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Mendes a 'mãe'
mãe africana
(1910-2008)
Enquanto que a figura de Oskar Schindler era aclamada pelo mundo graças a Steven
Spielberg, que se inspirou nele para rodar a película que conseguiria sete Óscares em 1993,
narrando a vida deste industrial alemão que evitou a morte de 1000 judeus nos campos de
concentração, Irene Sendler continuava a ser uma heroína desconhecida fora da Polónia e
apenas reconhecida no seu país por alguns historiadores, já que, nos anos do obscurantismo
comunista, a sua façanha tinha sido apagada dos livros de História. Além disso, ela nunca
contou nada a ninguém sobre a sua vida durante aqueles anos.
Como os alemães invasores tinham medo de uma possível epidemia de tifo, permitiram que
os polacos controlassem o recinto. De imediato, Irene Sendler se pôs em contacto com as
famílias, tendo proposto levar-lhes os filhos para fora do gueto… Mas não lhes podia dar
garantia alguma… Era um momento doloroso e bem probatório da história da Humanidade!!
Idealizou então um arquivo em que registava os nomes das crianças e as suas novas
identidades. Anotava os dados em pequenos pedaços de papel e guardava-os dentro de frascos
de conserva, que depois enterrava debaixo de uma macieira, no jardim do seu vizinho. Ali
guardou,
d sem que ninguém
é o suspeitasse, o passado
d de
d 2500 crianças… até é que os nazis se
foram embora….
Mas, um dia,
Mas dia os nazis souberam das suas actividades.
actividades Em 20 de Outubro de 1943,
1943 Irene
Sendler foi detida pela Gestapo e levada para a prisão de Pawiak, onde foi brutalmente
torturada. Num colchão de palha da sua cela encontrou uma estampa de Cristo. Conservou-a
como o resultado de um acaso milagroso naqueles duros momentos da sua vida, até ao ano de
1979, ano em que se desfez dela e a deu a João Paulo II. Irene era a única pessoa que sabia os
nomes e as direcções das famílias que albergavam as crianças judias; suportou a tortura e
recusou-se a atraiçoar os seus colaboradores ou qualquer uma das crianças escondidas.
Na prisão, quebraram-lhe os pés e as pernas, além de lhe imporem inumeráveis torturas.
No entanto,
entanto ninguém pôde quebrar a sua vontade. Foi assim sentenciada à morte. morte Uma
sentença que nunca se cumpriu, pois, a caminho do lugar da execução, o soldado que a levava
deixou-a escapar! A Resistência tinha-o subornado, porque não queriam que Irene Sendler
g
morresse com o segredo da localização
ç das crianças.
ç Passou então a figurar,
g oficialmente, nas
listas dos executados. Por isso, a partir de então, Irene pode continuar o seu trabalho, mas com
uma identidade falsa.
Anos mais tarde, a sua história apareceu num jornal acompanhada de fotos suas da época.
Várias pessoas começaram a telefonar-lhe para lhe dizer: «Recordo a sua cara…. Sou uma
dessas crianças, devo-lhe a minha vida, o meu futuro, e gostaria de a ver!»
Irene teve até ao fim, no seu quarto, centenas de fotos com algumas daquelas crianças
sobreviventes ou com os filhos delas.
delas O seu pai,
pai um médico que faleceu de tifo,
tifo quando ela
«Ajuda sempre o que se está a
ainda era pequena, inculcou-lhe o seguinte lema de vida:
afogar, sem levar em conta a sua religião ou a sua nacionalidade. Ajudar cada dia
alguém tem de ser uma necessidade que saia do nosso coração.»
coração »
Até ao dia da sua morte, Irene permaneceu sempre numa cadeira de rodas, devido às
lesões q
que suportou
p pelas torturas sofridas às mãos da Gestapo.
p p Não se considerou nunca uma
heroína. Nunca se atribuiu crédito algum pelas suas acções.
«Poderia ter feito mais, e este lamento continuará comigo até ao dia em que eu
morrer. Não se plantam sementes de comida. Plantam-se sementes de bondade.
Tratem de fazer um círculo
í de bondades; são
ã elas que vos irão
ã cercar e vos farão
ã
crescer, mais e mais….»