =
2

Em que:
 PL0 = patrimônio líquido no início do período;
 PL1 = patrimônio líquido no final do período.

Por exemplo, ao avaliar a RPL, um investidor pode optar por uma aplicação no mercado financeiro em vez de
aplicar em uma empresa que está oferecendo baixa rentabilidade.

Rentabilidade do ativo (RA)


A rentabilidade do ativo indica em que taxa a empresa remunera os investimentos totais nela
aplicados.

Sempre que houver dados de duas demonstrações consecutivas, devemos utilizar o ativo total
médio para comparar com o lucro líquido.

A fórmula da rentabilidade dos investimentos é:

lucro líquido + despesas financeiras (1 - @IR)


x 100
ativo médio

@IR – alíquota do imposto de renda.

A fórmula do ativo médio é:

ativo0 + ativo1
ativo médio =
2

76 l FGV ONLINE
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Vejamos, novamente, o balanço patrimonial da Seis & Nove Ilimitada Ltda.

Balanço pat rimonial Ano 20X6 Ano 20X5 Ano 20X5


Ativo $-X6 $-X5 $-X6
______________ ______________ ______________
Ativo circulante 1.745.000 1.310.000 1.441.000
Ativo não circulante 3.315.000 1.890.000 2.079.000
______________ ______________ ______________
Ativo t ot al 5.060.000 3.200.000 3.520.000

Passivo e pat rimônio líquido $-X6 $-X5 $-X6


______________ ______________ ______________
Passivo circulante 1.600.000 1.250.000 1.375.000
Passivo não circulante 580.000 385.000 423.500
Patrimônio líquido 2.880.000 1.565.000 1.721.500
______________ ______________ ______________
Passivo + pat rimônio líquido 5.060.000 3.200.00 3.520.000

Taxa de Inflação anual 10%

Sabendo que precisaremos calcular o patrimônio líquido médio (para apurar a rentabilidade do patrimônio
líquido) e o ativo total médio (para apurar a rentabilidade do ativo), é aconselhável atualizar os dados dos
anos mais remotos pela taxa inflação acumulada no período, caso a inflação seja considerada significativa.

Admitindo que a inflação que afetou a Seis & Nove Ilimitada Ltda. em 20X6 atingiu a taxa acumulada de 10%
ao ano e considerando essa taxa de inflação significativa, atualizamos os valores de 20X5 por essa taxa de
inflação. Então, a partir do balanço patrimonial da Seis & Nove Ilimitada Ltda., temos:

Demonst ração do result ado do exercício Ano 20X6


Receit a de venda de bens e prest ação de serviços 2.000.000
(-) Custo das mercadorias vendidas e dos serviços prestados - 850.000
______________
(=) Lucro brut o 1.150.000
(-) Despesas comerciais - 290.000
(-) Despesas administrativas - 120.000
______________
(=) Result ado ant es do result ado financeiro 740.000
(+) Receitas fi nanceiras 20.000
(-) Despesas financeiras - 60.000
______________
(=) Result ado ant es do impost o de renda e cont ribuição social 700.000
(-) Imposto de renda (alíquota = 20%) - 140.000
______________
(=) Result ado líquido do período 560.000

Como trabalhamos com os valores de 20X5 já atualizados pela inflação acumulada em 20X6 (10% ao ano),
podemos calcular as variáveis relevantes à apuração dos indicadores de rentabilidade conforme quadro a
seguir.

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Variáveis relevantes calculadas Fórmula Cálculo Resultado


Patrimônio líquido médio (PL inicial + PL final) / 2 = (1721500 + 2880000) / 2 2.300.750
Ativo total médio (Ativo inicial + Ativo final) / 2 = (3520000 + 5060000) / 2 4.290.000

Então, podemos apurar os indicadores de rentabilidade conforme quadro a seguir.

Indicador Fórmula Cálculo Resultado


Rentabilidade do
LL / PL médio * 100 = 560000/2300750 * 100 24,3%
patrimônio líquido
(LL + Desp. financ * (1 - @IR)) / = (560000 + 60000 * (1- 0,2)) /
Rentabilidade do ativo 14,2%
Ativo médio * 100 4290000 * 100

Pelos números apurados, podemos constatar que Seis & Nove Ilimitada Ltda. remunera o:
 capital dos acionistas à taxa de 24,3% ao ano;
 ativo total à taxa de 14,2% ao ano.

3.5 Indicadores de prazos médios


Os indicadores de prazos médios – também conhecidos como índices de atividade – refletem a dinâmica de
algumas verbas do patrimônio, isto é, quantos dias elas levam para girar durante o exercício – rotação.

