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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

– UNESP

INSTITUTO DE QUÍMICA – ARARAQUARA

ENGENHARIA QUÍMICA

FENÔMENOS DE TRANSPORTE I

PRÁTICA VII
MEDIDORES DE VAZÃO
ERIC NAZATTO
FELIPE KREFT BATISTA
GERMANO INÁCIO NETTO
RENAN NETTO DA SILVA

ARARAQUARA – SP
2018
RESUMO
Este relatório discorre sobre 3 medidores de vazão que utilizam-se do
princípio da queda de pressão para mensurá-la: a placa de orifício, que possui
geometria que atrapalha o fluxo, o tubo de venturi e o rotâmetro, que possuem
geometria suave, não causando distúrbios significativos no fluxo do fluido que passa
pelos medidores. São discutidos os princípios teóricos básicos que norteiam o
funcionamento de cada medidor, bem como as equações que são utilizadas para o
cálculo das vazões, os materiais e a metodologia utilizados para realizar a comparação
entre cada medidor de vazão com a vazão cronometrada também es. Posterior a isso,
são feitos os cálculos dos resultados e então são discutidos, comparando a sua
eficiência em medir a vazão.
Palavras-chave: Medidor de vazão, queda de pressão, tubo de venturi,
placa de orifício, rotâmetro
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO TEÓRICA ................................................................. 4


2 OBJETIVOS ...................................................................................... 7
3 METODOLOGIA E MATERIAIS ........................................................ 7
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................... 8
5 CONCLUSÃO.................................................................................. 12
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................ 13
1 INTRODUÇÃO TEÓRICA
1.1- MEDIDORES DE VAZÃO VOLUMÉTRICA

Segundo White [1], são utilizados para medir a vazão volumétrica em dutos,
sendo nesse caso classificados como dispositivos de perda de carga, porque
obstruem a tubulação o que gera uma queda de pressão que é então utilizada como
uma medida de fluxo.

1.1.1- PLACA DE ORIFÍCIO

Segundo Bystafa [2], a placa de orifício, que pode ser visualizada na Figura
1, apresenta uma bruta variação na seção de escoamento pela qual o fluido flui, o que
provoca turbulências e a separação do fluido, o que acarreta uma grande variação de
pressão e consequente perda de carga.

Figura 1: placa de orifício.

Fonte: Bistafa [2].

Para o cálculo da vazão volumétrica por meio do uso da placa de orifício, é


utilizada a Equação 1:

4
Equação 1: determina a vazão em uma placa de orifício.

𝐶. 𝐴2 2 2𝛥𝑝
𝑉𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 = .√
2 𝐴2 2 𝜌
√1 − (
𝐴1 )

(1)

Fonte: roteiro do experimento.

sendo:
A1 e A2 áreas de seção transversal (m2).
ρ a densidade do fluido (Kg/m3).
Δp a variação de pressão em (N/m2)
C uma constante, nesse caso 0,63.
dessa forma, suas unidades são representadas pela Equação 2:

Equação 2: análise dimensional da Equação 1.

𝑚2 2 𝐾𝑔. 𝑚 𝑚 3 𝑚3 (2)
[𝑉𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 ] = 2 .√ 2 2. =[ ]
(𝑚 ⁄𝑚2 ) 𝑠 . 𝑚 𝐾𝑔 𝑠

Fonte: próprios autores.

1.1.2- MEDIDOR VENTURI

Segundo Bistafa [2], o medidor Venturi, que pode ser visualizado na Figura
2, é o medidor que provoca a menor perda de carga porque ao apresentar uma
contração e uma expansão gradual não gera divisão do escoamento e diminui a
turbulência. Dessa forma, a perda de carga é provocada pelo atrito entre o fluido e as
paredes do medidor, sendo assim, o mais preciso.
Para o cálculo da vazão volumétrica por meio do uso da placa de orifício, é
utilizada a Equação 3:

5
Figura 2: medidor venturi.

Fonte: Bistafa [2].

Equação 3: determina a vazão em um medidor venturi.


𝐶. 𝐴2 2 2𝛥𝑝
𝑉𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 = .√ (3)
2 𝐴 𝜌
√1 − ( 2 )2
𝐴1

Fonte: roteiro do experimento.


sendo:
A1 e A2 áreas de seção transversal (m2).
ρ a densidade do fluido (Kg/m3).
Δp a variação de pressão em (N/m2)
C uma constante, neste caso 0,98.
dessa forma, suas unidades também são representadas pela Equação 2.

1.1.3- MEDIDOR DE ÁREA VARIÁVEL

Segundo Çengel [3], esse medidor é classificado como um rotâmetro e


causa uma baixa queda de pressão. É basicamente um tubo vertical, cônico,
transparente e afunilado, contendo um flutuador móvel. A vazão é determinada por
meio da comparação entre a posição do flutuador e a escala graduada no tubo.

1.2- VAZÃO VOLUMÉTRICA

Segundo Brunetti [4], a vazão é definhada como o volume de um fluido pelo


tempo que ele leva para atravessar determinada seção de um duto. Pode ser definido
pela Equação 4:
6
Equação 4: vazão volumétrica.
𝑉 (4)
𝑉𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 =
𝑡
Fonte: Brunetti [4].
1.3- PERDA DE CARGA

Segundo Brunetti [4], perda de carga é a energia perdida pelo fluido, por
unidade de peso.

