Você está na página 1de 52

Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

Parceria Público-Privada e Consórcios Públicos

Oi Pessoal,

O encontro de hoje [PPP e Consórcios Públicos] é bem curtinho.


Decidi destacar da parte de Serviços Públicos em geral para que a
aula de Serviços não ficasse tão grande, bem como garantir mais
especificidade no tratamento do assunto.

Abraço forte a todos,

Cyonil Borges.

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

Sumário
1. Parceira Público-privada – Lei 11.079/2004 ............................. 3
1.1. Considerações Iniciais ............................................................................................. 3

1.2. Modalidades de PPP .................................................................................................. 6

1.3. Restrições Quanto à Formalização das PPPs .................................................. 7

1.4. Tipos de Contraprestação ...................................................................................... 7

1.5. Tipos de Garantia .................................................................................................... 10

1.6. Sociedade de Propósito Específico (SPE) ....................................................... 12

1.7. Licitação na PPP ....................................................................................................... 14

2. Consórcios Públicos................................................................................. 18
2.1. Introdução.................................................................................................................. 18

2.2. Responsabilidade dos Entes Consorciados .................................................... 22

2.3. Constituição dos Consórcios ............................................................................... 23

2.4. Contribuição dos Entes Consorciados.............................................................. 24

2.5. Fiscalização pelos Tribunais de Contas ........................................................... 24

2.6. Prerrogativas e Sujeições Legais ...................................................................... 25

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


1. Parceira Público-privada – Lei 11.079/2004

1.1. Considerações Iniciais

Se Adam Smith (o “pai” da teoria da “mão invisível”) e Stuart Mill


estivessem vivos diriam: “que heresia o mecanismo de intervenção
do Estado!”.

Tais autores, a sua maneira, defendiam a passividade do Estado,


uma postura mais observadora à atuante e reguladora da
economia. Mais “laissez faire, laissez passer” a Estado Interventor
(o “tal” dirigismo estatal), e, mais recentemente, Estado
Regulador.

À época, o modelo político adotado seguia, estritamente, a ordem


econômica vigente no mercado, enquanto, nos dias atuais, no
Brasil, o regime é mais direcionado ao controle dos
mecanismos do mercado.

No Estado liberal, “brotavam” os direitos de 1ª geração (civis e


políticos), verdadeiras conquistas das Revoluções, sobretudo a
Francesa. Assim, os Estados modernos inauguravam as Constituições
escritas do tipo garantia ou negativa, tudo em nome da propagada
“liberdade”.

Acontece que esse tal “liberalismo econômico” (“Estado-cego”),


regido que era pelo sistema vigente no mercado, portanto sem a
interferência direta do Estado, alargou ainda mais as disparidades
entre “os poucos” e “os muitos”. Essa assimetria de bens, de lazer,
de educação, de cultura, de tudo, cedeu espaço a um novo modelo
de intervenção: o dirigismo econômico.

O descontentamento das classes sociais foi o “estopim” para o


desmoronamento do liberalismo econômico e inauguração do
dirigismo econômico, e, assim, o Estado “pula” da passividade para
uma postura mais atuante, muda do liberal para o Estado-
interventor e, mais recentemente, de Estado-interventor
(dirigista, do Bem estar Social) a Estado Regulador.

Com efeito, ao lado da função estabilizadora, o Estado, agora, é


responsável pelas funções alocativas e distributivas, e,
portanto, “equalizador” do abismo existente entre as classes sociais,
afinal o “Estado-cego” imposto unicamente pelos mecanismos de
mercado não compadece com as eloquentes diferenças sociais
existentes.

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

O pêndulo do papel do Estado sofre inclinação. De constituição


negativa passa-se à constituição positiva. Aos direitos de 1ª
dimensão são agregados direitos de 2ª dimensão ou geração,
os tais direitos sociais, culturais e econômicos. Do Estado
liberal passou-se a tentativa de consolidação de Estado
Providência ou do Bem-estar Social (“Welfare State”), de
natureza interventora, sendo, hoje, mais Regulador a prestador
direto dos serviços.

É nessa tônica de Estado Regulador que surge a ideia de que o


Poder Público, embora titular dos serviços públicos, não precisa
prestá-los diretamente, permitindo-se a execução [indireta] por
particulares. Sobre o tema, a CF, de 1988, no art. 175, dispõe
expressamente que os serviços públicos podem ser realizados por
concessionárias e permissionárias, remetendo-se a disciplina da
matéria à legislação infraconstitucional.

No campo infraconstitucional, temos que as concessões de


serviços públicos podem ser comuns e especiais. As comuns estão
disciplinadas pela Lei 8.987, de 1995, nas espécies: “serviços
públicos” e “serviços públicos precedida de obra pública”. Por sua
vez, concessões especiais foram delineadas pela Lei 11.070, de
2004, conhecida, vulgarmente, como Parceria Público-Privada (PPP).

Sejam comuns ou especiais, as concessões são formalizadas por


contratos administrativos. E, nos termos do inc. XXVII do art. 22 da
CF, de 1988, compete privativamente à União legislar privativamente
sobre normas gerais em matéria de licitações e contratos para
toda a Administração Pública (União, Estados, DF e Municípios).

Então, o que você já sabe sobre a PPP?


São modalidade especial de concessão de serviços públicos, em que
o Estado delega aos particulares [descentralização por colaboração] a
execução indireta de tais serviços. E, enquanto concessões, são
formalizadas por meio de contratos administrativos. E, por serem
formalizadas por contratos administrativos, compete à União legislar
sobre normas gerais, do que se conclui que a Lei da PPP é norma
geral.

As normas gerais, em matéria de contratação e licitações, são


editadas pela União, segundo dispõe o inc. XXVII do art. 22 da
CF/1988. E referidas normas são válidas para todos os entes
políticos, formando um tipo de paradigma, um esqueleto básico, a
ser cumprido.

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

Nesse quadro, a ementa da Lei das PPPs (Lei 11.079/2004)


estabelece: “Institui normas gerais para licitação e contratação
de parceria público-privada no âmbito da administração pública”,
o que vem a ser confirmado pelo art. 1º da Lei:

Art. 1o Esta Lei institui normas gerais para licitação e


contratação de parceria público-privada no âmbito dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.

Parágrafo único. Esta Lei se aplica aos órgãos da Administração


Pública direta, aos fundos especiais, às autarquias, às
fundações públicas, às empresas públicas, às sociedades de
economia mista e às demais entidades controladas direta ou
indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios.

Pronto. Não há dúvida de que a Lei da PPP é norma geral.


Porém, pede-se para que não se efetue uma leitura apressada da
norma, pois, se assim se proceder, o leitor será levado a considerar
toda a Lei da PPP como sendo norma geral, mas não é.

A Lei das PPP não é, toda ela, norma geral, pois existem dispositivos
aplicados apenas à União. É o que podemos considerar como norma
híbrida, pois é parte federal-nacional e parte federal-federal, como
se pode perceber no capítulo VI da aludida norma (“disposições
aplicáveis à União”), como, por exemplo:

Art. 22. A União somente poderá contratar parceria público-


privada quando a soma das despesas de caráter continuado
derivadas do conjunto das parcerias já contratadas não tiver
excedido, no ano anterior, a 1% (um por cento) da receita
corrente líquida do exercício, e as despesas anuais dos
contratos vigentes, nos 10 (dez) anos subsequentes, não
excedam a 1% (um por cento) da receita corrente líquida
projetada para os respectivos exercícios.

QF-1 - 2007/Cespe – TCM-GO - De acordo com a lei mencionada


no texto, o poder público não pode contratar parceria público-privada
quando a soma das despesas de caráter continuado derivadas do
conjunto das parcerias já contratadas tiver excedido, no ano anterior,
em 1% a receita corrente líquida do exercício. (Certo/Errado)
Comentários:

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


Opa! A norma é híbrida. Parte da Lei é geral. Parte da lei restrita à União.
Esse dispositivo é aplicável à União, daí a incorreção do quesito ao afirmar
“o poder público”. Pura maldade!

Gabarito: ERRADO.

No art. 15 da Lei 11.079/2004 há, ainda, a determinação de que os


Ministérios e as Agências Reguladoras submetam o edital de
licitação de uma PPP ao órgão gestor. Detêm, ainda, a atribuição de
encaminhar, com periodicidade semestral, relatórios circunstanciados
acerca da execução dos contratos de PPP. Portanto, mais uma norma
válida restritivamente para a União.

Por fim, no art. 25 da Lei das PPP, há o estabelecimento de


competência da Secretaria do Tesouro Nacional para a edição de
normas gerais relativas à consolidação das contas públicas aplicáveis
aos contratos de parceria público-privada.

1.2. Modalidades de PPP

Conforme os §§1º e 2º do art. 2º da Lei 11.079/2004, destacam-se


duas modalidades de PPP: a patrocinada e a administrativa.

A patrocinada não oferece maiores problemas, afinal o próprio


nome já denuncia seu significado: é a concessão de serviços públicos
ou de obras públicas simples (regida pela Lei 8.987/1995), com
cobrança de tarifas, e ADIÇÃO da contraprestação pecuniária do
parceiro público ao parceiro privado (TARIFA +
CONTRAPRESTAÇÃO PECUNIÁRIA).

Em síntese: se não houver contraprestação do Poder


Concedente, teremos uma concessão COMUM (leia-se: regida
pela Lei 8.987/1995).

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

Já a PPP, da espécie concessão administrativa, refere-se a


contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública
seja a usuária direta ou indireta e que, ainda, envolva execução
de obra ou fornecimento e instalação de bens.

Usuária direta? Indireta? Professor, o que isso


representa?
Imaginem: Serviços prestados em um presídio. Nesse caso, a
população é usuária direta? Não, o Estado usa do serviço
diretamente, sendo usufruído apenas indiretamente pelos cidadãos.

Agora, analisemos outra situação. Serviços prestados em Hospital à


população. Nesse exemplo, a população recebe-os diretamente,
sendo indiretamente prestados ao Estado.

Em conclusão, se os serviços são internos à Administração, o Estado


é usuário direto; agora, se de efeitos externos, o Estado é usuário
indireto do serviço prestado.

1.3. Restrições Quanto à Formalização das PPPs

Abaixo, algumas vedações estabelecidas pela Lei para a


formalização de PPP:

a) Quanto ao valor: a PPP não pode ser inferior a R$


20.000.000,00;

b) Quanto ao tempo: a PPP deve ter periodicidade mínima de


cinco anos e máxima de 35 anos;

c) Quanto à área de atuação: a PPP não pode ser utilizada


para delegação das atividades de Poder de Polícia,
Regulação, e Jurisdicional, pois são serviços indelegáveis do
Estado (atividades que lhe são próprias); e

d) Quanto à matéria: não é cabível para o objeto único de


fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e instalação
de equipamentos ou a execução de obra pública. Se isso
fosse possível, teríamos uma empreitada e não uma
concessão!

1.4. Tipos de Contraprestação

Um dos traços distintivos entre a concessão comum (Lei


8.987/1995) e a especial (regida pela Lei 11.079/2004) está no fato

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

de na PPP, além da tarifa e, se for o caso, receitas alternativas, o


parceiro privado fazer jus ao percebimento de contraprestação
pecuniária desembolsada dos cofres públicos [no caso das PPP
patrocinadas].

Nesse contexto, a Lei 11.079/2004 apresenta as formas de


contraprestação a serem utilizadas pela Administração Pública,
para o pagamento ao parceiro privado. Vejamos:

Art. 6o A contraprestação da Administração Pública nos


contratos de parceria público-privada poderá ser feita por:

I – ordem bancária;

II – cessão de créditos não tributários;

III – outorga de direitos em face da Administração Pública;

IV – outorga de direitos sobre bens públicos dominicais;

V – outros meios admitidos em lei. (grifos nossos)

Ressalte-se que a Lei 11.074/2004 é clara ao estabelecer que o


pagamento não pode ser antecipado, ou seja, para haver a
contraprestação, os serviços objeto do contrato devem ter sido
disponibilizados, no que diga respeito a uma PPP.

Agora, muita atenção: o parágrafo único do art. 7º da Lei


11.079/2004 faculta à Administração (se houver previsão
contratual) efetuar o pagamento relativo à parcela já fruível
(disponível) do serviço.

Por exemplo: o Governo de São Paulo decide construir uma


nova linha de Metrô, ligando Vila Sônia a Fradique Coutinho e,
por fim, de Fradique Coutinho a Estação da Luz. Terminada a
primeira parte da obra (Vila Sônia a Fradique Coutinho), pode a
Administração entregar parcela da contraprestação ao parceiro
privado, desde que os serviços já estejam em operação no
trecho já construído.

