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Caderno de Questões

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A Unicamp
comenta
suas provas
A prova de Geografia do Vestibular Unicamp tem por objetivo verificar se o aluno que
terminou o ensino fundamental tem conhecimentos geográficos suficientes para entender a
dinâmica dos processos sócio-espaciais sobre a superfície terrestre. Para isso, é importante
que você, vestibulando, tenha uma boa compreensão do que seja o espaço geográfico.
Mas, afinal, o que vem a ser o espaço geográfico?
Espaço natural ou espaço físico, você com certeza sabe o que é.
Espaço natural é aquele espaço produzido apenas pela natureza. Nele não ocorreu ne-
nhuma interferência humana ou nenhuma transformação realizada pelo homem. Podemos
dizer que, atualmente, não existe mais na superfície da Terra espaço natural. Por outro lado,
espaço geográfico é o espaço produzido, ou melhor reproduzido pelos homens, ou melhor
ainda pela sociedade. As diferentes sociedades vão transformando o espaço geográfico ao
longo do tempo, vão imprimindo nestes espaços as suas marcas. As marcas do presente são
produzidas sobre as heranças do passado. As novas formas, portanto, não podem ser entendi-
das se deixarmos de lado a interpretação do passado, isto é, se deixarmos de lado o entendi-
mento do processo histórico.
O espaço geográfico é o espaço no qual vivemos. Porém, somente este entendimento não
é suficiente para esclarecer o que realmente é o espaço geográfico, pois ele é muito mais que
simplesmente o lugar sobre o qual se localizam as coisas, os objetos ou os fenômenos. Se
tivesse apenas essa dimensão, as coisas seriam muito simples, e bastaria apenas localizar os
fenômenos no espaço e descrevê-los. Mas como o espaço geográfico é muito mais complexo
do que o lugar de localização dos fenômenos, a mera descrição deste espaço é insuficiente
para interpretação ou para as explicações geográficas. Voltamos a insistir: o espaço geográfi-
co é socialmente produzido. Há uma inter-relação entre espaço e sociedade. A dinâmica da
sociedade interfere no espaço geográfico; por sua vez, o espaço geográfico produzido interfe-
re na sociedade. Dizendo de outro modo: a organização do espaço que a sociedade produz
atua no desenvolvimento da própria sociedade.
Além disso, a Geografia tem se tornado uma disciplina muito importante na atualidade
pela sua capacidade de explicar, não só as transformações que estão ocorrendo em escala
global, mas também, como estas transformações mais gerais se relacionam com a vida das
pessoas que se dá na escala local. A Geografia analisa as relações da sociedade com a
natureza, contribuindo para o entendimento de como os processos naturais e sociais intera-
gem na construção do espaço geográfico. Além disso, possibilita o aprofundamento no
entendimento da questão ambiental, que assumiu dimensões globais e recolocou em desta-
que as contradições da produção social do espaço e das formas de apropriação da natureza
pela sociedade.
A globalização da economia e a mundialização da cultura construíram, na atualidade, uma
nova forma de compreensão da Geografia. A análise do espaço geográfico mundial não pode
ser feita deixando-se de lado as demais escalas de análise geográfica: a local, a regional, a
nacional. As análises do particular, do local, do regional, hoje, só fazem sentido se inseridas
num contexto mais amplo. São análises complementares, interligando o local e o global, mos-
trando que a fragmentação ou a segmentação do espaço geográfico faz parte de um mesmo
processo de integração ou de globalização. A fragmentação é fruto de uma divisão territorial
do trabalho, pela qual a produção de mercadoria se faz de forma especializada e espacializada,
criando novas especificidades ou particularidades. Essas especificidades são espaciais, sócio-
culturais, políticas e econômicas. A articulação é representada por fluxos variados que inte-
gram as diferentes regiões: redes de comunicação, de capitais, degradação das condições de
vida no planeta, etc.
Diante deste novo cenário mundial, a Geografia não pode se limitar a fazer apenas uma
descrição dos atributos físicos e sociais do espaço geográfico - tão comum na Geografia tradi-
cionalmente ensinada nas escolas, nem tampouco cair na armadilha das interpretações gené-
ricas e simplificadoras (que servem para qualquer tema e lugar) como tem ocorrido com mui-
tos daqueles que fizeram uma aparente crítica à Geografia tradicional.
A análise geográfica contemporânea deve privilegiar o saber sobre o espaço, sobre as
ferramentas utilizadas (instrumentos e técnicas), sobre o processo histórico, as relações da
sociedade com a natureza, os processos de desenvolvimento, os impactos sócio-ambientais e
as novas tecnologias para o aproveitamento dos recursos naturais.
É esta concepção que a prova de Geografia do Vestibular da Unicamp busca desenvolver
nas questões apresentadas ao vestibulando. Ela procura estimular o pensamento crítico e a
capacidade de analisar a realidade do mundo contemporâneo na associação entre o espaço
geográfico, a sociedade e as estruturas políticas e econômicas atuais.
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geografia
Questão 13

“E sabe como se passa trote em lojista? Entra na loja e o vendedor: deseja alguma coisa? Desejo, um
copo d’água. Rarará (...) E diz que consumidor vai ficar mais em extinção que mico-leão. Essa é a
*
palavra de ordem: DEPOIS DO CRASH SÓ CASH , nada de prestações.” (José Simão, Folha de S.
Paulo, 16 /09/98)
O texto acima satiriza sérios problemas econômicos presentes no Brasil e no Mundo hoje. Identifi-
que esses problemas.

(*) crash – quebra da bolsa de valores


cash – pagamento à vista

Resposta esperada – crise financeira


– juros altos
– falta de crédito
– recessão (desaquecimento da economia)
– desemprego
– endividamento
– crise das bolsas

A média desta questão foi de 2,61, sendo que foram os candidatos da área de humanas os que
Comentários
obtiveram a média mais alta, 2,78.
Esta questão possibilitou utilizar conhecimentos sobre a economia atual, do Brasil e do mundo. A
simples identificação dos problemas relacionados à crise financeira contemporânea (juros altos, reces-
são, desemprego, crise das bolsas de valores, inadimplência etc.) já permitia ao candidato desenvolver a
questão. O fato do vestibulando, de maneira geral, estar em contato freqüente com os problemas eco-
nômicos contemporâneos, apresentados e debatidos pela mídia, deu igual oportunidade a todos e tor-
nou esta questão pouco discriminativa.

A quantidade de zeros (1,4%) e de respostas em branco (0,9%) foi muito pequena, totalizando
2,3% das respostas. Em geral os candidatos que obtiveram nota zero responderam a questão de forma
absolutamente inconseqüente, com afirmações do tipo: O texto acima faz alusão à falta de água, princi-
palmente no nordeste; à falta de condição financeira dos cidadãos e a crise ocorrida pelas tão vingativas
prestações que iludem o consumidor ...
As notas 2 e 3 foram obtidas por 60,1% dos candidatos, e as notas 1 e 4 dividem, quase proporcio-
nalmente, 30,3% das respostas.
O candidato que respondeu satisfatoriamente a questão, obtendo a pontuação máxima, foi aquele
que conseguiu identificar problemas significativos relacionados à crise econômica mundial, a partir de
um texto não redundante, como no exemplo que segue:
Atualmente, sérios problemas econômicos têm afetado o Brasil e o mundo todo. Tudo começou com a
quebra das bolsas de valores dos Tigres Asiáticos (países emergentes, de industrialização recente), e como
vivemos num mundo globalizado (de economia internacionalizada) a crise asiática atravessou o mun-
do todo, atingindo a Rússia (que desde o fim da União Soviética estava em péssimas condições econômi-
cas), o Japão (uma das maiores economias mundiais e que investiu muito dinheiro na economia dos Tigres)
e o Brasil, que possui uma economia muito instável e com uma inflação recém controlada. Essas crises
sucessivas levaram muitas empresas à falência, levando ao desemprego, houve a desvalorização de
algumas moedas (como o rubro na Rússia) e causou muita instabilidade no mercado, principalmente no
comércio, onde as taxas de juros subiram, o poder aquisitivo diminuiu e os comerciantes temem a inadim-
plência. (Foram assinalados em negrito os elementos que foram valorizados para a pontuação).

