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Resumo
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envolvimento deles pelos conteúdos propostos, sem que fosse possível identificar as
razões que geravam situações tão distintas.
Visando ampliar o entendimento acerca da falta de interesse dos alunos frente
ao conhecimento escolar, tendo como noção chave a relação entre aluno e
conhecimento, efetuou-se um levantamento bibliográfico por meio da leitura de
resumos extraídos da base de dados da Capes (banco de teses e dissertações) e do sítio
Scielo Brazil. Foram escolhidas expressões que pudessem indicar as possíveis causas
para a falta de interesse dos alunos frente aos conteúdos escolares utilizando-se as
seguintes palavras-chave: “desinteresse dos alunos”, “alunos desinteressados”,
“indisciplina no ensino”, “fundamental e médio” e “professores bem sucedidos no
ensino fundamental”. Após vários refinamentos cujo principal critério consistiu nos
resumos que fizessem alguma menção sobre as causas da falta de interesse dos alunos
do Ensino Fundamental II e Médio frente ao conhecimento escolar, observou-se que a
temática envolvendo práticas pedagógicas foi a mais citada representando 41% do total,
um indicativo de que os métodos pedagógicos são considerados, no âmbito acadêmico,
numa importante ferramenta no processo de ensino e aprendizagem. Entretanto, de igual
maneira, observou-se que a maior parte dos resumos selecionados não abordou a
pressão que a sociedade exerce sobre aqueles que participam do processo educacional.
Em outras palavras, aspectos sociais que contribuem para a formação cultural dos
sujeitos, e que interferem no seu modo de agir e pensar, não foram analisados em
profundidade.
Ao se fazer o estudo a respeito da formação dos indivíduos, à luz da Teoria
Critica, percebeu-se que o indivíduo da sociedade administrada encontra-se em declínio,
envolto numa dominação ensejada pela racionalidade tecnológica. Crochík (1990) pela
perspectiva crítica conceituou a racionalidade tecnológica como sendo aquela que:
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Este item apresenta dados referentes às situações que ocorrem em sala de aula
envolvendo as atividades desenvolvidas por eles, no intuito de se observar como as
opiniões emitidas a respeito destas práticas pedagógicas influem no seu comportamento
frente à aquisição do saber.
Os dados foram obtidos por meio de um questionário aplicado em duas escolas
localizadas num bairro de classe média, próximas da região central de Santo André-SP.
Com relação aos critérios utilizados na escolha das escolas, no caso da instituição
pública, como o objetivo do trabalho foi investigar a relação que o aluno possui com os
métodos pedagógicos, se fez necessário selecionar uma escola que apresentasse
condições objetivas favoráveis à aprendizagem representados pela presença constante
de professores na escola, a existência de materiais didáticos disponíveis e gestores com
eficiência reconhecida pela comunidade. Desse modo, por intermédio da Diretoria de
Ensino de Santo André, a escola estadual alvo da pesquisa foi escolhida pelo fato de
apresentar um dos melhores índices do Saresp da cidade. No caso da rede particular, a
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seleção foi feita mediante a sua proximidade geográfica com a escola pública, já que
ambas situam-se no mesmo bairro.
A amostra de alunos para a realização da pesquisa foi composta de 68 alunos
no total, sendo que 48 alunos pertencem à escola estadual e 20 alunos a uma escola
particular. Os sujeitos da pesquisa são alunos do sexto ano do Ensino Fundamental.
Optou-se por este nível de escolaridade pelo fato do aluno do sexto ano, com idade entre
10 e 11 anos, encontrar-se em processo de formação, não tendo incorporado totalmente
as determinações sociais, sentindo-se, portanto, mais livres para a emissão de opiniões
sem se preocupar com sua repercussão.
Quanto aos instrumentos de pesquisa, o questionário foi o instrumento adotado
por apresentar as seguintes vantagens: a possibilidade de englobar a um bom número de
alunos, condição considerada necessária pelo fato do objeto de investigação poder
apresentar-se envolto nas tendências do grupo, o que dificultaria extrair opiniões mais
subjetivas; o oferecimento das mesmas condições para os entrevistados que, ao
responderem ao questionário, compartilhariam do mesmo tipo de ambiente, garantindo
certa uniformidade de condições na hora de responder as perguntas; o anonimato, que
criaria condições para que os alunos se sentissem mais livres para exprimir suas
opiniões e, por fim, a disponibilidade de um tempo maior para que o aluno consiga
pensar sobre o que lhe foi perguntado, o que possibilitaria ao entrevistado organizar
melhor suas idéias, respondendo-as com mais precisão.
A principal hipótese desta pesquisa era de que os estudantes considerassem os
recursos inovadores e tecnológicos tais como Internet e televisão como importantes
meios para a aquisição do saber escolar, já que fazem parte intensa do cotidiano da
juventude atual.
Numa questão fechada, os alunos elencaram as duas atividades mais
apreciadas. De acordo com os dados, na escola pública a “confecção de desenhos” foi a
mais votada com 43% do total; em seguida eles apontaram os “filmes”, com 41,7% e os
“trabalhos em grupo”, com 33,3%. Entre os alunos da escola particular “assistir aos
filmes” foi a atividade mais lembrada com 65%, seguida dos “trabalhos em grupo”, com
55% e as “explicações do professor”, com 20%.
Quanto às ações menos apreciadas em sala de aula, os alunos da escola pública
citaram não gostar da “resolução de exercícios”, com 10,4%; dos “trabalhos
individuais”, com 10,4%; da “redação”, 12,5% e das “explicações do professor”, com
12,5%. Entre os alunos da particular, 5% não apreciam os “trabalhos individuais”;
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escola pública verificou-se que, se por um lado, eles elegeram-na como principal
instituição formadora, paradoxalmente não deixam de desconfiar dela, condição
expressa pela busca por momentos agradáveis durante a aquisição do conhecimento.
Dito de outro modo, o que se percebeu é que os alunos da escola pública parecem aderir
mais à ideologia contemporânea caracterizada pela mentira manifesta. Se, por um lado,
afirmam a importância da escola nas suas vidas, simultaneamente se colocam contra os
seus objetivos, resignando-se frente à realidade dada. Desse modo, preferem aproveitar
o momento presente, até como uma forma de resistência, buscando aulas mais
agradáveis em detrimento das aulas consideradas, por eles próprios, como importantes
para a sua formação. Suas respostas também apresentaram certo conformismo, refletido
pela preferência em não querer aprender quando o conteúdo é considerado difícil. Nessa
medida, conclui-se que a escola reforça a adesão dos alunos à ideologia atual que tenta
introjetar noções baseadas na eficiência e no trabalho, além de conferir ênfase às
condições baseadas na racionalidade instrumental, o que faz com que os alunos passem
a acreditar que a melhoria das práticas pedagógicas e melhores atuações do professor
seriam suficientes para que o aprendizado ocorra.
Referências bibliográficas
MARCUSE, Herbert. Cultura e Sociedade. Trad. de Wolfgang Leo Maar, Isabel Maria
Lourenço, Robespierre de Oliveira. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1997.
SÃO PAULO. Proposta Curricular do Estado de São Paulo: História, São Paulo: SEE,
2008.
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