Relativamente ao pagamento, o Poder Concedente poderá reter os


pagamentos do parceiro privado, no valor necessário para reparar
eventuais irregularidades detectadas dos bens reversíveis. Como
vimos na aula de serviços públicos, tais bens são aqueles que
retornam ao patrimônio público quando da extinção do contrato de

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

concessão, em observância ao princípio da continuidade do


serviço público.

Previu-se, ainda, a possibilidade de pagamento ao parceiro privado


de remuneração variável vinculada ao seu desempenho, conforme
metas e padrões de qualidade e disponibilidade definidos no contrato.

Agora, uma alteração muito interessante foi feita pela Lei


12.766/2012, e cheira a concurso público (“melhor que picanha”).
Nos termos da Lei, o contrato poderá prever o aporte de recursos em
favor do parceiro privado para a realização de obras e aquisição de
bens reversíveis, desde que autorizado no edital de licitação, se
contratos novos, ou em lei específica, se contratos celebrados
até 8 de agosto de 2012.

Perceba que, se o Estado já contratou a PPP (e não simplesmente


licitou, ok?) antes de 8 de agosto de 2012, haverá a necessidade de
lei específica para se permitir o aporte dos recursos públicos. E,
obviamente, quando da extinção do contrato, o parceiro privado não
receberá indenização pelos investimentos advindos com aportes de
recursos públicos.

Um último detalhe. Para a correta caracterização do contrato como


concessão patrocinada ou administrativa, faz-se necessária a
contraprestação pecuniária do parceiro público ao privado,
integral ou parcial.

O primeiro caso [pagamento integral] é relativamente simples.


Quem paga pelos serviços de um Presídio? Os usuários? Claro que
não! Caso seja feita uma PPP para administrar o estabelecimento
prisional, o Estado ficará encarregado pelo pagamento integral da
contraprestação pecuniária ao parceiro privado, por se tratar
de uma concessão administrativa.

Já quanto à PPP na modalidade patrocinada, há que se ter muita


(ou toda) cautela. O §3º do art. 10 da Lei de PPPs dispõe que, em
regra, a contraprestação do parceiro público para o privado não
excederá 70% da remuneração devida. Porém, SE HOUVER
AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA ESPECÍFICA, não há óbice para que
esse limite, que é uma regra geral, seja superado.

QF-2 - 2010/CESPE – EMBASA – ADVOGADO - Nos contratos de


parceria público-privada, é vedado ao parceiro público reter os
pagamentos ao parceiro privado, mesmo que o primeiro apure,

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

mediante vistoria, irregularidades nos bens reversíveis.


(Certo/Errado)

Comentários:

Dentre outros direitos do Poder Público concedente, estabelece a Lei


11.079/2004 (art. 5º) que os contratos de PPP devem prever:

X – a realização de vistoria dos bens reversíveis, podendo o parceiro público


reter os pagamentos ao parceiro privado, no valor necessário para reparar
as irregularidades eventualmente detectadas.

É o contrário do que diz o item, o qual está errado, portanto.

Gabarito: ERRADO.

1.5. Tipos de Garantia

Como a própria nomenclatura do instrumento transparece, nas PPP,


então, além do dinheiro público, deve haver a entrada de recursos
privados, para o financiamento do projeto. A contraprestação pública
é garantida pelo Poder Concedente, nas espécies já vistas. No
entanto, para conseguir atrair investidores para o financiamento dos
empreendimentos nas PPP, a Lei enumera algumas garantias
prestadas pelo Poder Público, no caso de haver frustração da
contraprestação, entre as quais constam (art. 8º da Lei):

I – vinculação de receitas, observado o disposto no inciso IV


do art. 167 da Constituição Federal;

II – instituição ou utilização de fundos especiais previstos


em lei;

III – contratação de seguro-garantia com as companhias


seguradoras que não sejam controladas pelo Poder
Público;

IV – garantia prestada por organismos internacionais ou


instituições financeiras que não sejam controladas pelo
Poder Público;

V – garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa


estatal criada para essa finalidade;

VI – outros mecanismos admitidos em lei.

Perceba que os incisos III e IV deixam claro que o Poder Público


não deve exercer o controle nas entidades responsáveis pela
garantia. Isso nos parece bem lógico, pois a sistemática da PPP
pressupõe a participação de capital público com o privado no

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

empreendimento a ser parceirizado. Caso a entidade garantidora


fosse também controlada pelo Poder Público, teríamos capital
público-público na composição do empreendimento, o que
desvirtuaria a ideia de parceria PÚBLICO-PRIVADA. Logo, não é
possível, por exemplo, um seguro-garantia com a Caixa Econômica
Federal, empresa pública controlada pela União.

QF-3 - 2008/Cespe – DFTRANS – Cargo 7 - No financiamento de


um projeto de transporte urbano da CBTU por meio de uma parceria
público-privada nos moldes previstos pela Lei n.º 11.079/2004, um
seguro-garantia concedido pela Caixa Econômica Federal pode
garantir as obrigações pecuniárias da União. (Certo/Errado)

Comentários:

A lista exemplificativa do art. 8º da Lei da PPP enumera as formas de


contraprestação pública, entre as quais:

I – vinculação de receitas, observado o disposto no inciso IV do art. 167 da


Constituição Federal;

III – contratação de seguro-garantia com as companhias seguradoras que


não sejam controladas pelo Poder Público;

IV – garantia prestada por organismos internacionais ou instituições


financeiras que não sejam controladas pelo Poder Público;

Percebam que a contratação com companhias seguradoras ou com


organismos internacionais e instituicos financeiras é sob a condição
de não serem controladas pelo Poder Público;. A CEF é uma empresa
pública, controlada pelo Poder Público, então. Daí, não pode ser responsável
pelo seguro-garantia a ser apresentado. Por isso, o item está incorreto.

Gabarito: ERRADO.

Ah! Importantíssimo. A União decidiu pela constituição de um


Fundo Garantidor (FGP), no limite global de R$ 6.000.000.000,00
(seis bilhões de reais), com a finalidade de prestar garantia de
pagamento de obrigações pecuniárias assumidas pelos parceiros
públicos em virtude das parcerias firmadas.

De acordo com o §1º do art. 16, esse Fundo tem a natureza


PRIVADA e patrimônio próprio, logo separado do patrimônio dos
cotistas (União, fundações públicas e autarquias federais, conforme o
caso). E, mais uma coisa: o fundo é constituído com recursos
oriundos apenas de instituições FEDERAIS. Entretanto, com a
redação atual da Lei 11.079/2004, o FGP tem por finalidade prestar
garantia de pagamento de obrigações pecuniárias assumidas pelos
parceiros públicos federais, distritais, estaduais ou municipais
Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 52
Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

em virtude das parcerias de que trata a Lei. Assim, a constituição do


Fundo é com recursos FEDERAIS, mas os recursos podem ser
utilizados para garantia de PPP de qualquer ente da federação.
Apesar de a lei ser omissa, por razão de veto presidencial, é digno de
nota que os recursos do FGP só serão utilizados nos demais entes
políticos na proporção dos recursos federais aportados. Ou seja, se
for uma parceria com dinheiro exclusivamente estadual ou municipal,
não há motivo de utilizar da garantia do FGP.

Outro ponto diz respeito à possibilidade de a União conceder garantia


aos Estados, Distrito Federal e Municípios, nas PPP realizadas por
estes. Se a soma das despesas de caráter continuado derivadas do
conjunto das parcerias já contratadas por esses entes tiver excedido,
no ano anterior, a 5% (cinco por cento) da receita corrente líquida do
exercício ou se as despesas anuais dos contratos vigentes nos 10
(dez) anos subsequentes excederem a 5% (cinco por cento) da
receita corrente líquida projetada para os respectivos exercícios a
União não poderá conceder garantia, ou mesmo fazer transferência
voluntária, ao ente federativo que extrapolar tal limite.

1.6. Sociedade de Propósito Específico (SPE)

Felizmente, as ilustre bancas examinadoras não estão desafiando a


inteligência dos concursandos, isso porque as questões de PPP são
quase sempre literais.

Quanto à Sociedade de Propósito Específico (SPE), cabe o registro do


art. 9º da Lei 11.079/2004. Vejamos:

Art. 9o Antes da celebração do contrato, deverá ser


constituída sociedade de propósito específico, incumbida de
implantar e gerir o objeto da parceria.

§ 1o A transferência do controle da sociedade de propósito


específico estará condicionada à autorização expressa da
Administração Pública, nos termos do edital e do contrato,
observado o disposto no parágrafo único do art. 27 da Lei no 8.987, de
13 de fevereiro de 1995.

§ 2o A sociedade de propósito específico poderá assumir a


forma de companhia aberta, com valores mobiliários admitidos
a negociação no mercado.

§ 3o A sociedade de propósito específico deverá obedecer a


padrões de governança corporativa e adotar contabilidade e

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

demonstrações financeiras padronizadas, conforme


regulamento.

§ 4o Fica vedado à Administração Pública ser titular da


maioria do capital votante das sociedades de que trata
este Capítulo.

§ 5o A vedação prevista no § 4o deste artigo não se aplica à


eventual aquisição da maioria do capital votante da
sociedade de propósito específico por instituição
financeira controlada pelo Poder Público em caso de
inadimplemento de contratos de financiamento. (grifos nossos)

Com relação à participação do Poder Público nas SPE, a ideia central


é a seguinte: não é lógico que o Poder Público controle a SPE,
porque, em tal hipótese, não teríamos uma PPP, mas sim
apenas mais uma instituição controlada pelo Estado, em uma
espécie de Parceria Público-Público, o que não faz sentido,
dentro do modelo estudado.

Professor, então quer dizer que nunca o Estado poderá ter o


controle da SPE? Vale aqui a máxima: nunca diga nunca! Para
toda boa regra, segue uma excelente exceção. Assim, imaginando
que o financiador da SPE é o BNDESPAR (empresa pública federal),
ao haver o inadimplemento por parte da concessionária, é possível
que indiretamente o Estado passe ao controle da SPE, mas,
lembrem-se, isso é excepcional! Caso tenham ficado em dúvida,
voltem ao art. 9º citado acima e releiam os parágrafos 4º e 5º, ok?

Destaque-se que, nos contratos de PPP, podem ser previstas


cláusulas adicionais, conforme estabelecido no §2º do art. 5º.
Vejamos:

§ 2º Os contratos poderão prever adicionalmente:

I – os requisitos e condições em que o parceiro público


autorizará a transferência do controle da sociedade de
propósito específico para os seus financiadores, com o
objetivo de promover a sua reestruturação financeira e
assegurar a continuidade da prestação dos serviços,
não se aplicando para este efeito o previsto no inciso I
do parágrafo único do art. 27 da Lei no 8.987, de 13 de
fevereiro de 1995;

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

II – a possibilidade de emissão de empenho em nome


dos financiadores do projeto em relação às obrigações
pecuniárias da Administração Pública;

III – a legitimidade dos financiadores do projeto para


receber indenizações por extinção antecipada do
contrato, bem como pagamentos efetuados pelos
fundos e empresas estatais garantidores de parcerias
público-privadas.

QF-4 - 2009/CESPE – BACEN – PROCURADOR - Nas concessões


de parcerias público-privadas, não se admite a emissão de empenho
em nome dos financiadores do projeto em relação às obrigações
pecuniárias da administração pública. (Certo/Errado)

Comentários:

O §2º do art. 5º da Lei da PPP prevê a possibilidade de emissão de empenho


em nome dos financiadores do projeto em relação às obrigações pecuniárias
da Administração Pública.

Gabarito: ERRADO.

QF-5 - 2009/CESPE – BACEN – PROCURADOR - A constituição


da sociedade de propósito específico dar-se-á após a celebração do
contrato de concessão, no âmbito das parcerias público-privadas.
(Certo/Errado)

Comentários:

Sabe quem assina o contrato de PPP? É a vencedora da licitação? Um


sonoro não! Quem assina é a SPE, a qual deve ser constituída
anteriormente à celebração do contrato, daí a incorreção da alternativa.

Gabarito: ERRADO.