Questão 14

“Ser ‘persa’ é ser o estranho, é ser o diferente, é, numa palavra, ser outro. A simples existência do
‘persa’ tem bastado para incomodar, confundir, desorganizar, perturbar a mecânica das instituições.
(...) Foram e são ‘persas’ os índios do Brasil (onde os sem-terra representam agora uma outra
modalidade de ‘persas’), foram mas já quase deixaram de ser ‘persas’ os índios dos Estados Unidos,
foram ‘persas’, no seu tempo, os incas, os maias, os aztecas, foram e são ‘persas’ os seus descen-
dentes, lá onde tenham vivido e ainda vivam.” (José Saramago, Folha de S. Paulo, 07/07/98)

Analise o texto apresentado e responda:

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a) Por que o autor chama os “sem-terra” brasileiros de “persas”?
b) Explique o que é o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra.
c) Considerando a sociedade brasileira, cite outros dois exemplos de “persas” nos dias atuais.

Resposta esperada a) Os “sem-terra” são o outro, o diferente, aquele que incomoda as instituições.
b) – movimento organizado de trabalhadores rurais sem terra (MST)
– estratégia de luta pela terra a ocupação de propriedades improdutivas ou devolutas
– originou-se no sul do país, reconhecido internacionalmente como um dos mais importantes
movimentos sociais da América Latina.
c) Negros, indígenas, moradores de rua, favelados, enfim, todas as minorias.

Esta foi a questão mais fácil da prova (média de 3,34) ao contrário do que se esperava. Pela expec-
Comentários
tativa, a sua dificuldade seria média. Apresentou, também, a menor quantidade de zeros (0,1%). As
notas 3 (33,1%) e 4 (31,7%) totalizaram 64,8% das respostas.
O texto foi de fácil interpretação, os candidatos demonstraram conhecer o Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) como um importante movimento social pela reforma
agrária.

O item a pedia uma interpretação direta do texto: ser persa é ser o diferente, o outro, aquele que
incomoda as instituições, logo, os trabalhadores rurais do M.S.T. são persas. O candidato poderia
retirar, assim, do próprio texto os elementos para a sua resposta. Veja como um candidato responde
este item de forma equivocada:
a) Porque tudo que vai mais ou menos contra a história da natureza é ser persa.
Verifique agora uma resposta considerada satisfatória para este item:
a) Pela definição do autor, ser persa significa ser o diferente em um grupo. Na maioria das sociedades, os
seres diferentes são desprezados, esquecidos e até humilhados. É o que ocorre com os sem-terra brasilei-
ros, que, em busca de uma sociedade mais justa e igualitária, são ignorados e subjugados.

O item b apresenta a questão central: definir o M.S.T. Alguns candidatos, distanciando-se da defini-
ção, fizeram uma interpretação ideológica:
b) É um movimento que visa doar terras para agricultores e trabalhadores rurais, para que possam plantar
e adquirir um lugar para morar, só que na realidade esse movimento tem esse objetivo de fachada, a
verdade é adquirir terras visando o comércio de terras, ou seja, corrupção da terra.
A maioria entretanto, atingiu a resposta esperada pela banca, como você pode observar no exemplo
apresentado:
b) É uma organização de camponeses que lutam pela desapropriação de terras improdutivas no país, para
que nela o governo faça a reforma agrária, dando terras a esses lavradores que querem plantar.

O item c suscitou uma certa generalização: afinal, quem são as minorias? Quando os candidatos
não incorriam em erros grosseiros – como dizer que os metalúrgicos, a câmara do senado, os políticos,
as organizações não governamentais são persas -, as respostas foram consideradas. Assim, diferentes
tipos de “persas” apareceram nas respostas: os sem-teto, os homossexuais, os imigrantes nordestinos,
os negros, os desempregados etc. Examine agora duas resposta dadas a este item, uma considerada
incorreta e outra satisfatória, respectivamente:
c) A câmara do Senado, a falsificação dos remédios, e o desperdício com os alimentos .
c) Os índios, a quem é negada a própria terra, os negros, que, apesar de maioria, ainda são maltratados, e
os nordestinos, que sofrem com a seca e ainda são humilhados.

Questão 15

“Toda a região onde se encontra o Cerrado tem uma marcada estação seca que geralmente pode
durar de 6 a 7 meses. A prolongada estiagem traz reflexos marcantes para a região. A vegetação
herbácea e arbustiva baixa em geral seca e desaparece, ao contrário do que acontece com a vegeta-
ção de grande porte. Apesar da seca, os rios são perenes, embora diminuam de volume.” (Aylthon
Brandão Joly. Conheça a Vegetação Brasileira)
a) Qual é a área de ocorrência do cerrado, no Brasil?
b) Como se pode explicar a sobrevivência das árvores e a perenidade dos rios do cerrado, durante
o período da seca?
c) Dê as características da atividade agrícola desenvolvida nessa área.

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geografia
Resposta esperada a) região central do Brasil, ou
duas áreas de ocorrência/manchas (Minas Gerais, São Paulo, oeste da Bahia, sul do Maranhão,
Piauí, Mato Grosso do Sul e vários trechos de Rondônia, Roraima e Pará)
b) as raízes profundas dos arbustos do cerrado permitem o abastecimento de água do lençol freático
os rios de cerrado são alimentados pelos olhos d’água que brotam nas encostas dos Chapadões
do Brasil Central
c) áreas de expansão da agricultura comercial (soja, arroz) e culturas como: feijão, trigo, café.
intercalação de culturas como milho, sorgo e milheto com as de arroz e de soja, técnicas de
irrigação, calagem, grandes propriedades modernizadas

Comentários A média desta questão – 2,37 – demonstra um grau médio de dificuldade. Poucas respostas foram
deixadas em branco (1%), mas houve uma quantidade significativa de nota zero (16,5%). O objetivo
desta questão era o de resgatar um conteúdo geográfico clássico, mas que, parece, tem sido deixado de
lado no ensino de segundo grau. O candidato deveria demonstrar conhecimento a respeito das paisagens
fitogeográficas brasileiras e entender o interrelacionamento dos fatores naturais (clima, relevo e vegeta-
ção) entre si e com os processos sócio-econômicos, a partir da exploração agrícola da área de cerrado.

Não foi difícil para os candidatos a identificação da área de ocorrência do cerrado, obtendo, assim 1 ponto
referente ao item a . Veja, a partir do exemplo apresentado, como os candidatos responderam este item:
a) A área de ocorrência do cerrado no Brasil é a região central, onde se localiza a região de Brasília e do
planalto Central.

