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Certo é que clamou e fez muito. Resistente à ocupação da França pelos nazis, antigo
deputado, Henri Grouès de seu nome de baptismo nasceu em 5 de Agosto de 1912 em Lyon,
numa família numerosa – há mais de uma década já tinha 123 sobrinhos. Estudou com os
jesuítas mas entrou aos 19 anos nos Franciscanos Capuchinhos. Já no tempo da ocupação
nazi, recorda a AFP, entrou na clandestinidade em 1942, ajudando judeus e resistentes.
Esteve preso em 1944 às ordens dos alemães, mas conseguiu escapar. Foi depois deputado
entre 1945 e 1951.
É precisamente nesse período em que, já dedicado a apoiar mães e crianças em
dificuldade, se sente levado a criar os Companheiros de Emaús. Em Julho de 1995, numa das
suas vindas a Portugal, o próprio contava que, perante um homem desesperado que queria
suicidar-se, lhe dissera: “Antes de te matares, não queres ajudar-me a acabar algumas destas
casas para estas mães que choram?”
Em 1954, durante um Inverno especialmente rigoroso, lançou o apelo à “insurreição da
bondade”, como lhe chamou. O apelo foi renovado 40 anos mais tarde, em 1994 (e de novo
em 2006, em plena Assembleia Nacional Francesa), para denunciar o “cancro da pobreza”,
pedir apoio para os mais de 400 mil sem-abrigo franceses e defender o direito ao alojamento
digno para todos. A sua popularidade levou-o a ser convidado há poucos anos para integrar
uma candidatura ao Parlamento Europeu.
No livro Testamento, escreve no final: “Se posso transmitir uma certeza aos que vão
conduzir a luta para instilar mais humanidade em tudo, será (decididamente, não posso
escrever outra coisa): ‘Viver é aprender a amar.’ ”
Foi esse o seu lema.
Algumas obras de Abbé Pierre: Dieu et les hommes (1993, avec Bernard Kouchner), Une terre et
des hommes (1994), Absolu (1994), Testament (1994), Dieu merci, (1995), Le bal des exclus (1996)
Mémoires d’un croyant (1997), Fraternité (1999), Paroles (1999), C’est quoi la mort ? (1999), Miettes
de vie (1999), En route vers l’absolu (2000), Confessions (2002), Je voulais être marin, missionnaire
ou brigand : carnets intimes et pensées choisies (2002), Mon Dieu... pourquoi ? (2005).