2 OBJETIVOS
Essa prática e relatório têm como finalidade descrever e avaliar o
funcionamento de três medidores de vazão. Ademais, pretende-se avaliar a precisão
nas medidas e as perdas de carga em cada equipamento como objetivos secundários.

3 METODOLOGIA E MATERIAIS
3.1 MATERIAIS
- Termômetro
- Cronômetro
- Módulo F1-21(Armfield®).

3.2 MÉTODOS
Inicialmente, ajustou-se uma vazão primária para a leitura dos piezômetros
pelos manômetros presentes. Foram então ajustadas 5 vazões diferentes, medidas
com o auxílio do cronômetro, e determinou-se as perdas de carga para a Placa de
Orifício, para o tubo de Venturi e para o medidor de área variável.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Como descrito na metodologia, foram realizadas medidas para 5 vazões e
cronometrados para cada uma 2 valores de tempo para o volume pré-fixado de 5 litros.
Esses resultados e as alturas piezométricas estão organizados na tabela 1. Em
seguida, procederam-se os cálculos das vazões descritas em cada aparelho, seguindo
as seguintes etapas:

Tabela 1: Resultados.
Volum Temp Temp rotâmetro h1 h2 h3 h4 h5 h6 h7 h8
Etapa 3
e (m ) o 1 (s) o 2 (s) (L/min) (mmHg)
1 0,005 56,49 57,65 5 231 218 225 223 170 170 163 165
2 0,005 33,15 31,19 10 257 214 240 233 177 280 150 160
3 0,005 20,54 21,79 15 298 204 265 250 193 196 129 150
4 0,005 16,00 16,23 20 349 182 300 275 215 222 100 135
5 0,005 14,46 14,78 22 370 170 315 285 225 235 85 130
Fonte: Os autores.

A. Vazão cronometrada (Vt)

A equação (4) foi utilizada para obter os valores da vazão Vt.


Calculou-se o valor de Vt para cada tempo e fez-se a média dos valores por
meio da equação 5

Equação 5 Média das vazões cronometradas


m3 m3
V ( ) + V (
m 3
𝑡1 s 𝑡2 s ) (5)
V𝑡 𝑚é𝑑𝑖𝑎 ( )=
s 2

B. Vazão no medidor de área variável (Va)

Para facilitar a comparação entre os medidores, as unidades dos valores


obtidos para o medidor de área variável foram convertidas para o m3.s-1 por meio da
equação 6.

Equação 6: Conversão de unidades de volume


m3 L 1 m3 1 min
Va ( ) = Va ( ). . (6)]
s min 1000 L 60 s

C. Vazão no medidor de placa de orifício (Vo)


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A equação (1) foi utilizada para determinar os valores de vazão através do
medidor de placa orifício. Nela, C é o coeficiente de descarga do medidor (0,63 no
caso do medidor Va), A1 a área da seção transversal na entrada (7,92.10 -4 m2), A2 a
área da seção transversal na saída (3,14.10-4 m2), g a aceleração da gravidade e Δh
a leitura na placa de orifício.

D. Vazão no medidor venturi (Vv)

Os cálculos para o medidor venturi são similares aos realizados para o


medidor de placa de orifício. A equação (3) descreve suas diferenças.
Na equação 3 C é o coeficiente de descarga do medidor (0,98 no caso do
medidor Vv), A1 a área da seção transversal na entrada (7,92.10 -4 m2), A2 a área da
seção transversal na saída (1,77.10-4 m2), g a aceleração da gravidade e Δh a leitura
no medidor venturi.

4.1 PLACA DE VENTURI


Utilizando a equação (3) e as perdas de carga mostradas na tabela 1, foram
calculadas as vazões e as medidas para cada perda de pressão na placa de Venturi,
mostrados na tabela 2:

Tabela 2: Perda de carga e vazões para a placa de Venturi


Vazão calculada Vv Vazão cronometrada Erro
Perda de carga
(m³/s) Vt (m³/s)
(mmHg)
6 8,99E-05 8,76E-05 2,58%
17 1,64E-04 1,53E-04 6,79%
33 2,42E-04 2,36E-04 2,24%
49 3,22E-04 3,10E-04 3,77%
55 3,53E-04 3,46E-04 1,94%
Fonte: Os autores
O coeficiente de descarga Cventuri utilizado na equação foi retirado do roteiro
e apresenta valor de 0,98.
Assim sendo, os erros se mostraram satisfatórios e os dados são
condizentes com os valores obtidos pela literatura.
A partir das vazões calculadas, montou-se o gráfico mostrado na figura 3.

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Os pontos obtidos se aproximam muito de uma reta, o que indica uma baixa
variância entre os dados coletados e os dados calculados.

