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RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO NO AMBIENTE VIRTUAL DE

APRENDIZAGEM EM UM CURSO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO

Barbara Raquel do Prado Gimenez Corrêa1 - PUCPR


Fabiane Lopes de Oliveira2 - PUCPR

Grupo de Trabalho – Comunicação e Tecnologia


Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

Este artigo objetiva refletir sobre a relação professor-aluno em um Ambiente Virtual de


Aprendizagem - AVA, o qual se organizou um curso de formação continuada lato sensu
com professores atuantes na educação básica brasileira. Com este foco, foi realizada a
análise das participações dos alunos quando do encerramento de um dos módulos do curso,
sobre suas percepções e relevâncias na relação com as professoras-tutoras que mediaram o
mesmo. A problemática motivadora foi: Quanto foi significativa a intervenção docente
para a efetivação do processo ensino-aprendizagem no ambiente virtual de aprendizagem?
Assim, buscou-se analisar as respostas obtidas nesse espaço educacional, à luz de
referenciais teóricos numa perspectiva da abordagem qualitativa. Na dimensão da escolha
investigativa, considerou-se o método pesquisa-ação, no sentido em que se permite refletir
e contribuir para mudanças no cotidiano da prática educativa. A análise reflexiva indicou
que a participação do professor como mediador das aprendizagens é fundamento para o
sucesso dos alunos; também se dimensionou na referida questão que o ambiente virtual de
aprendizagem requer outras inferências docentes, no decorrer do processo, concomitante às
necessidades percebidas em conjunto por todos que estão desenvolvendo seus
conhecimentos. Ao se considerar o cenário sociocultural da atualidade, evidenciou-se que
são desafiadoras as ações que pautam a prática relacional do professor e aluno, requerendo
de ambos uma postura cooperativa e colaborativa. As questões motivacionais e a
percepção constante do aluno da presença do professor, mesmo que distante
geograficamente, se reconhece e se faz virtualmente, sendo essa questão contributiva à
reflexão da pesquisa proposta, na busca pelo reposicionamento docente mediante os
aspectos da sua atuação histórica-verticalizado, requerendo a transformação à uma prática
inovadora.

Palavras-chave: Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Relação professor-aluno.


Pós-graduação.

1
Doutoranda em Educação PUCPR. Mestre em Educação. Especialista em Magistério Superior. Bolsista
CAPES/Fundação Araucária. E-mail: barrakel@gmail.com
2
Doutoranda em Educação PUCPR. Mestre em Educação. Professora Ensino Superior PUCPR. E-mail:
binane@uol.com

ISSN 2176-1396
28129

Introdução

Inegável é a marca do avanço tecnológico na sociedade do tempo presente. Em


quaisquer segmentos sociais pode-se verificar, agir, perceber, relacionar-se com a questão.
Na esfera educacional, em sua primazia de gerenciar os processos de ensino-aprendizagem,
houve a ampliação de ações inovadoras, principalmente alavancada pelos programas
sociais de inserção em sala de aula de equipamentos de acesso às redes.

As complexidades das relações humanas atingem dimensões de diferentes


questionamentos, tangenciam novas posturas e na superação da distância de contato
presenciam, colocam em pauta, ao mesmo tempo, “instâncias de interferências ao
promoverem o desdobramento das mediações em múltiplos fragmentos que deverão ser
considerados [em referência] à qualidade da comunicação humana” (MOTTER, 2009, p.
28)

Nesse cenário, a disseminação modal abriu portas para que as ações docentes e
discentes pudessem ser revisitadas, evocando uma forma intencional diferenciada que
dimensionam as relações professor-aluno, relações em reflexão quanto a: disseminação e
uso dos equipamentos como recursos didáticos, os conteúdos, as práticas de ensino, os
aspectos estruturais dos espaços educativos, os currículos e avaliação da aprendizagem.

Mediante a isso, o recorte dessa pesquisa advém da participação de duas


professoras-tutoras3 em um curso online lato sensu, realizado em Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA). Esse curso foi composto na finalidade de formação continuada com
professores atuantes em diferentes regiões brasileiras, no nível da educação básica.