Não devem ser analisados individualmente, mas sempre em conjunto com outros indicadores.

A análise dos prazos médios constitui importante instrumento para conhecermos a política de compra e
venda adotada pela empresa.

A partir da análise dos prazos médios, podemos constatar a eficiência com que os recursos estão sendo
administrados – duplicatas a receber, estoques e fornecedores.

Vamos conhecer os prazos médios comumente utilizados:

Prazo médio de estocagem – PME


O prazo médio de estoques exprime o número de dias, em média, em que os estoques são
renovados ou vendidos. Ou seja, é o número de dias que decorre entre a compra e a venda,
fazendo com que os estoques fiquem parados na empresa.

O ideal é que os estoques girem o mais rápido possível.

Sempre que há dados de duas demonstrações consecutivas, devemos utilizar a média da conta
estoques para comparar com o custo dos produtos vendidos. Caso a inflação no período seja
considerada significativa, o analista deve atualizar os valores do período mais remoto pela inflação.
A fórmula do prazo médio de estoques é:

estoques médio
x 360
custo dos produtos vendidos

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Prazo médio de recebimento de clientes – PMRC


O prazo médio de recebimento de clientes demonstra o prazo médio de recebimento das vendas
totais da empresa, indicando o tempo decorrido entre a venda de seus produtos e o efetivo
ingresso de recursos.

O ideal é que o recebimento das vendas se dê no menor prazo possível.

Sempre que houver dados de duas demonstrações consecutivas, devemos utilizar a média da
conta clientes para comparar com as receitas de vendas.

A fórmula do prazo médio de recebimentos é:

clientes médio
x 360
receitas de vendas

Ciclo operacional – CO
O ciclo operacional indica o tempo decorrido entre o momento em que a empresa adquire as
matérias-primas e mercadorias e o momento em que recebe o dinheiro relativo às vendas.

A fórmula do ciclo operacional é:

PME + PMRC

Graficamente, o ciclo operacional pode ser assim representado:

Neste caso apresentado, a matéria-prima é comprada em d = 0.

A mercadoria é vendida em d = 253. O pagamento é efetuado pelo cliente em 107 dias após a venda, ou seja,
em d = 360. Portanto, o ciclo operacional é de 360 dias.

Prazo médio de pagamento a fornecedores – PMPF


O prazo médio de pagamento exprime o prazo que a empresa vem obtendo de seus fornecedores
para pagamento das compras de matérias-primas ou mercadorias.

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Logo, o prazo médio de pagamento é o número de dias que decorre, em média, entre a compra e
o respectivo pagamento a fornecedores.

Portanto, quanto maior for o PMPF, melhor será a situação da empresa, pois estará financiando seu
giro com recursos não onerosos.

Sempre que há dados de duas demonstrações consecutivas, devemos utilizar a média da conta
fornecedores para comparar com o montante de compras – compras.

compras = CPV + estoque final – estoque inicial

A fórmula do prazo médio de pagamento é:

fornecedores médio
x 360
montante de compras

Ciclo financeiro – CF
O ciclo financeiro é o tempo decorrido entre o instante do pagamento aos fornecedores pelas
mercadorias adquiridas e o recebimento pelas vendas efetuadas.

O ciclo financeiro é o período em que a empresa necessita ou não de financiamento


complementar para seu ciclo operacional.

A fórmula do ciclo financeiro é:

PME + PMRC – PMPF ou CO – PMPF

Graficamente, o ciclo financeiro pode ser representado assim:

A diferença entre o ciclo operacional (PME + PMRC) e o prazo médio de pagamento (PMPF) é o
ciclo financeiro e corresponde ao período entre o pagamento ao fornecedor e o momento em que
a empresa recebe do cliente o dinheiro das vendas.

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Para esse período, ou seja, o ciclo financeiro, a empresa precisa conseguir financiamento
complementar.

Normalmente, o ciclo financeiro é financiado:


 pelo capital próprio;
 por recursos de terceiros, onerosos.

A boa gestão empresarial revela-se muito pela competência na administração dos prazos médios,
expressos, finalmente, por meio do ciclo financeiro.

Vejamos, novamente, o balanço patrimonial da Seis & Nove Ilimitada Ltda.