Quanto ao item b, esperava-se que o vestibulando demonstrasse conhecimento acerca das caracterís-
ticas da flora e da hidrografia da região em questão (basicamente o Brasil Central). Uma parcela significa-
tiva das respostas contemplou a grade proposta: raízes profundas, cascas grossas e outras características
singulares da cobertura vegetal do cerrado implicavam na obtenção de 1 ponto. O segundo ponto deste
item foi atribuído quando da identificação das nascentes dos rios das encostas do chapadão do Brasil
Central. A maioria dos candidatos que não conseguiu os dois pontos deste item errou a segunda parte da
resposta, referente à perenidade dos rios do cerrado. Veja um exemplo de resposta desse tipo:
b) Os rios tem sua nascente nas regiões diferentes das áreas do cerrado, como, por exemplo, o Rio São
Francisco que se origina na Serra da Canastra em Minas Gerais. A vegetação é abastecida pelos rios
perenes (surgem as MATAS GALERIAS), ou, pelos lençóis freáticos.
Veja agora um exemplo de resposta correta para este item:
b) A vegetação de grande porte, em geral, é adaptada aos períodos de estiagem e, além disso, suas raízes são
mais profundas, podendo retirar água das camadas mais subterrâneas do solo. Os rios, em sua maioria,
têm suas nascentes em regiões de alta pluviosidade, o que acarreta um volume grande de água, que
permite sua perenidade mesmo na seca.
Os candidatos que obtiveram nota 3 nesta questão (23%) acertaram em geral estes dois primeiros itens.

Quanto ao item c, foram poucos os candidatos que o responderam corretamente, o que justifica a
menor porcentagem de nota 4 (18,5%) e 5 (8,1%). Neste item o candidato deveria caracterizar a ativi-
dade agrícola da área em questão, apontando tipos de cultura, técnicas agrícolas e tipos de propriedade.
Citando pelo menos duas características das atividades agrícolas desenvolvidas o candidato já obtinha
os dois pontos referentes a esse item. Muitos candidatos, porém, sem conhecer os conteúdos aqui soli-
citados, tentaram responder genericamente, como se pode verificar por este exemplo:
c) A atividade característica dos cerrados são a pecuária de corte e o cultivo de plantas que suportam o
clima seco da região.
Veja agora um exemplo de resposta correta:
c) A região do cerrado caracteriza-se, economicamente, por cultivo de cereais (expansão da fronteira agrí-
cola) e por criação extensiva de gado bovino e de corte. A atividade agrícola se desenvolve geralmente em
grandes propriedades (latifúndio) e é mecanizada.
Observe que não é necessário uma resposta sofisticada para que ela seja valorizada na correção.

Questão 16

“A Internet pode aparentar ser uma rede global que envolve empresas e países tanto grandes quanto
pequenos. Mas a verdade é que ela fala inglês e pensa como os EUA, apesar de situada em grande
medida fora do controle dos governos nacionais. (...) No ano passado, as empresas norte-americanas
gastaram em torno de US$300 milhões em publicidade on line, contra míseros US$6 milhões gastos
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pelo resto do mundo. Os capitalistas que apostaram no “Vale do Silício” calculam que o boom dos
PCs na década de 80 foi o maior empreendimento gerador de riquezas na história da humanidade. A
Internet pode superar esta marca, transformando-se no equivalente atual da corrida do ouro.”
(Adaptado de Andreas Evagora - A Internet fala inglês e pensa como os EUA - World Media Network
- Folha de S. Paulo, 19/02/98)
a) Depois de ler o texto, reflita e apresente possíveis conseqüências do predomínio americano na
Internet.
b) Qual é a importância do “Vale do Silício” frente ao “boom dos PCs” e à expansão da Internet?

Resposta esperada a) – hegemonia mundial dos EUA do domínio da internet (através da tecnologia e de regras para
o comércio eletrônico)
– expansão da cultura e dos produtos americanos vendidos on-line
b) – o Vale do Silício – pólo tecnológico (tecnopólo): revolução da micro-eletrônica (boom dos pc’s)
– popularização do uso de computadores
– a criação e a expansão da rede (internet)

Comentários O desempenho dos candidatos nesta questão ficou dentro do esperado. A média obtida, 1,73, de-
monstra o alto nível de dificuldade. A maioria dos candidatos (33,6% ) obteve nota 1. Juntamente com
os candidatos com nota 2, temos cerca de 60% das notas. Apenas 17,8% tiraram nota 3, a nota 4 foi
para 6,7% dos candidatos e o 5 limitou-se a 0,8%. Obtiveram nota zero 11,2% dos candidatos, 2,4% de
respostas foram deixadas em branco.

No item a da questão, valendo 3 pontos, o candidato deveria ler atentamente o texto e arrolar pelo
menos três conseqüências possíveis, decorrentes do predomínio americano na Internet. Grande parte
das respostas fez referência ao monopólio americano no comércio internacional realizado pela rede.
Estas respostas receberam apenas 1 ponto, pois esperava-se que o candidato além de identificar esse
monopólio identificasse também o aumento da desigualdade econômica entre os países e o processo
de expansão da cultura e dos produtos americanos. Esses aspectos estavam de certa forma contidos no
texto e uma leitura atenta poderia identificá-los. Em geral a nota 1, de maior porcentagem, foi atri-
buída a esse item da questão, pois o candidato acabava, via de regra, apontando um desses aspectos,
mais comumente o do monopólio econômico. Veja uma resposta a qual foi atribuído 1 ponto:
a) O predomínio americano na Internet, causaria a geração de um monopólio por parte da potência norte-
americana.
Agora, veja o mesmo item respondido corretamente:
a) Os EUA já exercem uma influência gigante sobre o resto do mundo, seja essa influência econômica, seja
cultural. Com o predomínio norte-americano na Internet, essas influências tendem a se tornar ainda
mais profundas, o que prolonga e reforça, ainda mais, sua dominação dentro do planeta.

No item b esperava-se que o candidato demonstrasse conhecimento acerca do Vale do Silício


como polo tecnológico responsável pela revolução da micro-eletrônica, o que proporcionou a enor-
me expansão da rede mundial de computadores e da Internet. Em geral, os candidatos responderam
esse item de forma equivocada relacionando o Vale do Silício à grande produção de Silício, matéria-
prima fundamental da micro-eletrônica. A esse tipo de resposta não foi atribuído nenhum ponto.
Veja um exemplo:
b) A importância do “Vale do Silício” é a grande quantidade de investimentos que atrai, assim como foi o
“boom dos PCs” e como está sendo a expansão da Internet que supera tudo.
O silício é a matéria-prima para toda essa informática e tecnologia.
Ou ainda: b) O Vale do Silício possui esse nome por possuir muito do minério silício, matéria-prima
básica para a fabricação dos componentes principais dos computadores (chips).
Agora, preste atenção a uma resposta considerada correta:
b) O Vale do Silício é a maior região produtora de equipamentos e desenvolvedora de tecnologia de ponta
responsável pela criação de chips, micro chips, foi no Vale do Silício que se deu o início do “boom dos
PCs” e a expansão da Internet.