Considerando os aspectos inerentes da organização pedagógica em diferentes espaços


de aprendizagem, a motivação para a análise partiu da curiosidade reflexiva das professoras-
tutoras após a leitura das avaliações que os alunos deviam realizar no final do módulo em que
atuaram na mediação da aprendizagem. A problemática organizou-se da seguinte forma:
Quanto foi significativa a intervenção docente para a efetivação do processo ensino-
aprendizagem?

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Refere-se ao papel do professor, também denominado em algumas instituições de ensino com a nomenclatura
tutor. Há amplo debate entre os pesquisadores da área educacional sobre a nomenclatura desse profissional em
espaços educativos em rede. Nesse trabalho se faz presente a referência de Gonzalez (2005), no qual o professor-
tutor é o mediador do processo do curso, age mediante as indagações e necessidades para que o aluno atinja os
objetivos pedagógicos do ensino-aprendizagem. (GONZALES, Mathias. Fundamentos da tutoria na educação a
distância. São Paulo: Avercamp, 2005)
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A abordagem de pesquisa em opção foi a qualitativa, que dimensiona as atividades


sistemáticas “orientada à compreensão em profundidade de fenômenos educativos e
sociais, à transformação de práticas e cenários socioeducativos, à tomada de decisões e
também ao descobrimento e desenvolvimento de um corpo organizado de conhecimentos”
(ESTEBAN, 2010, p. 127). Nessa dimensão, a escolha investigativa delineou-se pelo
método pesquisa-ação, o qual se volta “à prática educacional” (ibidem, p. 167). Assim, em
referência a autora citada, não se pretende juntar informações, mas “contribuir e orientar a
tomada de decisões e os processos de mudança para melhoria da prática” (ibidem).
Esse objetivo da pesquisa-ação, na abordagem qualitativa, pode ser
concomitantemente percebido por todos que se envolveram nesse trabalho: professoras-
tutoras e alunos (professores em formação), os quais evidenciaram mudanças em suas
práticas pedagógicas e em seus conhecimentos, no processo em que vivenciaram
conjuntamente.

As relações entre professor e aluno no Ambiente Virtual de Aprendizagem

Historicamente as relações professor-aluno foram constituídas em espaços


educacionais de forma verticalizada, as quais os conhecimentos encontravam-se nas mãos
detentoras do professor, pois a ele pertencia o acesso, a conservação e a disseminação dos
mesmos. O aluno, nesse mesmo paradigma educativo, se colocava como receptor desses
conhecimentos, estando à mercê de uma prática dissociada de suas referências sócio-culturais,
o acesso a qualquer informação era obtido somente dentro dos espaços educacionais (escolas)
e moldavam os comportamentos requeridos pelos propósitos de um contexto histórico que foi
modificado e rupturizado pelo boom das prospecções da utilização dos recursos tecnológicos
na aprendizagem.
Nesse sentido a interação passou a ter um papel significativo na relação professor,
aluno e conhecimento, de uma prática oral-vertical para uma coparceria nas relações entre
elaboração, construção, acesso e possibilidades de difusão às informações. Mattar (2012, p.
42), afirma sobre tais possibilidades de interação ao afirmar:

A interação é o elemento-chave na educação, que um nível elevado de interação


resulta em atitudes mais positivas, que a interação leva a um grau elevado de
realização, que a interação desempenha um papel fundamental no aprendizado,
na retenção e nas percepções gerais do aluno em relação à eficácia do curso e do
professor e que ambientes interativos são propícios para a aprendizagem e
satisfação do aluno.
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É na relação que se estabelece na proposta educativa e na viabilização do