1.7. Licitação na PPP

À semelhança das concessões simples (reguladas pela Lei


8.987/1995), a PPP será precedida de licitação na modalidade
CONCORRÊNCIA (Lei 11.079/2004, art. 10) de modo geral.
Entretanto, chama-se atenção para o fato de que as PPP inseridas do
Programa Nacional de Desestatização podem ser entregues ao
parceiro privado por meio de leilão. Vejam o dispositivo da Lei
9.491/1997 que subsidia a afirmativa:

Art. 4º As desestatizações serão executadas mediante as


seguintes modalidades operacionais:

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

I - alienação de participação societária, inclusive de controle


acionário, preferencialmente mediante a pulverização de ações;

II - abertura de capital;

III - aumento de capital, com renúncia ou cessão, total ou


parcial, de direitos de subscrição;

IV - alienação, arrendamento, locação, comodato ou cessão de


bens e instalações;

V - dissolução de sociedades ou desativação parcial de seus


empreendimentos, com a conseqüente alienação de seus
ativos;

VI - concessão, permissão ou autorização de serviços públicos.

VII - aforamento, remição de foro, permuta, cessão, concessão


de direito real de uso resolúvel e alienação mediante venda de
bens imóveis de domínio da União.

(...)

§ 3° Nas desestatizações executadas mediante as modalidades


operacionais previstas nos incisos I, IV, V e VI deste artigo, a
licitação poderá ser realizada na modalidade de leilão.

Nota que nem toda concessão no âmbito do PND pode ser objeto de
leilão (releia o § 3° acima). Mas isso pode acontecer, como por
exemplo no caso do aeroporto de Brasília, para o qual optou-se por
um leilão de PPP. Entretanto, a informação só será relevante em
provas de concurso caso o examinador esclareça algo que leve à
indagação acerca do leilão. Caso isso não seja feito, a modalidade
aplicável a uma PPP, com as nuances próprias da situação, é a
concorrência.

Chame-se a atenção para a especialidade do procedimental de uma


licitação de PPP, que para parte da doutrina melhor seria nominada
de concorrência-pregão, porque o edital pode admitir propostas
escritas, seguidas de lances em viva voz (sem limitação a
quantidades de lances) e possibilidade de restrição aos licitantes cuja
proposta escrita for no máximo 20% (vinte por cento) maior que o
valor da melhor proposta (no pregão, estrito senso, é de 10%,
como veremos na aula de licitações). E mais: admite-se a inversão
de fases! Isso mesmo: o julgamento precederá a habilitação.

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

Nota:

Atente para alteração da Lei 8.987/1995 (art. 18-A, com


redação dada pela Lei 11.196/2005), a qual faculta que o
Edital preveja a inversão de fases, tal qual ocorre com o
Pregão, prevendo que só após a classificação das propostas
na licitação da concessão é que será examinada a
habilitação do licitante vencedor. Abaixo, transcrição do
artigo:

Art. 18-A. O edital poderá prever a inversão da ordem


das fases de habilitação e julgamento, hipótese em que:

I - encerrada a fase de classificação das propostas ou o


oferecimento de lances, será aberto o invólucro com os
documentos de habilitação do licitante mais bem
classificado, para verificação do atendimento das condições
fixadas no edital;

II - verificado o atendimento das exigências do edital, o


licitante será declarado vencedor;

III - inabilitado o licitante melhor classificado, serão


analisados os documentos habilitatórios do licitante com a
proposta classificada em segundo lugar, e assim
sucessivamente, até que um licitante classificado atenda às
condições fixadas no edital;

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

IV - proclamado o resultado final do certame, o objeto será


adjudicado ao vencedor nas condições técnicas e
econômicas por ele ofertadas.

A diferença do procedimento, no caso de licitação da


concessão, é que PODERÁ ocorrer tal inversão (entre
habilitação e julgamento), enquanto no Pregão a inversão
de fases é OBRIGATÓRIA (primeiro, necessariamente,
classifica, só depois, então, procede-se a habilitação).

Um último detalhe. À semelhança da permissão contida na Lei


de Concessões Comuns, a Lei da PPP também é expressa em
admitir o uso de arbitragem (inciso III do art. 11), ou seja, da
solução pacífica de um conflito, que não necessariamente demandará
o contencioso judicial, portanto.

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


2. Consórcios Públicos

2.1. Introdução

De pronto, vejamos o que estabelece expressamente a CF/1988,


em seu art. 241:

Art. 241. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os
convênios de cooperação entre os entes federados,
autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como
a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e
bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos.
(Redação dada pela Emenda Constitucional 19, de 1998)

De modo geral, pode-se afirmar que os examinadores são orientados


a criarem 25% de questões facílimas, 50% de questões de nível
médio, e 25% para os alunos “astronautas”, que são os sujeitos
que estão em um nível quase transcendental (verdadeiros ‘jedis’!)! E
as questões sobre consórcios públicos têm sido para alunos não
astronautas, pois quase sempre são estritamente literais em relação
à Lei que cuida do assunto (Lei 11.107/2005).

Nesse quadro, por amor ao pragmatismo, não será necessário tecer


profundas considerações sobre o tema, pois se acredita que não será
exigido com elevado grau de dificuldade. Seguem, então, as
considerações julgadas mais pertinentes:

a) A Lei 11.107/2005, que regula a contratação de consórcios


públicos, é Lei Nacional. Editada pela União, a norma em
questão estende seus efeitos a todos os entes políticos, o
que não afasta, sobremaneira, a competência de tais entes
legislarem sobre o tema, os quais, entretanto, deverão
adaptar as legislações próprias, acaso já editadas, às regras
gerais da referida Lei;

b) Tais ajustes [os consórcios públicos] são formalizados


mediante contratos administrativos celebrados por entes
políticos, apenas (leia-se: federados – União, estados,
DF, municípios). Quer dizer, não existem consórcios
públicos celebrados entre entes administrativos
(autarquias, fundações, e empresas governamentais);

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

c) Consórcios públicos são pessoas jurídicas, ou de direito


público ou de direito privado. Quando de direito
público, integram a Administração Indireta de todos
os entes consorciados, de acordo com a Lei, na
qualidade de ASSOCIAÇÃO PÚBLICA;

d) A União só formará consórcio público com o município


se o Estado no qual estiver localizado o município
também estiver participando. Logo, a União não pode
participar isoladamente com municípios em um consórcio
público. Exemplo: União e município de BH - só se o
Estado de MG estiver participando;

e) Tais consórcios podem ser contratados diretamente


sem licitação pelos entes da Administração; e

f) O limite para a dispensa de licitação dos consórcios


públicos, em razão do valor (art. 24, parágrafo único, da Lei
de Licitações), é de 20% da modalidade convite, a exemplo
do que ocorre com as Agências Executivas, Sociedades de
Economia Mista, e Empresas Públicas. Ou seja – enquanto
para uma autarquia, por exemplo, o limite de dispensa de
licitação é de 8 mil reais para compras em geral (10% do
valor do convite, em razão do inc. II do art. 24 da Lei
8.666/1993), para um consórcio o limite será de 16 mil
(por conta do já citado art. 24, parágrafo único, da mesma
Lei)

Como visto acima, os consórcios públicos tanto podem ser pessoas


jurídicas de direito público ou de direito privado. Quando de
direito público, integram a Administração Indireta de todos os
entes consorciados, de acordo com a Lei, na qualidade de
ASSOCIAÇÃO PÚBLICA. Porém, tratando-se de consórcio público
constituído nos termos da legislação civil, a personalidade será
de direito privado. A doutrina critica1 a última situação: qual a
razão de um consórcio público de direito privado não integrar a
Administração Indireta? Não há, à primeira vista, motivo plausível
para isso. Entretanto, algo pode ser dito, pensando no que nos
importa aqui (concursos públicos): DE ACORDO COM A LEI,
consórcios públicos de direito privado não integram a Administração
Indireta, já que a Lei não afirma isso.

P M “ P P A
1

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

QF-6 - 2012/Cespe – AGU - O consórcio público com personalidade


jurídica de direito público integra a administração indireta dos entes
da Federação consorciados.

Comentários:

A Lei 11.107/2005, que regula a contratação de consórcio, é Lei Nacional.


Editada pela União estendendo seus efeitos a todos os entes políticos, o que
não afasta, sobremaneira, a competência de os entes legislarem sobre o
tema. Os demais entes federativos, inclusive, deverão adaptar as legislações
própria , aca o já editada , à regra gerai da referida Lei

Tais ajustes são formalizados por contratos administrativos celebrados por


entes políticos, apenas (leia-se: federados - União, estados, DF,
municípios). Quer dizer, não existem consórcios públicos celebrados
entre entes administrativos (autarquias, fundações, e empresas
governamentais).

São pessoas jurídicas, ou de direito público ou de direito privado.


Quando de direito público, integram a Administração Indireta de todos
os entes consorciados, de acordo com a Lei, na qualidade de
ASSOCIAÇÃO PÚBLICA. Daí a correção do quesito.

A União só formará consórcio público com o município se o Estado


deste município também estiver participando, logo, não pode participar
isoladamente com municípios. Exemplo: União e município de BH, só se o
Estado de MG estiver participando.

Resta claro, pela Lei, que os consórcios públicos tanto podem ser pessoas
jurídicas de direito público ou de direito privado. Quando de direito
público, integram a Administração Indireta de todos os entes
consorciados, de acordo com a Lei, isso na qualidade de ASSOCIAÇÃO
PÚBLICA. Porém, tratando-se de consórcio público constituído nos
termos da legislação civil, a personalidade será de direito privado.

Gabarito: CERTO.

Nota:

Pede-se ao amigo concursando a leitura detida dos trechos


a seguir, pelo fato de o consórcio tratado acima não se
confundir com o consórcio de empresas, previsto, por
exemplo, na Lei de Concessões ou de Licitações.

O art. 19 da Lei 8.987/1995 cuida da participação de


empresas em consórcio na concessão de serviço
público, fixando as seguintes regras:

Quando permitida, na licitação, a participação de


empresas em consórcio, observar-se-ão as seguintes
normas:

I - comprovação de compromisso, público ou particular, de


constituição de consórcio, subscrito pelas consorciadas;

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

II - indicação da empresa responsável pelo consórcio;

III - apresentação dos documentos exigidos nos incisos V e


XIII do artigo anterior, por parte de cada consorciada;

IV - impedimento de participação de empresas consorciadas


na mesma licitação, por intermédio de mais de um consórcio
ou isoladamente.

IMPORTANTE: a participação de empresas em


consórcio na concessão de serviços públicos é uma
FACULDADE colocada à disposição da Administração.
Nesse sentido, o art. 19 da Lei 8.987/1995 diz, de forma
clara: Quando permitida, na licitação, a participação de
empresas em consórcio...

Observe-se que o vencedor da licitação fica obrigado a


promover a constituição e registro do consórcio, antes
da celebração do contrato. Isso significa dizer, então, que
os consórcios empresariais constituirão, estrito senso, uma
empresa? Absolutamente, não.

Os consórcios empresariais não são pessoas jurídicas.


São entes despersonalizados, que resultam do agrupamento
de empresas que, para melhor desempenharem suas
funções, optam pela conjugação de esforços (consórcio),
pois, isoladamente, não teriam condições financeiras ou
técnicas para o pretendido (pelo menos em tese). Nesse
caso, uma empresa será escolhida como ‘líder’, e ficará
responsável perante o poder concedente pelo cumprimento
das obrigações decorrentes da concessão, sem prejuízo da
responsabilidade solidária das demais consorciadas.

E surge o questionamento: no entanto, seria possível a


determinação de que o consórcio se constituísse empresa,
antes da celebração do contrato?

É exatamente o que dispõe o art. 20 da Lei de Concessões:


É facultado ao poder concedente, desde que previsto no
edital, no interesse do serviço a ser concedido, determinar
que o licitante vencedor, no caso de consórcio, se
constitua em empresa antes da celebração do
contrato.

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

QF-7 - 2007/Cespe – TJ-TO/JUIZ - Os consórcios públicos são


acordos firmados por entidades públicas de qualquer espécie, ou
entre estas e organizações particulares, para a realização de
objetivos de interesse comum dos partícipes. (Certo/Errado)

Comentários:

Os consórcios públicos são formados exclusivamente entre entes


políticos, daí a incorreção da alternativa.

Gabarito: ERRADO.

2.2. Responsabilidade dos Entes Consorciados

Os entes consorciados (que são os entes federados que participam


do consórcio) respondem SUBSIDIARIAMENTE [e não
solidariamente], no que se refere às obrigações assumidas pelo
consórcio. Por conta disso, o ente federativo somente responderá por
obrigações do consórcio quando comprovada a insolvência
patrimonial deste. Ou seja, o consórcio responde por si e, no caso de
ter assumido obrigações maiores que seu patrimônio, é que,
liquidado primeiro este, poderá o ente federativo ser demandada
pelas eventuais obrigações remanescentes.