Questão 17
*
De acordo com o ICV dos municípios brasileiros, 25 milhões de pessoas com 16 anos ou mais (ou
24% da população brasileira) são considerados miseráveis, com renda familiar de até R$ 234,00.
Veja como eles estão distribuídos pelas regiões brasileiras:

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(*) O ICV (índice de condições de vida) é utilizado pela ONU para caracterizar as condições de vida das populações dos

geografia
diferentes países. É baseado em dados a respeito da renda familiar per capita, analfabetismo, concentração de renda,
porcentagem de crianças que não freqüentam escolas e que trabalham, acesso a água e esgoto, esperança de vida ao
nascer e mortalidade infantil, entre outros.

REGIÕES A e B REGIÕES C
25% 39%

REGIÕES D
15%

O L
REGIÕES E
20% S
0 363 726
km

a) De acordo com o mapa, quais são as regiões C e E?


b) Considerando o processo de ocupação do território brasileiro, explique por que os índices de
miséria das regiões C e E são diferentes.

Resposta esperada a) – Região C: nordeste


– Região E: sul
b) – Região C: “colônia de exploração”
• concentração de terras
• monocultura comercial (mercado externo)
• grande propriedade
• inicialmente com mão-de-obra escrava
– Região E: “colônia de povoamento”
• pequena propriedade familiar
• “colônia de povoamento”- imigrantes europeus
• mão-de-obra assalariada

Comentários A média 2,19 confirma apenas parcialmente a expectativa para esta questão, que era a de que os
candidatos tivessem um desempenho de médio para difícil. Pouquíssimas respostas foram deixadas em
branco (0,1%), e apenas 1,7% dos candidatos obtiveram nota zero.
Dividida em dois itens a questão solicitava inicialmente a identificação das duas regiões (C e E)
contidas no mapa e que seriam objeto de análise no item b. Não foi difícil para os vestibulandos iden-
tificar a Região Nordeste e a Região Sul como correspondentes às regiões C e E no mapa. A esse item era
atribuído 1 ponto pelo acerto, o que de certa forma justifica os 35,1% de nota 1. Veja agora um exemplo
de nota 1. Neste exemplo o item b está completamente errado.:
a) C- Nordeste, E- Sul.
b) Porque na região C há uma maior ocupação do território, devido a ser maior e possuir mais habitantes.
Cerca de 57% dos candidatos obtiveram nota 1 e 2. Porém, depois da nota 1, a nota mais freqüente
foi a 3 (27,9%).

No item b, o candidato deveria demonstrar conhecimento acerca dos processos de ocupação das
duas regiões, que contribuíram para diferenciar as condições de vida de seus habitantes. Esse item valia
4 pontos. Grande parte dos candidatos conseguiu, em linhas gerais, identificar as diferentes formas de
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ocupação dessas regiões - “colonização de exploração” no Nordeste e “colonização de povoamento” do
sul do país. Foram poucos, entretanto, os que conseguiram caracterizar de maneira mais completa
essas duas formas de ocupação. Apenas 3,7% obtiveram a nota 5, o que implicava em caracterizar as
relações de trabalho, as formas de ocupação, as formas de apropriação e de utilização das terras, consi-
derando os tipos de atividade econômicas. Uma parcela considerável dos candidatos apontava o clima,
distinto em cada uma das regiões, como fator definidor das diferenças sócio-econômicas; outros justi-
ficavam essas diferenças em função da população negra no nordeste e branca (européia) no sul do país.
Esse tipo de resposta, muitas vezes carregada de discriminação ou de “determinismos geográficos”, não
foi valorizada. Veja um exemplo de resposta, que obteve nota 2 neste item:
b) A região nordeste foi colonizada para exploração de cana-de-açúcar em um sistema escravista. Com solo
explorado e uma crescente descendência ainda dos escravos, as condições de vida tendem a ser precárias
com altos índices constados pelo ICV.
Já a região sul foi colonizada pelos europeus em sistema de povoamento e desenvolvimento do plantio e
de cidades no estilo europeu. Baseada em planejamento de crescimento e bem estar da população, a região
desenvolveu uma economia a parte de todo o país. O clima entre as duas regiões é um ponto que determina
grandes diferenças sócio-econômicas.

Examine agora um exemplo de resposta correta:


a) A Região C é a região Nordeste e a região E é a região Sul
b) O processo de ocupação da região C (nordeste) e marcado pela implantação dos latifúndios de cana-de-açúcar
no período colonial. Marcado pela colonização de exploração, estava baseado no trabalho escravo, na monocul-
tura e nos grandes latifúndios. Todas essas características influenciaram na estrutura atual do nordeste. Os anti-
gos senhores de engenhos, os “coronéis” hoje são os grandes proprietários de terra e os responsáveis pela indústria
da seca no nordeste. O resultado disso é a péssima distribuição de terra e a miséria de grande parte da população
dessa região. O processo de ocupação da região sul do país é singular em relação às outras porque sofreu um
processo de colonização por ocupação. O resultado disso é uma distribuição mais igualitária das terras com
policultura familiar diminuindo assim as diferenças e os problemas socio-econômicos.

Questão 18

“À medida que avança a globalização da economia internacional, as metrópoles que comandam os


espaços econômicos maiores tendem a constituir uma categoria por si mesmas, configurando um
novo tipo de cidade: as cidades globais.” (E. N. Alva, Metrópoles (In)sustentáveis, 1977)
a) Cite dois exemplos de cidades globais e justifique a escolha de cada uma delas.
b) Quais são as características que distinguem as modernas cidades globais das antigas metrópo-
les industriais?

Resposta esperada a) – Nova Iorque, Tóquio e Londres - principais centros financeiros do mundo
– concentração das sedes dos bancos mais importantes
b) – metrópoles industriais - baseadas na produção industrial e na influência de regiões que de-
pendiam de seus produtos
– modernas cidades globais - ligação e influência (cultural, financeira, política) com o mundo
todo e não dependem, exclusivamente, da produção industrial

Comentários Essa questão foi previamente considerada como de difícil resolução pela banca elaboradora. A mé-
dia de 2,28 no entanto permite considerá-la como uma questão de grau de dificuldade médio. A por-
centagem de nota zero foi 6,7% e tivemos 3,7% de respostas deixadas em branco. Com essa questão
procurou-se verificar o nível de informação do vestibulando sobre as recentes transformações ocorri-
das nas grandes cidades, articuladas ao processo de globalização da economia.
No item a esperava-se que o candidato nomeasse duas cidades consideradas globais, justificando o
seu exemplo. Em geral, as cidades citadas foram as esperadas pela banca, entretanto, nem sempre as
justificativas foram corretas. Muitos candidatos relacionaram as cidades globais apenas às megalópo-
les, conseguindo assim apenas 1 ponto pela denominação correta das cidades. Veja um exemplo:
a) São Paulo é mais do que uma metrópole, pois já é uma megalópole, pois relaciona-se intimamente com
as metrópoles de Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e Vitória ...

A nota 2 foi a mais freqüente nesta questão (26,6%). A maioria dos vestibulandos com 2 pontos
nesta questão, obteve-os neste item, cujo valor integral era de 3 pontos. A resposta apresentada a seguir
foi contemplada com 2 pontos apenas neste item, justamente por referir-se apenas a uma característica

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(apresentada em negrito), que apesar de correta, não é específica das cidades globais.

geografia
Veja a resposta:
a) Nova York e Tóquio. Ambas são pólos atrativos de pessoas e de mercadorias. Nelas o setor terciário é
amplo e diversificado, portanto mais competitivo...

