Você está na página 1de 7

Direito Penal Militar - Aplicação da Lei Penal

O Código Penal Militar estabelece como regra o princípio da territorialidade e da


extraterritorialidade no art. 7º (diferente do CP comum) do Código Penal Militar segundo
o qual, " Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de
direito internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território nacional, ou fora
dele, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela
justiça estrangeira".

Segundo Marcio André Lopes Cavalcante :

Regra: crimes dolosos contra a vida praticados por militar contra civil continuam sendo
julgados pela Justiça Comum (Tribunal do Júri)

Exceções: os crimes dolosos contra a vida praticados por militar das Forças Armadas
contra civil serão de competência da Justiça Militar da União, se praticados no contexto:

a) do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da


República ou pelo Ministro de Estado da Defesa;    

b) de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que
não beligerante; ou  

c) de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou


de atribuição subsidiária.

Desse modo, as exceções são tão grandes que, na prática,  tirando os casos em que o
militar não estava no exercício de suas funções, quase todas as demais irão ser
julgadas pela Justiça Militar por se enquadrarem em alguma das exceções.

- Tempo do crime: teoria da atividade (igual ao CP);

 - Lugar do crime: crime comissivo – ubiquidade; omissivo – atividade;

 - Vigora no direito penal militar a teoria da extraterritorialidade irrestrita.


Penas principais

Art. 55. As penas principais são:

a) morte;

b) reclusão;

c) detenção;

d) prisão;

e) impedimento;

f) suspensão do exercício do pôsto, graduação, cargo ou função;

g) reforma.

Penas Acessórias 

Art. 98. São penas acessórias: 

I - a perda de pôsto e patente; 

II - a indignidade para o oficialato; 

 III - a incompatibilidade com o oficialato; 

IV - a exclusão das fôrças armadas; 

V - a perda da função pública, ainda que eletiva; 

VI - a inabilitação para o exercício de função pública; 

VII - a suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela; 

VIII - a suspensão dos direitos políticos.

Não admite suspensão condicional da pena

 Art. 88. A suspensão condicional da pena não se aplica:

I - ao condenado por crime cometido em tempo de guerra;

II - em tempo de paz:

 a) por crime contra a segurança nacional, de aliciação e incitamento, de violência


contra superior, oficial de dia, de serviço ou de quarto, sentinela, vigia ou plantão,
de desrespeito a superior, de insubordinação, ou de deserção;

b) pelos crimes previstos nos arts. 160, 161, 162, 235, 291 e seu parágrafo único, ns. I
a IV.
O CPM não contempla a hipótese do Perdão Judicial  como causa da extinção de
punibilidade. Vide art. 123 do CPM, in verbis:

Art. 123. Extingue-se a punibilidade:

       I - pela morte do agente;

       II - pela anistia ou indulto;

       III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;

       IV - pela prescrição;

       V - pela reabilitação;

       VI - pelo ressarcimento do dano, no peculato culposo (art. 303, § 4º).

       Parágrafo único. A extinção da punibilidade de crime, que é pressuposto, elemento


constitutivo ou circunstância agravante de outro, não se estende a êste. Nos crimes
conexos, a extinção da punibilidade de um dêles não impede, quanto aos outros, a
agravação da pena resultante da conexão.

ITEM II - VERDADEIRO

Sim, o CPM adotou a teoria da previsibilidade.

O que é teoria da previsibilidade?

É a teoria que diz que o agente deve ser responsabilizado penalmente quando ele adota
conduta que pode gerar fato ilícito. Independentemente da culpa ser consciente ou
inconsciente.

CPM, Art. 33. Diz-se o crime:

Culpabilidade

I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;

II - culposo, quando o agente, deixando de empregar a cautela, atenção, ou diligência


ordinária, ou especial, a que estava obrigado em face das circunstâncias, não prevê o
resultado que podia prever ou, prevendo-o, supõe levianamente que não se realizaria ou
que poderia evitá-lo.

ITEM III - VERDADEIRO

No CPM existe a possibilidade de penas alternativas, vide art. 69, parágrafo 1. Porém, nas
decisões dos tribunais superiores o entendimento é de que não se o benefício da pena
restritiva de direitos não se aplica, veja abaixo:
A Suprema Corte já se manifestou no sentido de que a possibilidade de substituição de
penas privativas de liberdade por restritivas de direitos, não se aplica aos crimes
militares (HC 86079 e RE 273.900-6). Este também é o entendimento do Superior Tribunal
Militar (Ap. 2004.01.049688-2 SP).

Na doutrina, Jorge Cesar de Assis (2004, p. 93) entende que a substituição somente é
cabível na condenação de civis proferida pela Justiça Militar da União.

Sinceramente, acho que ainda cabe discussão nesse tema, mas quando se tratar de
concursos, é bom sempre marcar que a opção de que NÃO SE APLICA PENA
RESTRITIVA DE DIREITOS AOS CRIMES MILITARES.

ITEM IV - FALSO

A teoria da ubiquidade é usada apenas nos casos comissivos. Nos omissivos a teoria é a
da atividade.

Crime comissivo é aquele cuja conduta típica requer um atuar positivo da parte do sujeito
ativo. Assim, o tipo requer seja o crime praticado por um comportamento ativo. São crimes
praticados mediante uma ação.

Crime omissivo é aquele que resulta na omissão do dever de agir.

Veja o art. 6 do CPM.

ITEM V - FALSO

Cogitar não é crime. Nem no CP nem no CPM.