Caso a responsabilidade dos entes federativos fosse solidária, o


credor poderia exigir o cumprimento da obrigação tanto do consórcio,
quanto dos entes consorciados. Isso faria com que dívidas do
consórcio fossem transferidas para os entes federativos
consorciados, num evidente prejuízo aos princípios da segurança
jurídica e da estabilidade fiscal.

O regime a ser aplicado aos consórcios públicos será o da


responsabilidade SUBSIDIÁRIA, insista-se, que é o ordinário da
administração indireta. Esse conceito é pacífico e não deixa margens
para nenhuma dúvida, como deixa clara a doutrina brasileira, de
onde se destaca a lição do Professor Celso Antônio Bandeira de
Mello:

‘... doutrina e jurisprudência sempre consideraram, outrossim,


que quaisquer pleitos administrativos ou judiciais de atos que
lhe fossem imputáveis, perante elas mesmas ou contra elas
teriam que ser propostos – e não contra o Estado. Disto se
segue igualmente que, perante terceiros, as autarquias são
responsáveis pelos próprios atos. A responsabilidade do
Estado, em relação a eles, é apenas subsidiária’."

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

2.3. Constituição dos Consórcios

A constituição dos consórcios públicos é precedida de um


protocolo de intenções, típico ato administrativo negocial. Esse
protocolo de intenções é, em linhas gerais, o resultado de uma
reunião prévia entre os entes federativos interessados na formação
do consórcio, oportunidade em que fixarão, entre outras cláusulas, a
denominação, o prazo de duração, a sede, e a finalidade (objetivos)
dos consórcios (art. 4º).

QF-8 - 2008/Cespe – MPOG – Cargo 14 - O consórcio público será


constituído por contrato cuja celebração dependerá da prévia subscrição de
protocolo de intenções e que deve conter a indicação da área de atuação do
consórcio. (Certo/Errado)

Comentários:

A constituição dos consórcios públicos é precedida da formação de um


protocolo de intenções, o qual é típico ato negocial. Esse protocolo de
intenções é uma reunião prévia entre os entes interessados na formação do
consórcio, oportunidade em que fixarão, entre outras cláusulas, a
denominação, o prazo de duração, a sede, e a finalidade (objetivos)
dos consórcios (art. 4º), logo, o quesito em exame está correto.

Gabarito: CERTO.

O contrato de consórcio público será celebrado com a ratificação,


mediante lei, do protocolo de intenções. No contrato de consórcio,
pode ser facultada a formação parcial, ou seja, é possível a
celebração por apenas alguns dos entes da Federação que
subscreveram o protocolo de intenções (§1º do art. 5º da Lei
11.107/2005).

A ratificação do protocolo de intenções pode, ainda, ser feita


com reserva, noutras palavras, um ente político pode se negar a
cumprir tudo aquilo que foi pactuado no protocolo de intenções, e,
nesse caso, se aceita a reserva pelos demais entes subscritores,
teremos um consorciamento parcial ou condicional.

O órgão máximo do consórcio público denomina-se Assembleia


Geral. Esse órgão é responsável, por exemplo, pela homologação,
caso a caso, da entrada de entes políticos que tenham ratificado o
protocolo de intenções há mais de 2 anos (§3º do art. 5º da Lei
11.107, de 2005).

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

2.4. Contribuição dos Entes Consorciados

A forma correta de os entes consorciados contribuírem para a


formação do consórcio público é com a entrega de recursos
públicos, por intermédio do chamado CONTRATO DE RATEIO (art.
8º da Lei 11.107/2005). Por esse motivo, o Legislador veda
determinadas contribuições financeiras ou econômicas de ente
da Federação ao consórcio público, sendo o contrato de rateio o
instrumento adequado.

Contudo, não existe vedação para a doação, destinação ou


cessão do uso de bens móveis ou imóveis e as transferências
ou cessões de direitos operadas por força de gestão associada de
serviços públicos. O ente da federação consorciado, ou que com o
consórcio firme convênio, também pode promover cessão de
servidores, na forma e condições da legislação de cada um. Nos termos
do art. 9º da Lei 11.107/2005, a execução das receitas e despesas
do consórcio público deverá obedecer às normas de direito financeiro
aplicáveis às entidades públicas.

QF-9 - 2007/Cespe – PGE-PA/TÉCNICO - É nula a cláusula do


contrato de consórcio que preveja a doação, destinação ou cessão do
uso de bens móveis ou imóveis e as transferências ou cessões de
direitos operadas por força de gestão associada de serviços públicos.
(Certo/Errado)

Comentários:

A forma correta de os entes consorciados contribuírem para a formação do


consórcio público é com a entrega de dinheiros públicos no chamado
CONTRATO DE RATEIO (art. 8º), por esse motivo, o Legislador veda
determinadas contribuições financeiras ou econômicas de ente da
Federação ao consórcio público, sendo o contrato de rateio o
instrumento adequado.

No entanto, não existe vedação para a doação, destinação ou cessão


do uso de bens móveis ou imóveis e as transferências ou cessões de
direitos operadas por força de gestão associada de serviços públicos,
inclusive, ao se promover a cessão de servidores, sendo até cabível solicitar
um desconto dentro do critério de rateio, daí a incorreção da alternativa.

Gabarito: ERRADO.

2.5. Fiscalização pelos Tribunais de Contas

O parágrafo único do art. 9º da Lei 11.107/2005 dispõe que a


fiscalização contábil, operacional e patrimonial é feita pelo
Tribunal de Contas competente para apreciar as contas do

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

Chefe do Poder Executivo representante legal do consórcio,


inclusive quanto à legalidade, legitimidade e economicidade das
despesas, atos, contratos e renúncia de receitas, sem prejuízo do
controle externo a ser exercido em razão de cada um dos contratos
de rateio.

Por exemplo: um consórcio público firmado entre a União, o


Estado do Amazonas, e o Estado do Pará, em que o
representante legal é o Estado do Pará, será fiscalizado pelo
Tribunal de Contas da União? Não, mas sim pelo Estado
do Pará, pois é o representante legal do consórcio.

2.6. Prerrogativas e Sujeições Legais

Os consórcios públicos são pessoas de direito público ou de direito


privado, e, enquanto gestoras da coisa pública, sujeitam-se aos
princípios da Administração.

No caso de consórcios formados para atuação em áreas específicas da


Administração, isso imporá a submissão aos princípios próprios de tal
área. Por exemplo, nos termos do §3º do art. 1º da Lei 11.107, os
consórcios públicos, na área de saúde, deverão obedecer aos
princípios, diretrizes e normas que regulam o Sistema Único de Saúde
– SUS.

Essa é uma das restrições dos consórcios, ao lado das quais há,
ainda, a necessidade da observância das normas de contabilidade
pública. Há, no entanto, algumas prerrogativas, como, por exemplo:

I – firmar convênios, contratos, acordos de qualquer


natureza, receber auxílios, contribuições e subvenções
sociais ou econômicas de outras entidades e órgãos do
governo;

II – nos termos do contrato de consórcio de direito


público, promover desapropriações e instituir servidões
nos termos de declaração de utilidade ou necessidade
pública, ou interesse social, realizada pelo Poder Público;
e

III – ser contratado pela administração direta ou indireta


dos entes da Federação consorciados, dispensada a
licitação.

Adicionalmente, a Lei prevê que:

- Os consórcios públicos poderão emitir documentos de


cobrança e exercer atividades de arrecadação de tarifas e
outros preços públicos pela prestação de serviços ou pelo

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

uso ou outorga de uso de bens públicos por eles


administrados ou, mediante autorização específica, pelo
ente da Federação consorciado.

- Os consórcios públicos poderão outorgar concessão,


permissão ou autorização de obras ou serviços públicos
mediante autorização prevista no contrato de consórcio
público, que deverá indicar de forma específica o objeto
da concessão, permissão ou autorização e as condições a
que deverá atender, observada a legislação de normas
gerais em vigor.

That’s all meninas e meninos.

Forte abraço,

Cyonil Borges.

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

Questões da Aula
QF-1 - 2007/Cespe – TCM-GO - De acordo com a lei mencionada no
texto, o poder público não pode contratar parceria público-privada quando a
soma das despesas de caráter continuado derivadas do conjunto das
parcerias já contratadas tiver excedido, no ano anterior, em 1% a receita
corrente líquida do exercício. (Certo/Errado)2

QF-2 - 2010/CESPE – EMBASA – ADVOGADO - Nos contratos de


parceria público-privada, é vedado ao parceiro público reter os pagamentos
ao parceiro privado, mesmo que o primeiro apure, mediante vistoria,
irregularidades nos bens reversíveis. (Certo/Errado)3

QF-3 - 2008/Cespe – DFTRANS – Cargo 7 - No financiamento de um


projeto de transporte urbano da CBTU por meio de uma parceria público-
privada nos moldes previstos pela Lei n.º 11.079/2004, um seguro-garantia
concedido pela Caixa Econômica Federal pode garantir as obrigações
pecuniárias da União. (Certo/Errado)4

QF-4 - 2009/CESPE – BACEN – PROCURADOR - Nas concessões de


parcerias público-privadas, não se admite a emissão de empenho em nome
dos financiadores do projeto em relação às obrigações pecuniárias da
administração pública. (Certo/Errado)5

QF-5 - 2009/CESPE – BACEN – PROCURADOR - A constituição da


sociedade de propósito específico dar-se-á após a celebração do contrato de
concessão, no âmbito das parcerias público-privadas. (Certo/Errado)6

QF-6 - 2012/Cespe – AGU - O consórcio público com personalidade


jurídica de direito público integra a administração indireta dos entes da
Federação consorciados.7

QF-7 - 2007/Cespe – TJ-TO/JUIZ - Os consórcios públicos são acordos


firmados por entidades públicas de qualquer espécie, ou entre estas e
organizações particulares, para a realização de objetivos de interesse
comum dos partícipes. (Certo/Errado)8

QF-8 - 2008/Cespe – MPOG – Cargo 14 - O consórcio público será


constituído por contrato cuja celebração dependerá da prévia subscrição de
protocolo de intenções e que deve conter a indicação da área de atuação do
consórcio. (Certo/Errado)9

QF-9 - 2007/Cespe – PGE-PA/TÉCNICO - É nula a cláusula do contrato


de consórcio que preveja a doação, destinação ou cessão do uso de bens

2
QF1- ERRADO.
3
QF-2- ERRADO.
4
QF-3- ERRADO.
5
QF-4 ERRADO.
6
QF-5 ERRADO.
7
QF-6 CERTO.
8
QF-7 ERRADO.
9
QF-8 CERTO.

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


móveis ou imóveis e as transferências ou cessões de direitos operadas por
força de gestão associada de serviços públicos. (Certo/Errado)10

10
QF-9 ERRADO.

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

Gente, vejamos algumas das questões de ESAF sobre o tema.

Questão 1: ESAF - FR (Pref RJ)/Pref RJ/2010 - Sobre a Parceria Público-


Privada (PPP), assinale a opção correta.

a) São modalidades de PPP a concessão patrocinada e a concessão de uso.


b) É possível que o objeto do contrato de PPP seja atividade regulatória.

c) A modalidade de licitação para a PPP é a concorrência, não se admitindo,


portanto, a realização de lances em viva voz no processo licitatório.

d) O prazo de vigência do contrato de PPP pode ser de até quarenta anos.

e) Antes da celebração do contrato de PPP, deverá ser constituída sociedade


de propósito específico, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria.

Questão 2: ESAF - EPPGG/MPOG/2009 - Identifique, entre as modalidades


de parcerias entre os setores público e privado, a modalidade que não é
pertinente a uma PPP (Parceria Público-Privado).

a) Modalidade na qual a construção é separada juridicamente da operação,


já que neste caso o empreendimento da construção cabe ao setor privado,
mas, após o fim da mesma, o direito de concessão cabe ao Estado, que
diante de outro ato legal, concede a exploração à mesma empresa ou a
outra.

b) Mecanismo de concessão para a exploração de um serviço público, no


qual o setor privado exige do Estado uma taxa de risco social para adquirir
a concessão.

c) Mecanismo de concessão para a exploração de um serviço público, na


qual a empresa fica com plenos direitos sobre o projeto, sem devolução
posterior para o Estado, não havendo prazo final da concessão.

d) Venda da concessão para o setor privado de um ativo já em operação,


acompanhada da obrigação de operação e eventual expansão por parte dos
novos controladores.

e) Mecanismo de concessão para a exploração de um serviço público, no


final da qual, porém, ela retorna às mãos do Estado.