A seguir temos as nota 3 (25%), 1 (18%), 4 (14,6%). Apenas 4,6% dos candidatos obtiveram a nota
5. Isso se justifica porque nem sempre o item b da questão foi respondido adequadamente. Esse item
solicitava que o candidato buscasse explicitar as diferenças entre as modernas cidades globais e as me-
trópoles industriais. Respostas muito genéricas como:
b) as cidades globais estão ligadas com outros centros ou são cidades com muitos tipos de serviços, não
obtiveram pontos.

Veja agora um exemplo de nota 5:


a) Como cidades globais podemos exemplificar com a Cidade de São Paulo que exerce grande influência
econômica em todo o território brasileiro e em países latinos e Nova Iorque, que exerce incontestavel-
mente, influências fortíssimas em todo mundo capitalista.
b) As metrópoles industriais exerciam grande papel de “dominação” sobre aquelas regiões que dependi-
am dos produtos por elas produzidos e, apenas, sua influência se dava por esta dependência econômi-
ca. Hoje, não é isto o que acontece com as modernas cidades globais, que mantêm ligação com o
mundo todo, tanto por troca de vantagens econômicas, quanto por influência e importância política,
social e cultural.

Questão 19

“O conceito de modernização assumiu formas e ideologias muito diferenciadas em dois momentos


distintos da História do Brasil. Na era Vargas, modernizar era sinônimo de estatizar. No período que
se iniciou com o governo Collor, passou a ser sinônimo de privatizar.” (Adaptado de Revista Ciência
Hoje, vol. 19, nº 14, outubro/95)

O texto acima apresentado refere-se a dois modelos distintos do desenvolvimento do capitalismo


no Brasil, quando o país foi governado, em um momento, por Getúlio Vargas e, em outro, por
Fernando Collor de Mello.
a) Que modelos de desenvolvimento são esses?
b) Por que, num dos momentos, modernizar foi sinônimo de estatizar e, no outro, de privatizar?

Resposta esperada a) – Nacional-desenvolvimentista (intervencionismo estatal na economia, Estado Novo) e Neo-liberal.

b) No período Vargas
Estado: papel central no desenvolvimento econômico-social; investimentos em indústrias de
base, em substituição ao inexistente capital privado (o Estado garantindo as condições
gerais de produção).

No período Collor
Estado: visto como impecilho ao desenvolvimento econômico; privatizações para o pagamento
das dívidas públicas e desonerar o Estado do compromisso com investimentos produti-
vos; diminuição do Estado no setor produtivo.

Comentários Podemos considerá-la como uma questão com um nível de dificuldade médio dentro da prova de
Geografia, com média de 2,12. Nela, 10,9% dos candidatos obtiveram nota zero e apenas 3,3% deixa-
ram de respondê-la. A nota mais freqüente foi 2 (27,1%) e juntamente com o 3 (22,1%) perfazem
quase 50 % dos candidatos.
Para a banca esta era uma questão considerada fácil, pois tratava-se apenas de examinar duas fases
do processo de desenvolvimento econômico do Brasil, uma delas referente ao período Vargas, muito
ensinado desde o primeiro grau, em História, mas principalmente em Geografia. (Afinal, como falar
sobre o processo de industrialização brasileiro sem referências a este período?) A outra, refere-se ao
período Collor, cujos impactos ainda hoje repercutem no nosso cotidiano. Além disso, o neoliberalis-
mo é um tema que freqüenta as páginas dos noticiários diariamente, tanto devido ao processo de
privatizações aqui e em outros países, como devido às suas conseqüências sociais.
O elevado grau de dificuldade encontrada para a resolução da questão, apenas expõe a falta de
preparo básico dos vestibulandos.
115
Veja agora uma resposta demonstrando que o vestibulando ignora tudo sobre o assunto solicitado,
preocupando-se apenas em não deixar a resposta branco:
a) Na era Vargas, o modelo de desenvolvimento foi o socialista, onde tudo pertencia ao Estado; já no gover-
no Collor, o desenvolvimento foi capitalista, uma vez que empresas nacionais eram vendidas a outros
países ou a outras empresas.
b) Foram utilizados dois sinônimos, pois apesar de serem formas de modernização, têm significados opos-
tos. Estatizar é fazer com que as empresas pertençam ao Estado, do governo, e privatizar é vendê-las a
outro país, a outra empresa, fazendo com que não seja mais propriedade do Estado.

Em outros casos, o candidato acerta o item a, mas não consegue responder o b. No exemplo apre-
sentado a seguir, a resposta ao item a está correta, pois o vestibulando identifica os modelos de desen-
volvimento solicitados de forma clara e objetiva. No entanto, no item b ele não esclarece o significado
da estatização nos dois modelos, apenas identifica que, no período Collor, as estatais davam prejuízos e,
neste sentido, contempla apenas um item da grade:
a) O de Getúlio Vargas era o modelo nacional desenvolvimentista e o de Collor era o liberalismo econômico.
b) Devido ao contexto histórico e econômico. Na era Vargas a estatização se encaixava no seu modelo de
desenvolvimento. Já na era Collor a privatização, que também se encaixava nesse outro modelo de de-
senvolvimento, significava acabar com prejuízos que as estatais davam.

Veja agora um exemplo de nota 5. A resposta está plenamente correta, contém todos os elementos
para a obtenção da nota máxima. Na sua primeira parte o vestibulando aponta com precisão os dois
modelos de desenvolvimento solicitados. Na segunda, ele identifica, mostrando conhecimento do as-
sunto, as diferenças entre os períodos considerados:
a) O modelo de desenvolvimento seguido por Getúlio Vargas era nacionalista e intervencionista, enquanto
que o modelo seguido por Collor é neoliberal.
b) Isso ocorreu porque na época em que Getúlio Vargas foi presidente, o país não possuía um setor industri-
al como as chamadas “indústrias de base”, que são imprescindíveis para o crescimento de outros setores,
o Estado teve de arcar com as despesas. Já no governo de Fernando Collor, estas empresas estatais causa-
vam grandes prejuízos ao Estado, que passou a vendê-las para o capital privado (privatização). Com
isso, o Estado não gastaria dinheiro nestes setores, podendo investir mais em obras sociais.

Questão 20

O Peru e o Equador mantêm disputas territoriais desde o século XVIII, mas a primeira guerra só
ocorreu em 1941. Além das questões fronteiriças, o Equador queria - e acabou conquistando - o
direito de navegabilidade pelo Rio Amazonas e seus afluentes setentrionais.

BRASIL

0 250 500 750 1000 1250 km

Qual é a importância dessa conquista para os equatorianos?

116
geografia
Resposta esperada – outra via de acesso para o Atlântico, incrementando o sistema de transporte Equatoriano.
– vantagens econômicas: aumento das trocas comerciais
– vantagens político-estratégicas: inserção do Equador no espaço geopolítico amazônico.