significado pessoal e coletivo, que se objetivam processos de ensino-aprendizagem, os
quais sabe-se - que no atual cenário educacional - não ocorrem em instâncias somente
presenciais, mas em larga ampliação, em espaços não-presenciais, a distância ou
semipresenciais.
Os ambientes virtuais de aprendizagem constituem em uma dessas possibilidades
de se construir práticas educacionais de forma síncrona e/ou assíncrona na relação
professor-aluno. Há ainda outras possibilidades na rede, como os blogs, redes sociais
como facebook, youtube, vimeo, twitter, mundos virtuais 3D, entre outras aberturas
proporcionadas pelo uso da Internet.
Esse ciberespaço - como é chamado por Lévy (1999), que abriga as comunidades
virtuais, recoloca o indivíduo numa perspectiva comunicacional deliberando socialmente
uma nova cultura nas ações até então concebidas de formas isoladas. Essa cultura é
denominada como cibercultura, pois trata-se de “redes de pessoas, de projetos, de valores,
atitudes e, nesse sentido, se reconhece o seu desenvolvimento”. (CARVALHO, 2011, p.
16)
Assim sendo, as inferências nas relações professor e aluno se veem em nova pauta
de projeções, reelaboradas cotidianamente pelas inerências das ações ensino-
aprendizagem. Ou seja, há um conjunto de situações ocorrentes e recorrentes na
virtualização dessa relação, situações que se inter-relacionam na medida em que se
manifestam sincronicamente ou assincronicamente, mediante as expressões dos desejos,
necessidades, conquistas, permanências, ações humanas, que nem sempre são diretivas
e/ou intencionais. A riqueza expedita por esse novo status do ensino-aprendizagem retrata
a riqueza originária nele próprio, a qual são retratadas nas palavras de Soares (2009, p.
174): “os indivíduos e as instituições podem pertencer e atuar, simultaneamente, em
distintos ecossistemas comunicacionais, uns exercendo influências sobre os outros, o que
torna complexo e rico o trabalho [...] em ambientes educativos”.

Nessa riqueza e complexidade há concomitantes necessidades nas dimensões


atuantes tanto do aluno, como professor, no sentido de reverem suas posturas e práticas na
relação ensino-aprendizagem. Palloff e Pratt (2004) dimensionam que o aluno virtual
possui algumas características que (talvez) não fossem consideradas/percebidas quando de
uma caracterização conservadora da sala de aula presencial. Essas características seriam,
na visão dos autores: “mente aberta para compartilhar detalhes da sua vida; automotivação
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e autodisciplina; desejo de dedicar-se aos estudos; pensamento crítico; capacidade de


refletir; experiência transformadora” (p. 40-45).

Evidentemente essas questões não ocorrem de forma preponderante e nem


romantizada, são concebidas numa esfera de constante pesquisa e reflexão por aqueles
que se dedicam ao estudo da educação virtual. Considera-se tais aspectos, na
envergadura em que as manifestações pessoais e profissionais são intencionalizadas
pelos indivíduos participantes e no decorrer de suas vivências, possibilitadas num
ambiente virtual de aprendizagem.
Os autores (ibidem) reconhecem as necessidades imanentes aos professores que se
relacionam nesse ambiente, os quais demandam: “colaboração; ampliação da interação
entre pares; participação e abertura para facilitar o sentido de comunidade de
aprendizagem” (PALLOF e PRATT, 2004, p. 46-49).
Tais desafios são gerados aos docentes não de forma impositiva, porém são
depreendidos no decorrer da atuação como profissionais da educação, na postura que
assumem, na medida que também aprendem com seus alunos, com outros professores, com
os técnicos que operam os sistemas, entre tantas outras possibilidades geradas pelo ensino
na/em rede. Evidentemente não são processos de fácil interação, na denúncia sobre isso as
palavras de Carvalho (2011) indicam que existe enraizado na relação professor e aluno
uma cultura que não prevê as similaridades existentes no ciberespaço, se todos que estão
no processo não se comprometerem nesse sentido, para a mudança, por mais tempo se
permanecerá “a [falta] de colaboração como valor nas relações, a pouco familiaridade de
ambos com ferramentas interativas e os problemas técnicos que os participantes enfrentam
durante um processo de ensino, que pode leva-los a desistir e pouco interagir” (p. 61).
Assim, professores e alunos que estão imbuídos dos mesmos objetivos dos
processos de ensino-aprendizagem são coparticipantes, coautores, se organizam em torno
de uma proposta inovadora na relação paradigmática com o conhecimento, demandada
pela sociedade do e no tempo presente.

Experiência na interação professor-aluno em um curso lato sensu de profissionais da


educação via Ambiente Virtual de Aprendizagem

O advento da Internet reposicionou as aprendizagens, os ensinos, os espaços


educacionais, as relações, as comunicações humanas, as formas de ser a agir na sociedade. A
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gestão desse espaço se constitui em seriedade e compromisso de todos que estão envolvidos no
processo. Sua organização perpassa pelos elementos caracterizadores sociais, e são
compreendidos na mesma proporção, velocidade e percepções pessoais e coletivas em que
ocorrem. Para Harasim, Teles, Turoff e Hiltz (2005) a constituição dos espaços em rede de
aprendizagem:

Introduzem novas opções educacionais que fortalecem e transformam as


oportunidades, a prática e os resultados do ensino e da aprendizagem. Elas geram
uma resposta entusiasmada dos participantes, que acham que as tecnologias de
rede podem melhorar as formas tradicionais de ensino e aprendizagem e abrem
avenidas inteiramente novas de comunicação, colaboração e construção do
conhecimento. Quando comparadas às salas de aula tradicionais, a aprendizagem
baseada em rede também apresenta ciladas e desvantagens potenciais.
[Entretanto], com o auxílio das redes, os educadores podem criar ambientes de
aprendizagem eficazes, nos quais professores e alunos em localidades diferentes
constroem juntos o entendimento e as competências relacionadas a um assunto
[de aprendizagem] colaborativamente. (p. 15,19-20)

Nesse referencial de possibilidades abertas, objetivou-se registrar as experiências


nesse texto, que se originaram nas percepções, reflexões e interações dos profissionais da
educação que participaram do curso lato sensu em um ambiente virtual de aprendizagem –
AVA. Professoras-tutores e alunos localizavam-se geograficamente em diferentes Estados
brasileiros. Esse ambiente foi gerenciado por uma Instituição de Ensino Superior no Brasil;
os participantes possuíam acesso aos conteúdos elaborados por professores de conteúdo em
forma de apostilas de estudo e organizados em módulos de aprendizagem. Foram
constituídas três turmas diferentes, em recorte nesse trabalho a turma denominada por TA
(turma A), que se refere a mediação feita pelas autoras do trabalho.
A organização no AVA ocorria da seguinte forma: agenda personalizada das
atividades de acordo com os conteúdos dos módulos; atividades propostas nas apostilas
para pesquisa, estudo e reflexão; fórum de discussão; chats; arquivos; correio eletrônico;
material didático (objetos de aprendizagem) adicionais; outras ferramentas interativas,
como acesso a links de interesse à temática que poderiam ser postados por qualquer
participante. Na perspectiva dessa proposta buscou-se analisar mediante o referencial
teórico do tema, na abordagem qualitativa numa proposta metodológica de pesquisa-ação,
já referenciado anteriormente, as considerações feitas pelos alunos ao final do módulo, os
quais deveriam comentar, em espaço designado no ambiente virtual, sobre suas relações
com as professoras-tutoras.
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No que tange ao papel do professor, é recorrente incentivar a participação, a


discussão, a ampliação dos alunos no ambiente de aprendizagem sendo previamente
conhecida. Porém, a aprendizagem denotada no espaço virtual é altamente colaborativa,
destacando a esse profissional da educação outros elementos requerentes em sua prática, tais
como:

Ter clareza – quanto ao tempo que o curso exigirá dos alunos e dos professores,
para que eliminem desentendimentos potenciais sobre as demandas do curso.

Ensinar – ensine os alunos que é a aprendizagem on-line [sic]. Talvez os alunos


não saibam como aprender em um ambiente on-line [sic], nem como construir
uma comunidade on-line [sic]. Esses são dois elementos importantes que devem
ser incluídos em uma boa orientação para a aprendizagem virtual.

Participe – como professor, dê exemplo de como ter uma boa participação,


conectando-se com frequência ao grupo e contribuindo para a discussão e
formação da comunidade. Os alunos se encaminharão para a formação da
comunidade se o professor mostrar-lhe o caminho.

Esteja disposto – a estabelecer limites se a participação minguar ou se a


conversação for conduzida para um caminho errado. Os professores precisam
determinar os limites para aqueles que tendem a dominar a discussão, pois eles
podem aniquilar a participação dos outros.

Lembre-se – há pessoas por trás das palavras que você vê na tela. Esteja
disponível para contatar os alunos que não participam e os convide a participar
ou a voltar a participar, conforme for o caso. (PALLOFF e PRATT, 2004, p. 48)

No perfil da atuação docente posicionado pelos autores é premente os aspectos que


caracterizam a ação responsável do ato educativo, considerando tanto a dimensão que lhe
cabe como também a do aluno em/na participação.
No decorrer das atividades as professoras-tutoras imbuídas dos princípios da
mediação pedagógica, buscaram ter a interação como linha base de trabalho, mantendo a
clareza nas orientações, o foco na pesquisa, leitura e estudo dos conteúdos trabalhados no
módulo de aprendizagem, sempre se utilizando dos diferentes meios disponíveis
comunicacionais que o ambiente virtual permitia (correio eletrônico, chats, pasta de
atividades complementares, links de ampliação do conteúdo). Pode-se perceber na
afirmação de C1 (Cursista 1)4: “A tutora tem procurado atender às dificuldades
apresentadas ao longo do curso, ajudando a reduzir as dúvidas”.