Questão 3: ESAF - PFN/PGFN/2012 - Relativamente às parcerias público-


privadas a que se refere a Lei n. 11.079, de 2004, assinale a opção correta.

a) Sempre devem ser precedidas de licitação, na modalidade concorrência


ou pregão.
b) Admite-se que os valores mobiliários atinentes à sociedade de propósito
específico possam ser negociados no mercado.

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


c) Como regra, a sociedade de propósito específico deverá, direta ou
indiretamente, ser controlada pela Administração Pública, que deterá a
maioria do capital social com direito a voto.

d) Antes da celebração do contrato de parceria, poderá ser constituída


sociedade de propósito específico, que ficará responsável pela gestão das
atividades pactuadas.

e) Consoante a legislação pátria, admite-se um único órgão gestor das


parcerias público-privadas, que contará com a participação obrigatória de
representantes de todos os estados, ao lado de representantes da União.

Questão 4: ESAF - APOFP SP/SEFAZ SP/2009 - Acerca dos serviços


públicos, assinale a opção correta.

a) Vários são os conceitos encontrados na doutrina para serviços públicos,


podendo-se destacar como toda atividade material que a lei atribui ao
Estado para que a exerça diretamente ou por meio de outras pessoas
(delegados), com o objetivo de satisfazer às necessidades coletivas,
respeitando-se, em todo caso, o regime jurídico inteiramente público.

b) Pode-se dizer que toda atividade de interesse público é serviço público.

c) A legislação do serviço público tem avançado, apresentando modelos


mais modernos de prestação, em que se destaca, por exemplo, a parceria
públicoprivada, com duas previsões legais: patrocinada ou administrativa.

d) São princípios relacionados ao serviço público: continuidade do serviço


público, imutabilidade do regime jurídico e o da igualdade dos usuários.

e) Para que seja encarada a atividade do Estado como serviço público,


deve-se respeitar a gratuidade quando de sua aquisição pelo usuário.

Questão 5: ESAF - AIET/DNIT/Ambiental/2013 - A respeito das parcerias


público-privadas, analise as assertivas a seguir classificando-as em falsas
ou verdadeiras.

Ao final, assinale a opção que contenha a sequência correta.

( ) As obrigações pecuniárias contraídas pela Administração Pública em


contrato de parceria público-privada poderão ser garantidas mediante
títulos da dívida agrária.

( ) É possível haver pagamento de contraprestação pela Administração


Pública sem que obrigatoriamente seja precedido pela integral
disponibilização do serviço pelo parceiro privado.

( ) Os contratos de parceria público-privada poderão prever a possibilidade

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


de emissão de empenho em nome dos financiadores do projeto em relação
às obrigações pecuniárias da Administração Pública.

( ) A contraprestação da Administração Pública nos contratos de parceria


público-privada poderá ser feita mediante outorga de direitos sobre bens
públicos afetados de uso comum do povo.

( ) As concessões patrocinadas em que mais de 70% da remuneração do


parceiro privado deva ser paga pela Administração Pública dependerão de
autorização legislativa.

a) V, V, V, F, V

b) F, V, V, V, V

c) V, F, F, F, V

d) V, V, V, V, F

e) F, V, V, F, V

Questão 6: ESAF - AFT/MTE/2010 - Um consórcio público, com


personalidade jurídica de direito público, composto por alguns municípios,
pelos respectivos governos estaduais e pela União, integra:

a) nos municípios e nos estados, a administração direta; na União, a


administração indireta.

b) nos municípios, nos estados e na União, a administração indireta.

c) nos municípios, a administração direta; nos estados e na União, a


administração indireta.

d) nos municípios, nos estados e na União, a administração direta.

e) nos municípios e nos estados, a administração indireta; na União, a


administração direta.

Questão 7: ESAF - AFC (CGU)/CGU/Auditoria e Fiscalização/Saúde/2008 -


Sobre as contratações de consórcios públicos é correto afirmar que:

a) os objetivos dos consórcios públicos serão determinados pela lei.


b) é admitida a cláusula do contrato de consórcio que preveja determinadas
contribuições financeiras ou econômicas de ente da Federação ao consórcio
público, salvo a doação, destinação ou cessão do uso de bens móveis ou
imóveis e as transferências ou cessões de direitos operadas por força de
gestão associada de serviços públicos.

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


c) o contrato de consórcio público deve, como condição de validade, ser
celebrado por todos os entes da Federação que subscreveram o protocolo
de intenções.

d) a execução das receitas e despesas do consórcio público não deverá


obedecer às normas de direito financeiro aplicáveis às entidades públicas,
por se constituir como pessoa jurídica de direito privado.

e) para o cumprimento de seus objetivos, o consórcio público poderá ser


contratado pela administração direta ou indireta dos entes da Federação
consorciados, dispensada a licitação.

Questão 8: ESAF - AFC (STN)/STN/Contábil-Financeira/2008 - Assinale a


opção falsa a respeito dos consórcios públicos de que trata a Lei n.
11.107/2005.

a) Os consórcios públicos podem-se constituir em forma de pessoa jurídica


de direito público ou de direito privado.
b) Os consórcios públicos podem ser contratados pelos entes da
administração direta ou indireta da Federação consorciados, desde que
previamente habilitados em processo licitatório.

c) É facultado ao ente da federação retirar-se do consórcio público.

d) Os consórcios públicos, na área de saúde, deverão obedecer aos


princípios, normas e diretrizes que regulam o Sistema Único de Saúde.

e) Os entes consorciados somente entregarão recursos aos consórcios


públicos mediante contrato de rateio.

Questão 9: ESAF - EPPGG/MPOG/2009 - Quanto aos consórcios públicos e


à parceria público-privada, no âmbito da administração pública, marque a
opção incorreta.

a) A execução das receitas e despesas do consórcio público deverá


obedecer às normas de direito tributário aplicáveis às entidades privadas.
b) Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na
modalidade patrocinada.

c) A contratação de parceria público-privada será precedida de licitação na


modalidade de concorrência.

d) O edital para a contratação de parcerias público-privadas poderá prever


a inversão da ordem das fases de habilitação e julgamento.

e) Os agentes públicos incumbidos da gestão de consórcio não responderão


pessoalmente pelas obrigações contraídas pelo consórcio público.

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


Questão 10: ESAF - AA (DNIT)/DNIT/Contábil/2013 - A respeito dos
conceitos, constituição, formas e objetivos dos consórcios públicos de que
trata a Lei n. 11.107/2005, é correto afirmar, exceto:

a) a participação da União na formação dos consórcios públicos está


condicionada à participação de todos os Estados em cujos territórios
estejam situados os municípios consorciados.

b) a celebração de protocolo de intenções é condição necessária para a


constituição do consórcio público.

c) para o cumprimento dos seus objetivos, os consórcios públicos podem


receber auxílios, subvenções e contribuições.

d) é vedado autorizar mediante contrato a permissão para que o consórcio


público promova a outorga, concessão e permissão de obras ou serviços
públicos.

e) Pode ser constituído na forma de associação pública ou pessoa jurídica


de direito privado.

Questão 11: ESAF - AFC (STN)/STN/Contábil-Financeira/2008 - Quanto


aos convênios e aos consórcios públicos, está incorreta a afirmativa:

a) a União pode realizar convênio com os consórcios públicos, desde que


com o objetivo de viabilizar a descentralização e a prestação de políticas
públicas em escalas adequadas.
b) a administração direta ou indireta dos entes da Federação consorciados
poderá contratar diretamente o consórcio público, mediante dispensa de
licitação, para o cumprimento de seus objetivos.

c) o consórcio público poderá constituir personalidade jurídica de direito


público, no caso de constituir associação pública, ou de direito privado.

d) o Tribunal de Contas competente para apreciar as contas do Chefe do


Poder Executivo representante legal do consórcio sujeita também ao seu
controle contábil, operacional e patrimonial o consórcio público.

e) a execução das receitas e das despesas dos consórcios públicos com


personalidade jurídica de direito privado não se sujeita às normas de direito
financeiro aplicáveis às entidades públicas.

Gabarito

1) E 2) B 3) B 4) C 5) E 6) B 7) E 8) B 9) A 10) D 11) E

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

Questões Comentadas
Questão 1: ESAF - FR (Pref RJ)/Pref RJ/2010 - Sobre a Parceria Público-
Privada (PPP), assinale a opção correta.

a) São modalidades de PPP a concessão patrocinada e a concessão de uso.


b) É possível que o objeto do contrato de PPP seja atividade regulatória.

c) A modalidade de licitação para a PPP é a concorrência, não se admitindo,


portanto, a realização de lances em viva voz no processo licitatório.

d) O prazo de vigência do contrato de PPP pode ser de até quarenta anos.

e) Antes da celebração do contrato de PPP, deverá ser constituída sociedade


de propósito específico, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria.

Comentários:

A resposta é letra E.

Talvez pelo assunto ser novo no cenário nacional, as bancas examinadoras


ainda não estejam desafiando nossa inteligência, como ocorre nas demais
partes da disciplina, as questões sobre PPP são estritamente literais.

Quanto ao assunto SPE, segue a reprodução do art. 9º da Lei n.


11.079/2004.

Art. 9o Antes da celebração do contrato, deverá ser


constituída sociedade de propósito específico, incumbida de
implantar e gerir o objeto da parceria.
§ 1o A transferência do controle da sociedade de propósito específico
estará condicionada à autorização expressa da Administração Pública,
nos termos do edital e do contrato, observado o disposto no
parágrafo único do art. 27 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de
1995.
§ 2o A sociedade de propósito específico poderá assumir a forma de
companhia aberta, com valores mobiliários admitidos a negociação no
mercado.
§ 3o A sociedade de propósito específico deverá obedecer a padrões
de governança corporativa e adotar contabilidade e demonstrações
financeiras padronizadas, conforme regulamento.
§ 4o Fica vedado à Administração Pública ser titular da maioria do
capital votante das sociedades de que trata este Capítulo.
§ 5o A vedação prevista no § 4o deste artigo não se aplica à eventual
aquisição da maioria do capital votante da sociedade de propósito
específico por instituição financeira controlada pelo Poder Público em
caso de inadimplemento de contratos de financiamento.

A ideia da participação do Poder Público é igual àquela já construída com


relação às garantias, não é lógico que o Poder Público controle a SPE, isso
porque não teríamos uma PPP, mas sim Parceria Público-Público.

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

Só lembro que, para toda boa regra, segue uma excelente exceção. Assim,
imaginando que o financiador da SPE é o BNDESPAR (empresa pública
federal), ao haver o inadimplemento por parte da concessionária, é possível
que indiretamente o Estado passe ao controle da SPE, mas, lembrem-se,
isso é excepcional!

Lembro que, nos contratos da PPP, podem ser previstas cláusulas


adicionais, conforme estabelecido no §2º do art. 5º. Vejamos:

§ 2º Os contratos poderão prever adicionalmente:


I - os requisitos e condições em que o parceiro público autorizará a
transferência do controle da sociedade de propósito específico para os
seus financiadores, com o objetivo de promover a sua reestruturação
financeira e assegurar a continuidade da prestação dos serviços, não
se aplicando para este efeito o previsto no inciso I do parágrafo único
do art. 27 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995;
II - a possibilidade de emissão de empenho em nome dos
financiadores do projeto em relação às obrigações pecuniárias da
Administração Pública;
III - a legitimidade dos financiadores do projeto para receber
indenizações por extinção antecipada do contrato, bem como
pagamentos efetuados pelos fundos e empresas estatais garantidores
de parcerias público-privadas.

As demais alternativas estão incorretas. Vejamos.

Na letra A, são modalidades de PPP a concessão patrocinada e a concessão


administrativa.

A patrocinada não oferece problemas, afinal, o próprio nome já denuncia


seu significado: é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas
simples (regida pela Lei 8.987/1995), com cobrança de tarifas, e ADIÇÃO
da contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado
(TARIFA + CONTRAPRESTAÇÃO PECUNIÁRIA).

Em síntese: se não houver contraprestação do Poder Concedente, teremos


uma concessão COMUM (leia-se: regida pela Lei 8.987/1995).

Já a PPP concessão administrativa refere-se a contrato de prestação de


serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta,
ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.

Para as letras B e D, transcrevo, a seguir, as principais vedações:

a) Quanto ao valor: a PPP não pode ser inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte


milhões de reais);
b) Quanto ao tempo: a PPP deve ter periodicidade mínima de cinco anos e
máxima de 35 anos;
c) Quanto à área de atuação: a PPP não pode ser utilizada para
delegação das atividades de Poder de Polícia, Regulação, e Jurisdicional
(serviços exclusivos do Estado, portanto);

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


d) Quanto à matéria: não é cabível para o objeto único de fornecimento
de mão-de-obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a
e ecução de obra pública. Se isso fosse possível, teríamos uma empreitada
e não uma concessão!