A expectativa para esta questão foi confirmada. A banca elaboradora já esperava que fosse uma
Comentários
questão difícil. Isso pode ser confirmado pela média 1,70. A maioria dos candidatos obteve nota 2
(39%) e nota 1 (33%). Juntamente com os candidatos que obtiveram nota 3, perfazem 92% dos candi-
datos. 5% dos candidatos ficaram com zero e 3% deixaram de responder à questão.
As dificuldades encontradas talvez possam ser explicadas pelo descaso em relação aos estudos regionais.
Em questões como essa, a banca elaboradora sempre toma o cuidado de apresentar um mapa para o vestibu-
lando. Mesmo assim, os candidatos não têm respondido bem a essas questões. Apesar do mapa para auxiliar
nas respostas, os vestibulandos custaram a identificar por exemplo, a vantagem político-estratégica da per-
missão obtida pelo Equador, e muitos concluíram que o direito à navegabilidade seria também um direito à
exploração das riquezas da Floresta Amazônica. Veja um exemplo de resposta desse tipo:
Acesso a importantes jazidas de minérios estratégicos para a economia e política equatoriana. Além de
diversos recursos naturais provenientes da floresta amazônica na região conquistada.

No geral, ficou patente, como se esperava, o pouco conhecimento geopolítico que os vestibulandos
possuem, ocorrendo o mesmo com os conhecimentos sobre a América do Sul.
Veja agora um exemplo de resposta correta. Nela, o vestibulando aponta a saída para o Oceano
Atlântico, discorre sobre as vantagens que isso traria para o Equador e ainda se detém, com proprieda-
de, no aspecto geopolítico do acesso obtido. Em poucas linhas obteve a nota máxima, 5:
A importância para os equatorianos, do ponto de vista estratégico-militar foi o de inibir possíveis avan-
ços de tropas peruanas pela região, tendo um maior controle sobre suas fronteiras. Do ponto de vista econô-
mico, conseguiu uma ”porta” de entrada para seus produtos no Brasil, maior economia da região, e tam-
bém para o Oceano Atlântico, não tendo a necessidade de seus navios atravessarem o canal do Panamá
para chegarem à costa Leste dos Estados Unidos ou à Europa.

Questão 21

A situação dos transportes de carga no Brasil é ilustrada no gráfico abaixo:

Matriz de Transporte de Cargas no Brasil

Outros
21%

Hidroviário Rodoviário
1% 55%

Ferroviário
23%

Fonte: International Year Book

a) Explique por que, no Brasil, os transportes mais baratos são o hidroviário e o ferroviário.
b) Por que, apesar dos custos, a maior parte dos transportes de carga no Brasil é feita por rodovias?

Resposta esperada a) – menores custos para maiores distâncias (fretes mais baratos)
– economia com combustível (maior volume de carga transportada)
– manutenção mais barata.
b) – meio de transporte mais rápido
– menor custo de implantação
– estímulo governamental - política rodoviarista
– grande desenvolvimento da indústria automobilística e o sucateamento da rede ferroviária.

Comentários A banca avaliou que essa questão seria também fácil, a média entretanto, 2,30, permite classificá-la
como uma questão de dificuldade média. Foi uma das questões com menos respostas deixadas em
branco (1%), e apenas 6,5% dos candidatos ficaram com nota zero. A maioria obteve nota 2 (28,6%) e
3 (24,35). Juntamente com os candidatos que obtiveram nota 1, temos 73%.

117
Para a banca elaboradora esta questão poderia ser fácil sobretudo porque o gráfico especifica a
participação de cada tipo de transporte e reforça que se trata de transporte de carga e não de passagei-
ros. Mas o problema foi a assimilação do senso comum, marcado pelo determinismo físico do relevo e
da hidrografia, muito reforçado nos ensinos anteriores ao vestibular. A banca corretora não considerou
essa resposta como válida, apesar de aparecer com muita freqüência, por considerá-la incapaz de expli-
car a questão.
Veja agora um exemplo de resposta correta:
a) Os transportes hidroviários e ferroviários são os mais baratos no Brasil devido suas características físi-
cas, climáticas e geográficas. Isto é, o Brasil é um país tropical, com uma imensidão de rios, grande parte
navegáveis que poderiam ser utilizados para transportes, além disso, o Brasil é um país de grandes
dimensões isso favorece o transporte ferroviário, pois transporta grande volume de carga usando pouco
combustível e tem manutenção bem barata.
b) Essa pergunta já causou muita polêmica aqui, e sua resposta só é encontrada se analisarmos o processo de
industrialização do Brasil. A partir de 1950, tivemos nossa industrialização apoiada em tecnologia estran-
geira, e impulsionada pela indústria automobilística ( principalmente americana e alemã), assim devido a
fatores políticos, acordo realizados entre os governos desses países estabeleceu montadoras aqui. O que
impulsionou o transporte rodoviário, até alcançar as proporções atuais.

Aqui cabe ignorar as primeiras linhas da primeira parte da resposta, pois apesar desse ponto de
vista ser comum nos cursos de geografia dos Ensino Fundamental e Médio, ele não explica a realidade
da questão dos transportes de carga no país. Apenas identifica um potencial físico, que poderá ou não
ser explorado conforme a realidade econômica, política e tecnológica de cada país. Mas no final da
primeira parte o candidato aponta três explicações corretas, o que lhe conferiu os dois pontos máximos
equivalentes ao item a. No item b, a resposta explica muito bem a política de transporte no Brasil que
acabou por priorizar o rodoviarismo e ainda acrescenta a influência das empresas automobilísticas
instaladas no país como um grande fator responsável por essa opção.

Questão 22

Os avanços biotecnológicos fazem-se notar sobretudo no setor agrícola. A cada ano são anunciados
os resultados de novos experimentos, tais como manipulação genética para a obtenção de sementes
mais produtivas e criação de novos tipos de plantas, levando a um grande aumento da produção de
alimentos. Entretanto, o problema da fome permanece: ela regressou até mesmo nos centros indus-
triais do Ocidente, a ponto de Ricardo Abromovay afirmar: “O faminto hoje vive em um mundo de
fartura.” (In: O que é a Fome, Brasiliense, 1983)

Por que, apesar dos avanços tecnológicos, a fome permanece como um problema mundial?

Resposta esperada – Engenharia genética: desenvolvimento da biotecnologia para a produção de alimentos transgêni-
cos e sementes híbridas
– aumento da produtividade na agro-indústria basicamente, desacompanhada de uma maior oferta
de alimentos para a população mundial
– estímulos à produção comercial e para a exportação
– embora haja o aumento da produtividade, as leis de mercado “impedem” o aumento da produ-
ção agrícola: restrição da oferta para a manutenção de preços.
– não há uma utilização adequada das terras agrícolas para a produção alimentar
– com a crise mundial, o aumento da pobreza é cada vez maior, aumentando significativamente a
proporção daqueles que não podem participar da economia de mercado.