LUGAR DO CRIME
- Para os crimes comissivos, o CPM adota a teoria da ubiquidade;
- Para os crimes omissivos aplica-se a teoria da atividade, devendo o lugar do
crime ser considerado aquele em que deveria ser realizada a ação omitida.

CRIME COMISSIVO: L U T A (LUGAR UBIQUIDADE / TEMPO ATIVIDADE)

CRIME OMISSIVO: L A T A (LUGAR ATIVIDADE / TEMPO ATIVIDADE)

LUTA para crimes comissivos (Lugar: Ubiquidade; Tempo: Atividade)

LATAO para crimes Omissivos (Lugar: Atividade; Tempo: Atividade para Omissivos)

O CPM adota a teoria da UBIQUIDADE para os crimes COMISSIVOS  (ex: matar alguém).

e adota a teoria da ATIVIDADE para os crimes OMISSIVOS (ex: omissão de socorro).


a) Os crimes contra a administração militar são crimes militares próprios, ou seja, não são
perpetrados por civis. Errada.

Os crimes propriamente militares estão definidos no art. 9º, I do CPM, são aqueles que
existem apenas no CPM ou são previstos de forma diversa no CP. Podem ser cometidos
por qualquer agente, portanto, o erro está em dizer que não podem ser perpetrados por
civis.

 b) No tocante ao lugar do crime, o CPM aplica a teoria da ubiquidade para os crimes
comissivos e omissivos, do mesmo modo que o CP. Errada. 

Realmente, quanto ao lugar do crime, a teoria adotada pelo CPM, é a teoria da ubiquidade,
porém, não da mesma forma que no CP. O CP adota a teoria da ubiquidade, mas não faz
diferenciação quanto à aplicação desta nos crimes omissivos ou comissivos, já o CPM
faz. 

O CPM adota um sistema misto de ubiquidade, em que, para os crimes comissivos, adota
a teoria pura da ubiquidade (atividade + resultado), e para os crimes omissivos, adota a
teoria da atividade.

 c) O CPM admite retroatividade de lei mais benigna e dispõe que a norma penal posterior
que favorecer, de qualquer outro modo, o agente deve ser aplicada retroativamente, ainda
quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível. O referido código
determina também que, para se reconhecer qual norma é mais benigna, a lei posterior e a
anterior devem ser consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas
aplicáveis ao fato. CORRETA.

 Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo
quanto aos efeitos de natureza civil.  § 1º A lei posterior que, de qualquer outro modo,
favorece o agente, aplica-se retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença
condenatória irrecorrível.  § 2° Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a
anterior devem ser consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas
aplicáveis ao fato.

    

d) No sistema penal castrense, a ação penal é, em qualquer hipótese, pública e
incondicionada, por expressa disposição do CPM. Errada.

Não é em quaisquer hipóteses, pois há casos de ação privada subsidiária da pública, no


caso de inércia do MP e também nos casos que depende de requisição, mas a regra é ser
incondicionado. O problema é ter generalizado.
 

 e) Nas infrações penais conexas, especificamente em relação aos crimes militares


próprios, a declaração de extinção da punibilidade de um dos delitos impede que este
agrave a pena resultante dos demais delitos da conexão. Errada.

Art. 123 Parágrafo único. A extinção da punibilidade de crime, que é pressuposto,


elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro, não se estende a êste. Nos
crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a
agravação da pena resultante da conexão.

civil só comete crime militar contra instituições militares da união:  MAE

 Marinha
 aeronáutica
 exército

SOBRE A PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO: 

 Art. 8° A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo


mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
 OBS: Decore apenas o mnemônico C.I-D.A.
 Computa = Idêntica
 Diferente = Atenua

Crimes militares em tempo de paz

        Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:

        I - os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal
comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;

        II - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na
lei penal comum, quando praticados:

        II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando


praticados:   (Redação dada pela Lei nº 13.491, de 2017)

        a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma


situação ou assemelhado;

        b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à


administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
        c) por militar em serviço, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda
que fora do lugar sujeito a administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou
assemelhado, ou civil;

         c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza


militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra
militar da reserva, ou reformado, ou civil.

        d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva,
ou reformado, ou assemelhado, ou civil;

        e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a


administração militar, ou a ordem administrativa militar;

       SE LIGA<<<>>>> f) por militar em situação de atividade ou assemelhado que, embora


não estando em serviço, use armamento de propriedade militar ou qualquer material
bélico, sob guarda, fiscalização ou administração militar, para a prática de ato ilegal;

A regra dos 6 passos é um método de se chegar à lesão corporal levíssima, prevista no


CPM, pois não há uma definição legal do que venha a ser lesão corporal de natureza
levíssima.

Sendo assim, são adotados os seguintes passos para a sua configuração, quais sejam :

Passo 1: não causa perigo de vida:

Passo 2: não causa qualquer debilidade de membro, sentido ou função nem por
brevíssimo período de tempo;

Passo 3: não incapacita para as ocupações habituais, nem por brevíssimo período de
tempo;

Passo 4: não causa nenhuma enfermidade, nenhuma incapacidade de membro, sentido


ou função, nem por brevíssimo período de tempo;

Passo 5: não causa incapacidade para o trabalho nem por brevíssimo período de tempo e

Passo 6: não causa qualquer deformidade.

Não Existe no Código Penal Militar: Multa / Contravenção / Menor Potencial


Ofensivo.

Você também pode gostar