Na letra C, a modalidade de licitação para a PPP é a concorrência, no


entanto, à semelhança do pregão, admite-se a realização de lances em viva
voz no processo licitatório.

Questão 2: ESAF - EPPGG/MPOG/2009 - Identifique, entre as modalidades


de parcerias entre os setores público e privado, a modalidade que não é
pertinente a uma PPP (Parceria Público-Privado).

a) Modalidade na qual a construção é separada juridicamente da operação,


já que neste caso o empreendimento da construção cabe ao setor privado,
mas, após o fim da mesma, o direito de concessão cabe ao Estado, que
diante de outro ato legal, concede a exploração à mesma empresa ou a
outra.

b) Mecanismo de concessão para a exploração de um serviço público, no


qual o setor privado exige do Estado uma taxa de risco social para adquirir
a concessão.

c) Mecanismo de concessão para a exploração de um serviço público, na


qual a empresa fica com plenos direitos sobre o projeto, sem devolução
posterior para o Estado, não havendo prazo final da concessão.

d) Venda da concessão para o setor privado de um ativo já em operação,


acompanhada da obrigação de operação e eventual expansão por parte dos
novos controladores.

e) Mecanismo de concessão para a exploração de um serviço público, no


final da qual, porém, ela retorna às mãos do Estado.

Comentários:

A resposta é letra B.

Não é uma questão trivial, isso porque a banca não faz alusão,
expressa, à Lei Federal da Parceria Público-Privada, ao revés,
registra as PPPs de uma forma geral. E, no caso, muitos bons
candidatos fizeram-na tendo em vista a legislação brasileira.

No Brasil, a Lei da PPP (Parceria Público-Privada) prevê dois tipos


de concessão: a patrocinada e a administrativa. A seguir, vejamos
as definições desses tipos de concessão especial:

Art. 2o Parceria público-privada é o contrato administrativo de


concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa.

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


§ 1o Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de
obras públicas de que trata a Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de
1995, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários
contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.
§ 2o Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços
de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta,
ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de
bens.
§ 3o Não constitui parceria público-privada a concessão comum,
assim entendida a concessão de serviços públicos ou de obras
públicas de que trata a Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995,
quando não envolver contraprestação pecuniária do parceiro público
ao parceiro privado.

Há, especialmente na concessão patrocinada, a exploração de serviço


público, no qual o setor privado, além das tarifas pagas pelos usuários, é
remunerado pelo Estado. Não há, portanto, uma taxa de risco social para
adquirir a concessão, afinal os riscos, objetivos, são repartidos entre o
Estado e o setor privado. E a PPP é orientada para empreendimentos em
que o retorno social é superior àquele previsto no setor privado.

Os demais itens estão corretos. Vejamos.

Na letra A, na PPP, no Brasil, é condição sine qua non que a empresa


vencedora do certame, depois de constituída em sociedade de propósito
específico, execute a operação. Ou seja, além da eventual obra
(construções), a empresa deve se encarregar da execução dos serviços.
Ocorre que a questão é genérica. Assim, seguindo a literatura sobre
parcerias, está-se diante da BTO (build-transfer-operate).

Na letra C, as concessões especiais, na modalidade PPP, no Brasil,


extinguem-se, pelo advento do termo contratual, no prazo máximo de 35
anos. E os bens utilizados para a consecução dos serviços públicos,
considerados reversíveis, retornarão ao patrimônio público, à vista do
princípio da continuidade dos serviços públicos. Porém, mais uma vez, a
questão foi genérica, tratando das parcerias de uma forma geral. Está-se
diante da modalidade BOO (Build-Own-Operate), similar ao BOT, com a
diferença de que não há prazo para a concessão.

Na letra D, o pressuposto da PPP, no Brasil, é, especialmente, a falta de


dinheiros públicos para o aporte em infraestrutura. Por isso, abre-se um
procedimento de licitação, à busca de empresas interessadas que possam
investir na área. Em contrapartida, a concessionária fará jus a valores
pagos pelos eventuais usuários e contraprestação por parte do Poder
Público (na concessão patrocinada, por exemplo). Ou seja, não há,
portanto, a venda da concessão para o setor privado de um ativo já em
operação. Porém, a questão foi geral. Está-se diante do BBO (Buy-Build-
Operate), ou seja, transferência para o setor privado de ativo já em
operação.

Na letra E, está-se diante do BOT (build-operate-transfer). Mecanismo

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


clássico de concessão para a exploração de um serviço público, no final da
qual, porém, ela retorna às mãos do Estado.

Questão 3: ESAF - PFN/PGFN/2012 - Relativamente às parcerias público-


privadas a que se refere a Lei n. 11.079, de 2004, assinale a opção correta.

a) Sempre devem ser precedidas de licitação, na modalidade concorrência


ou pregão.
b) Admite-se que os valores mobiliários atinentes à sociedade de propósito
específico possam ser negociados no mercado.
c) Como regra, a sociedade de propósito específico deverá, direta ou
indiretamente, ser controlada pela Administração Pública, que deterá a
maioria do capital social com direito a voto.

d) Antes da celebração do contrato de parceria, poderá ser constituída


sociedade de propósito específico, que ficará responsável pela gestão das
atividades pactuadas.

e) Consoante a legislação pátria, admite-se um único órgão gestor das


parcerias público-privadas, que contará com a participação obrigatória de
representantes de todos os estados, ao lado de representantes da União.

Comentários:

A resposta é letra B.

Exatamente nos termos do §2º do art. 9º da Lei 11.079, de 2004 (Lei da


Parceira Público-Privada).

Art. 9º Antes da celebração do contrato, deverá ser constituída


sociedade de propósito específico, incumbida de implantar e gerir o
objeto da parceria.
§ 2 A sociedade de propósito específico poderá assumir a forma de
companhia aberta, com valores mobiliários admitidos a negociação no
mercado.

As demais alternativas estão incorretas. Vejamos.

Na letra A, a modalidade é a concorrência. Abaixo:

Art. 10. A contratação de parceria público-privada será precedida de


licitação na modalidade de concorrência, estando a abertura do
processo licitatório condicionada a: (...).

Na letra C, o poder público, por questões óbvias, não pode ser o titular da
maior do capital votante. Vejamos:

Art. 9º Antes da celebração do contrato, deverá ser constituída


sociedade de propósito específico, incumbida de implantar e gerir o
objeto da parceria.

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

(...)

§ 4o Fica vedado à Administração Pública ser titular da maioria do


capital votante das sociedades de que trata este Capítulo.

Na letra D, a constituição da SPE não é uma recomendação, é uma


determinação. É dever da vencedora do certame constituir a SPE, esta é
que celebrará o contrato administrativo. Vejamos:

Art. 9º Antes da celebração do contrato, deverá ser constituída


sociedade de propósito específico, incumbida de implantar e gerir o
objeto da parceria.

Na letra E, temos que a Lei da PPP é uma norma híbrida, isso porque, ao
lado das normas gerais, aplicáveis a todos os entes políticos, há dispositivos
de alcance restrito à União. O art. 14, por exemplo, é de aplicação restrita à
União, e cuida do órgão gestor de parcerias público-privadas. Nos termos do
§1º do art. 14 da Lei, o órgão gestor será composto por indicação nominal
de um representante titular e respectivo suplente de cada um dos seguintes
órgãos:

I - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, ao qual cumprirá a


tarefa de coordenação das respectivas atividades;
II - Ministério da Fazenda;
III - Casa Civil da Presidência da República.

Acrescento que, das reuniões do órgão gestor para examinar projetos de


parceria público-privada, participará um representante do órgão da
Administração Pública direta cuja área de competência seja pertinente ao
objeto do contrato em análise.

Questão 4: ESAF - APOFP SP/SEFAZ SP/2009 - Acerca dos serviços


públicos, assinale a opção correta.

a) Vários são os conceitos encontrados na doutrina para serviços públicos,


podendo-se destacar como toda atividade material que a lei atribui ao
Estado para que a exerça diretamente ou por meio de outras pessoas
(delegados), com o objetivo de satisfazer às necessidades coletivas,
respeitando-se, em todo caso, o regime jurídico inteiramente público.

b) Pode-se dizer que toda atividade de interesse público é serviço público.

c) A legislação do serviço público tem avançado, apresentando modelos


mais modernos de prestação, em que se destaca, por exemplo, a parceria
públicoprivada, com duas previsões legais: patrocinada ou administrativa.

d) São princípios relacionados ao serviço público: continuidade do serviço


público, imutabilidade do regime jurídico e o da igualdade dos usuários.

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


e) Para que seja encarada a atividade do Estado como serviço público,
deve-se respeitar a gratuidade quando de sua aquisição pelo usuário.

Comentários:

A resposta é letra C.

Os §§1º e 2º do art. 2º da Lei 11.079/2004 (Lei da Parceria Público-Privada


- PPP) registra duas modalidades de PPP: patrocinada e
administrativa.

A patrocinada não oferece problemas, afinal, o próprio nome já denuncia


seu significado: é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas
simples (regida pela Lei 8.987/1995), com cobrança de tarifas, e
ADIÇÃO da contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro
privado (TARIFA + CONTRAPRESTAÇÃO PECUNIÁRIA).

Em síntese: se não houver contraprestação do Poder Concedente,


teremos uma concessão COMUM (leia-se: regida pela Lei 8.987/1995).

Já a PPP concessão administrativa refere-se a contrato de prestação de


serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta,
ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.

Os demais itens estão incorretos. Vejamos.

Na letra A, não há definição constitucional ou legal para serviços públicos.


A definição, portanto, é eminentemente doutrinária. E, no campo da
doutrina, destacam-se os mais variados conceitos. Há quem os defina, por
exemplo, “como toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que
a exerça diretamente ou por meio de outras pessoas (delegados), com o
objetivo de satisfazer às necessidades coletivas”. Porém o regime não é,
necessariamente, integralmente público. A depender do caso concreto,
pode ser híbrido, como, por exemplo, os serviços prestados pelas
concessionárias, pessoas jurídicas de Direito Privado.

Na letra B, os serviços públicos não se confundem, por exemplo, com o


exercício regular do Poder de Polícia, embora ambas as atividades sejam de
interesse público. O serviço público é atividade positiva, em que o Estado
permite a fruição de direitos pelos administrados. O poder de polícia, por

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


sua vez, é atividade negativa, em que o Estado requer uma abstenção do
particular (um não fazer).

Na letra D, os serviços públicos são marcados por princípios, como, por


exemplo, o da continuidade, da igualdade, da adequação, da eficiência, da
regularidade, e o da MUTABILIDADE, especialmente, nesse caso, à vista
do caráter dinâmico dos serviços públicos.

Na letra E, os serviços públicos nem sempre são gratuitos. Inclusive,


quando prestados por concessionárias ou permissionárias, é regra que os
usuários honrem os serviços com o pagamento de tarifas. De acordo com a
Lei 8.987, de 1995, os preços dos serviços públicos devem ser
módicos (princípio da modicidade das tarifas).

Questão 5: ESAF - AIET/DNIT/Ambiental/2013 - A respeito das parcerias


público-privadas, analise as assertivas a seguir classificando-as em falsas
ou verdadeiras.

Ao final, assinale a opção que contenha a sequência correta.

( ) As obrigações pecuniárias contraídas pela Administração Pública em


contrato de parceria público-privada poderão ser garantidas mediante
títulos da dívida agrária.

( ) É possível haver pagamento de contraprestação pela Administração


Pública sem que obrigatoriamente seja precedido pela integral
disponibilização do serviço pelo parceiro privado.

( ) Os contratos de parceria público-privada poderão prever a possibilidade


de emissão de empenho em nome dos financiadores do projeto em relação
às obrigações pecuniárias da Administração Pública.

( ) A contraprestação da Administração Pública nos contratos de parceria


público-privada poderá ser feita mediante outorga de direitos sobre bens
públicos afetados de uso comum do povo.

( ) As concessões patrocinadas em que mais de 70% da remuneração do


parceiro privado deva ser paga pela Administração Pública dependerão de
autorização legislativa.

a) V, V, V, F, V

b) F, V, V, V, V

c) V, F, F, F, V

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


d) V, V, V, V, F

e) F, V, V, F, V

Comentários:

A resposta é letra E (F, V, V, F, V).