Comentários Com esta questão procurou-se verificar o entendimento a respeito da contradição existente entre a
aplicação de tecnologia para o aumento da produtividade agrícola e a persistência e o aumento da
fome, mesmo em países considerados desenvolvidos. Para respondê-la a contento, o vestibulando de-
veria explicar por que o aumento da produtividade agrícola não significa necessariamente maior oferta
de alimentos para a população mundial. Para isso, deveria identificar que os produtos agrícolas que
mais se beneficiam dos avanços tecnológicos são os que podem ser utilizados como insumos industri-
ais, ou os gêneros destinados à exportação. Além disso, para que a resposta ficasse completa deveria
também identificar a lógica que permeia o comércio dos gêneros alimentícios produzidos de forma
intensiva, que é a do mercado, a qual procura restringir a oferta para a manutenção dos preços num
patamar mais elevado. Isso torna os alimentos inacessíveis para a parcela mais pobre da população em
qualquer parte do mundo. No entanto, a situação é mais grave nos países mais pobres, porque, em
118
primeiro lugar, as desigualdades sociais são maiores, em segundo lugar, a produção agrícola comercial

geografia
é pouco diversificada (monocultura exportadora ou plantation) e ,por último, mas não menos impor-
tante, a estrutura fundiária altamente concentrada impediu que a produção familiar de subsistência
evoluísse para a produção comercial de gêneros alimentícios para abastecer o mercado interno.
Estes elementos todos deveriam ser contemplados para que a resposta pudesse ser considerada
completa, no entanto, a maioria dos candidatos se ateve às questões mais evidentes, como a da distri-
buição de renda e à opção pela monocultura exportadora. As notas atribuídas para respostas desse tipo
ficaram entre 2 ou 3 pontos, dependendo da forma como os candidatos articulavam esses conteúdos.
Analisando o desempenho dos candidatos, verifica-se que esta questão foi a mais difícil da prova,
com 1,6 de média. A maioria dos candidatos respondeu-a de forma genérica, simplista, fazendo uso de
desgastados chavões, com o deslocamento do questão principal para as periféricas, abordando muitas
vezes apenas um aspecto da situação, como a agricultura para a exportação. A tônica, no entanto, foi
para explicações como estas, selecionadas de algumas respostas:
● a má distribuição de renda e desperdício por parte das pessoas ou dos países mais ricos, incluindo as
formas de armazenamento para o aumento do desperdício,
● países dominantes versus países dominados,
● governo mais preocupado com a parte econômica, esquecendo-se do social,
● falta de dignidade política em todo o mundo,
● o governo não tem interesse em orientar a população mais carente para que reduzam a taxa de natali-
dade, evitando que mais pessoas venham ao mundo passar fome,
● junto com a tecnologia a população mundial cresce, mas não é na mesma escala. Isso causa uma con-
corrência como na vida dos animais.

Os dois últimos exemplos remetem a um outro tipo de problema, que é o da abordagem malthusi-
ana ou neomalthusiana que propala a necessidade de um controle sobre o crescimento demográfico,
para que não faltem alimentos.

A seguir você poderá examinar uma resposta considerada correta:


A fome permanece como um problema mundial, apesar dos avanços tecnológicos, porque esses não são
usados com o intuito de alimentar e sim de vender.
As grandes áreas monocultoras predominam. Os países produzem muito mais em função do mercado externo,
da exportação do que para a população. Áreas para o cultivo de culturas de subsistência não são reservadas em
quantia suficiente para todos. Além disso, as melhores terras, ou seja, os melhores solos são reservados às monocultu-
ras e os piores solos é que acabam restando, e assim, pequenas lavouras pouco progridem quando não dão apenas
prejuízo. São por essas razões que ainda existe em grande número pessoas a morrer de fome em todo o mundo. E
também há um agravante que chega a ser cruel - produtos chegam a ser queimados ou jogados nos rios para controle
do preço no mercado mas não são distribuídos aos famintos.

Questão 23

Suponhamos que você tenha sido convidado para trabalhar num projeto municipal de arborização
em uma cidade do porte de Campinas/SP. Num primeiro momento, você terá que examinar a situa-
ção do município como um todo. Num segundo momento, você escolherá determinadas áreas piloto
para a implantação do novo projeto. Esses dois momentos envolvem níveis de análise diferentes. A
partir desta constatação e considerando que você terá os mapas e as plantas cadastrais a sua dispo-
sição nas escalas: 1:1.000.000, 1:50.000, 1:25.000, 1:10.000 e 1: 5.000,
a) escolha a escala apropriada para analisar cada um destes dois momentos;
b) justifique sua escolha para cada um dos casos.

Resposta esperada
a) Fase 1: escala 1:25.000 ou 1: 50.000
Fase 2: escala 1:5.000 ou 1: 10.000
b) Na fase 1 - mapa para enxergar a cidade inteira (média escala) para uma análise mais geral das
condições ambientais da área urbana do munícipio.
Na fase 2 - mapa mais detalhado para identificar os locais que serão arborizados (grande escala).

Comentários O tema abordado por esta questão não é muito trabalhado, principalmente no ensino médio, talvez
esteja aí a avaliação negativa de alguns cursos pré-vestibulares a respeito da mesma . Os objetivos de se
introduzir tal conteúdo nesta prova foram, em primeiro lugar, verificar o conhecimento sobre inter-
pretação de mapas e sobre as formas de utilização do conhecimento sobre escala para esta interpreta-
ção e, em segundo lugar, o de demonstrar, a partir de um exemplo concreto, a importância do instru-
119
mental técnico da cartografia para a geografia e para as intervenções possíveis de serem realizadas no
espaço geográfico. São conhecimentos específicos, porém importantes, e que os professores têm deixa-
do de lado ultimamente.
Apesar disso, os candidatos conseguiram se sair muito bem nesta questão: 70% conseguiram nota
acima de 3 (20% obtiveram nota 5!).
Os vestibulandos com nota zero (11,3%) confundiram grande escala, com pequena e com média
escala, respondendo, por exemplo:
a) para o primeiro momento a escala apropriada é a de 1:10.000, com a qual se pode visualizar todo o
município e para o segundo momento 1: 1.000.000, quando se vê áreas “mais específicas”.

Outros, apesar de raciocinarem, aparentemente, de forma mais correta, optaram pela escala de
1:1.000.000 para visualizar o município todo, o que obviamente é impossível, pois nesta escala o muni-
cípio de se reduz a uma pequena mancha.
Os candidatos cujas notas variaram entre zero e dois (cerca de 18%) não conseguiram identi-
ficar que área poderia ser representada por cada uma das escalas propostas no enunciado. Isto é,
para se ter uma visão sintética do município, deveria ser utilizada uma escala média, (1:25.000,
sendo também aceitável a escala 1:50.000), com a qual se poderá ter uma visão mais abrangente do
município; já com a grande escala (1:5.000 ou 1:10.000), pode ser representada uma pequena área
de forma mais detalhada, por isso é que, para este momento, a escala para a representação dos
fenômenos é maior.
Veja agora um exemplo de resposta correta:
a) A escala apropriada para examinar a situação do município num todo é a 1:50.000 e a escala adequada
para examinar a situação de determinadas áreas piloto é a de 1:5.000.
b) A escala para ver o município num todo deve ser menor porque assim consegue-se ter uma visão mais geral
embora menos detalhada, porém ela não pode ser muito menor como a escala 1:1.000.000 porque uma
cidade do porte de Campinas não precisará de tamanha diminuição. Já a escala para a área piloto deve ser
maior porque requer maiores detalhes e a área não é muito grande e não precisará de grande diminuição.

Questão 24

“A Europa está em vias de construir uma cerca no extremo sul de suas fronteiras. A cerca, cuja concep-
ção é semelhante à da existente entre o México e os Estados Unidos, será constituída por duas fileiras
de altas barreiras de arame, equipadas com câmeras de televisão e sensores ópticos, ladeando uma
estrada destinada às patrulhas de fronteiras. Ela se estenderá por 8 quilômetros entre o enclave espa-
nhol de Ceuta, no norte da costa africana e o vizinho Marrocos.” (O Estado de S. Paulo, 09/08/98)

a) Quais são os motivos para a construção desta barreira geográfica pelos europeus?
b) Considerando o mapa apresentado, por que os europeus estão erguendo essa barreira em Ceuta
e não em Melila?