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Para identificar as participações dos alunos/alunas, serão utilizados C1 (Cursista 1), C2 (Cursista 2),
numerados sucessivamente.
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Essa participação demonstra que houve a orientação necessária para minimizar as


dúvidas no decorrer do curso, a qual contribuiu para que houvesse a complementação da
resposta pela mesma aluna: “Estou cada dia mais me envolvendo nas leituras propostas. Os
conteúdos têm provocado em mim um conflito interno, pois cada vez que participo e leio
as disciplinas sinto-me na responsabilidade de rever minhas ações pedagógicas.
Estou aprendendo muito, apesar de às vezes estar cansada devido as atividades diárias, mas
esforço-me para fazer as leituras necessárias ao curso”.
Na dimensão pedagógica de desenvolvimento do aluno foi perceptível que a
intervenção feita pelas professoras-tutoras se configurou como elo positivo com a
aprendizagem, assim houve a superação necessária mesmo diante de ocasionais dúvidas ou
resistências às proposições. A comunicação estabelecida e mediada pelas docentes
transparece uma “tônica da proposta centrada na mudança do olhar e numa reconfiguração
do conceito do conhecimento” (MOTTER, 2009, p. 29), ou seja, a relação com o
conhecimento como objeto do ensino-aprendizagem é reconsiderada numa perspectiva de
elaboração parceira, em conjunto ao processo, e não de forma hierárquica ou autoritária.
Alguns alunos não tinham experiências anteriores em um curso online; outros
possuíam limites na operação técnica do computador, situações essas, entre outras,
percebidas pelas professoras-tutoras. Foi na permanente interação comunicativa e a
abertura sentida pelos alunos, que foi trazido ao espaço virtual de aprendizagem, as
dúvidas e inseguranças, as quais foram sendo sanadas e direcionado assim, o objetivo do
trabalho pedagógico no decorrer do módulo. Essas questões foram colocadas por:
C4: Foi ficando mais próximo com a continuação do trabalho. Senti dificuldade na
realização de algumas tarefas, mas tive o apoio e respostas às questões
necessárias.
C6: Muito atenciosa, sempre comenta ou dar seu parecer sobre o que posto.
Ótima tutora.
C3: Sempre percebo os professores atentos e participativos.

Nos aspectos enunciados acima, o papel docente na relação com os alunos foi
fundamental. Houve a democratização do espaço de aprendizagem, sentimento esse
percebido e vivenciado pelos participantes; as palavras orientadoras de Harasim, Teles,
Turoff e Hiltz (2005) referenciam esse aspecto, e também na afirmação:
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O papel do professor muda significativamente no ambiente on-line. [Assim], a


educação através de redes de computadores modifica o relacionamento entre o
instrutor, os alunos e os conteúdos do curso. Ao contrário das atividades dos
cursos tradicionais, nas quais o professor direciona o processo instrucional,
comanda as aulas, incita as respostas e regula o ritmo da classe, a aprendizagem
em grupo on-line é centrada no aluno e exige que o professor desempenhe um
papel diferente, de facilitador em vez de prelecionador. (p. 222)