Item I - FALSO. O art. 8º da Lei da PPP prevê um rol de garantias, entre


as quais:

I - vinculação de receitas, observado o disposto no inciso IV do art. 167 da


Constituição Federal;
II - instituição ou utilização de fundos especiais previstos em lei;
III - contratação de seguro-garantia com as companhias seguradoras que
não sejam controladas pelo Poder Público;
IV - garantia prestada por organismos internacionais ou instituições
financeiras que não sejam controladas pelo Poder Público;
V - garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa estatal criada para
essa finalidade;

Item II - VERDADEIRO. O §1º do art. 7º da Lei da PPP faculta o


pagamento da parcela fruível. Vejamos:

Art. 7o A contraprestação da Administração Pública será obrigatoriamente


precedida da disponibilização do serviço objeto do contrato de parceria
público-privada.

§ 1o É facultado à administração pública, nos termos do contrato, efetuar o


pagamento da contraprestação relativa a parcela fruível do serviço objeto
do contrato de parceria público-privada.

Noutras palavras – é possível que o Poder Público pague por aquilo que já
foi disponibilizado pelo parceiro privado à população (a parcela fruível do
objeto).

Item III - VERDADEIRO. O §2º do art. 5º da Lei da PPP possibilita a


emissão de empenho em nome dos financiadores do projeto em relação às
obrigações a cargo da Administração. Abaixo:

§ 2o Os contratos poderão prever adicionalmente:


I - os requisitos e condições em que o parceiro público autorizará a
transferência do controle da sociedade de propósito específico para os seus
financiadores, com o objetivo de promover a sua reestruturação financeira e
assegurar a continuidade da prestação dos serviços, não se aplicando para
este efeito o previsto no inciso I do parágrafo único do art. 27 da Lei no
8.987, de 13 de fevereiro de 1995;
II - a possibilidade de emissão de empenho em nome dos
financiadores do projeto em relação às obrigações pecuniárias da
Administração Pública;
III - a legitimidade dos financiadores do projeto para receber indenizações
por extinção antecipada do contrato, bem como pagamentos efetuados

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


pelos fundos e empresas estatais garantidores de parcerias público-
privadas.

Item IV - FALSO. O erro é que a outorga de direitos recai sobre os bens


públicos dominicais e não de uso comum ou especial. Os bens dominicais
são os que integram o patrimônio fiscal do Estado. Vejamos:

Art. 6o A contraprestação da Administração Pública nos contratos de


parceria público-privada poderá ser feita por:
I - ordem bancária;
II - cessão de créditos não tributários;
III - outorga de direitos em face da Administração Pública;
IV - outorga de direitos sobre bens públicos dominicais;
V - outros meios admitidos em lei.

Item V - VERDADEIRO. É o que prevê o §3º do art. 10 da Lei da PPP, a


seguir:

§ 3o As concessões patrocinadas em que mais de 70% (setenta por cento)


da remuneração do parceiro privado for paga pela Administração Pública
dependerão de autorização legislativa específica.

Questão 6: ESAF - AFT/MTE/2010 - Um consórcio público, com


personalidade jurídica de direito público, composto por alguns municípios,
pelos respectivos governos estaduais e pela União, integra:

a) nos municípios e nos estados, a administração direta; na União, a


administração indireta.

b) nos municípios, nos estados e na União, a administração indireta.

c) nos municípios, a administração direta; nos estados e na União, a


administração indireta.

d) nos municípios, nos estados e na União, a administração direta.

e) nos municípios e nos estados, a administração indireta; na União, a


administração direta.

Comentários:

Os consórcios públicos adquirem personalidade de direito privado ou de


direito público. Neste último caso, segundo a Lei dos Consórcios Públicos, os
consórcios integrarão, na qualidade de associações públicas, a
Administração Indireta de todos os Entes Políticos, daí a correção da
alternativa "B".

Questão 7: ESAF - AFC (CGU)/CGU/Auditoria e Fiscalização/Saúde/2008 -


Sobre as contratações de consórcios públicos é correto afirmar que:

a) os objetivos dos consórcios públicos serão determinados pela lei.

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


b) é admitida a cláusula do contrato de consórcio que preveja determinadas
contribuições financeiras ou econômicas de ente da Federação ao consórcio
público, salvo a doação, destinação ou cessão do uso de bens móveis ou
imóveis e as transferências ou cessões de direitos operadas por força de
gestão associada de serviços públicos.

c) o contrato de consórcio público deve, como condição de validade, ser


celebrado por todos os entes da Federação que subscreveram o protocolo
de intenções.

d) a execução das receitas e despesas do consórcio público não deverá


obedecer às normas de direito financeiro aplicáveis às entidades públicas,
por se constituir como pessoa jurídica de direito privado.

e) para o cumprimento de seus objetivos, o consórcio público poderá ser


contratado pela administração direta ou indireta dos entes da Federação
consorciados, dispensada a licitação.

Comentários:
Alternativa A - INCORRETA. A constituição dos consórcios públicos é
precedida da formação de um protocolo de intenções, típico ato negocial.
Esse protocolo de intenções é uma reunião prévia entre os entes
interessados na formação do consórcio, oportunidade que fixarão, entre
outras cláusulas, a denominação, o prazo de duração, a sede, e os
objetivos dos consórcios (art. 4º da Lei 11.107, de 2005), daí a incorreção
da alternativa.

Alternativa B - INCORRETA. A forma correta de os entes consorciados


contribuírem para a formação do consórcio público é com a entrega de
dinheiros públicos no chamado CONTRATO DE RATEIO (art. 8º), por esse
motivo, o Legislador veda determinadas contribuições financeiras ou
econômicas de ente da Federação ao consórcio público, sendo o contrato de
rateio o instrumento adequado.
Agora, não existe vedação para a doação, destinação ou cessão do
uso de bens móveis ou imóveis e as transferências ou cessões de direitos
operadas por força de gestão associada de serviços públicos, inclusive, ao
se promover a cessão de servidores, sendo até cabível solicitar um
desconto dentro do critério de rateio, daí a incorreção da alternativa.

Alternativa C - INCORRETA. O contrato de consórcio público será


celebrado com a ratificação, mediante lei, do protocolo de intenções. No
contrato de consórcio, pode ser facultada a formação parcial, ou seja, pode
ser celebrado por apenas alguns dos entes da Federação que subscreveram
o protocolo de intenções (§1º do art. 5º), daí a incorreção da alternativa.
A ratificação pode ainda ser feita com reserva, algo parecido como
aquilo que amigos já ouviram sobre os Tratados Internacionais, enfim, um
ente político pode se negar a cumprir tudo aquilo que foi pactuado no
protocolo de intenções, nesse caso, se aceita a reserva pelos demais entes
subscritores, teremos um consorciamento parcial ou condicional.

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


O órgão máximo do consórcio público denomina-se Assembleia Geral.
Esse órgão é responsável por homologar, caso a caso, a entrada de entes
políticos que tenham ratificado o protocolo de intenções depois de dois
anos.

Alternativa D - INCORRETA. Nos termos do art. 9º, a execução das


receitas e despesas do consórcio público deverá obedecer às normas de
direito financeiro aplicáveis às entidades públicas, daí a incorreção da
alternativa.

Alternativa E - CORRETA. Tais consórcios podem, de fato, ser


contratados diretamente sem licitação pelos entes da Administração, daí a
correção da alternativa. Ainda sobre consórcios públicos, devemos estar
atento que quando forem compostos por até três entes políticos, nas
modalidades de licitação Tomada de Preços, Convite e Concorrência, os
valores permitidos serão duplicados, e quando forem compostos por mais
de 3 entes políticos, os valores permitidos serão triplicados.

Questão 8: ESAF - AFC (STN)/STN/Contábil-Financeira/2008 - Assinale a


opção falsa a respeito dos consórcios públicos de que trata a Lei n.
11.107/2005.

a) Os consórcios públicos podem-se constituir em forma de pessoa jurídica


de direito público ou de direito privado.
b) Os consórcios públicos podem ser contratados pelos entes da
administração direta ou indireta da Federação consorciados, desde que
previamente habilitados em processo licitatório.

c) É facultado ao ente da federação retirar-se do consórcio público.

d) Os consórcios públicos, na área de saúde, deverão obedecer aos


princípios, normas e diretrizes que regulam o Sistema Único de Saúde.

e) Os entes consorciados somente entregarão recursos aos consórcios


públicos mediante contrato de rateio.

Comentários:
A figura dos consórcios públicos encontra-se expressamente mencionada no
texto da atual Constituição Federal. A bem do esclarecimento, veja o que
diz o art. 241 do texto da Carta Magna, que assim dispõe:

A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão


por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação
entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços
públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos,
serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços
transferidos.

Regulamentando o art. 241 da CF/88, a Lei 11.107/2005 deu a

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 45 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


possibilidade de criação de consórcios públicos dotados de personalidade
jurídica de direito público ou de direito privado. No 1º caso (de direito
público), os consórcios são denominados de “Associações Públicas” (§ 1º do
art. 6º da Lei 11.107/2005), e integrarão a Administração Indireta de todos
os entes da federação consorciados. Explique-se como funciona.

Suponha que diversos municípios pretendam se associar para prestar


serviços de saúde pública. Podem para isso optar pela criação de um
consórcio público, de maneira a otimizar os esforços de gerenciamento
nesta área. É possível a participação, no consórcio, dos Estados Membros
ou mesmo da União? SIM, ante o que estabelece o art. 1º da Lei
11.107/2005. No caso da União, um detalhe: A União só participará de
consórcios públicos em que também façam parte todos os Estados
em cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados.
Mais um exemplo ilustrativo, a partir do anterior.

Os municípios que se consorciaram para a prestação dos serviços de saúde


no parágrafo anterior são, ilustrativamente, alguns do Maranhão, outros do
Tocantins e mais outros do Piauí. A União só pode participar do consórcio se
todos os Estados mencionados também fizerem parte do consórcio. Se um
destes Estados não participar, a União não poderá participar, em razão do
que dispõe o § 2º do art. 1º da mesma Lei 11.107/2005.

Os consórcios públicos DE DIREITO PÚBLICO são apontados pela (ainda


escassa) doutrina como verdadeiras AUTARQUIAS, de caráter
interfederativo, uma vez que conta com a participação de diversos entes da
federação. Os consórcios públicos criados na forma aqui explicitada
integram, como já dito, a Administração Indireta de todos os entes
consorciados, ou seja, de todos os Municípios, Estados, DF e União,
conforme caso, que participem do consórcio. Feitos os esclarecimentos
quanto ao consórcio público de direito público, fica a pergunta: e os
consórcios públicos de direito privado, onde se colocam? Não integram a
Administração Indireta?

Esta resposta, lamentavelmente, vamos ficar devendo. COMO ASSIM?????


FICAR DEVENDO??? É, amigos, ficamos devendo porque simplesmente a
LEGISLAÇÃO É OMISSA QUANTO AOS CONSÓRCIOS PÚBLICOS DE DIREITO
PRIVADO, PASMEM! SIMPLESMENTE APONTA QUE ELES PODEM SER
CRIADOS, MAS NÃO DÁ SOLUÇÃO QUANTO À SUA LOCALIZAÇÃO. Mas,
então, pela Lei 11.107, SÓ OS CONSÓRCIOS PÚBLICOS DE DIREITO
PÚBLICO INTEGRAM A ADMINISTRAÇÃO INDIRETA DOS ENTES
FEDERATIVOS QUE FIZEREM PARTE DO CONSÓRCIO. Pois bem. Vistos
estes comentários, vamos partir para a resolução do item, com atenção de
que o examinador demanda o INCORRETO.

- Letra A: CERTA. Em exata conformidade com o exposto - os consórcios


públicos podem ser constituídos sob o Direito Público (no que serão
autarquias) ou sob o Direito Privado (na forma da legislação civil).

- Letra B: ERRADA. Há um erro ‘crasso’ na formulação do item: A primeira


parte do item que, aliás, é mal construído (falta clareza), dá a entender que
os órgãos da Administração Direta ou entidades da Indireta fariam parte do

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 46 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


consórcio público. Não fazem. Quem participa do consórcio são ENTES DA
FEDERAÇÃO (as pessoas políticas, portanto). O item, então, está ERRADO,
já que entidades ADMINISTRATIVAS, ou mesmo os órgãos da Administração
Direta, não participarão do consórcio público. Aproveitando a oportunidade,
observe o que diz a Lei 11.107/2005:

Art. 2o Os objetivos dos consórcios públicos serão determinados pelos entes


da Federação que se consorciarem, observados os limites constitucionais.
§ 1o Para o cumprimento de seus objetivos, o consórcio público poderá:
(...)
III - ser contratado pela administração direta ou indireta dos entes da
Federação consorciados, dispensada a licitação.