Balanço pat rimonial Ano 20X6 Ano 20X5 Ano 20X5


At ivo $-X6 $-X5 $-X6
______________ ______________ ______________
At ivo circulant e 1.745.000 1.310.000 1.441.000
______________ ______________ ______________
Disponibilidades 245.000 150.000 165.000
Aplicações financeiras 130.000 120.000 132.000
Duplicatas a receber 594.000 545.000 599.500
Estoques 720.000 430.000 473.000
Despesas pagas antecipadamente 56.000 65.000 71.500
At ivo Não Circulant e 3.315.000 1.890.000 2.079.000
______________ ______________ ______________
At ivo t ot al 5.060.000 3.200.000 3.520.000

Passivo e pat rimônio líquido $-X6 $-X5 $-X6


______________ ______________ ______________
Passivo circulant e 1.600.000 1.250.000 1.375.000
______________ ______________ ______________
Fornecedores a pagar 800.000 550.000 605.000
Contas a pagar 200.000 250.000 275.000
Impostos a recolher 500.000 350.000 385.000
Empréstimos e financiamentos 100.000 100.000 110.000
Passivo não circulant e 580.000 385.000 423.500
Pat rimônio líquido 2.880.000 1.565.000 1.721.500
______________ ______________ ______________
Passivo + pat rimônio líquido 5.060.000 3.200.000 3.520.000

Taxa de inflação anual 10%

Sabendo que precisaremos calcular o estoque médio (para apurar o PME), clientes médio (para apurar o
PMRC), fornecedores médio e o montante das compras (ambos para apurar o PMPF), é aconselhável atualizar
os dados dos anos mais remotos pela taxa inflação acumulada no período; caso a inflação seja considerada
significativa.

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Admitindo que a inflação que afetou a Seis & Nove Ilimitada Ltda. em 20X6 atingiu a taxa acumulada de 10%
ao ano e considerando essa taxa de inflação significativa, atualizamos os valores de 20X5 por essa taxa de
inflação. Então, a partir do balanço patrimonial da Seis & Nove Ilimitada Ltda., temos:

Demonst ração do result ado do exercício Ano 20X6


Receit a de venda de bens e prest ação de serviços 2.000.000
(-) Custo das mercadorias vendidas e dos serviços prestados - 850.000
(=) Lucro brut o 1.150.000
(-) Despesas comerciais - 290.000
(-) Despesas administrativas - 120.000
(=) Result ado ant es do result ado financeiro 740.000
(+) Receitas fi nanceiras 20.000
(-) Despesas fi nanceiras - 60.000
(=) Result ado ant es do impost o de renda e cont ribuição social 700.000
(-) Imposto de renda - 140.000
(=) Result ado líquido do período 560.000

Como trabalhamos com os valores de 20X5 já atualizados pela inflação acumulada em 20X6 (10% ao ano),
podemos calcular as variáveis relevantes à apuração dos indicadores de prazos médios conforme quadro a
seguir.

Variáveis relevantes
Fórmula Cálculo Resultado
calculadas

Estoques médio (Estoques inicial + Estoques final) / 2 = (473000 + 720000) / 2 596.500

Clientes médio (Clientes inicial + Clientes final) / 2 = (599500 + 594000) / 2 596.750

(Fornecedores inicial + Fornecedores


Fornecedores médio = (605000 + 800000) / 2 702.500
final) / 2
CMV + Estoques final – Estoques = 850000 + 720000 –
Montante das compras 1.097.000
inicial 473000

Então, podemos apurar os indicadores de prazos médios conforme quadro a seguir.

Indicador Fórmula Cálculo Resultado


= 596500 / 850000 *
Prazo médio de estocagem Estoques médio / CMV * 360 252,6
360
Prazo médio de recebimento de Clientes médio / receitas de = 596750 / 2000000
107,4
clientes vendas * 360 * 360
Ciclo operacional PME + PMRC = 252,6 + 107,4 360,1
Prazo médio de pagamento a Fornecedores médio / compras * = 702500 / 1097000
230,5
fornecedores 360 * 360
Ciclo financeiro CO – PMPF = 360,1 – 230,5 129,5

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Pelos números apurados, podemos constatar que:


 o estoque da Seis & Nove Ilimitada Ltda. tem giro muito lento; as mercadorias costumam ficar 253
dias em estoque, em média – isso corresponde a, aproximadamente, 8,5 meses;
 a Seis & Nove Ilimitada Ltda. concede prazo médio de 107 dias para seus clientes lhe pagarem pelas
vendas – isso corresponde a, aproximadamente, 3,5 meses;
 consequentemente, a Seis & Nove Ilimitada Ltda. tem ciclo operacional de, aproximadamente, um
ano – isto é, demora 1 ano entre a compra das mercadorias e o recebimento das vendas;
 talvez para compensar o ciclo operacional tão longo, a Seis & Nove Ilimitada Ltda. busca se financiar
com seus fornecedores pelo prazo médio de 231 dias – isso corresponde a quase oito meses;
 mesmo com tamanho prazo médio para pagamento a fornecedores, o ciclo financeiro da Seis &
Nove Ilimitada Ltda. lhe é desfavorável, isto é, a empresa precisa pagar suas contas aos fornecedores,
em média, 130 dias (aproximadamente, 4 meses) antes de receber dos clientes. Consequentemente,
a Seis & Nove Ilimitada Ltda. precisa obter outras fontes de financiamento para honrar as dívidas
com os fornecedores.