Resposta esperada a) – controle da entrada de imigrantes na Europa torna-se mais rígido após a vigência da União
Européia, para contribuir na garantia de maior estabilidade econômica e controle das crises
sociais internas para se chegar à unigficação dos mercados e da moeda.
– crise econômica mundial e aumento do desemprego na maioria dos países europeus - leva a
uma postura mais intransigente com relação à imigração do chamado Terceiro Mundo e par-
ticularmente dos países africanos mais próximos.
b) Ceuta, no Estreito de Gibraltar - mais próxima da Espanha do que Melila.

120
Esta questão possuía um objetivo indireto: proporcionar ao vestibulando a possibilidade de perce-

geografia
Comentários
ber que também através da construção de barreiras artificiais (objetos geográficos construídos pelo
homem) é possível modificar as relações sociais, que também se estabelecem através do espaço geográ-
fico. Neste caso, tentar dificultar ou impedir a entrada de imigrantes considerados indesejados em
determinados territórios. Portanto, quando as barreiras naturais são insuficientes, por exemplo, para
deter um determinado fluxo migratório considerado ilegal, pode-se dotar o território de obstáculos
mais eficientes para tal, criando-se um espaço geográfico com outras características para se atender
certos tipos de interesses.
No entanto, não era este o conteúdo explícito esperado pela banca. O que se pretendia é que, a
partir de questões que facilmente seriam respondidas, os vestibulandos pudessem tomar contato com
esta problemática. Este é um dos objetivos do Vestibular elaborado pela Unicamp: contribuir, através
de estímulos ou desafios proporcionados por suas questões, para a formação do candidato.
Com relação a esta questão, esperava-se que no item a fossem apenas identificados os motivos para
a construção desta barreira, isto é, o controle da imigração para a Europa a fim de se evitar problemas
econômicos e sociais, a partir do aumento dos índices de desemprego, que dificultassem a consolidação
da recém instituída União Européia.
Quanto ao item b, à localização da barreira em Ceuta, a resposta esperada era muito simples tam-
bém. A simples observação do cartograma apresentado já sugeria a resposta correta. A imigração de
africanos para a Europa é muito mais fácil a partir do Estreito de Gibraltar, já que ali a distância entre
os dois continentes é muito pequena.

Os candidatos que obtiveram as notas mais baixas (cerca de 28%), responderam a questão generi-
camente ou, como não conseguiram entender o enunciado, arriscaram qualquer resposta, como esta,
por exemplo:
a) ... garantir o total controle na entrada do mar Mediterrâneo. (...)
b) A Barreira será em Ceuta, pois esta cidade localiza-se na separação entre o Mar Mediterrâneo e o Oce-
ano Atlântico.

Dentre os candidatos que erraram totalmente a questão, o problema mais freqüente foi o equívoco
entre invasões de estrangeiros e imigração:
a) Proteger contra invasões de estrangeiros.
b) Porque Ceuta está perto do Mar e isso preveniria a invasão de um maior número de países que tentas-
sem vir por ele.

Outro erro muito freqüente entre esses candidatos foi o de identificação ou localização incorreta
de Ceuta e Marrocos:
a) A “barreira geográfica” será construída para que não haja invasões marroquinas em Ceuta, o que não
seria bom para a nova política econômica da Europa (euro) pois haveria competição no mercado de
trabalho, aumentando o índice de desemprego.

Cerca de 15% das notas mais baixas (1 ponto) foram atribuídas para respostas que identificavam
apenas que a barreira existe para impedir a imigração para a Europa ou para a Espanha:
a) evitar a entrada de imigrantes clandestinos ou indesejáveis a população racista européia.
Ou: a) para estabelecer fronteiras ao mercado comum europeu, ou ainda: a) para evitar a fuga de
africanos que hoje assola a Espanha ...

Os candidatos que relacionaram a contenção de entradas de imigrantes à tentativa de se evitar com


isso o aumento de desempregados na Europa, chegaram aos 2 pontos:
a) evitar o fluxo de pessoas africanas para a Europa, pois lá, estas pessoas serão vistas como concorrentes de
empregos e, portanto, serão mal vistos, já que a fome do continente africano está aumentando e estes
querem migrar para a Europa.

Em geral, os candidatos que obtiveram 3 pontos acertaram o item b, facilmente respondível através
da observação do cartograma apresentado. A travessia para a Europa por Ceuta é muito mais fácil, dada
a sua localização no estreito de Gibraltar. Os vestibulandos que elaboraram este raciocínio consegui-
ram também obter pelo menos 1 ponto no item a (contenção da imigração):
a) A construção desta barreira está na necessidade de conter e evitar grandes imigrações de africanos fugindo
das condições subhumanas que o norte da África apresenta e criando uma superpopulação na Espanha.
b) Esta barreira está sendo construída em Ceuta porque está mais próxima da Europa, pois apenas o estrei-
to de Gibraltar divide a África e Espanha nesse local, ao contrário do que em Melila, onde o Mar Medi-

121
terrâneo que faz esta divisão, portanto o acesso é mais complicado e funciona como um contensor natu-
ral das imigrações.

A nota 4 foi atribuída em geral para respostas como a apresentada a seguir, na qual o candidato acerta
integralmente o item b, mas no a atem-se apenas às questões relacionadas às imigrações e ao desemprego:
a) Evitar que imigrantes de países vizinhos venham entrar em suas fronteiras e piorar a situação de sua
população que sofre violentamente com o desemprego.
b) Porque Ceuta está mais próxima do continente europeu.

Veja mais um exemplo:


a) O motivo para construção de uma barreira é a grande Imigração Africana para a Europa. Os árabes da
África branca estão imigrando para a Europa em busca de melhores condições de vida. Ocorre também
a imigração da África Negra, pelo mesmo motivo. Essa imigração é ilegal e os países da Europa são
contra ela porque aumenta a miséria de seus países além de concorrer os imigrantes deslealmente pelos
empregos, principalmente braçais, uma vez que são mão-de-obra barata, causando maiores taxas de
desemprego na Europa. Em Ceuta facilmente estes imigrantes chegam ao continente europeu.
b) A barreira está sendo construída em Ceuta, pois esta mais próxima ao continente Europeu, sendo bem
mais fácil o imigrante chegar ao outro continente depois de atingir Ceuta e não Melila, por onde o
imigrante teria que atravessar grande parte do Mar Mediterrâneo.

Apenas 1,4% dos candidatos atingiram a nota máxima da questão, relacionando à União Européia
as políticas de controle da imigração e da crise econômico-social:
a) A construção da “barreira geográfica” pelos europeus tem como causa a formação da União Européia e
o objetivo é impedir a imigração, principalmente africana, para dentro de uma região sem fronteiras
internas. A presença de imigrantes é atualmente vista como prejudicial para a economia e causadora de
conflitos sociais.
b) A barreira está sendo construída em Ceuta, por ser este o ponto do continente africano que mais se
aproxima do continente europeu e será principal porta de entrada de imigrantes.

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