A mudança mencionada pelos autores - na atuação docente - se dimensiona com a


perspectiva da aprendizagem em que se inferem as diferentes maneiras e formas atuais
para se ensinar e aprender, vocacionando espaços educacionais que sejam amplos,
dinâmicos, modais, inter-relacionais, que extrapolem a rigidez da estrutura física, porém
com maiores desafios nas atuações de todos, evocando o aspecto de corresponsabilidades
nas práticas pedagógicas. Tal intencionalidade pedagógica de todo o processo, foi
percebida pelas professoras-tutoras quando das respostas abaixo:
C12: Estou amando os estudos, percebo que estou no caminho certo com relação a
minha prática profissional, o curso está contribuindo muito para que eu possa
melhor atender os meus alunos.
C9: Como já afirmei, aprendi muito e hoje posso melhor minha prática
pedagógica, ou seja, vejo na prática minha aprendizagem.
Os sentidos empregados pelos alunos denotaram que a mediação e atenção na
relação ensino-aprendizagem foi essencial para que se sentissem seguros, participantes do
processo e desenvolvessem a autoconfiança em suas possibilidades de aprendizagem.
Tal questão se configura na relevância necessária que o professor assume na
atuação no Ambiente Virtual de Aprendizagem, o qual se delineia em espaço educativo
online, de dimensões geográfica abrangentes, porém se efetiva como espaço aprendente na
postura que assume diante dos desafios profissionais na educação, na maneira em que o
aluno se sente amparado, mesmo não “vendo” o mediador para que seu objetivo seja
alcançado. Adverte ainda, sobre a interação em espaços virtuais de aprendizagem,
Carvalho (2011), sobre o trabalho árduo e intenso do professor, visando “estimular a
colaboração e proporcionar o estreitamento de laços entre os participantes, visando os
objetivos educativos” (p. 87).

Considerações Finais

Esse trabalho buscou considerar os aspectos preponderantes para as ações


pedagógicas em um AVA, no que tange a relação professor-aluno. As considerações
feitas, revelaram que ambos são coautores e coparticipantes desse processo, porém o
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professor necessita pautar sua mediação mediante ações que dimensionem as reais
dificuldades dos alunos, em processos de ensino-aprendizagem. A ação educativa incorre
em organização de espaços interacionais, os quais, virtualizados não podem ser
concebidos de forma conservadora e distante, ou seja, a natureza geográfica não pode
preponderar à relação entre as pessoas, a ausência visual, do “ver” o professor, comum a
uma sala de aprendizagem presencial, não podem se configurar em situações que
distanciem o princípio gerador do ensino-aprendizagem: a relação entre os indivíduos.
Essa dimensão do ato educativo é requerente em qualquer espaço no qual o
conhecimento seja o objeto estabelecido. Evidentemente os desafios para a prática docente
em ambientes online de aprendizagem são emergentes, requerendo o (re)posicionamento
dos mesmos em debates reflexivos, críticos e permanentes; ao se ouvir dos alunos sobre
suas sensações, percepções e vínculo com a proposição do curso.
Ressaltou-se nas respostas dos alunos a importância que o professor possui, seu
papel como mediador e coparceiro destacando que as aprendizagens em redes de
aprendizagem virtuais requerem desse profissional da educação seu olhar sensível,
necessário e atento às necessidades dos alunos, para que os objetivos pedagógicos não
sejam perdidos. O aluno mesmo distanciado geograficamente quer ser percebido, ouvido e
“ver” a ação intencional da prática do professor, seja presencialmente ou onlinemente, os
processos de ensino-aprendizagem são acionais no que tange o vínculo entre as pessoas.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, Jaciara de Sá. Redes e comunidades: ensino-aprendizagem pela Internet.


São Paulo: Instituto Paulo Freire, 2011.

ESTEBAN, Maria Paz Sandín. Pesquisa qualitativa em educação: fundamentos e


tradições. Porto Alegre: Artmed/AMGH, 2010.

HARASIM, Linda; TELES, Lucio; TUROFF, Murray; HILTZ, Starr Roxanne. Redes de
aprendizagem: um guia para ensino e aprendizagem on-line. São Paulo: SENAC, 2005.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.

MATTAR, João. Tutoria e interação em educação a distância. São Paulo: Cengage


Learning, 2012.

MOTTER, Maria Lourdes. Campo da comunicação: cotidiano e linguagem. In.:


BACCEGA, Maria Aparecida; COSTA, Maria Cristina Castilho. (Orgs.) Gestão da
comunicação: epistemologia e pesquisa teórica. São Paulo: Paulinas, 2009.
28138

PALLOFF, Rena M.; PRATT, Keith. O aluno virtual: um guia para trabalhar com
estudantes on-line. Porto Alegre: Artmed, 2004.

SOARES, Ismar de Oliveira. Caminhos da gestão comunicativa como prática da educo-


municação. In.: BACCEGA, Maria Aparecida; COSTA, Maria Cristina Castilho. (Orgs.)
Gestão da comunicação: epistemologia e pesquisa teórica. São Paulo: Paulinas, 2009.

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