Verifique que os consórcios públicos podem ser contratados pelos entes


federativos de modo DIRETO, por intermédio de licitação dispensada, ok?
Agora, compare com a parte final do item: Os consórcios públicos podem
ser contratados pelos entes da administração direta ou indireta da
Federação consorciados, desde que previamente habilitados em processo
licitatório.

Não há essa condicionante do ‘desde que’ em diante, uma vez que os


consórcios públicos podem ser contratados com base na licitação
dispensada.

- Letra C: CERTA. A questão é mais de lógica, do que qualquer outra coisa –


não faria sentido o ente público não poder se retirar do consórcio, pois,
afinal, os entes federativos são autônomos. E é nesse sentido a Lei 11.107,
que estabelece ritos para tanto (veja legislação citada abaixo).

- Letra D: CERTA. Veja o § 3º do art. 1º da Lei 11.107/2005 na legislação


abaixo.

- Letra E: CERTA. Mais uma vez que envolve a literalidade da Lei


11.107/2005. Veja o que diz o art. 8°, mais abaixo.

Legislação:
Lei 11.107/2005
Art. 1º (...)
§ 3o Os consórcios públicos, na área de saúde, deverão obedecer aos
princípios, diretrizes e normas que regulam o Sistema Único de Saúde
- SUS.
Art. 8o Os entes consorciados somente entregarão recursos ao
consórcio público mediante contrato de rateio.
Art. 11. A retirada do ente da Federação do consórcio público
dependerá de ato formal de seu representante na assembléia geral,
na forma previamente disciplinada por lei.

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 47 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


Questão 9: ESAF - EPPGG/MPOG/2009 - Quanto aos consórcios públicos e
à parceria público-privada, no âmbito da administração pública, marque a
opção incorreta.

a) A execução das receitas e despesas do consórcio público deverá


obedecer às normas de direito tributário aplicáveis às entidades privadas.
b) Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na
modalidade patrocinada.

c) A contratação de parceria público-privada será precedida de licitação na


modalidade de concorrência.

d) O edital para a contratação de parcerias público-privadas poderá prever


a inversão da ordem das fases de habilitação e julgamento.

e) Os agentes públicos incumbidos da gestão de consórcio não responderão


pessoalmente pelas obrigações contraídas pelo consórcio público.

Comentários:

A resposta é letra A.

Nos termos do art. 9º, a execução das receitas e despesas do consórcio


público deverá obedecer às normas de direito financeiro aplicáveis às
entidades públicas.

Os demais itens estão corretos, nos termos da Lei 11.079, de 2004. Abaixo.

Na letra B -

Art. 2o Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão,


na modalidade patrocinada ou administrativa.
§ 1o Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras
públicas de que trata a Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando
envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação
pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.
§ 2o Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que
a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva
execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.
§ 3o Não constitui parceria público-privada a concessão comum, assim
entendida a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que
trata a Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando não envolver
contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.

Na letra C -

Art. 10. A contratação de parceria público-privada será precedida de


licitação na modalidade de concorrência, estando a abertura do processo
licitatório condicionada a: (...).

Na letra D -

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 48 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


Art. 13. O edital poderá prever a inversão da ordem das fases de habilitação
e julgamento, hipótese em que:
I encerrada a fase de classificação das propostas ou o oferecimento de
lances, será aberto o invólucro com os documentos de habilitação do
licitante mais bem classificado, para verificação do atendimento das
condições fixadas no edital;
II - verificado o atendimento das exigências do edital, o licitante será
declarado vencedor;
III - inabilitado o licitante melhor classificado, serão analisados os
documentos habilitatórios do licitante com a proposta classificada em 2o
(segundo) lugar, e assim, sucessivamente, até que um licitante classificado
atenda às condições fixadas no edital;
IV - proclamado o resultado final do certame, o objeto será adjudicado ao
vencedor nas condições técnicas e econômicas por ele ofertadas.

Na letra E –

Exatamente como previsto no parágrafo único do art. 10 da Lei de


Consórcios Públicos. Vejamos:

Parágrafo único. Os agentes públicos incumbidos da gestão de consórcio


não responderão pessoalmente pelas obrigações contraídas pelo consórcio
público, mas responderão pelos atos praticados em desconformidade com a
lei ou com as disposições dos respectivos estatutos.

Questão 10: ESAF - AA (DNIT)/DNIT/Contábil/2013 - A respeito dos


conceitos, constituição, formas e objetivos dos consórcios públicos de que
trata a Lei n. 11.107/2005, é correto afirmar, exceto:

a) a participação da União na formação dos consórcios públicos está


condicionada à participação de todos os Estados em cujos territórios
estejam situados os municípios consorciados.

b) a celebração de protocolo de intenções é condição necessária para a


constituição do consórcio público.

c) para o cumprimento dos seus objetivos, os consórcios públicos podem


receber auxílios, subvenções e contribuições.

d) é vedado autorizar mediante contrato a permissão para que o consórcio


público promova a outorga, concessão e permissão de obras ou serviços
públicos.

e) Pode ser constituído na forma de associação pública ou pessoa jurídica


de direito privado.

Comentários:

A resposta é letra D.

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 49 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


Os consórcios públicos são pessoas de direito público ou de direito privado,
e, enquanto gestoras da coisa pública, sujeitam-se aos princípios da
Administração. Por e emplo, nos termos do §3º do art. 1º, os consórcios
públicos, na área de saúde, deverão obedecer aos princípios, diretrizes e
normas que regulam o Sistema Único de Saúde – SUS.

Essa é uma das restrições dos consórcios, ao lado ainda da observância das
normas de contabilidade pública. Há, no entanto, algumas prerrogativas,
como, por exemplo:

I – firmar convênios, contratos, acordos de qualquer natureza, receber


auxílios, contribuições e subvenções sociais ou econômicas de outras
entidades e órgãos do governo;
II – nos termos do contrato de consórcio de direito público, promover
desapropriações e instituir servidões nos termos de declaração de utilidade
ou necessidade pública, ou interesse social, realizada pelo Poder Público; e
III – ser contratado pela administração direta ou indireta dos entes da
Federação consorciados, dispensada a licitação.

Adicionalmente, a Lei prevê que:

- Os consórcios públicos poderão emitir documentos de cobrança e exercer


atividades de arrecadação de tarifas e outros preços públicos pela prestação
de serviços ou pelo uso ou outorga de uso de bens públicos por eles
administrados ou, mediante autorização específica, pelo ente da Federação
consorciado.
- Os consórcios públicos poderão outorgar concessão, permissão ou
autorização de obras ou serviços públicos mediante autorização
prevista no contrato de consórcio público, que deverá indicar de
forma específica o objeto da concessão, permissão ou autorização e
as condições a que deverá atender, observada a legislação de
normas gerais em vigor (alternativa D).

Os demais itens estão corretos. Vejamos:

Na letra A, o consórcio público é formado pela reunião exclusiva de


esforços de entes políticos, como, por exemplo, os consórcios
intermunicipais [dois ou mais municípios]. Impede-se, portanto, a formação
de consórcio público entre entidades administrativas, como, por exemplo,
autarquias e fundações públicas. Quanto à União, a lei criou uma vedação
bem específica de sua participação. No caso, o município só poderá
formalizar consórcio com a União se o Estado do referido município também
participar do consórcio.

Na letra B, a constituição dos consórcios públicos é precedida de um


protocolo de intenções, típico ato administrativo negocial. Esse protocolo
de intenções é, em linhas gerais, o resultado de uma reunião prévia entre
os entes federativos interessados na formação do consórcio, oportunidade
em que fixarão, entre outras cláusulas, a denominação, o prazo de duração,
a sede, e a finalidade (objetivos) dos consórcios (art. 4º).

Na letra C, como esclarecido acima, os consórcios poderão, por exemplo,

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 50 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges


firmar convênios, contratos, acordos de qualquer natureza, receber auxílios,
contribuições e subvenções sociais ou econômicas de outras entidades e
órgãos do governo.

Na letra E, os consórcios públicos adquirem personalidade jurídica, ora de


Direito Privado, ora de Direito Público. Se de Direito Público, a configuração
é de associação pública, que, nos termos da Lei, integrará a Administração
Indireta de todos os entes consorciados. Acrescenta-se que a associação
pública foi inserida, no CC, de 2002, ao lado das autarquias, e, bem por
isso, a doutrina reconhece a estas entidades natureza autárquica.

Questão 11: ESAF - AFC (STN)/STN/Contábil-Financeira/2008 - Quanto


aos convênios e aos consórcios públicos, está incorreta a afirmativa:

a) a União pode realizar convênio com os consórcios públicos, desde que


com o objetivo de viabilizar a descentralização e a prestação de políticas
públicas em escalas adequadas.
b) a administração direta ou indireta dos entes da Federação consorciados
poderá contratar diretamente o consórcio público, mediante dispensa de
licitação, para o cumprimento de seus objetivos.

c) o consórcio público poderá constituir personalidade jurídica de direito


público, no caso de constituir associação pública, ou de direito privado.

d) o Tribunal de Contas competente para apreciar as contas do Chefe do


Poder Executivo representante legal do consórcio sujeita também ao seu
controle contábil, operacional e patrimonial o consórcio público.

e) a execução das receitas e das despesas dos consórcios públicos com


personalidade jurídica de direito privado não se sujeita às normas de direito
financeiro aplicáveis às entidades públicas.

Comentários:

Vamos aos comentários diretos dos itens, pois será mais produtivo.

- Letra A: CERTA. Sinteticamente, os convênios são pactos de comum


acordo, onde os interesses são mútuos. A doutrina diz que nos convênios
não existem partes, mas sim partícipes, ou seja, participantes, que têm
interesses que caminham lado a lado, convergentes, portanto. Já consórcios
públicos, na forma da Lei 11.107/2005, são contratos administrativos
celebrados por entes políticos, apenas (leia-se: federados - União, estados,
DF, municípios). Isso quer dizer que não existem consórcios públicos
celebrados entre entes administrativos (autarquias, fundações, e empresas
governamentais não firmam consórcios públicos, portanto). Nesse contexto,
veja o que diz a Lei 11.107/2005:

Art. 14. A União poderá celebrar convênios com os consórcios públicos, com
o objetivo de viabilizar a descentralização e a prestação de políticas públicas
em escalas adequadas.

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 51 de 52


Curso Teórico de Direito Administrativo

Profº Cyonil Borges

Significa dizer que a União poderá se valer de convênios com consórcios


públicos, de modo a e ecutar da melhor maneira possível as políticas
públicas a seus encargos.

- Letra B: CERTA. Veja o que diz o art. 2º da Lei 11.107/2005:

§ 1o Para o cumprimento de seus objetivos, o consórcio público poderá:


(...)
III – ser contratado pela administração direta ou indireta dos entes da
Federação consorciados, dispensada a licitação.

O item está correto, então.

- Letra C: CERTA. Veja o que diz o art. 1º da Lei 11.107/2005:

§ 1o O consórcio público constituirá associação pública ou pessoa jurídica de


direito privado.

E os consórcios públicos que sejam associações públicas são, de fato,


pessoas de direito público (veja o art. 6º da Lei 11.107/2005, citada na
legislação abaixo).

- Letra D: CERTA. Como qualquer entidade administrativa, os consórcios


públicos se sujeitam ao controle por parte dos Tribunais de Contas. O item
em exame reproduz na literalidade o dispositivo da Lei 11.107/2005 que
cuida de tal ponto (veja na legislação abaixo).

- Letra E: ERRADA. Veja no caput do art. 9º da Lei 11.107/2005 que não se


faz distinção entre consórcios públicos, neste aspecto: sejam eles de direito
ou de direito privado, se submetem às normas de direito financeiro, no que
se refere à execução de receitas e despesas.

Legislação

Lei 11.107/2005
Art. 6o O consórcio público adquirirá personalidade jurídica:
I - de direito público, no caso de constituir associação pública,
mediante a vigência das leis de ratificação do protocolo de intenções;
II - de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da
legislação civil.
Art. 9o A execução das receitas e despesas do consórcio público
deverá obedecer às normas de direito financeiro aplicáveis às
entidades públicas.
Parágrafo único. O consórcio público está sujeito à fiscalização
contábil, operacional e patrimonial pelo Tribunal de Contas
competente para apreciar as contas do Chefe do Poder Executivo
representante legal do consórcio, inclusive quanto à legalidade,
legitimidade e economicidade das despesas, atos, contratos e
renúncia de receitas, sem prejuízo do controle externo a ser exercido
em razão de cada um dos contratos de rateio.

Profº Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 52 de 52

Você também pode gostar