Figura 3 Grafico vazão calculada versus vazão cronometrada para o tubo de Venturi
0,0004

0,00035
Vazão Calculada (m³/s)

0,0003

0,00025

0,0002
y = 0,983x - 3E-06
0,00015 R² = 0,999

0,0001

0,00005

0
0 0,00005 0,0001 0,00015 0,0002 0,00025 0,0003 0,00035 0,0004
Vazão cronometrada (m³/s)

Fonte: Os autores

4.2 PLACA DE ORIFÍCIO


Para a obtenção da vazão na placa de orifício, utilizou-se a equação (4) e
dos dados da tabela 2 para montar a tabela 3

Tabela 3 Dados calculados e perda de carga


Vazão calculada Vo Vazão cronometrada Erro
Perda de carga
(m³/s) Vt (m3/s)
(mmHg)
5 7,99E-05 8,76E-05 9,72%
120 3,44E-04 1,53E-04 55,51%
46 2,47E-04 2,36E-04 4,33%
87 3,33E-04 3,10E-04 6,93%
105 3,70E-04 3,46E-04 6,46%
Fonte: Os autores

Apesar do erro discrepante apresentado na medida de número 2, com erro


aparente superior a 50%, os outros dados apresentam resultados satisfatórios quando
comparados com os calculados pela equação da literatura.
Com esses dados em mãos, montou-se a o gráfico ilustrado na figura 4
para melhor comparação dos dados.

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Mesmo que a regressão linear tenha apresentado pouca precisão, os erros
humanos na hora das medições podem ter sido fonte de tal imprecisão. Todavia, vale
salientar que o medidor de orifício é um medidor que causa turbulência e bloqueio de
fluxo devido a sua geometria, então era de se esperar que este medidor não
representasse com boa precisão a vazão cronometrada, Apesar dos erros exibidos, o
gráfico demonstra que há uma curva que demonstra compatibilidade entre as vazões..

Figura 4 Gráfico da vazão calculada versus vazão cronometrada para a placa de orifício
0,0004

0,00035
Vazão calculada Vo (m³/s)

0,0003

0,00025

0,0002 y = 0,8244x + 9E-05


R² = 0,5585
0,00015

0,0001

0,00005

0
0 0,00005 0,0001 0,00015 0,0002 0,00025 0,0003 0,00035 0,0004
Vazão cronometrada Vt (m³/s)

Fonte: Os autores

4.3 MEDIDOR DE ÁREA VARIÁVEL


A partir dos dados da tabela 1 e dos valores indicados no medidor, pode-
se montar a tabela 4 para melhor apresentação dos dados.
Tabela 3: Perda de carga e vazões para o medidor de área variável
Perda de carga Vazão calculada Vazão Erro
(mmHg) Va (m³/s) cronometrada Vt
(m³/s)
53 8,33E-05 8,76E-05 5,15%
56 1,67E-04 1,53E-04 8,16%
57 2,50E-04 2,36E-04 5,44%
60 3,33E-04 3,10E-04 6,90%
60 3,67E-04 3,46E-04 5,70%
Fonte: Os autores
Como esperado, os valores obtidos foram considerados satisfatórios pelo
baixo erro apresentado, o que indica alta confiabilidade dos resultados. Assim sendo,
foi montado o gráfico ilustrado na figura 5 para comparar a vazão cronometrada e a
vazão indicada no medidor.
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Figura 5 Gráfico da vazão calculada versus vazão cronometrada para o medidor de área variável
0,0004

0,00035

Vazão calculada Va (m³/s) 0,0003

0,00025

0,0002

0,00015 y = 1,09x - 7E-06


R² = 0,9984
0,0001

0,00005

0
0 0,00005 0,0001 0,00015 0,0002 0,00025 0,0003 0,00035 0,0004
Vazão cronometrada Vt (m³/s)

Fonte: Os autores

A regressão linear apresenta uma confiabilidade muito boa, e a reta se


aproxima à ideal. Assim sendo, os dados obtidos podem ser considerados confiáveis
e as fontes de erro se devem minimamente aos erros próprios do equipamento.

5 CONCLUSÃO
Com o que foi exposto acima, verificou-se a fidedignidade que os medidores
de vazão possuem para calcularem a vazão medida Os medidores que apresentam
a geometria que atrapalha menos o fluxo (rotâmetro e venturi) são os que representam
a vazão com a melhor acuracidade possível, devido a pouquíssima perda de carga
que eles proporcionam. Já ao medidor de orifício, que possui uma geometria que
causa enorme perda de carga foi o que apresentou um enorme desvio das vazões
amostradas.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
[1] WHITE, F. M. Escoamento viscoso em dutos. In: Mecânica dos fluidos. 6 ed.rev.
Porto Alegre: AMGH, 2011. Cap 6.

[2] BISTAFA, S. Equipamentos, máuinas e instalações fluido-mecânicas. In:


Mecânica dos fluidos: noções e aplicações, 1 ed. São Paulo: Blucher, 2010. Cap 7.
[3] ÇENGEL, Y. Escoamento em tubos. Mecânica dos fluidos: fundamentos e
aplicações. 3 ed. São Paulo, 2007. Cap 8
.
[4] BRUNETTI, F. Cinemática dos fluidos. In: Mecânica dos fluidos. 2 ed.rev. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. Cap 3.

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