3.6 Síntese
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 4 – CENÁRIO CULTURAL


Para refletir um pouco mais sobre questões relacionadas ao conteúdo
deste módulo, acesse o cenário cultural no ambiente on-line.

UNIDADE 5 – ATIVIDADES

5.1 Exercícios de fixação


Acesse, no ambiente on-line, os exercícios de fixação deste módulo.

5.2 Da teoria à prática


Após analisar o conteúdo do módulo, podemos retomar as questões apresentadas anteriormente.

Questão 1
O consultor, conversando com o socioadministrativo, descobriu que a primeira funcionária contratada pela
empresa ainda fazia parte da equipe com a atividade de acompanhamento das vendas. Ou seja, existia um
histórico de todos os produtos e serviços vendidos desde a formação da empresa.

FGV ONLINE l 83
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Como a receita estava estagnada, resolveram aplicar a análise vertical tendo a receita bruta como base. O
que essa análise indicará?

A análise vertical é calculada sobre o valor total da receita, evidencia as receitas e despesas que
mais influenciam na formação do resultado da empresa. No caso das receitas, indica a participação
de cada produto/serviço sobre a venda. Permite também verificar se a composição das receitas
mudou. Dependendo do custo de cada tipo de produto/serviço, pode impactar o resultado bruto.

Questão 2
A análise horizontal demonstra a variação de cada conta em relação a uma base. O padrão seria o período
anterior (ano/trimestre/mês) ou uma base escolhida. No caso da TRIO, o consultor sugeriu 2011.

Como a análise horizontal pode ajudar no diagnóstico da TRIO? Por que escolher 2011 como base?

O ano de 2011 é uma boa base de comparação, pois foi o melhor ano da história da empresa.

No caso das receitas, pode indicar se uma área específica fatura menos, impactando a receita como
um todo. Ou seja, indica o produto e serviço que precisa ser mais bem investigado.

Em relação às despesas, as que cresceram acima da inflação precisam ser investigadas.

Questão 3
A terceira etapa da análise dos documentos contábeis foi o cálculo dos índices. Existem grupos de índices
que analisam liquidez, endividamento, lucratividade, rentabilidade, prazos médios.

Qual o grupo de índices que o consultor utilizará para identificar a situação da TRIO descrita até o momento?

Os índices que indicam a situação descrita da TRIO são os de lucratividade e rentabilidade. O lucro
se reduziu em função da receita estável e do aumento de custo. Os índices de rentabilidade estão
em queda.

Questão 4
A última atividade do consultor será solicitar à contabilidade novos relatórios para completar a análise da
empresa.

Que relatórios ele deverá pedir para a TRIO? E qual o objetivo disso?

O consultor deverá solicitar relatórios gerenciais contendo uma análise por centro de
lucro/receita/despesa. O objetivo é verificar que produto/serviço tem perdido rentabilidade para
atuar mais fortemente na busca de reverter o quadro.

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FECHAMENTO
Caro aluno,

O processo de aperfeiçoamento profissional implica reflexão, diagnóstico, eliminação de deficiências,


caminhos alternativos, estímulo, autoestima, avaliação...

Para alguns de nós, o aperfeiçoamento pode implicar maior clareza do que é o processo de
construção/reconstrução de conhecimento, refinamento de nosso desempenho, adensamento de
conhecimentos...

Podemos contar, nesse processo de aperfeiçoamento, com alguns instrumentos...

As autoavaliações que podemos fazer de nosso trabalho.

A avaliação de nossos pares.

Essas avaliações nos permitem refletir, a partir da visão do outro, sobre o que fazemos...

Sobre o que fazemos bem...

Sobre o que precisa mudar.

Tendo como foco essas diretrizes e visando ao contínuo aperfeiçoamento dos cursos do FGV Online,
gostaríamos que você nos auxiliasse na avaliação deste trabalho.

Entre na sala de aula para acessar o questionário de avaliação.

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